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FAMÍLIAFAMÍLIA
Autora:Ms Maria Cecília Fernandes SilvaAutora:Ms Maria Cecília Fernandes Silva
cecilia24@uol.com.brcecilia24@uol.com.br
Psicóloga Supervisora e Coordenadora do Ambulatório de Família (AMFAM)Psicóloga Supervisora e Coordenadora do Ambulatório de Família (AMFAM)
Serviço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSPServiço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP
20102010
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 Poucos conceitos evoluíram e modificaram-se tanto,Poucos conceitos evoluíram e modificaram-se tanto,
através dos tempos, como o de família. A etimologiaatravés dos tempos, como o de família. A etimologia
refere-se a dois vocábulos:refere-se a dois vocábulos: famíliafamília (conjunto de escravos(conjunto de escravos
e servidores de uma pessoa) ee servidores de uma pessoa) e famulus do latimfamulus do latim
(servidor, escravo doméstico). O termo é encontrado nas(servidor, escravo doméstico). O termo é encontrado nas
línguas latinas (família,línguas latinas (família, famillefamille), já no século XIV e na), já no século XIV e na
língua inglesa (língua inglesa ( familyfamily) no início do século XV.) no início do século XV.
 Nas sociedades ocidentais da atualidade, a noção maisNas sociedades ocidentais da atualidade, a noção mais
generalizada de família está, predominantemente, ligadageneralizada de família está, predominantemente, ligada
à idéia de um casal e seus filhos, isto é, à famíliaà idéia de um casal e seus filhos, isto é, à família
nuclear.nuclear.
 Murdock (1976) conceitua a família como umMurdock (1976) conceitua a família como um
agrupamento social caracterizado por residência comum,agrupamento social caracterizado por residência comum,
cooperação econômica e reprodução. Para o autor, àcooperação econômica e reprodução. Para o autor, à
família competiriam as funções sexuais, econômicas,família competiriam as funções sexuais, econômicas,
reprodutivas e educacionais.reprodutivas e educacionais.
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 A estrutura familiar atual, centrada na afeição eA estrutura familiar atual, centrada na afeição e
na intensificação das relações entre pais ena intensificação das relações entre pais e
filhos na privacidade de suas casas, é umafilhos na privacidade de suas casas, é uma
invenção relativamente recente na história doinvenção relativamente recente na história do
homem ocidental, ganhando contornos maishomem ocidental, ganhando contornos mais
nítidos a partir do século XVII na Europa.nítidos a partir do século XVII na Europa.
 Estudo clássico de Ariés – História social daEstudo clássico de Ariés – História social da
criança e da família – retrata com detalhes ocriança e da família – retrata com detalhes o
processo histórico que resultou na constituiçãoprocesso histórico que resultou na constituição
dos costumes e valores da família moderna.dos costumes e valores da família moderna.
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 Na sociedade medieval não havia condiçõesNa sociedade medieval não havia condições
objetivas para a constituição de uma noção deobjetivas para a constituição de uma noção de
privacidade e de intimidade entre os indivíduosprivacidade e de intimidade entre os indivíduos
em suas habitações.em suas habitações.
 As famílias eram grandes agrupamentosAs famílias eram grandes agrupamentos
compostos não apenas por parentescompostos não apenas por parentes
consangüíneos, mas também pelos servidores econsangüíneos, mas também pelos servidores e
protegidos.protegidos.
 Nos casarões, nos espaços onde as pessoas seNos casarões, nos espaços onde as pessoas se
alimentavam, também dormiam, namoravam,alimentavam, também dormiam, namoravam,
dançavam, trabalhavam e recebiam visitas.dançavam, trabalhavam e recebiam visitas.
 Nesse período a duração da infância eraNesse período a duração da infância era
reduzida a seu período mais frágil.reduzida a seu período mais frágil.
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 A passagem da família medieval para aA passagem da família medieval para a
moderna implicou numa lenta e insidiosamoderna implicou numa lenta e insidiosa
construção de um novo “sentimento deconstrução de um novo “sentimento de
família”.família”.
 Essa transformação foi possível porqueEssa transformação foi possível porque
a família modificou suas relações ea família modificou suas relações e
atribuições com a criança.atribuições com a criança.
 A presença constante da criança naA presença constante da criança na
escola sob intervenção do Estado, daescola sob intervenção do Estado, da
Igreja e das referências do mundo “psi”.Igreja e das referências do mundo “psi”.
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 Então simultaneamente aoEntão simultaneamente ao
fortalecimento da escola, a casa dafortalecimento da escola, a casa da
família foi perdendo seu caráter defamília foi perdendo seu caráter de
espaço social aberto, para seespaço social aberto, para se
fechar em sua privacidade.fechar em sua privacidade.
 Nos séculos XVIII e XIX vai aosNos séculos XVIII e XIX vai aos
poucos se constituindo a típicapoucos se constituindo a típica
família moderna, formada pelofamília moderna, formada pelo
homem provedor financeiro...homem provedor financeiro...
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 O conceito cível (1916) define: “a famíliaO conceito cível (1916) define: “a família
compreende as pessoas unidas pelocompreende as pessoas unidas pelo
casamento, as provenientes dessa união, ascasamento, as provenientes dessa união, as
que descendem de um tronco ancestral comumque descendem de um tronco ancestral comum
e as vinculadas por adoção. Em sentido restritoe as vinculadas por adoção. Em sentido restrito
corresponde aos cônjuges e aos filhos”.corresponde aos cônjuges e aos filhos”.
 Adotaremos o conceito de família em seuAdotaremos o conceito de família em seu
aspecto nuclear, e parentes ou agregados queaspecto nuclear, e parentes ou agregados que
coabitam e, principalmente, interagem,coabitam e, principalmente, interagem,
caracterizando uma dinâmica psicossocialcaracterizando uma dinâmica psicossocial
estruturada.estruturada.
O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA
 Muitas questões estão implicadas nessasMuitas questões estão implicadas nessas
definições: espaço e tempodefinições: espaço e tempo
compartilhados, formação e manutençãocompartilhados, formação e manutenção
de laços, hereditariedade, adoção,de laços, hereditariedade, adoção,
legitimação, transmissão e legados.legitimação, transmissão e legados.
Tudo isso regido por leis que organizamTudo isso regido por leis que organizam
as relações e situam os indivíduos emas relações e situam os indivíduos em
uma linhagem.uma linhagem.
 Durante o decurso de sua vida, é na interação com aDurante o decurso de sua vida, é na interação com a
família e com a sociedade que o ser humano obtém asfamília e com a sociedade que o ser humano obtém as
condições necessárias para seu o desenvolvimentocondições necessárias para seu o desenvolvimento
biopsicossocial. Não apenas o recém nascido sucumbebiopsicossocial. Não apenas o recém nascido sucumbe
diante do abandono dos demais, mas o equilíbriodiante do abandono dos demais, mas o equilíbrio
emocional, os processos de subjetivação, a realizaçãoemocional, os processos de subjetivação, a realização
dos ideais de vida, o aprendizado e a adaptabilidade aodos ideais de vida, o aprendizado e a adaptabilidade ao
meio só são possíveis graças aos circunstantes, com osmeio só são possíveis graças aos circunstantes, com os
quais o homem convive obrigatória e permanentemente.quais o homem convive obrigatória e permanentemente.
A subjetividade se dá sempre na presença de um outro.A subjetividade se dá sempre na presença de um outro.
É a partir de alguém que me reconheça que sinto minhaÉ a partir de alguém que me reconheça que sinto minha
própria existência.própria existência.
 Poderíamos brincar com Descartes e dizer “o outroPoderíamos brincar com Descartes e dizer “o outro
existe, logo existo”. É o outro que dá referências sobreexiste, logo existo”. É o outro que dá referências sobre
minha existência.minha existência.
A importância da famíliaA importância da família
 A família envolve uma organização deA família envolve uma organização de
espaços e tempos. Seu presente trazespaços e tempos. Seu presente traz
sempre registros do passado esempre registros do passado e
continuamente prepara o futuro.continuamente prepara o futuro.
 Como tudo o que acontece em família,Como tudo o que acontece em família,
as diversas vivências, compartilhadas ouas diversas vivências, compartilhadas ou
mantidas em segredo, não permanecemmantidas em segredo, não permanecem
como propriedade exclusiva docomo propriedade exclusiva do
indivíduo. Há constantemente umindivíduo. Há constantemente um
processo de mútua influência.processo de mútua influência.
 Dessa forma,Dessa forma, tudo o que se passa emtudo o que se passa em
família deixa marcasfamília deixa marcas , cujos traços, cujos traços
atravessam gerações, determinando,atravessam gerações, determinando,
inconscientemente, respostas einconscientemente, respostas e
A importância da famíliaA importância da família
 Ao pensarmos na pré-maturidade do bebêAo pensarmos na pré-maturidade do bebê
humano, a finalidade primeira da família éhumano, a finalidade primeira da família é
assegurar sua sobrevivência e protegê-lo tantoassegurar sua sobrevivência e protegê-lo tanto
de condições naturais quanto daquelasde condições naturais quanto daquelas
externas e adversas.externas e adversas.
 No entanto, é notadamente noNo entanto, é notadamente no CAMPOCAMPO
PSÍQUICOPSÍQUICO que a família se revelaque a família se revela
indispensável, já que o psiquismo humano seindispensável, já que o psiquismo humano se
constitui a partir de umconstitui a partir de um tecido psíquico grupaltecido psíquico grupal
(Käes, 1976) – por consangüinidade ou adoção(Käes, 1976) – por consangüinidade ou adoção
– que permite em condições suficientemente– que permite em condições suficientemente
boas, a emergência de aparelhos psíquicosboas, a emergência de aparelhos psíquicos
individuais.individuais.
FamilidadeFamilidade
 Para Meyer (2002), aPara Meyer (2002), a tarefa básica da famíliatarefa básica da família éé
auxiliar os indivíduos que a compõem naauxiliar os indivíduos que a compõem na
travessia de uma situação de absolutatravessia de uma situação de absoluta
dependência para uma gradativa autonomia.dependência para uma gradativa autonomia.
 Ao falar de “familidade”, o autor aborda umaAo falar de “familidade”, o autor aborda uma
parte da vida mental que se vê continuamenteparte da vida mental que se vê continuamente
estimulada e ativada pelaestimulada e ativada pela interação familiarinteração familiar ,,
com a função de lidar com tal experiência ecom a função de lidar com tal experiência e
organizá-la.organizá-la.
 A família também fornece ao indivíduo umA família também fornece ao indivíduo um
aspecto de sua identidade que faz com que ele,aspecto de sua identidade que faz com que ele,
internamente, se veja como participante dessainternamente, se veja como participante dessa
Sentimento de pertençaSentimento de pertença
Todo processo de subjetivação é umTodo processo de subjetivação é um
processo de HUMANIZAÇÃO queprocesso de HUMANIZAÇÃO que
portanto envolve o outro.portanto envolve o outro.
A possibilidade de vir a ser nós é oA possibilidade de vir a ser nós é o
anseio de ser de cada ser humano.anseio de ser de cada ser humano.
É uma expansão da integridade deÉ uma expansão da integridade de
si, de ser UM em COMUNIDADE. “Asi, de ser UM em COMUNIDADE. “A
nossa família” (Safra, 2009).nossa família” (Safra, 2009).
Tudo Começa em CasaTudo Começa em Casa
 Winnicott (1983), destaca umaWinnicott (1983), destaca uma
dimensão fundamental da condiçãodimensão fundamental da condição
humana: a importância dos fatoreshumana: a importância dos fatores
ambientais desde o início da vida,ambientais desde o início da vida,
desde a concepção do feto, ou atédesde a concepção do feto, ou até
mesmo antes (expectativas dosmesmo antes (expectativas dos
pais).pais).
A importância do ambienteA importância do ambiente
 Levar em consideração o ambiente, naLevar em consideração o ambiente, na
constituição e estruturação psíquicasconstituição e estruturação psíquicas
fundamentais do ser humano, éfundamentais do ser humano, é
vislumbrar a importância do fatorvislumbrar a importância do fator
dependência (característica do início dedependência (característica do início de
todos os seres humanos): dependênciatodos os seres humanos): dependência
da figura materna, da figura paterna,da figura materna, da figura paterna,
dependência dos outros componentes dadependência dos outros componentes da
família, dos valores culturais da época efamília, dos valores culturais da época e
inclusive das normas correntes porinclusive das normas correntes por
exemplo da medicina, e da psicologia daexemplo da medicina, e da psicologia da
época (pediatria, puericultura, psicologiaépoca (pediatria, puericultura, psicologia
do desenvolvimento).do desenvolvimento).
Mãe ambienteMãe ambiente
 Para Winnicott, a vida psíquica começaPara Winnicott, a vida psíquica começa
com uma experiência de fusãocom uma experiência de fusão → existe→ existe
apenas um corpo e um psiquismo paraapenas um corpo e um psiquismo para
duas pessoas (uma unidade indivisível).duas pessoas (uma unidade indivisível).
““Mãe universo”Mãe universo”
 Para o bebê, sua mãe e ele próprioPara o bebê, sua mãe e ele próprio
constituem uma única pessoa. Emboraconstituem uma única pessoa. Embora
ele já seja um ser separado, com suasele já seja um ser separado, com suas
capacidades inatas, cujascapacidades inatas, cujas
potencialidades ainda não se realizaram,potencialidades ainda não se realizaram,
o bebê não tem consciência disso. Ao bebê não tem consciência disso. A
mãe não é ainda um “objeto” distinto, elamãe não é ainda um “objeto” distinto, ela
é um ambiente total, uma “mãe-universo”é um ambiente total, uma “mãe-universo”
e o bebê não passa de uma pequenae o bebê não passa de uma pequena
parcela dessa imensa unidade.parcela dessa imensa unidade.
(Winnicott, 1983)(Winnicott, 1983)
 Winnicott (1993) afirma que não existe bebêWinnicott (1993) afirma que não existe bebê
sem mãe e que não existe mãe sem bebê,sem mãe e que não existe mãe sem bebê,
“existe apenas uma unidade”. Dessa forma, o“existe apenas uma unidade”. Dessa forma, o
autor estabelece a importância do meioautor estabelece a importância do meio
ambiente (mãe) para o desenvolvimento doambiente (mãe) para o desenvolvimento do
indivíduo. Será somente por meio dos cuidadosindivíduo. Será somente por meio dos cuidados
dessa figura (ou alguma substituta, desde que,dessa figura (ou alguma substituta, desde que,
com um mínimo de constância) que o psiquismocom um mínimo de constância) que o psiquismo
do bebê poderá se desenvolver,do bebê poderá se desenvolver,
gradativamente, por seus estados e estágiosgradativamente, por seus estados e estágios
naturais.naturais.
 A relação constrói a subjetividade, nãoA relação constrói a subjetividade, não
existindo a possibilidade do si mesmo sem esseexistindo a possibilidade do si mesmo sem esse
contato.contato.
Tudo Começa em CasaTudo Começa em Casa
 Nesse momento de vida do bebê, aNesse momento de vida do bebê, a
devoção materna é fundamentaldevoção materna é fundamental
pois é a possibilidade desse bebêpois é a possibilidade desse bebê
existir num lugar seguro eexistir num lugar seguro e
acolhedor.acolhedor.
 Na relação mãe-bebê, os paisNa relação mãe-bebê, os pais
podem ter sonhos em relação a ele,podem ter sonhos em relação a ele,
mas é importante. que essesmas é importante. que esses
sonhos não saturem o espaço desonhos não saturem o espaço de
modo que a singularidade do bebêmodo que a singularidade do bebê
fique achatada. É impte. que essesfique achatada. É impte. que esses
anseiosanseios sejamsejam ensaiosensaios dada
possibilidade de poder receber apossibilidade de poder receber a
Devoção e função especularDevoção e função especular
 Não poder viver uma experiência dessaNão poder viver uma experiência dessa
(“preocupação materna primária”), significa a(“preocupação materna primária”), significa a
impossibilidade de ter entrado no mundo doimpossibilidade de ter entrado no mundo do
humano. Devoção é abertura para o outro, é umhumano. Devoção é abertura para o outro, é um
certo esquecimento de si, é dar lugar para quecerto esquecimento de si, é dar lugar para que
o inédito do outro possa acontecer e tornar-seo inédito do outro possa acontecer e tornar-se
uma experiência constitutiva do humano.uma experiência constitutiva do humano.
 AA função especularfunção especular , da mãe reflete aquilo que, da mãe reflete aquilo que
ela vê no bebê. A mãe espelha o bebê comoela vê no bebê. A mãe espelha o bebê como
ser, não é um espelho que joga o bebê numser, não é um espelho que joga o bebê num
plano bidimensional, ela reflete o que ele é,plano bidimensional, ela reflete o que ele é,
reflete alteridade, reconhece o que o bebê é, ereflete alteridade, reconhece o que o bebê é, e
o bebê é peculiar, é singular desde o princípio.o bebê é peculiar, é singular desde o princípio.
Tudo começa em casaTudo começa em casa
 O ser humano tem a necessidade de serO ser humano tem a necessidade de ser
reconhecido pelo que ele é. Tem areconhecido pelo que ele é. Tem a
necessidade de reencontrar o que lhe énecessidade de reencontrar o que lhe é
singular no rosto da mãe, na fala dasingular no rosto da mãe, na fala da
mãe.mãe.
 A realidade de si mesmo é dada peloA realidade de si mesmo é dada pelo
olhar do outro o que portanto emoldura aolhar do outro o que portanto emoldura a
própria singularidade.própria singularidade.
 A pessoa que não pode ser reconhecidaA pessoa que não pode ser reconhecida
pelo outro naquilo que lhe é singular,pelo outro naquilo que lhe é singular,
vive uma experiência devive uma experiência de
HoldingHolding
 Winnicott fala da necessidade do meioWinnicott fala da necessidade do meio
ambiente de sustentação para que oambiente de sustentação para que o
processo de “continuidade de ser” possaprocesso de “continuidade de ser” possa
se desenvolver numa criança.se desenvolver numa criança.
HoldingHolding
 A função principal da figura materna, oA função principal da figura materna, o
holdingholding é reduzir de modo significativoé reduzir de modo significativo
as invasões (as invasões (impingementsimpingements) traumáticas,) traumáticas,
pois de outra maneira, a cr.pois de outra maneira, a cr.
experienciará o aniquilamento do serexperienciará o aniquilamento do ser
pessoal, um terror que W. chama depessoal, um terror que W. chama de
agonia impensávelagonia impensável . A. A alternativa a ser éalternativa a ser é
reagirreagir, e reagir interrompe o ser e o, e reagir interrompe o ser e o
aniquila. Há um colapso no âmbito daaniquila. Há um colapso no âmbito da
confiabilidade.confiabilidade.
 Nesse momento, o fracasso nasNesse momento, o fracasso nas
tentativas de integração levam otentativas de integração levam o
indivíduo a viver a desintegração, umindivíduo a viver a desintegração, um
estado muito doloroso, que significa oestado muito doloroso, que significa o
abandono aos impulsos incontroláveis eabandono aos impulsos incontroláveis e
portanto a vivência do caos.portanto a vivência do caos.
 Inúmeros autores já pesquisaram osInúmeros autores já pesquisaram os
processos pelos quais a personalidadeprocessos pelos quais a personalidade
da criança estrutura-se, gradativamente,da criança estrutura-se, gradativamente,
de acordo com os padrões de conduta dede acordo com os padrões de conduta de
seus pais, irmãos e familiares próximos,seus pais, irmãos e familiares próximos,
formando uma base para a sociabilidade.formando uma base para a sociabilidade.
Segundo as palavras de Abdo e MeleiroSegundo as palavras de Abdo e Meleiro
(1992): “é no seio familiar que se(1992): “é no seio familiar que se
desenvolvem as sensações dedesenvolvem as sensações de
segurança, auto-estima, confiança esegurança, auto-estima, confiança e
auto-preservação”.auto-preservação”.
 Navarro (1974), citando Ackerman,Navarro (1974), citando Ackerman,
afirma que à família compete: 1.afirma que à família compete: 1.
assegurar a sobrevivência física e daassegurar a sobrevivência física e da
espécie. 2. Desenvolver o basicamenteespécie. 2. Desenvolver o basicamente
humano no homem: a) provisão dehumano no homem: a) provisão de
alimento e brigo; b) ligação afetiva; c)alimento e brigo; b) ligação afetiva; c)
identidade pessoal; d) desenvolvimentoidentidade pessoal; d) desenvolvimento
da aprendizagem e da criatividade.da aprendizagem e da criatividade.
Família e pós modernidadeFamília e pós modernidade
 Vivemos numa sociedade que privilegiaVivemos numa sociedade que privilegia
cada vez mais o individualismo e ocada vez mais o individualismo e o
imediatismo. Cada hoje já se tornandoimediatismo. Cada hoje já se tornando
ontem.ontem.
 potência do tecnológicopotência do tecnológico XX condiçãocondição
do pensardo pensar
imagemimagem contemplarcontemplar
prazerprazer simbólicosimbólico
 Presenciamos a família num contextoPresenciamos a família num contexto
sem regras estáveis, tendo que absorversem regras estáveis, tendo que absorver
as vicissitudes da vida moderna.as vicissitudes da vida moderna.
