SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Variação da composição da comunidade de artrópodes das formações florestadas do extremo sul da Bahia: Disponibilidade de recursos alimentares para lagartos e anuros de serrapilheira 
Moacir Santos Tinôco 
Resumo 
Estimativas adequadas da composição das comunidades são elementos importantes para a solução de problemas ecológicos. Metodologias distintas de avaliação empírica, contudo, podem estimar diferentemente os parâmetros de interesse. Artrópodes representam um grupo extremamente abundante e diversificado em ambientes terrestres e desempenham papéis chaves nos ecossistemas. Eles representam a principal fonte de recurso alimentar para as comunidades da herpetofauna, assim, a avaliação da composição e distribuição destes elementos em uma paisagem complexa, como é o caso deste estudo, é chave para a compreensão dos processos ecológicos na região. Este estudo buscou avaliar três aspectos principais do modelo proposto: (1) avaliar as estimativas de abundância das comunidades de artrópodes de serrapilheira em uma paisagem florestal com base em armadilhas de queda e uma análise dos artrópodes encontrados no conteúdo estomacal da herpetofauna. (2) Detectar a variação principal na composição da comunidade de artrópodes da serrapilheira de florestas em uma paisagem fragmentada no extremo sul do Estado da Bahia associando isto com as variações dos parâmetros ambientais. (3) E estudar o uso e eletividade do recurso alimentar pela herpetofauna de serrapilheira em um remanescente de Floresta Atlântica (6,069 ha). O trabalho foi conduzido na RPPN Estação Veracruz, uma reserva particular no extremo sul da Bahia, Brasil. Nós comparamos as dietas de anuros e lagartos capturados em 432 armadilhas de queda com cerca guia, distribuídas em quatro componentes da paisagem entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2004. Nós analisamos três componentes principais da paisagem: mata de referência (M); remanescente florestal (R); e monocultura de eucalipto (E). As capturas foram baseadas em um esforço de 17.280 armadilhas de queda em 40 dias de campanha e o conteúdo estomacal presente em 523 anuros e 206 lagartos de serrapilheira capturados da mesma forma. Foram coletados animais de 12 famílias, em um total de 21 espécies de anuros e lagartos das seguintes famílias: Teiidae (4), Polychrotidae (3), Gekkonidae (1), Tropiduridae (1); Scincidae (1); Gymnophthalmidae (1), Anguidae (1) de Squamata (lagartos), e Hylidae (2); Bufonidae (1); Leptodactylidae (3); Microhilidae (2); Dendrobatidae (1) de Anura. A estimativa de artrópodes com base nas duas metodologias resultou em um total de 6.479 indivíduos capturados em armadilhas de queda e um total de 6.477 artrópodes através das análises de conteúdo estomacal, distribuídos entre 27 categorias do Phylum Arthropoda. As armadilhas de queda foram menos eficientes que a análise de conteúdo estomacal para estimar artrópodes de baixa mobilidade ou de dispersão agregada, e a segunda técnica foi menos eficiente que a primeira para estimar a abundância de animais portando defesas químicas, ou artrópodes voadores ou saltadores. Estes resultados propõem uma estimativa menos enviesada se for levada em consideração a melhor estimativa de cada técnica. Nós comparamos ambas, a composição da comunidade de artrópodes e as variáveis ambientais entre os componentes da paisagem com base em um procedimento de permutação. Então geramos um eixo de ordenação direta para as comunidades das 12 áreas utilizando o método NMDS e testando a hipótese da dependência dos principais eixos gerados (através de PCA) das variáveis ambientais utilizando um teste de regressão múltipla. Nós encontramos uma diferença significativa entre composição da comunidade e as variáveis ambientais de M e R comparados com E, mas nenhuma diferença entre os dois primeiros. Houve uma regressão significativa entre um dos eixos extraídos das variáveis ambientais (PCA1) e o eixo da ordenação da composição da comunidade (NMDS). O teste de autocorrelação espacial não encontrou associação significativa da distância entre as unidades amostrais e suas diferenças em composição. Ordens como Coleoptera, Isoptera, Acari e Hymenoptera parecem estar associadas principalmente a mata de referência, enquanto que, Isopoda, Opiliones, Araneae, Lepidoptera e Chilopoda estavam mais relacionados a monocultura do eucalipto. Entre as 27 categorias de artrópodes encontradas, 19 foram utilizadas pela herpetofauna local. A dieta foi composta principalmente por itens do Phylum Arthropoda que foram classificados em Hexapoda, Aracnida, Miriapoda e Crustacea. Formigas, cupins, grilos, aranhas e ácaros foram os itens que mais contribuíram com o universo das dietas. Foi possível identificas uma guilda de anuros e lagartos que concentraram seu consumo e eletividade em formigas. Especialmente em anuros, onde todas as espécies, menos uma, mostraram eletividade positiva por este item. Não foi possível detectar o mesmo padrão entre os lagartos, exceto por duas espécies (Ameiva ameiva e Polychrus 
http://www.biotaneotropica.org.br
marmoratus) que mostraram eletividade positiva por formigas, ainda assim, não foi possível determinar uma preferência clara por nenhuma categoria específica de artrópode. Este estudo demonstra claramente que não há uma diferença evidente na disponibilidade de recurso alimentar e eletividade pela herpetofauna entre a mata de referência (M) e os remanescentes florestais (R), mas uma clara evidência entre estes dois componentes e a monocultura de eucalipto (E). Isto indica a necessidade de um plano de manejo forte dirigido à manutenção dos remanescentes florestais na região, objetivando a manutenção da diversidade dos processos ecológicos. 
Palavras-chave: sapos, lagartos, artropódes, serrapilheira, mata atlântica, eucalipto, comunidades animais 
FICHA CATALOGRÁFICA 
T591 Tinôco, Moacir Santos. 
Variação da composição da comunidade de artrópodes nas formações florestadas do extremo sul da Bahia : disponibilidade de recursos alimentares para lagartos e anuros de serrapilheira / Moacir Santos Tinôco. - 2004. 
95 f. : il. 
Orientador : Prof. Dr. Pedro Luís Bernardo da Rocha. 
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia, 2004. 
1. Anuro. 2. Lagarto. 3. Artrópode. 4. Liteira (Entulho). 5. Diversidade biológica - 
conservação. 6. Mata Atlântica. 7. Eucalipto. 8. Comunidades animais. I. Rocha, Pedro Luís 
Bernardo da. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Biologia. III. Título. CDU - 597.8 
http://www.biotaneotropica.org.br

