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pelo Brasil
fotorafaelbessa/savebrasil
A volta da rolinha-do-planalto
Ave brasileira rara reaparece 75 anos após o último registro
Vista pela última vez em 1941, a Colum-
bina cyanopis, conhecida popularmente
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tão restrita quanto essa.”
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sa pretende propor estratégias de conser-
vação para a espécie. “Uma das mais efi-
cazes seria a criação de uma unidade de
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população descoberta,
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tat”,contaLima.“Ela
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ciÊnciahoje | 339 | agosto 2016 | 57
­
por ALICIA IVANISSEVICH
Um cheirinho no ar...
Novo sistema captura aroma de flores sem necessidade de destruí-las
ou carregá-las para o laboratório
Como analisar compostos liberados por plantas em locais
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restas, sem destruí-las ou transportá-las? Até recentemente,
a captura de substâncias voláteis só podia ser feita com o uso
de equipamentos sofisticados e caros. Graças a um método
desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Agroindústria
Tropical, em Fortaleza (CE), é possível agora colher o aroma de
flores, preservando seus componentes naturais por até uma
semana sem despedaçá-las. E tudo a um custo baixo.
“O método convencional exige a retirada da inflorescência,
ou parte da planta que contém o composto, e seu transporte
para o laboratório em baixa temperatura”, explica o químico
da Embrapa Guilherme Zocolo. “Já a técnica que desenvolvemos
adapta tecnologias para uso em condições não controladas e
abre uma série de possibilidades de aplicações em pesquisa,
como o monitoramento da produção de substâncias que atraem
polinizadores para plantas com fins agrícolas ou ecológicos, a
análise de compostos que atraem ou repelem insetos-pragas,
o diagnóstico de doenças de plantas e animais, assim como o
controle de qualidade de matérias-primas e insumos vegetais”,
complementa.”
Segundo Zocolo, o novo método não danifica a fonte dos
compostos voláteis, uma vez que a planta não precisa ser re-
movida ou cortada. A análise é feita na planta viva em condi-
ções que não afetam seu metabolismo original, o que confere
uma visão mais fiel do comportamento de emissão dos com-
postos.
Desde a concepção até o desenvolvimento da técnica, a
equipe, composta ainda por outros três químicos da Embrapa,
levou em torno de um ano. Os pesquisadores adaptaram uma
bateria portátil a um equipamento de vácuo e usaram materiais
específicos para criar cartuchos acoplados a uma bomba de
vácuo que aspira o ar para dentro deles.
“Trata-se de um processo simples que pode ser adotado
por qualquer grupo de pesquisa a um custo relativamente
baixo”, diz Zocolo. “Nosso objetivo desde o início foi desen-
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A volta da rolinha-do-planalto após 75 anos

  • 1. 56 | ciÊnciahoje | 339 | vol. 57 ­ pelo Brasil fotorafaelbessa/savebrasil A volta da rolinha-do-planalto Ave brasileira rara reaparece 75 anos após o último registro Vista pela última vez em 1941, a Colum- bina cyanopis, conhecida popularmente como rolinha-do-planalto, foi observada em uma região remota de Minas Gerais, no cerrado – seu ambiente natural –, pelo ornitólogo Rafael Bessa no ano passa­- do. A redescoberta foi mantida em sigi- lo até recente encontro no Instituto Bu- tantan, quando um grupo de pesquisa- dores anunciou o registro para a comu- nidade científica. Agora, eles preparam um artigo a ser publicado em um perió- dico especializado e um plano para a conservação da espécie. Anteriormente, a ave foi avistada perto de Cuiabá (MT) no século 19, no interior de São Paulo no início do século 20 e no sul de Goiás na década de 1940. Desde então, a rolinha-do-planalto, en- dêmica do cerrado (só ocorre nessa região do planeta) permanecia desaparecida. Com o apoio do Observatório de Aves – Instituto Butantan e da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), um grupo de ornitólogos conseguiu identificar, até o momento, 12 indivíduos da espécie. “Ainda não sabe- mos se esses exemplares são aparenta- dos”, diz Bessa. “Mas eles foram ob- servados em uma área pequena e restrita, o que nos leva a crer nessa possibilidade.” Segundo Bessa, desde sua descoberta, em 1823,a rolinhasófoivistaemtrêslocais em 1825, 1904, 1940 e 1941, o que levou os especialistas a considerarem que se tratava de uma espécie naturalmente rara, mesmo quando o cerrado se apresentava íntegro. Com o avanço da fronteira agrícola sobre o bioma, a partir de meados da déca- da de 1950, acreditava-se que ela tivesse sido extinta. “A ave, que