Família e pós modernidadeFamília e pós modernidade
 É UM EXCESSO QUE NA VERDADEÉ UM EXCESSO QUE NA VERDADE
DENUNCIADENUNCIA A FALTA.A FALTA.
 É a valorização do presente e do futuro emÉ a valorização do presente e do futuro em
detrimento do passado. Há um desprezo pelodetrimento do passado. Há um desprezo pelo
antigo, havendo uma ruptura na cadeiaantigo, havendo uma ruptura na cadeia
geracional impossibilitando uma das tarefasgeracional impossibilitando uma das tarefas
mais importantes da família que é amais importantes da família que é a
transformação dos conteúdos psíquicos atravéstransformação dos conteúdos psíquicos através
das geraçõesdas gerações..
 Hoje vivemos um borramento de papéis, aHoje vivemos um borramento de papéis, a
função paterna diluída, famílias chefiadas porfunção paterna diluída, famílias chefiadas por
mulheres, famílias reconstituídas.mulheres, famílias reconstituídas.

Família e adoecimentoFamília e adoecimento
 Portanto, se consideramos a famíliaPortanto, se consideramos a família
como a unidade básica de crescimento ecomo a unidade básica de crescimento e
experiência, nesse sentido, ela éexperiência, nesse sentido, ela é
também a unidade básica de saúde etambém a unidade básica de saúde e
doençadoença (Ackerman, 1978).(Ackerman, 1978).
 Já que ela é a principal responsável pelaJá que ela é a principal responsável pela
formação da identidade do indivíduo,formação da identidade do indivíduo,
torna-se então fundamental entender otorna-se então fundamental entender o
transtorno mental como umtranstorno mental como um processoprocesso
familiarfamiliar, questionando-se a eficácia de, questionando-se a eficácia de
qualquer tratamento que não leve emqualquer tratamento que não leve em
consideração a síntese total desseconsideração a síntese total desse
indivíduo (devendo necessariamenteindivíduo (devendo necessariamente
A Importância da FamíliaA Importância da Família
 Segundo alguns autoresSegundo alguns autores (Bowen, Eiguer - 4,5)(Bowen, Eiguer - 4,5) aa
família é a principal responsável pelafamília é a principal responsável pela
formação da identidade do indivíduo queformação da identidade do indivíduo que
dela faz parte e, torna-se fundamentaldela faz parte e, torna-se fundamental
entender a doença mental como umentender a doença mental como um
processo familiar, questionando-se aprocesso familiar, questionando-se a
eficácia de qualquer tratamento que nãoeficácia de qualquer tratamento que não
leve em consideração a síntese total desseleve em consideração a síntese total desse
indivíduo (devendo necessariamente incluirindivíduo (devendo necessariamente incluir
sua família ).sua família ).
 O estudo criterioso do desenvolvimento dos vínculosO estudo criterioso do desenvolvimento dos vínculos
familiares permite elucidar o modo como o aparecimentofamiliares permite elucidar o modo como o aparecimento
de uma doença desestrutura a dinâmica dede uma doença desestrutura a dinâmica de
funcionamento da família e, também, como interaçõesfuncionamento da família e, também, como interações
familiares desajustadas favorecem ou precipitam ofamiliares desajustadas favorecem ou precipitam o
aparecimento de doenças em um ou mais de seusaparecimento de doenças em um ou mais de seus
membros.membros.
 Os papéis que o paciente desempenha na família e esta,Os papéis que o paciente desempenha na família e esta,
em relação a ele, adquirem formas muito peculiares queem relação a ele, adquirem formas muito peculiares que
dependem de uma rede muito extensa de articulações. Adependem de uma rede muito extensa de articulações. A
inequívoca importância dos determinantes sócio-inequívoca importância dos determinantes sócio-
familiares no desencadeamento e evolução dos quadrosfamiliares no desencadeamento e evolução dos quadros
clínicos indica, claramente, que a abordagem doclínicos indica, claramente, que a abordagem do
paciente psiquiátrico deve incluir intervenções com apaciente psiquiátrico deve incluir intervenções com a
família e com o meio social.família e com o meio social.
 Longe de responsabilizar as interações sócio-Longe de responsabilizar as interações sócio-
familiares como únicas determinantes pelafamiliares como únicas determinantes pela
eclosão dos transtornos mentais estamoseclosão dos transtornos mentais estamos
simplesmente considerando até que ponto taissimplesmente considerando até que ponto tais
interações podem dificultar, ou mesmo impedir,interações podem dificultar, ou mesmo impedir,
uma adequada evolução do ser humano nouma adequada evolução do ser humano no
desenvolvimento dos seus papéis ao longo dadesenvolvimento dos seus papéis ao longo da
vida. É preciso assinalar, também, que existemvida. É preciso assinalar, também, que existem
consideráveis indícios que demonstram osconsideráveis indícios que demonstram os
benefícios da participação da família nobenefícios da participação da família no
tratamento.tratamento.
A Importância da FamíliaA Importância da Família
 Segundo Winnicott (1958), quando somosSegundo Winnicott (1958), quando somos
chamados a intervir em situações dechamados a intervir em situações de
desorganização da dinâmica familiar, devemosdesorganização da dinâmica familiar, devemos
procurar compreender osprocurar compreender os fatores subjacentesfatores subjacentes
ao problema manifestoao problema manifesto para que nossa ajudapara que nossa ajuda
possa ser a mais adequada possível.possa ser a mais adequada possível.
 O sofrimento da população que procura atendimentoO sofrimento da população que procura atendimento
numa instituição deve ser entendido numa estrutura maisnuma instituição deve ser entendido numa estrutura mais
ampla, como uma experiência contínua de integraçãoampla, como uma experiência contínua de integração
emocional com seu ambiente, seu grupo familiar e suaemocional com seu ambiente, seu grupo familiar e sua
interação com eles, focando principalmente nointeração com eles, focando principalmente no
entendimento do contexto no qual este indivíduo seentendimento do contexto no qual este indivíduo se
encontraencontra (8)(8)..
A Importância da FamíliaA Importância da Família
 O equilíbrio dinâmico doO equilíbrio dinâmico do
indivíduo e do grupo influencia:indivíduo e do grupo influencia:
1.1. a precipitação da doençaa precipitação da doença
2.2. o curso da mesmao curso da mesma
3.3. a possibilidade de recuperaçãoa possibilidade de recuperação
4.4. o risco de recidiva.o risco de recidiva.
 Esta estabilidade depende de umEsta estabilidade depende de um
padrão delicado de equilíbrio epadrão delicado de equilíbrio e
intercâmbio emocional no qualintercâmbio emocional no qual
cada membro é afetado por todoscada membro é afetado por todos
os outros. Segundo Ackermanos outros. Segundo Ackerman
(1978), “a família é a unidade(1978), “a família é a unidade
básica de crescimento ebásica de crescimento e
experiência” e nesse sentido, ela éexperiência” e nesse sentido, ela é
também a unidade básica detambém a unidade básica de
doença e saúde (Tommasi, 1996).doença e saúde (Tommasi, 1996).
Funcional X DisfuncionalFuncional X Disfuncional
 Parece que de fato não existem famíliasParece que de fato não existem famílias
idealmente saudáveis mas apenas aquelas que sãoidealmente saudáveis mas apenas aquelas que são
ouou predominantemente saudáveispredominantemente saudáveis ouou
predominantemente doentespredominantemente doentes. Entende-se aqui por. Entende-se aqui por
famílias doentes, aquelas que progressivamentefamílias doentes, aquelas que progressivamente
não conseguiram levar adiante suas funçõesnão conseguiram levar adiante suas funções
familiares e que em estágios mais graves foi-sefamiliares e que em estágios mais graves foi-se
observando sinais de desintegração emocional osobservando sinais de desintegração emocional os
quais dependendo das circunstâncias acabavamquais dependendo das circunstâncias acabavam
culminando na desorganização dos vínculosculminando na desorganização dos vínculos
familiares e no surgimento de diferentesfamiliares e no surgimento de diferentes
psicopatologias.psicopatologias.
Famílias desintegradasFamílias desintegradas
 Então, é frequentemente nessas situações,Então, é frequentemente nessas situações,
nessas famílias socialmente caóticas quenessas famílias socialmente caóticas que
aparecem formas múltiplas de doençasaparecem formas múltiplas de doenças
psiquiátricas e desajustamento social. Napsiquiátricas e desajustamento social. Na
maioria das vezes, as famílias que chegammaioria das vezes, as famílias que chegam
ao hospital já estão nesse processo deao hospital já estão nesse processo de
desintegração, e como veremos adiante odesintegração, e como veremos adiante o
paciente na maior parte dos casos mostra-sepaciente na maior parte dos casos mostra-se
como o sintoma emergente de toda estacomo o sintoma emergente de toda esta
dinâmica.dinâmica.
 Sendo assim, um dos objetivos do atendimento às famílias éSendo assim, um dos objetivos do atendimento às famílias é
capacitá-las para lidar com essas adversidades. Entende-se acapacitá-las para lidar com essas adversidades. Entende-se a
família como CUIDADOR PRIMÁRIO desse paciente.família como CUIDADOR PRIMÁRIO desse paciente.
 Aborda-se o clima afetivo do ambiente familiar, a sobrecargaAborda-se o clima afetivo do ambiente familiar, a sobrecarga
e o desconforto emocional destes familiares e ase o desconforto emocional destes familiares e as
características destas famílias que propiciam novas recaídascaracterísticas destas famílias que propiciam novas recaídas
no quadro psiquiátrico de seu familiar.no quadro psiquiátrico de seu familiar.
 Nas intervenções Institucionais desejamos que os cuidadoresNas intervenções Institucionais desejamos que os cuidadores
sejam mais tolerantes às mudanças pelas quais o membrosejam mais tolerantes às mudanças pelas quais o membro
doente passa e mais realistas quanto às expectativas emdoente passa e mais realistas quanto às expectativas em
relação ao tratamentorelação ao tratamento (Scazufca, 2000)(Scazufca, 2000)..
Necessidades básicasNecessidades básicas
 No entanto... deve-se levar emNo entanto... deve-se levar em
conta que muitas vezes, osconta que muitas vezes, os
perigos que essas famíliasperigos que essas famílias
enfrentam são reais. Não é umenfrentam são reais. Não é um
perigo neurótico imaginado,perigo neurótico imaginado,
são privações muito básicassão privações muito básicas
como fome, falta de dinheiro ecomo fome, falta de dinheiro e
de moradia. Em alguns paísesde moradia. Em alguns países
desenvolvidos é muito comumdesenvolvidos é muito comum
que antes de iniciar qualquerque antes de iniciar qualquer
tipo de intervençãotipo de intervenção
terapêutica com as famílias,terapêutica com as famílias,
elas sejam primeiramenteelas sejam primeiramente
supridas em suas necessidadessupridas em suas necessidades
mais básicasmais básicas (Bleandoum, 2)(Bleandoum, 2)..
Ajuda AdequadaAjuda Adequada
 Segundo WinnicottSegundo Winnicott(16)(16), quando somos, quando somos
chamados a intervir em situações dechamados a intervir em situações de
desorganização da dinâmica familiar,desorganização da dinâmica familiar,
devemos procurar compreender os fatoresdevemos procurar compreender os fatores
subjacentes ao problema manifesto parasubjacentes ao problema manifesto para
que nossa ajuda possa ser a mais adequadaque nossa ajuda possa ser a mais adequada
possível.possível.
Intervenção psicanalíticaIntervenção psicanalítica
 Em linhas gerais, as intervenções psicanalíticasEm linhas gerais, as intervenções psicanalíticas
privilegiam aprivilegiam a resolução de conflitosresolução de conflitos
interpessoaisinterpessoais a partir daa partir da elucidação daselucidação das
motivações inconscientesmotivações inconscientes dos membros dados membros da
família. A presença do terapeuta é dirigida àfamília. A presença do terapeuta é dirigida à
elucidação do significado inconsciente doelucidação do significado inconsciente do
funcionamento do grupo parental, examinandofuncionamento do grupo parental, examinando
sua natureza, suas origens e o papel quesua natureza, suas origens e o papel que
desempenha na manutenção de um certo níveldesempenha na manutenção de um certo nível
de estabilidade da estruturade estabilidade da estrutura (Melman, 9)(Melman, 9)..
Etiologia: mãe EsquizofrenogênicaEtiologia: mãe Esquizofrenogênica
 Um dos primeiros trabalhos importantes nessaUm dos primeiros trabalhos importantes nessa
área foi elaborado por Reichman, em 1948, que aoárea foi elaborado por Reichman, em 1948, que ao
estudar a relação do paciente esquizofrênico comestudar a relação do paciente esquizofrênico com
sua família, formula o conceito de mãesua família, formula o conceito de mãe
“esquizofrenogênica”, atribuindo, desta maneira,“esquizofrenogênica”, atribuindo, desta maneira,
a explicação etiológica da esquizofrenia à relaçãoa explicação etiológica da esquizofrenia à relação
mãe e filho. A autora descreve essa mãe comomãe e filho. A autora descreve essa mãe como
sendo uma pessoa autoritária, dominadora,sendo uma pessoa autoritária, dominadora,
ambivalente, que seria complementada por um paiambivalente, que seria complementada por um pai
passivo, indiferente e ausente.passivo, indiferente e ausente.
Duplo VínculoDuplo Vínculo
 Dentre os vários grupos de pesquisa que seDentre os vários grupos de pesquisa que se
organizaram nessa época, o grupo de Gregoryorganizaram nessa época, o grupo de Gregory
BatesonBateson, cujo trabalho foi desenvolvido em, cujo trabalho foi desenvolvido em
Palo Alto, teve como resultado, em 1956, aPalo Alto, teve como resultado, em 1956, a
primeira publicação em trabalho clínico comprimeira publicação em trabalho clínico com
família; o artigo clássico intitulado “Towards afamília; o artigo clássico intitulado “Towards a
Theory of Schizophrenia” onde é formulado oTheory of Schizophrenia” onde é formulado o
conceito deconceito de duplo vínculoduplo vínculo::
– Duas pessoas com alto nível deDuas pessoas com alto nível de
envolvimentoenvolvimento
– Um paradoxo infringido pela mãe ao bebêUm paradoxo infringido pela mãe ao bebê
(vítima)(vítima)
– Repetição da experiência que passa a serRepetição da experiência que passa a ser
habitualhabitual
Na Argentina, no final da década deNa Argentina, no final da década de
50, Pichon-Rivière inclui a família50, Pichon-Rivière inclui a família
na sua compreensão de doençana sua compreensão de doença
mental.mental.
 O autor desenvolveu a noção do paciente como emergenteO autor desenvolveu a noção do paciente como emergente
de um grupo familiar doente (bode expiatório), assumindode um grupo familiar doente (bode expiatório), assumindo
a função de depositário e porta-voz da patologia de toda aa função de depositário e porta-voz da patologia de toda a
família. Sob essa perspectiva, o adoecimento de umfamília. Sob essa perspectiva, o adoecimento de um
membro do grupo passou a ser entendido como um pedidomembro do grupo passou a ser entendido como um pedido
de ajuda e como uma forma de “preservar” o restante dode ajuda e como uma forma de “preservar” o restante do
grupo da situação destrutivagrupo da situação destrutiva (Pichon-Rivière, 11)(Pichon-Rivière, 11)..
Paciente Identificado
O Paciente IdentificadoO Paciente Identificado
 É comum observar que na maioria das famíliasÉ comum observar que na maioria das famílias
comprometidas, a doença psiquiátrica de um membrocomprometidas, a doença psiquiátrica de um membro
representa o resultado sintomático da necessidade dosrepresenta o resultado sintomático da necessidade dos
diversos outros membros se protegerem.diversos outros membros se protegerem.
 Uma parte da família tenta manter-se intacta às custasUma parte da família tenta manter-se intacta às custas
de outra parte.de outra parte.
 Nesse sentido, visto que a história pessoal de cada um éNesse sentido, visto que a história pessoal de cada um é
de algum modo única, e que a vulnerabilidadede algum modo única, e que a vulnerabilidade
correspondente é diferente, o membro mais frágil teriacorrespondente é diferente, o membro mais frágil teria
maior probabilidade de tornar-se omaior probabilidade de tornar-se o paciente identificadopaciente identificado
(Skynner, 13)(Skynner, 13) e, criança ou adulto, ele vai revelar-see, criança ou adulto, ele vai revelar-se
freqüentemente um emissário disfarçado de um grupofreqüentemente um emissário disfarçado de um grupo
familiar emocionalmente deformado.familiar emocionalmente deformado.
Resistência à MudançaResistência à Mudança
 Para muitos terapeutas familiares de orientação psicanalítica,Para muitos terapeutas familiares de orientação psicanalítica,
todos os membros de uma família estão conscientemente detodos os membros de uma família estão conscientemente de
acordo em ajudar a superar os sintomas incômodos da pessoaacordo em ajudar a superar os sintomas incômodos da pessoa
doente. Mas esse movimento esconde, muitas vezes, umdoente. Mas esse movimento esconde, muitas vezes, um
desejo inconsciente de não modificar o equilíbrio familiar,desejo inconsciente de não modificar o equilíbrio familiar,
mesmo que insatisfatório. Qualquer mudança pode ser fortemesmo que insatisfatório. Qualquer mudança pode ser forte
geradora de resistências, temores de que o sistema grupalgeradora de resistências, temores de que o sistema grupal
possa se desintegrar.possa se desintegrar.
 Segundo esse modelo, a cada pessoa dentro de uma dinâmicaSegundo esse modelo, a cada pessoa dentro de uma dinâmica
familiar são atribuídos papéis e funções. O paciente, aofamiliar são atribuídos papéis e funções. O paciente, ao
carregar o papel de doente do grupo, permite que os outroscarregar o papel de doente do grupo, permite que os outros
caminhem relativamente bem e se encontrem protegidos doscaminhem relativamente bem e se encontrem protegidos dos
sintomas mais graves.sintomas mais graves.
Paciente identificadoPaciente identificado
 O fato de ter “um paciente” na família dificulta aO fato de ter “um paciente” na família dificulta a
diluição da problemática entre todos os membros.diluição da problemática entre todos os membros.
Observamos uma força que vai contra essaObservamos uma força que vai contra essa
possibilidade. A chance deles perceberem que por trazpossibilidade. A chance deles perceberem que por traz
daquele “quadro clínico”, esconde-se um ser humanodaquele “quadro clínico”, esconde-se um ser humano
com dificuldades que eventualmente eles próprioscom dificuldades que eventualmente eles próprios
apresentem, é muito desestruturante.apresentem, é muito desestruturante.
 Existem famílias cujo paciente já está doente há dezExistem famílias cujo paciente já está doente há dez
anos e não se sabe nada a respeito de sua doença, muitoanos e não se sabe nada a respeito de sua doença, muito
menos dessa pessoa que sofre. A negação é muitomenos dessa pessoa que sofre. A negação é muito
comum, e apesar de em alguns momentos funcionarcomum, e apesar de em alguns momentos funcionar
como um recurso protetor frente a essa situação muitocomo um recurso protetor frente a essa situação muito
assustadora e desgastante, torna-se um importanteassustadora e desgastante, torna-se um importante
obstáculo à qualquer possibilidade de melhora.obstáculo à qualquer possibilidade de melhora.
Deparamo-nos então com famílias fragilmente estruturadas num equilíbrio muitasDeparamo-nos então com famílias fragilmente estruturadas num equilíbrio muitas
vezes precário, na iminência de uma ruptura. Nesses ambientes familiaresvezes precário, na iminência de uma ruptura. Nesses ambientes familiares
predominam a baixa qualidade das comunicações, a violência objetiva oupredominam a baixa qualidade das comunicações, a violência objetiva ou
encoberta e a pobreza material e/ou afetiva.encoberta e a pobreza material e/ou afetiva.
Famílias IndiferenciadasFamílias Indiferenciadas
 Essas famílias apresentam-se indiferenciadas, funcionandoEssas famílias apresentam-se indiferenciadas, funcionando
através de vínculos simbióticos e alianças extremamenteatravés de vínculos simbióticos e alianças extremamente
rígidas. Essas alianças caracterizam-se pelorígidas. Essas alianças caracterizam-se pelo
superenvolvimento emocional e seguidas invasões.superenvolvimento emocional e seguidas invasões.
 Os familiares mostram-se incapazes de perceber aOs familiares mostram-se incapazes de perceber a
qualidade e a intensidade das críticas que um exerce sobrequalidade e a intensidade das críticas que um exerce sobre
o outro, observando-se também a dissimulação de forteso outro, observando-se também a dissimulação de fortes
sentimentos de rejeição entre eles. Além do que, sãosentimentos de rejeição entre eles. Além do que, são
famílias cuja comunicação é absolutamente atrapalhadafamílias cuja comunicação é absolutamente atrapalhada
onde um não escuta o outro, ou quando escuta, deturpa aonde um não escuta o outro, ou quando escuta, deturpa a
fala sob seu ponto de vista.fala sob seu ponto de vista.
