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MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
Humanas
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Eduardo Campos
Eustáquio de Sene
MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
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MANUAL DO
PROFESSOR
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor
de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio
Eduardo Campos
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP)
CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais)
e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior
Eustáquio de Sene
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti-
culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos
1a
edição, São Paulo, 2020
em
Ci•ncias
Humanas
2
Presidência: Paulo Serino
Direção editorial: Lauri Cericato
Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel
Gestão de área: Brunna Paulussi
Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa
Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos
Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha
Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca,
Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist,
Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi,
Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana,
Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus,
Sandra Fernandez e Sueli Bossi
Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.),
Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação)
Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.),
Evelyn Torrecilla (pesquisa iconográfica), Cesar Wolf (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.),
Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.)
Ilustrações: Cassiano Röda e Fórmula Produções
Cartografia: Mouses Sagiorato e Portal de Mapas
Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor)
Foto de capa: moodboard/Getty Images
Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A.
Avenida Paulista, 901, 4o
andar
Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200
Tel.: 4003-3061
www.edocente.com.br
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua - CRB-8/7057
2020
Código da obra CL 720008
CAE 729791 (AL) / 729792 (PR)
1a
edição
1a
impressão
De acordo com a BNCC.
Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens
presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões
de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que,
eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão,
são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Impressão e acabamento
3
Apresentação
Caro(a) estudante,
Neste volume foram mobilizados fatos, conceitos e procedimentos
para ajudá-lo a compreender os processos de construção e de conquista
da cidadania e da democracia ao longo da história.
Nesse levantamento, enfatizou-se a imposição de poderes sobre
populações locais durante os processos de colonização e de indepen-
dência em diversos países da América Latina. Uma construção que im-
pactou o conjunto latino-americano, especialmente o Brasil, ao longo dos
séculos XIX e XX.
Você também vai estudar as ditaduras, tanto antes da Guerra Fria
como durante esse período, e como esses regimes deixaram cicatrizes na
difícil conquista da democracia durante as últimas décadas.
O volume também discute a questão dos Direitos Humanos, resga-
tando sua gênese histórica, sobretudo na Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos de 1948, e buscando sua efetivação nas relações sociais lo-
cais, nacionais e internacionais. Isso, claro, por meio da ação dos Estados
e de organizações não governamentais (ONGs).
Ao longo do volume são propiciadas diversas oportunidades para que
você coloque em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do estudo
da realidade local, nacional e mundial, exercendo assim seu protagonismo
de jovem cidadão e, ao mesmo tempo, tornando a aprendizagem contextua-
lizada e significativa.
Bom estudo!
Os autores.
4
Conheça
seu livro
Caminhos
da cidadania
2
UNIDA
D
E
Central
Press/Hulton
Archive/Getty
Images
Estouro
Bem-vindo ao século XXI
[...]
A ordem liberal ocidental que tem governado desde o fim da II Guerra Mundial baseou-se na hegemonia
dos EUA. Como potência verdadeiramente global, foi dominante não apenas no campo do poder militar
(além do econômico e financeiro), mas em quase todas as dimensões do soft power (cultura, língua, meios de
comunicação, tecnologia e moda).
A Pax Americana que garantiu um alto grau de estabilidade global começou a falhar (especialmente no
Oriente Médio e na Península da Coreia). Embora os Estados Unidos continuem a ser a primeira potência
planetária, já não têm a capacidade ou vontade de ser a polícia do mundo ou fazer os sacrifícios necessários
para garantir a ordem. Por sua própria natureza, um mundo globalizado evita a imposição da ordem do
século XXI.
E mesmo que o surgimento de uma nova ordem mundial seja algo inevitável, seus fundamentos ainda
não podem ser distinguidos. Parece improvável que seja liderada pela China; o país continuará voltado para
si mesmo e concentrado na estabilidade interna e no desenvolvimento, e é provável que suas ambições
sejam limitadas ao controle de sua vizinhança imediata e mares que o rodeiam. Além disso, não possui (em
quase nada) o soft power necessário para tentar se tornar uma força de ordem mundial.
[...]
FISCHER, Joschka. Bem-vindo ao século XXI. El País, 7 fev. 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/
brasil/2016/02/07/opinion/1454864647_294190.html. Acesso em: 6 jun. 2020.
Contexto
ESSE TEMA SERÁ
RETOMADO NA
SEÇÃO PRÁTICA
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A participação da sociedade nos assuntos públi-
cos ocorre por meio do exercício dos direitos políti-
cos. De todos esses direitos, o voto é o mais conhe-
cido e o mais exercido e é por ele que cada indivíduo
expressa sua vontade na escolha de representantes
políticos.
O artigo 14 (Capítulo IV - Dos direitos políticos) da
Constituição Brasileira vigente, desde 1988, estabelece
o sufrágio universal, ou seja, o exercício do voto direto e
secreto de modo obrigatório para indivíduos com mais
de 18 anos, e facultativo para os maiores de 16 e meno-
res de 18 e também para aqueles com mais de 70 anos.
Porém, para que o sufrágio universal fosse estabeleci-
do no Brasil, foi necessário um longo período de conflitos
e de reivindicação de direitos por diversos grupos sociais.
Nos últimos anos, muitas pessoas têm se manifes-
tado contra a obrigatoriedade do voto. No segundo turno
das eleições para presidente em 2018, a soma de votos
nulos, brancos e abstenções representou cerca de um
terço do total de eleitores.
Considerandoessasinformações,reflitasobreasques-
tõesaseguireconversecomoscolegaseoprofessor.
1. O voto é um direito político pelo qual muitos brasilei-
ros lutaram no passado, mas atualmente boa parte
deles prefere não exercê-lo. Quais fatores podem ex-
plicar essa mudança de atitude de uma parcela da
população?
2. Além do voto, há outras formas de participação po-
lítica e de exercício da cidadania? Em caso positivo,
quais seriam elas?
Contexto
Democracia e
ditadura no Brasil e
na América Latina
1
OBJETIVOS
• Compreeder os conceitos de democracia e ditadura
tendo em vista sua origem na Antiguidade clássica e
seu uso em contextos políticos contemporâneos.
• Conhecer os contextos de surgimento e
desenvolvimento de diferentes regimes políticos na
América Latina nos séculos XIX e XX.
• Relacionar as políticas populistas e
desenvolvimentistas do Brasil a contextos históricos
específicos.
• Identificar as motivações de elites econômicas e
sociais e interesses estrangeiros no surgimento e
desenvolvimento de regimes ditatoriais no Brasil.
JUSTIFICATIVA
Conceitos relativos a regimes e práticas políticas, tais
como democracia, ditadura, populismo, paternalismo,
desenvolvimentismo, entre outros, são importantes
para a compreensão de situações históricas específicas.
Ao mesmo tempo, essas situações exemplificam e
esclarecem melhor a própria compreensão desses
conceitos. Tendo foco em contextos políticos da América
Latina nos séculos XIX e XX, o capítulo contribui para
estimular a reflexão dos estudantes quanto à história
política latino-americana contemporânea.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica:
CG1, CG2, CG3, CG4, CG7, CG9 e CG10.
• Competências e habilidades específicas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas:
Competência 1: EM13CHS103.
Competência 5: EM13CHS503 e EM13CHS504.
Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS603.
• Competências e habilidades específicas de Linguagens
e suas Tecnologias:
Competência 6: EM13LGG604.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Educação em direitos humanos
Multiculturalismo
• Educação para a valorização do multiculturalismo nas
matrizes históricas e culturais brasileiras
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NÃO ESCREVA NO LIVRO
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CONEXÕES
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Geração e tempo geracional
Para as Ciências da natureza, “geração”, entre
outros significados, se refere à reprodução ou à
transição entre pais e filhos. Mas “geração” pode
se referir ainda ao conjunto de pessoas contem-
porâneas–umadefiniçãomuitoutilizadaemcon-
textos sociais.
O período médio entre duas gerações consecu-
tivas é chamado “tempo de geração” e ele é variá-
vel entre diferentes espécies. Entre os humanos,
por exemplo, o tempo de geração é longo, de, em
média, 30 anos. Já entre vírus e bactérias, assim
como outros organismos patogênicos, o tempo
de geração é muito mais curto, sendo, às vezes,
de poucos minutos. E são esses organismos com
tempo de geração muito curto que são utilizados
para os estudos de Genética, uma vez que as infor-
mações genéticas são transmitidas de geração em
geração e podem ser observadas mais facilmente.
Foi observando um organismo com o tempo
geracional curto (ervilhas) que Gregor Mendel
realizou seus experimentos e estabeleceu as ba-
ses para o estudo da hereditariedade
Outroorganismocomumenteutilizadoemestu-
dosgenéticossãoasmoscas-da-fruta(Drosophila
melanogaster). Isso porque elas possuem um
tempo de geração de cerca de 10 dias.
Mas não é somente nas Ciências da Natureza
que o conceito de geração tem seus impactos. Nas
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ele também
tem sua importância. Veja o texto a seguir.
No pensamento social contemporâneo, a
noção de geração foi desenvolvida em três mo-
mentos históricos, que correspondem a três
quadros sociopolíticos particulares: durante os
anos 1920, no período entreguerras, as bases
filosóficas são formuladas em torno da noção
de "revezamento geracional" (sucessão e coexis-
tência de gerações), existindo um consenso ge-
ral sobre este aspecto [..]. Durante os anos 1960,
na época do protesto, uma teoria em torno da
noção de "problema geracional" (e conflito gera-
cional) é fundamentada sobre a teoria do con-
flito [...]. A partir de meados dos anos 1990, com
a emergência do sociedade em rede, surge uma
nova teoria em torno da noção de "sobreposição
geracional". Isto corresponde à situação em que
os jovens são mais habilidosos do que as gera-
ções anteriores em um centro de inovação para
a sociedade: a tecnologia digital [...].
FEIXA, Carles; LECCARDI, Carmem. O conceito de geração nas
teorias sobre juventude. Soc. estado, Brasília, v. 25, n. 2, p.
185-204, Aug. 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S010269922010000200003&lng=en
&nrm=iso. Acesso em: 7 set. 2020.
Considere um adulto com idade aproximada de 25 anos que viva na sua
comunidade, e responda:
• Você considera que você e esse adulto façam parte da mesma geração?
• De acordo com o pensamento social contemporâneo, qual sua relação
com esse indivíduo? Você acredita que haja um “revezamento geracio-
nal”, um “problema geracional” ou uma “sobreposição geracional”?
Rawpixel.com/Shutterstock
83
Mísseis balísticos intercontinentais com capacidade de transportar bombas nucleares, em parada
militar na Praça Vermelha, Moscou (União Soviética), em 1969.
Após ler o texto e com base em seus conhecimentos da realidade e em pesquisa na internet, reflita sobre
as questões propostas:
1. Por que ainda não se pode distinguir os fundamentos de uma nova ordem internacional?
2. O que você entende por soft power? Qual é a diferença entre soft power e hard power? Dê exemplos.
3. Você acha que é importante ter soft power para liderar uma ordem internacional? Por quê? O Brasil
tem hard power e soft power?
95
Democracia e ditadura como
conceitos opostos
Nós, seres humanos, vivemos em culturas diferentes, e os modos de or-
ganização política variam muito de uma sociedade para outra. De maneira
geral, podemos identificar sociedades nas quais a organização é estabeleci-
da de forma autoritária, sob um governo centralizado. Em outras, as decisões
são tomadas de forma coletiva e dialogada. Essas formas de organização
são, quase sempre, associadas, respectivamente, à ditadura e à democracia.
A palavra ditadura tem origem na Antiguidade, na Roma republicana. De-
pois de se libertarem do domínio etrusco, em 509 a.C., e antes de constituí-
rem um império, a partir de 27 a.C., os romanos consideravam o Senado o
principal órgão político. Não se tratava de uma democracia, mas de uma Re-
pública aristocrática, pois os senadores eram representantes da elite, uma
minoria da população. Mas suas decisões eram tomadas a partir do diálogo
sobre a rex-publica, o respeito à coisa pública, ao publicus, coisa do povo, na
busca de entendimentos em relação ao que seria melhor para a cidade. Po-
rém, em épocas de crise, como em uma guerra, as decisões tinham de ser
tomadas rapidamente e, por isso, se instituía um ditador, do latim ditactor, o
que ditava os decretos, com amplos poderes por um período máximo de seis
meses. Em outras palavras, a ditadura era um tipo de governo provisório, ex-
traordinário, acionado em situações excepcio-
nais, com a finalidade de cuidar da administra-
ção da cidade até que a situação de crise fosse
resolvida.
Assim, essa ditadura antiga não carregava
um caráter pejorativo de ilegalidade. Situação
diferente de ditadura na modernidade em que
se tornou um sinônimo de governo autoritário,
perdendo o aspecto de transitoriedade que ti-
nha na Roma antiga. Nesse sentido, se tivés-
semos de buscar na Antiguidade um governo
com algumas similaridades com as ditaduras
contemporâneas, perceberíamos que elas se
assemelham mais ao despotismo ou à tirania.
E, nesse quadro, são exemplares as do mundo
grego e mesmo de outros povos antigos que,
em meio às tensões e conflitos internos, cer-
tas personagens assumiam o poder e se ga-
rantiam nele sobretudo pela força, reprimindo
descontentamentos e impondo suas decisões.
Cartaz da exposição Mais democracia, sim! Ditadura
nunca mais! promovida pela prefeitura de Sobral, CE,
em 2014, como forma de lembrar às novas gerações
os horrores ocorridos durante a ditadura no Brasil.
Reprodu•‹o/sobralonline.com.br
19
Retome o contexto
Bill of Rights
Diferenças e
desigualdades
Filósofos antigos
Contratualistas dos
séculos XVII e XVIII
Primeira geração: Direitos
Civis e Políticos
Segunda geração: Direitos
Econômicos, Sociais e
Culturais
Terceira geração: Direitos
Universais – fraternidade e
igualdade
A Declaração
Universal dos Direitos
Humanos – 1948
Constituição de 1787
Declaração dos
Direitos do Homem e
do Cidadão – 1789
Estados – Constituições
– Acordos Internacionais –
Sociedade Civil – ONGs
Anti-Slavery
Human Rights Watch
Anistia Internacional
Médicos Sem Fronteiras
Oxfam
Repórteres Sem Fronteiras
Inúmeras ONGs
O que pode ser feito?
Precursores –
destaques
Revolução
Gloriosa – 1689
Independência dos
Estados Unidos – 1776
Revolução
Francesa – 1789
Crescem os desafios aos
Direitos Humanos
Prática dos Direitos
Humanos
Distinção
Gerações
Consolidação
Principais
• Em relação às respostas que você apresentou no início do capítulo, o que você mudaria ou
complementaria? O que precisa ser feito para diminuir a distância entre as leis e a realidade?
HISTÓRIA DOS DIREITOS
HUMANOS
Mapa conceitual organizado pelos autores.
151
VOCÊ PRECISA SABER
NÃO ESCREVA NO LIVRO
151
Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que
tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio.
Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas
que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de
aprendizagem.
As aberturas de unidades apresentam textos e imagens
que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus
conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a
seção Contexto traz situações concretas cuja análise
exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes
disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos
e estão relacionadas com a seção Prática, que traz
uma proposta de trabalho para que você aplique os
conhecimentos que são produzidos em sala de aula na
comunidade escolar e em seu entorno.
As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos
(fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que
sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor
questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da
seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto
proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo,
você também encontrará um boxe com os objetivos, a
justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos
e as competências, habilidades e temas contemporâneos
transversais mobilizados no capítulo.
Em todos os capítulos, você encontrará uma
ocorrência da seção Conexões, que trabalha a
interdisciplinaridade com componentes curriculares
de outras áreas do conhecimento, especialmente
as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como
com disciplinas que não estão presentes no
currículo escolar.
Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz
propostas de retomada das questões apresentadas
na seção Contexto, na abertura do capítulo.
Momento que serve de recurso para resumo
e sistematização de alguns dos conteúdos
trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir
na forma de mapas conceituais, esquemas,
fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar
atividades que estabeleçam relação dos conteúdos
trabalhados com os seus lugares de vivência e as
suas experiências pessoais.
5
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DA BNCC
• Competências gerais da Educação
Básica: CG1, CG4, CG5, CG7 e CG9.
• Competências e habilidades
específicas de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas: Competência
1: EM13CHS101, EM13CHS103 e
EM13CHS104. Competência 2:
EM13CHS205. Competência 5:
EM13CHS502 e EM13CHS503.
Competência 6: EM13CHS605.
• Competência e habilidade
específicas de Linguagem e suas
Tecnologias: Competência 7:
EM13LGG703.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Vida Familiar e Social
• Educação em Direitos Humanos
O que acontece na praça?
PRÁTICA
Para começar
Os séculos XX e XXI apresentam incontáveis transformações no
estilo de vida das pessoas. Entre elas, está o acelerado processo de
urbanização em todo o mundo. A Revolução Industrial, o desenvolvi-
mento tecnológico e o estabelecimento do capitalismo como modo de
produção levaram ao crescimento das cidades, à especialização do
trabalho e a uma moderna rede de comunicações que possibilita maior
eficiência na distribuição e no acesso a bens e serviços. Mas será que
serviços como saúde, educação, lazer, saneamento básico e pavimen-
tação de ruas são ofertados igualmente em todo o território nacional?
