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          O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE LEITORES CRÍTICOS1


                                                                            Lucimeire Cavalcanti Dias2
Resumo
 O presente artigo tem como objetivo enfocar a prática pedagógica do professor diante da
formação de leitores críticos. Buscou-se então identificar os problemas encontrados na
aprendizagem, identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a
praticar o ato de ler, compreender como se dá o possesso de ensino-aprendizagem da leitura
na escola e verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno a visão de que se deve
                                                                 com abordagem exploratória,
ler apenas por dever. A pesquisa é do tipo quanti/qualitativa,
descritiva. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma observação diária e uma
entrevista oral e escrita.
                          Os sujeitos da pesquisa serão constituídos pelos docentes do Ensino
Fundamental I que lecionam o 4º ano (02 professores) e pelos discentes que compreendem o
                             na
ano em questão (60 alunos) Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria
Gorete. Os dados coletados apontam que existe uma deficiência por parte dos professores,
pois, na maioria das vezes estes não utilizam um dos instrumentos imprescindíveis para uma
formação geral e que possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, no caso o ato de ler.
No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela
leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala
de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores críticos".
É preciso apostar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são
capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção de mudá-la
de alguma forma.
Palavras-chave: Aprendizagem. Metodologia. Leitores críticos.

Summary


This article aims to focus on the pedagogical practice of teacher's training of critical readers.
Sought then to identify the problems encountered in learning, identify the difficulties that the
teacher is to stimulate the student practicing the Act of reading, understand how the possessed
the teaching of reading in the school and check whether the lack of stimulating reading causes
the student to view that should be read only by duty. The search is of type quanti/qualitative,
with the exploratory, descriptive approach. The instrument used for collecting data was a daily
observation and an oral interview and writing. The subject of the survey will be formed by
teachers in elementary school I teach 4th year (2 teachers) and by students who understand the
year in question (60 students) in the State school education of children and Fundamental
Santa Maria Gorete. The data collected suggest that there is a deficiency on the part of
teachers, because often they do not use one of the indispensable instruments for general
training and enabling citizens and vocal critics, freelance, in case the Act of reading. In school

1 Trabalho apresentado a Faculdade Integrada de Patos, como pré-requisito parcial de Conclusão do curso de Pós
Graduação em Língua, Linguística e Literatura.
2 Professora Graduada em Língua Portuguesa e Língua Inglesa pela URCA, Professora do Ensino Infantil e
Fundamental I Fase pela Escola Normal em Nível Médio são José e Coordenadora Pedagógica do Projovem
Adolescente.
2



we realize that students increasingly alienated and losing by reading and questioned the
pedagogical practice, teaching and encouragement of reading in the classroom and the
proposals for action that can lead children to become "critical". You must bet that you can go
far beyond literacy and that subject readers are able to look reflexively reality around them,
and capable of making the option to change it somehow.
Keywords: learning. Methodology. Critical readers.



Introdução

           A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por
parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas dificuldades de
aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as questões mais
focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após anos de escola, de o
aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na insegurança linguística demonstra o
fracasso das práticas linguísticas das aulas. Partindo deste princípio, julguei oportuno
desenvolver este tema.

                                                       com abordagem exploratória, descritiva. O
            A pesquisa é do tipo quanti/qualitativa,

instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma observação diária e uma entrevista oral e

escrita.

           O estudo foi realizado na
                                       Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa
Maria Gorete localizada a rua Inácio Lira, centro, São José de Piranhas-PB.

            Os sujeitos da pesquisa serão constituídos pelos docentes do Ensino Fundamental I
que lecionam o 4º ano (02 professores) e pelos discentes que compreendem o ano em questão

               na
( 60 alunos)        Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete.

            A falta de estímulo à leitura, por parte dos educadores observados e entrevistados, na
E.E.E.I. F Santa Maria Gorete, na cidade de São José de Piranhas – PB colabora para que o
aluno conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e não de aprendizado, partindo do
problema exposto, objetivo com este trabalho científico, provar que é preciso haver estímulo
por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em seus alunos;
identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a praticar o ato de
3



ler e verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno um retardamento em seu
aprendizado.
           Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os
novos tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas,
atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os fatores que
possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana impõe de maneira
crescente no meio social.
         Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que
possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutação,
seria a prática de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou indireta, uma reflexão
sobre o contexto social em que estão inseridas, uma vez que o movimento dialético da leitura
deve inserir o leitor na história deste milênio e o constituir como agente produtor de seu
próprio futuro.

