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II Simpósio Brasileiro de Geofísica
,
Imageamento GPR 3-D dos Depósitos Sedimentares da Restinga da Marambaia;
Resultados Preliminares
Maria C. Pessoa (UFOP), Jandyr M. Travassos (Observatório Nacional)
Email: mariapessoa73@gmail.com; jandyr@on.br
Copyright 2004, SBGf - Sociedade Brasileira de Geofísica
Este texto foi preparado para a apresentação no I Simpósio de Geofísica da
Sociedade Brasileira de Geofísica, São Paulo, 26-28 de setembro de 2004. Seu
conteúdo foi revisado pela Comissão Tecno-científica do I SR-SBGf mas não
necessariamente representa a opinião da SBGf ou de seus associados. E proibida a
reprodução total ou parcial deste material para propósitos comerciais sem prévia
autorização da SBGf.
______________________________________________________________________
Resumo
O presente trabalho apresenta alguns resultados
preliminares oriundos de um levantamento de GPR 3-D
realizado em depósitos sedimentares do Quaternário que
constituem a Restinga de Marambaia. As amostragens
espaciais inline e cross-line são iguais, não havendo
interpolação de perfis. As antenas foram mantidas na
configuração fixed-offset, mantendo as antenas paralelas
entre si e perpendiculares aos perfis GPR nas duas
direções de medida, evitando-se assim a mistura de
polarizações.
Palavras-chave – GPR; 3-D, estratigrafia; alias;
sedimentos do Quaternário.
Introdução
O método GPR é uma técnica de Imageamento
eletromagnético reconhecidamente efetiva no estudo da
estratigrafia de sedimentos (Davis & Annan 1989,
Gawthorpe et al 1993, McMechan et al. 1997, Van
Overmeeren 1998, Vandenberghe & Van Overmereen
1999, Van Dam & Schlager, 2000). Estudos de
estratigrafia mostram que o GPR, devido a sua resolução
e manutenção da continuidade dos refletores em
sedimentos, apresenta um potencial até maior que o da
sísmica, respeitando o seu limite de alcance em
profundidade, (Jol 1995, Mitchum et al. 1977a,b).
Um problema comum em levantamentos GPR 3-D é a
ocorrência de alias espacial na direção cross-line, i.e.,
perpendicular à direção dos perfis. Geralmente a
amostragem espacial é correta ao longo dos perfis
(direção inline) e completamente inadequada na direção
cross-line. Tipicamente a amostragem espacial cross-line
é ≥ 4x a amostragem inline. A amostragem não-uniforme
força a interpolação de perfis, o que não soluciona, antes
agrava ao adicionar outros artefatos, o problema do alias
espacial na direção cross-line.
Há na literatura exemplos de levantamentos 3-D com
amostragem espacial correta, nas direções inline e cross-
line (Grasmueck, 1996; Szerbiak et al., 2001; Birken et
al., 2002). A literatura também provê instruções para a
realização de levantamentos 3-D com amostragem
correta nas duas direções, inline e cross-line (Grasmueck
& Weger, 2003).
Note-se aqui que estamos nos concentrando em
levantamentos 3-D realizados com as antenas em
configuração broadside perpendicular (BP). Esse tipo de
levantamento não permite um processamento
francamente 3-D, pela introdução forçada de uma
polarização distinta na direção cross-line. No presente
trabalho a polarização nas duas direções de medida é
mantida como BP, evitando-se assim mistura de
polarizações. Um exemplo das modificações introduzidas
pela mudança de polarização, na região de estudo pode
ser encontrada na literatura (Travassos & André, 2005).
Este trabalho descreve uma etapa preliminar do
processamento de um levantamento GPR 3-D realizado
na Restinga de Marambaia, RJ, onde as amostragens
espaciais inline e cross-line são iguais e a polarização é
mantida a mesma nas duas direções. O levantamento foi
realizado com configuração fixed-offset, mantendo as
antenas paralelas entre si e perpendiculares aos perfis
GPR.