A falta de serviços e estruturas básicas para boa parte da população
brasileira mostra violações aos Direitos Humanos.
Trata-se de uma situação complexa e real. Por isso é importante
que, como brasileiros e estudantes, vocês se dediquem a observar,
registrar e analisar essa realidade na cidade onde vocês vivem hoje.
Muitas vezes passamos, sem nos darmos conta, por locais em que vá-
rias violações são cometidas. Não porque essas violências sejam es-
condidas, mas porque passamos a enxergá-las como “naturais”. A na-
turalização de fenômenos sociais nada mais é do que enxergar como
“natural” algo que na realidade é fruto de processos históricos. Muitas
vezes, esses processos são atravessados por relações desiguais de
poder e violência. Por isso é importante desnaturalizar o olhar para as
situações cotidianas, em especial aquelas relacionadas à violação dos
Direitos Humanos.
O cenário da desigualdade é visível nas
diversas paisagens das cidades, sejam gran-
des, sejam médias, sejam pequenas. Essa
desigualdade se apresenta em diferentes es-
paços, como é o caso das praças centrais das
cidades, em que é possível ver a circulação de
vários tipos de pessoas, de diferentes origens
e classes sociais. Nesses lugares se mistu-
ram gerações (crianças, adultos e idosos),
homens, mulheres, pessoas LGBTQI+, pessoas
que apenas “passam” por ali, outras que traba-
lham, conversam, passam o tempo, dormem
ou vivem ali, por falta de um local adequado de moradia.
Essa diversidade, comum em praças, faz delas um ambiente inte-
ressante para se compreender um pouco da lógica local e analisar de
que forma os diferentes grupos acessam e utilizam esses espaços pú-
blicos da cidade.
Praça Dante Aligheri em
Caxias do Sul, RS. Fotografia
de 2019.
Gerson
Gerloff/Pulsar
Imagens
152
2. (2017) Muitos países se caracterizam por te-
rem populações multiétnicas. Com frequên-
cia, evoluíram desse modo ao longo de sé-
culos. Outras sociedades se tornaram mul-
tiétnicas mais rapidamente, como resultado
de políticas incentivando a migração, ou por
conta de legados coloniais e imperiais.
GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).
Do ponto de vista do funcionamento das demo-
cracias contemporâneas, o modelo de socieda-
de descrito demanda, simultaneamente,
a)defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.
b)universalização de direitos e respeito à di-
versidade.
c)segregação do território e estímulo ao auto-
governo.
d)políticas de compensação e homogeneiza-
ção do idioma.
e)padronização da cultura e repressão aos
particularismos.
3. (2017) A participação da mulher no processo
de decisão política ainda é extremamente li-
mitada em praticamente todos os países, inde-
pendentemente do regime econômico e social e
da estrutura institucional vigente em cada um
deles. É fato público e notório, além de empiri-
camente comprovado, que as mulheres estão
em geral sub-representadas nos órgãos do po-
der, pois a proporção não corresponde jamais
ao peso relativo dessa parte da população.
TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder.
Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002.
No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a
tentativa de reverter esse quadro de sub-re-
presentação tem envolvido a implementação,
pelo Estado, de
a)leis de combate à violência doméstica.
b)cotas de gênero nas candidaturas partidárias.
c)programasdemobilizaçãopolíticanasescolas.
d)propagandas de incentivo ao voto consciente.
e)apoio financeiro às lideranças femininas.
1. (2016)
Texto I
Texto II
Metade da nova equipe da NASA é
composta por mulheres
Até hoje, cerca de 350 astronautas america-
nos já estiveram no espaço, enquanto as mulhe-
res não chegam a ser um terço desse número.
Após o anúncio da turma composta 50% por
mulheres, alguns internautas escreveram co-
mentários machistas e desrespeitosos sobre a
escolha nas redes sociais.
Disponível em: https://catracalivre.com.br.
Acesso em: 10 mar. 2016.
A comparação entre o anúncio publicitário de
1968 e a repercussão da notícia de 2016 mos-
tra a
a)elitização da carreira científica.
b)qualificação da atividade doméstica.
c)ambição de indústrias patrocinadoras.
d)manutenção de estereótipos de gênero.
e)equiparaçãodepapéisnasrelaçõesfamiliares.
Reprodução/ENEM,
2016.
86
QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO
Todavia, a urbaniza-
ção ainda era um fenô-
meno circunscrito a es-
ses países precursores
do processo de indus-
trialização, e até o final
do século XX o mundo
era predominantemente
rural. Observe o gráfico
da lado.
Historicamente, a
urbanização foi condi-
cionada por dois fatores:
os atrativos, que es-
timulam as pessoas a
migrar para as cidades,
e os repulsivos, que as
impulsionam a sair do
campo. Os fatores atra-
tivos estão associados
às transformações pro-
vocadas na cidade pela
industrialização, sobre-
tudo geração de empre-
gos tanto no setor indus-
trial quanto no de comércio e serviços, o que não necessariamente se reflete
em melhoria da qualidade de vida. O crescimento desenfreado de cidades nem
sempre foi acompanhado de crescimento de infraestrutura, e a maior parte
dos trabalhadores que iam para a cidade em busca de emprego ganhava muito
pouco e morava em cortiços. Além disso, eram frequentes doenças e epide-
mias, pela falta de saneamento básico e de higiene. Só com o passar do tempo
e com a luta por direitos trabalhistas, sobretudo no século XX, a elevação da
renda dos trabalhadores e os investimentos governamentais em infraestrutu-
ra urbana melhoraram as condições de vida nas cidades de muitos países da
Europa, da América do Norte e da Ásia.
Os fatores repulsivos são típicos de alguns países em desenvolvimento,
principalmente nos menos desenvolvidos. Estão associados às más condi-
ções de vida na zona rural, por causa da estrutura fundiária bastante con-
centrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos agricultores,
do arcaísmo das técnicas de cultivo e da falta de infraestrutura que torna a
agricultura mais suscetível às intempéries; embora, em regiões que se mo-
dernizaram, o processo de mecanização das atividades agrícolas também
contribua para a migração rural-urbana. O resultado é o êxodo rural, que, nas
grandes metrópoles, provoca o agravamento dos problemas urbanos em ra-
zão do aumento abrupto da população.
Cortiço: não há uma
conceituação oficial para
cortiço, que pode ser
informalmente definido como
moradia que, embora regular,
está localizada em zonas
degradadas das cidades, na
qual os membros de duas ou
mais famílias pobres dividem
os espaços coletivos da
residência, como cozinha,
banheiro e tanque de lavar
roupa. A infraestrutura quase
sempre é precária e há uma
superlotação dos cômodos,
com condições de higiene
inadequadas.
Estrutura fundiária: número,
tamanho e distribuição dos
imóveis rurais.
Mundo: evolução da população urbana e rural — 1950-2050
0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
População
(bilhões)
1,0
3,0
2,0
Urbano
4,0
6,0
5,0
7,0
Rural
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Fonte: elaborado com base em UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. Population Division.
World Urbanization Prospects 2018. Highlights. New York, 2019. p. 5.
• Analise o gráfico e responda:
a) A partir de quando o mundo se tornou predominantemente urbano? Qual é
a projeção para o futuro?
b) Como se dá o processo de urbanização no município onde você mora? A
cidade está crescendo ou não?
Interpretar
Fórmula
Produções/Arquivo
da
editora
101
Nas leis brasileiras não existe a figura jurídica de organização não go-
vernamental, mas de organização da sociedade civil (OSC). Assim, as
ONGs, incluindo as internacionais, são classificadas no Brasil como OSC.
Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil do Instituto de Pes-
quisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2019 havia 781 921 OSCs no país.
No entanto, elas são, em sua maioria, associações locais, de atuação bas-
tante restrita, e não ONGs de atuação internacional, como algumas que se-
rão apresentadas a seguir. A grandeza do número de OSC no Brasil se deve
também ao fato de as entidades assim classificadas serem contabilizadas
por CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Por exemplo, a organiza-
ção religiosa Igreja Universal do Reino de Deus contabiliza 7 090 OSCs por-
que cada templo religioso em território brasileiro tem um CNPJ próprio e,
consequentemente, é contabilizado separadamente. Como se vê no gráfico
abaixo, as OSCs atuam em diversas áreas, com destaque para desenvolvi-
mento e defesa de direitos.
Brasil: distribuição das OSCs por área de atuação — 2019
Assistência social
12%
47%
20%
6%
Desenvolvimento e defesa de direitos
Religião
Associações patronais,
profissionais e de produtores rurais
Educação e pesquisa
Outras atividades associativas
Saúde
Cultura e recreação
Meio ambiente e proteção animal,
habitação etc.
Sem informação
Fórmula
Produções/Arquivo
da
editora
Fonte: elaborado com base em IPEA. Mapa das Organizações da Sociedade Civil. Dados e Indicadores, 2020.
Disponível em: https://mapaosc.ipea.gov.br/dados-indicadores.html. Acesso em: 7 ago. 2020.
IPEA. Mapa das
Organizações da Sociedade
Civil. Dados e Indicadores,
2020. Disponível em:
https://mapaosc.ipea.gov.
br/dados-indicadores.html.
Acesso em: 22 jun. 2020.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mapa das Organizações da Sociedade Civil. Disponível
em: https://mapaosc.ipea.gov.br/resultado-consulta.
html?organizacao=human_rights&tipoBusca=0.
Acesso em: 22 jun. 2020.
Nesse site do Ipea é possível consultar o nome das
OSCs que atuam no Brasil e visualizá-las por município,
estado e região.
Saber
Reprodução/mapaosc.ipea.gov.br
As ONGs têm um papel importante, ao lado dos Estados, na ordem mun-
dial contemporânea. A seguir vamos estudar algumas das mais conhecidas e
atuantes no mundo na promoção e proteção aos Direitos Humanos e alguns
acontecimentos ligados à atuação de cada uma delas.
137
DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Leia o texto a seguir e depois responda às questões.
O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes afirma que “uma vida cheia de
sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do
trabalho” e ainda que “uma vida desprovida de sentido no trabalho é in-
compatível com uma vida cheia de sentido fora do trabalho. [...] Uma vida
cheia de sentido somente poderá efetivar-se por meio da demolição das
barreiras existentes entre tempo de trabalho e tempo de não trabalho,
de modo que, a partir de uma atividade vital cheia de sentido, autodeter-
minada, para além da divisão hierárquica que subordina o trabalho ao
capital hoje vigente e, portanto, sob as bases inteiramente novas, possa se
desenvolver uma nova sociabilidade [...] na qual liberdade e necessidade
se realizam mutuamente.”
ANTUNES, Ricardo. Socialismo, lutas sociais e novo modo de vida na América Latina.
Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, jul./set. 2017. Disponível em: https://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-89662017000302212.
Acesso em: 13 ago. 2020.
• Dividam-se em grupos de quatro estudantes para debater as seguintes
questões:
a)Na opinião de vocês, por que o autor
afirma que para que a vida tenha senti-
do fora do trabalho ela deve ter sentido
dentro do trabalho?
b)Na vida cotidiana, que trabalhos vocês
exercem? Vocês gostam de exercer es-
sas funções ou as consideram exausti-
vas e/ou entediantes?
c)Nas suas famílias, quais trabalhos
são exercidos pelos seus familiares?
Vocês consideram que todos os mem-
bros da sua família trabalham o mes-
mo tempo ou alguns trabalham mais
do que outros? Por que isso acontece?
d)Vocês consideram vital para a sua saúde mental uma conciliação
entre o tempo de trabalho e o tempo de não trabalho? O que vocês
gostam de fazer quando não estão trabalhando?
e)O que o autor quer dizer com “divisão hierárquica que subordina o tra-
balho ao capital hoje vigente”? Na opinião do grupo, existem trabalhos
maisvalorizadosdoqueoutros?Sesim,oquefazcomqueissoocorra?
• Reflitam sobre as respostas do grupo e busquem encontrar pontos em
comum entre vocês. Em quais aspectos os hábitos da sua família e
Por questões culturais, muitas vezes, algumas profissões são
consideradas mais “importantes” do que outras.
Mascha
Tace/Shutterstock
84
Seção que apresenta atividades em diversos
formatos pensadas para auxiliar no trabalho
com diferentes competências específicas e
habilidades estabelecidas pela BNCC, como
identificar, analisar e comparar fontes e
narrativas, elaborar hipóteses, selecionar
evidências e compor argumentos, que
possibilitem o compartilhamento de pontos
de vistas, o diálogo e a reflexão.
Uma página com atividades de edições
recentes de avaliações oficiais para
que você possa verificar como os temas
trabalhados em sala de aula aparecem
nessas provas, em especial no Enem.
Apresenta uma proposta de projeto
que aborda um tema relacionado
aos capítulos da unidade por meio
das metodologias de pesquisa
(como revisão bibliográfica, análise
documental, construção e uso
de amostragens ou observação
participante). Os projetos propostos
permitem a valorização dos
conhecimentos, da ciência e da
argumentação com base em fatos,
além de articular os conhecimentos
construídos em sala de aula com a
realidade vivida.
Atividades que propõem o aprofundamento dos
recursos que aparecem ao longo do capítulo,
como textos em seus mais diversos gêneros,
fotografias, obras de arte, mapas, gráficos,
explorando suas regras de composição,
significado e sentido.
Traz a indicação dos autores e obras que
apresentam conceitos importantes para o
trabalho com os temas propostos nos capítulos.
Apresenta os significados de palavras
destacadas no texto.
Recursos de linguagens variados
(livros, filmes, podcasts, músicas,
sites, obras de arte, etc.) para
aprofundar temas abordados no
capítulo e complementar seu repertório
cultural e científico.
6
Competências e habilidades da BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con-
junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação
Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a
BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil.
Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe-
cimentos, competências e habilidades.
Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas
da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé-
dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento.
Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com-
petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas.
Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá-
sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas
e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias,
Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão
trabalhadas neste livro.
DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos)
mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun-
do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais.
Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá
a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo
aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter
em seu cotidiano.
Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren-
dizagem.
Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional
comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020.
Composição dos códigos das habilidades
CADERNO
BNCC
O primeiro número indica
a competência da área e
os dois últimos indicam a
habilidade relativa a essa
competência.
EM 13 CHS 101
Indica a etapa de Ensino Médio.
Indica que a habilidade
pode ser desenvolvida
em qualquer série do
Ensino Médio.
Indica a área à qual a
habilidade pertence.
7
Competências gerais da Educação Básica
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun-
do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática
e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in-
cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife-
rentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-
-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri-
ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex-
periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin-
do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci-
mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun-
do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res-
ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden-
do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen-
do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
8
Competências específicas e habilidades de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Competência específica 1
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos
âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali-
dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com-
preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes
pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
Habilidades
EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens,
com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô-
micos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so-
ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati-
vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que
contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco-
nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos,
gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos,
valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas
no tempo e no espaço.
EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre
outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/
virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble-
mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Competência específica 2
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida-
des e o papel geopolítico dos Estados-nações.
Habilidades
EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con-
tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos
naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente
em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
CADERNO
BNCC
9
EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos
e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen-
tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida-
des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na-
cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade
étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am-
bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios
de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o
raciocínio geográfico.
Competência específica 3
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda-
des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi-
cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro-
movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional, nacional e global.
Habilidades
EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte
de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi-
cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à
poluição sistêmica e o consumo responsável.
EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas
ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná-
lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida-
des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo,
seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu-
mo e à adoção de hábitos sustentáveis.
EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas
que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de
regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas
ambientais sustentáveis.
EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos
sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros)
10
Competência específica 4
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con-
textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Habilidades
EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao
longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de
trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da
opressão e da violação dos Direitos Humanos.
EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos
históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na
atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
Competência específica 5
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os
Direitos Humanos.
Habilidades
EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces-
sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o
empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro-
blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam
os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas,
suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava-
liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais,
históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores
de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
CADERNO
BNCC
11
Competência específica 6
Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa-
zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber-
dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Habilidades
EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in-
dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a
história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica
atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.
EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política,
na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os
com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e
da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de
exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno,
soberania etc.).
EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de
uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e
negativos dessa atuação para as populações locais.
EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual-
dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades
contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes
espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do-
cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi-
ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e
promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
12
Competências específicas e habilidades de
Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Compreender o funcionamento das diferentes
linguagens e práticas (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na
recepção e produção de discursos nos diferen-
tes campos de atuação social e nas diversas
mídias,paraampliarasformasdeparticipação
social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade
e para continuar aprendendo.
HABILIDADES
EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ-
ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens,
para fazer escolhas fundamentadas em função de interes-
ses pessoais e coletivos.
EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte-
resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos
veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi-
lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica
da/na realidade.
EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em
conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ-
ção de textos e discursos em diversos campos de atuação
social.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2
Compreender os processos identitários, con-
flitos e relações de poder que permeiam as
práticas sociais de linguagem, respeitar as di-
versidades, a pluralidade de ideias e posições
e atuar socialmente com base em princípios e
valores assentados na democracia, na igual-
dade e nos Direitos Humanos, exercitando a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
a cooperação, e combatendo preconceitos de
qualquer natureza.
HABILIDADES
EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua-
gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex-
tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri-
co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers-
pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de
linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen-
der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem
significação e ideologias.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor-
porais e verbais) para exercer, com autonomia
e colaboração, protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa,
ética e solidária, defendendo pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável, em âmbito local, regio-
nal e global.