ComunicaçãoComunicação
 No atendimento a uma família cuja paciente matriculadaNo atendimento a uma família cuja paciente matriculada
no hospital tem diagnóstico de transtorno de personalidadeno hospital tem diagnóstico de transtorno de personalidade
borderline ocorreu uma situação que ilustra o que foi dito:borderline ocorreu uma situação que ilustra o que foi dito:
 Assim que entraram na sessão (como sempre) a mãe pedeAssim que entraram na sessão (como sempre) a mãe pede
para a filha começar a falar... Ela começa a reclamar dapara a filha começar a falar... Ela começa a reclamar da
mãe e diz que ela é uma louca pois ficou tocando amãe e diz que ela é uma louca pois ficou tocando a
campainha dos portões e não aparecia no porteirocampainha dos portões e não aparecia no porteiro
eletrônico e ficava pra lá e pra cá!!!! A mãe – por outroeletrônico e ficava pra lá e pra cá!!!! A mãe – por outro
lado - refere que estava aflita para que não atrasassem nolado - refere que estava aflita para que não atrasassem no
atendimento (pois ela foi andar no parque) e como nãoatendimento (pois ela foi andar no parque) e como não
atenderam num portão... Ela foi no outro!atenderam num portão... Ela foi no outro!
Família - equipeFamília - equipe
 Nesse sentido, deve-se observar que estesNesse sentido, deve-se observar que estes
comportamentos repetem-se não só nacomportamentos repetem-se não só na
família mas na relação com o terapeuta efamília mas na relação com o terapeuta e
também na relação com a equipe de saúdetambém na relação com a equipe de saúde
mental.mental.
 A família reproduz padrões deA família reproduz padrões de
funcionamento doentios (extrema rigidez,funcionamento doentios (extrema rigidez,
indiferenciação e impermeabilidade) queindiferenciação e impermeabilidade) que
interferem diretamente na atuação dosinterferem diretamente na atuação dos
profissionais.profissionais.
Portanto o atendimento a famílias gravementePortanto o atendimento a famílias gravemente
disfuncionais torna-sedisfuncionais torna-se condiçãocondição para melhorpara melhor
evolução daquela situação específica.evolução daquela situação específica.
A terapia de Família é concebida como um processo que visa à mudançaA terapia de Família é concebida como um processo que visa à mudança
de situações de sofrimento não só através de fazer consciente ode situações de sofrimento não só através de fazer consciente o
inconsciente familiar, mas de restabelecer de forma saudável einconsciente familiar, mas de restabelecer de forma saudável e
diferenciada a ligação entre os elementos familiares.diferenciada a ligação entre os elementos familiares.
Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais
 As famílias patológicas (disfuncionais)As famílias patológicas (disfuncionais)
demonstram grande intolerância a conflitos.demonstram grande intolerância a conflitos.
Não tendo tido condição de fazer face àsNão tendo tido condição de fazer face às
angústias inerentes ao desenvolvimentoangústias inerentes ao desenvolvimento
prevalecem padrões narcísicos de interação.prevalecem padrões narcísicos de interação.
 Ocorre um curto-circuito nos processos deOcorre um curto-circuito nos processos de
simbolização e a comunicação familiar costumasimbolização e a comunicação familiar costuma
se apresentar bastante deficiente.se apresentar bastante deficiente.
 Funcionam de acordo com o princípio doFuncionam de acordo com o princípio do
nirvana, buscam nível zero de tensão interna.nirvana, buscam nível zero de tensão interna.
Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais
 Nessas famílias os mitos encontram-seNessas famílias os mitos encontram-se
rigidificados e se apresentam comorigidificados e se apresentam como
cânones, com as diferenças não sendocânones, com as diferenças não sendo
toleradas.toleradas.
 Prevalecem angústias narcísicas (dePrevalecem angústias narcísicas (de
abandono, de desassistência), angústiasabandono, de desassistência), angústias
persecutórias (de prejuízo e injustiça) epersecutórias (de prejuízo e injustiça) e
angústias catastróficas (de deixar deangústias catastróficas (de deixar de
ser, com medo da morte psíquica atravésser, com medo da morte psíquica através
do enlouquecimento).do enlouquecimento).
Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais
 Os mecanismos de defesa nessasOs mecanismos de defesa nessas
famílias são caracterizados pelafamílias são caracterizados pela
massificação e intensidade. Visam certomassificação e intensidade. Visam certo
equilíbrio psíquico, ainda que patológico.equilíbrio psíquico, ainda que patológico.
 Qualquer intervenção é, portanto,Qualquer intervenção é, portanto,
ameaçadora, porque esse equilíbrio éameaçadora, porque esse equilíbrio é
muito precário e teme-se ummuito precário e teme-se um
desmoronamento a partir do contato comdesmoronamento a partir do contato com
uma realidade psíquica tida como muitouma realidade psíquica tida como muito
estragada.estragada.
Tarefa básicaTarefa básica
Segundo Recamier (1988) existem duas tarefasSegundo Recamier (1988) existem duas tarefas
básicas que cabem a todo ser humano realizar:básicas que cabem a todo ser humano realizar:
fazer face à angústia e ao luto fundamental.fazer face à angústia e ao luto fundamental.
Angústia: própria da natureza humana, presenteAngústia: própria da natureza humana, presente
desde o início da existência.desde o início da existência.
Luto fundamental: perdas, afastamentos eLuto fundamental: perdas, afastamentos e
desilusões inerentes ao processo de separaçãodesilusões inerentes ao processo de separação
e individuação que não cessam nunca pore individuação que não cessam nunca por
serem inerentes ao desenvolvimento e à vidaserem inerentes ao desenvolvimento e à vida
(separação psicológica da mãe e perda da(separação psicológica da mãe e perda da
ilusão de onipotência).ilusão de onipotência).
Tarefa básicaTarefa básica
 Considerando-se a importância que aConsiderando-se a importância que a
família possa ter nessas tarefasfamília possa ter nessas tarefas
universais, podemos simplificadamenteuniversais, podemos simplificadamente
dizer que quando elas se apresentamdizer que quando elas se apresentam
suficientemente saudáveis, ajudam seussuficientemente saudáveis, ajudam seus
membros a superá-las, individual emembros a superá-las, individual e
conjuntamente.conjuntamente.
 Famílias com potencial patológicoFamílias com potencial patológico
obstinam-se em evitar, a todo custo, oobstinam-se em evitar, a todo custo, o
vivido da angústia e a dor do luto.vivido da angústia e a dor do luto.
Família disfuncionalFamília disfuncional
 Segundo Meyer (2002), frente àsSegundo Meyer (2002), frente às
ansiedades suscitadas por essas tarefasansiedades suscitadas por essas tarefas
universais – já que nelas estãouniversais – já que nelas estão
implicadas experiências dolorosas deimplicadas experiências dolorosas de
separação, exclusão, perda, com todosseparação, exclusão, perda, com todos
os sentimentos penosos e contraditóriosos sentimentos penosos e contraditórios
que são o cerne mesmo dessasque são o cerne mesmo dessas
experiências – o grupo familiar tende aexperiências – o grupo familiar tende a
buscar modos de se livrar da dorbuscar modos de se livrar da dor
psíquica, como principalmente a cisão epsíquica, como principalmente a cisão e
a projeção dos aspectos insuportáveis.a projeção dos aspectos insuportáveis.
Mecanismos de defesaMecanismos de defesa
 Os sistemas defensivos familiaresOs sistemas defensivos familiares
aparecem como mecanismos matriciaisaparecem como mecanismos matriciais
para garantir a permanência dessepara garantir a permanência desse
grupo-família. Em certa medida sãogrupo-família. Em certa medida são
necessários para a sobrevivência donecessários para a sobrevivência do
grupo. Contudo quando utilizados emgrupo. Contudo quando utilizados em
excesso revelam famílias cristalizadas eexcesso revelam famílias cristalizadas e
fragilmente estruturadas.fragilmente estruturadas.
Mecanismos de defesaMecanismos de defesa
 Ruffiot (1982) nos fala sobre mecanismos de defesaRuffiot (1982) nos fala sobre mecanismos de defesa
familiares:familiares:
 Identificação projetiva familiarIdentificação projetiva familiar : consiste no esforço para: consiste no esforço para
expulsar para o exterior tudo que é vivido comoexpulsar para o exterior tudo que é vivido como
estranho, não aceitável e não assimilável. Em geral sãoestranho, não aceitável e não assimilável. Em geral são
aspectos rejeitados que conforme a gravidade doaspectos rejeitados que conforme a gravidade do
funcionamento familiar sugerem a intensificação defuncionamento familiar sugerem a intensificação de
vivências persecutórias e também mecanismos de cisão,vivências persecutórias e também mecanismos de cisão,
negação e controle onipotente.negação e controle onipotente.
 Recusa da dependênciaRecusa da dependência : assinala um funcionamento: assinala um funcionamento
familiar autárquico, com a impossibilidade de trocas e defamiliar autárquico, com a impossibilidade de trocas e de
renovação. Esta recusa quando extrema faz com que arenovação. Esta recusa quando extrema faz com que a
família evite o reconhecimento da diferença dasfamília evite o reconhecimento da diferença das
gerações.gerações.
Mecanismos de defesaMecanismos de defesa
 Cisões internas familiaresCisões internas familiares : a família se: a família se
apresenta com grupos tidos como “bons”apresenta com grupos tidos como “bons”
e “maus”. Isso se dá em qualquer famíliae “maus”. Isso se dá em qualquer família
em menor grau e com menos sofrimento.em menor grau e com menos sofrimento.
Quando intenso – paciente identificado.Quando intenso – paciente identificado.
 Introjeção familiarIntrojeção familiar : tendência arcaica à: tendência arcaica à
incorporação que se particulariza pelaincorporação que se particulariza pela
sua massificação e crueza, tomando umsua massificação e crueza, tomando um
caráter de vampirização ou aspiração.caráter de vampirização ou aspiração.
 Em resumo...Em resumo...
 Há famílias com capacidadeHá famílias com capacidade
para enfrentar seus conflitospara enfrentar seus conflitos
e superá-los. Seus membrose superá-los. Seus membros
estão suficientementeestão suficientemente
diferenciados, a comunicaçãodiferenciados, a comunicação
dá-se com suficiente fluidez,dá-se com suficiente fluidez,
há recursos para reparação ehá recursos para reparação e
elaboração. Diante de algumaelaboração. Diante de alguma
dificuldade maior, procuramdificuldade maior, procuram
ajuda, estabelecem trocas,ajuda, estabelecem trocas,
buscam saídas, transformam.buscam saídas, transformam.
 Nas famílias disfuncionais, o conflitoNas famílias disfuncionais, o conflito
original não foi superado, prepondera aoriginal não foi superado, prepondera a
confusão entre os membros com padrõesconfusão entre os membros com padrões
paradoxais de interação. Nessas famíliasparadoxais de interação. Nessas famílias
“viver junto é impossível, mas separa-se“viver junto é impossível, mas separa-se
é mortal”.é mortal”.
Padrões de interaçãoPadrões de interação
 Poderíamos agora tentar assinalar aPoderíamos agora tentar assinalar a
prevalência de certos padrões de interação,prevalência de certos padrões de interação,
sem propor uma tipologia familiar, comsem propor uma tipologia familiar, com
esquematizações redutoras.esquematizações redutoras.
 Alguns parâmetros podem nortear: aAlguns parâmetros podem nortear: a
compreensão da sintomatologia familiar, umacompreensão da sintomatologia familiar, uma
possível indicação terapêutica e os aspectospossível indicação terapêutica e os aspectos
prognósticos a serem considerados.prognósticos a serem considerados.
Famílias PsicossomáticasFamílias Psicossomáticas
 São famílias que dão uma ênfaseSão famílias que dão uma ênfase
excessiva nos papéis de cuidadoexcessiva nos papéis de cuidado
funcionando melhor quando alguém estáfuncionando melhor quando alguém está
doente (fisicamente).doente (fisicamente).
 Minuchin (1982) comenta que famíliasMinuchin (1982) comenta que famílias
psicossomáticas são caracterizadaspsicossomáticas são caracterizadas
principalmente pela falta de definiçõesprincipalmente pela falta de definições
de limites, por fronteiras difusas ede limites, por fronteiras difusas e
tendência a apoiar a expressão somáticatendência a apoiar a expressão somática
dos conflitos.dos conflitos.
Famílias PsicossomáticasFamílias Psicossomáticas
 Famílias com sintomatologia psicossomáticaFamílias com sintomatologia psicossomática
apresentam uma vida de fantasia empobrecida,apresentam uma vida de fantasia empobrecida,
com maior propensão ao raciocínio concreto,com maior propensão ao raciocínio concreto,
preocupação com o sucesso e disposição parapreocupação com o sucesso e disposição para
falar de sintomas corporais. A fantasiafalar de sintomas corporais. A fantasia
predominante nessas famílias é a de um corpopredominante nessas famílias é a de um corpo
único, portanto inseparável.único, portanto inseparável.
 Bruch (1973) ressalta a presença de figurasBruch (1973) ressalta a presença de figuras
parentais muito controladoras e em geralparentais muito controladoras e em geral
intrusivas.intrusivas.
Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento
perversoperverso
 Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento
perverso têm como característicaperverso têm como característica
predominante a passagem ao ato,predominante a passagem ao ato,
também decorrente de uma falta detambém decorrente de uma falta de
simbolização. Caracterizam-se pelasimbolização. Caracterizam-se pela
dinâmica violenta, agressiva edinâmica violenta, agressiva e
destrutiva, seja ela física, moraldestrutiva, seja ela física, moral
e/ou sexual, ainda que nãoe/ou sexual, ainda que não
necessariamente explícita.necessariamente explícita.
Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento
perversoperverso
 Segundo um estudo comparativo entre famílias deSegundo um estudo comparativo entre famílias de
pacientes com transtorno de personalidade borderline,pacientes com transtorno de personalidade borderline,
com esquizofrenia paranóide e funcionamento neuróticocom esquizofrenia paranóide e funcionamento neurótico
constatou-se que:constatou-se que:
- As famílias de pacientes com transtorno de- As famílias de pacientes com transtorno de
personalidade borderline (TPB) eram mais distintas dopersonalidade borderline (TPB) eram mais distintas do
que as outras duas do grupo controle.que as outras duas do grupo controle.
- Ambas as figuras parentais eram mais- Ambas as figuras parentais eram mais
doentes e menos funcionais em comparação com osdoentes e menos funcionais em comparação com os
outros gruposoutros grupos
- Os fatores utilizados para essa- Os fatores utilizados para essa
diferenciação foram: psicose materna, colocação pobrediferenciação foram: psicose materna, colocação pobre
de regras, ausência de envolvimento maternal ede regras, ausência de envolvimento maternal e
tendência a ver um dos filhos como o bom e o outrotendência a ver um dos filhos como o bom e o outro
como mau.como mau.
- Mãe de pacientes com transtorno borderline- Mãe de pacientes com transtorno borderline
tem menos condições de obter gratificação na relaçãotem menos condições de obter gratificação na relação
com os filhos.com os filhos.
Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento
perversoperverso
 Essas famílias são melhor caracterizadas pelaEssas famílias são melhor caracterizadas pela
intensa rigidez do vínculo conjugal do que pelaintensa rigidez do vínculo conjugal do que pela
falta de atenção, suporte ou proteção emfalta de atenção, suporte ou proteção em
relação aos filhos. Segundo o autorrelação aos filhos. Segundo o autor
(Gunderson, 1980), esse achado corresponde(Gunderson, 1980), esse achado corresponde
às observações de Kernberg (1992) sobre aàs observações de Kernberg (1992) sobre a
tendência dos pacientes com TPB perceberemtendência dos pacientes com TPB perceberem
seus pais como um “grupo muito unido”. Ouseus pais como um “grupo muito unido”. Ou
seja,seja,
– Investimento na relação conjugal emInvestimento na relação conjugal em
detrimento da função parentaldetrimento da função parental
– Os pais (fathers) dos pacientes com TPBOs pais (fathers) dos pacientes com TPB
eram menos dominantes e menos efetivoseram menos dominantes e menos efetivos
em suas funções do que os pais dos outrosem suas funções do que os pais dos outros
dois grupos.dois grupos.
Família e o Funcionamento ObsessivoFamília e o Funcionamento Obsessivo
CompulsivoCompulsivo
 Nas famílias com interações obsessivo-Nas famílias com interações obsessivo-
compulsivas observa-se um intensocompulsivas observa-se um intenso
envolvimento dos familiares com o transtornoenvolvimento dos familiares com o transtorno
do membro portador, inclusive com ado membro portador, inclusive com a
participação em seus rituais, que acabam separticipação em seus rituais, que acabam se
transformando em rituais familiares.transformando em rituais familiares.
 Há uma concordância familiar como meio deHá uma concordância familiar como meio de
evitar conflitos: separação e individuação sãoevitar conflitos: separação e individuação são
assim evitadas, porque ninguém pode fazerassim evitadas, porque ninguém pode fazer
nada sozinho.nada sozinho.
 Observa-se também excessiva rigidez dosObserva-se também excessiva rigidez dos
progenitores, controle muito acentuado eprogenitores, controle muito acentuado e
grande preocupação com a ordem e agrande preocupação com a ordem e a
meticulosidade, o que pode contribuir para ometiculosidade, o que pode contribuir para o
aparecimento de disfunções comunicacionais.aparecimento de disfunções comunicacionais.
Família e o Transtorno ObsessivoFamília e o Transtorno Obsessivo
CompulsivoCompulsivo
 A superproteção e a falta de afeto tambémA superproteção e a falta de afeto também
influenciam no desenvolvimento desse tipo deinfluenciam no desenvolvimento desse tipo de
transtorno.transtorno.
 O modelo de evitação, cuidados excessivos eO modelo de evitação, cuidados excessivos e
medos predispõe uma criança mais vulnerável amedos predispõe uma criança mais vulnerável a
desenvolver sintomas obsessivos compulsivos.desenvolver sintomas obsessivos compulsivos.
 Pais que reforçam interpretações temerosas doPais que reforçam interpretações temerosas do
mundo contribuem para o transtorno.mundo contribuem para o transtorno.
 Em geral são famílias com pouca flexibilidade eEm geral são famílias com pouca flexibilidade e
capacidade de adaptabilidade diante dascapacidade de adaptabilidade diante das
adversidades.adversidades.
Família e Transtornos AfetivosFamília e Transtornos Afetivos
 Em famílias de pacientes com transtornosEm famílias de pacientes com transtornos
afetivos é comum observar dois tipos deafetivos é comum observar dois tipos de
funcionamento:funcionamento:
– a família vive a depressão junto com oa família vive a depressão junto com o
paciente, com prostração e paralisaçãopaciente, com prostração e paralisação
diante da vida ou;diante da vida ou;
– reage maniacamente quase que negando asreage maniacamente quase que negando as
condições de sofrimento do familiar.condições de sofrimento do familiar.
 É muito comum a crença de que o pacienteÉ muito comum a crença de que o paciente
pode controlar seus sintomas e o nível depode controlar seus sintomas e o nível de
crítica e exigência em relação a ele é muitocrítica e exigência em relação a ele é muito
alto. Essa postura reflete na verdade um fortealto. Essa postura reflete na verdade um forte
sentimento de impotência diante do pacientesentimento de impotência diante do paciente
Famílias EnlutadasFamílias Enlutadas
 Nas famílias enlutadas, a depressão é pelaNas famílias enlutadas, a depressão é pela
experiência de uma perda real e significativa.experiência de uma perda real e significativa.
 Para que essa situação evolua de formaPara que essa situação evolua de forma
satisfatória, a família tem que estarsatisfatória, a família tem que estar
razoavelmente diferenciada e portanto serrazoavelmente diferenciada e portanto ser
capaz de um cuidar da dor do outro e dacapaz de um cuidar da dor do outro e da
própria dor sem vínculos de co-dependência.própria dor sem vínculos de co-dependência.
 Observa-se que muitas vezes uma situação deObserva-se que muitas vezes uma situação de
luto mal resolvida vai eclodir em geraçõesluto mal resolvida vai eclodir em gerações
seguintes e, em geral como um elementoseguintes e, em geral como um elemento
impeditivo da aquisição da autonomia.impeditivo da aquisição da autonomia.
Famílias de esquizofrênicosFamílias de esquizofrênicos
 Em famílias de pacientesEm famílias de pacientes
esquizofrênicos é comum observar-seesquizofrênicos é comum observar-se
um funcionamento simbiótico entre todosum funcionamento simbiótico entre todos
os membros. Observando-se muitasos membros. Observando-se muitas
vezes pais distantes e indiferentes.vezes pais distantes e indiferentes.
 Bowen em 1954, a partir de estudosBowen em 1954, a partir de estudos
sobre a esquizofrenia, observou que “asobre a esquizofrenia, observou que “a
fusão emocional entre a mãe e o filho(a)fusão emocional entre a mãe e o filho(a)
pode assumir a forma de um vínculopode assumir a forma de um vínculo
dependente afetivo ou uma lutadependente afetivo ou uma luta
conflituosa”. A dinâmica básicaconflituosa”. A dinâmica básica
subjacente a essa fusão seria asubjacente a essa fusão seria a
alternância entre a ansiedade dealternância entre a ansiedade de
ComunicaçãoComunicação
 Observa-se que a comunicação em geral se estabeleceObserva-se que a comunicação em geral se estabelece
através da identificação projetiva. Entende-se aqui poratravés da identificação projetiva. Entende-se aqui por
comunicação, a possibilidade da criação de um campo decomunicação, a possibilidade da criação de um campo de
linguagem que propicie o conhecimento e a compreensãolinguagem que propicie o conhecimento e a compreensão
de cada um dos membros da famíliade cada um dos membros da família (Minuchin, 10)(Minuchin, 10)..