A Área de Estudo
A Restinga de Marambaia, Figura 1, é um patrimônio
histórico e ambiental do Estado do Rio de Janeiro, cujo
acesso é controlado pelas Forças Armadas. O primeiro
trecho da Restinga é utilizado como campo de provas e
de treinamento do Exército, ao centro a Aeronáutica e a
oeste a Marinha.
II Simpósio Brasileiro da SBGf – Natal 2006.
Figura 1. Foto satélite da Restinga de Marambaia.
Área de estudo está indicada com circulo preto.
ESTUDO PRELIMINAR DOS DEPÓSITOS SEDIMENTARES DA RESTINGA DE MARAMABAIA - APLICAÇÃO GPR_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A Restinga apresenta 40 km de extensão, terminando a
oeste, na Ilha de Marambaia. São encontradas diversas
feições sedimentares atuais e pretéritas, em toda a sua
extensão. Identificaram-se dois campos de dunas, a
oeste e a norte da área alagada, com dunas de
granulometria média, formato arredondado e altura média
de 3.0 metros e foram classificadas de parabólicas por
Ponçano (1976) e barcanas por Roncati & Barrocas
(1978), estando fixadas por vegetação e sofrem
retrabalhamento pelo vento sudoeste, comprovado pela
orientação SW-NE dos blow-outs. O processo de
sedimentação Quaternária das dunas litorâneas iniciou-
se no Pleistoceno, durante o período glacial (Borges
1990).
Estudos sobre a evolução geológica da área, em essecial
sobre a gênese da Restinga da Marambaia, apresentam
controvérsias em relação à fonte de sedimentos durante
a formação da Restinga, direção de crescimento e
seqüência de aparecimento das diversas feições
geomorfológicas (Ponçano et al. 1979).
A coluna sedimentar do campo de dunas está constituída
por sedimentos fluviais de canais de maré, mangue e
marinhos (Ponçano 1976). Estes sedimentos compõem
uma seqüência transgressiva, onde a base está
caracterizada por sedimentos de ambiente continental,
sobrepostos por sedimentos de ambiente misto que
correspondem à subida do nível do mar durante o estágio
interglacial. Estes sedimentos foram entalhados durante
o período glacial, quando o nível do mar estava a 80
metros abaixo do seu nível atual, tendo então ocorrido à
formação de vales atualmente submersos (Borges 1990).
O detalhamento dos depósitos terciários e quaternários
que ocorrem ao longo do litoral do Brasil é de
fundamental importância para a caracterização dos
eventos geológicos que marcaram o período Neógeno na
escala mundial, uma vez que eles não se constituem em
eventos isolados, mas documentam uma história de
flutuação do nível do mar consistente com muitas outras
áreas da América do Sul e do mundo, refletindo
mudanças eustáticas, provavelmente combinadas a
fatores tectônicos (Rossetti, 2001; Rossetti & Góes,2001)
O Conjunto de Dados
Foram realizadas 5 campanhas de campo na Restinga da
Marambaia, no período de Agosto a Dezembro de 2005.
Foram obtidos dados GPR e de topografia sobre uma
área de 30 x 20 metros. A topografia foi obtida com
equipamento DGPS Leica e um nível óptico numa malha
de 31 pontos, aproximadamente regular de 5 x 5 metros.
A topografia foi referenciada a um ponto do IBGE,
distante cerca de 500 metros da área de estudo (Figura
2).
Os dados GPR foram obtidos com equipamento Sensor &
Software PE100, com antenas de 100 MHz, com janela
de tempo de até 850 ns e pulser de 1000 V ao nível da
transmissora. Essa janela de tempo permite uma
penetração do sinal até a profundidade da ordem de 50
metros. A distância entre as antenas receptora e
transmissora foi mantida fixa a 1 metro. O disparo do
GPR foi realizado no tempo e com disparo de linha.
Todos os perfis têm 20 metros de comprimento. Neste
trabalho concentrar-nos-emos em dois perfis
perpendiculares A e B, mostrados na Figura 2. Para
efeito de apresentação dos resultados restringiremos a
janela de tempo a 400 ns.