HABILIDADES
EM13LGG301 Participar de processos de produção individual
e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo-
rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos,
para produzir sentidos em diferentes contextos.
EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas
visões de mundo presentes nos discursos em diferentes
linguagens, levando em conta seus contextos de produção
e de circulação.
EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância
social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para
formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de
perspectivas distintas.
EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua-
gem, possibilidades de atuação social, política, artística e
cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin-
do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica,
criativa, solidária e ética.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5
Compreender os processos de produção e ne-
gociação de sentidos nas práticas corporais,
reconhecendo-as e vivenciando-as como for-
mas de expressão de valores e identidades,
em uma perspectiva democrática e de respeito
à diversidade.
HABILIDADES
EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti-
pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas
corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer
manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos
e valores democráticos.
CADERNO
BNCC
13
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6
Apreciar esteticamente as mais diversas pro-
duções artísticas e culturais, considerando
suas características locais, regionais e glo-
bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre
as linguagens artísticas para dar significado e
(re)construir produções autorais individuais e
coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de
saberes, identidades e culturas.
HABILIDADES
EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes
tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como
os processos de legitimação das manifestações artísticas na
sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au-
torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas
(artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter-
secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais,
conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so-
ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di-
mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica
eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo di-
gital, considerando as dimensões técnicas, crí-
ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se
empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera
aprender nos campos da ciência, cultura, traba-
lho, informação e vida pessoal e coletiva.
HABILIDADES
EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma-
ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá-
ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se-
leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital.
EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen-
tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e
projetos autorais em ambientes digitais.
Competências específicas e habilidades de
Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Utilizar estratégias, conceitos e procedi-
mentos matemáticos para interpretar situa-
ções em diversos contextos, sejam ativida-
des cotidianas, sejam fatos das Ciências da
Natureza e Humanas, das questões socioe-
conômicas ou tecnológicas, divulgados por
diferentes meios, de modo a contribuir para
uma formação geral.
HABILIDADES
EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas,
sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam
a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções
representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec-
nologias digitais.
EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui-
sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife-
rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso,
inadequações que possam induzir a erros de interpretação,
como escalas e amostras não apropriadas.
CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências
da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Investigar situações-problema e avaliar apli-
cações do conhecimento científico e tecnoló-
gico e suas implicações no mundo, utilizando
procedimentos e linguagens próprios das
Ciências da Natureza, para propor soluções
que considerem demandas locais, regionais
e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos
contextos e por meio de diferentes mídias e
tecnologias digitais de informação e comuni-
cação (TDIC).
HABILIDADES
EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões
e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar
e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi-
mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren-
tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.
EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos
contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen-
tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos,
códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife-
rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba-
tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân-
cia sociocultural e ambiental.
14
SUMÁRIO
Caderno BNCC 6
Capítulo 1
Democracia e ditadura no Brasil e
na América Latina................................... 18
Democracia e ditadura como conceitos opostos.............. 19
Do século XIX ao XX: América hispano-portuguesa
nos limites da independência................................................ 22
Os limites da independência ................................................................ 22
Cenários da América hispânica: da independência ao século XXI... 22
Destaques da América Latina depois da Independência 28
México..................................................................................................... 28
América Central e Caribe....................................................................... 30
Brasil: da independência ao século XXI............................... 35
Os excluídos nessa história do Brasil: negros e indígenas............... 37
Brasil: do século XIX à República da Era Vargas................................. 38
Atuações governamentais no Brasil
democrático pós-Estado Novo................................................ 45
Mobilizações sociais e atuações nos governos
ditatoriais do Brasil.................................................................... 50
Atuações sociais para a democracia: as heranças
paternalistas e autoritárias no século XXI.......................................... 56
Capítulo 2
Desafios para construção da
justiça social no Brasil ............................ 62
Diversidade, particularidades e igualdade ......................... 64
Emancipação das mulheres................................................................. 65
A inclusão de negros e indígenas ....................................................... 70
Os idosos ................................................................................................ 75
Os jovens................................................................................................. 76
• Prática
Relembrarépreciso:comofoiaditaduramilitar-civilnoBrasil?.. 88
Dimensões
da
cidadania
1
UNIDA
D
E
16
Luciana
Whitaker/Pulsar
Imagens
15
Capítulo 3
A cidade e a cidadania ........................... 96
A cidade e o cidadão.................................................................. 98
O processo de urbanização..................................................... 100
Rede e hierarquia urbanas ...................................................... 104
Os problemas sociais urbanos............................................... 112
Desigualdades e segregação socioespacial....................................... 112
O problema da moradia.......................................................................... 114
Capítulo 4
Direitos Humanos e prática social........... 122
Gênese dos Direitos Humanos............................................... 123
Documentos ................................................................................ 124
Reflexões sobre os Direitos Humanos................................. 130
Os Direitos Humanos e a atuação das ONGs ...................... 136
Principais ONGs de atuação nacional e internacional ..... 138
Anti-Slavery International ..................................................................... 138
Human Rights Watch............................................................................. 138
Anistia Internacional.............................................................................. 140
Médicos Sem Fronteiras........................................................................ 141
Oxfam ...................................................................................................... 142
Repórteres Sem Fronteiras................................................................... 142
Observatório da Imprensa .................................................................... 144
Os Direitos Humanos no mundo e
os desafios em crescimento .................................................. 144
• Prática
O que acontece na praça? .................................................... 152
Caminhos
da
cidadania
2
UNIDA
D
E
94
Central
Press/Hulton
Archive/Getty
Images
Referências bibliográficas comentadas 158
Dimensões
da cidadania
1
UNIDA
D
E
O texto abaixo, elaborado pela cientista política Mônica Sodré, pelo professor da USP e cientista
político José Álvaro Moisés e pelo sociólogo Floriano Pesaro, aponta que a democracia está sob
risco em vários países, incluindo o Brasil. Ao final responda às questões propostas.
Nem só de eleições vivem as democracias
Pela primeira vez neste século, a maior parte do mundo não é uma democracia. Isso não se
explica apenas pelas suas dificuldades em locais nos quais já estava consolidada — como nos
EUA e na Europa ocidental —, mas também pelo surgimento de regimes híbridos, que mantêm os
aspectos eleitorais enquanto suprimem liberdades de imprensa e de expressão, caso de Hungria e
Filipinas.
Sua retração global é sentida em disputas eleitorais enviesadas, vulnerabilidade a rupturas,
manifestações populares, desrespeito à oposição, censura à imprensa, esvaziamento dos partidos e
dos Parlamentos e perseguições.
Regimes democráticos não se realizam somente com a garantia de eleições livres, regulares
e justas. Sua realização envolve o entendimento cotidiano de seus valores, incorporados em suas
normas e comportamentos, e a existência de condições, inclusive materiais, que assegurem aos
cidadãos a capacidade de interferir nos rumos do país e da política.
Sua superioridade frente a outras formas de organização da vida coletiva se justifica por três
aspectos: é a única na qual os direitos de existência, expressão e participação das minorias são
respeitados e preservados, as decisões são consideradas vinculativas por excelência e, por fim, na
qual se pressupõe aceitação às regras do jogo.
No Brasil, nosso período democrático mais longevo completou 30 anos e nossa democracia
liberal encontra-se sob risco permanente e com gradativa morte de seu vigor.
Morre todos os dias, quando há estímulo da violência por parte de quem ocupa postos de
poder. Quando os que ocupam tais posições reivindicam para si a representação exclusiva do
povo e seus interesses. Quando os limites entre público e privado ficam quase invisíveis. Quando
há esforço para refundar o passado e brigar com a ciência. Quando a desinformação vira arma e
as instituições passam a ser orientadas por uma visão que tem como finalidade esvaziá-las
de capacidade. Quando a inserção internacional e, portanto, a capacidade de cooperação e
relacionamento externos são comprometidas. Quando não há mais imagem externa a zelar.
SODRÉ, Mônica; MOISÉS, José Álvaro; PESARO, Floriano. Nem só de eleições vivem as democracias.
Folha de S.Paulo, 9 ago. 2020. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/08/
nem-so-de-eleicoes-vivem-as-democracias.shtml. Acesso em: 10 ago. 2020.
Contexto
ESSE TEMA SERÁ
RETOMADO NA
SEÇÃO PRÁTICA
16
Jovem votando nas eleições de 2014 na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
1. Quais são os entraves e ameaças à democracia apontados no artigo?
2. Em que a democracia é o regime político superior, segundo os autores?
3. Se a democraia é um sistema no qual prevalece a vontade da maioria, por que os autores afirmam
que nesse regime os direitos das minorias são respeitados e valorizados?
4. Como podemos revigorar a atual democracia brasileira?
Ver respostas e orientações no Manual do Professor.
Luciana
Whitaker/Pulsar
Imagens
NÃO ESCREVA NO LIVRO
17
A participação da sociedade nos assuntos públi-
cos ocorre por meio do exercício dos direitos políti-
cos. De todos esses direitos, o voto é o mais conhe-
cido e o mais exercido e é por ele que cada indivíduo
expressa sua vontade na escolha de representantes
políticos.
O artigo 14 (Capítulo IV - Dos direitos políticos) da
Constituição Brasileira vigente, desde 1988, estabelece
o sufrágio universal, ou seja, o exercício do voto direto e
secreto de modo obrigatório para indivíduos com mais
de 18 anos, e facultativo para os maiores de 16 e meno-
res de 18 e também para aqueles com mais de 70 anos.
Porém, para que o sufrágio universal fosse estabeleci-
do no Brasil, foi necessário um longo período de conflitos
e de reivindicação de direitos por diversos grupos sociais.
Nos últimos anos, muitas pessoas têm se manifes-
tado contra a obrigatoriedade do voto. No segundo turno
das eleições para presidente em 2018, a soma de votos
nulos, brancos e abstenções representou cerca de um
terço do total de eleitores.
Considerandoessasinformações,reflitasobreasques-
tõesaseguireconversecomoscolegaseoprofessor.
1. O voto é um direito político pelo qual muitos brasilei-
ros lutaram no passado, mas atualmente boa parte
deles prefere não exercê-lo. Quais fatores podem ex-
plicar essa mudança de atitude de uma parcela da
população?
2. Além do voto, há outras formas de participação po-
lítica e de exercício da cidadania? Em caso positivo,
quais seriam elas?
Veja as respostas no Manual do Professor.
Contexto
Democracia e
ditadura no Brasil e
na América Latina
1
OBJETIVOS
• Compreeder os conceitos de democracia e ditadura
tendo em vista sua origem na Antiguidade clássica e
seu uso em contextos políticos contemporâneos.
• Conhecer os contextos de surgimento e
desenvolvimento de diferentes regimes políticos na
América Latina nos séculos XIX e XX.
• Relacionar as políticas populistas e
desenvolvimentistas do Brasil a contextos históricos
específicos.
• Identificar as motivações de elites econômicas e
sociais e interesses estrangeiros no surgimento e
desenvolvimento de regimes ditatoriais no Brasil.
JUSTIFICATIVA
Conceitos relativos a regimes e práticas políticas, tais
como democracia, ditadura, populismo, paternalismo,
desenvolvimentismo, entre outros, são importantes
para a compreensão de situações históricas específicas.
Ao mesmo tempo, essas situações exemplificam e
esclarecem melhor a própria compreensão desses
conceitos. Tendo foco em contextos políticos da América
Latina nos séculos XIX e XX, o capítulo contribui para
estimular a reflexão dos estudantes quanto à história
política latino-americana contemporânea.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica:
CG1, CG2, CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10.
• Competências e habilidades específicas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas:
Competência 1: EM13CHS103.
Competência 5: EM13CHS503 e EM13CHS504.
Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS603.
• Competências e habilidades específicas de Linguagens
e suas Tecnologias:
Competência 6: EM13LGG604.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Cidadania e civismo
• Educação em direitos humanos
Multiculturalismo
• Educação para a valorização do multiculturalismo nas
matrizes históricas e culturais brasileiras
C
A
P
Í
T
U
L
O
C
A
P
Í
T
U
L
O
NÃO ESCREVA NO LIVRO
18
Democracia e ditadura como
conceitos opostos
Nós, seres humanos, vivemos em culturas diferentes, e os modos de or-
ganização política variam muito de uma sociedade para outra. De maneira
geral, podemos identificar sociedades nas quais a organização é estabeleci-
da de forma autoritária, sob um governo centralizado. Em outras, as decisões
são tomadas de forma coletiva e dialogada. Essas formas de organização
são, quase sempre, associadas, respectivamente, à ditadura e à democracia.
A palavra ditadura tem origem na Antiguidade, na Roma republicana. De-
pois de se libertarem do domínio etrusco, em 509 a.C., e antes de constituí-
rem um império, a partir de 27 a.C., os romanos consideravam o Senado o
principal órgão político. Não se tratava de uma democracia, mas de uma Re-
pública aristocrática, pois os senadores eram representantes da elite, uma
minoria da população. Mas suas decisões eram tomadas a partir do diálogo
sobre a rex-publica, o respeito à coisa pública, ao publicus, coisa do povo, na
busca de entendimentos em relação ao que seria melhor para a cidade. Po-
rém, em épocas de crise, como em uma guerra, as decisões tinham de ser
tomadas rapidamente e, por isso, se instituía um ditador, do latim ditactor, o
que ditava os decretos, com amplos poderes por um período máximo de seis
meses. Em outras palavras, a ditadura era um tipo de governo provisório, ex-
traordinário, acionado em situações excepcio-
nais, com a finalidade de cuidar da administra-
ção da cidade até que a situação de crise fosse
resolvida.
Assim, essa ditadura antiga não carregava
um caráter pejorativo de ilegalidade. Situação
diferente de ditadura na modernidade em que
se tornou um sinônimo de governo autoritário,
perdendo o aspecto de transitoriedade que ti-
nha na Roma antiga. Nesse sentido, se tivés-
semos de buscar na Antiguidade um governo
com algumas similaridades com as ditaduras
contemporâneas, perceberíamos que elas se
assemelham mais ao despotismo ou à tirania.
E, nesse quadro, são exemplares as do mundo
grego e mesmo de outros povos antigos que,
em meio às tensões e conflitos internos, cer-
tas personagens assumiam o poder e se ga-
rantiam nele sobretudo pela força, reprimindo
descontentamentos e impondo suas decisões.
Cartaz da exposição Mais democracia, sim! Ditadura
nunca mais! promovida pela prefeitura de Sobral, CE,
em 2014, como forma de lembrar às novas gerações
os horrores ocorridos durante a ditadura no Brasil.
Reprodu•‹o/sobralonline.com.br
19
As ditaduras contemporâneas geralmente são estabelecidas com base
em um golpe de Estado, ou seja, na derrubada de uma ordem constitucional
legítima. A partir de sua implementação a ditadura se firma como um gover-
no regido por um líder ou por um grupo de líderes, e se caracteriza por sua
intolerância ao pluralismo político e à participação popular. Em uma ditadura
não existe um partido de oposição de direito e de fato e, caso exista, quase
sempre é apenas como formalidade política.
As ditaduras podem ser de vários tipos. Há ditaduras militares, nas quais
ogovernoéexercidopormembrosdealtapatentedasForçasArmadas,repre-
sentados por um desses membros que exerça o papel de líder, ou por juntas
militares. Frequentemente as ditaduras militares integram representantes
civis das elites. Há também as ditaduras de partido único, nas quais o parti-
do no poder tem a prerrogativa de escolher todos os cargos, controlando as-
sim a política de modo completo. Há ainda as ditaduras pessoais, nas quais
o poder repousa nas mãos de um único indivíduo. Também há as ditaduras
monárquicas, em que o poder é conferido a um rei em caráter hereditário.
Atualmente, as monarquias são bem menos comuns do que no passado e,
geralmente, se integram a uma ordem democrática, na qual o poder do rei é
simbólico ou partilhado com representantes do povo. Mas há situações em
que o monarca destitui esses representantes, passando a governar de forma
autoritária, ditatorial.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
O presidente Xi Jinping no
19o
Congresso do Partido
Comunista Chinês, em 2017.
Na China, a ditadura de partido
único vigora desde que o
Partido Comunista tomou o
poder, em 1949, no contexto da
Revolução Chinesa.
Na foto, a família real no
Palácio de Buckingham
durante comemoração oficial,
em 2015, em Londres. A
monarquia no Reino Unido
é integrada a um regime
parlamentarista democrático.
• Os ditadores e os
governos ditatoriais
não se caracterizam
por uma pessoa ou
um restrito grupo de
pessoas governando
contra a vontade de
todos. Quase sempre
eles contam com
apoio de uma parcela
da população. Por
que isso acontece?
Argumentem
apresentando
exemplos atuais ou
passados.
Ver respostas e orientações
no Manual do Professor.
Conversa
James
Devaney/FilmMagic/Getty
Images
Wang
Zhao/AFP
20
A palavra democracia também tem origem na
Antiguidade, mas na Grécia clássica. Demos eram
subdivisões territoriais da cidade de Atenas com
base nas quais eram elaboradas listas de pessoas
com direito à cidadania. Unida à palavra kratia, que
significa poder ou governo, o termo democracia fa-
zia referência a um regime político no qual as deci-
sões eram tomadas não por um indivíduo apenas
ou por um pequeno grupo, mas pelo conjunto dos
cidadãos via assembleias. Além disso, os cargos
eram rotativos, de modo que todo cidadão de uma
democraciagrega,emalgummomentodavida,po-
deria ocupar uma posição política de destaque.
