SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 82
Baixar para ler offline
GOVERNO FEDERAL
Ministério da Saúde
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES)
Coordenação-Geral de Ciclos da Vida (CGCIVI)
Coordenação de Saúde da Criança e
Aleitamento Materno (COCAM)
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS)
Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)
Instituto de Saúde - Secretaria Estadual de Saúde/SP
Universidade Federal Fluminense (UFF)
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
COCAM
Amanda Souza Moura
Ariane Tiago Bernardo de Matos
Renara Guedes Araújo
Janini Selva Ginani
CGAN
Ana Maria Thomáz Maya Martins
Ana Maria Cavalcante de Lima
Ariene Silva do Carmo
Ana Maria Spaniol
Gisele Ane Bortolini
Mayara Kelly Pereira Ramos
Maria Fernanda Moratori Alves
Universidade Federal de Santa Catarina
Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar
Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani
Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares
Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos
Centro de Ciências da Saúde
Diretor: Celso Spada
Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves
Departamento de Saúde Pública
Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon
Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho
Gestora geral do Projeto
Sheila Rubia Lindner
Coordenação de produção do material
Elza Berger Salema Coelho
Equipe de produção editorial
Carolina Carvalho Bolsoni
Dalvan Antonio de Campos
Deise Warmling
Thays Berger Conceição
Sabrina Blasius Faust
Equipe executiva
Gabriel Donadio Costa
Gisélida Garcia da Silva Vieira
Patricia Castro
Eurizon Oliveira Neto
Autoria do Curso		
Sonia Isoyama Venancio
Regicely Aline Brandão Ferreira
Gláubia Rocha Barbosa Relvas
Daiane Sousa Melo
Valdecyr Herdy Alves
Audrey Vidal Pereira
Autoria da edição anterior:
Elsa Regina Justo Giugliani
Lilian Córdova Espírito Santo
Regina Lang
Identidade Visual e Projeto gráfico
Pedro Paulo Delpino
Designer instrucional
Soraya Falqueiro
Assessoria pedagógica
Márcia Regina Luz
Esquemáticos/Infográficos Web
Naiane Salvi
Diagramação
Nicole Alessandra Geller
Laura Martins Rodrigues
Desenvolvedor Web
Paulo A. G Lefol
Tcharlies Dejandir Schmitz
Fonte para Imagem e Esquemáticos
Adobe Stock
1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 10
1.1 Introdução da unidade 10
1.2 O papel da alimentação no
desenvolvimento infantil 10
1.3 Encerramento da unidade 17
2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO
DO ALEITAMENTO MATERNO E DA
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 18
2.1 Introdução da unidade 18
2.2 Indicadores de aleitamento materno e alimentação
complementar no Brasil 19
2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN) 21
2.4 Encerramento da unidade 26
3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE
ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR 27
3.1 Introdução da unidade 27
3.2 Fatores envolvidos no processo de
amamentação e alimentação complementar 27
3.3 Encerramento da unidade 29
4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 30
4.1 Introdução da unidade 30
4.2 Entendendo a questão da publicidade de
alimentos 30
4.3 Leis que protegem a amamentação e a
alimentação 31
4.4 Norma Brasileira de Comercialização de
Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira
Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras 33
4.5 Encerramento da unidade 34
5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 35
5.1 Introdução da unidade 35
5.2 Habilidades de comunicação para escutar
e compreender 36
5.3 Habilidades para aumentar a confiança
da mulher e oferecer apoio 38
5.4 Encerramento da unidade 43
6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS
MENORES DE 2 ANOS 44
6.1 Introdução da unidade 44
6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para
Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos 44
6.3 Os 12 passos para uma alimentação saudável
para crianças brasileiras menores de 2 anos 46
6.4 Encerramento da unidade 47
7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES 48
7.1 Introdução da unidade 48
7.2 Leite materno: o primeiro alimento 48
7.3 Encerramento da unidade 58
8 CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES 59
8.1 Introdução da unidade 59
8.2 Práticas saudáveis de alimentação para
a criança de 6 meses a 2 anos 59
8.3 Da escolha dos alimentos ao preparo
das refeições 64
8.4 Encerramento da unidade 67
9 PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO
E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 68
9.1 Introdução da unidade 68
9.2 Ações de promoção do aleitamento materno e da
alimentação complementar na atenção primária 68
9.3 Encerramento da unidade 70
ENCERRAMENTO DO CURSO 72
REFERÊNCIAS 73
MINICURRÍCULO 80
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Olá!