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mnhnl 0001464-mb-doc-web
Mnhnl 0001464-mb-doc-webMnhnl 0001464-mb-doc-web
Mnhnl 0001464-mb-doc-webLuciana Costa
 
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de amta atlantica (piraí)
Diversidade de abelhas (hymenoptera  apidae) em área de amta atlantica (piraí)Diversidade de abelhas (hymenoptera  apidae) em área de amta atlantica (piraí)
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de amta atlantica (piraí)Label-ha
 
Prova Salto Ciências 9º ano
Prova Salto Ciências  9º anoProva Salto Ciências  9º ano
Prova Salto Ciências 9º anocoordena
 
A malacofauna terrestre do distrito de Vai Volta
A malacofauna terrestre do distrito de Vai VoltaA malacofauna terrestre do distrito de Vai Volta
A malacofauna terrestre do distrito de Vai VoltaAmanda Oliveira
 
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Écio Diniz
 
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos Ecossistemas
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos EcossistemasFluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos Ecossistemas
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos EcossistemasCristina Couto Varela
 
Dinmica de-populações e sucessão
Dinmica de-populações e sucessãoDinmica de-populações e sucessão
Dinmica de-populações e sucessãoMaicon Azevedo
 
Ecologia e sustentabilidade
Ecologia e sustentabilidadeEcologia e sustentabilidade
Ecologia e sustentabilidadeLuciara Andrade
 
Descritores do 1º bimestre de 2011
Descritores do 1º bimestre de 2011Descritores do 1º bimestre de 2011
Descritores do 1º bimestre de 2011Ana Fernandes
 
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanoComportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanomarciofdias
 

Mais procurados (20)

Mnhnl 0001464-mb-doc-web
Mnhnl 0001464-mb-doc-webMnhnl 0001464-mb-doc-web
Mnhnl 0001464-mb-doc-web
 
Cefet Rj Eco I
Cefet Rj Eco ICefet Rj Eco I
Cefet Rj Eco I
 
Itapua abelhas artigo
Itapua abelhas artigoItapua abelhas artigo
Itapua abelhas artigo
 
Artigo bioterra v16_n2_05
Artigo bioterra v16_n2_05Artigo bioterra v16_n2_05
Artigo bioterra v16_n2_05
 