No mundo contemporâneo a participação dos
cidadãos nas decisões do Estado passou a ocorrer
por meio da democracia representativa, na qual
os cidadãos elegem seus representantes políticos,
que, por sua vez, cuidam da administração públi-
ca. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920)
explica essa mudança argumentando que o Estado
nacional moderno, diferentemente da pólis grega
antiga, apresenta uma burocracia demasiadamen-
te complexa para permitir a participação direta dos
cidadãos nas decisões do Estado.
O economista austríaco Joseph Schumpeter
(1883-1950), por sua vez, associa o modelo mo-
derno de democracia ao comportamento do con-
sumidor em uma sociedade capitalista. Assim
como o consumidor tem a liberdade de escolher
o produto que vai comprar, podendo optar por
diferentes marcas e modelos, também na demo-
cracia representativa, os eleitores optam por uma
proposta de governo entre as várias que lhe são
apresentadas. Assim como as empresas avaliam
o potencial de um produto por meio de pesquisas
de marketing, os partidos políticos também po-
dem avaliar as chances de um candidato por meio
de pesquisas eleitorais.
Umdosmaioresriscosdeumademocraciamo-
derna é o que o pensador político francês Alexis
de Tocqueville (1805-1859) chamava de “tirania
da maioria”. Imagine a promulgação de uma lei
que tenha impacto negativo para uma minoria da
população. Se a questão for colocada em votação,
essa minoria sempre teria seus interesses e ne-
cessidades submetidos pelos votos da maioria.
Por isso é que as democracias representativas do
mundo contemporâneo também são democra-
cias constitucionais. O Estado tem dispositivos
legais que protegem as minorias contra possíveis
injustiças sociais.
A democracia, seja a antiga, sejam as contem-
porâneas, envolve o poder e os embates sociopolí-
ticosquantoaliberdadeedireitos.Foilongaenada
simples a trajetória histórica, como veremos a
seguir, das pressões e lutas por mudanças e con-
quistas. A democracia expõe potencialidades para
enfrentar e vencer barreiras à melhor vivência so-
cial, heranças que continuam na dependência de
cada um de nós.
Veja abaixo o sentido de utopia, apontado pelo jornalista e escritor uruguaio Eduardo
Galeano (1940-2015), citado no livro Política: para não ser idiota.
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe,
jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe
de caminhar”.
CORTELLA, Mário Sergio; RIBEIRO, Renato Janine. Política: para não ser idiota. Campinas, SP:
Papirus: 7 Mares, 2010. p. 21.
1. Tomando o sentido de utopia de Eduardo Galeano, como você o associa com
a afirmação mais acima, no parágrafo que começa com: A democracia, seja a
antiga [...]
2. Considerando sua resposta à pergunta acima, a democracia se mostra como
algo pronto, fechado, permanente e acabado? Por quê?
Ver respostas e orientações no Manual do Professor.
Interpretar
NÃO ESCREVA NO LIVRO WEBER, Max. Economia e
sociedade. 4. ed. Brasília:
Editora UnB, 2015. v. 2.
SCHUMPETER, Joseph.
Capitalismo, socialismo
e democracia. São Paulo:
Editora Unesp, 2017.
TOCQUEVILLE, Alexis de.
A democracia na América.
São Paulo: Edipro, 2019.
21
Do século XIX ao XX: América
hispano-portuguesa nos limites
da independência
Os limites da independência
Desde 2010, têm ocorrido eventos comemorativos do bicentenário da in-
dependência nas regiões americanas colonizadas pelos espanhóis e portu-
gueses. As comemorações favorecem embates em torno da memória e da
história, além de possibilitar reavaliações nas experiências latino-america-
nas. A independência política de toda a América Latina manteve fortes laços
de subordinação nas relações internacionais, em especial com a Inglaterra, a
maiorpotênciamundialnoperíodoemqueocorreramasindependênciasdos
países latino-americanos. Porém, quando voltamos o olhar para o interior de
cada um dos novos países independentes, é possível identificar diferentes
limites ao efetivo exercício da cidadania pela maior parte da população.
Assim, as novas nações que se formavam na América Latina no século XIX
carregavam enormes limitações: tanto no plano das relações externas dos no-
vosEstados,atémesmocomdiversasintervençõesdepaísesexternosàregião
(Inglaterra, França, Estados Unidos), como também nas relações internas. Em
outras palavras, talvez devêssemos sempre usar aspas ao falarmos em “inde-
pendência”, seja a do Brasil, seja a dos demais países da América Latina.
Cenários da América hispânica: da
independência ao século XXI
No início do século XIX, estima-se que a população total da América espa-
nhola era de aproximadamente 22 milhões de habitantes. Destes, mais de 12
milhões eram indígenas; 6 milhões, mestiços (descendentes de espanhóis
e populações locais); 800 mil, negros escravos; e 3 milhões, criollos.
Os criollos, membros das elites hispano-americanas, desejavam romper
com as metrópoles monopolistas que lhes dificultavam as transações mer-
cantis, sobretudo com a Inglaterra. Para os colonos, a Coroa espanhola res-
tringia os setores produtivos, além de limitar o acesso aos cargos administra-
Observe que as datas das rebeliões são muito próximas, sugerindo que pairavam
no continente ideais libertários. Entretanto, na época não havia meios de
comunicação instantâneos como temos hoje.
1. Então,comoesse“espíritorevolucionário”eodesejodemudançasseespalhavam?
2. Quais eram os segmentos sociais responsáveis por isso?
3. Os segmentos sociais regionais eram unidos num só projeto para realizar as
mudanças ou a independência ou havia diferenças?
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Ver respostas e orientações no Manual do Professor.
Interpretar
22
tivos e políticos. Para a Inglaterra, contudo, interessava a independência das
colônias, uma vez que isso eliminaria as barreiras monopolistas comerciais e
ativaria novos mercados, indispensáveis ao seu progresso industrial. Criollos
e ingleses tinham interesses convergentes na independência das colônias
espanholas na América.
Fonte: elaborado com base em
BLACK. Jeremy (Ed.). World
History Atlas. Londres: Dorling
Kindersley, 2004. p. 126 e 148.
Rebeliões latino-americanas – século XVIII
Portal
de
Mapas/Arquivo
da
editora
Buenos Aires
Lima
Cidade do México
Rio de Janeiro
Vila Rica
Salvador
Conjuração
Baiana (1798)
Conjuração
Mineira
(1789)
Movimento
Comunero
(1781)
Impulso
das rebeliões
haitianas
(1791)
Rebelião de
Tupac Amaru
(1780)
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
Trópico de Capricórnio
Trópico de Câncer
90º O
0o
VICE-REINADO
DO RIO DA PRATA
VICE-REINADO
DO PERU
VICE-REINADO
DE NOVA
GRANADA
VICE-REINADO
DA NOVA
ESPANHA
BRASIL
Rebeliões
Mineração
Cana-de-açúcar
0 1338 2676
km
Os chapetones, grupo minoritário da América espanhola (cerca de 300
mil indivíduos), composto de espanhóis nascidos na metrópole, ocupavam
os altos cargos da administração colonial, vivendo em permanente confron-
to com a elite local – e desejavam a manutenção das relações metrópole-
-colônia. Os criollos, guiados pelos ideais iluministas liberais e pelo exemplo
da independência dos Estados Unidos, eram partidários do livre-comércio e
da luta pela emancipação política, embora não cogitassem mudanças na es-
trutura socioeconômica.
As rebeliões locais, de um lado, como manifestações isoladas, sinaliza-
vam o esgotamento do sistema colonial; de outro, expressavam diversos
projetos de independência. Diversas rebeliões eclodiram na América his-
pânica contra os espanhóis e seu domínio, organizadas tanto por criollos
quanto por indígenas.
Entre estas últimas, destacou-se a rebelião em 1780, de Tupac Amaru II
(1738-1781), no Vice-Reinado do Peru. Essas rebeliões e outras manifestações
do século XVIII traziam à tona outros “projetos” de independência, diferentes
23
daqueles que acabaram sendo realizados pelas eli-
tes coloniais, seja com os criollos na região hispâni-
ca, seja com os membros da aristocracia na Améri-
ca portuguesa.
O processo de independência da América es-
panhola foi impulsionado pelo enfraquecimento
da metrópole espanhola – com a invasão de Na-
poleão Bonaparte (1769-1821), que destituiu o
rei Carlos IV (1788-1808), da dinastia Bourbon, e
coroou José Bonaparte (1768-1844), seu irmão –,
que estimulou o movimento autonomista liderado
peloscriollos.Arevoluçãoquelibertouamaioriadospaíseslatino-americanos
ocorreu entre 1817 e 1825, tendo como líderes Simón Bolívar (1783-1830) e
José de San Martín (1778-1850), que percorreram quase toda a América do
Sul hispânica, com o apoio efetivo da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Embora tivessem conseguido acabar com o domínio metropolitano e ob-
tido a liberdade política, os novos Estados latino-americanos continuaram
atrelados à dependência econômica externa. Atendendo aos interesses do
desenvolvimento capitalista, a América Latina, governada pela aristocracia
criolla, assumiu a função de fornecer matérias-primas e consumir produtos
industrializados ingleses.
No Congresso do Panamá (1826), quando quase toda a América Lati-
na já estava independente, Bolívar tentou concretizar seu ideal de unidade
política, defendendo alianças entre os Estados hispano-americanos, a cria-
ção de uma força militar comum e a abolição da
escravidão, entre outras medidas. Seus esforços
de solidariedade continental – ideal de pan-ameri-
canismo bolivarista –, no entanto, encontraram a
oposição dos ingleses, dos estadunidenses e das
próprias oligarquias locais e seus dirigentes, como
a monarquia brasileira de dom Pedro I, recém-ins-
talada, comprometida com as elites escravistas.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Para discutir em grupos, faça uma pesquisa sobre Simón Bolívar e seu ideal de pan-americanismo, considerando os
seguintes aspectos:
• Em que medida o ideal de Bolívar esbarrava nos interesses estadunidenses e ingleses?
• E quanto aos interesses do Brasil independente: havia coincidência ou oposição? Em quais aspectos?
• Desde o século XIX, nossa história e a dos demais países latino-americanos correm em paralelo: vivemos quase
sempre voltados à maior aproximação ou ao distanciamento deles? Por quê?
Ver respostas e orientações no Manual do Professor.
Conversa
M.
Seemuller/DEA/Album/Fotoarena/Museu
Bolivariano,
Caracas,
Venezuela.
Monumento representando
Tupac Amaru II, sua esposa
e seus filhos. Praça de
Armas em Cuzco, Peru, em
fotografia de 2017.
Simón Bolívar saudando a bandeira após a batalha de Carabobo,
obra do pintor venezuelano Arturo Michelena. Simón Bolívar foi
um dos principais líderes na América Latina após as guerras de
independência.
Craig
Lovell/Eagle
Visions
Photography/Alamy/Fotoarena
24
No aspecto político, chefes locais, em geral líderes oriundos das forças mi-
litares mobilizadas pelos criollos nas guerras de independência, passaram a
disputaropoderdesuasrespectivasregiões.NafragmentaçãodaAméricahis-
pânica em vários novos Estados, os comandantes carismáticos, autoritários,
personalistas, chefes que irradiavam magnetismo pessoal na condução de
seus comandados, foram denominados caudilhos.
México: projetos de independência em confronto
Em 1810, ocorreu a primeira ten-
tativa de emancipação política no
México (na época, Vice-Reinado de
Nova Espanha), que se distinguiu dos
demais movimentos da América espa-
nhola por ter sido uma iniciativa das
massas populares e por seu caráter
predominantemente rural. Encabe-
çando a insurreição, sucederam-se
Miguel Hidalgo (1753-1811), padre
Morelos (1765-1815) e Vicente Guer-
rero (1782-1831), que deram ênfase
às reformas sociais populares, pro-
pondo o fim da escravidão e a igualda-
de de direitos e opondo-se à aristocra-
cia fundiária e aos altos funcionários.
Os ideais populares divergiam dos propósitos das elites criollas mexica-
nas, que quase sempre estiveram mais atreladas aos chapetones e contro-
lavam a maior parte das áreas rurais, sendo metade das terras mexicanas
pertencentes ao clero.
Para os mestiços e indígenas que formavam cerca de 80% dos 6 milhões
de habitantes da região, a luta pela independência do México deveria incluir
propostas para resolver a situação fundiária a favor dos camponeses diante
do então controle da aristocracia.
Enviado pelo vice-rei para lutar contra os insurretos mexicanos, Agustín
Itúrbide (1783-1824), de forma oportunista, aliou-se a Guerrero em 1821
formulando o Plano de Iguala, que proclamava a independência do Méxi-
co, a igualdade de direitos entre criollos e espanhóis, a supremacia da re-
ligião católica, o respeito à propriedade e um governo monárquico. Era a
confirmação de um projeto de independência que atendia aos interesses
das mesmas elites (criollos, chapetones laicos e o clero) que dominavam
o México na fase colonial. Em 1822, Itúrbide proclamou-se imperador, com
o título de Agustín I.
Itúrbide acabou deposto e fuzilado num levante republicano em 1824, e
o México confirmava efetivamente sua independência da Espanha e elegia
seu primeiro presidente, o general Guadalupe Vitória. A estrutura agrária e
social que mantinha a maioria da população submetida ao controle das elites
mexicanas permaneceu basicamente a mesma.
Agustín Itúrbide,
pintura anônima, feita,
aproximadamente, em 1821.
Luisa
Ricciarini/Bridgeman
Images/Glow
Images/Museu
Histórico
Nacional,
Castelo
de
Chapultepec,
Cidade
do
México,
México.
Reprodução/Editora
Record
O general em seu
labirinto. Gabriel
García Márquez. Rio de
Janeiro: Record, 2003.
O autor reconstrói o
passado da América
Latina, segundo a
lógica de um de seus
libertadores, Simón
Bolívar.
Saber
25
CONEXÕES
ARTE
A política na obra de arte
Simbologias históricas – uma obra de Diego Rivera
Neste mural, Rivera retrata alguns personagens da Guerra de Indepen-
dência [do México], iniciada em 1810, por meio da representação pictó-
rica dos líderes de maior vulto desse fato histórico: Hidalgo e Morelos,
de um lado, ocupam o centro desta cena, enquanto no canto esquerdo,
o Imperador Itúrbide aparece com um peso negativo, aliás o único a ser
representado com esta conotação. Deste grupo central, o padre Hidalgo
é o personagem principal que carrega na sua mão direita uma corrente
quebrada, simbolizando a liberdade, a ruptura, o fim do domínio colonial,
enquanto em sua mão esquerda sustenta um estandarte com a imagem
da Virgem de Guadalupe. Ao lado de Hidalgo está o padre José María Mo-
relos, o principal general e ideólogo da Guerra. Morelos aponta seu bra-
ço para a direita, em direção ao futuro, gesto este acompanhado por um
estranho personagem situado mais abaixo que se encontra vestido com
uma armadura e uma planta de milho a seus pés como símbolo da terra
e que está carregando uma espada em sua mão direita e uma espingarda
na esquerda. Da mesma forma que Morelos, este personagem indica, com
sua espada, a direção do futuro para um grupo de camponeses armados
com rifles e sabres. Seus interlocutores são os camponeses mas também
o espectador dos murais.
É importante notar neste detalhe as duas intenções de Rivera como
artista engajado politicamente. O primeiro aspecto a ser destacado é a
relação e o sentido eminentemente social que o autor empresta às lutas
pela independência, expressa na questão da demanda por terras pelos
camponeses. Esse aspecto estabelece uma relação entre passado e pre-
sente, pois na guerra pela independência está em questão o “pensamento
social mexicano”, ou uma “revolução agrária” […].
A representação da águia ocupa uma posição central, um pouco mais
abaixo da representação do padre Miguel Hidalgo. Esta imagem está ba-
seada num monumento de pedra pertencente à cultura mexicana, en-
contrado em 1926 na ala sul do Palácio Nacional, outrora o local onde
se situava o Palácio de Montezuma. O ponto principal do monumento é
a águia que sustenta em seu bico uma serpente apoiada sobre um pé de
nopales, que simboliza a fundação de Tenochtitlán. Desta maneira, Rivera
se apoia na arqueologia para reforçar o mito que funda a identidade cul-
tural mexicana e serve de vínculo tangível entre o México moderno e seu
passado remoto.
Deste modo, reforça-se sobre este achado um capital ideológico. É a
imagem do centralismo político, como reflexo de um Estado forte, con-
26
NÃO ESCREVA NO LIVRO
dição que, desde o século passado, se pensava como indispensável para
integrar uma nação. O discurso que este símbolo traz refere-se ao mito de
origem e a sede do poder político contemporâneo.
Este inclusive é o símbolo da atual bandeira mexicana. […] Visualmen-
te se estabelece então uma poderosa fonte de legitimidade política.
VASCONCELLOS, Camilo de Mello. As representações das lutas de independência
no México na ótica do muralismo. Diego Rivera e Juan O’Gorman. Revista de História, n. 153,
dez. 2005. p. 283-304.
O mural A Guerra de Independência
do México (1810), do pintor
mexicano Diego Rivera (1886-1957),
foi produzido entre 1929 e 1935.