Desejamos boas-vindas ao Curso “Promoção do aleita-
mento materno e da alimentação complementar saudável na
Atenção Primária à Saúde (APS): recomendações baseadas no
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”.
Este curso foi elaborado especialmente para você, profis-
sional da saúde, pensando nas dificuldades encontradas no
seu cotidiano de trabalho na APS no que diz respeito ao alei-
tamento materno e às recomendações sobre a introdução
da alimentação complementar.
Você aprenderá sobre a promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar saudável
para crianças menores de 2 anos no âmbito da atenção
primária do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando
a perspectiva da educação permanente em saúde, com
base nos princípios da educação crítico-reflexiva. Este é
um conteúdo que certamente trará reflexões sobre como
realizar a transformação das ações no atendimento a
crianças e famílias de crianças pequenas.
Esperamos que você tenha um bom estudo!
A coordenação
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO CURSO
Ao final deste curso, você deverá ser capaz de:
• Compreender a importância da promoção, da proteção
e do apoio ao aleitamento materno e à alimentação
complementar saudável nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS).
• Reconhecer as atuais recomendações sobre alimentação
adequada e saudável para crianças brasileiras menores
de 2 anos.
• Participar do planejamento, da implementação e da
avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao
aleitamento materno e à alimentação complementar
saudável nas UBS.
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICO POR UNIDADE
Unidade 1
Reconhecer a alimentação como um direito fundamental
e sua importância nos dois primeiros anos de vida para a
saúde e o desenvolvimento infantil.
Unidade 2
Refletir sobre a situação alimentar de crianças menores
de 2 anos no Brasil a partir de indicadores obtidos pelas
pesquisas nacionais e pelo Sistema de Vigilância Alimentar
e Nutricional (SISVAN), reconhecendo sua importância para
o trabalho de promoção do aleitamento materno e da
alimentação complementar na Atenção Primária.
Unidade 3
Compreender a importância de um olhar ampliado para
identificar fatores que podem influenciar o aleitamento
materno e a alimentação complementar adequada e
saudável reconhecendo os problemas mais frequentes.
Unidade 4
Conhecer referências legais para proteger bebês e
crianças pequenas no seu direito à alimentação.
Unidade 5
Conhecer técnicas de aconselhamento que podem ser
utilizadas pelos profissionais de saúde da Atenção Primária
para analisar a causa de qualquer adversidade que as
pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as
dificuldades na alimentação das crianças.
Unidade 6
Conhecer os princípios e os 12 Passos para uma
Alimentação Saudável do Guia Alimentar para Crianças
Brasileiras Menores de 2 Anos.
Unidade 7
Conhecer as recomendações para alimentação de bebês
menores de 6 meses e maneiras efetivas para apoiar a
mulher que amamenta.
Unidade 8
Conhecer recomendações de alimentação complementar
para crianças maiores de 6 meses até os 2 anos de idade.
Unidade 9
Compreender a importância do planejamento de ações
de promoção do aleitamento materno e da alimentação
complementar saudável na Atenção Primária e a Estratégia
Amamenta e Alimenta Brasil como uma ferramenta
transformadora da realidade local.
CARGA HORÁRIA DE ESTUDO RECOMENDADA
Para estudar e apreender todas as informações e os
conceitos abordados, bem como trilhar todo o processo
ativo de aprendizagem, estabelecemos uma carga horária
de 30 horas para este curso.