       Formar um leitor crítico não é tarefa fácil, entretanto fica claro que se trata de algo
extremamente significativo para o aluno. Na verdade, o que almejo, é analisar a participação
da escola na formação de leitores críticos, já que acredito na hipótese de que é preciso haver
estímulo por parte dos educadores aos seus alunos para que seja efetivada a formação de
leitores críticos e que a leitura não deve ser encarada nem pelo professor nem pelo aluno
como uma obrigação, um dever, e sim como uma atividade prazerosa. Para tanto, o professor
deve demonstrar paixão pela mesma e apresentá-la como fundamental para a formação
intelectual dos educandos.

     Assim, é essencial para o sucesso com o trabalho da leitura em sala de aula, a utilização
de um universo textual amplo e diversificado, fazendo-se necessário que o aluno entre em
contato com os vários tipos de textos que circulam socialmente, para adquirir autonomia e
escolher o tipo de texto que mais se encaixa com o seu gosto ou com as suas necessidades.
Por isso, é importante proporcionar aos alunos diversificadas situações nas quais a leitura
esteja em foco, pois se aprende a ler lendo e a interpretar o que leu interpretando. As
estratégias de leitura envolvem vários tipos de conhecimentos e várias habilidades do leitor ao
manusear o texto.

         A leitura é uma atividade que está presente na escola em todas as atividades que
envolvem as disciplinas do currículo. Lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento.
Por isso, precisa se fazer presente na vida do estudante, não como algo paralelo do seu ensino-
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aprendizagem, mais como alguma coisa essencial para o desenvolvimento cognitivo e
principalmente dentro de um contexto real de leitura e análise de textos, para que o ato de ler
possa passar a fazer sentido para os alunos.

        O texto se modifica a cada leitura que se realiza, porque o leitor coloca nele suas
experiências, seus conhecimentos, aspectos da sua cultura, sua visão de mundo e também a
sua opinião a respeito do tema exposto e à medida que lê o texto, vai ampliando os seus
horizontes a respeito do tema que nele está exposto. Por isso, trabalhar com a leitura na sala
de aula é necessário que se crie situações com as quais os alunos possam ler os textos, não só
uma, mas várias vezes, para perceber que seu conteúdo é uma fonte inesgotável de
informação e de criação de novos conceitos.

       Aprender a ler e se tornar um leitor crítico que além de realizar leitura compreende o
texto, exige empenho, tanto por parte do aluno quanto por parte de quem propõe o trabalho
com a leitura, no caso a escola. É preciso que ambos entendam que não se lê só para aprender
a ler, mas sim para responder as suas necessidades pessoais.




O aprendizado inicial da leitura e suas concepções


            É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A
principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a
compreensão consequência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola
vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas
com enormes dificuldades para compreender o que tentem ler.

          O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que
não se deve ensinar a ler por meio de práticas concentradas na decodificação. Ao contrário é
preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os
procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam inferências
a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas suposições.
É disso que se está falando quando se diz que é preciso “aprender a ler, lendo”.

        A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber,
no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, principalmente diante de leituras
impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que,
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ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida
reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus
leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras escolas utilizam
textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura,
objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de
conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos.

          Neste sentido, esta ambiguidade da prática educativa tornam os alunos alheios a
realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa
e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da leitura significa
a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder, chamado linguagem formal,
pois é desta forma que estão escritas as leis que regem nosso país, e assim perceber os direitos
que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideológico em prol da liberdade e da
justiça, os mantêm na condição de detentores do Poder.

          Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor em si mesmas, não sendo
sempre necessárias atividades subsequentes, como o desenho dos personagens, a resposta de
perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais atividades só devem se realizar
quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso contrário, pudesse
oferecer uma idéia distorcida do que é ler.
      A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da
leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um
texto já é uma forma de leitura.
       É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos
de materiais escritos, uma vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas culturais
mediadas pela escrita. Comunicar práticas de leitura permite colocar as crianças no papel de
“leitoras”, que podem relacionar a linguagem com os textos, os gêneros e os portadores sobre
os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais etc.
        As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos,
possibilitam às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos aspectos
sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e afetivas envolvidas.
     Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este
é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do discernimento,
não se permita a perpetuação de sua condição de dominados.
       Neste sentido torna-se oportuno citar Foucambert :
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                        a leitura aparece também como um instrumento de conquista de poder por outros
                        atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O acesso a leitura de novas camadas
                        sociais implica que leitura e produção de texto se tornem ferramentas de pensamento
                        de uma experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de vista
                        sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a
                        invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos escritos e novos leitores.
                        Nesse sentido torna-se leitor pela transformação da situação que faz que não se o
                        seja. (1994, p. 121)



            Assim, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam,
tornando-os distintos cultural e socialmente.

       Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da
leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas
alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além. Conforme
Paulo Freire:


                        o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem
                        escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do
                        mundo precede a leitura da palavra linguagem e realidade se prendem
                        dinamicamente. (2003, p. 11)




      Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo
que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a
opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras críticas e
variadas.

      Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como
meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividade
ligada a lição e a intenção didática instrucional.

            Além da leitura como informação e, consequentemente, como fonte de acesso ao
conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e
entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrário senso, o
prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento.
      Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura
infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem parte dos
7



objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto, compreensiva e
mais agradável como processo pedagógico.

         Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o
protagonista é o aluno, e respaldando tal assertiva é oportuno citar Paulo Freire:


                         Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciências e a atitude crítica,
                         graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de
                         domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita frequência a educação em vigor
                         num grande número de países do mundo, educação que tende a ajustar o indivíduo à
                         sociedade em lugar de promovê-lo em sua própria linha .(1994, p. 37)




O professor-leitor e sua implicação na formação do aluno-leitor



        Aprender a ler e se tornar um leitor crítico que além de realizar leitura compreende o
texto, exige empenho, tanto por parte do aluno quanto por parte de quem propõe o trabalho
com a leitura. É preciso que ambos entendam que não se lê só para aprender a ler, mas sim
para responder as suas necessidades pessoais. Faz-se necessário prosseguir com Solé (1998,
p.58-59), ao afirmar que “os alunos devem ver na leitura algo interessante e desafiador, uma
conquista capaz de dar autonomia e independência. E devem estar confiantes, condição esta
para enfrentar o desafio e aprender fazendo”. O estudante precisa sentir-se estimulado para
desenvolver uma prática constante de leitura, precisa deparar-se com situações com as quais
possa raciocinar, refletir e progredir cognitivamente precisa esforçar-se para se encaixar no
perfil do leitor crítico e para isso, dois pontos são de suma importância: o tipo de material
utilizado e a proposta pedagógica que se realiza dentro da instituição de ensino investigada.

                                                         : “
Assim, as professoras entrevistadas afirmam que                Primeiramente, utilizo o livro didático

                                                                               professora 1, entrevista
adotado pelo colégio, mas também livros, revistas, jornais, vídeo”. (

em 10/04/2011). “
                    Utilizo diversos materiais, desde o livro didático adotado como outras
fontes: jornal, revista, livros de literatura, telas, vídeos, rádio, entre outros”. (Professora 2,
entrevista em 10/04/2011).
                                                      professora 1 e professora 2 deixaram claro
             Com relação ao segundo ponto a

respectivamente que: “
                         Conhecer novas palavras, como são escritas e também a informação
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que é de suma importância.” (entrevista em 10/04/2011). “Ajudar o educando a formar seu
senso crítico, como também compreender melhor o mundo onde está inserido, desenvolver a
capacidade de interpretação e produção de texto, ampliar o vocabulário”. (entrevista em
10/a4/2011).
          Não se pode negligenciar que o livro didático exerce uma grande influência nas
escolhas do professor nas práticas de leitura, o que pode ser explicado pelo fato de muitas
vezes ser este o material de leitura mais acessível ao professor. Não se pretende aqui fazer a
condenação sumária do livro didático, apesar de vários estudos já terem apontados os
malefícios que os mesmos podem trazer ao processo de ensino-aprendizagem. Entendemos
que o grande perigo ocorre quando o professor se deixa dominar pelo livro didático,
abandonando o caráter polissêmico da atividade de leitura para legitimar a sua autoridade a
partir dos modelos prontos veiculados na material didático.
        Os professores em questão parecem ter por consenso da necessidade do uso de textos
variados e relacionados a realidade do educando. Quando temos em mente que uma leitura
crítica, deve além de gerar conhecimentos, propor atitudes e analisar valores, de forma a
tornar mais aguçada a percepção do leitor diante da vida, devemos também ter claro que não
basta ficarmos restritos à realidade local do educando. Sem sombra de dúvidas, esse é o
primeiro passo para a produção de sentidos, porém a formação do leitor crítico pressupõe o
acesso ao conhecimento de forma globalizada que permita ao leitor reorganizar o seu contexto
imediato, mas também interagir com realidades mais amplas da sociedade organizada.
         Em relação à questão de como poderia descrever, resumidamente, a maneira que se
desenvolve as atividades de leitura com seus alunos, o que se observou foi a confusão nas

                                                                                   De acordo com o
etapas para o processamento da leitura por parte dos professores.

depoimento da professora 2 quando diz:



                       Deixo que cada aluno escolha o que quer ler, claro que dou as informações
                       necessárias para cada aluno. Depois peço a eles que façam um resumo e apresente
                       aos colegas de sala, dando a liberdade para perguntas sobre o livro. Esse trabalho é
                       feito individualmente. (entrevista em 10/04/2011).