 A fala “...nãoA fala “...não dê ouvidodê ouvido para essas vozes...”, revela apara essas vozes...”, revela a
angústia da família e a impossibilidade dela em acolherangústia da família e a impossibilidade dela em acolher
a situação de crise (além de certa concretude sobre oa situação de crise (além de certa concretude sobre o
assunto). Esse movimento, na verdade revela mais umaassunto). Esse movimento, na verdade revela mais uma
forma da família entrar em contato com esta situaçãoforma da família entrar em contato com esta situação
pois essa fala aparentemente apaziguadora para opois essa fala aparentemente apaziguadora para o
paciente, na verdade serve muito mais ao familiar, parapaciente, na verdade serve muito mais ao familiar, para
ele próprio tentar se tranqüilizar.ele próprio tentar se tranqüilizar.
 A família está em crise e a internação surge paraA família está em crise e a internação surge para
resolverresolver a crisea crise “...o médico, Graças a Deus,“...o médico, Graças a Deus,
internou eleinternou ele pra mimpra mim...”. Esse desejo de que o...”. Esse desejo de que o
paciente fique internado (que muitas vezes épaciente fique internado (que muitas vezes é
ambivalente) acaba impedindo que se criemambivalente) acaba impedindo que se criem
possibilidades para o retorno do mesmo e apossibilidades para o retorno do mesmo e a
família acaba “atuando” o tempo todo para umafamília acaba “atuando” o tempo todo para uma
atmosfera perturbadora com conseqüente pioraatmosfera perturbadora com conseqüente piora
do paciente e maior permanência deste numado paciente e maior permanência deste numa
enfermaria.enfermaria.
 Nos casos desses pacientes internados, os familiaresNos casos desses pacientes internados, os familiares
tendem a esperar que o terapeuta e a Instituiçãotendem a esperar que o terapeuta e a Instituição
desempenhem o papel de Deus. Há a exigência dedesempenhem o papel de Deus. Há a exigência de
uma proteção mágica. Contam com a possibilidadeuma proteção mágica. Contam com a possibilidade
de “reaver” um membro que era dado como casode “reaver” um membro que era dado como caso
perdido, como se o hospital fosse “devolvê-lo”perdido, como se o hospital fosse “devolvê-lo”
completamente curado. É possível também que estacompletamente curado. É possível também que esta
fantasia seja fruto de uma postura da Instituição,fantasia seja fruto de uma postura da Instituição,
esta atuando como favorecedora deste tipo deesta atuando como favorecedora deste tipo de
vínculo. Nesse caso tem que se ter muito cuidadovínculo. Nesse caso tem que se ter muito cuidado
com a comunicação estabelecida entre a família, acom a comunicação estabelecida entre a família, a
Instituição e o paciente.Instituição e o paciente.
 Em contrapartida o hospital psiquiátrico éEm contrapartida o hospital psiquiátrico é
associado a muitos medos e estigmas e a tendênciaassociado a muitos medos e estigmas e a tendência
de algumas famílias é sentirem-se melhor quantode algumas famílias é sentirem-se melhor quanto
mais longe possível puderam ficar.mais longe possível puderam ficar.
 Nesses casos, os profissionais devem “batalhar”Nesses casos, os profissionais devem “batalhar”
pela possibilidade do atendimento (sempela possibilidade do atendimento (sem
desconsiderar a importância de umdesconsiderar a importância de um
comprometimento da família).comprometimento da família).
 Nos casos de internação fica muito mais fácil manter a dinâmica doNos casos de internação fica muito mais fácil manter a dinâmica do
“bode expiatório”. Não é incomum ver a família responsabilizar o“bode expiatório”. Não é incomum ver a família responsabilizar o
paciente pela oscilação de seu próprio estado. Ou seja, quando opaciente pela oscilação de seu próprio estado. Ou seja, quando o
paciente não está bem, ninguém está, todos ficam mal. Cria-se um pesopaciente não está bem, ninguém está, todos ficam mal. Cria-se um peso
muito grande, uma responsabilidade enorme para o paciente pois delemuito grande, uma responsabilidade enorme para o paciente pois dele
depende o bem estar da família toda. Esse comportamento podedepende o bem estar da família toda. Esse comportamento pode
caracterizar uma família com importante indiscriminação (11).caracterizar uma família com importante indiscriminação (11).
 Algumas mais indiferenciadas expressam verbalmente este aspectoAlgumas mais indiferenciadas expressam verbalmente este aspecto
“...eu só vou ser feliz quando você ficar bom...”, “...quando ele sente-“...eu só vou ser feliz quando você ficar bom...”, “...quando ele sente-
se em pânico, se recolhe, fica com raiva e despeja tudo nos outros, euse em pânico, se recolhe, fica com raiva e despeja tudo nos outros, eu
fico igualzinha a ele...”. Podem até sentir-se melhor, mas na verdadefico igualzinha a ele...”. Podem até sentir-se melhor, mas na verdade
estão colocando um peso enorme nas mãos do paciente, muitas vezesestão colocando um peso enorme nas mãos do paciente, muitas vezes
contribuindo para o aumento de sua ansiedade e possível piora .contribuindo para o aumento de sua ansiedade e possível piora .
 Observa-se muita dificuldade de aceitação daObserva-se muita dificuldade de aceitação da
doença, condição essa que implica à família,doença, condição essa que implica à família,
principalmente aos pais, entrar em contato comprincipalmente aos pais, entrar em contato com
uma ferida narcísica extremamente doloridauma ferida narcísica extremamente dolorida
“...quebrou nosso orgulho...”. É a constatação de“...quebrou nosso orgulho...”. É a constatação de
que esses pais falharam, de que erraram. Surge umque esses pais falharam, de que erraram. Surge um
sentimento de impotência muito grandesentimento de impotência muito grande
principalmente nas mães queprincipalmente nas mães que sempresempre cuidaram doscuidaram dos
filhos,filhos, sempresempre foram capazes de curar qualquerforam capazes de curar qualquer
doença. Então, como se deparar com algo que fogedoença. Então, como se deparar com algo que foge
absolutamente ao controle e é totalmenteabsolutamente ao controle e é totalmente
desconhecido? É muito desestruturante.desconhecido? É muito desestruturante.
 Foi relatado um caso de um paciente que ficou umFoi relatado um caso de um paciente que ficou um
ano isolado em casa sem tratamento e sua mãe sóano isolado em casa sem tratamento e sua mãe só
levou-o ao hospital quando o mesmo passou alevou-o ao hospital quando o mesmo passou a
ficar muito agitado. Esta situação ocorre comficar muito agitado. Esta situação ocorre com
freqüência, pois enquanto o paciente está quieto,freqüência, pois enquanto o paciente está quieto,
“sem dar trabalho, bonzinho”, mesmo que fique“sem dar trabalho, bonzinho”, mesmo que fique
horas na cama, parece que para a família estáhoras na cama, parece que para a família está
tudo bem. A maioria das famílias tem a concepçãotudo bem. A maioria das famílias tem a concepção
de que o indivíduo só está doente quando estáde que o indivíduo só está doente quando está
agressivo, gritando e espumando. Nessas situaçõesagressivo, gritando e espumando. Nessas situações
os familiares acabam procurando atendimentoos familiares acabam procurando atendimento
quando a doença já tem anos de evolução.quando a doença já tem anos de evolução.
 A aceitação da doença éA aceitação da doença é
fundamental tanto porfundamental tanto por
parte da família quantoparte da família quanto
por parte do paciente. Opor parte do paciente. O
fato é que essesfato é que esses
transtornos colocam emtranstornos colocam em
cheque uma série decheque uma série de
teorias que as famíliasteorias que as famílias
tem a respeito dastem a respeito das
relações e da educação. Érelações e da educação. É
um assunto que nãoum assunto que não
corresponde a nenhumacorresponde a nenhuma
lógica, não faz sentido,lógica, não faz sentido,
deixando a todos muitodeixando a todos muito
angustiados.angustiados.
 De fato as famílias chegam ao hospital com as teorias maisDe fato as famílias chegam ao hospital com as teorias mais
variadas possíveis a respeito do que é um transtornovariadas possíveis a respeito do que é um transtorno
mental. Cada família divide uma série de crenças e valoresmental. Cada família divide uma série de crenças e valores
por vezes funcionando até como um sistema de defesas.por vezes funcionando até como um sistema de defesas.
 Através de suas falas observam-se essas fantasias: “...meuAtravés de suas falas observam-se essas fantasias: “...meu
filho sempre foi muito bom menino, só as vezes fazfilho sempre foi muito bom menino, só as vezes faz
malcriação...”, “...é uma determinação de Deus e só elemalcriação...”, “...é uma determinação de Deus e só ele
mesmo pra curar...”, “...é deficiência de um líquido quemesmo pra curar...”, “...é deficiência de um líquido que
não chega no cérebro...”, “...pegou esquizofrenia nonão chega no cérebro...”, “...pegou esquizofrenia no
baile...”, “...ai sebaile...”, “...ai se eueu tivesse no lugar dele,tivesse no lugar dele, eueu faria essefaria esse
tratamento...”. Surgem também muitas expectativas detratamento...”. Surgem também muitas expectativas de
soluções mágicas “...porque a senhora não desperta asoluções mágicas “...porque a senhora não desperta a
inteligência de seu filho...” , “...eu sei que se ele casasseinteligência de seu filho...” , “...eu sei que se ele casasse
tudo se resolveria...”, algumas mães inconformadas, “..eletudo se resolveria...”, algumas mães inconformadas, “..ele
foi super desejado, foi super querido, primeiro neto,foi super desejado, foi super querido, primeiro neto,
sempre teve tudo...”.sempre teve tudo...”.
 Observa-se também o quanto essas famílias têm medo deObserva-se também o quanto essas famílias têm medo de
enlouquecer e o quanto em alguns momentos elas seenlouquecer e o quanto em alguns momentos elas se
misturam com a situação do próprio paciente. A irmã de ummisturam com a situação do próprio paciente. A irmã de um
paciente em certa ocasião falou: “...nosso quadro familiar...”,paciente em certa ocasião falou: “...nosso quadro familiar...”,
ou “...nosso grupo é só de esquizofrênicos?”.ou “...nosso grupo é só de esquizofrênicos?”.
 Constata-se então, que essas pessoas acabam trazendo deConstata-se então, que essas pessoas acabam trazendo de
forma muito rica como lidam com a situação e que poucasforma muito rica como lidam com a situação e que poucas
famílias tentam (e podem) compreender o que acontece,famílias tentam (e podem) compreender o que acontece,
enquanto a maioria procura seenquanto a maioria procura se afastarafastar ou então encontram-seou então encontram-se
tão desorganizadas que fundem-se à loucura do paciente etão desorganizadas que fundem-se à loucura do paciente e
atuam juntamente com ele.atuam juntamente com ele.
 As expectativas são muito altas, como já foi dito, chegando aAs expectativas são muito altas, como já foi dito, chegando a
níveis de pensamentos mágicos, super-compensatórios. Emníveis de pensamentos mágicos, super-compensatórios. Em
dada ocasião uma senhora já de muita idade falou a respeitodada ocasião uma senhora já de muita idade falou a respeito
de seu filho “...é que nem uma gulodice, a gente quer que sarede seu filho “...é que nem uma gulodice, a gente quer que sare
logo!”.logo!”.
 Contudo quanto mais altas essas expectativas maisContudo quanto mais altas essas expectativas mais
freqüentemente o contato com o paciente torna-se fonte defreqüentemente o contato com o paciente torna-se fonte de
inúmeras frustrações, principalmente no caso de pacientesinúmeras frustrações, principalmente no caso de pacientes
crônicoscrônicos (3)(3). Em um dos atendimentos um pai comentou “.... Em um dos atendimentos um pai comentou “...
sinto-me como um rato que entrou numa ratoeira e não temsinto-me como um rato que entrou numa ratoeira e não tem
mais retorno...”.mais retorno...”.
 Outro aspecto importante observado nos atendimentos é aOutro aspecto importante observado nos atendimentos é a
dificuldade no estabelecimento dos limites. As famílias emdificuldade no estabelecimento dos limites. As famílias em
geral confundemgeral confundem cuidarcuidar comcom cada uma faz o que quercada uma faz o que quer. Não. Não
há parâmetros a serem estabelecidos.há parâmetros a serem estabelecidos.
 A questão é quando dar “colo” e quando colocar limites.A questão é quando dar “colo” e quando colocar limites.
 Por exemplo havia uma mãe, cujo filho estava internado, emPor exemplo havia uma mãe, cujo filho estava internado, em
surto psicótico, com graves distúrbios alimentares, não tinhasurto psicótico, com graves distúrbios alimentares, não tinha
limites para comer, alimentava-se de tudo o que havia na sualimites para comer, alimentava-se de tudo o que havia na sua
frente e após, vomitava. Essa mãe, em todas as visitas traziafrente e após, vomitava. Essa mãe, em todas as visitas trazia
um bolo (tipo Frapé) o qual obviamente o paciente comiaum bolo (tipo Frapé) o qual obviamente o paciente comia
inteiro. Ao ser abordado esse assunto na sessão (pela irmã) ainteiro. Ao ser abordado esse assunto na sessão (pela irmã) a
mãe dizia que sentia muita pena do filho, pois ele estava nessamãe dizia que sentia muita pena do filho, pois ele estava nessa
enfermaria horrível, sozinho e magrinho e que umenfermaria horrível, sozinho e magrinho e que um
“pouquinho” de bolo na visita poderia alegrá-lo. Nem sequer“pouquinho” de bolo na visita poderia alegrá-lo. Nem sequer
passava pela sua cabeça que ela poderiapassava pela sua cabeça que ela poderia dardar outras coisas aooutras coisas ao
seu filho, que não comida, ou que ela poderia alegrá-lo eseu filho, que não comida, ou que ela poderia alegrá-lo e
preenchê-lo também com palavras, ou até com um simplespreenchê-lo também com palavras, ou até com um simples
olhar.olhar.
 Em outras ocasiões vemos que o discurso do paciente éEm outras ocasiões vemos que o discurso do paciente é
veementementeveementemente rejeitado “... isso é papo de louco...”, ou querejeitado “... isso é papo de louco...”, ou que
muitas vezes ele é excluído de decisões e problemáticas damuitas vezes ele é excluído de decisões e problemáticas da
família.família.
 Contudo, por mais frágil que esta família se encontre elaContudo, por mais frágil que esta família se encontre ela
ainda é oainda é o único ponto de referênciaúnico ponto de referência deste indivíduo. É o seudeste indivíduo. É o seu
único elo de ligação com o meio externo, com suas raízes, suaúnico elo de ligação com o meio externo, com suas raízes, sua
identidade. Ocultar algumas situações e emoções ao pacienteidentidade. Ocultar algumas situações e emoções ao paciente
é compactuar com sua alienação e conseqüentemente com suaé compactuar com sua alienação e conseqüentemente com sua
loucura. É deixar de fazer a ligação (ainda que precária) deloucura. É deixar de fazer a ligação (ainda que precária) de
seu mundo de fantasias com o mundo real. Delirante ou não,seu mundo de fantasias com o mundo real. Delirante ou não,
naquele momento é só o que o paciente tem a oferecer.naquele momento é só o que o paciente tem a oferecer.
 É nesta relação “tão delicada” que as famílias criamÉ nesta relação “tão delicada” que as famílias criam
preconcepções a respeito dos pacientes, como forma depreconcepções a respeito dos pacientes, como forma de
diminuir a angústia frente a este desconhecido. É como se já odiminuir a angústia frente a este desconhecido. É como se já o
conhecessem e conseguissem prever todas as suas atitudesconhecessem e conseguissem prever todas as suas atitudes
sentindo-se mais seguros para lidar com eles. Contudo, acabasentindo-se mais seguros para lidar com eles. Contudo, acaba
surgindo uma barreira no contato com o mesmo nãosurgindo uma barreira no contato com o mesmo não
permitindo um olhar mais amplo e a percepção de novospermitindo um olhar mais amplo e a percepção de novos
movimentos do mesmo. O paciente por outro lado, acabamovimentos do mesmo. O paciente por outro lado, acaba
sentindo-se amarrado a esses rótulos e acaba atuando desentindo-se amarrado a esses rótulos e acaba atuando de
acordo com eles. A família traz um discurso taxativo eacordo com eles. A família traz um discurso taxativo e
possessivo “...só eu o conheço, só eu que sei...”. É tambémpossessivo “...só eu o conheço, só eu que sei...”. É também
uma maneira de impedir qualquer possibilidade deuma maneira de impedir qualquer possibilidade de
aproximação e trabalho.aproximação e trabalho.
 O papel que o paciente desempenha perante aO papel que o paciente desempenha perante a
família e esta em relação a ele adquire formasfamília e esta em relação a ele adquire formas
muito peculiares que vão depender de uma redemuito peculiares que vão depender de uma rede
muito extensa de articulações. Como jámuito extensa de articulações. Como já
mencionamos, muitas vezesmencionamos, muitas vezes a doença éa doença é
necessária em determinada famílianecessária em determinada família que por umaque por uma
série de motivos só mantém sua coesão diante dasérie de motivos só mantém sua coesão diante da
necessidade de cuidar de alguém, o que podenecessidade de cuidar de alguém, o que pode
significar, cuidar da sua própria loucura da qualsignificar, cuidar da sua própria loucura da qual
esse paciente é o porta voz.esse paciente é o porta voz.
Estágios de ciclo de vidaEstágios de ciclo de vida
familiarfamiliar
ProcessoProcesso
emocionalemocional
dede
transiçãotransição
Mudanças de 2ª. Ordem noMudanças de 2ª. Ordem no
status familiar necessáriasstatus familiar necessárias
para prosseguir opara prosseguir o
desenvolvimentodesenvolvimento
1.Saindo de casa: jovens1.Saindo de casa: jovens
solteirossolteiros
2.A união de famílias no2.A união de famílias no
casamento: o novo casalcasamento: o novo casal
3.Famílias com filhos3.Famílias com filhos
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4.Famílias com4.Famílias com
adolescentesadolescentes
5.Lançando os filhos e5.Lançando os filhos e
seguindo em frenteseguindo em frente
6. Famílias no estágio6. Famílias no estágio
tardio da vidatardio da vida
FIM
BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA
 1.ACKERMAN, N. W.-1.ACKERMAN, N. W.-Diagnóstico e Tratamento das RelaçõesDiagnóstico e Tratamento das Relações
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Paidós, 1966.Paidós, 1966.
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Therapy- Selected Paper: Theory, Technique and Research,Therapy- Selected Paper: Theory, Technique and Research,
obtainable from Groome Child Guidance Center, 5225obtainable from Groome Child Guidance Center, 5225
Loughborough Rd., N.W., Washington, D.C. 20016.Loughborough Rd., N.W., Washington, D.C. 20016.
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Janeiro, Te Corá, 1994.Janeiro, Te Corá, 1994.
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Enfermarias psiquiátricas:Enfermarias psiquiátricas: contribuição à terapêutica de esquizofrênicoscontribuição à terapêutica de esquizofrênicos
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Multifamiliares no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas daMultifamiliares no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”, Revista de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria
Clínica 23(10): 33-40, 1996.Clínica 23(10): 33-40, 1996.
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  • 1. FAMÍLIAFAMÍLIA Autora:Ms Maria Cecília Fernandes SilvaAutora:Ms Maria Cecília Fernandes Silva cecilia24@uol.com.brcecilia24@uol.com.br Psicóloga Supervisora e Coordenadora do Ambulatório de Família (AMFAM)Psicóloga Supervisora e Coordenadora do Ambulatório de Família (AMFAM) Serviço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSPServiço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP 20102010
  • 2. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  Poucos conceitos evoluíram e modificaram-se tanto,Poucos conceitos evoluíram e modificaram-se tanto, através dos tempos, como o de família. A etimologiaatravés dos tempos, como o de família. A etimologia refere-se a dois vocábulos:refere-se a dois vocábulos: famíliafamília (conjunto de escravos(conjunto de escravos e servidores de uma pessoa) ee servidores de uma pessoa) e famulus do latimfamulus do latim (servidor, escravo doméstico). O termo é encontrado nas(servidor, escravo doméstico). O termo é encontrado nas línguas latinas (família,línguas latinas (família, famillefamille), já no século XIV e na), já no século XIV e na língua inglesa (língua inglesa ( familyfamily) no início do século XV.) no início do século XV.  Nas sociedades ocidentais da atualidade, a noção maisNas sociedades ocidentais da atualidade, a noção mais generalizada de família está, predominantemente, ligadageneralizada de família está, predominantemente, ligada à idéia de um casal e seus filhos, isto é, à famíliaà idéia de um casal e seus filhos, isto é, à família nuclear.nuclear.  Murdock (1976) conceitua a família como umMurdock (1976) conceitua a família como um agrupamento social caracterizado por residência comum,agrupamento social caracterizado por residência comum, cooperação econômica e reprodução. Para o autor, àcooperação econômica e reprodução. Para o autor, à família competiriam as funções sexuais, econômicas,família competiriam as funções sexuais, econômicas, reprodutivas e educacionais.reprodutivas e educacionais.