10
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
1.1 Introdução da unidade
Nesta unidade, abordaremos alguns aspectos do
desenvolvimento infantil e de como a alimentação e nutrição
adequadas na primeira infância são essenciais para a saúde e
o pleno desenvolvimento das crianças. Ao final da leitura desta
unidade, você será capaz de reconhecer a importância de uma
alimentação adequada como um direito fundamental para
saúde durante a primeira infância. Bons estudos!
1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil
Durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida da
criança (primeiros mil dias) ocorrem processos fundamentais
paraodesenvolvimentoinfantil.Énesteperíodoqueascrianças
conhecem o seu ambiente, desenvolvem a fala, aprendem a
andar e interagem com as pessoas ao seu redor (BRASIL, 2019).
Ao nascer, cada criança apresenta suas singularidades, e a
maneira como são cuidadas na primeira infância é decisiva para
seu pleno desenvolvimento. Considera-se primeira infância o
período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72
meses de vida da criança (BRASIL, 2016a).
É importante compreender que todas as experiências
vividas durante a primeira infância afetam as condições
de vida e saúde do bebê e têm reflexos na vida adulta.
11
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
O desenvolvimento infantil é um processo multifatorial que apresenta interferência
de fatores genéticos e, em especial, dos estímulos e condições do meio em que a
criança vive, como suporte emocional e cuidados de higiene e alimentação.
O artigo 227 da Constituição Federal brasileira estabelece que é dever da
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança o direito à vida, à
saúde e à alimentação. Trata-se de uma obrigação que deve ser comparti-
lhada entre toda a sociedade com absoluta prioridade.
O Brasil ratificou em 1990, a partir do Decreto nº 99.710, de 1990, o
compromisso presente na Convenção sobre os Direitos das Crianças das
Nações Unidas. Em linhas gerais, o decreto estabeleceu a proteção integral
aos direitos da criança. E, por meio da Lei nº 8.069, de 1990, foi instituído o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um grande avanço no tocante
à proteção integral à criança e ao adolescente no país.
Em 2015, foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Criança (PNAISC), que é resultado de um processo de construção participa-
tiva, liderado pelo Ministério da Saúde, com envolvimento de instituições,
especialistas e consultores de Saúde da Criança. A PNAISC está estrutura-
da em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. O objetivo é promover e
proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e
cuidados integrais e integrados, da gestação aos 9 anos de vida, com
especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabili-
dade, visando a redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à
vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.
2015
1990
1988
2016 Em 8 de março de 2016,
por meio da Lei nº 13.257,
o Brasil instituiu o Marco
Legal da Primeira Infância,
como resultado de um
amplo processo participati-
vo para formulação e
implementação de políti-
cas públicas para a primei-
ra infância.
SAIBA +
Você pode acessar
integralmente o conteúdo
da Lei nº 13.257 acessando
o link: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13257.htm>.
12
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
infantil, realizado por profissionais da saúde, é um direito
de todas as crianças brasileiras presente no ECA. Envolve
múltiplos aspectos: além da avaliação do estado nutricional,
deve-se observar os marcos do desenvolvimento infantil
relacionados às habilidades de cada criança e suas interações
compessoaseobjetos,queindicammuitosobreseuprocesso
de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e emocional.
Profissionais da saúde, pais, cuidadores, professores e
outros devem estar envolvidos nesse acompanhamento, isto
porque é nesta etapa da vida que ocorrem a formação e o
amadurecimento de muitas funções corporais importantes,
sendo também neste período que são mais efetivas as
intervenções em saúde.