O processamento dos dados compreendeu uma extensa
etapa de edição, seguido de uma etapa de
processamento básico, compreendendo dewow, filtragem
temporal e espacial e ganho.
Resultados
As seções de GPR adquiridas apresentaram o padrão de
qualidade que permite a interpretação da dinâmica
costeira da Restinga de Marambaia, revelando estruturas
de dunas, progradações e fácies que caracterizam
mudanças do nível do mar.
O modelo de velocidade encontrado para esta área é
composto possui duas velocidades: 0 - (180 ns) - 0.14
m/ns; 180 ns - 0.09 m/ns. Deste modo podemos estimar
que a profundidade de investigação da seção até 645 ns
é de 35 metros. A Figura 3 mostra o modelo de
velocidade na área.
Discussão
A Figura 4 mostra a seção GPR do perfil E-W. A
qualidade dos dados é evidente, mostrando todo o
II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 21-23 de setembro de 2006
2
Figura 2 – Localização de dois perfis GPR (A e B) sobre a
topografia da área de estudo. Os perfis correm de N para S e
W para E, respectivamente.
Figura 3 – O painel da esquerda mostra o resultado de um perfil
CMP. O painel da direita apresenta o modelo de velocidades. O
perfil CMP é colinear com o perfil (A) mostrado na Figura 2.
MARIA PESSOA, JANDYR TRAVASSOS._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
potencial do método em reproduzir a estratigrafia da
área.
Figura 4 – Seção E-W obtida com configuração fixed offset
BP.
A Figura 5 apresenta um diagrama de cerca para os
perfis A e B, com uma visão desde SE. A continuidade
dos refletores nas duas seções é manifesta.
Figura 5 -Diagrama de cerca para os perfis A e B,
mostrados na Figura 2.
Conclusão
Este trabalho apresentou alguns resultados preliminares
oriundos de um levantamento GPR francamente 3-D,
realizado na Restinga de Marambaia. As amostragens
espaciais inline e cross-line são iguais, não havendo
interpolação de perfis. Manteve-se a mesma polarização
das antenas evitando-se assim a mistura de polarizações
nas duas direções de medida.
A qualidade dos dados é muito boa, permitindo reproduzir
a estratigrafia da área. Este nível de detalhamento
permitirá fornecer subsídios ao estudo dos depósitos
terciários e quaternários que ocorrem ao longo do litoral
do Brasil, os quais por não se constituírem em eventos
isolados, documentam uma história de flutuação do nível
do mar, consistente com muitas outras áreas da América
do Sul e do mundo. A estratigrafia detalhada dos
depósitos sedimentares da Marambaia reflete as
mudanças eustáticas, provavelmente combinadas a
fatores tectônicos, eventos geológicos que marcaram o
período Neógeno em escala mundial.
Agradecimentos
Os recursos para a realização do trabalho de campo
foram fornecidos pela PETROBRAS. JT agradece a
outorga de Bolsa de Pesquisa do CNPq. Os autores
agradecem ao Exército Brasileiro a permissão de utilizar
a área da Restinga de Marambaia.
Referências
Annan, A.P. & Cosway, S.W., 1992, Ground Penetrating
Radar Survey, Design, Annual Meeting of SAGEEP,
Chicago, Apnl, 26-29.
Birken, R., Miller, D.E., Burns, M., Albats, P., Casadonte,
R., Deming, R., Derubeis, T., Hansen, T., and
Oristaglio, M., 2002, efficient large-scale
underground utility mapping in New York City using a
multi-channel ground-penetrating imaging radar
system: Proceedings of SPIE 4758: 186-191.
Borges, H.V.1990, Dinâmica sedimentar da Restinga de
Marambaia e Baía de Sepetiba. Dissertação de
Mestrado, Departamento de Geologia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, pp.
Davis L.J. and Annan A.P. 1989. Ground-penetrating
radar for high-resolution mapping of soil and rock
stratigraphy. Geophysical Prospecting 37, 531–551.