  • 3. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  A estrutura familiar atual, centrada na afeição eA estrutura familiar atual, centrada na afeição e na intensificação das relações entre pais ena intensificação das relações entre pais e filhos na privacidade de suas casas, é umafilhos na privacidade de suas casas, é uma invenção relativamente recente na história doinvenção relativamente recente na história do homem ocidental, ganhando contornos maishomem ocidental, ganhando contornos mais nítidos a partir do século XVII na Europa.nítidos a partir do século XVII na Europa.  Estudo clássico de Ariés – História social daEstudo clássico de Ariés – História social da criança e da família – retrata com detalhes ocriança e da família – retrata com detalhes o processo histórico que resultou na constituiçãoprocesso histórico que resultou na constituição dos costumes e valores da família moderna.dos costumes e valores da família moderna.
  • 4. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  Na sociedade medieval não havia condiçõesNa sociedade medieval não havia condições objetivas para a constituição de uma noção deobjetivas para a constituição de uma noção de privacidade e de intimidade entre os indivíduosprivacidade e de intimidade entre os indivíduos em suas habitações.em suas habitações.  As famílias eram grandes agrupamentosAs famílias eram grandes agrupamentos compostos não apenas por parentescompostos não apenas por parentes consangüíneos, mas também pelos servidores econsangüíneos, mas também pelos servidores e protegidos.protegidos.  Nos casarões, nos espaços onde as pessoas seNos casarões, nos espaços onde as pessoas se alimentavam, também dormiam, namoravam,alimentavam, também dormiam, namoravam, dançavam, trabalhavam e recebiam visitas.dançavam, trabalhavam e recebiam visitas.  Nesse período a duração da infância eraNesse período a duração da infância era reduzida a seu período mais frágil.reduzida a seu período mais frágil.
  • 5. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  A passagem da família medieval para aA passagem da família medieval para a moderna implicou numa lenta e insidiosamoderna implicou numa lenta e insidiosa construção de um novo “sentimento deconstrução de um novo “sentimento de família”.família”.  Essa transformação foi possível porqueEssa transformação foi possível porque a família modificou suas relações ea família modificou suas relações e atribuições com a criança.atribuições com a criança.  A presença constante da criança naA presença constante da criança na escola sob intervenção do Estado, daescola sob intervenção do Estado, da Igreja e das referências do mundo “psi”.Igreja e das referências do mundo “psi”.
  • 6. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  Então simultaneamente aoEntão simultaneamente ao fortalecimento da escola, a casa dafortalecimento da escola, a casa da família foi perdendo seu caráter defamília foi perdendo seu caráter de espaço social aberto, para seespaço social aberto, para se fechar em sua privacidade.fechar em sua privacidade.  Nos séculos XVIII e XIX vai aosNos séculos XVIII e XIX vai aos poucos se constituindo a típicapoucos se constituindo a típica família moderna, formada pelofamília moderna, formada pelo homem provedor financeiro...homem provedor financeiro...
  • 7. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  O conceito cível (1916) define: “a famíliaO conceito cível (1916) define: “a família compreende as pessoas unidas pelocompreende as pessoas unidas pelo casamento, as provenientes dessa união, ascasamento, as provenientes dessa união, as que descendem de um tronco ancestral comumque descendem de um tronco ancestral comum e as vinculadas por adoção. Em sentido restritoe as vinculadas por adoção. Em sentido restrito corresponde aos cônjuges e aos filhos”.corresponde aos cônjuges e aos filhos”.  Adotaremos o conceito de família em seuAdotaremos o conceito de família em seu aspecto nuclear, e parentes ou agregados queaspecto nuclear, e parentes ou agregados que coabitam e, principalmente, interagem,coabitam e, principalmente, interagem, caracterizando uma dinâmica psicossocialcaracterizando uma dinâmica psicossocial estruturada.estruturada.
  • 8. O CONCEITO DE FAMÍLIAO CONCEITO DE FAMÍLIA  Muitas questões estão implicadas nessasMuitas questões estão implicadas nessas definições: espaço e tempodefinições: espaço e tempo compartilhados, formação e manutençãocompartilhados, formação e manutenção de laços, hereditariedade, adoção,de laços, hereditariedade, adoção, legitimação, transmissão e legados.legitimação, transmissão e legados. Tudo isso regido por leis que organizamTudo isso regido por leis que organizam as relações e situam os indivíduos emas relações e situam os indivíduos em uma linhagem.uma linhagem.
  • 9.  Durante o decurso de sua vida, é na interação com aDurante o decurso de sua vida, é na interação com a família e com a sociedade que o ser humano obtém asfamília e com a sociedade que o ser humano obtém as condições necessárias para seu o desenvolvimentocondições necessárias para seu o desenvolvimento biopsicossocial. Não apenas o recém nascido sucumbebiopsicossocial. Não apenas o recém nascido sucumbe diante do abandono dos demais, mas o equilíbriodiante do abandono dos demais, mas o equilíbrio emocional, os processos de subjetivação, a realizaçãoemocional, os processos de subjetivação, a realização dos ideais de vida, o aprendizado e a adaptabilidade aodos ideais de vida, o aprendizado e a adaptabilidade ao meio só são possíveis graças aos circunstantes, com osmeio só são possíveis graças aos circunstantes, com os quais o homem convive obrigatória e permanentemente.quais o homem convive obrigatória e permanentemente. A subjetividade se dá sempre na presença de um outro.A subjetividade se dá sempre na presença de um outro. É a partir de alguém que me reconheça que sinto minhaÉ a partir de alguém que me reconheça que sinto minha própria existência.própria existência.  Poderíamos brincar com Descartes e dizer “o outroPoderíamos brincar com Descartes e dizer “o outro existe, logo existo”. É o outro que dá referências sobreexiste, logo existo”. É o outro que dá referências sobre minha existência.minha existência.
  • 10. A importância da famíliaA importância da família  A família envolve uma organização deA família envolve uma organização de espaços e tempos. Seu presente trazespaços e tempos. Seu presente traz sempre registros do passado esempre registros do passado e continuamente prepara o futuro.continuamente prepara o futuro.  Como tudo o que acontece em família,Como tudo o que acontece em família, as diversas vivências, compartilhadas ouas diversas vivências, compartilhadas ou mantidas em segredo, não permanecemmantidas em segredo, não permanecem como propriedade exclusiva docomo propriedade exclusiva do indivíduo. Há constantemente umindivíduo. Há constantemente um processo de mútua influência.processo de mútua influência.  Dessa forma,Dessa forma, tudo o que se passa emtudo o que se passa em família deixa marcasfamília deixa marcas , cujos traços, cujos traços atravessam gerações, determinando,atravessam gerações, determinando, inconscientemente, respostas einconscientemente, respostas e
  • 11. A importância da famíliaA importância da família  Ao pensarmos na pré-maturidade do bebêAo pensarmos na pré-maturidade do bebê humano, a finalidade primeira da família éhumano, a finalidade primeira da família é assegurar sua sobrevivência e protegê-lo tantoassegurar sua sobrevivência e protegê-lo tanto de condições naturais quanto daquelasde condições naturais quanto daquelas externas e adversas.externas e adversas.  No entanto, é notadamente noNo entanto, é notadamente no CAMPOCAMPO PSÍQUICOPSÍQUICO que a família se revelaque a família se revela indispensável, já que o psiquismo humano seindispensável, já que o psiquismo humano se constitui a partir de umconstitui a partir de um tecido psíquico grupaltecido psíquico grupal (Käes, 1976) – por consangüinidade ou adoção(Käes, 1976) – por consangüinidade ou adoção – que permite em condições suficientemente– que permite em condições suficientemente boas, a emergência de aparelhos psíquicosboas, a emergência de aparelhos psíquicos individuais.individuais.
  • 12. FamilidadeFamilidade  Para Meyer (2002), aPara Meyer (2002), a tarefa básica da famíliatarefa básica da família éé auxiliar os indivíduos que a compõem naauxiliar os indivíduos que a compõem na travessia de uma situação de absolutatravessia de uma situação de absoluta dependência para uma gradativa autonomia.dependência para uma gradativa autonomia.  Ao falar de “familidade”, o autor aborda umaAo falar de “familidade”, o autor aborda uma parte da vida mental que se vê continuamenteparte da vida mental que se vê continuamente estimulada e ativada pelaestimulada e ativada pela interação familiarinteração familiar ,, com a função de lidar com tal experiência ecom a função de lidar com tal experiência e organizá-la.organizá-la.  A família também fornece ao indivíduo umA família também fornece ao indivíduo um aspecto de sua identidade que faz com que ele,aspecto de sua identidade que faz com que ele, internamente, se veja como participante dessainternamente, se veja como participante dessa
  • 13. Sentimento de pertençaSentimento de pertença Todo processo de subjetivação é umTodo processo de subjetivação é um processo de HUMANIZAÇÃO queprocesso de HUMANIZAÇÃO que portanto envolve o outro.portanto envolve o outro. A possibilidade de vir a ser nós é oA possibilidade de vir a ser nós é o anseio de ser de cada ser humano.anseio de ser de cada ser humano. É uma expansão da integridade deÉ uma expansão da integridade de si, de ser UM em COMUNIDADE. “Asi, de ser UM em COMUNIDADE. “A nossa família” (Safra, 2009).nossa família” (Safra, 2009).
  • 14. Tudo Começa em CasaTudo Começa em Casa  Winnicott (1983), destaca umaWinnicott (1983), destaca uma dimensão fundamental da condiçãodimensão fundamental da condição humana: a importância dos fatoreshumana: a importância dos fatores ambientais desde o início da vida,ambientais desde o início da vida, desde a concepção do feto, ou atédesde a concepção do feto, ou até mesmo antes (expectativas dosmesmo antes (expectativas dos pais).pais).
  • 15. A importância do ambienteA importância do ambiente  Levar em consideração o ambiente, naLevar em consideração o ambiente, na constituição e estruturação psíquicasconstituição e estruturação psíquicas fundamentais do ser humano, éfundamentais do ser humano, é vislumbrar a importância do fatorvislumbrar a importância do fator dependência (característica do início dedependência (característica do início de todos os seres humanos): dependênciatodos os seres humanos): dependência da figura materna, da figura paterna,da figura materna, da figura paterna, dependência dos outros componentes dadependência dos outros componentes da família, dos valores culturais da época efamília, dos valores culturais da época e inclusive das normas correntes porinclusive das normas correntes por exemplo da medicina, e da psicologia daexemplo da medicina, e da psicologia da época (pediatria, puericultura, psicologiaépoca (pediatria, puericultura, psicologia do desenvolvimento).do desenvolvimento).
  • 16. Mãe ambienteMãe ambiente  Para Winnicott, a vida psíquica começaPara Winnicott, a vida psíquica começa com uma experiência de fusãocom uma experiência de fusão → existe→ existe apenas um corpo e um psiquismo paraapenas um corpo e um psiquismo para duas pessoas (uma unidade indivisível).duas pessoas (uma unidade indivisível).
  • 17. ““Mãe universo”Mãe universo”  Para o bebê, sua mãe e ele próprioPara o bebê, sua mãe e ele próprio constituem uma única pessoa. Emboraconstituem uma única pessoa. Embora ele já seja um ser separado, com suasele já seja um ser separado, com suas capacidades inatas, cujascapacidades inatas, cujas potencialidades ainda não se realizaram,potencialidades ainda não se realizaram, o bebê não tem consciência disso. Ao bebê não tem consciência disso. A mãe não é ainda um “objeto” distinto, elamãe não é ainda um “objeto” distinto, ela é um ambiente total, uma “mãe-universo”é um ambiente total, uma “mãe-universo” e o bebê não passa de uma pequenae o bebê não passa de uma pequena parcela dessa imensa unidade.parcela dessa imensa unidade. (Winnicott, 1983)(Winnicott, 1983)
  • 18.  Winnicott (1993) afirma que não existe bebêWinnicott (1993) afirma que não existe bebê sem mãe e que não existe mãe sem bebê,sem mãe e que não existe mãe sem bebê, “existe apenas uma unidade”. Dessa forma, o“existe apenas uma unidade”. Dessa forma, o autor estabelece a importância do meioautor estabelece a importância do meio ambiente (mãe) para o desenvolvimento doambiente (mãe) para o desenvolvimento do indivíduo. Será somente por meio dos cuidadosindivíduo. Será somente por meio dos cuidados dessa figura (ou alguma substituta, desde que,dessa figura (ou alguma substituta, desde que, com um mínimo de constância) que o psiquismocom um mínimo de constância) que o psiquismo do bebê poderá se desenvolver,do bebê poderá se desenvolver, gradativamente, por seus estados e estágiosgradativamente, por seus estados e estágios naturais.naturais.  A relação constrói a subjetividade, nãoA relação constrói a subjetividade, não existindo a possibilidade do si mesmo sem esseexistindo a possibilidade do si mesmo sem esse contato.contato.
  • 19. Tudo Começa em CasaTudo Começa em Casa  Nesse momento de vida do bebê, aNesse momento de vida do bebê, a devoção materna é fundamentaldevoção materna é fundamental pois é a possibilidade desse bebêpois é a possibilidade desse bebê existir num lugar seguro eexistir num lugar seguro e acolhedor.acolhedor.  Na relação mãe-bebê, os paisNa relação mãe-bebê, os pais podem ter sonhos em relação a ele,podem ter sonhos em relação a ele, mas é importante. que essesmas é importante. que esses sonhos não saturem o espaço desonhos não saturem o espaço de modo que a singularidade do bebêmodo que a singularidade do bebê fique achatada. É impte. que essesfique achatada. É impte. que esses anseiosanseios sejamsejam ensaiosensaios dada possibilidade de poder receber apossibilidade de poder receber a
  • 20. Devoção e função especularDevoção e função especular  Não poder viver uma experiência dessaNão poder viver uma experiência dessa (“preocupação materna primária”), significa a(“preocupação materna primária”), significa a impossibilidade de ter entrado no mundo doimpossibilidade de ter entrado no mundo do humano. Devoção é abertura para o outro, é umhumano. Devoção é abertura para o outro, é um certo esquecimento de si, é dar lugar para quecerto esquecimento de si, é dar lugar para que o inédito do outro possa acontecer e tornar-seo inédito do outro possa acontecer e tornar-se uma experiência constitutiva do humano.uma experiência constitutiva do humano.  AA função especularfunção especular , da mãe reflete aquilo que, da mãe reflete aquilo que ela vê no bebê. A mãe espelha o bebê comoela vê no bebê. A mãe espelha o bebê como ser, não é um espelho que joga o bebê numser, não é um espelho que joga o bebê num plano bidimensional, ela reflete o que ele é,plano bidimensional, ela reflete o que ele é, reflete alteridade, reconhece o que o bebê é, ereflete alteridade, reconhece o que o bebê é, e o bebê é peculiar, é singular desde o princípio.o bebê é peculiar, é singular desde o princípio.
  • 21. Tudo começa em casaTudo começa em casa  O ser humano tem a necessidade de serO ser humano tem a necessidade de ser reconhecido pelo que ele é. Tem areconhecido pelo que ele é. Tem a necessidade de reencontrar o que lhe énecessidade de reencontrar o que lhe é singular no rosto da mãe, na fala dasingular no rosto da mãe, na fala da mãe.mãe.  A realidade de si mesmo é dada peloA realidade de si mesmo é dada pelo olhar do outro o que portanto emoldura aolhar do outro o que portanto emoldura a própria singularidade.própria singularidade.  A pessoa que não pode ser reconhecidaA pessoa que não pode ser reconhecida pelo outro naquilo que lhe é singular,pelo outro naquilo que lhe é singular, vive uma experiência devive uma experiência de
  • 22. HoldingHolding  Winnicott fala da necessidade do meioWinnicott fala da necessidade do meio ambiente de sustentação para que oambiente de sustentação para que o processo de “continuidade de ser” possaprocesso de “continuidade de ser” possa se desenvolver numa criança.se desenvolver numa criança.
  • 23. HoldingHolding  A função principal da figura materna, oA função principal da figura materna, o holdingholding é reduzir de modo significativoé reduzir de modo significativo as invasões (as invasões (impingementsimpingements) traumáticas,) traumáticas, pois de outra maneira, a cr.pois de outra maneira, a cr. experienciará o aniquilamento do serexperienciará o aniquilamento do ser pessoal, um terror que W. chama depessoal, um terror que W. chama de agonia impensávelagonia impensável . A. A alternativa a ser éalternativa a ser é reagirreagir, e reagir interrompe o ser e o, e reagir interrompe o ser e o aniquila. Há um colapso no âmbito daaniquila. Há um colapso no âmbito da confiabilidade.confiabilidade.  Nesse momento, o fracasso nasNesse momento, o fracasso nas tentativas de integração levam otentativas de integração levam o indivíduo a viver a desintegração, umindivíduo a viver a desintegração, um estado muito doloroso, que significa oestado muito doloroso, que significa o abandono aos impulsos incontroláveis eabandono aos impulsos incontroláveis e portanto a vivência do caos.portanto a vivência do caos.
  • 24.  Inúmeros autores já pesquisaram osInúmeros autores já pesquisaram os processos pelos quais a personalidadeprocessos pelos quais a personalidade da criança estrutura-se, gradativamente,da criança estrutura-se, gradativamente, de acordo com os padrões de conduta dede acordo com os padrões de conduta de seus pais, irmãos e familiares próximos,seus pais, irmãos e familiares próximos, formando uma base para a sociabilidade.formando uma base para a sociabilidade. Segundo as palavras de Abdo e MeleiroSegundo as palavras de Abdo e Meleiro (1992): “é no seio familiar que se(1992): “é no seio familiar que se desenvolvem as sensações dedesenvolvem as sensações de segurança, auto-estima, confiança esegurança, auto-estima, confiança e auto-preservação”.auto-preservação”.
  • 25.  Navarro (1974), citando Ackerman,Navarro (1974), citando Ackerman, afirma que à família compete: 1.afirma que à família compete: 1. assegurar a sobrevivência física e daassegurar a sobrevivência física e da espécie. 2. Desenvolver o basicamenteespécie. 2. Desenvolver o basicamente humano no homem: a) provisão dehumano no homem: a) provisão de alimento e brigo; b) ligação afetiva; c)alimento e brigo; b) ligação afetiva; c) identidade pessoal; d) desenvolvimentoidentidade pessoal; d) desenvolvimento da aprendizagem e da criatividade.da aprendizagem e da criatividade.
  • 26. Família e pós modernidadeFamília e pós modernidade  Vivemos numa sociedade que privilegiaVivemos numa sociedade que privilegia cada vez mais o individualismo e ocada vez mais o individualismo e o imediatismo. Cada hoje já se tornandoimediatismo. Cada hoje já se tornando ontem.ontem.  potência do tecnológicopotência do tecnológico XX condiçãocondição do pensardo pensar imagemimagem contemplarcontemplar prazerprazer simbólicosimbólico  Presenciamos a família num contextoPresenciamos a família num contexto sem regras estáveis, tendo que absorversem regras estáveis, tendo que absorver as vicissitudes da vida moderna.as vicissitudes da vida moderna.
  • 27. Família e pós modernidadeFamília e pós modernidade  É UM EXCESSO QUE NA VERDADEÉ UM EXCESSO QUE NA VERDADE DENUNCIADENUNCIA A FALTA.A FALTA.  É a valorização do presente e do futuro emÉ a valorização do presente e do futuro em detrimento do passado. Há um desprezo pelodetrimento do passado. Há um desprezo pelo antigo, havendo uma ruptura na cadeiaantigo, havendo uma ruptura na cadeia geracional impossibilitando uma das tarefasgeracional impossibilitando uma das tarefas mais importantes da família que é amais importantes da família que é a transformação dos conteúdos psíquicos atravéstransformação dos conteúdos psíquicos através das geraçõesdas gerações..  Hoje vivemos um borramento de papéis, aHoje vivemos um borramento de papéis, a função paterna diluída, famílias chefiadas porfunção paterna diluída, famílias chefiadas por mulheres, famílias reconstituídas.mulheres, famílias reconstituídas. 