Em seus diversos murais pintados
no Palácio Nacional, no México,
Rivera procurou abarcar a história
mexicana desde seus mitos de
origem até projeções do futuro.
1. Observe a reprodução do mural A Guerra de Independência do México, de
Diego Rivera. O artista organizou as figuras da composição numa sequên-
cia cronológica. Que segmento da pintura representa a história colonial
mexicana? Que segmento representa a história mais recente?
2. Na composição, vários elementos interagem para que a história mexica-
na seja mostrada como uma história de lutas. Identifique pelo menos três
desses elementos. Veja as respostas no Manual do Professor.
Luisa
Ricciarini/Bridgeman
Images/Keystone
Brasil/Palácio
Nacional,
Cidade
do
México,
México.
©
Banco
de
Mexico
Diego
Rivera
&
Frida
Kahlo
Museums
Trust,
Mexico,
D.F
./AUTVIS,
Brasil,
2020.
27
Destaques da América Latina
depois da Independência
México
Após a instalação da República, em 1824, o México passou a viver um
período de instabilidade política sob a forma de ditaduras e de dependência
econômica. As condições sociais se deterioraram com a perda de quase me-
tade de seu território, após a guerra travada contra os Estados Unidos, em
1848, e as intervenções estrangeiras sucessivas, como a dos franceses, en-
tre 1861 e 1867, que tentaram instalar na região o governo Habsburgo de Ma-
ximiliano, um prolongamento do Segundo Império napoleônico na América.
Essas condições propiciaram a instalação da ditadura de Porfirio Díaz (ele
governou em dois períodos: 1877-1880, 1884-1911), sob a qual se deu inten-
sa concentração fundiária e entrada de elevadas somas de capital estran-
geiro, voltadas para a exploração e o controle dos
recursos minerais e da produção de artigos de
exportação. Dessa forma, para a população local,
em sua grande maioria concentrada nas áreas ru-
rais, aumentaram a miséria e a dependência em
relação aos grandes senhores.
No início do século XX, esse quadro levou ao
crescimento da insatisfação da população, o que
provocou greves operárias nas cidades e revoltas
na zona rural. Dessas lutas surgiram líderes popu-
lares, como Emiliano Zapata (1879-1919) e Pan-
cho Villa (1878-1923), que comandaram milhares
de camponeses nas exigências por distribuição
de terras por meio de reforma agrária, opondo-se
aos latifundiários, aos quais se juntaram a Igreja
e as elites constituídas. Parte da elite, no entanto,
sob o comando de Francisco Madero (1873-1913),
insurgia-se contra Porfirio Díaz. Essas forças uni-
ram os exércitos revolucionários e depuseram
Porfirio Díaz em maio de 1911.
As camadas populares permaneceram insatis-
feitas com as tímidas medidas sociais tomadas
por Madero, que foi assassinado em 1913. O gene-
ral Victoriano Huerta (1850-1916) reinstalou a di-
tadura, ligada aos interesses dos Estados Unidos.
Na foto, de 1915, os líderes populares Pancho Villa (no centro)
e Emiliano Zapata (à direita) no palácio presidencial da Cidade
do México.
Populares mexicanos seguindo Zapata.
Pintura de Orozco, 1931.
Joseph
Martin/Album/ZUMA
Press/Glow
Images/
Museu
de
Arte
Moderna,
Nova
York,
EUA.
Universal
History
Archive/Getty
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Manual do Professor em Ciências Humanas

  • 1. MANUAL DO PROFESSOR em Ciências Humanas Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Eduardo Campos Eustáquio de Sene MANUAL DO PROFESSOR em Ciências M A T E R I A L D E D I V U L G A Ç Ã O − V E R S Ã O S U B M E T I D A À A V A L I A Ç Ã O C Ó D I G O D A C O L E Ç Ã O : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 C Ó D I G O D A O B R A : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 1 3 8
  • 2.
  • 3. MANUAL DO PROFESSOR Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio Eduardo Campos Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais) e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior Eustáquio de Sene Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti- culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos 1a edição, São Paulo, 2020 em Ci•ncias Humanas
  • 4. 2 Presidência: Paulo Serino Direção editorial: Lauri Cericato Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel Gestão de área: Brunna Paulussi Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca, Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist, Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi, Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana, Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus, Sandra Fernandez e Sueli Bossi Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.), Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação) Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.), Evelyn Torrecilla (pesquisa iconográfica), Cesar Wolf (tratamento de imagens) Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.), Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.) Ilustrações: Cassiano Röda e Fórmula Produções Cartografia: Mouses Sagiorato e Portal de Mapas Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor) Foto de capa: moodboard/Getty Images Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A. Avenida Paulista, 901, 4o andar Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200 Tel.: 4003-3061 www.edocente.com.br atendimento@aticascipione.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua - CRB-8/7057 2020 Código da obra CL 720008 CAE 729791 (AL) / 729792 (PR) 1a edição 1a impressão De acordo com a BNCC. Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Impressão e acabamento
  • 5. 3 Apresentação Caro(a) estudante, Neste volume foram mobilizados fatos, conceitos e procedimentos para ajudá-lo a compreender os processos de construção e de conquista da cidadania e da democracia ao longo da história. Nesse levantamento, enfatizou-se a imposição de poderes sobre populações locais durante os processos de colonização e de indepen- dência em diversos países da América Latina. Uma construção que im- pactou o conjunto latino-americano, especialmente o Brasil, ao longo dos séculos XIX e XX. Você também vai estudar as ditaduras, tanto antes da Guerra Fria como durante esse período, e como esses regimes deixaram cicatrizes na difícil conquista da democracia durante as últimas décadas. O volume também discute a questão dos Direitos Humanos, resga- tando sua gênese histórica, sobretudo na Declaração Universal dos Direi- tos Humanos de 1948, e buscando sua efetivação nas relações sociais lo- cais, nacionais e internacionais. Isso, claro, por meio da ação dos Estados e de organizações não governamentais (ONGs). Ao longo do volume são propiciadas diversas oportunidades para que você coloque em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do estudo da realidade local, nacional e mundial, exercendo assim seu protagonismo de jovem cidadão e, ao mesmo tempo, tornando a aprendizagem contextua- lizada e significativa. Bom estudo! Os autores.
  • 6. 4 Conheça seu livro Caminhos da cidadania 2 UNIDA D E Central Press/Hulton Archive/Getty Images Estouro Bem-vindo ao século XXI [...] A ordem liberal ocidental que tem governado desde o fim da II Guerra Mundial baseou-se na hegemonia dos EUA. Como potência verdadeiramente global, foi dominante não apenas no campo do poder militar (além do econômico e financeiro), mas em quase todas as dimensões do soft power (cultura, língua, meios de comunicação, tecnologia e moda). A Pax Americana que garantiu um alto grau de estabilidade global começou a falhar (especialmente no Oriente Médio e na Península da Coreia). Embora os Estados Unidos continuem a ser a primeira potência planetária, já não têm a capacidade ou vontade de ser a polícia do mundo ou fazer os sacrifícios necessários para garantir a ordem. Por sua própria natureza, um mundo globalizado evita a imposição da ordem do século XXI. E mesmo que o surgimento de uma nova ordem mundial seja algo inevitável, seus fundamentos ainda não podem ser distinguidos. Parece improvável que seja liderada pela China; o país continuará voltado para si mesmo e concentrado na estabilidade interna e no desenvolvimento, e é provável que suas ambições sejam limitadas ao controle de sua vizinhança imediata e mares que o rodeiam. Além disso, não possui (em quase nada) o soft power necessário para tentar se tornar uma força de ordem mundial. [...] FISCHER, Joschka. Bem-vindo ao século XXI. El País, 7 fev. 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/ brasil/2016/02/07/opinion/1454864647_294190.html. Acesso em: 6 jun. 2020. Contexto ESSE TEMA SERÁ RETOMADO NA SEÇÃO PRÁTICA 94 A participação da sociedade nos assuntos públi- cos ocorre por meio do exercício dos direitos políti- cos. De todos esses direitos, o voto é o mais conhe- cido e o mais exercido e é por ele que cada indivíduo expressa sua vontade na escolha de representantes políticos. O artigo 14 (Capítulo IV - Dos direitos políticos) da Constituição Brasileira vigente, desde 1988, estabelece o sufrágio universal, ou seja, o exercício do voto direto e secreto de modo obrigatório para indivíduos com mais de 18 anos, e facultativo para os maiores de 16 e meno- res de 18 e também para aqueles com mais de 70 anos. Porém, para que o sufrágio universal fosse estabeleci- do no Brasil, foi necessário um longo período de conflitos e de reivindicação de direitos por diversos grupos sociais. Nos últimos anos, muitas pessoas têm se manifes- tado contra a obrigatoriedade do voto. No segundo turno das eleições para presidente em 2018, a soma de votos nulos, brancos e abstenções representou cerca de um terço do total de eleitores. Considerandoessasinformações,reflitasobreasques- tõesaseguireconversecomoscolegaseoprofessor. 1. O voto é um direito político pelo qual muitos brasilei- ros lutaram no passado, mas atualmente boa parte deles prefere não exercê-lo. Quais fatores podem ex- plicar essa mudança de atitude de uma parcela da população? 2. Além do voto, há outras formas de participação po- lítica e de exercício da cidadania? Em caso positivo, quais seriam elas? Contexto Democracia e ditadura no Brasil e na América Latina 1 OBJETIVOS • Compreeder os conceitos de democracia e ditadura tendo em vista sua origem na Antiguidade clássica e seu uso em contextos políticos contemporâneos. • Conhecer os contextos de surgimento e desenvolvimento de diferentes regimes políticos na América Latina nos séculos XIX e XX. • Relacionar as políticas populistas e desenvolvimentistas do Brasil a contextos históricos específicos. • Identificar as motivações de elites econômicas e sociais e interesses estrangeiros no surgimento e desenvolvimento de regimes ditatoriais no Brasil. JUSTIFICATIVA Conceitos relativos a regimes e práticas políticas, tais como democracia, ditadura, populismo, paternalismo, desenvolvimentismo, entre outros, são importantes para a compreensão de situações históricas específicas. Ao mesmo tempo, essas situações exemplificam e esclarecem melhor a própria compreensão desses conceitos. Tendo foco em contextos políticos da América Latina nos séculos XIX e XX, o capítulo contribui para estimular a reflexão dos estudantes quanto à história política latino-americana contemporânea. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG3, CG4, CG7, CG9 e CG10. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS103. Competência 5: EM13CHS503 e EM13CHS504. Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS603. • Competências e habilidades específicas de Linguagens e suas Tecnologias: Competência 6: EM13LGG604. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Educação em direitos humanos Multiculturalismo • Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras C A P Í T U L O C A P Í T U L O NÃO ESCREVA NO LIVRO 18 CONEXÕES CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS NÃO ESCREVA NO LIVRO Geração e tempo geracional Para as Ciências da natureza, “geração”, entre outros significados, se refere à reprodução ou à transição entre pais e filhos. Mas “geração” pode se referir ainda ao conjunto de pessoas contem- porâneas–umadefiniçãomuitoutilizadaemcon- textos sociais. O período médio entre duas gerações consecu- tivas é chamado “tempo de geração” e ele é variá- vel entre diferentes espécies. Entre os humanos, por exemplo, o tempo de geração é longo, de, em média, 30 anos. Já entre vírus e bactérias, assim como outros organismos patogênicos, o tempo de geração é muito mais curto, sendo, às vezes, de poucos minutos. E são esses organismos com tempo de geração muito curto que são utilizados para os estudos de Genética, uma vez que as infor- mações genéticas são transmitidas de geração em geração e podem ser observadas mais facilmente. Foi observando um organismo com o tempo geracional curto (ervilhas) que Gregor Mendel realizou seus experimentos e estabeleceu as ba- ses para o estudo da hereditariedade Outroorganismocomumenteutilizadoemestu- dosgenéticossãoasmoscas-da-fruta(Drosophila melanogaster). Isso porque elas possuem um tempo de geração de cerca de 10 dias. Mas não é somente nas Ciências da Natureza que o conceito de geração tem seus impactos. Nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ele também tem sua importância. Veja o texto a seguir. No pensamento social contemporâneo, a noção de geração foi desenvolvida em três mo- mentos históricos, que correspondem a três quadros sociopolíticos particulares: durante os anos 1920, no período entreguerras, as bases filosóficas são formuladas em torno da noção de "revezamento geracional" (sucessão e coexis- tência de gerações), existindo um consenso ge- ral sobre este aspecto [..]. Durante os anos 1960, na época do protesto, uma teoria em torno da noção de "problema geracional" (e conflito gera- cional) é fundamentada sobre a teoria do con- flito [...]. A partir de meados dos anos 1990, com a emergência do sociedade em rede, surge uma nova teoria em torno da noção de "sobreposição geracional". Isto corresponde à situação em que os jovens são mais habilidosos do que as gera- ções anteriores em um centro de inovação para a sociedade: a tecnologia digital [...]. FEIXA, Carles; LECCARDI, Carmem. O conceito de geração nas teorias sobre juventude. Soc. estado, Brasília, v. 25, n. 2, p. 185-204, Aug. 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S010269922010000200003&lng=en &nrm=iso. Acesso em: 7 set. 2020. Considere um adulto com idade aproximada de 25 anos que viva na sua comunidade, e responda: • Você considera que você e esse adulto façam parte da mesma geração? • De acordo com o pensamento social contemporâneo, qual sua relação com esse indivíduo? Você acredita que haja um “revezamento geracio- nal”, um “problema geracional” ou uma “sobreposição geracional”? Rawpixel.com/Shutterstock 83 Mísseis balísticos intercontinentais com capacidade de transportar bombas nucleares, em parada militar na Praça Vermelha, Moscou (União Soviética), em 1969. Após ler o texto e com base em seus conhecimentos da realidade e em pesquisa na internet, reflita sobre as questões propostas: 1. Por que ainda não se pode distinguir os fundamentos de uma nova ordem internacional? 2. O que você entende por soft power? Qual é a diferença entre soft power e hard power? Dê exemplos. 3. Você acha que é importante ter soft power para liderar uma ordem internacional? Por quê? O Brasil tem hard power e soft power? 95 Democracia e ditadura como conceitos opostos Nós, seres humanos, vivemos em culturas diferentes, e os modos de or- ganização política variam muito de uma sociedade para outra. De maneira geral, podemos identificar sociedades nas quais a organização é estabeleci- da de forma autoritária, sob um governo centralizado. Em outras, as decisões são tomadas de forma coletiva e dialogada. Essas formas de organização são, quase sempre, associadas, respectivamente, à ditadura e à democracia. A palavra ditadura tem origem na Antiguidade, na Roma republicana. De- pois de se libertarem do domínio etrusco, em 509 a.C., e antes de constituí- rem um império, a partir de 27 a.C., os romanos consideravam o Senado o principal órgão político. Não se tratava de uma democracia, mas de uma Re- pública aristocrática, pois os senadores eram representantes da elite, uma minoria da população. Mas suas decisões eram tomadas a partir do diálogo sobre a rex-publica, o respeito à coisa pública, ao publicus, coisa do povo, na busca de entendimentos em relação ao que seria melhor para a cidade. Po- rém, em épocas de crise, como em uma guerra, as decisões tinham de ser tomadas rapidamente e, por isso, se instituía um ditador, do latim ditactor, o que ditava os decretos, com amplos poderes por um período máximo de seis meses. Em outras palavras, a ditadura era um tipo de governo provisório, ex- traordinário, acionado em situações excepcio- nais, com a finalidade de cuidar da administra- ção da cidade até que a situação de crise fosse resolvida. Assim, essa ditadura antiga não carregava um caráter pejorativo de ilegalidade. Situação diferente de ditadura na modernidade em que se tornou um sinônimo de governo autoritário, perdendo o aspecto de transitoriedade que ti- nha na Roma antiga. Nesse sentido, se tivés- semos de buscar na Antiguidade um governo com algumas similaridades com as ditaduras contemporâneas, perceberíamos que elas se assemelham mais ao despotismo ou à tirania. E, nesse quadro, são exemplares as do mundo grego e mesmo de outros povos antigos que, em meio às tensões e conflitos internos, cer- tas personagens assumiam o poder e se ga- rantiam nele sobretudo pela força, reprimindo descontentamentos e impondo suas decisões. Cartaz da exposição Mais democracia, sim! Ditadura nunca mais! promovida pela prefeitura de Sobral, CE, em 2014, como forma de lembrar às novas gerações os horrores ocorridos durante a ditadura no Brasil. Reprodu•‹o/sobralonline.com.br 19 Retome o contexto Bill of Rights Diferenças e desigualdades Filósofos antigos Contratualistas dos séculos XVII e XVIII Primeira geração: Direitos Civis e Políticos Segunda geração: Direitos Econômicos, Sociais e Culturais Terceira geração: Direitos Universais – fraternidade e igualdade A Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948 Constituição de 1787 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789 Estados – Constituições – Acordos Internacionais – Sociedade Civil – ONGs Anti-Slavery Human Rights Watch Anistia Internacional Médicos Sem Fronteiras Oxfam Repórteres Sem Fronteiras Inúmeras ONGs O que pode ser feito? Precursores – destaques Revolução Gloriosa – 1689 Independência dos Estados Unidos – 1776 Revolução Francesa – 1789 Crescem os desafios aos Direitos Humanos Prática dos Direitos Humanos Distinção Gerações Consolidação Principais • Em relação às respostas que você apresentou no início do capítulo, o que você mudaria ou complementaria? O que precisa ser feito para diminuir a distância entre as leis e a realidade? HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS Mapa conceitual organizado pelos autores. 151 VOCÊ PRECISA SABER NÃO ESCREVA NO LIVRO 151 Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio. Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de aprendizagem. As aberturas de unidades apresentam textos e imagens que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a seção Contexto traz situações concretas cuja análise exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos e estão relacionadas com a seção Prática, que traz uma proposta de trabalho para que você aplique os conhecimentos que são produzidos em sala de aula na comunidade escolar e em seu entorno. As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos (fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo, você também encontrará um boxe com os objetivos, a justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos e as competências, habilidades e temas contemporâneos transversais mobilizados no capítulo. Em todos os capítulos, você encontrará uma ocorrência da seção Conexões, que trabalha a interdisciplinaridade com componentes curriculares de outras áreas do conhecimento, especialmente as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como com disciplinas que não estão presentes no currículo escolar. Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz propostas de retomada das questões apresentadas na seção Contexto, na abertura do capítulo. Momento que serve de recurso para resumo e sistematização de alguns dos conteúdos trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir na forma de mapas conceituais, esquemas, fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar atividades que estabeleçam relação dos conteúdos trabalhados com os seus lugares de vivência e as suas experiências pessoais.