Jol H.M. 1995. Ground penetrating radar antennae
frequencies and transmitter powers compared for
penetration depth, resolution and reflection continuity.
Geophysical Prospecting 43, 693–709.
McMechan, G. A, Gaynor, G C, and Szerbiak, RB, 1997.
Use of ground- penetrating radar for 3-D
sedimentological characterization of clastic reservoir
analogs. Geophysics, 62, 786-796.
Gawthorpe R.L., Collier R.E.L., Alexander J., Bridge J.S.
and Leeder M.R. 1993. Ground penetrating
radar: application to sand body geometry and
heterogeneity studies. In: Characterization of Fluvial
and Aeolian Reservoirs (Ends C.P. North and D.J.
Prosser), Special Publication 73, pp. 421–432. The
Geological Society, London.
Grasmueck, M., 1996, 3-D Ground-penetrating radar
applied to fracture imaging in gneiss: Geophysics, 61:
1050-1064.
Grasmueck, M., Weger, R., 2003, How dense is dense
enough for a ‘real’ 3D GPR Survey, SEG 2003,
Dallas: 4p.
McMechan, G. A, Gaynor, G C, & Szerbiak, RB, 1997.
Use of ground- penetrating radar for 3-D
II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 2006
3
ESTUDO PRELIMINAR DOS DEPÓSITOS SEDIMENTARES DA RESTINGA DE MARAMABAIA - APLICAÇÃO GPR_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
sedimentological characterization of clastic reservoir
analogs. Geophysics, 62, 786-796.
Mitchum R.M., Vail P.A & Thompson S. III 1977a. Seismic
stratigraphy and global changes of sea level; part
2: The depositional sequence as a basic unit for
seismic stratigraphic analysis. In: Seismic
Stratigraphy – Application to Hydrocarbon Exploration
(ed.C.E. Payton), Memoirs 26, pp. 53–62.American
Association of Petroleum Geologists.
Mitchum R.M., Vail P. A & Sangree J.B. 1977b. Seismic
stratigraphy and global changes of sea level; part 6:
Stratigraphic interpretation of seismic reflection
patters in depositional sequences. In: Seismic
Stratigraphy – Application to Hydrocarbon Exploration
(ed. C.E. Payton), Memoirs 26, pp. 117–
133.American Association of Petroleum Geologists.
Ponçano, W.L.1976. Sedimentação atual na Baía de
Sepetiba, Estado do Rio de Janeiro: um estudo para
a avaliação da viabilidade geotécnica de
implantação de um porto. Dissertação de Mestrado;
Instituto de Geociências, Universidade de São
Paulo, São Paulo, pp.
Ponçano, W.L., Fulfaro, V.J. & Gimenez, A.F., 1979.
Sobre a origem da Restinga de Marambaia, RJ.In:
Simpósio Regional de Geologia, 2, Rio Claro.
Atas...Rio Claro, SP, v.1,p.291-304
Roncarati, H. & Barrocas, S.L.S., 1978. Projeto Sepetiba.
Estudo geológico preliminar dos sedimentos recentes
superficiais da Baía de Sepetiba-município do Rio de
Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba – RJ, PETROBRAS.
CENPES (Relatório preliminar), 35p.
Szerbiak, R.B., McMechan, G.A., Corbeanu, R., Forster,
C.B.; Snelgrove, S.H., 2001, 3-D characterization of a
clastic reservoir analog; from 3-D GPR data to a 3-D
fluid permeability model: Geophysics, 66: 1026-1037.
Travassos, J.M., André, S.S., 2005, Polarization issues in
a recent sedimentation Environment, 9th International
Congress of the Brazilian Geophysical Society,
Salvador, 11-14 de Set., Extended Abstract (117) in
CD ROM.
Van Overmeeren R.A. 1998. Radar facies of
unconsolidated sediments in The Netherlands: A
radar stratigraphy interpretation method for
hydrogeology. Journal of Applied Geophysics 40,
1–18.
Vandenberghe J. & Van Overmereen R.A. 1999. Ground
penetrating radar images of selected fluvial deposits
in the Netherlands. Sedimentary Geology 128, 245–
270.