  • 28. Família e adoecimentoFamília e adoecimento  Portanto, se consideramos a famíliaPortanto, se consideramos a família como a unidade básica de crescimento ecomo a unidade básica de crescimento e experiência, nesse sentido, ela éexperiência, nesse sentido, ela é também a unidade básica de saúde etambém a unidade básica de saúde e doençadoença (Ackerman, 1978).(Ackerman, 1978).  Já que ela é a principal responsável pelaJá que ela é a principal responsável pela formação da identidade do indivíduo,formação da identidade do indivíduo, torna-se então fundamental entender otorna-se então fundamental entender o transtorno mental como umtranstorno mental como um processoprocesso familiarfamiliar, questionando-se a eficácia de, questionando-se a eficácia de qualquer tratamento que não leve emqualquer tratamento que não leve em consideração a síntese total desseconsideração a síntese total desse indivíduo (devendo necessariamenteindivíduo (devendo necessariamente
  • 29. A Importância da FamíliaA Importância da Família  Segundo alguns autoresSegundo alguns autores (Bowen, Eiguer - 4,5)(Bowen, Eiguer - 4,5) aa família é a principal responsável pelafamília é a principal responsável pela formação da identidade do indivíduo queformação da identidade do indivíduo que dela faz parte e, torna-se fundamentaldela faz parte e, torna-se fundamental entender a doença mental como umentender a doença mental como um processo familiar, questionando-se aprocesso familiar, questionando-se a eficácia de qualquer tratamento que nãoeficácia de qualquer tratamento que não leve em consideração a síntese total desseleve em consideração a síntese total desse indivíduo (devendo necessariamente incluirindivíduo (devendo necessariamente incluir sua família ).sua família ).
  • 30.  O estudo criterioso do desenvolvimento dos vínculosO estudo criterioso do desenvolvimento dos vínculos familiares permite elucidar o modo como o aparecimentofamiliares permite elucidar o modo como o aparecimento de uma doença desestrutura a dinâmica dede uma doença desestrutura a dinâmica de funcionamento da família e, também, como interaçõesfuncionamento da família e, também, como interações familiares desajustadas favorecem ou precipitam ofamiliares desajustadas favorecem ou precipitam o aparecimento de doenças em um ou mais de seusaparecimento de doenças em um ou mais de seus membros.membros.  Os papéis que o paciente desempenha na família e esta,Os papéis que o paciente desempenha na família e esta, em relação a ele, adquirem formas muito peculiares queem relação a ele, adquirem formas muito peculiares que dependem de uma rede muito extensa de articulações. Adependem de uma rede muito extensa de articulações. A inequívoca importância dos determinantes sócio-inequívoca importância dos determinantes sócio- familiares no desencadeamento e evolução dos quadrosfamiliares no desencadeamento e evolução dos quadros clínicos indica, claramente, que a abordagem doclínicos indica, claramente, que a abordagem do paciente psiquiátrico deve incluir intervenções com apaciente psiquiátrico deve incluir intervenções com a família e com o meio social.família e com o meio social.
  • 31.  Longe de responsabilizar as interações sócio-Longe de responsabilizar as interações sócio- familiares como únicas determinantes pelafamiliares como únicas determinantes pela eclosão dos transtornos mentais estamoseclosão dos transtornos mentais estamos simplesmente considerando até que ponto taissimplesmente considerando até que ponto tais interações podem dificultar, ou mesmo impedir,interações podem dificultar, ou mesmo impedir, uma adequada evolução do ser humano nouma adequada evolução do ser humano no desenvolvimento dos seus papéis ao longo dadesenvolvimento dos seus papéis ao longo da vida. É preciso assinalar, também, que existemvida. É preciso assinalar, também, que existem consideráveis indícios que demonstram osconsideráveis indícios que demonstram os benefícios da participação da família nobenefícios da participação da família no tratamento.tratamento.
  • 32. A Importância da FamíliaA Importância da Família  Segundo Winnicott (1958), quando somosSegundo Winnicott (1958), quando somos chamados a intervir em situações dechamados a intervir em situações de desorganização da dinâmica familiar, devemosdesorganização da dinâmica familiar, devemos procurar compreender osprocurar compreender os fatores subjacentesfatores subjacentes ao problema manifestoao problema manifesto para que nossa ajudapara que nossa ajuda possa ser a mais adequada possível.possa ser a mais adequada possível.  O sofrimento da população que procura atendimentoO sofrimento da população que procura atendimento numa instituição deve ser entendido numa estrutura maisnuma instituição deve ser entendido numa estrutura mais ampla, como uma experiência contínua de integraçãoampla, como uma experiência contínua de integração emocional com seu ambiente, seu grupo familiar e suaemocional com seu ambiente, seu grupo familiar e sua interação com eles, focando principalmente nointeração com eles, focando principalmente no entendimento do contexto no qual este indivíduo seentendimento do contexto no qual este indivíduo se encontraencontra (8)(8)..
  • 33. A Importância da FamíliaA Importância da Família  O equilíbrio dinâmico doO equilíbrio dinâmico do indivíduo e do grupo influencia:indivíduo e do grupo influencia: 1.1. a precipitação da doençaa precipitação da doença 2.2. o curso da mesmao curso da mesma 3.3. a possibilidade de recuperaçãoa possibilidade de recuperação 4.4. o risco de recidiva.o risco de recidiva.  Esta estabilidade depende de umEsta estabilidade depende de um padrão delicado de equilíbrio epadrão delicado de equilíbrio e intercâmbio emocional no qualintercâmbio emocional no qual cada membro é afetado por todoscada membro é afetado por todos os outros. Segundo Ackermanos outros. Segundo Ackerman (1978), “a família é a unidade(1978), “a família é a unidade básica de crescimento ebásica de crescimento e experiência” e nesse sentido, ela éexperiência” e nesse sentido, ela é também a unidade básica detambém a unidade básica de doença e saúde (Tommasi, 1996).doença e saúde (Tommasi, 1996).
  • 34. Funcional X DisfuncionalFuncional X Disfuncional  Parece que de fato não existem famíliasParece que de fato não existem famílias idealmente saudáveis mas apenas aquelas que sãoidealmente saudáveis mas apenas aquelas que são ouou predominantemente saudáveispredominantemente saudáveis ouou predominantemente doentespredominantemente doentes. Entende-se aqui por. Entende-se aqui por famílias doentes, aquelas que progressivamentefamílias doentes, aquelas que progressivamente não conseguiram levar adiante suas funçõesnão conseguiram levar adiante suas funções familiares e que em estágios mais graves foi-sefamiliares e que em estágios mais graves foi-se observando sinais de desintegração emocional osobservando sinais de desintegração emocional os quais dependendo das circunstâncias acabavamquais dependendo das circunstâncias acabavam culminando na desorganização dos vínculosculminando na desorganização dos vínculos familiares e no surgimento de diferentesfamiliares e no surgimento de diferentes psicopatologias.psicopatologias.
  • 35. Famílias desintegradasFamílias desintegradas  Então, é frequentemente nessas situações,Então, é frequentemente nessas situações, nessas famílias socialmente caóticas quenessas famílias socialmente caóticas que aparecem formas múltiplas de doençasaparecem formas múltiplas de doenças psiquiátricas e desajustamento social. Napsiquiátricas e desajustamento social. Na maioria das vezes, as famílias que chegammaioria das vezes, as famílias que chegam ao hospital já estão nesse processo deao hospital já estão nesse processo de desintegração, e como veremos adiante odesintegração, e como veremos adiante o paciente na maior parte dos casos mostra-sepaciente na maior parte dos casos mostra-se como o sintoma emergente de toda estacomo o sintoma emergente de toda esta dinâmica.dinâmica.
  • 36.  Sendo assim, um dos objetivos do atendimento às famílias éSendo assim, um dos objetivos do atendimento às famílias é capacitá-las para lidar com essas adversidades. Entende-se acapacitá-las para lidar com essas adversidades. Entende-se a família como CUIDADOR PRIMÁRIO desse paciente.família como CUIDADOR PRIMÁRIO desse paciente.  Aborda-se o clima afetivo do ambiente familiar, a sobrecargaAborda-se o clima afetivo do ambiente familiar, a sobrecarga e o desconforto emocional destes familiares e ase o desconforto emocional destes familiares e as características destas famílias que propiciam novas recaídascaracterísticas destas famílias que propiciam novas recaídas no quadro psiquiátrico de seu familiar.no quadro psiquiátrico de seu familiar.  Nas intervenções Institucionais desejamos que os cuidadoresNas intervenções Institucionais desejamos que os cuidadores sejam mais tolerantes às mudanças pelas quais o membrosejam mais tolerantes às mudanças pelas quais o membro doente passa e mais realistas quanto às expectativas emdoente passa e mais realistas quanto às expectativas em relação ao tratamentorelação ao tratamento (Scazufca, 2000)(Scazufca, 2000)..
  • 37. Necessidades básicasNecessidades básicas  No entanto... deve-se levar emNo entanto... deve-se levar em conta que muitas vezes, osconta que muitas vezes, os perigos que essas famíliasperigos que essas famílias enfrentam são reais. Não é umenfrentam são reais. Não é um perigo neurótico imaginado,perigo neurótico imaginado, são privações muito básicassão privações muito básicas como fome, falta de dinheiro ecomo fome, falta de dinheiro e de moradia. Em alguns paísesde moradia. Em alguns países desenvolvidos é muito comumdesenvolvidos é muito comum que antes de iniciar qualquerque antes de iniciar qualquer tipo de intervençãotipo de intervenção terapêutica com as famílias,terapêutica com as famílias, elas sejam primeiramenteelas sejam primeiramente supridas em suas necessidadessupridas em suas necessidades mais básicasmais básicas (Bleandoum, 2)(Bleandoum, 2)..
  • 38. Ajuda AdequadaAjuda Adequada  Segundo WinnicottSegundo Winnicott(16)(16), quando somos, quando somos chamados a intervir em situações dechamados a intervir em situações de desorganização da dinâmica familiar,desorganização da dinâmica familiar, devemos procurar compreender os fatoresdevemos procurar compreender os fatores subjacentes ao problema manifesto parasubjacentes ao problema manifesto para que nossa ajuda possa ser a mais adequadaque nossa ajuda possa ser a mais adequada possível.possível.
  • 39. Intervenção psicanalíticaIntervenção psicanalítica  Em linhas gerais, as intervenções psicanalíticasEm linhas gerais, as intervenções psicanalíticas privilegiam aprivilegiam a resolução de conflitosresolução de conflitos interpessoaisinterpessoais a partir daa partir da elucidação daselucidação das motivações inconscientesmotivações inconscientes dos membros dados membros da família. A presença do terapeuta é dirigida àfamília. A presença do terapeuta é dirigida à elucidação do significado inconsciente doelucidação do significado inconsciente do funcionamento do grupo parental, examinandofuncionamento do grupo parental, examinando sua natureza, suas origens e o papel quesua natureza, suas origens e o papel que desempenha na manutenção de um certo níveldesempenha na manutenção de um certo nível de estabilidade da estruturade estabilidade da estrutura (Melman, 9)(Melman, 9)..
  • 40. Etiologia: mãe EsquizofrenogênicaEtiologia: mãe Esquizofrenogênica  Um dos primeiros trabalhos importantes nessaUm dos primeiros trabalhos importantes nessa área foi elaborado por Reichman, em 1948, que aoárea foi elaborado por Reichman, em 1948, que ao estudar a relação do paciente esquizofrênico comestudar a relação do paciente esquizofrênico com sua família, formula o conceito de mãesua família, formula o conceito de mãe “esquizofrenogênica”, atribuindo, desta maneira,“esquizofrenogênica”, atribuindo, desta maneira, a explicação etiológica da esquizofrenia à relaçãoa explicação etiológica da esquizofrenia à relação mãe e filho. A autora descreve essa mãe comomãe e filho. A autora descreve essa mãe como sendo uma pessoa autoritária, dominadora,sendo uma pessoa autoritária, dominadora, ambivalente, que seria complementada por um paiambivalente, que seria complementada por um pai passivo, indiferente e ausente.passivo, indiferente e ausente.
  • 41. Duplo VínculoDuplo Vínculo  Dentre os vários grupos de pesquisa que seDentre os vários grupos de pesquisa que se organizaram nessa época, o grupo de Gregoryorganizaram nessa época, o grupo de Gregory BatesonBateson, cujo trabalho foi desenvolvido em, cujo trabalho foi desenvolvido em Palo Alto, teve como resultado, em 1956, aPalo Alto, teve como resultado, em 1956, a primeira publicação em trabalho clínico comprimeira publicação em trabalho clínico com família; o artigo clássico intitulado “Towards afamília; o artigo clássico intitulado “Towards a Theory of Schizophrenia” onde é formulado oTheory of Schizophrenia” onde é formulado o conceito deconceito de duplo vínculoduplo vínculo:: – Duas pessoas com alto nível deDuas pessoas com alto nível de envolvimentoenvolvimento – Um paradoxo infringido pela mãe ao bebêUm paradoxo infringido pela mãe ao bebê (vítima)(vítima) – Repetição da experiência que passa a serRepetição da experiência que passa a ser habitualhabitual
  • 42. Na Argentina, no final da década deNa Argentina, no final da década de 50, Pichon-Rivière inclui a família50, Pichon-Rivière inclui a família na sua compreensão de doençana sua compreensão de doença mental.mental.  O autor desenvolveu a noção do paciente como emergenteO autor desenvolveu a noção do paciente como emergente de um grupo familiar doente (bode expiatório), assumindode um grupo familiar doente (bode expiatório), assumindo a função de depositário e porta-voz da patologia de toda aa função de depositário e porta-voz da patologia de toda a família. Sob essa perspectiva, o adoecimento de umfamília. Sob essa perspectiva, o adoecimento de um membro do grupo passou a ser entendido como um pedidomembro do grupo passou a ser entendido como um pedido de ajuda e como uma forma de “preservar” o restante dode ajuda e como uma forma de “preservar” o restante do grupo da situação destrutivagrupo da situação destrutiva (Pichon-Rivière, 11)(Pichon-Rivière, 11).. Paciente Identificado
  • 43. O Paciente IdentificadoO Paciente Identificado  É comum observar que na maioria das famíliasÉ comum observar que na maioria das famílias comprometidas, a doença psiquiátrica de um membrocomprometidas, a doença psiquiátrica de um membro representa o resultado sintomático da necessidade dosrepresenta o resultado sintomático da necessidade dos diversos outros membros se protegerem.diversos outros membros se protegerem.  Uma parte da família tenta manter-se intacta às custasUma parte da família tenta manter-se intacta às custas de outra parte.de outra parte.  Nesse sentido, visto que a história pessoal de cada um éNesse sentido, visto que a história pessoal de cada um é de algum modo única, e que a vulnerabilidadede algum modo única, e que a vulnerabilidade correspondente é diferente, o membro mais frágil teriacorrespondente é diferente, o membro mais frágil teria maior probabilidade de tornar-se omaior probabilidade de tornar-se o paciente identificadopaciente identificado (Skynner, 13)(Skynner, 13) e, criança ou adulto, ele vai revelar-see, criança ou adulto, ele vai revelar-se freqüentemente um emissário disfarçado de um grupofreqüentemente um emissário disfarçado de um grupo familiar emocionalmente deformado.familiar emocionalmente deformado.
  • 44. Resistência à MudançaResistência à Mudança  Para muitos terapeutas familiares de orientação psicanalítica,Para muitos terapeutas familiares de orientação psicanalítica, todos os membros de uma família estão conscientemente detodos os membros de uma família estão conscientemente de acordo em ajudar a superar os sintomas incômodos da pessoaacordo em ajudar a superar os sintomas incômodos da pessoa doente. Mas esse movimento esconde, muitas vezes, umdoente. Mas esse movimento esconde, muitas vezes, um desejo inconsciente de não modificar o equilíbrio familiar,desejo inconsciente de não modificar o equilíbrio familiar, mesmo que insatisfatório. Qualquer mudança pode ser fortemesmo que insatisfatório. Qualquer mudança pode ser forte geradora de resistências, temores de que o sistema grupalgeradora de resistências, temores de que o sistema grupal possa se desintegrar.possa se desintegrar.  Segundo esse modelo, a cada pessoa dentro de uma dinâmicaSegundo esse modelo, a cada pessoa dentro de uma dinâmica familiar são atribuídos papéis e funções. O paciente, aofamiliar são atribuídos papéis e funções. O paciente, ao carregar o papel de doente do grupo, permite que os outroscarregar o papel de doente do grupo, permite que os outros caminhem relativamente bem e se encontrem protegidos doscaminhem relativamente bem e se encontrem protegidos dos sintomas mais graves.sintomas mais graves.
  • 45. Paciente identificadoPaciente identificado  O fato de ter “um paciente” na família dificulta aO fato de ter “um paciente” na família dificulta a diluição da problemática entre todos os membros.diluição da problemática entre todos os membros. Observamos uma força que vai contra essaObservamos uma força que vai contra essa possibilidade. A chance deles perceberem que por trazpossibilidade. A chance deles perceberem que por traz daquele “quadro clínico”, esconde-se um ser humanodaquele “quadro clínico”, esconde-se um ser humano com dificuldades que eventualmente eles próprioscom dificuldades que eventualmente eles próprios apresentem, é muito desestruturante.apresentem, é muito desestruturante.  Existem famílias cujo paciente já está doente há dezExistem famílias cujo paciente já está doente há dez anos e não se sabe nada a respeito de sua doença, muitoanos e não se sabe nada a respeito de sua doença, muito menos dessa pessoa que sofre. A negação é muitomenos dessa pessoa que sofre. A negação é muito comum, e apesar de em alguns momentos funcionarcomum, e apesar de em alguns momentos funcionar como um recurso protetor frente a essa situação muitocomo um recurso protetor frente a essa situação muito assustadora e desgastante, torna-se um importanteassustadora e desgastante, torna-se um importante obstáculo à qualquer possibilidade de melhora.obstáculo à qualquer possibilidade de melhora.
  • 46. Deparamo-nos então com famílias fragilmente estruturadas num equilíbrio muitasDeparamo-nos então com famílias fragilmente estruturadas num equilíbrio muitas vezes precário, na iminência de uma ruptura. Nesses ambientes familiaresvezes precário, na iminência de uma ruptura. Nesses ambientes familiares predominam a baixa qualidade das comunicações, a violência objetiva oupredominam a baixa qualidade das comunicações, a violência objetiva ou encoberta e a pobreza material e/ou afetiva.encoberta e a pobreza material e/ou afetiva.
  • 47. Famílias IndiferenciadasFamílias Indiferenciadas  Essas famílias apresentam-se indiferenciadas, funcionandoEssas famílias apresentam-se indiferenciadas, funcionando através de vínculos simbióticos e alianças extremamenteatravés de vínculos simbióticos e alianças extremamente rígidas. Essas alianças caracterizam-se pelorígidas. Essas alianças caracterizam-se pelo superenvolvimento emocional e seguidas invasões.superenvolvimento emocional e seguidas invasões.  Os familiares mostram-se incapazes de perceber aOs familiares mostram-se incapazes de perceber a qualidade e a intensidade das críticas que um exerce sobrequalidade e a intensidade das críticas que um exerce sobre o outro, observando-se também a dissimulação de forteso outro, observando-se também a dissimulação de fortes sentimentos de rejeição entre eles. Além do que, sãosentimentos de rejeição entre eles. Além do que, são famílias cuja comunicação é absolutamente atrapalhadafamílias cuja comunicação é absolutamente atrapalhada onde um não escuta o outro, ou quando escuta, deturpa aonde um não escuta o outro, ou quando escuta, deturpa a fala sob seu ponto de vista.fala sob seu ponto de vista.
  • 48. ComunicaçãoComunicação  No atendimento a uma família cuja paciente matriculadaNo atendimento a uma família cuja paciente matriculada no hospital tem diagnóstico de transtorno de personalidadeno hospital tem diagnóstico de transtorno de personalidade borderline ocorreu uma situação que ilustra o que foi dito:borderline ocorreu uma situação que ilustra o que foi dito:  Assim que entraram na sessão (como sempre) a mãe pedeAssim que entraram na sessão (como sempre) a mãe pede para a filha começar a falar... Ela começa a reclamar dapara a filha começar a falar... Ela começa a reclamar da mãe e diz que ela é uma louca pois ficou tocando amãe e diz que ela é uma louca pois ficou tocando a campainha dos portões e não aparecia no porteirocampainha dos portões e não aparecia no porteiro eletrônico e ficava pra lá e pra cá!!!! A mãe – por outroeletrônico e ficava pra lá e pra cá!!!! A mãe – por outro lado - refere que estava aflita para que não atrasassem nolado - refere que estava aflita para que não atrasassem no atendimento (pois ela foi andar no parque) e como nãoatendimento (pois ela foi andar no parque) e como não atenderam num portão... Ela foi no outro!atenderam num portão... Ela foi no outro!
  • 49. Família - equipeFamília - equipe  Nesse sentido, deve-se observar que estesNesse sentido, deve-se observar que estes comportamentos repetem-se não só nacomportamentos repetem-se não só na família mas na relação com o terapeuta efamília mas na relação com o terapeuta e também na relação com a equipe de saúdetambém na relação com a equipe de saúde mental.mental.  A família reproduz padrões deA família reproduz padrões de funcionamento doentios (extrema rigidez,funcionamento doentios (extrema rigidez, indiferenciação e impermeabilidade) queindiferenciação e impermeabilidade) que interferem diretamente na atuação dosinterferem diretamente na atuação dos profissionais.profissionais.