Artigo bioterra v16_n2_08
Artigo bioterra v16_n2_08Artigo bioterra v16_n2_08
Artigo bioterra v16_n2_08
 
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de amta atlantica (piraí)
Diversidade de abelhas (hymenoptera  apidae) em área de amta atlantica (piraí)Diversidade de abelhas (hymenoptera  apidae) em área de amta atlantica (piraí)
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de amta atlantica (piraí)
 
Diversidade da familia coleoptera
Diversidade da familia coleopteraDiversidade da familia coleoptera
Diversidade da familia coleoptera
 
Ecossistemas
EcossistemasEcossistemas
Ecossistemas
 
Prova Salto Ciências 9º ano
Prova Salto Ciências  9º anoProva Salto Ciências  9º ano
Prova Salto Ciências 9º ano
 
P 56-57_CH339_peloBrasil
P 56-57_CH339_peloBrasilP 56-57_CH339_peloBrasil
P 56-57_CH339_peloBrasil
 
A malacofauna terrestre do distrito de Vai Volta
A malacofauna terrestre do distrito de Vai VoltaA malacofauna terrestre do distrito de Vai Volta
A malacofauna terrestre do distrito de Vai Volta
 
Ecologia ii
Ecologia iiEcologia ii
Ecologia ii
 
5 mamiferos
5 mamiferos5 mamiferos
5 mamiferos
 
Indicadores Coleópteros
Indicadores ColeópterosIndicadores Coleópteros
Indicadores Coleópteros
 
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
Estrutura populacional de Lychnophora pinaster Mart. em um trecho de Campo Ru...
 
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos Ecossistemas
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos EcossistemasFluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos Ecossistemas
Fluxos de Energia e Ciclos de Matéria nos Ecossistemas
 
Dinmica de-populações e sucessão
Dinmica de-populações e sucessãoDinmica de-populações e sucessão
Dinmica de-populações e sucessão
 
Ecologia e sustentabilidade
Ecologia e sustentabilidadeEcologia e sustentabilidade
Ecologia e sustentabilidade
 
Descritores do 1º bimestre de 2011
Descritores do 1º bimestre de 2011Descritores do 1º bimestre de 2011
Descritores do 1º bimestre de 2011
 
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbanoComportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
Comportamento de forrageio de camponotus sericeiventris em ambiente urbano
 

Destaque (20)

Masa corporal
Masa corporalMasa corporal
Masa corporal
 
Ebola Facts _pt
Ebola Facts _ptEbola Facts _pt
Ebola Facts _pt
 
Historia de la psicologia
Historia de la psicologiaHistoria de la psicologia
Historia de la psicologia
 
Pantera Rosa
Pantera Rosa Pantera Rosa
Pantera Rosa
 
1 tarefa pneumática
1  tarefa  pneumática1  tarefa  pneumática
1 tarefa pneumática
 
Base participante
Base participanteBase participante
Base participante
 
Roteiro projeto científico1 (1)
Roteiro projeto científico1 (1)Roteiro projeto científico1 (1)
Roteiro projeto científico1 (1)
 
1º campeonato de dança de mogi
1º campeonato de dança de mogi1º campeonato de dança de mogi
1º campeonato de dança de mogi
 
Serviço social capa
Serviço social  capaServiço social  capa
Serviço social capa
 
Novidades Legislativas Nº16 | 05/04/2013
Novidades Legislativas Nº16 | 05/04/2013Novidades Legislativas Nº16 | 05/04/2013
Novidades Legislativas Nº16 | 05/04/2013
 
01 como economizar 1
01 como economizar 101 como economizar 1
01 como economizar 1
 
1ºao 3º
1ºao 3º1ºao 3º
1ºao 3º
 
Assistência de enfermagem no tratamento de feridas
Assistência de enfermagem no tratamento de feridasAssistência de enfermagem no tratamento de feridas
Assistência de enfermagem no tratamento de feridas
 
Apresntação vídeo dia escola
Apresntação vídeo  dia escolaApresntação vídeo  dia escola
Apresntação vídeo dia escola
 
Comunicación con los ciudadanos. Nuevas formas
Comunicación con los ciudadanos. Nuevas formasComunicación con los ciudadanos. Nuevas formas
Comunicación con los ciudadanos. Nuevas formas
 