  • 7. 5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG4, CG5, CG7 e CG9. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS101, EM13CHS103 e EM13CHS104. Competência 2: EM13CHS205. Competência 5: EM13CHS502 e EM13CHS503. Competência 6: EM13CHS605. • Competência e habilidade específicas de Linguagem e suas Tecnologias: Competência 7: EM13LGG703. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Vida Familiar e Social • Educação em Direitos Humanos O que acontece na praça? PRÁTICA Para começar Os séculos XX e XXI apresentam incontáveis transformações no estilo de vida das pessoas. Entre elas, está o acelerado processo de urbanização em todo o mundo. A Revolução Industrial, o desenvolvi- mento tecnológico e o estabelecimento do capitalismo como modo de produção levaram ao crescimento das cidades, à especialização do trabalho e a uma moderna rede de comunicações que possibilita maior eficiência na distribuição e no acesso a bens e serviços. Mas será que serviços como saúde, educação, lazer, saneamento básico e pavimen- tação de ruas são ofertados igualmente em todo o território nacional? A falta de serviços e estruturas básicas para boa parte da população brasileira mostra violações aos Direitos Humanos. Trata-se de uma situação complexa e real. Por isso é importante que, como brasileiros e estudantes, vocês se dediquem a observar, registrar e analisar essa realidade na cidade onde vocês vivem hoje. Muitas vezes passamos, sem nos darmos conta, por locais em que vá- rias violações são cometidas. Não porque essas violências sejam es- condidas, mas porque passamos a enxergá-las como “naturais”. A na- turalização de fenômenos sociais nada mais é do que enxergar como “natural” algo que na realidade é fruto de processos históricos. Muitas vezes, esses processos são atravessados por relações desiguais de poder e violência. Por isso é importante desnaturalizar o olhar para as situações cotidianas, em especial aquelas relacionadas à violação dos Direitos Humanos. O cenário da desigualdade é visível nas diversas paisagens das cidades, sejam gran- des, sejam médias, sejam pequenas. Essa desigualdade se apresenta em diferentes es- paços, como é o caso das praças centrais das cidades, em que é possível ver a circulação de vários tipos de pessoas, de diferentes origens e classes sociais. Nesses lugares se mistu- ram gerações (crianças, adultos e idosos), homens, mulheres, pessoas LGBTQI+, pessoas que apenas “passam” por ali, outras que traba- lham, conversam, passam o tempo, dormem ou vivem ali, por falta de um local adequado de moradia. Essa diversidade, comum em praças, faz delas um ambiente inte- ressante para se compreender um pouco da lógica local e analisar de que forma os diferentes grupos acessam e utilizam esses espaços pú- blicos da cidade. Praça Dante Aligheri em Caxias do Sul, RS. Fotografia de 2019. Gerson Gerloff/Pulsar Imagens 152 2. (2017) Muitos países se caracterizam por te- rem populações multiétnicas. Com frequên- cia, evoluíram desse modo ao longo de sé- culos. Outras sociedades se tornaram mul- tiétnicas mais rapidamente, como resultado de políticas incentivando a migração, ou por conta de legados coloniais e imperiais. GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado). Do ponto de vista do funcionamento das demo- cracias contemporâneas, o modelo de socieda- de descrito demanda, simultaneamente, a)defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo. b)universalização de direitos e respeito à di- versidade. c)segregação do território e estímulo ao auto- governo. d)políticas de compensação e homogeneiza- ção do idioma. e)padronização da cultura e repressão aos particularismos. 3. (2017) A participação da mulher no processo de decisão política ainda é extremamente li- mitada em praticamente todos os países, inde- pendentemente do regime econômico e social e da estrutura institucional vigente em cada um deles. É fato público e notório, além de empiri- camente comprovado, que as mulheres estão em geral sub-representadas nos órgãos do po- der, pois a proporção não corresponde jamais ao peso relativo dessa parte da população. TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002. No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de reverter esse quadro de sub-re- presentação tem envolvido a implementação, pelo Estado, de a)leis de combate à violência doméstica. b)cotas de gênero nas candidaturas partidárias. c)programasdemobilizaçãopolíticanasescolas. d)propagandas de incentivo ao voto consciente. e)apoio financeiro às lideranças femininas. 1. (2016) Texto I Texto II Metade da nova equipe da NASA é composta por mulheres Até hoje, cerca de 350 astronautas america- nos já estiveram no espaço, enquanto as mulhe- res não chegam a ser um terço desse número. Após o anúncio da turma composta 50% por mulheres, alguns internautas escreveram co- mentários machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais. Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016. A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia de 2016 mos- tra a a)elitização da carreira científica. b)qualificação da atividade doméstica. c)ambição de indústrias patrocinadoras. d)manutenção de estereótipos de gênero. e)equiparaçãodepapéisnasrelaçõesfamiliares. Reprodução/ENEM, 2016. 86 QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO Todavia, a urbaniza- ção ainda era um fenô- meno circunscrito a es- ses países precursores do processo de indus- trialização, e até o final do século XX o mundo era predominantemente rural. Observe o gráfico da lado. Historicamente, a urbanização foi condi- cionada por dois fatores: os atrativos, que es- timulam as pessoas a migrar para as cidades, e os repulsivos, que as impulsionam a sair do campo. Os fatores atra- tivos estão associados às transformações pro- vocadas na cidade pela industrialização, sobre- tudo geração de empre- gos tanto no setor indus- trial quanto no de comércio e serviços, o que não necessariamente se reflete em melhoria da qualidade de vida. O crescimento desenfreado de cidades nem sempre foi acompanhado de crescimento de infraestrutura, e a maior parte dos trabalhadores que iam para a cidade em busca de emprego ganhava muito pouco e morava em cortiços. Além disso, eram frequentes doenças e epide- mias, pela falta de saneamento básico e de higiene. Só com o passar do tempo e com a luta por direitos trabalhistas, sobretudo no século XX, a elevação da renda dos trabalhadores e os investimentos governamentais em infraestrutu- ra urbana melhoraram as condições de vida nas cidades de muitos países da Europa, da América do Norte e da Ásia. Os fatores repulsivos são típicos de alguns países em desenvolvimento, principalmente nos menos desenvolvidos. Estão associados às más condi- ções de vida na zona rural, por causa da estrutura fundiária bastante con- centrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos agricultores, do arcaísmo das técnicas de cultivo e da falta de infraestrutura que torna a agricultura mais suscetível às intempéries; embora, em regiões que se mo- dernizaram, o processo de mecanização das atividades agrícolas também contribua para a migração rural-urbana. O resultado é o êxodo rural, que, nas grandes metrópoles, provoca o agravamento dos problemas urbanos em ra- zão do aumento abrupto da população. Cortiço: não há uma conceituação oficial para cortiço, que pode ser informalmente definido como moradia que, embora regular, está localizada em zonas degradadas das cidades, na qual os membros de duas ou mais famílias pobres dividem os espaços coletivos da residência, como cozinha, banheiro e tanque de lavar roupa. A infraestrutura quase sempre é precária e há uma superlotação dos cômodos, com condições de higiene inadequadas. Estrutura fundiária: número, tamanho e distribuição dos imóveis rurais. Mundo: evolução da população urbana e rural — 1950-2050 0 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 População (bilhões) 1,0 3,0 2,0 Urbano 4,0 6,0 5,0 7,0 Rural NÃO ESCREVA NO LIVRO Fonte: elaborado com base em UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Urbanization Prospects 2018. Highlights. New York, 2019. p. 5. • Analise o gráfico e responda: a) A partir de quando o mundo se tornou predominantemente urbano? Qual é a projeção para o futuro? b) Como se dá o processo de urbanização no município onde você mora? A cidade está crescendo ou não? Interpretar Fórmula Produções/Arquivo da editora 101 Nas leis brasileiras não existe a figura jurídica de organização não go- vernamental, mas de organização da sociedade civil (OSC). Assim, as ONGs, incluindo as internacionais, são classificadas no Brasil como OSC. Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil do Instituto de Pes- quisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2019 havia 781 921 OSCs no país. No entanto, elas são, em sua maioria, associações locais, de atuação bas- tante restrita, e não ONGs de atuação internacional, como algumas que se- rão apresentadas a seguir. A grandeza do número de OSC no Brasil se deve também ao fato de as entidades assim classificadas serem contabilizadas por CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Por exemplo, a organiza- ção religiosa Igreja Universal do Reino de Deus contabiliza 7 090 OSCs por- que cada templo religioso em território brasileiro tem um CNPJ próprio e, consequentemente, é contabilizado separadamente. Como se vê no gráfico abaixo, as OSCs atuam em diversas áreas, com destaque para desenvolvi- mento e defesa de direitos. Brasil: distribuição das OSCs por área de atuação — 2019 Assistência social 12% 47% 20% 6% Desenvolvimento e defesa de direitos Religião Associações patronais, profissionais e de produtores rurais Educação e pesquisa Outras atividades associativas Saúde Cultura e recreação Meio ambiente e proteção animal, habitação etc. Sem informação Fórmula Produções/Arquivo da editora Fonte: elaborado com base em IPEA. Mapa das Organizações da Sociedade Civil. Dados e Indicadores, 2020. Disponível em: https://mapaosc.ipea.gov.br/dados-indicadores.html. Acesso em: 7 ago. 2020. IPEA. Mapa das Organizações da Sociedade Civil. Dados e Indicadores, 2020. Disponível em: https://mapaosc.ipea.gov. br/dados-indicadores.html. Acesso em: 22 jun. 2020. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mapa das Organizações da Sociedade Civil. Disponível em: https://mapaosc.ipea.gov.br/resultado-consulta. html?organizacao=human_rights&tipoBusca=0. Acesso em: 22 jun. 2020. Nesse site do Ipea é possível consultar o nome das OSCs que atuam no Brasil e visualizá-las por município, estado e região. Saber Reprodução/mapaosc.ipea.gov.br As ONGs têm um papel importante, ao lado dos Estados, na ordem mun- dial contemporânea. A seguir vamos estudar algumas das mais conhecidas e atuantes no mundo na promoção e proteção aos Direitos Humanos e alguns acontecimentos ligados à atuação de cada uma delas. 137 DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Leia o texto a seguir e depois responda às questões. O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes afirma que “uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho” e ainda que “uma vida desprovida de sentido no trabalho é in- compatível com uma vida cheia de sentido fora do trabalho. [...] Uma vida cheia de sentido somente poderá efetivar-se por meio da demolição das barreiras existentes entre tempo de trabalho e tempo de não trabalho, de modo que, a partir de uma atividade vital cheia de sentido, autodeter- minada, para além da divisão hierárquica que subordina o trabalho ao capital hoje vigente e, portanto, sob as bases inteiramente novas, possa se desenvolver uma nova sociabilidade [...] na qual liberdade e necessidade se realizam mutuamente.” ANTUNES, Ricardo. Socialismo, lutas sociais e novo modo de vida na América Latina. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, jul./set. 2017. Disponível em: https:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-89662017000302212. Acesso em: 13 ago. 2020. • Dividam-se em grupos de quatro estudantes para debater as seguintes questões: a)Na opinião de vocês, por que o autor afirma que para que a vida tenha senti- do fora do trabalho ela deve ter sentido dentro do trabalho? b)Na vida cotidiana, que trabalhos vocês exercem? Vocês gostam de exercer es- sas funções ou as consideram exausti- vas e/ou entediantes? c)Nas suas famílias, quais trabalhos são exercidos pelos seus familiares? Vocês consideram que todos os mem- bros da sua família trabalham o mes- mo tempo ou alguns trabalham mais do que outros? Por que isso acontece? d)Vocês consideram vital para a sua saúde mental uma conciliação entre o tempo de trabalho e o tempo de não trabalho? O que vocês gostam de fazer quando não estão trabalhando? e)O que o autor quer dizer com “divisão hierárquica que subordina o tra- balho ao capital hoje vigente”? Na opinião do grupo, existem trabalhos maisvalorizadosdoqueoutros?Sesim,oquefazcomqueissoocorra? • Reflitam sobre as respostas do grupo e busquem encontrar pontos em comum entre vocês. Em quais aspectos os hábitos da sua família e Por questões culturais, muitas vezes, algumas profissões são consideradas mais “importantes” do que outras. Mascha Tace/Shutterstock 84 Seção que apresenta atividades em diversos formatos pensadas para auxiliar no trabalho com diferentes competências específicas e habilidades estabelecidas pela BNCC, como identificar, analisar e comparar fontes e narrativas, elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos, que possibilitem o compartilhamento de pontos de vistas, o diálogo e a reflexão. Uma página com atividades de edições recentes de avaliações oficiais para que você possa verificar como os temas trabalhados em sala de aula aparecem nessas provas, em especial no Enem. Apresenta uma proposta de projeto que aborda um tema relacionado aos capítulos da unidade por meio das metodologias de pesquisa (como revisão bibliográfica, análise documental, construção e uso de amostragens ou observação participante). Os projetos propostos permitem a valorização dos conhecimentos, da ciência e da argumentação com base em fatos, além de articular os conhecimentos construídos em sala de aula com a realidade vivida. Atividades que propõem o aprofundamento dos recursos que aparecem ao longo do capítulo, como textos em seus mais diversos gêneros, fotografias, obras de arte, mapas, gráficos, explorando suas regras de composição, significado e sentido. Traz a indicação dos autores e obras que apresentam conceitos importantes para o trabalho com os temas propostos nos capítulos. Apresenta os significados de palavras destacadas no texto. Recursos de linguagens variados (livros, filmes, podcasts, músicas, sites, obras de arte, etc.) para aprofundar temas abordados no capítulo e complementar seu repertório cultural e científico.
  • 8. 6 Competências e habilidades da BNCC A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con- junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil. Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe- cimentos, competências e habilidades. Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé- dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento. Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com- petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas. Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá- sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão trabalhadas neste livro. DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos) mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun- do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais. Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter em seu cotidiano. Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren- dizagem. Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020. Composição dos códigos das habilidades CADERNO BNCC O primeiro número indica a competência da área e os dois últimos indicam a habilidade relativa a essa competência. EM 13 CHS 101 Indica a etapa de Ensino Médio. Indica que a habilidade pode ser desenvolvida em qualquer série do Ensino Médio. Indica a área à qual a habilidade pertence.
  • 9. 7 Competências gerais da Educação Básica 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun- do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in- cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife- rentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- -cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri- ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex- periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin- do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes- soal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci- mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun- do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res- ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden- do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen- do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
  • 10. 8 Competências específicas e habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competência específica 1 Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali- dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com- preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica. Habilidades EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô- micos, sociais, ambientais e culturais. EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so- ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati- vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco- nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros). EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas no tempo e no espaço. EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/ virtual etc.), explicitando suas ambiguidades. EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble- mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Competência específica 2 Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida- des e o papel geopolítico dos Estados-nações. Habilidades EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con- tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles. CADERNO BNCC
  • 11. 9 EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais. EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen- tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras). EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida- des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na- cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas. EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am- bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis. EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico. Competência específica 3 Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda- des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi- cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro- movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global. Habilidades EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi- cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável. EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná- lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida- des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade. EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu- mo e à adoção de hábitos sustentáveis. EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável. EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis. EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros)
  • 12. 10 Competência específica 4 Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con- textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades. Habilidades EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos. EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica. EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos. EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais. Competência específica 5 Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos. Habilidades EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces- sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade. EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro- blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais. EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava- liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos. EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas. CADERNO BNCC
  • 13. 11 Competência específica 6 Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa- zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber- dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Habilidades EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in- dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país. EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual. EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno, soberania etc.). EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e negativos dessa atuação para as populações locais. EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual- dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo. EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do- cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi- ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
  • 14. 12 Competências específicas e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferen- tes campos de atuação social e nas diversas mídias,paraampliarasformasdeparticipação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. HABILIDADES EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ- ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interes- ses pessoais e coletivos. EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte- resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi- lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ- ção de textos e discursos em diversos campos de atuação social. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 Compreender os processos identitários, con- flitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitar as di- versidades, a pluralidade de ideias e posições e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igual- dade e nos Direitos Humanos, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. HABILIDADES EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua- gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex- tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri- co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers- pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen- der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor- porais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regio- nal e global. HABILIDADES EM13LGG301 Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo- rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos. EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua- gem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin- do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5 Compreender os processos de produção e ne- gociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como for- mas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade. HABILIDADES EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti- pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores democráticos. CADERNO BNCC
  • 15. 13 COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6 Apreciar esteticamente as mais diversas pro- duções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e glo- bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. HABILIDADES EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica. EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au- torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter- secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais, conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so- ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas. EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di- mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7 Mobilizar práticas de linguagem no universo di- gital, considerando as dimensões técnicas, crí- ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera aprender nos campos da ciência, cultura, traba- lho, informação e vida pessoal e coletiva. HABILIDADES EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma- ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá- ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se- leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital. EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen- tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais. Competências específicas e habilidades de Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Utilizar estratégias, conceitos e procedi- mentos matemáticos para interpretar situa- ções em diversos contextos, sejam ativida- des cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioe- conômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral. HABILIDADES EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas, sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec- nologias digitais. EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui- sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife- rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de interpretação, como escalas e amostras não apropriadas. CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Investigar situações-problema e avaliar apli- cações do conhecimento científico e tecnoló- gico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comuni- cação (TDIC). HABILIDADES EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi- mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren- tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica. EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen- tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife- rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba- tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân- cia sociocultural e ambiental.