  • 50. Portanto o atendimento a famílias gravementePortanto o atendimento a famílias gravemente disfuncionais torna-sedisfuncionais torna-se condiçãocondição para melhorpara melhor evolução daquela situação específica.evolução daquela situação específica. A terapia de Família é concebida como um processo que visa à mudançaA terapia de Família é concebida como um processo que visa à mudança de situações de sofrimento não só através de fazer consciente ode situações de sofrimento não só através de fazer consciente o inconsciente familiar, mas de restabelecer de forma saudável einconsciente familiar, mas de restabelecer de forma saudável e diferenciada a ligação entre os elementos familiares.diferenciada a ligação entre os elementos familiares.
  • 51. Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais  As famílias patológicas (disfuncionais)As famílias patológicas (disfuncionais) demonstram grande intolerância a conflitos.demonstram grande intolerância a conflitos. Não tendo tido condição de fazer face àsNão tendo tido condição de fazer face às angústias inerentes ao desenvolvimentoangústias inerentes ao desenvolvimento prevalecem padrões narcísicos de interação.prevalecem padrões narcísicos de interação.  Ocorre um curto-circuito nos processos deOcorre um curto-circuito nos processos de simbolização e a comunicação familiar costumasimbolização e a comunicação familiar costuma se apresentar bastante deficiente.se apresentar bastante deficiente.  Funcionam de acordo com o princípio doFuncionam de acordo com o princípio do nirvana, buscam nível zero de tensão interna.nirvana, buscam nível zero de tensão interna.
  • 52. Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais  Nessas famílias os mitos encontram-seNessas famílias os mitos encontram-se rigidificados e se apresentam comorigidificados e se apresentam como cânones, com as diferenças não sendocânones, com as diferenças não sendo toleradas.toleradas.  Prevalecem angústias narcísicas (dePrevalecem angústias narcísicas (de abandono, de desassistência), angústiasabandono, de desassistência), angústias persecutórias (de prejuízo e injustiça) epersecutórias (de prejuízo e injustiça) e angústias catastróficas (de deixar deangústias catastróficas (de deixar de ser, com medo da morte psíquica atravésser, com medo da morte psíquica através do enlouquecimento).do enlouquecimento).
  • 53. Famílias disfuncionaisFamílias disfuncionais  Os mecanismos de defesa nessasOs mecanismos de defesa nessas famílias são caracterizados pelafamílias são caracterizados pela massificação e intensidade. Visam certomassificação e intensidade. Visam certo equilíbrio psíquico, ainda que patológico.equilíbrio psíquico, ainda que patológico.  Qualquer intervenção é, portanto,Qualquer intervenção é, portanto, ameaçadora, porque esse equilíbrio éameaçadora, porque esse equilíbrio é muito precário e teme-se ummuito precário e teme-se um desmoronamento a partir do contato comdesmoronamento a partir do contato com uma realidade psíquica tida como muitouma realidade psíquica tida como muito estragada.estragada.
  • 54. Tarefa básicaTarefa básica Segundo Recamier (1988) existem duas tarefasSegundo Recamier (1988) existem duas tarefas básicas que cabem a todo ser humano realizar:básicas que cabem a todo ser humano realizar: fazer face à angústia e ao luto fundamental.fazer face à angústia e ao luto fundamental. Angústia: própria da natureza humana, presenteAngústia: própria da natureza humana, presente desde o início da existência.desde o início da existência. Luto fundamental: perdas, afastamentos eLuto fundamental: perdas, afastamentos e desilusões inerentes ao processo de separaçãodesilusões inerentes ao processo de separação e individuação que não cessam nunca pore individuação que não cessam nunca por serem inerentes ao desenvolvimento e à vidaserem inerentes ao desenvolvimento e à vida (separação psicológica da mãe e perda da(separação psicológica da mãe e perda da ilusão de onipotência).ilusão de onipotência).
  • 55. Tarefa básicaTarefa básica  Considerando-se a importância que aConsiderando-se a importância que a família possa ter nessas tarefasfamília possa ter nessas tarefas universais, podemos simplificadamenteuniversais, podemos simplificadamente dizer que quando elas se apresentamdizer que quando elas se apresentam suficientemente saudáveis, ajudam seussuficientemente saudáveis, ajudam seus membros a superá-las, individual emembros a superá-las, individual e conjuntamente.conjuntamente.  Famílias com potencial patológicoFamílias com potencial patológico obstinam-se em evitar, a todo custo, oobstinam-se em evitar, a todo custo, o vivido da angústia e a dor do luto.vivido da angústia e a dor do luto.
  • 56. Família disfuncionalFamília disfuncional  Segundo Meyer (2002), frente àsSegundo Meyer (2002), frente às ansiedades suscitadas por essas tarefasansiedades suscitadas por essas tarefas universais – já que nelas estãouniversais – já que nelas estão implicadas experiências dolorosas deimplicadas experiências dolorosas de separação, exclusão, perda, com todosseparação, exclusão, perda, com todos os sentimentos penosos e contraditóriosos sentimentos penosos e contraditórios que são o cerne mesmo dessasque são o cerne mesmo dessas experiências – o grupo familiar tende aexperiências – o grupo familiar tende a buscar modos de se livrar da dorbuscar modos de se livrar da dor psíquica, como principalmente a cisão epsíquica, como principalmente a cisão e a projeção dos aspectos insuportáveis.a projeção dos aspectos insuportáveis.
  • 57. Mecanismos de defesaMecanismos de defesa  Os sistemas defensivos familiaresOs sistemas defensivos familiares aparecem como mecanismos matriciaisaparecem como mecanismos matriciais para garantir a permanência dessepara garantir a permanência desse grupo-família. Em certa medida sãogrupo-família. Em certa medida são necessários para a sobrevivência donecessários para a sobrevivência do grupo. Contudo quando utilizados emgrupo. Contudo quando utilizados em excesso revelam famílias cristalizadas eexcesso revelam famílias cristalizadas e fragilmente estruturadas.fragilmente estruturadas.
  • 58. Mecanismos de defesaMecanismos de defesa  Ruffiot (1982) nos fala sobre mecanismos de defesaRuffiot (1982) nos fala sobre mecanismos de defesa familiares:familiares:  Identificação projetiva familiarIdentificação projetiva familiar : consiste no esforço para: consiste no esforço para expulsar para o exterior tudo que é vivido comoexpulsar para o exterior tudo que é vivido como estranho, não aceitável e não assimilável. Em geral sãoestranho, não aceitável e não assimilável. Em geral são aspectos rejeitados que conforme a gravidade doaspectos rejeitados que conforme a gravidade do funcionamento familiar sugerem a intensificação defuncionamento familiar sugerem a intensificação de vivências persecutórias e também mecanismos de cisão,vivências persecutórias e também mecanismos de cisão, negação e controle onipotente.negação e controle onipotente.  Recusa da dependênciaRecusa da dependência : assinala um funcionamento: assinala um funcionamento familiar autárquico, com a impossibilidade de trocas e defamiliar autárquico, com a impossibilidade de trocas e de renovação. Esta recusa quando extrema faz com que arenovação. Esta recusa quando extrema faz com que a família evite o reconhecimento da diferença dasfamília evite o reconhecimento da diferença das gerações.gerações.
  • 59. Mecanismos de defesaMecanismos de defesa  Cisões internas familiaresCisões internas familiares : a família se: a família se apresenta com grupos tidos como “bons”apresenta com grupos tidos como “bons” e “maus”. Isso se dá em qualquer famíliae “maus”. Isso se dá em qualquer família em menor grau e com menos sofrimento.em menor grau e com menos sofrimento. Quando intenso – paciente identificado.Quando intenso – paciente identificado.  Introjeção familiarIntrojeção familiar : tendência arcaica à: tendência arcaica à incorporação que se particulariza pelaincorporação que se particulariza pela sua massificação e crueza, tomando umsua massificação e crueza, tomando um caráter de vampirização ou aspiração.caráter de vampirização ou aspiração.
  • 60.  Em resumo...Em resumo...  Há famílias com capacidadeHá famílias com capacidade para enfrentar seus conflitospara enfrentar seus conflitos e superá-los. Seus membrose superá-los. Seus membros estão suficientementeestão suficientemente diferenciados, a comunicaçãodiferenciados, a comunicação dá-se com suficiente fluidez,dá-se com suficiente fluidez, há recursos para reparação ehá recursos para reparação e elaboração. Diante de algumaelaboração. Diante de alguma dificuldade maior, procuramdificuldade maior, procuram ajuda, estabelecem trocas,ajuda, estabelecem trocas, buscam saídas, transformam.buscam saídas, transformam.
  • 61.  Nas famílias disfuncionais, o conflitoNas famílias disfuncionais, o conflito original não foi superado, prepondera aoriginal não foi superado, prepondera a confusão entre os membros com padrõesconfusão entre os membros com padrões paradoxais de interação. Nessas famíliasparadoxais de interação. Nessas famílias “viver junto é impossível, mas separa-se“viver junto é impossível, mas separa-se é mortal”.é mortal”.
  • 62. Padrões de interaçãoPadrões de interação  Poderíamos agora tentar assinalar aPoderíamos agora tentar assinalar a prevalência de certos padrões de interação,prevalência de certos padrões de interação, sem propor uma tipologia familiar, comsem propor uma tipologia familiar, com esquematizações redutoras.esquematizações redutoras.  Alguns parâmetros podem nortear: aAlguns parâmetros podem nortear: a compreensão da sintomatologia familiar, umacompreensão da sintomatologia familiar, uma possível indicação terapêutica e os aspectospossível indicação terapêutica e os aspectos prognósticos a serem considerados.prognósticos a serem considerados.
  • 63. Famílias PsicossomáticasFamílias Psicossomáticas  São famílias que dão uma ênfaseSão famílias que dão uma ênfase excessiva nos papéis de cuidadoexcessiva nos papéis de cuidado funcionando melhor quando alguém estáfuncionando melhor quando alguém está doente (fisicamente).doente (fisicamente).  Minuchin (1982) comenta que famíliasMinuchin (1982) comenta que famílias psicossomáticas são caracterizadaspsicossomáticas são caracterizadas principalmente pela falta de definiçõesprincipalmente pela falta de definições de limites, por fronteiras difusas ede limites, por fronteiras difusas e tendência a apoiar a expressão somáticatendência a apoiar a expressão somática dos conflitos.dos conflitos.
  • 64. Famílias PsicossomáticasFamílias Psicossomáticas  Famílias com sintomatologia psicossomáticaFamílias com sintomatologia psicossomática apresentam uma vida de fantasia empobrecida,apresentam uma vida de fantasia empobrecida, com maior propensão ao raciocínio concreto,com maior propensão ao raciocínio concreto, preocupação com o sucesso e disposição parapreocupação com o sucesso e disposição para falar de sintomas corporais. A fantasiafalar de sintomas corporais. A fantasia predominante nessas famílias é a de um corpopredominante nessas famílias é a de um corpo único, portanto inseparável.único, portanto inseparável.  Bruch (1973) ressalta a presença de figurasBruch (1973) ressalta a presença de figuras parentais muito controladoras e em geralparentais muito controladoras e em geral intrusivas.intrusivas.
  • 65. Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento perversoperverso  Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento perverso têm como característicaperverso têm como característica predominante a passagem ao ato,predominante a passagem ao ato, também decorrente de uma falta detambém decorrente de uma falta de simbolização. Caracterizam-se pelasimbolização. Caracterizam-se pela dinâmica violenta, agressiva edinâmica violenta, agressiva e destrutiva, seja ela física, moraldestrutiva, seja ela física, moral e/ou sexual, ainda que nãoe/ou sexual, ainda que não necessariamente explícita.necessariamente explícita.
  • 66. Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento perversoperverso  Segundo um estudo comparativo entre famílias deSegundo um estudo comparativo entre famílias de pacientes com transtorno de personalidade borderline,pacientes com transtorno de personalidade borderline, com esquizofrenia paranóide e funcionamento neuróticocom esquizofrenia paranóide e funcionamento neurótico constatou-se que:constatou-se que: - As famílias de pacientes com transtorno de- As famílias de pacientes com transtorno de personalidade borderline (TPB) eram mais distintas dopersonalidade borderline (TPB) eram mais distintas do que as outras duas do grupo controle.que as outras duas do grupo controle. - Ambas as figuras parentais eram mais- Ambas as figuras parentais eram mais doentes e menos funcionais em comparação com osdoentes e menos funcionais em comparação com os outros gruposoutros grupos - Os fatores utilizados para essa- Os fatores utilizados para essa diferenciação foram: psicose materna, colocação pobrediferenciação foram: psicose materna, colocação pobre de regras, ausência de envolvimento maternal ede regras, ausência de envolvimento maternal e tendência a ver um dos filhos como o bom e o outrotendência a ver um dos filhos como o bom e o outro como mau.como mau. - Mãe de pacientes com transtorno borderline- Mãe de pacientes com transtorno borderline tem menos condições de obter gratificação na relaçãotem menos condições de obter gratificação na relação com os filhos.com os filhos.
  • 67. Famílias com funcionamentoFamílias com funcionamento perversoperverso  Essas famílias são melhor caracterizadas pelaEssas famílias são melhor caracterizadas pela intensa rigidez do vínculo conjugal do que pelaintensa rigidez do vínculo conjugal do que pela falta de atenção, suporte ou proteção emfalta de atenção, suporte ou proteção em relação aos filhos. Segundo o autorrelação aos filhos. Segundo o autor (Gunderson, 1980), esse achado corresponde(Gunderson, 1980), esse achado corresponde às observações de Kernberg (1992) sobre aàs observações de Kernberg (1992) sobre a tendência dos pacientes com TPB perceberemtendência dos pacientes com TPB perceberem seus pais como um “grupo muito unido”. Ouseus pais como um “grupo muito unido”. Ou seja,seja, – Investimento na relação conjugal emInvestimento na relação conjugal em detrimento da função parentaldetrimento da função parental – Os pais (fathers) dos pacientes com TPBOs pais (fathers) dos pacientes com TPB eram menos dominantes e menos efetivoseram menos dominantes e menos efetivos em suas funções do que os pais dos outrosem suas funções do que os pais dos outros dois grupos.dois grupos.
  • 68. Família e o Funcionamento ObsessivoFamília e o Funcionamento Obsessivo CompulsivoCompulsivo  Nas famílias com interações obsessivo-Nas famílias com interações obsessivo- compulsivas observa-se um intensocompulsivas observa-se um intenso envolvimento dos familiares com o transtornoenvolvimento dos familiares com o transtorno do membro portador, inclusive com ado membro portador, inclusive com a participação em seus rituais, que acabam separticipação em seus rituais, que acabam se transformando em rituais familiares.transformando em rituais familiares.  Há uma concordância familiar como meio deHá uma concordância familiar como meio de evitar conflitos: separação e individuação sãoevitar conflitos: separação e individuação são assim evitadas, porque ninguém pode fazerassim evitadas, porque ninguém pode fazer nada sozinho.nada sozinho.  Observa-se também excessiva rigidez dosObserva-se também excessiva rigidez dos progenitores, controle muito acentuado eprogenitores, controle muito acentuado e grande preocupação com a ordem e agrande preocupação com a ordem e a meticulosidade, o que pode contribuir para ometiculosidade, o que pode contribuir para o aparecimento de disfunções comunicacionais.aparecimento de disfunções comunicacionais.
  • 69. Família e o Transtorno ObsessivoFamília e o Transtorno Obsessivo CompulsivoCompulsivo  A superproteção e a falta de afeto tambémA superproteção e a falta de afeto também influenciam no desenvolvimento desse tipo deinfluenciam no desenvolvimento desse tipo de transtorno.transtorno.  O modelo de evitação, cuidados excessivos eO modelo de evitação, cuidados excessivos e medos predispõe uma criança mais vulnerável amedos predispõe uma criança mais vulnerável a desenvolver sintomas obsessivos compulsivos.desenvolver sintomas obsessivos compulsivos.  Pais que reforçam interpretações temerosas doPais que reforçam interpretações temerosas do mundo contribuem para o transtorno.mundo contribuem para o transtorno.  Em geral são famílias com pouca flexibilidade eEm geral são famílias com pouca flexibilidade e capacidade de adaptabilidade diante dascapacidade de adaptabilidade diante das adversidades.adversidades.
  • 70. Família e Transtornos AfetivosFamília e Transtornos Afetivos  Em famílias de pacientes com transtornosEm famílias de pacientes com transtornos afetivos é comum observar dois tipos deafetivos é comum observar dois tipos de funcionamento:funcionamento: – a família vive a depressão junto com oa família vive a depressão junto com o paciente, com prostração e paralisaçãopaciente, com prostração e paralisação diante da vida ou;diante da vida ou; – reage maniacamente quase que negando asreage maniacamente quase que negando as condições de sofrimento do familiar.condições de sofrimento do familiar.  É muito comum a crença de que o pacienteÉ muito comum a crença de que o paciente pode controlar seus sintomas e o nível depode controlar seus sintomas e o nível de crítica e exigência em relação a ele é muitocrítica e exigência em relação a ele é muito alto. Essa postura reflete na verdade um fortealto. Essa postura reflete na verdade um forte sentimento de impotência diante do pacientesentimento de impotência diante do paciente
  • 71. Famílias EnlutadasFamílias Enlutadas  Nas famílias enlutadas, a depressão é pelaNas famílias enlutadas, a depressão é pela experiência de uma perda real e significativa.experiência de uma perda real e significativa.  Para que essa situação evolua de formaPara que essa situação evolua de forma satisfatória, a família tem que estarsatisfatória, a família tem que estar razoavelmente diferenciada e portanto serrazoavelmente diferenciada e portanto ser capaz de um cuidar da dor do outro e dacapaz de um cuidar da dor do outro e da própria dor sem vínculos de co-dependência.própria dor sem vínculos de co-dependência.  Observa-se que muitas vezes uma situação deObserva-se que muitas vezes uma situação de luto mal resolvida vai eclodir em geraçõesluto mal resolvida vai eclodir em gerações seguintes e, em geral como um elementoseguintes e, em geral como um elemento impeditivo da aquisição da autonomia.impeditivo da aquisição da autonomia.
  • 72. Famílias de esquizofrênicosFamílias de esquizofrênicos  Em famílias de pacientesEm famílias de pacientes esquizofrênicos é comum observar-seesquizofrênicos é comum observar-se um funcionamento simbiótico entre todosum funcionamento simbiótico entre todos os membros. Observando-se muitasos membros. Observando-se muitas vezes pais distantes e indiferentes.vezes pais distantes e indiferentes.  Bowen em 1954, a partir de estudosBowen em 1954, a partir de estudos sobre a esquizofrenia, observou que “asobre a esquizofrenia, observou que “a fusão emocional entre a mãe e o filho(a)fusão emocional entre a mãe e o filho(a) pode assumir a forma de um vínculopode assumir a forma de um vínculo dependente afetivo ou uma lutadependente afetivo ou uma luta conflituosa”. A dinâmica básicaconflituosa”. A dinâmica básica subjacente a essa fusão seria asubjacente a essa fusão seria a alternância entre a ansiedade dealternância entre a ansiedade de
  • 73. ComunicaçãoComunicação  Observa-se que a comunicação em geral se estabeleceObserva-se que a comunicação em geral se estabelece através da identificação projetiva. Entende-se aqui poratravés da identificação projetiva. Entende-se aqui por comunicação, a possibilidade da criação de um campo decomunicação, a possibilidade da criação de um campo de linguagem que propicie o conhecimento e a compreensãolinguagem que propicie o conhecimento e a compreensão de cada um dos membros da famíliade cada um dos membros da família (Minuchin, 10)(Minuchin, 10)..  A fala “...nãoA fala “...não dê ouvidodê ouvido para essas vozes...”, revela apara essas vozes...”, revela a angústia da família e a impossibilidade dela em acolherangústia da família e a impossibilidade dela em acolher a situação de crise (além de certa concretude sobre oa situação de crise (além de certa concretude sobre o assunto). Esse movimento, na verdade revela mais umaassunto). Esse movimento, na verdade revela mais uma forma da família entrar em contato com esta situaçãoforma da família entrar em contato com esta situação pois essa fala aparentemente apaziguadora para opois essa fala aparentemente apaziguadora para o paciente, na verdade serve muito mais ao familiar, parapaciente, na verdade serve muito mais ao familiar, para ele próprio tentar se tranqüilizar.ele próprio tentar se tranqüilizar.
  • 74.  A família está em crise e a internação surge paraA família está em crise e a internação surge para resolverresolver a crisea crise “...o médico, Graças a Deus,“...o médico, Graças a Deus, internou eleinternou ele pra mimpra mim...”. Esse desejo de que o...”. Esse desejo de que o paciente fique internado (que muitas vezes épaciente fique internado (que muitas vezes é ambivalente) acaba impedindo que se criemambivalente) acaba impedindo que se criem possibilidades para o retorno do mesmo e apossibilidades para o retorno do mesmo e a família acaba “atuando” o tempo todo para umafamília acaba “atuando” o tempo todo para uma atmosfera perturbadora com conseqüente pioraatmosfera perturbadora com conseqüente piora do paciente e maior permanência deste numado paciente e maior permanência deste numa enfermaria.enfermaria.
