O documento discute a ética e moral na Umbanda, definindo-as como dois lados da mesma moeda. A ética refere-se à ação humana do ponto de vista valorativo, enquanto a moral refere-se aos costumes e normas de uma sociedade. O texto argumenta que na Umbanda, o comportamento do médium deve refletir a ética, enquanto os fundamentos do terreiro devem refletir a moral da comunidade.
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
A Moral Umbandista
1. A Moral Umbandista
Por Parmênides de Eléia
Começo esta mensagem a partir da advertência na entrada do antigo Oráculo de Delfos:
“Advirto-te, quem quer que sejas,
Oh, tu! Que desejas sondar os mistérios da natureza.
Como esperas encontrar outras excelências, se ignoras as de tua própria casa?
Em ti mesmo, está oculto o tesouro dos tesouros.
Oh, homem! Conhece a ti mesmo.
E conhecerás dentro de ti, a verdadeira energia dos Tronos Divinos Universais e
Cósmicos”.
Tens perguntado porque ando afastado? Porque ando recolhido sem sequer deixar minhas
mensagens?
Pois bem!!! Aqui vai a minha justificativa.
Desde que alguns filósofos, incluindo um pouco eu, demos os primeiros passos para o
estabelecimento da Filosofia como a ciência da reflexão, pelos idos do século VI a.C., onde
deixei premissado que “O irracional é insuportável, já que o Ser humano é um indivíduo
de base puramente racional e lógico”.
Ainda dentro da Filosofia Grega, afirmo que em qualquer investigação há duas, e apenas
duas, possibilidades logicamente coerentes, que se excluem mutuamente – a de que o objeto
de investigação existe ou a de que não existe. Ou sua ação é boa ou não é boa.
2. Vou mais além, ensejando que a doxa (opinião) é sempre um senso comum inconsequente,
já que o encarnado demonstra com suas crenças (pseudoconhecimento), que nunca
escolhem entre as duas vias ‘é’ e ‘não é’, mas que seguem ambas sem discriminação e
podendo mudar a qualquer momento de posição.
Tudo isso, para mostrar para vocês que não só a Filosofia demanda e se constitui como uma
prática racional e consequente sobre problemas demandados da vida humana e “labutar”.
Também assim o é na Umbanda, onde seus filhos têm que entender que desafiar o senso
comum, é ser protagonista da própria fiscalização da ética e da moral, dentro e fora do terreiro
e indo mais além, dentro e fora de si.
No antigo Templo de Luxor, no Egito, tem uma frase inscrita e lapidada na pedra que diz e
ensina: "O corpo é a casa de Deus!".
“Você reverencia quando promove o alimento do Amor, Fé e Caridade, no tempero da
Força, Inocência e Humildade”.
A palavra Ética vem do Latim Ethike, de Ethikós, que designa Bons Costumes, de Costumes
Superiores. Já a palavra Moral vem do Latim Mos, de Mores, que designa Costumes, de
Tradições.
Ética e Moral são dois lados da mesma moeda, onde no “Lado Cara” está a Moral como
respeito a costumes, valores e normas de conduta específicos de uma sociedade ou cultura.
Já o “Lado Coroa” está a Ética como a ação humana do seu ponto de vista valorativo e
normativo.
Do universo da Umbanda, vem o sentido amplo universal e cósmico, onde o comportamento
umbandista reflete a ética do médium e o fundamento umbanda reflete a constituição da Moral
da sociedade viva daquele chão sagrado.
Do ponto de vista Ético:
- Não há imposição para respeitar Olorum, porque esse processo se enseja na Fé e esta, só
pode estar em você, médium filho de uma corrente, e este vem do seu livre arbítrio e da sua
Boa Vontade (que é a única virtude que se enseja nela mesma).
- Se colocar à disposição da espiritualidade para servir e “caridar” para o crescimento do
universo, entidades, terreiro e religião, também só depende do seu livre arbítrio e portanto, só
pode estar em você, médium filho de uma corrente.
3. - Respeitar hierarquia, aprender sobre a espiritualidade, ser leal aos fundamentos, entender
os ritos e rituais do templo que o acolheu, só depende da Boa Vontade de você, médium filho
de uma corrente.
- Utilizar de sua mediunidade de maneira honrosa, leal e caritativa, só depende de sua moral
formatada no coração do seu terreiro.