já é rara por viver apenas em uma área específica do cerrado, sofre com a contínua destruição do seu hábitat, o que a torna uma das mais ameaçadas da região”, aponta o ornitólogo Luciano Lima, do Butantan. “Além da transformação de suas áreas naturais em monoculturas e pastagens, existe o fogo, que, mesmo fa- zendo parte da dinâmica do cerrado, pode representar sério risco para uma espécie tão restrita quanto essa.” Buscando reduzir essas ameaças, uma equipe de pesquisadores liderada por Bes- sa pretende propor estratégias de conser- vação para a espécie. “Uma das mais efi- cazes seria a criação de uma unidade de conservação de modo a proteger essa nova população descoberta, assim como seu hábi- tat”,contaLima.“Ela seria benéfica não apenas para a roli- nha-do-planalto, co­ mo também para ou- tras espécies locais ameaçadas e para as pessoas que vivem na região”, acres- centa. “Um parque estadual, por exemplo, atrairia investimentos ligados ao turismo e auxiliaria na preservação dos recursos hídricos do lugar.” Observação de aves Praticada por mi- lhões de pessoas em todo o mundo, a ob­ servação de aves é uma atividade de lazer que consiste em buscar, identificar e regis- trar diferentes espécies de aves em seus ambientes naturais. Embora os EUA e a Eu­ropa ainda concentrem o maior número de praticantes, a atividade tem crescido muito no Brasil nos últimos 10 anos. Lima diz que, além de desenvolver pesquisas científicas, incluindo sobretudo o monitoramento de longo prazo de aves silvestres em diferentes regiões, o Obser- vatório de Aves - Instituto Butantan utili­za essa atividade como ferramenta para pro­ mover atividades de educação ambiental e divulgação científica para o público. “Dentro do contexto da ciência colabo- rativa, ou ciência cidadã, os observado­- res de aves têm ajudado, significativamen- te, no avanço da ornitologia no país. “O WikiAves (wikiaves.com.br) é uma base de dados sobre aves brasileiras com a qual qualquer pessoa pode colaborar enviando fotos e sons”, exemplifica Lima. “Atual­ mente, existem nesse portal mais de 1,6 milhão de fotos oriundas de todo o Brasil. Cada foto está atrelada a uma localidade e a uma data e essas informações em conjunto têm, literalmente, revoluciona­- do nosso conhecimento sobre a avifauna brasileira.” 
  • 2. ciÊnciahoje | 339 | agosto 2016 | 57 ­ por ALICIA IVANISSEVICH Um cheirinho no ar... Novo sistema captura aroma de flores sem necessidade de destruí-las ou carregá-las para o laboratório Como analisar compostos liberados por plantas em locais distantes de laboratórios de pesquisa, como fazendas e flo- restas, sem destruí-las ou transportá-las? Até recentemente, a captura de substâncias voláteis só podia ser feita com o uso de equipamentos sofisticados e caros. Graças a um método desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE), é possível agora colher o aroma de flores, preservando seus componentes naturais por até uma semana sem despedaçá-las. E tudo a um custo baixo. “O método convencional exige a retirada da inflorescência, ou parte da planta que contém o composto, e seu transporte para o laboratório em baixa temperatura”, explica o químico da Embrapa Guilherme Zocolo. “Já a técnica que desenvolvemos adapta tecnologias para uso em condições não controladas e abre uma série de possibilidades de aplicações em pesquisa, como o monitoramento da produção de substâncias que atraem polinizadores para plantas com fins agrícolas ou ecológicos, a análise de compostos que atraem ou repelem insetos-pragas, o diagnóstico de doenças de plantas e animais, assim como o controle de qualidade de matérias-primas e insumos vegetais”, complementa.” Segundo Zocolo, o novo método não danifica a fonte dos compostos voláteis, uma vez que a planta não precisa ser re- movida ou cortada. A análise é feita na planta viva em condi- ções que não afetam seu metabolismo original, o que confere uma visão mais fiel do comportamento de emissão dos com- postos. Desde a concepção até o desenvolvimento da técnica, a equipe, composta ainda por outros três químicos da Embrapa, levou em torno de um ano. Os pesquisadores adaptaram uma bateria portátil a um equipamento de vácuo e usaram materiais específicos para criar cartuchos acoplados a uma bomba de vácuo que aspira o ar para dentro deles. “Trata-se de um processo simples que pode ser adotado por qualquer grupo de pesquisa a um custo relativamente baixo”, diz Zocolo. “Nosso objetivo desde o início foi desen- volver um sistema que pudesse ser facilmente montado por colegas de forma a reduzir os custos com a importação de equipamentos.” Sistema desenvolvido na Embrapa coleta compostos voláteis sem destruir a planta FotoGuilhermeZocolo Pesquisador coleta amostras de dendenzeiro FotoEmbrapaAmazôniaOcidental