  • 75.  Nos casos desses pacientes internados, os familiaresNos casos desses pacientes internados, os familiares tendem a esperar que o terapeuta e a Instituiçãotendem a esperar que o terapeuta e a Instituição desempenhem o papel de Deus. Há a exigência dedesempenhem o papel de Deus. Há a exigência de uma proteção mágica. Contam com a possibilidadeuma proteção mágica. Contam com a possibilidade de “reaver” um membro que era dado como casode “reaver” um membro que era dado como caso perdido, como se o hospital fosse “devolvê-lo”perdido, como se o hospital fosse “devolvê-lo” completamente curado. É possível também que estacompletamente curado. É possível também que esta fantasia seja fruto de uma postura da Instituição,fantasia seja fruto de uma postura da Instituição, esta atuando como favorecedora deste tipo deesta atuando como favorecedora deste tipo de vínculo. Nesse caso tem que se ter muito cuidadovínculo. Nesse caso tem que se ter muito cuidado com a comunicação estabelecida entre a família, acom a comunicação estabelecida entre a família, a Instituição e o paciente.Instituição e o paciente.
  • 76.  Em contrapartida o hospital psiquiátrico éEm contrapartida o hospital psiquiátrico é associado a muitos medos e estigmas e a tendênciaassociado a muitos medos e estigmas e a tendência de algumas famílias é sentirem-se melhor quantode algumas famílias é sentirem-se melhor quanto mais longe possível puderam ficar.mais longe possível puderam ficar.  Nesses casos, os profissionais devem “batalhar”Nesses casos, os profissionais devem “batalhar” pela possibilidade do atendimento (sempela possibilidade do atendimento (sem desconsiderar a importância de umdesconsiderar a importância de um comprometimento da família).comprometimento da família).
  • 77.  Nos casos de internação fica muito mais fácil manter a dinâmica doNos casos de internação fica muito mais fácil manter a dinâmica do “bode expiatório”. Não é incomum ver a família responsabilizar o“bode expiatório”. Não é incomum ver a família responsabilizar o paciente pela oscilação de seu próprio estado. Ou seja, quando opaciente pela oscilação de seu próprio estado. Ou seja, quando o paciente não está bem, ninguém está, todos ficam mal. Cria-se um pesopaciente não está bem, ninguém está, todos ficam mal. Cria-se um peso muito grande, uma responsabilidade enorme para o paciente pois delemuito grande, uma responsabilidade enorme para o paciente pois dele depende o bem estar da família toda. Esse comportamento podedepende o bem estar da família toda. Esse comportamento pode caracterizar uma família com importante indiscriminação (11).caracterizar uma família com importante indiscriminação (11).  Algumas mais indiferenciadas expressam verbalmente este aspectoAlgumas mais indiferenciadas expressam verbalmente este aspecto “...eu só vou ser feliz quando você ficar bom...”, “...quando ele sente-“...eu só vou ser feliz quando você ficar bom...”, “...quando ele sente- se em pânico, se recolhe, fica com raiva e despeja tudo nos outros, euse em pânico, se recolhe, fica com raiva e despeja tudo nos outros, eu fico igualzinha a ele...”. Podem até sentir-se melhor, mas na verdadefico igualzinha a ele...”. Podem até sentir-se melhor, mas na verdade estão colocando um peso enorme nas mãos do paciente, muitas vezesestão colocando um peso enorme nas mãos do paciente, muitas vezes contribuindo para o aumento de sua ansiedade e possível piora .contribuindo para o aumento de sua ansiedade e possível piora .
  • 78.  Observa-se muita dificuldade de aceitação daObserva-se muita dificuldade de aceitação da doença, condição essa que implica à família,doença, condição essa que implica à família, principalmente aos pais, entrar em contato comprincipalmente aos pais, entrar em contato com uma ferida narcísica extremamente doloridauma ferida narcísica extremamente dolorida “...quebrou nosso orgulho...”. É a constatação de“...quebrou nosso orgulho...”. É a constatação de que esses pais falharam, de que erraram. Surge umque esses pais falharam, de que erraram. Surge um sentimento de impotência muito grandesentimento de impotência muito grande principalmente nas mães queprincipalmente nas mães que sempresempre cuidaram doscuidaram dos filhos,filhos, sempresempre foram capazes de curar qualquerforam capazes de curar qualquer doença. Então, como se deparar com algo que fogedoença. Então, como se deparar com algo que foge absolutamente ao controle e é totalmenteabsolutamente ao controle e é totalmente desconhecido? É muito desestruturante.desconhecido? É muito desestruturante.
  • 79.  Foi relatado um caso de um paciente que ficou umFoi relatado um caso de um paciente que ficou um ano isolado em casa sem tratamento e sua mãe sóano isolado em casa sem tratamento e sua mãe só levou-o ao hospital quando o mesmo passou alevou-o ao hospital quando o mesmo passou a ficar muito agitado. Esta situação ocorre comficar muito agitado. Esta situação ocorre com freqüência, pois enquanto o paciente está quieto,freqüência, pois enquanto o paciente está quieto, “sem dar trabalho, bonzinho”, mesmo que fique“sem dar trabalho, bonzinho”, mesmo que fique horas na cama, parece que para a família estáhoras na cama, parece que para a família está tudo bem. A maioria das famílias tem a concepçãotudo bem. A maioria das famílias tem a concepção de que o indivíduo só está doente quando estáde que o indivíduo só está doente quando está agressivo, gritando e espumando. Nessas situaçõesagressivo, gritando e espumando. Nessas situações os familiares acabam procurando atendimentoos familiares acabam procurando atendimento quando a doença já tem anos de evolução.quando a doença já tem anos de evolução.
  • 80.  A aceitação da doença éA aceitação da doença é fundamental tanto porfundamental tanto por parte da família quantoparte da família quanto por parte do paciente. Opor parte do paciente. O fato é que essesfato é que esses transtornos colocam emtranstornos colocam em cheque uma série decheque uma série de teorias que as famíliasteorias que as famílias tem a respeito dastem a respeito das relações e da educação. Érelações e da educação. É um assunto que nãoum assunto que não corresponde a nenhumacorresponde a nenhuma lógica, não faz sentido,lógica, não faz sentido, deixando a todos muitodeixando a todos muito angustiados.angustiados.
  • 81.  De fato as famílias chegam ao hospital com as teorias maisDe fato as famílias chegam ao hospital com as teorias mais variadas possíveis a respeito do que é um transtornovariadas possíveis a respeito do que é um transtorno mental. Cada família divide uma série de crenças e valoresmental. Cada família divide uma série de crenças e valores por vezes funcionando até como um sistema de defesas.por vezes funcionando até como um sistema de defesas.  Através de suas falas observam-se essas fantasias: “...meuAtravés de suas falas observam-se essas fantasias: “...meu filho sempre foi muito bom menino, só as vezes fazfilho sempre foi muito bom menino, só as vezes faz malcriação...”, “...é uma determinação de Deus e só elemalcriação...”, “...é uma determinação de Deus e só ele mesmo pra curar...”, “...é deficiência de um líquido quemesmo pra curar...”, “...é deficiência de um líquido que não chega no cérebro...”, “...pegou esquizofrenia nonão chega no cérebro...”, “...pegou esquizofrenia no baile...”, “...ai sebaile...”, “...ai se eueu tivesse no lugar dele,tivesse no lugar dele, eueu faria essefaria esse tratamento...”. Surgem também muitas expectativas detratamento...”. Surgem também muitas expectativas de soluções mágicas “...porque a senhora não desperta asoluções mágicas “...porque a senhora não desperta a inteligência de seu filho...” , “...eu sei que se ele casasseinteligência de seu filho...” , “...eu sei que se ele casasse tudo se resolveria...”, algumas mães inconformadas, “..eletudo se resolveria...”, algumas mães inconformadas, “..ele foi super desejado, foi super querido, primeiro neto,foi super desejado, foi super querido, primeiro neto, sempre teve tudo...”.sempre teve tudo...”.
  • 82.  Observa-se também o quanto essas famílias têm medo deObserva-se também o quanto essas famílias têm medo de enlouquecer e o quanto em alguns momentos elas seenlouquecer e o quanto em alguns momentos elas se misturam com a situação do próprio paciente. A irmã de ummisturam com a situação do próprio paciente. A irmã de um paciente em certa ocasião falou: “...nosso quadro familiar...”,paciente em certa ocasião falou: “...nosso quadro familiar...”, ou “...nosso grupo é só de esquizofrênicos?”.ou “...nosso grupo é só de esquizofrênicos?”.  Constata-se então, que essas pessoas acabam trazendo deConstata-se então, que essas pessoas acabam trazendo de forma muito rica como lidam com a situação e que poucasforma muito rica como lidam com a situação e que poucas famílias tentam (e podem) compreender o que acontece,famílias tentam (e podem) compreender o que acontece, enquanto a maioria procura seenquanto a maioria procura se afastarafastar ou então encontram-seou então encontram-se tão desorganizadas que fundem-se à loucura do paciente etão desorganizadas que fundem-se à loucura do paciente e atuam juntamente com ele.atuam juntamente com ele.
  • 83.  As expectativas são muito altas, como já foi dito, chegando aAs expectativas são muito altas, como já foi dito, chegando a níveis de pensamentos mágicos, super-compensatórios. Emníveis de pensamentos mágicos, super-compensatórios. Em dada ocasião uma senhora já de muita idade falou a respeitodada ocasião uma senhora já de muita idade falou a respeito de seu filho “...é que nem uma gulodice, a gente quer que sarede seu filho “...é que nem uma gulodice, a gente quer que sare logo!”.logo!”.  Contudo quanto mais altas essas expectativas maisContudo quanto mais altas essas expectativas mais freqüentemente o contato com o paciente torna-se fonte defreqüentemente o contato com o paciente torna-se fonte de inúmeras frustrações, principalmente no caso de pacientesinúmeras frustrações, principalmente no caso de pacientes crônicoscrônicos (3)(3). Em um dos atendimentos um pai comentou “.... Em um dos atendimentos um pai comentou “... sinto-me como um rato que entrou numa ratoeira e não temsinto-me como um rato que entrou numa ratoeira e não tem mais retorno...”.mais retorno...”.
  • 84.  Outro aspecto importante observado nos atendimentos é aOutro aspecto importante observado nos atendimentos é a dificuldade no estabelecimento dos limites. As famílias emdificuldade no estabelecimento dos limites. As famílias em geral confundemgeral confundem cuidarcuidar comcom cada uma faz o que quercada uma faz o que quer. Não. Não há parâmetros a serem estabelecidos.há parâmetros a serem estabelecidos.  A questão é quando dar “colo” e quando colocar limites.A questão é quando dar “colo” e quando colocar limites.
  • 85.  Por exemplo havia uma mãe, cujo filho estava internado, emPor exemplo havia uma mãe, cujo filho estava internado, em surto psicótico, com graves distúrbios alimentares, não tinhasurto psicótico, com graves distúrbios alimentares, não tinha limites para comer, alimentava-se de tudo o que havia na sualimites para comer, alimentava-se de tudo o que havia na sua frente e após, vomitava. Essa mãe, em todas as visitas traziafrente e após, vomitava. Essa mãe, em todas as visitas trazia um bolo (tipo Frapé) o qual obviamente o paciente comiaum bolo (tipo Frapé) o qual obviamente o paciente comia inteiro. Ao ser abordado esse assunto na sessão (pela irmã) ainteiro. Ao ser abordado esse assunto na sessão (pela irmã) a mãe dizia que sentia muita pena do filho, pois ele estava nessamãe dizia que sentia muita pena do filho, pois ele estava nessa enfermaria horrível, sozinho e magrinho e que umenfermaria horrível, sozinho e magrinho e que um “pouquinho” de bolo na visita poderia alegrá-lo. Nem sequer“pouquinho” de bolo na visita poderia alegrá-lo. Nem sequer passava pela sua cabeça que ela poderiapassava pela sua cabeça que ela poderia dardar outras coisas aooutras coisas ao seu filho, que não comida, ou que ela poderia alegrá-lo eseu filho, que não comida, ou que ela poderia alegrá-lo e preenchê-lo também com palavras, ou até com um simplespreenchê-lo também com palavras, ou até com um simples olhar.olhar.
  • 86.  Em outras ocasiões vemos que o discurso do paciente éEm outras ocasiões vemos que o discurso do paciente é veementementeveementemente rejeitado “... isso é papo de louco...”, ou querejeitado “... isso é papo de louco...”, ou que muitas vezes ele é excluído de decisões e problemáticas damuitas vezes ele é excluído de decisões e problemáticas da família.família.  Contudo, por mais frágil que esta família se encontre elaContudo, por mais frágil que esta família se encontre ela ainda é oainda é o único ponto de referênciaúnico ponto de referência deste indivíduo. É o seudeste indivíduo. É o seu único elo de ligação com o meio externo, com suas raízes, suaúnico elo de ligação com o meio externo, com suas raízes, sua identidade. Ocultar algumas situações e emoções ao pacienteidentidade. Ocultar algumas situações e emoções ao paciente é compactuar com sua alienação e conseqüentemente com suaé compactuar com sua alienação e conseqüentemente com sua loucura. É deixar de fazer a ligação (ainda que precária) deloucura. É deixar de fazer a ligação (ainda que precária) de seu mundo de fantasias com o mundo real. Delirante ou não,seu mundo de fantasias com o mundo real. Delirante ou não, naquele momento é só o que o paciente tem a oferecer.naquele momento é só o que o paciente tem a oferecer.
  • 87.
  • 88.  É nesta relação “tão delicada” que as famílias criamÉ nesta relação “tão delicada” que as famílias criam preconcepções a respeito dos pacientes, como forma depreconcepções a respeito dos pacientes, como forma de diminuir a angústia frente a este desconhecido. É como se já odiminuir a angústia frente a este desconhecido. É como se já o conhecessem e conseguissem prever todas as suas atitudesconhecessem e conseguissem prever todas as suas atitudes sentindo-se mais seguros para lidar com eles. Contudo, acabasentindo-se mais seguros para lidar com eles. Contudo, acaba surgindo uma barreira no contato com o mesmo nãosurgindo uma barreira no contato com o mesmo não permitindo um olhar mais amplo e a percepção de novospermitindo um olhar mais amplo e a percepção de novos movimentos do mesmo. O paciente por outro lado, acabamovimentos do mesmo. O paciente por outro lado, acaba sentindo-se amarrado a esses rótulos e acaba atuando desentindo-se amarrado a esses rótulos e acaba atuando de acordo com eles. A família traz um discurso taxativo eacordo com eles. A família traz um discurso taxativo e possessivo “...só eu o conheço, só eu que sei...”. É tambémpossessivo “...só eu o conheço, só eu que sei...”. É também uma maneira de impedir qualquer possibilidade deuma maneira de impedir qualquer possibilidade de aproximação e trabalho.aproximação e trabalho.
  • 89.  O papel que o paciente desempenha perante aO papel que o paciente desempenha perante a família e esta em relação a ele adquire formasfamília e esta em relação a ele adquire formas muito peculiares que vão depender de uma redemuito peculiares que vão depender de uma rede muito extensa de articulações. Como jámuito extensa de articulações. Como já mencionamos, muitas vezesmencionamos, muitas vezes a doença éa doença é necessária em determinada famílianecessária em determinada família que por umaque por uma série de motivos só mantém sua coesão diante dasérie de motivos só mantém sua coesão diante da necessidade de cuidar de alguém, o que podenecessidade de cuidar de alguém, o que pode significar, cuidar da sua própria loucura da qualsignificar, cuidar da sua própria loucura da qual esse paciente é o porta voz.esse paciente é o porta voz.
  • 90. Estágios de ciclo de vidaEstágios de ciclo de vida familiarfamiliar ProcessoProcesso emocionalemocional dede transiçãotransição Mudanças de 2ª. Ordem noMudanças de 2ª. Ordem no status familiar necessáriasstatus familiar necessárias para prosseguir opara prosseguir o desenvolvimentodesenvolvimento 1.Saindo de casa: jovens1.Saindo de casa: jovens solteirossolteiros 2.A união de famílias no2.A união de famílias no casamento: o novo casalcasamento: o novo casal 3.Famílias com filhos3.Famílias com filhos pequenospequenos 4.Famílias com4.Famílias com adolescentesadolescentes 5.Lançando os filhos e5.Lançando os filhos e seguindo em frenteseguindo em frente 6. Famílias no estágio6. Famílias no estágio tardio da vidatardio da vida
  • 91. FIM
  • 92. BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA  1.ACKERMAN, N. W.-1.ACKERMAN, N. W.-Diagnóstico e Tratamento das RelaçõesDiagnóstico e Tratamento das Relações FamiliaresFamiliares. Porto-Alegre, Artes Médicas, 1995.. Porto-Alegre, Artes Médicas, 1995.  2.BLEANDOUM,G.-2.BLEANDOUM,G.-Hopitaux de Jour et psychiatrie dans laHopitaux de Jour et psychiatrie dans la communautecommunaute. Paris, Payot, 1974.. Paris, Payot, 1974.  3.BLEGER, J.-3.BLEGER, J.-Psicohigiene y psicologia institucionalPsicohigiene y psicologia institucional.Buenos Aires,.Buenos Aires, Paidós, 1966.Paidós, 1966.  4.BOWEN, M.-4.BOWEN, M.-Principles and Thecniques of Multiple FamilyPrinciples and Thecniques of Multiple Family TherapyTherapy, in BRADT, J. O. and MORGNIHAN, O.J., in BRADT, J. O. and MORGNIHAN, O.J. SystemsSystems Therapy- Selected Paper: Theory, Technique and Research,Therapy- Selected Paper: Theory, Technique and Research, obtainable from Groome Child Guidance Center, 5225obtainable from Groome Child Guidance Center, 5225 Loughborough Rd., N.W., Washington, D.C. 20016.Loughborough Rd., N.W., Washington, D.C. 20016.
  • 93. BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA  5. EIGUER,A.-5. EIGUER,A.-O Parentesco Fantasmático.O Parentesco Fantasmático.São Paulo,Casa do Psicólogo,1995.São Paulo,Casa do Psicólogo,1995.  6. GLICK, J.D.& KESSELER, D.R.-6. GLICK, J.D.& KESSELER, D.R.-Marital and Family TherapyMarital and Family Therapy. London,. London, Hogarth, l988.Hogarth, l988.  7. GOLDBERG, Jairo.-7. GOLDBERG, Jairo.-A Clínica da Psicose um projeto na Rede PúblicaA Clínica da Psicose um projeto na Rede Pública.Rio de.Rio de Janeiro, Te Corá, 1994.Janeiro, Te Corá, 1994.  8. GRECO, Francisco.-8. GRECO, Francisco.-Introdução de Tratamentos Psicológicos e Sociais emIntrodução de Tratamentos Psicológicos e Sociais em Enfermarias psiquiátricas:Enfermarias psiquiátricas: contribuição à terapêutica de esquizofrênicoscontribuição à terapêutica de esquizofrênicos hospitalizadoshospitalizados. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo, 1988.. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo, 1988.  9. JONAS, M. – Família e Doença Mental: repensando a relação entre9. JONAS, M. – Família e Doença Mental: repensando a relação entre profissionais de saúde e familiares. São Paulo, Escrituras Editora, 2001.profissionais de saúde e familiares. São Paulo, Escrituras Editora, 2001.  10. MINUCHIN, S.-10. MINUCHIN, S.-Famílies and Family TherapyFamílies and Family Therapy.Cambridge, Harvard.Cambridge, Harvard University Press, 1974.University Press, 1974.
  • 94. BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA  11. PICHON - RIVIERE, E.-11. PICHON - RIVIERE, E.-O Processo GrupalO Processo Grupal. São Paulo, Martins Fontes,. São Paulo, Martins Fontes, 1991.1991.  12. PITTA, A.M.F.-12. PITTA, A.M.F.- Avaliação de Serviços e a produção de cidadaniaAvaliação de Serviços e a produção de cidadania. In:. In: KALIL, M.E. (org.).KALIL, M.E. (org.). Saúde Mental e cidadania nos sistemas locais de saúdeSaúde Mental e cidadania nos sistemas locais de saúde. São. São Paulo, Hucitec, 1992.Paulo, Hucitec, 1992.  13. SKYNNER, A.C.R.-13. SKYNNER, A.C.R.- One Flash:Separate Persons-Principles of Familiy andOne Flash:Separate Persons-Principles of Familiy and Marital PsychotherapyMarital Psychotherapy. Group Analysis, V : 95-98, 1962.. Group Analysis, V : 95-98, 1962.  14. TOMMASI, MCF. -14. TOMMASI, MCF. - “Uma Experiência Institucional com Grupos“Uma Experiência Institucional com Grupos Multifamiliares no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas daMultifamiliares no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”, Revista de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica 23(10): 33-40, 1996.Clínica 23(10): 33-40, 1996.  15. SILVA, MCF. - Fundamentos e Prática em Hospital-Dia e Reabilitação15. SILVA, MCF. - Fundamentos e Prática em Hospital-Dia e Reabilitação Psicossocial. São Paulo, Atheneu, 2008.Psicossocial. São Paulo, Atheneu, 2008.  16. WINNICOTT, D.W. – A Família e o Desenvolvimento Individual. São16. WINNICOTT, D.W. – A Família e o Desenvolvimento Individual. São Paulo, Martins Fontes, 1993.Paulo, Martins Fontes, 1993.