- E por fim digo que ser um servidor e aprendiz para elevar e enaltecer em nome de Olorum,
com toda a sua onipresença, onisciência e onipotência, a voz e caminhos da Umbanda, só
depende do Amor e Fé que está em você, médium filho de uma corrente.
Do ponto de vista Moral:
- O terreiro te mostrará a força dos teus joelhos diante de Olorum, mergulhado na luz dos 7
Tronos Divinos com as 14 Linhas Energéticas Divinas, onde nas tuas obrigações para compor
uma Egrégora, respeitando a base crística de Oxalá, onde lá e em você estará o seu
compromisso.
- Deves entender a obrigação de entregar a caridade com as duas mãos, porque se entregar
com uma, a outra mão irá cobrar por aquilo que não é teu.
- Ensinar a você, médium filho de uma corrente, a ser exemplo para os que procuram o templo,
no Amor, Fé e Caridade.
- Mostrar que as fragilidades sempre existirão, assim como as dificuldades, mas promover a
caridade ali dentro da corrente, fortalece a cada filho.
- Ensinar para evoluir é uma obrigação do terreiro e aprender é uma opção do filho, médium
da corrente.
- Mostrar que as suas falhas sempre provocarão as demandas para o terreiro e a sua
obrigação é aprender com elas e responder por elas. Mas o terreiro estará junto nessa
caminhada, diante do seu compromisso.
- Dela vem forte o respeito aos Orixás, ao chão sagrado, aos patronos, falangeiros e guias,
aos irmãos, aos consulentes, aos fundamentos, a sua família e por último a você mesmo.
- E por fim, a lealdade do chão aos desígnios da espiritualidade maior, onde a humildade e
entrega do amor a todos os irmãos sem distinção, é e deve ser o fundamento maior daquele
terreiro!
Posto toda essa fala introdutória sobre a Moral e Ética Umbandista, eu volto respondendo à
pergunta que ensejou essa oratória:
Com todo o meu respeito ao Livre Arbítrio de cada um de vocês, de moral ilibada como alguns
se acham, a Egrégora de vários Chãos Sagrados está repleta de seres doentes, ora por culpa
4. de Zeladores de Santo que não conseguem conter as inconsciências, inconsistências,
comportamentos doentios e desconhecimento dos filhos, ora porque eles próprio tem
comportamento tergiversivo diante das adversidades, e ora pela falta de querer do próprio
filho.
Colocar a culpa nos seus orixás ou ancestrais, dizendo que eu aprendi assim e dá certo a
mais de x anos, é o que chega constantemente na espiritualidade e tentamos mudar a todo
instante.
Ainda tem aquele Zelador que permite uma incorporação de uma certa entidade num filho do
seu terreiro, e este diz ao consulente que precisa acender 21 velas de tal cor, mais 7 de outra
e mais 5 de outra, em tal lugar, em tais condições e com tais orações a tais orixás, para a
demanda tal. E o consulente diz não saber e indaga se ele não poderia. E aí vem a máxima:
Ahhh!!! Mas para isso eu tenho que cobrar. E diante da fragilidade e necessidade do
consulente, acontece a mercantilização.
Tem a outra faceta de que o filho vai à todas as giras do terreiro, obedece ao Zelador de Santo,
reza, ora, e na ora que precisa realmente da integridade de seu manto espiritual, não guarda
preceito, não fiscaliza seu próprio comportamento fora do terreiro, faz julgamentos de outros,
acha que já sabe tudo e não precisa evoluir, e por fim, a culpa é sempre do Zelador de Santo.
Tem razão!!! A culpa é do Zelador de Santo, que não pôs ele para fora do terreiro, por ter
seguido os princípios da espiritualidade. Nós erramos também quando pedimos a chance para
aquilo que não se dá chance e não acreditamos que não vai se dar esta chance.
Afinal, o que significa mesmo a tal da Moral e Ética?
Todos pagamos o preço da Inocência espiritual.
E foi diante desse quadro posto, que entendendo a dificuldade do meu aparelho, cavalo, filho,
burro ou qualquer outro adjetivo ritualístico, eu me afastei e passei a ajudá-lo diretamente. E
vejo e sinto por sua dificuldade em entender o que simples é dentro do Amor, Fé e Caridade,
e não é praticado como deveria em todo o mundo encarnado. Mas lutemos contra os valores
humanos que estão sendo despejados.
Que o Grande Senhor do universo esteja convosco.
Parmênides de Eléia.