Rua jofre vieira da rochao 3
Rua jofre vieira da rochao 3Rua jofre vieira da rochao 3
Rua jofre vieira da rochao 3
 
Poster versao final ciência sem fronteiras
Poster  versao final ciência sem fronteirasPoster  versao final ciência sem fronteiras
Poster versao final ciência sem fronteiras
 
Alimentação
AlimentaçãoAlimentação
Alimentação
 
Sonda me
Sonda meSonda me
Sonda me
 
Constituição de uma Planta com Flor
Constituição de uma Planta com FlorConstituição de uma Planta com Flor
Constituição de uma Planta com Flor
 

Semelhante a Variação da comunidade de artropodes

área de vida e dinâmica do uso do espaço
área de vida e dinâmica do uso do espaçoárea de vida e dinâmica do uso do espaço
área de vida e dinâmica do uso do espaçokaduverona
 
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...Label-ha
 
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...Label-ha
 
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...Label-ha
 
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.Label-ha
 
Método de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxMétodo de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxTatianeKlossoski
 
Modelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalModelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalSilvia Luz
 
Herpetofauna da área do igarapé esperança
Herpetofauna da área do igarapé esperançaHerpetofauna da área do igarapé esperança
Herpetofauna da área do igarapé esperançaFabio Almeida
 
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...Label-ha
 

Semelhante a Variação da comunidade de artropodes (20)

Estudo levantamento-fauna-respectivos-metodos
Estudo levantamento-fauna-respectivos-metodosEstudo levantamento-fauna-respectivos-metodos
Estudo levantamento-fauna-respectivos-metodos
 
Artigo bioterra v1_n1_2019_04
Artigo bioterra v1_n1_2019_04Artigo bioterra v1_n1_2019_04
Artigo bioterra v1_n1_2019_04
 
Biogeografia
BiogeografiaBiogeografia
Biogeografia
 
112 1269543456 resumo
112 1269543456 resumo112 1269543456 resumo
112 1269543456 resumo
 
Ecossistemologia Biodiversidade 2016
Ecossistemologia Biodiversidade 2016Ecossistemologia Biodiversidade 2016
Ecossistemologia Biodiversidade 2016
 
Artigo bioterra v18_n1_05
Artigo bioterra v18_n1_05Artigo bioterra v18_n1_05
Artigo bioterra v18_n1_05
 
Comunidade arborea floresta estacional
Comunidade arborea floresta estacionalComunidade arborea floresta estacional
Comunidade arborea floresta estacional
 
área de vida e dinâmica do uso do espaço
área de vida e dinâmica do uso do espaçoárea de vida e dinâmica do uso do espaço
área de vida e dinâmica do uso do espaço
 
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...
Apifauna e seus recursos forrageiros ocorrentes em área de barragem hidrelétr...
 
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...
Abelhas nativas (Hymenoptera: Apidae) em Floresta Ombrófila Densa Submontana ...
 
Projeto i. rachovii (met. cientifica)
Projeto i. rachovii (met. cientifica)Projeto i. rachovii (met. cientifica)
Projeto i. rachovii (met. cientifica)
 
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...
Diversidade de abelhas em área de ecótono para manguezal em estação quente em...
 
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.
REDE DE INTERAÇÃO E RELAÇÕES ABELHA-FLOR: UM ESTUDO DE CASO.
 
Artigo bioterra v21_n1_04
Artigo bioterra v21_n1_04Artigo bioterra v21_n1_04
Artigo bioterra v21_n1_04
 
Método de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptxMétodo de Captura de Artrópodes.pptx
Método de Captura de Artrópodes.pptx
 
Modelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambientalModelo de diagnostico ambiental
Modelo de diagnostico ambiental
 
Herpetofauna da área do igarapé esperança
Herpetofauna da área do igarapé esperançaHerpetofauna da área do igarapé esperança
Herpetofauna da área do igarapé esperança
 
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...
Diversidade de abelhas (hymenoptera apidae) em área de mata atlantica em join...
 