  • 16. 14 SUMÁRIO Caderno BNCC 6 Capítulo 1 Democracia e ditadura no Brasil e na América Latina................................... 18 Democracia e ditadura como conceitos opostos.............. 19 Do século XIX ao XX: América hispano-portuguesa nos limites da independência................................................ 22 Os limites da independência ................................................................ 22 Cenários da América hispânica: da independência ao século XXI... 22 Destaques da América Latina depois da Independência 28 México..................................................................................................... 28 América Central e Caribe....................................................................... 30 Brasil: da independência ao século XXI............................... 35 Os excluídos nessa história do Brasil: negros e indígenas............... 37 Brasil: do século XIX à República da Era Vargas................................. 38 Atuações governamentais no Brasil democrático pós-Estado Novo................................................ 45 Mobilizações sociais e atuações nos governos ditatoriais do Brasil.................................................................... 50 Atuações sociais para a democracia: as heranças paternalistas e autoritárias no século XXI.......................................... 56 Capítulo 2 Desafios para construção da justiça social no Brasil ............................ 62 Diversidade, particularidades e igualdade ......................... 64 Emancipação das mulheres................................................................. 65 A inclusão de negros e indígenas ....................................................... 70 Os idosos ................................................................................................ 75 Os jovens................................................................................................. 76 • Prática Relembrarépreciso:comofoiaditaduramilitar-civilnoBrasil?.. 88 Dimensões da cidadania 1 UNIDA D E 16 Luciana Whitaker/Pulsar Imagens
  • 17. 15 Capítulo 3 A cidade e a cidadania ........................... 96 A cidade e o cidadão.................................................................. 98 O processo de urbanização..................................................... 100 Rede e hierarquia urbanas ...................................................... 104 Os problemas sociais urbanos............................................... 112 Desigualdades e segregação socioespacial....................................... 112 O problema da moradia.......................................................................... 114 Capítulo 4 Direitos Humanos e prática social........... 122 Gênese dos Direitos Humanos............................................... 123 Documentos ................................................................................ 124 Reflexões sobre os Direitos Humanos................................. 130 Os Direitos Humanos e a atuação das ONGs ...................... 136 Principais ONGs de atuação nacional e internacional ..... 138 Anti-Slavery International ..................................................................... 138 Human Rights Watch............................................................................. 138 Anistia Internacional.............................................................................. 140 Médicos Sem Fronteiras........................................................................ 141 Oxfam ...................................................................................................... 142 Repórteres Sem Fronteiras................................................................... 142 Observatório da Imprensa .................................................................... 144 Os Direitos Humanos no mundo e os desafios em crescimento .................................................. 144 • Prática O que acontece na praça? .................................................... 152 Caminhos da cidadania 2 UNIDA D E 94 Central Press/Hulton Archive/Getty Images Referências bibliográficas comentadas 158
  • 18. Dimensões da cidadania 1 UNIDA D E O texto abaixo, elaborado pela cientista política Mônica Sodré, pelo professor da USP e cientista político José Álvaro Moisés e pelo sociólogo Floriano Pesaro, aponta que a democracia está sob risco em vários países, incluindo o Brasil. Ao final responda às questões propostas. Nem só de eleições vivem as democracias Pela primeira vez neste século, a maior parte do mundo não é uma democracia. Isso não se explica apenas pelas suas dificuldades em locais nos quais já estava consolidada — como nos EUA e na Europa ocidental —, mas também pelo surgimento de regimes híbridos, que mantêm os aspectos eleitorais enquanto suprimem liberdades de imprensa e de expressão, caso de Hungria e Filipinas. Sua retração global é sentida em disputas eleitorais enviesadas, vulnerabilidade a rupturas, manifestações populares, desrespeito à oposição, censura à imprensa, esvaziamento dos partidos e dos Parlamentos e perseguições. Regimes democráticos não se realizam somente com a garantia de eleições livres, regulares e justas. Sua realização envolve o entendimento cotidiano de seus valores, incorporados em suas normas e comportamentos, e a existência de condições, inclusive materiais, que assegurem aos cidadãos a capacidade de interferir nos rumos do país e da política. Sua superioridade frente a outras formas de organização da vida coletiva se justifica por três aspectos: é a única na qual os direitos de existência, expressão e participação das minorias são respeitados e preservados, as decisões são consideradas vinculativas por excelência e, por fim, na qual se pressupõe aceitação às regras do jogo. No Brasil, nosso período democrático mais longevo completou 30 anos e nossa democracia liberal encontra-se sob risco permanente e com gradativa morte de seu vigor. Morre todos os dias, quando há estímulo da violência por parte de quem ocupa postos de poder. Quando os que ocupam tais posições reivindicam para si a representação exclusiva do povo e seus interesses. Quando os limites entre público e privado ficam quase invisíveis. Quando há esforço para refundar o passado e brigar com a ciência. Quando a desinformação vira arma e as instituições passam a ser orientadas por uma visão que tem como finalidade esvaziá-las de capacidade. Quando a inserção internacional e, portanto, a capacidade de cooperação e relacionamento externos são comprometidas. Quando não há mais imagem externa a zelar. SODRÉ, Mônica; MOISÉS, José Álvaro; PESARO, Floriano. Nem só de eleições vivem as democracias. Folha de S.Paulo, 9 ago. 2020. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/08/ nem-so-de-eleicoes-vivem-as-democracias.shtml. Acesso em: 10 ago. 2020. Contexto ESSE TEMA SERÁ RETOMADO NA SEÇÃO PRÁTICA 16
  • 19. Jovem votando nas eleições de 2014 na cidade do Rio de Janeiro, RJ. 1. Quais são os entraves e ameaças à democracia apontados no artigo? 2. Em que a democracia é o regime político superior, segundo os autores? 3. Se a democraia é um sistema no qual prevalece a vontade da maioria, por que os autores afirmam que nesse regime os direitos das minorias são respeitados e valorizados? 4. Como podemos revigorar a atual democracia brasileira? Ver respostas e orientações no Manual do Professor. Luciana Whitaker/Pulsar Imagens NÃO ESCREVA NO LIVRO 17
  • 20. A participação da sociedade nos assuntos públi- cos ocorre por meio do exercício dos direitos políti- cos. De todos esses direitos, o voto é o mais conhe- cido e o mais exercido e é por ele que cada indivíduo expressa sua vontade na escolha de representantes políticos. O artigo 14 (Capítulo IV - Dos direitos políticos) da Constituição Brasileira vigente, desde 1988, estabelece o sufrágio universal, ou seja, o exercício do voto direto e secreto de modo obrigatório para indivíduos com mais de 18 anos, e facultativo para os maiores de 16 e meno- res de 18 e também para aqueles com mais de 70 anos. Porém, para que o sufrágio universal fosse estabeleci- do no Brasil, foi necessário um longo período de conflitos e de reivindicação de direitos por diversos grupos sociais. Nos últimos anos, muitas pessoas têm se manifes- tado contra a obrigatoriedade do voto. No segundo turno das eleições para presidente em 2018, a soma de votos nulos, brancos e abstenções representou cerca de um terço do total de eleitores. Considerandoessasinformações,reflitasobreasques- tõesaseguireconversecomoscolegaseoprofessor. 1. O voto é um direito político pelo qual muitos brasilei- ros lutaram no passado, mas atualmente boa parte deles prefere não exercê-lo. Quais fatores podem ex- plicar essa mudança de atitude de uma parcela da população? 2. Além do voto, há outras formas de participação po- lítica e de exercício da cidadania? Em caso positivo, quais seriam elas? Veja as respostas no Manual do Professor. Contexto Democracia e ditadura no Brasil e na América Latina 1 OBJETIVOS • Compreeder os conceitos de democracia e ditadura tendo em vista sua origem na Antiguidade clássica e seu uso em contextos políticos contemporâneos. • Conhecer os contextos de surgimento e desenvolvimento de diferentes regimes políticos na América Latina nos séculos XIX e XX. • Relacionar as políticas populistas e desenvolvimentistas do Brasil a contextos históricos específicos. • Identificar as motivações de elites econômicas e sociais e interesses estrangeiros no surgimento e desenvolvimento de regimes ditatoriais no Brasil. JUSTIFICATIVA Conceitos relativos a regimes e práticas políticas, tais como democracia, ditadura, populismo, paternalismo, desenvolvimentismo, entre outros, são importantes para a compreensão de situações históricas específicas. Ao mesmo tempo, essas situações exemplificam e esclarecem melhor a própria compreensão desses conceitos. Tendo foco em contextos políticos da América Latina nos séculos XIX e XX, o capítulo contribui para estimular a reflexão dos estudantes quanto à história política latino-americana contemporânea. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS103. Competência 5: EM13CHS503 e EM13CHS504. Competência 6: EM13CHS602 e EM13CHS603. • Competências e habilidades específicas de Linguagens e suas Tecnologias: Competência 6: EM13LGG604. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Cidadania e civismo • Educação em direitos humanos Multiculturalismo • Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras C A P Í T U L O C A P Í T U L O NÃO ESCREVA NO LIVRO 18
  • 21. Democracia e ditadura como conceitos opostos Nós, seres humanos, vivemos em culturas diferentes, e os modos de or- ganização política variam muito de uma sociedade para outra. De maneira geral, podemos identificar sociedades nas quais a organização é estabeleci- da de forma autoritária, sob um governo centralizado. Em outras, as decisões são tomadas de forma coletiva e dialogada. Essas formas de organização são, quase sempre, associadas, respectivamente, à ditadura e à democracia. A palavra ditadura tem origem na Antiguidade, na Roma republicana. De- pois de se libertarem do domínio etrusco, em 509 a.C., e antes de constituí- rem um império, a partir de 27 a.C., os romanos consideravam o Senado o principal órgão político. Não se tratava de uma democracia, mas de uma Re- pública aristocrática, pois os senadores eram representantes da elite, uma minoria da população. Mas suas decisões eram tomadas a partir do diálogo sobre a rex-publica, o respeito à coisa pública, ao publicus, coisa do povo, na busca de entendimentos em relação ao que seria melhor para a cidade. Po- rém, em épocas de crise, como em uma guerra, as decisões tinham de ser tomadas rapidamente e, por isso, se instituía um ditador, do latim ditactor, o que ditava os decretos, com amplos poderes por um período máximo de seis meses. Em outras palavras, a ditadura era um tipo de governo provisório, ex- traordinário, acionado em situações excepcio- nais, com a finalidade de cuidar da administra- ção da cidade até que a situação de crise fosse resolvida. Assim, essa ditadura antiga não carregava um caráter pejorativo de ilegalidade. Situação diferente de ditadura na modernidade em que se tornou um sinônimo de governo autoritário, perdendo o aspecto de transitoriedade que ti- nha na Roma antiga. Nesse sentido, se tivés- semos de buscar na Antiguidade um governo com algumas similaridades com as ditaduras contemporâneas, perceberíamos que elas se assemelham mais ao despotismo ou à tirania. E, nesse quadro, são exemplares as do mundo grego e mesmo de outros povos antigos que, em meio às tensões e conflitos internos, cer- tas personagens assumiam o poder e se ga- rantiam nele sobretudo pela força, reprimindo descontentamentos e impondo suas decisões. Cartaz da exposição Mais democracia, sim! Ditadura nunca mais! promovida pela prefeitura de Sobral, CE, em 2014, como forma de lembrar às novas gerações os horrores ocorridos durante a ditadura no Brasil. Reprodu•‹o/sobralonline.com.br 19
  • 22. As ditaduras contemporâneas geralmente são estabelecidas com base em um golpe de Estado, ou seja, na derrubada de uma ordem constitucional legítima. A partir de sua implementação a ditadura se firma como um gover- no regido por um líder ou por um grupo de líderes, e se caracteriza por sua intolerância ao pluralismo político e à participação popular. Em uma ditadura não existe um partido de oposição de direito e de fato e, caso exista, quase sempre é apenas como formalidade política. As ditaduras podem ser de vários tipos. Há ditaduras militares, nas quais ogovernoéexercidopormembrosdealtapatentedasForçasArmadas,repre- sentados por um desses membros que exerça o papel de líder, ou por juntas militares. Frequentemente as ditaduras militares integram representantes civis das elites. Há também as ditaduras de partido único, nas quais o parti- do no poder tem a prerrogativa de escolher todos os cargos, controlando as- sim a política de modo completo. Há ainda as ditaduras pessoais, nas quais o poder repousa nas mãos de um único indivíduo. Também há as ditaduras monárquicas, em que o poder é conferido a um rei em caráter hereditário. Atualmente, as monarquias são bem menos comuns do que no passado e, geralmente, se integram a uma ordem democrática, na qual o poder do rei é simbólico ou partilhado com representantes do povo. Mas há situações em que o monarca destitui esses representantes, passando a governar de forma autoritária, ditatorial. NÃO ESCREVA NO LIVRO O presidente Xi Jinping no 19o Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2017. Na China, a ditadura de partido único vigora desde que o Partido Comunista tomou o poder, em 1949, no contexto da Revolução Chinesa. Na foto, a família real no Palácio de Buckingham durante comemoração oficial, em 2015, em Londres. A monarquia no Reino Unido é integrada a um regime parlamentarista democrático. • Os ditadores e os governos ditatoriais não se caracterizam por uma pessoa ou um restrito grupo de pessoas governando contra a vontade de todos. Quase sempre eles contam com apoio de uma parcela da população. Por que isso acontece? Argumentem apresentando exemplos atuais ou passados. Ver respostas e orientações no Manual do Professor. Conversa James Devaney/FilmMagic/Getty Images Wang Zhao/AFP 20
  • 23. A palavra democracia também tem origem na Antiguidade, mas na Grécia clássica. Demos eram subdivisões territoriais da cidade de Atenas com base nas quais eram elaboradas listas de pessoas com direito à cidadania. Unida à palavra kratia, que significa poder ou governo, o termo democracia fa- zia referência a um regime político no qual as deci- sões eram tomadas não por um indivíduo apenas ou por um pequeno grupo, mas pelo conjunto dos cidadãos via assembleias. Além disso, os cargos eram rotativos, de modo que todo cidadão de uma democraciagrega,emalgummomentodavida,po- deria ocupar uma posição política de destaque. No mundo contemporâneo a participação dos cidadãos nas decisões do Estado passou a ocorrer por meio da democracia representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes políticos, que, por sua vez, cuidam da administração públi- ca. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) explica essa mudança argumentando que o Estado nacional moderno, diferentemente da pólis grega antiga, apresenta uma burocracia demasiadamen- te complexa para permitir a participação direta dos cidadãos nas decisões do Estado. O economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950), por sua vez, associa o modelo mo- derno de democracia ao comportamento do con- sumidor em uma sociedade capitalista. Assim como o consumidor tem a liberdade de escolher o produto que vai comprar, podendo optar por diferentes marcas e modelos, também na demo- cracia representativa, os eleitores optam por uma proposta de governo entre as várias que lhe são apresentadas. Assim como as empresas avaliam o potencial de um produto por meio de pesquisas de marketing, os partidos políticos também po- dem avaliar as chances de um candidato por meio de pesquisas eleitorais. Umdosmaioresriscosdeumademocraciamo- derna é o que o pensador político francês Alexis de Tocqueville (1805-1859) chamava de “tirania da maioria”. Imagine a promulgação de uma lei que tenha impacto negativo para uma minoria da população. Se a questão for colocada em votação, essa minoria sempre teria seus interesses e ne- cessidades submetidos pelos votos da maioria. Por isso é que as democracias representativas do mundo contemporâneo também são democra- cias constitucionais. O Estado tem dispositivos legais que protegem as minorias contra possíveis injustiças sociais. A democracia, seja a antiga, sejam as contem- porâneas, envolve o poder e os embates sociopolí- ticosquantoaliberdadeedireitos.Foilongaenada simples a trajetória histórica, como veremos a seguir, das pressões e lutas por mudanças e con- quistas. A democracia expõe potencialidades para enfrentar e vencer barreiras à melhor vivência so- cial, heranças que continuam na dependência de cada um de nós. Veja abaixo o sentido de utopia, apontado pelo jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015), citado no livro Política: para não ser idiota. “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. CORTELLA, Mário Sergio; RIBEIRO, Renato Janine. Política: para não ser idiota. Campinas, SP: Papirus: 7 Mares, 2010. p. 21. 1. Tomando o sentido de utopia de Eduardo Galeano, como você o associa com a afirmação mais acima, no parágrafo que começa com: A democracia, seja a antiga [...] 2. Considerando sua resposta à pergunta acima, a democracia se mostra como algo pronto, fechado, permanente e acabado? Por quê? Ver respostas e orientações no Manual do Professor. Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO WEBER, Max. Economia e sociedade. 4. ed. Brasília: Editora UnB, 2015. v. 2. SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo: Editora Unesp, 2017. TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. São Paulo: Edipro, 2019. 21