.       Os professores não estão preocupados com o ambiente e com o prazer proporcionado
pela leitura ao aluno, como também desconhecem as etapas do processamento da leitura pelos
leitores e não levam em conta, segundo seus próprios depoimentos, o conhecimento prévio do
9



aluno ou seu entendimento com relação ao texto lido. Ficando evidente que não haverá
compreensão, não haverá criticidade, pois o leitor não será capaz de questionar, discutir,
aquilo que não compreendeu. Entendemos que o ambiente é importante e que a leitura deve
nas devidas proporções, ser uma fonte de prazer para o leitor. Nossa sociedade, carece de
leitores que investiguem, desconfiem e busquem reorganizar a realidade.
        Os professores pesquisados são unânimes em definir a sala de aula, como ambiente

                                                             Nesse sentido, a professora 1 diz que:
mais utilizado para se desenvolver as aulas de leitura.

“
 A sala de aula é o ambiente onde sempre desenvolvo as aulas de leitura e algumas vezes fora,
como em casa, por exemplo, pois, não temos uma boa biblioteca para desenvolver essas
atividades”. (entrevista em 10/04/2011).


          No que se refere às dificuldades, muitas vezes o professor exclui sua parcela de
responsabilidade, como se tudo na sala de aula girasse em torno do leitor e do texto, sem que
este tivesse sua parcela de participação no fracasso ou sucesso das práticas de leitura. Como
ficou claro em depoimentos coletados durante este trabalho de pesquisa, feitos pelas
professoras 1e 2 sequencialmente: “Há uma grande dificuldade de ler com compreensão, o
mais comum é o aluno fazer a decodificação do código escrito.” (entrevista em
10/04/2011)..”Os alunos em geral, com raras exceções gostam de ler, pois não tem o hábito de
leitura e consequentemente sentem-se desmotivados diante do ato de ler.” (entrevista em
10/04/2011).
        Por isso, entendemos que é uma necessidade formar o leitor crítico e argumentamos
também que fazer do aluno um leitor com este perfil é uma urgência dentro das instituições
escolares, pois o rendimento escolar de determinados alunos é marcado pelo fracasso, em
virtude de não serem bons leitores e também, bons interpretadores de textos e/ou enunciados,
que não estão presentes só em Língua Portuguesa, mas em todas as disciplinas do currículo
escolar. Desenvolvendo habilidades de leitura crítica, certamente este aluno passará a ter
desempenho melhor nas demais disciplinas com as quais tem contato na escola. Para Solé :
                       o leque de objetivos e finalidades que faz com que o leitor se situe perante um texto
                       é amplo e variado: devanear, preencher um momento de lazer e desfrutar, procurar
                       uma informação concreta; seguir uma pauta ou instruções para realizar uma
                       determinada atividade (cozinhar, conhecer as regras de um jogo); informar sobre um
                       determinado fato (ler o jornal, ler um livro de consulta sobre a Revolução Francesa);
                       confirmar ou refutar um conhecimento prévio; ampliar a informação obtida com a
                       leitura de um texto na realização de um trabalho, etc. (1998, p.22)
10



       É importante que o leitor perceba que existem várias possibilidades de se transmitir
uma informação através de um texto e que o mesmo varia à medida que muda o conteúdo que
está exposto, mas não é só isso, muda também a estrutura do texto. Um texto informativo tem
uma linguagem objetiva e não se confunde com os textos de natureza literária ou artística, que
utiliza a subjetividade, e a criatividade prevalece para encantar o leitor. Que por sua vez
difere-se do texto narrativo, uma vez que relata fatos e acontecimentos e do texto descritivo,
que representam objetos e personagens que participam do texto narrativo. Já o texto
argumentativo, procura convencer o leitor, propondo ou impondo uma interpretação.


Conclusão



         Conforme atesta a análise desenvolvida ao longo deste trabalho, os professores da
escola em questão, em grau maior ou menor, não têm total conhecimento das práticas
necessárias a formação de leitores críticos. Embora essa urgência esteja marcada em muitas de
suas colocações, as ações pedagógicas por eles desenvolvidas, segundo seus relatos, nos
permitem afirmar que não é possível alcançar plenamente a formação desse tipo ideal de
leitor. Não se trata, entretanto, de fazer a condenação pública do professor, imputando-lhe
toda a culpa pelo insucesso de uma prática que não depende exclusivamente de seu trabalho,
já envolve outras instâncias da ordem social estabelecida.
         Percebe-se, portanto, que é urgente a implementação de um processo de formação
continuada que assegure ao professor a reparação das eventuais lacunas deixadas ao longo de
seu processo de formação, principalmente considerando o contexto específico e as
peculiaridades do estabelecimento em questão, que impõem desafios maiores aos professores,
enquanto mediadores do processo de leitura. Dessa forma, a formação de leitores críticos,
nessa realidade, pressupõe a reação às formas de dominação a uma ideologia que, tanto
quanto aquela representada pela escola, pode também levar a alienação e ao conformismo.
       Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira
efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. E foi com esse intuito, que a questão do
papel da escola na formação de leitores críticos, tornou-se foco deste estudo, pois se trata de
um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando,
sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua cidadania e o seu
desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de
conhecimento, mas também como informação e prazer!
11