Trabalho de Campo - Horto Florestal
Trabalho de Campo - Horto FlorestalTrabalho de Campo - Horto Florestal
Trabalho de Campo - Horto Florestal
 
Trabalho a campo - Horto Florestal
Trabalho a campo -  Horto FlorestalTrabalho a campo -  Horto Florestal
Trabalho a campo - Horto Florestal
 

Mais de Miguel Rocha Neto

Aves aquática nas salina diamante branco
Aves aquática nas salina diamante brancoAves aquática nas salina diamante branco
Aves aquática nas salina diamante brancoMiguel Rocha Neto
 
Estrutura da comunidade de aranhas
Estrutura da comunidade de aranhasEstrutura da comunidade de aranhas
Estrutura da comunidade de aranhasMiguel Rocha Neto
 
Biologia populacional de papilionideos
Biologia populacional de papilionideosBiologia populacional de papilionideos
Biologia populacional de papilionideosMiguel Rocha Neto
 
Guia borboletas reserva ducke
Guia borboletas reserva duckeGuia borboletas reserva ducke
Guia borboletas reserva duckeMiguel Rocha Neto
 
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rn
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rnDiversidade ecologia lagartos mata atlantica rn
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rnMiguel Rocha Neto
 
Entomofauna de solo como indicador para avaliar
Entomofauna de solo como indicador para avaliarEntomofauna de solo como indicador para avaliar
Entomofauna de solo como indicador para avaliarMiguel Rocha Neto
 
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vet
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vetFauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vet
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vetMiguel Rocha Neto
 

Mais de Miguel Rocha Neto (7)

Aves aquática nas salina diamante branco
Aves aquática nas salina diamante brancoAves aquática nas salina diamante branco
Aves aquática nas salina diamante branco
 
Estrutura da comunidade de aranhas
Estrutura da comunidade de aranhasEstrutura da comunidade de aranhas
Estrutura da comunidade de aranhas
 
Biologia populacional de papilionideos
Biologia populacional de papilionideosBiologia populacional de papilionideos
Biologia populacional de papilionideos
 
Guia borboletas reserva ducke
Guia borboletas reserva duckeGuia borboletas reserva ducke
Guia borboletas reserva ducke
 
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rn
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rnDiversidade ecologia lagartos mata atlantica rn
Diversidade ecologia lagartos mata atlantica rn
 
Entomofauna de solo como indicador para avaliar
Entomofauna de solo como indicador para avaliarEntomofauna de solo como indicador para avaliar
Entomofauna de solo como indicador para avaliar
 
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vet
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vetFauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vet
Fauna ameacada de extincao no brasil e a resp. do medico vet
 