Van Dam R.L & Schlager W. 2000. Identifying causes of
ground penetrating Radar reflections using time-
domain reflectometry and sedimentological Analyses
Sedimentology 47, 435–449.
II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 21-23 de setembro de 2006
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Estudo preliminar dos depósitos sedimentares da Restinga de Marambaia com GPR 3D

  • 1. II Simpósio Brasileiro de Geofísica , Imageamento GPR 3-D dos Depósitos Sedimentares da Restinga da Marambaia; Resultados Preliminares Maria C. Pessoa (UFOP), Jandyr M. Travassos (Observatório Nacional) Email: mariapessoa73@gmail.com; jandyr@on.br Copyright 2004, SBGf - Sociedade Brasileira de Geofísica Este texto foi preparado para a apresentação no I Simpósio de Geofísica da Sociedade Brasileira de Geofísica, São Paulo, 26-28 de setembro de 2004. Seu conteúdo foi revisado pela Comissão Tecno-científica do I SR-SBGf mas não necessariamente representa a opinião da SBGf ou de seus associados. E proibida a reprodução total ou parcial deste material para propósitos comerciais sem prévia autorização da SBGf. ______________________________________________________________________ Resumo O presente trabalho apresenta alguns resultados preliminares oriundos de um levantamento de GPR 3-D realizado em depósitos sedimentares do Quaternário que constituem a Restinga de Marambaia. As amostragens espaciais inline e cross-line são iguais, não havendo interpolação de perfis. As antenas foram mantidas na configuração fixed-offset, mantendo as antenas paralelas entre si e perpendiculares aos perfis GPR nas duas direções de medida, evitando-se assim a mistura de polarizações. Palavras-chave – GPR; 3-D, estratigrafia; alias; sedimentos do Quaternário. Introdução O método GPR é uma técnica de Imageamento eletromagnético reconhecidamente efetiva no estudo da estratigrafia de sedimentos (Davis & Annan 1989, Gawthorpe et al 1993, McMechan et al. 1997, Van Overmeeren 1998, Vandenberghe & Van Overmereen 1999, Van Dam & Schlager, 2000). Estudos de estratigrafia mostram que o GPR, devido a sua resolução e manutenção da continuidade dos refletores em sedimentos, apresenta um potencial até maior que o da sísmica, respeitando o seu limite de alcance em profundidade, (Jol 1995, Mitchum et al. 1977a,b). Um problema comum em levantamentos GPR 3-D é a ocorrência de alias espacial na direção cross-line, i.e., perpendicular à direção dos perfis. Geralmente a amostragem espacial é correta ao longo dos perfis (direção inline) e completamente inadequada na direção cross-line. Tipicamente a amostragem espacial cross-line é ≥ 4x a amostragem inline. A amostragem não-uniforme força a interpolação de perfis, o que não soluciona, antes agrava ao adicionar outros artefatos, o problema do alias espacial na direção cross-line. Há na literatura exemplos de levantamentos 3-D com amostragem espacial correta, nas direções inline e cross- line (Grasmueck, 1996; Szerbiak et al., 2001; Birken et al., 2002). A literatura também provê instruções para a realização de levantamentos 3-D com amostragem correta nas duas direções, inline e cross-line (Grasmueck & Weger, 2003). Note-se aqui que estamos nos concentrando em levantamentos 3-D realizados com as antenas em configuração broadside perpendicular (BP). Esse tipo de levantamento não permite um processamento francamente 3-D, pela introdução forçada de uma polarização distinta na direção cross-line. No presente trabalho a polarização nas duas direções de medida é mantida como BP, evitando-se assim mistura de polarizações. Um exemplo das modificações introduzidas pela mudança de polarização, na região de estudo pode ser encontrada na literatura (Travassos & André, 2005). Este trabalho descreve uma etapa preliminar do processamento de um levantamento GPR 3-D realizado na Restinga de Marambaia, RJ, onde as amostragens espaciais inline e cross-line são iguais e a polarização é mantida a mesma nas duas direções. O levantamento foi realizado com configuração fixed-offset, mantendo as antenas paralelas entre si e perpendiculares aos perfis GPR. A Área de Estudo A Restinga de Marambaia, Figura 1, é um patrimônio histórico e ambiental do Estado do Rio de Janeiro, cujo acesso é controlado pelas Forças Armadas. O primeiro trecho da Restinga é utilizado como campo de provas e de treinamento do Exército, ao centro a Aeronáutica e a oeste a Marinha. II Simpósio Brasileiro da SBGf – Natal 2006. Figura 1. Foto satélite da Restinga de Marambaia. Área de estudo está indicada com circulo preto.