Referências


FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FREIRE, Paulo. Professor sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2ed. São Paulo: Olho

d’água, 1994.

______. A importância do ato d ler: em três artigos que se completam. 45ed. São Paulo:

Cortez, 2003.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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  • 1. 1 O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE LEITORES CRÍTICOS1 Lucimeire Cavalcanti Dias2 Resumo O presente artigo tem como objetivo enfocar a prática pedagógica do professor diante da formação de leitores críticos. Buscou-se então identificar os problemas encontrados na aprendizagem, identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a praticar o ato de ler, compreender como se dá o possesso de ensino-aprendizagem da leitura na escola e verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno a visão de que se deve com abordagem exploratória, ler apenas por dever. A pesquisa é do tipo quanti/qualitativa, descritiva. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma observação diária e uma entrevista oral e escrita. Os sujeitos da pesquisa serão constituídos pelos docentes do Ensino Fundamental I que lecionam o 4º ano (02 professores) e pelos discentes que compreendem o na ano em questão (60 alunos) Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete. Os dados coletados apontam que existe uma deficiência por parte dos professores, pois, na maioria das vezes estes não utilizam um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, no caso o ato de ler. No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores críticos". É preciso apostar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção de mudá-la de alguma forma. Palavras-chave: Aprendizagem. Metodologia. Leitores críticos. Summary This article aims to focus on the pedagogical practice of teacher's training of critical readers. Sought then to identify the problems encountered in learning, identify the difficulties that the teacher is to stimulate the student practicing the Act of reading, understand how the possessed the teaching of reading in the school and check whether the lack of stimulating reading causes the student to view that should be read only by duty. The search is of type quanti/qualitative, with the exploratory, descriptive approach. The instrument used for collecting data was a daily observation and an oral interview and writing. The subject of the survey will be formed by teachers in elementary school I teach 4th year (2 teachers) and by students who understand the year in question (60 students) in the State school education of children and Fundamental Santa Maria Gorete. The data collected suggest that there is a deficiency on the part of teachers, because often they do not use one of the indispensable instruments for general training and enabling citizens and vocal critics, freelance, in case the Act of reading. In school 1 Trabalho apresentado a Faculdade Integrada de Patos, como pré-requisito parcial de Conclusão do curso de Pós Graduação em Língua, Linguística e Literatura. 2 Professora Graduada em Língua Portuguesa e Língua Inglesa pela URCA, Professora do Ensino Infantil e Fundamental I Fase pela Escola Normal em Nível Médio são José e Coordenadora Pedagógica do Projovem Adolescente.
  • 2. 2 we realize that students increasingly alienated and losing by reading and questioned the pedagogical practice, teaching and encouragement of reading in the classroom and the proposals for action that can lead children to become "critical". You must bet that you can go far beyond literacy and that subject readers are able to look reflexively reality around them, and capable of making the option to change it somehow. Keywords: learning. Methodology. Critical readers. Introdução A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as questões mais focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na insegurança linguística demonstra o fracasso das práticas linguísticas das aulas. Partindo deste princípio, julguei oportuno desenvolver este tema. com abordagem exploratória, descritiva. O A pesquisa é do tipo quanti/qualitativa, instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma observação diária e uma entrevista oral e escrita. O estudo foi realizado na Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete localizada a rua Inácio Lira, centro, São José de Piranhas-PB. Os sujeitos da pesquisa serão constituídos pelos docentes do Ensino Fundamental I que lecionam o 4º ano (02 professores) e pelos discentes que compreendem o ano em questão na ( 60 alunos) Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete. A falta de estímulo à leitura, por parte dos educadores observados e entrevistados, na E.E.E.I. F Santa Maria Gorete, na cidade de São José de Piranhas – PB colabora para que o aluno conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e não de aprendizado, partindo do problema exposto, objetivo com este trabalho científico, provar que é preciso haver estímulo por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em seus alunos; identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a praticar o ato de
