4. Romantismo (contextualização)
• O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais
causadas por acontecimentos do final do século XVIII: a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, a Revolução Industrial, que provocou a divisão do
trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e a Revolução Francesa, que
lutava por uma sociedade mais harmónica, em que os direitos individuais fossem
respeitados. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se mais complexa. Foi
neste contexto que surgiu o Romantismo. Os artistas românticos procuravam
libertar-se das convenções académicas em favor da livre expressão do artista,
voltando-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores
trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo.
5. Romantismo
• O romantismo foi um movimento cultural, artístico, político e filosófico surgido
nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte
do século XIX. Em detrimento ao domínio da razão e da objetividade, muito
presente nesta época (racionalismo e iluminismo), o Romantismo nasceu com o
intuito de reivindicar a personalidade sensível e emocional dos indivíduo,
procurando um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais da
Europa. O início do século XIX foi marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela
emoção e pelo eu. O berço do romantismo foram essencialmente 3 países: a Itália,
a Alemanha e a Inglaterra. Porém, na França o romantismo ganha força como em
nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos
espalham-se pela Europa e pela América.
6. AArte Burguesa
• A burguesia, vitoriosa na Revolução Francesa, ascendeu a
pique e, desafiando os poderes da Monarquia, exigiu o seu
espaço na estrutura sociopolítica, bem como o cumprimento
dos ideais da sua bandeira revolucionária, a utopia: Liberdade,
Igualdade e Fraternidade. Valorizaram o trabalho, o comércio,
a indústria e todos os meios capazes de gerar lucro. Os
burgueses, ansiosos por adquirir cultura, passaram a ser
mecenas, ou seja, patrocinaram a arte que correspondia aos
seus interesses. Foi criado o drama para o público burguês,
inventou-se a narrativa em forma de romance, para os leitores
ansiosos por consumir cultura e arte burguesas.
Fig.2 - Retrato de Jakob Fugger e sua
esposa Sibylle Artzt, grandes
burgueses de Augsburgo, Hans
Burgkmair, 1498
7. Características Românticas
• Valorização de elementos populares:
Surgiu da relação entre a burguesia e o Romantismo e objetivava retirar o
privilégio da elite aristocrática. Intensificaram-se os temas ligados à vida
urbana; incentivou-se público a participar em manifestações culturais.
• Imaginação Criadora:
Libertação da arte agora afastada das rígidas regras clássicas. Liberdade para
a forma e para o conteúdo. Criação de mundos imaginári os nos quais o
romântico acreditava.
8. Características Românticas
• Nacionalismo:
Louvor e exaltação da pátria, resgatava as
origens de cada nação, valorizações dos
elementos da terra natal, dos bens e das
riquezas nacionais, das paisagens naturais.
Exaltavam-se as personalidades e os heróis da
história, os valores gloriosos da pátria.
• Subjetivismo:
Atitude individual e única. A poesia deixa de
assumir os moldes clássicos e, sim, a vontade
do Eu criador.
Fig.3 – A Liberdade Guiando o Povo,
Eugène Delacroix
9. Características Românticas
• Egocentrismo:
Houve o triunfo absoluto do EU; o reinado da poesia confessional na qual o
sujeito lírico declarava os seus sentimentos.
• Sentimentalismo:
Analisa e expressa a realidade por meio de sentimentos; a emoção passa a ser
valorizada, em detrimento do racionalismo.
10. Características Românticas
• Supervalorização do amor:
O amor foi considerado um valor supremo na vida. Entretanto, a conquista
amorosa era difícil: havia o mito do amor impossível, o estigma da paixão
desesperadora. A perda ou não realização amorosa levava o romântico ao
desespero, à loucura ou à morte.
• Idealização da Mulher:
Mulher convertida em anjo, musa, deusa, criatura pura, poderosa, perfeita,
inatingível, capaz de maravilhar a vida do homem se lhe correspondesse. A
mulher, porém, tornava-se perversa, maligna, impiedosa, quando pela recusa
arruinava a vida do galante que a cortejava.
11. Características Românticas
• Byronismo (mal do século):
Na ânsia da plenitude impossível, o artista sentia-se
desajustado e insatisfeito, além de dececionado, devido
à falência da utopia revolucionária: liberdade,
igualdade, fraternidade. Assim, o romântico passou a
ver o homem da época como um ser fragmentado, peça
da engrenagem social, sem individualidade ou
liberdade. Os desajustes e as insatisfações conduziram
ao mal do século, definido como a aflição e a dor dos
descontentes com o mundo. Era a influência do modo
de vida byroniano do poeta inglês Lord George Byron,
protótipo do herói romântico, sombrio, elegante e
desajustado.
Fig.4 – Lord George Byron
12. Aspeto Estilístico
• Os românticos abandonam a forma fixa, abandonam o uso obrigatório da
rima e acabam por valorizar o verso branco, negam os géneros literários em
que abandonam o tradicional, fazendo com que alguns géneros não fizessem
mais parte, como a tragédia e a comédia, onde foram surgindo outros como o
drama, o romance de costumes, entre outros.
Contribuições Culturais
• O romantismo promoveu uma rutura com as conceções clássicas da arte e
permitiu uma revolução cultural. Enriqueceu a Língua Portuguesa, com a
incorporação de neologismos e a aproximação entre a Língua Literária e a
Língua oral e coloquial.