  • 2. ESTUDO PRELIMINAR DOS DEPÓSITOS SEDIMENTARES DA RESTINGA DE MARAMABAIA - APLICAÇÃO GPR_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A Restinga apresenta 40 km de extensão, terminando a oeste, na Ilha de Marambaia. São encontradas diversas feições sedimentares atuais e pretéritas, em toda a sua extensão. Identificaram-se dois campos de dunas, a oeste e a norte da área alagada, com dunas de granulometria média, formato arredondado e altura média de 3.0 metros e foram classificadas de parabólicas por Ponçano (1976) e barcanas por Roncati & Barrocas (1978), estando fixadas por vegetação e sofrem retrabalhamento pelo vento sudoeste, comprovado pela orientação SW-NE dos blow-outs. O processo de sedimentação Quaternária das dunas litorâneas iniciou- se no Pleistoceno, durante o período glacial (Borges 1990). Estudos sobre a evolução geológica da área, em essecial sobre a gênese da Restinga da Marambaia, apresentam controvérsias em relação à fonte de sedimentos durante a formação da Restinga, direção de crescimento e seqüência de aparecimento das diversas feições geomorfológicas (Ponçano et al. 1979). A coluna sedimentar do campo de dunas está constituída por sedimentos fluviais de canais de maré, mangue e marinhos (Ponçano 1976). Estes sedimentos compõem uma seqüência transgressiva, onde a base está caracterizada por sedimentos de ambiente continental, sobrepostos por sedimentos de ambiente misto que correspondem à subida do nível do mar durante o estágio interglacial. Estes sedimentos foram entalhados durante o período glacial, quando o nível do mar estava a 80 metros abaixo do seu nível atual, tendo então ocorrido à formação de vales atualmente submersos (Borges 1990). O detalhamento dos depósitos terciários e quaternários que ocorrem ao longo do litoral do Brasil é de fundamental importância para a caracterização dos eventos geológicos que marcaram o período Neógeno na escala mundial, uma vez que eles não se constituem em eventos isolados, mas documentam uma história de flutuação do nível do mar consistente com muitas outras áreas da América do Sul e do mundo, refletindo mudanças eustáticas, provavelmente combinadas a fatores tectônicos (Rossetti, 2001; Rossetti & Góes,2001) O Conjunto de Dados Foram realizadas 5 campanhas de campo na Restinga da Marambaia, no período de Agosto a Dezembro de 2005. Foram obtidos dados GPR e de topografia sobre uma área de 30 x 20 metros. A topografia foi obtida com equipamento DGPS Leica e um nível óptico numa malha de 31 pontos, aproximadamente regular de 5 x 5 metros. A topografia foi referenciada a um ponto do IBGE, distante cerca de 500 metros da área de estudo (Figura 2). Os dados GPR foram obtidos com equipamento Sensor & Software PE100, com antenas de 100 MHz, com janela de tempo de até 850 ns e pulser de 1000 V ao nível da transmissora. Essa janela de tempo permite uma penetração do sinal até a profundidade da ordem de 50 metros. A distância entre as antenas receptora e transmissora foi mantida fixa a 1 metro. O disparo do GPR foi realizado no tempo e com disparo de linha. Todos os perfis têm 20 metros de comprimento. Neste trabalho concentrar-nos-emos em dois perfis perpendiculares A e B, mostrados na Figura 2. Para efeito de apresentação dos resultados restringiremos a janela de tempo a 400 ns. O processamento dos dados compreendeu uma extensa etapa de edição, seguido de uma etapa de processamento básico, compreendendo dewow, filtragem temporal e espacial e ganho. Resultados As seções de GPR adquiridas apresentaram o padrão de qualidade