  • 3. 3 ler e verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno um retardamento em seu aprendizado. Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os novos tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas, atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os fatores que possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana impõe de maneira crescente no meio social. Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutação, seria a prática de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou indireta, uma reflexão sobre o contexto social em que estão inseridas, uma vez que o movimento dialético da leitura deve inserir o leitor na história deste milênio e o constituir como agente produtor de seu próprio futuro. Formar um leitor crítico não é tarefa fácil, entretanto fica claro que se trata de algo extremamente significativo para o aluno. Na verdade, o que almejo, é analisar a participação da escola na formação de leitores críticos, já que acredito na hipótese de que é preciso haver estímulo por parte dos educadores aos seus alunos para que seja efetivada a formação de leitores críticos e que a leitura não deve ser encarada nem pelo professor nem pelo aluno como uma obrigação, um dever, e sim como uma atividade prazerosa. Para tanto, o professor deve demonstrar paixão pela mesma e apresentá-la como fundamental para a formação intelectual dos educandos. Assim, é essencial para o sucesso com o trabalho da leitura em sala de aula, a utilização de um universo textual amplo e diversificado, fazendo-se necessário que o aluno entre em contato com os vários tipos de textos que circulam socialmente, para adquirir autonomia e escolher o tipo de texto que mais se encaixa com o seu gosto ou com as suas necessidades. Por isso, é importante proporcionar aos alunos diversificadas situações nas quais a leitura esteja em foco, pois se aprende a ler lendo e a interpretar o que leu interpretando. As estratégias de leitura envolvem vários tipos de conhecimentos e várias habilidades do leitor ao manusear o texto. A leitura é uma atividade que está presente na escola em todas as atividades que envolvem as disciplinas do currículo. Lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento. Por isso, precisa se fazer presente na vida do estudante, não como algo paralelo do seu ensino-
  • 4. 4 aprendizagem, mais como alguma coisa essencial para o desenvolvimento cognitivo e principalmente dentro de um contexto real de leitura e análise de textos, para que o ato de ler possa passar a fazer sentido para os alunos. O texto se modifica a cada leitura que se realiza, porque o leitor coloca nele suas experiências, seus conhecimentos, aspectos da sua cultura, sua visão de mundo e também a sua opinião a respeito do tema exposto e à medida que lê o texto, vai ampliando os seus horizontes a respeito do tema que nele está exposto. Por isso, trabalhar com a leitura na sala de aula é necessário que se crie situações com as quais os alunos possam ler os textos, não só uma, mas várias vezes, para perceber que seu conteúdo é uma fonte inesgotável de informação e de criação de novos conceitos. Aprender a ler e se tornar um leitor crítico que além de realizar leitura compreende o texto, exige empenho, tanto por parte do aluno quanto por parte de quem propõe o trabalho com a leitura, no caso a escola. É preciso que ambos entendam que não se lê só para aprender a ler, mas sim para responder as suas necessidades pessoais. O aprendizado inicial da leitura e suas concepções É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão consequência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentem ler. O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas concentradas na decodificação. Ao contrário é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas suposições. É disso que se está falando quando se diz que é preciso “aprender a ler, lendo”. A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber, no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, principalmente diante de leituras impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que,
  • 5. 5 ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos. Neste sentido, esta ambiguidade da prática educativa tornam os alunos alheios a realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da leitura significa a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder, chamado linguagem formal, pois é desta forma que estão escritas as leis que regem nosso país, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideológico em prol da liberdade e da justiça, os mantêm na condição de detentores do Poder. Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor em si mesmas, não sendo sempre necessárias atividades subsequentes, como o desenho dos personagens, a resposta de perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais atividades só devem se realizar quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso contrário, pudesse oferecer uma idéia distorcida do que é ler. A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura. É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de materiais escritos, uma vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas culturais mediadas pela escrita. Comunicar práticas de leitura permite colocar as crianças no papel de “leitoras”, que podem relacionar a linguagem com os textos, os gêneros e os portadores sobre os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais etc. As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos, possibilitam às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e afetivas envolvidas. Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados. Neste sentido torna-se oportuno citar Foucambert :