13. Arquitetura romântica
• O romantismo influenciou os artistas a privilegiar as emoções,
valores pessoais e subjetividade nos seus trabalhos. O movimento foi
forte na literatura e nas artes, mas também mudou a arquitetura da
época. O romantismo na arquitetura, também conhecido como
arquitetura romântica, nasceu na Inglaterra e teve destaque entre
os séculos XVIII e XIX. Ele surgiu como um movimento de oposição
à arquitetura neoclássica. O estilo é marcado pelo resgate da
arquitetura medieval, do oriente, e o predomínio de temas exóticos.
Dentro do romantismo, a arquitetura seguiu o discurso pitoresco.
Ele é caracterizado por aspectos excêntricos, inusitados e que
fugiam da simetria exaltada na arquitetura neoclássica.
Fig.5 - Castelo de Neuschwanstein,
Alemanha
14. Pintura Romântica
• Na pintura romântica, o artista privilegia a Natureza. Um dos temas
principais é a paisagem, porque nela projetava os seus estados de espírito e a
sua visão de existência. Através da Natureza, os pintores expressavam as
suas emoções, os sentimentos, a sensibilidade, a imaginação, a fantasia, o
sonho e a espiritualidade.
Fig.6 – Entre as montanhas da Sierra Nevada,
Bierstadt
15. Francisco Goya
• Nasceu em 1746, em Espanha. Foi nomeado pintor da corte em
1789, com a subida de Carlos IV ao trono. Pintou inúmeros
retratos do monarca, de personalidades e de amigos. Em 1792
teve uma doença em que ficou surdo e a sua pintura
transformou-se completamente: adicionou novos tons (preto,
castanho vermelho) em que as personagens se deixam dominar
pelas emoções. Um dos quadros que pintou foi “Saturno
Devorando Seu Filho”, em que Cronos (Saturno na mitologia
romana) comia os filhos de Reia, sua mulher, com medo que
estes o destronassem. Meter foto. Na última década de vida
cobriu as paredes de sua casa com as famosas pinturas negras
(murais de pesadelos pintados). Faleceu em Bordéus em 1828.
Fig.7 – Saturno Devorando
Seu Filho, Francisco Goya
16. Eugène Delacroix
• Nasceu em 1798. Era um pintor francês. Em toda a sua carreira produziu
cerca de 850 quadros e inúmeros desenhos, aguarelas, murais e litografias.
Entre estes “A Liberdade Guiando o Povo” em 1831, e “As Mulheres de
Argel”, influenciado pelo exotismo do norte de África, onde se excedeu nos
jogos de cor e tonalidades. Faleceu em 1863.
Fig.8 – As Mulheres de
Argel, Eugène Delacroix
17. José Rodrigues
• Outro pintor da época é o José Rodrigues de
Carvalho. Português, nasceu em 1828, e
faleceu em 1887. O artista dedicou a sua
pintura aos costumes, dentro do realismo
sentimental, tendo a sua obra sido prejudicada
pela dificuldade em separar o sentimentalismo
do realismo. Alguns dos quadros a óleo tinham
temas diferentes. Pintou a obra “O Cego
Rabequista”, considerada a maior
representação da pintura do Romantismo de
Portugal. Atualmente a obra faz parte do
Museu do Chiado.
Fig.9– O Cego
Rabequista, José
Rodrigues de Carvalho
18. Jacques-Louis David
• Pintor francês, nasceu em 1748 e faleceu
em 1825. Foi pintor oficial da corte
francesa e de Napoleão Bonaparte. Entre
as obras mais conhecidas estão: “O
juramento dos Horácios” e “A morte de
Sócrates”.
Fig.10 – O Juramento dos
Horácios, Jacques-Louis David
Fig.11 – A morte de Sócrates,
Jacques-Louis David
19. O romantismo na música
• A música do romantismo é aquela composta segundo os princípios da estética
do romantismo, predominante durante o século XIX. Os compositores
românticos tentaram juntar as grandes estruturas harmónicas
desenvolvidas por Haydn e aperfeiçoadas por Mozart e Beethoven com as
suas próprias inovações, procurando uma maior fluidez de movimento, maior
contraste, e cobrir as necessidades harmónicas de obras mais extensas.
20. Frédéric Chopin
• Nasceu em 1810. Foi um pianista polaco e
um grande compositor para piano da era
romântica. Viveu apenas 39 anos, mas a sua
técnica, o seu estilo e a sua perfeição fizeram
dele um dos maiores compositores da
história. A sua técnica refinada e a sua
elaboração harmónica vêm sendo
comparadas historicamente com as de outros
grandes compositores, como Mozart e
Beethoven, assim como a sua duradoura
influência na música até os dias de hoje.
Fig.12 – Frédéric Chopin,
fotografia tirada por Louis-
Auguste Bisson
21. O Romantismo em Portugal
• O processo de instauração do Romantismo em Portugal foi lento e incerto. O
movimento mais representativo do espírito romântico, em Portugal, é o
palácio da Pena, em Sintra. O palácio, surgiu em 1839, quando o rei
Consorte D. Fernando II adquiriu as ruínas do mosteiro de Nossa Senhora
da Pena, para o adaptar a um palácio. Em 7 de Julho de 2007, o palácio da
Pena, foi eleito como uma das 7 Maravilhas de Portugal, sendo classificado
como o primeiro palácio romântico na Europa.