Variação da comunidade de artropodes

  • 1. Variação da composição da comunidade de artrópodes das formações florestadas do extremo sul da Bahia: Disponibilidade de recursos alimentares para lagartos e anuros de serrapilheira Moacir Santos Tinôco Resumo Estimativas adequadas da composição das comunidades são elementos importantes para a solução de problemas ecológicos. Metodologias distintas de avaliação empírica, contudo, podem estimar diferentemente os parâmetros de interesse. Artrópodes representam um grupo extremamente abundante e diversificado em ambientes terrestres e desempenham papéis chaves nos ecossistemas. Eles representam a principal fonte de recurso alimentar para as comunidades da herpetofauna, assim, a avaliação da composição e distribuição destes elementos em uma paisagem complexa, como é o caso deste estudo, é chave para a compreensão dos processos ecológicos na região. Este estudo buscou avaliar três aspectos principais do modelo proposto: (1) avaliar as estimativas de abundância das comunidades de artrópodes de serrapilheira em uma paisagem florestal com base em armadilhas de queda e uma análise dos artrópodes encontrados no conteúdo estomacal da herpetofauna. (2) Detectar a variação principal na composição da comunidade de artrópodes da serrapilheira de florestas em uma paisagem fragmentada no extremo sul do Estado da Bahia associando isto com as variações dos parâmetros ambientais. (3) E estudar o uso e eletividade do recurso alimentar pela herpetofauna de serrapilheira em um remanescente de Floresta Atlântica (6,069 ha). O trabalho foi conduzido na RPPN Estação Veracruz, uma reserva particular no extremo sul da Bahia, Brasil. Nós comparamos as dietas de anuros e lagartos capturados em 432 armadilhas de queda com cerca guia, distribuídas em quatro componentes da paisagem entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2004. Nós analisamos três componentes principais da paisagem: mata de referência (M); remanescente florestal (R); e monocultura de eucalipto (E). As capturas foram baseadas em um esforço de 17.280 armadilhas de queda em 40 dias de campanha e o conteúdo estomacal presente em 523 anuros e 206 lagartos de serrapilheira capturados da mesma forma. Foram coletados animais de 12 famílias, em um total de 21 espécies de anuros e lagartos das seguintes famílias: Teiidae (4), Polychrotidae (3), Gekkonidae (1), Tropiduridae (1); Scincidae (1); Gymnophthalmidae (1), Anguidae (1) de Squamata (lagartos), e Hylidae (2); Bufonidae (1); Leptodactylidae (3); Microhilidae (2); Dendrobatidae (1) de Anura. A estimativa de artrópodes com base nas duas metodologias resultou em um total de 6.479 indivíduos capturados em armadilhas de queda e um total de 6.477 artrópodes através das análises de conteúdo estomacal, distribuídos entre 27 categorias do Phylum Arthropoda. As armadilhas de queda foram menos eficientes que a análise de conteúdo estomacal para estimar artrópodes de baixa mobilidade ou de dispersão agregada, e a segunda técnica foi menos eficiente que a primeira para estimar a abundância de animais portando defesas químicas, ou artrópodes voadores ou saltadores. Estes resultados propõem uma estimativa menos enviesada se for levada em consideração a melhor estimativa de cada técnica. Nós comparamos ambas, a composição da comunidade de artrópodes e as variáveis ambientais entre os componentes da paisagem com base em um procedimento de permutação. Então geramos um eixo de ordenação direta para as comunidades das 12 áreas utilizando o método NMDS e testando a hipótese da dependência dos principais eixos gerados (através de PCA) das variáveis ambientais utilizando um teste de regressão múltipla. Nós encontramos uma diferença significativa entre composição da comunidade e as variáveis ambientais de M e R comparados com E, mas nenhuma diferença entre os dois primeiros. Houve uma regressão significativa entre um dos eixos extraídos das variáveis ambientais (PCA1) e o eixo da ordenação da composição da comunidade (NMDS). O teste de autocorrelação espacial não encontrou associação significativa da distância entre as unidades amostrais e suas diferenças em composição. Ordens como Coleoptera, Isoptera, Acari e Hymenoptera parecem estar associadas principalmente a mata de referência, enquanto que, Isopoda, Opiliones, Araneae, Lepidoptera e Chilopoda estavam mais relacionados a monocultura do eucalipto. Entre as 27 categorias de artrópodes encontradas, 19 foram utilizadas pela herpetofauna local. A dieta foi composta principalmente por itens do Phylum Arthropoda que foram classificados em Hexapoda, Aracnida, Miriapoda e Crustacea. Formigas, cupins, grilos, aranhas e ácaros foram os itens que mais contribuíram com o universo das dietas. Foi possível identificas uma guilda de anuros e lagartos que concentraram seu consumo e eletividade em formigas. Especialmente em anuros, onde todas as espécies, menos uma, mostraram eletividade positiva por este item. Não foi possível detectar o mesmo padrão entre os lagartos, exceto por duas espécies (Ameiva ameiva e Polychrus http://www.biotaneotropica.org.br
  • 2. marmoratus) que mostraram eletividade positiva por formigas, ainda assim, não foi possível determinar uma preferência clara por nenhuma categoria específica de artrópode. Este estudo demonstra claramente que não há uma diferença evidente na disponibilidade de recurso alimentar e eletividade pela herpetofauna entre a mata de referência (M) e os remanescentes florestais (R), mas uma clara evidência entre estes dois componentes e a monocultura de eucalipto (E). Isto indica a necessidade de um plano de manejo forte dirigido à manutenção dos remanescentes florestais na região, objetivando a manutenção da diversidade dos processos ecológicos. Palavras-chave: sapos, lagartos, artropódes, serrapilheira, mata atlântica, eucalipto, comunidades animais FICHA CATALOGRÁFICA T591 Tinôco, Moacir Santos. Variação da composição da comunidade de artrópodes nas formações florestadas do extremo sul da Bahia : disponibilidade de recursos alimentares para lagartos e anuros de serrapilheira / Moacir Santos Tinôco. - 2004. 95 f. : il. Orientador : Prof. Dr. Pedro Luís Bernardo da Rocha. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia, 2004. 1. Anuro. 2. Lagarto. 3. Artrópode. 4. Liteira (Entulho). 5. Diversidade biológica - conservação. 6. Mata Atlântica. 7. Eucalipto. 8. Comunidades animais. I. Rocha, Pedro Luís Bernardo da. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Biologia. III. Título. CDU - 597.8 http://www.biotaneotropica.org.br