  • 6. 6 a leitura aparece também como um instrumento de conquista de poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O acesso a leitura de novas camadas sociais implica que leitura e produção de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela transformação da situação que faz que não se o seja. (1994, p. 121) Assim, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam, tornando-os distintos cultural e socialmente. Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além. Conforme Paulo Freire: o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra linguagem e realidade se prendem dinamicamente. (2003, p. 11) Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras críticas e variadas. Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividade ligada a lição e a intenção didática instrucional. Além da leitura como informação e, consequentemente, como fonte de acesso ao conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrário senso, o prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento. Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem parte dos
  • 7. 7 objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto, compreensiva e mais agradável como processo pedagógico. Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o protagonista é o aluno, e respaldando tal assertiva é oportuno citar Paulo Freire: Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciências e a atitude crítica, graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita frequência a educação em vigor num grande número de países do mundo, educação que tende a ajustar o indivíduo à sociedade em lugar de promovê-lo em sua própria linha .(1994, p. 37) O professor-leitor e sua implicação na formação do aluno-leitor Aprender a ler e se tornar um leitor crítico que além de realizar leitura compreende o texto, exige empenho, tanto por parte do aluno quanto por parte de quem propõe o trabalho com a leitura. É preciso que ambos entendam que não se lê só para aprender a ler, mas sim para responder as suas necessidades pessoais. Faz-se necessário prosseguir com Solé (1998, p.58-59), ao afirmar que “os alunos devem ver na leitura algo interessante e desafiador, uma conquista capaz de dar autonomia e independência. E devem estar confiantes, condição esta para enfrentar o desafio e aprender fazendo”. O estudante precisa sentir-se estimulado para desenvolver uma prática constante de leitura, precisa deparar-se com situações com as quais possa raciocinar, refletir e progredir cognitivamente precisa esforçar-se para se encaixar no perfil do leitor crítico e para isso, dois pontos são de suma importância: o tipo de material utilizado e a proposta pedagógica que se realiza dentro da instituição de ensino investigada. : “ Assim, as professoras entrevistadas afirmam que Primeiramente, utilizo o livro didático professora 1, entrevista adotado pelo colégio, mas também livros, revistas, jornais, vídeo”. ( em 10/04/2011). “ Utilizo diversos materiais, desde o livro didático adotado como outras fontes: jornal, revista, livros de literatura, telas, vídeos, rádio, entre outros”. (Professora 2, entrevista em 10/04/2011). professora 1 e professora 2 deixaram claro Com relação ao segundo ponto a respectivamente que: “ Conhecer novas palavras, como são escritas e também a informação
  • 8. 8 que é de suma importância.” (entrevista em 10/04/2011). “Ajudar o educando a formar seu senso crítico, como também compreender melhor o mundo onde está inserido, desenvolver a capacidade de interpretação e produção de texto, ampliar o vocabulário”. (entrevista em 10/a4/2011). Não se pode negligenciar que o livro didático exerce uma grande influência nas escolhas do professor nas práticas de leitura, o que pode ser explicado pelo fato de muitas vezes ser este o material de leitura mais acessível ao professor. Não se pretende aqui fazer a condenação sumária do livro didático, apesar de vários estudos já terem apontados os malefícios que os mesmos podem trazer ao processo de ensino-aprendizagem. Entendemos que o grande perigo ocorre quando o professor se deixa dominar pelo livro didático, abandonando o caráter polissêmico da atividade de leitura para legitimar a sua autoridade a partir dos modelos prontos veiculados na material didático. Os professores em questão parecem ter por consenso da necessidade do uso de textos variados e relacionados a realidade do educando. Quando temos em mente que uma leitura crítica, deve além de gerar conhecimentos, propor atitudes e analisar valores, de forma a tornar mais aguçada a percepção do leitor diante da vida, devemos também ter claro que não basta ficarmos restritos à realidade local do educando. Sem sombra de dúvidas, esse é o primeiro passo para a produção de sentidos, porém a formação do leitor crítico pressupõe o acesso ao conhecimento de forma globalizada que permita ao leitor reorganizar o seu contexto imediato, mas também interagir com realidades mais amplas da sociedade organizada. Em relação à questão de como poderia descrever, resumidamente, a maneira que se desenvolve as atividades de leitura com seus alunos, o que se observou foi a confusão nas De acordo com o etapas para o processamento da leitura por parte dos professores. depoimento da professora 2 quando diz: Deixo que cada aluno escolha o que quer ler, claro que dou as informações necessárias para cada aluno. Depois peço a eles que façam um resumo e apresente aos colegas de sala, dando a liberdade para perguntas sobre o livro. Esse trabalho é feito individualmente. (entrevista em 10/04/2011). . Os professores não estão preocupados com o ambiente e com o prazer proporcionado pela leitura ao aluno, como também desconhecem as etapas do processamento da leitura pelos leitores e não levam em conta, segundo seus próprios depoimentos, o conhecimento prévio do