  • 24. Do século XIX ao XX: América hispano-portuguesa nos limites da independência Os limites da independência Desde 2010, têm ocorrido eventos comemorativos do bicentenário da in- dependência nas regiões americanas colonizadas pelos espanhóis e portu- gueses. As comemorações favorecem embates em torno da memória e da história, além de possibilitar reavaliações nas experiências latino-america- nas. A independência política de toda a América Latina manteve fortes laços de subordinação nas relações internacionais, em especial com a Inglaterra, a maiorpotênciamundialnoperíodoemqueocorreramasindependênciasdos países latino-americanos. Porém, quando voltamos o olhar para o interior de cada um dos novos países independentes, é possível identificar diferentes limites ao efetivo exercício da cidadania pela maior parte da população. Assim, as novas nações que se formavam na América Latina no século XIX carregavam enormes limitações: tanto no plano das relações externas dos no- vosEstados,atémesmocomdiversasintervençõesdepaísesexternosàregião (Inglaterra, França, Estados Unidos), como também nas relações internas. Em outras palavras, talvez devêssemos sempre usar aspas ao falarmos em “inde- pendência”, seja a do Brasil, seja a dos demais países da América Latina. Cenários da América hispânica: da independência ao século XXI No início do século XIX, estima-se que a população total da América espa- nhola era de aproximadamente 22 milhões de habitantes. Destes, mais de 12 milhões eram indígenas; 6 milhões, mestiços (descendentes de espanhóis e populações locais); 800 mil, negros escravos; e 3 milhões, criollos. Os criollos, membros das elites hispano-americanas, desejavam romper com as metrópoles monopolistas que lhes dificultavam as transações mer- cantis, sobretudo com a Inglaterra. Para os colonos, a Coroa espanhola res- tringia os setores produtivos, além de limitar o acesso aos cargos administra- Observe que as datas das rebeliões são muito próximas, sugerindo que pairavam no continente ideais libertários. Entretanto, na época não havia meios de comunicação instantâneos como temos hoje. 1. Então,comoesse“espíritorevolucionário”eodesejodemudançasseespalhavam? 2. Quais eram os segmentos sociais responsáveis por isso? 3. Os segmentos sociais regionais eram unidos num só projeto para realizar as mudanças ou a independência ou havia diferenças? NÃO ESCREVA NO LIVRO Ver respostas e orientações no Manual do Professor. Interpretar 22
  • 25. tivos e políticos. Para a Inglaterra, contudo, interessava a independência das colônias, uma vez que isso eliminaria as barreiras monopolistas comerciais e ativaria novos mercados, indispensáveis ao seu progresso industrial. Criollos e ingleses tinham interesses convergentes na independência das colônias espanholas na América. Fonte: elaborado com base em BLACK. Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2004. p. 126 e 148. Rebeliões latino-americanas – século XVIII Portal de Mapas/Arquivo da editora Buenos Aires Lima Cidade do México Rio de Janeiro Vila Rica Salvador Conjuração Baiana (1798) Conjuração Mineira (1789) Movimento Comunero (1781) Impulso das rebeliões haitianas (1791) Rebelião de Tupac Amaru (1780) OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Equador Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer 90º O 0o VICE-REINADO DO RIO DA PRATA VICE-REINADO DO PERU VICE-REINADO DE NOVA GRANADA VICE-REINADO DA NOVA ESPANHA BRASIL Rebeliões Mineração Cana-de-açúcar 0 1338 2676 km Os chapetones, grupo minoritário da América espanhola (cerca de 300 mil indivíduos), composto de espanhóis nascidos na metrópole, ocupavam os altos cargos da administração colonial, vivendo em permanente confron- to com a elite local – e desejavam a manutenção das relações metrópole- -colônia. Os criollos, guiados pelos ideais iluministas liberais e pelo exemplo da independência dos Estados Unidos, eram partidários do livre-comércio e da luta pela emancipação política, embora não cogitassem mudanças na es- trutura socioeconômica. As rebeliões locais, de um lado, como manifestações isoladas, sinaliza- vam o esgotamento do sistema colonial; de outro, expressavam diversos projetos de independência. Diversas rebeliões eclodiram na América his- pânica contra os espanhóis e seu domínio, organizadas tanto por criollos quanto por indígenas. Entre estas últimas, destacou-se a rebelião em 1780, de Tupac Amaru II (1738-1781), no Vice-Reinado do Peru. Essas rebeliões e outras manifestações do século XVIII traziam à tona outros “projetos” de independência, diferentes 23
  • 26. daqueles que acabaram sendo realizados pelas eli- tes coloniais, seja com os criollos na região hispâni- ca, seja com os membros da aristocracia na Améri- ca portuguesa. O processo de independência da América es- panhola foi impulsionado pelo enfraquecimento da metrópole espanhola – com a invasão de Na- poleão Bonaparte (1769-1821), que destituiu o rei Carlos IV (1788-1808), da dinastia Bourbon, e coroou José Bonaparte (1768-1844), seu irmão –, que estimulou o movimento autonomista liderado peloscriollos.Arevoluçãoquelibertouamaioriadospaíseslatino-americanos ocorreu entre 1817 e 1825, tendo como líderes Simón Bolívar (1783-1830) e José de San Martín (1778-1850), que percorreram quase toda a América do Sul hispânica, com o apoio efetivo da Inglaterra e dos Estados Unidos. Embora tivessem conseguido acabar com o domínio metropolitano e ob- tido a liberdade política, os novos Estados latino-americanos continuaram atrelados à dependência econômica externa. Atendendo aos interesses do desenvolvimento capitalista, a América Latina, governada pela aristocracia criolla, assumiu a função de fornecer matérias-primas e consumir produtos industrializados ingleses. No Congresso do Panamá (1826), quando quase toda a América Lati- na já estava independente, Bolívar tentou concretizar seu ideal de unidade política, defendendo alianças entre os Estados hispano-americanos, a cria- ção de uma força militar comum e a abolição da escravidão, entre outras medidas. Seus esforços de solidariedade continental – ideal de pan-ameri- canismo bolivarista –, no entanto, encontraram a oposição dos ingleses, dos estadunidenses e das próprias oligarquias locais e seus dirigentes, como a monarquia brasileira de dom Pedro I, recém-ins- talada, comprometida com as elites escravistas. NÃO ESCREVA NO LIVRO Para discutir em grupos, faça uma pesquisa sobre Simón Bolívar e seu ideal de pan-americanismo, considerando os seguintes aspectos: • Em que medida o ideal de Bolívar esbarrava nos interesses estadunidenses e ingleses? • E quanto aos interesses do Brasil independente: havia coincidência ou oposição? Em quais aspectos? • Desde o século XIX, nossa história e a dos demais países latino-americanos correm em paralelo: vivemos quase sempre voltados à maior aproximação ou ao distanciamento deles? Por quê? Ver respostas e orientações no Manual do Professor. Conversa M. Seemuller/DEA/Album/Fotoarena/Museu Bolivariano, Caracas, Venezuela. Monumento representando Tupac Amaru II, sua esposa e seus filhos. Praça de Armas em Cuzco, Peru, em fotografia de 2017. Simón Bolívar saudando a bandeira após a batalha de Carabobo, obra do pintor venezuelano Arturo Michelena. Simón Bolívar foi um dos principais líderes na América Latina após as guerras de independência. Craig Lovell/Eagle Visions Photography/Alamy/Fotoarena 24
  • 27. No aspecto político, chefes locais, em geral líderes oriundos das forças mi- litares mobilizadas pelos criollos nas guerras de independência, passaram a disputaropoderdesuasrespectivasregiões.NafragmentaçãodaAméricahis- pânica em vários novos Estados, os comandantes carismáticos, autoritários, personalistas, chefes que irradiavam magnetismo pessoal na condução de seus comandados, foram denominados caudilhos. México: projetos de independência em confronto Em 1810, ocorreu a primeira ten- tativa de emancipação política no México (na época, Vice-Reinado de Nova Espanha), que se distinguiu dos demais movimentos da América espa- nhola por ter sido uma iniciativa das massas populares e por seu caráter predominantemente rural. Encabe- çando a insurreição, sucederam-se Miguel Hidalgo (1753-1811), padre Morelos (1765-1815) e Vicente Guer- rero (1782-1831), que deram ênfase às reformas sociais populares, pro- pondo o fim da escravidão e a igualda- de de direitos e opondo-se à aristocra- cia fundiária e aos altos funcionários. Os ideais populares divergiam dos propósitos das elites criollas mexica- nas, que quase sempre estiveram mais atreladas aos chapetones e contro- lavam a maior parte das áreas rurais, sendo metade das terras mexicanas pertencentes ao clero. Para os mestiços e indígenas que formavam cerca de 80% dos 6 milhões de habitantes da região, a luta pela independência do México deveria incluir propostas para resolver a situação fundiária a favor dos camponeses diante do então controle da aristocracia. Enviado pelo vice-rei para lutar contra os insurretos mexicanos, Agustín Itúrbide (1783-1824), de forma oportunista, aliou-se a Guerrero em 1821 formulando o Plano de Iguala, que proclamava a independência do Méxi- co, a igualdade de direitos entre criollos e espanhóis, a supremacia da re- ligião católica, o respeito à propriedade e um governo monárquico. Era a confirmação de um projeto de independência que atendia aos interesses das mesmas elites (criollos, chapetones laicos e o clero) que dominavam o México na fase colonial. Em 1822, Itúrbide proclamou-se imperador, com o título de Agustín I. Itúrbide acabou deposto e fuzilado num levante republicano em 1824, e o México confirmava efetivamente sua independência da Espanha e elegia seu primeiro presidente, o general Guadalupe Vitória. A estrutura agrária e social que mantinha a maioria da população submetida ao controle das elites mexicanas permaneceu basicamente a mesma. Agustín Itúrbide, pintura anônima, feita, aproximadamente, em 1821. Luisa Ricciarini/Bridgeman Images/Glow Images/Museu Histórico Nacional, Castelo de Chapultepec, Cidade do México, México. Reprodução/Editora Record O general em seu labirinto. Gabriel García Márquez. Rio de Janeiro: Record, 2003. O autor reconstrói o passado da América Latina, segundo a lógica de um de seus libertadores, Simón Bolívar. Saber 25
  • 28. CONEXÕES ARTE A política na obra de arte Simbologias históricas – uma obra de Diego Rivera Neste mural, Rivera retrata alguns personagens da Guerra de Indepen- dência [do México], iniciada em 1810, por meio da representação pictó- rica dos líderes de maior vulto desse fato histórico: Hidalgo e Morelos, de um lado, ocupam o centro desta cena, enquanto no canto esquerdo, o Imperador Itúrbide aparece com um peso negativo, aliás o único a ser representado com esta conotação. Deste grupo central, o padre Hidalgo é o personagem principal que carrega na sua mão direita uma corrente quebrada, simbolizando a liberdade, a ruptura, o fim do domínio colonial, enquanto em sua mão esquerda sustenta um estandarte com a imagem da Virgem de Guadalupe. Ao lado de Hidalgo está o padre José María Mo- relos, o principal general e ideólogo da Guerra. Morelos aponta seu bra- ço para a direita, em direção ao futuro, gesto este acompanhado por um estranho personagem situado mais abaixo que se encontra vestido com uma armadura e uma planta de milho a seus pés como símbolo da terra e que está carregando uma espada em sua mão direita e uma espingarda na esquerda. Da mesma forma que Morelos, este personagem indica, com sua espada, a direção do futuro para um grupo de camponeses armados com rifles e sabres. Seus interlocutores são os camponeses mas também o espectador dos murais. É importante notar neste detalhe as duas intenções de Rivera como artista engajado politicamente. O primeiro aspecto a ser destacado é a relação e o sentido eminentemente social que o autor empresta às lutas pela independência, expressa na questão da demanda por terras pelos camponeses. Esse aspecto estabelece uma relação entre passado e pre- sente, pois na guerra pela independência está em questão o “pensamento social mexicano”, ou uma “revolução agrária” […]. A representação da águia ocupa uma posição central, um pouco mais abaixo da representação do padre Miguel Hidalgo. Esta imagem está ba- seada num monumento de pedra pertencente à cultura mexicana, en- contrado em 1926 na ala sul do Palácio Nacional, outrora o local onde se situava o Palácio de Montezuma. O ponto principal do monumento é a águia que sustenta em seu bico uma serpente apoiada sobre um pé de nopales, que simboliza a fundação de Tenochtitlán. Desta maneira, Rivera se apoia na arqueologia para reforçar o mito que funda a identidade cul- tural mexicana e serve de vínculo tangível entre o México moderno e seu passado remoto. Deste modo, reforça-se sobre este achado um capital ideológico. É a imagem do centralismo político, como reflexo de um Estado forte, con- 26
  • 29. NÃO ESCREVA NO LIVRO dição que, desde o século passado, se pensava como indispensável para integrar uma nação. O discurso que este símbolo traz refere-se ao mito de origem e a sede do poder político contemporâneo. Este inclusive é o símbolo da atual bandeira mexicana. […] Visualmen- te se estabelece então uma poderosa fonte de legitimidade política. VASCONCELLOS, Camilo de Mello. As representações das lutas de independência no México na ótica do muralismo. Diego Rivera e Juan O’Gorman. Revista de História, n. 153, dez. 2005. p. 283-304. O mural A Guerra de Independência do México (1810), do pintor mexicano Diego Rivera (1886-1957), foi produzido entre 1929 e 1935. Em seus diversos murais pintados no Palácio Nacional, no México, Rivera procurou abarcar a história mexicana desde seus mitos de origem até projeções do futuro. 1. Observe a reprodução do mural A Guerra de Independência do México, de Diego Rivera. O artista organizou as figuras da composição numa sequên- cia cronológica. Que segmento da pintura representa a história colonial mexicana? Que segmento representa a história mais recente? 2. Na composição, vários elementos interagem para que a história mexica- na seja mostrada como uma história de lutas. Identifique pelo menos três desses elementos. Veja as respostas no Manual do Professor. Luisa Ricciarini/Bridgeman Images/Keystone Brasil/Palácio Nacional, Cidade do México, México. © Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, Mexico, D.F ./AUTVIS, Brasil, 2020. 27
  • 30. Destaques da América Latina depois da Independência México Após a instalação da República, em 1824, o México passou a viver um período de instabilidade política sob a forma de ditaduras e de dependência econômica. As condições sociais se deterioraram com a perda de quase me- tade de seu território, após a guerra travada contra os Estados Unidos, em 1848, e as intervenções estrangeiras sucessivas, como a dos franceses, en- tre 1861 e 1867, que tentaram instalar na região o governo Habsburgo de Ma- ximiliano, um prolongamento do Segundo Império napoleônico na América. Essas condições propiciaram a instalação da ditadura de Porfirio Díaz (ele governou em dois períodos: 1877-1880, 1884-1911), sob a qual se deu inten- sa concentração fundiária e entrada de elevadas somas de capital estran- geiro, voltadas para a exploração e o controle dos recursos minerais e da produção de artigos de exportação. Dessa forma, para a população local, em sua grande maioria concentrada nas áreas ru- rais, aumentaram a miséria e a dependência em relação aos grandes senhores. No início do século XX, esse quadro levou ao crescimento da insatisfação da população, o que provocou greves operárias nas cidades e revoltas na zona rural. Dessas lutas surgiram líderes popu- lares, como Emiliano Zapata (1879-1919) e Pan- cho Villa (1878-1923), que comandaram milhares de camponeses nas exigências por distribuição de terras por meio de reforma agrária, opondo-se aos latifundiários, aos quais se juntaram a Igreja e as elites constituídas. Parte da elite, no entanto, sob o comando de Francisco Madero (1873-1913), insurgia-se contra Porfirio Díaz. Essas forças uni- ram os exércitos revolucionários e depuseram Porfirio Díaz em maio de 1911. As camadas populares permaneceram insatis- feitas com as tímidas medidas sociais tomadas por Madero, que foi assassinado em 1913. O gene- ral Victoriano Huerta (1850-1916) reinstalou a di- tadura, ligada aos interesses dos Estados Unidos. Na foto, de 1915, os líderes populares Pancho Villa (no centro) e Emiliano Zapata (à direita) no palácio presidencial da Cidade do México. Populares mexicanos seguindo Zapata. Pintura de Orozco, 1931. Joseph Martin/Album/ZUMA Press/Glow Images/ Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA. Universal History Archive/Getty Images 28