que permite a interpretação da dinâmica costeira da Restinga de Marambaia, revelando estruturas de dunas, progradações e fácies que caracterizam mudanças do nível do mar. O modelo de velocidade encontrado para esta área é composto possui duas velocidades: 0 - (180 ns) - 0.14 m/ns; 180 ns - 0.09 m/ns. Deste modo podemos estimar que a profundidade de investigação da seção até 645 ns é de 35 metros. A Figura 3 mostra o modelo de velocidade na área. Discussão A Figura 4 mostra a seção GPR do perfil E-W. A qualidade dos dados é evidente, mostrando todo o II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 21-23 de setembro de 2006 2 Figura 2 – Localização de dois perfis GPR (A e B) sobre a topografia da área de estudo. Os perfis correm de N para S e W para E, respectivamente. Figura 3 – O painel da esquerda mostra o resultado de um perfil CMP. O painel da direita apresenta o modelo de velocidades. O perfil CMP é colinear com o perfil (A) mostrado na Figura 2.
  • 3. MARIA PESSOA, JANDYR TRAVASSOS._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ potencial do método em reproduzir a estratigrafia da área. Figura 4 – Seção E-W obtida com configuração fixed offset BP. A Figura 5 apresenta um diagrama de cerca para os perfis A e B, com uma visão desde SE. A continuidade dos refletores nas duas seções é manifesta. Figura 5 -Diagrama de cerca para os perfis A e B, mostrados na Figura 2. Conclusão Este trabalho apresentou alguns resultados preliminares oriundos de um levantamento GPR francamente 3-D, realizado na Restinga de Marambaia. As amostragens espaciais inline e cross-line são iguais, não havendo interpolação de perfis. Manteve-se a mesma polarização das antenas evitando-se assim a mistura de polarizações nas duas direções de medida. A qualidade dos dados é muito boa, permitindo reproduzir a estratigrafia da área. Este nível de detalhamento permitirá fornecer subsídios ao estudo dos depósitos terciários e quaternários que ocorrem ao longo do litoral do Brasil, os quais por não se constituírem em eventos isolados, documentam uma história de flutuação do nível do mar, consistente com muitas outras áreas da América do Sul e do mundo. A estratigrafia detalhada dos depósitos sedimentares da Marambaia reflete as mudanças eustáticas, provavelmente combinadas a fatores tectônicos, eventos geológicos que marcaram o período Neógeno em escala mundial. Agradecimentos Os recursos para a realização do trabalho de campo foram fornecidos pela PETROBRAS. JT agradece a outorga de Bolsa de Pesquisa do CNPq. Os autores agradecem ao Exército Brasileiro a permissão de utilizar a área da Restinga de Marambaia. Referências Annan, A.P. & Cosway, S.W., 1992, Ground Penetrating Radar Survey, Design, Annual Meeting of SAGEEP, Chicago, Apnl, 26-29. Birken, R., Miller, D.E., Burns, M., Albats, P., Casadonte, R., Deming, R., Derubeis, T., Hansen, T., and Oristaglio, M., 2002, efficient large-scale underground utility mapping in New York City using a multi-channel ground-penetrating imaging radar system: Proceedings of SPIE 4758: 186-191. Borges, H.V.1990, Dinâmica sedimentar da Restinga de Marambaia e Baía de Sepetiba. Dissertação de Mestrado, Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, pp. Davis L.J. and Annan A.P. 1989. Ground-penetrating radar for high-resolution mapping of soil and rock stratigraphy. Geophysical Prospecting 37, 531–551. Jol H.M. 1995. Ground penetrating radar antennae frequencies and transmitter powers compared for penetration depth, resolution and reflection continuity. Geophysical Prospecting 