  • 9. 9 aluno ou seu entendimento com relação ao texto lido. Ficando evidente que não haverá compreensão, não haverá criticidade, pois o leitor não será capaz de questionar, discutir, aquilo que não compreendeu. Entendemos que o ambiente é importante e que a leitura deve nas devidas proporções, ser uma fonte de prazer para o leitor. Nossa sociedade, carece de leitores que investiguem, desconfiem e busquem reorganizar a realidade. Os professores pesquisados são unânimes em definir a sala de aula, como ambiente Nesse sentido, a professora 1 diz que: mais utilizado para se desenvolver as aulas de leitura. “ A sala de aula é o ambiente onde sempre desenvolvo as aulas de leitura e algumas vezes fora, como em casa, por exemplo, pois, não temos uma boa biblioteca para desenvolver essas atividades”. (entrevista em 10/04/2011). No que se refere às dificuldades, muitas vezes o professor exclui sua parcela de responsabilidade, como se tudo na sala de aula girasse em torno do leitor e do texto, sem que este tivesse sua parcela de participação no fracasso ou sucesso das práticas de leitura. Como ficou claro em depoimentos coletados durante este trabalho de pesquisa, feitos pelas professoras 1e 2 sequencialmente: “Há uma grande dificuldade de ler com compreensão, o mais comum é o aluno fazer a decodificação do código escrito.” (entrevista em 10/04/2011)..”Os alunos em geral, com raras exceções gostam de ler, pois não tem o hábito de leitura e consequentemente sentem-se desmotivados diante do ato de ler.” (entrevista em 10/04/2011). Por isso, entendemos que é uma necessidade formar o leitor crítico e argumentamos também que fazer do aluno um leitor com este perfil é uma urgência dentro das instituições escolares, pois o rendimento escolar de determinados alunos é marcado pelo fracasso, em virtude de não serem bons leitores e também, bons interpretadores de textos e/ou enunciados, que não estão presentes só em Língua Portuguesa, mas em todas as disciplinas do currículo escolar. Desenvolvendo habilidades de leitura crítica, certamente este aluno passará a ter desempenho melhor nas demais disciplinas com as quais tem contato na escola. Para Solé : o leque de objetivos e finalidades que faz com que o leitor se situe perante um texto é amplo e variado: devanear, preencher um momento de lazer e desfrutar, procurar uma informação concreta; seguir uma pauta ou instruções para realizar uma determinada atividade (cozinhar, conhecer as regras de um jogo); informar sobre um determinado fato (ler o jornal, ler um livro de consulta sobre a Revolução Francesa); confirmar ou refutar um conhecimento prévio; ampliar a informação obtida com a leitura de um texto na realização de um trabalho, etc. (1998, p.22)
  • 10. 10 É importante que o leitor perceba que existem várias possibilidades de se transmitir uma informação através de um texto e que o mesmo varia à medida que muda o conteúdo que está exposto, mas não é só isso, muda também a estrutura do texto. Um texto informativo tem uma linguagem objetiva e não se confunde com os textos de natureza literária ou artística, que utiliza a subjetividade, e a criatividade prevalece para encantar o leitor. Que por sua vez difere-se do texto narrativo, uma vez que relata fatos e acontecimentos e do texto descritivo, que representam objetos e personagens que participam do texto narrativo. Já o texto argumentativo, procura convencer o leitor, propondo ou impondo uma interpretação. Conclusão Conforme atesta a análise desenvolvida ao longo deste trabalho, os professores da escola em questão, em grau maior ou menor, não têm total conhecimento das práticas necessárias a formação de leitores críticos. Embora essa urgência esteja marcada em muitas de suas colocações, as ações pedagógicas por eles desenvolvidas, segundo seus relatos, nos permitem afirmar que não é possível alcançar plenamente a formação desse tipo ideal de leitor. Não se trata, entretanto, de fazer a condenação pública do professor, imputando-lhe toda a culpa pelo insucesso de uma prática que não depende exclusivamente de seu trabalho, já envolve outras instâncias da ordem social estabelecida. Percebe-se, portanto, que é urgente a implementação de um processo de formação continuada que assegure ao professor a reparação das eventuais lacunas deixadas ao longo de seu processo de formação, principalmente considerando o contexto específico e as peculiaridades do estabelecimento em questão, que impõem desafios maiores aos professores, enquanto mediadores do processo de leitura. Dessa forma, a formação de leitores críticos, nessa realidade, pressupõe a reação às formas de dominação a uma ideologia que, tanto quanto aquela representada pela escola, pode também levar a alienação e ao conformismo. Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. E foi com esse intuito, que a questão do papel da escola na formação de leitores críticos, tornou-se foco deste estudo, pois se trata de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!
  • 11. 11 Referências FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. FREIRE, Paulo. Professor sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2ed. São Paulo: Olho d’água, 1994. ______. A importância do ato d ler: em três artigos que se completam. 45ed. São Paulo: Cortez, 2003. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.