43, 693–709. McMechan, G. A, Gaynor, G C, and Szerbiak, RB, 1997. Use of ground- penetrating radar for 3-D sedimentological characterization of clastic reservoir analogs. Geophysics, 62, 786-796. Gawthorpe R.L., Collier R.E.L., Alexander J., Bridge J.S. and Leeder M.R. 1993. Ground penetrating radar: application to sand body geometry and heterogeneity studies. In: Characterization of Fluvial and Aeolian Reservoirs (Ends C.P. North and D.J. Prosser), Special Publication 73, pp. 421–432. The Geological Society, London. Grasmueck, M., 1996, 3-D Ground-penetrating radar applied to fracture imaging in gneiss: Geophysics, 61: 1050-1064. Grasmueck, M., Weger, R., 2003, How dense is dense enough for a ‘real’ 3D GPR Survey, SEG 2003, Dallas: 4p. McMechan, G. A, Gaynor, G C, & Szerbiak, RB, 1997. Use of ground- penetrating radar for 3-D II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 2006 3
  • 4. ESTUDO PRELIMINAR DOS DEPÓSITOS SEDIMENTARES DA RESTINGA DE MARAMABAIA - APLICAÇÃO GPR_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ sedimentological characterization of clastic reservoir analogs. Geophysics, 62, 786-796. Mitchum R.M., Vail P.A & Thompson S. III 1977a. Seismic stratigraphy and global changes of sea level; part 2: The depositional sequence as a basic unit for seismic stratigraphic analysis. In: Seismic Stratigraphy – Application to Hydrocarbon Exploration (ed.C.E. Payton), Memoirs 26, pp. 53–62.American Association of Petroleum Geologists. Mitchum R.M., Vail P. A & Sangree J.B. 1977b. Seismic stratigraphy and global changes of sea level; part 6: Stratigraphic interpretation of seismic reflection patters in depositional sequences. In: Seismic Stratigraphy – Application to Hydrocarbon Exploration (ed. C.E. Payton), Memoirs 26, pp. 117– 133.American Association of Petroleum Geologists. Ponçano, W.L.1976. Sedimentação atual na Baía de Sepetiba, Estado do Rio de Janeiro: um estudo para a avaliação da viabilidade geotécnica de implantação de um porto. Dissertação de Mestrado; Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, pp. Ponçano, W.L., Fulfaro, V.J. & Gimenez, A.F., 1979. Sobre a origem da Restinga de Marambaia, RJ.In: Simpósio Regional de Geologia, 2, Rio Claro. Atas...Rio Claro, SP, v.1,p.291-304 Roncarati, H. & Barrocas, S.L.S., 1978. Projeto Sepetiba. Estudo geológico preliminar dos sedimentos recentes superficiais da Baía de Sepetiba-município do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba – RJ, PETROBRAS. CENPES (Relatório preliminar), 35p. Szerbiak, R.B., McMechan, G.A., Corbeanu, R., Forster, C.B.; Snelgrove, S.H., 2001, 3-D characterization of a clastic reservoir analog; from 3-D GPR data to a 3-D fluid permeability model: Geophysics, 66: 1026-1037. Travassos, J.M., André, S.S., 2005, Polarization issues in a recent sedimentation Environment, 9th International Congress of the Brazilian Geophysical Society, Salvador, 11-14 de Set., Extended Abstract (117) in CD ROM. Van Overmeeren R.A. 1998. Radar facies of unconsolidated sediments in The Netherlands: A radar stratigraphy interpretation method for hydrogeology. Journal of Applied Geophysics 40, 1–18. Vandenberghe J. & Van Overmereen R.A. 1999. Ground penetrating radar images of selected fluvial deposits in the Netherlands. Sedimentary Geology 128, 245– 270. Van Dam R.L & Schlager W. 2000. Identifying causes of ground penetrating Radar reflections using time- domain reflectometry and sedimentological Analyses Sedimentology 47, 435–449. II Simpósio Brasileiro da SBGf, Natal 21-23 de setembro de 2006 4