Por isso, o profissional da saúde precisa estar atento
a possíveis sinais de atraso no desenvolvimento (como
sustentar a cabeça, engatinhar, andar, dificuldades na
linguagem e na aprendizagem). Nos casos em que a criança
apresenta alguma dificuldade para realizar alguma atividade,
é comum que isso gere dúvidas na família. Quanto mais
cedo o atraso no desenvolvimento for identificado (pela
família ou por profissionais da saúde) e tratado com atenção
e estímulos adequados, melhor será o resultado.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o
Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS)
priorizaram o desenvolvimento da criança na primeira
infância nos seus programas de trabalho visando atingir
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um
Modelo de Cuidados Integrais, tradução livre do termo
Nurturing Care Framework, elaborado por essas instituições,
visa orientar governos e a comunidade global sobre as ações
necessárias para assegurar que cada criança desenvolva
todo o seu potencial (WHO, 2018). A nutrição infantil destaca-
se como um dos domínios fundamentais para assegurar o
pleno desenvolvimento das crianças.
Modelo de cuidados
integrais para o
desenvolvimento na
primeira infância da
OMS e Unicef
Domínios da
Atenção Integral
Saúde
Nutrição
Oportunidades
de aprendizagem
Cuidado responsivo
Segurança e proteção
13
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
diabetes tipo 1, leucemia e obesidade.
• Para a mulher, a amamentação contribui para a prevenção
de doenças como os cânceres de mama, ovário e útero,
além do diabetes tipo 2.
Por meio da amamentação, a criança entra em contato
com a mãe, favorecendo o vínculo afetivo e estímulos dos
sentidos como visão, olfato, paladar e tato. Além desses as-
pectos, o leite materno contribui para a economia da família,
visto que não há gasto financeiro para sua produção e nem
gastos com gás e água, por exemplo, em contrapartida de
outros leites.
As repercussões do aleitamento materno a longo prazo
mostram ainda que crianças amamentadas por mais tempo
estudaram mais, tiveram melhor desempenho em testes
de inteligência e conquistaram melhores salários na vida
1.2.1 A importância do aleitamento materno
O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente,
mais impacta na redução da mortalidade infantil por causas
evitáveis. O leite materno fornece uma nutrição adequada,
ajuda a desenvolver a imunidade infantil e contribui na saúde
física e emocional da criança. Confira outros benefícios:
• Favorece o desenvolvimento da face e da fala.
• Previne doenças na infância, como a diarreia, alergias e
infecções respiratórias.
• Na vida adulta, diminui as chances de desenvolvimento de
DESTAQUE
As mais recentes recomendações da OMS, do Unicef
e do Ministério da Saúde do Brasil reiteram que o
aleitamento materno deve ser iniciado na primeira
hora de vida do bebê e mantido até os 2 anos de idade
ou mais, sendo exclusivo (sem a oferta de qualquer outro
líquido ou alimento) até os 6 meses de vida. A partir dos
6 meses, a amamentação deve ser complementada
com a introdução de alimentos adequados e saudáveis
(BRASIL, 2019).
SAIBA +
Este vídeo, produzido pelo Ministério da Saúde,
apresenta de forma bastante clara a importância do
profissional da saúde na vigilância do crescimento e
desenvolvimento: “Apurando o olhar para a vigilância do
desenvolvimento infantil”, disponível no link: <https://
www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8>.
A Caderneta da Criança do Ministério da Saúde é um
instrumento de coordenação do cuidado que possui
informações para o acompanhamento do crescimento
e do desenvolvimento da criança, pois nela constam os
marcos de desenvolvimento neuropsicomotor, afetivo
e cognitivo/linguagem.   Acesse e confira: 2020/0221
Caderneta da Criança - Menina (eletrônica) <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
crianca_menina_2ed.pdf> 2020/0220 Caderneta da
Criança - Menino (eletrônica) <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.
pdf>.
14
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
crescimento e desenvolvimento infan-
til, tanto do ponto de vista nutricional
como do ponto de vista afetivo e cogni-
tivo. A alimentação e nutrição adequa-
das são essenciais para o crescimento e
desenvolvimento das crianças. A partir
de seis meses, além do leite materno,
novos alimentos saudáveis devem ser
oferecidos às crianças e terão papel
importante na formação dos hábitos
alimentares para toda a vida, e, além
disso, esses alimentos irão fornecer nu-
trientes que desempenham um papel
importante na formação dos tecidos e
sistemas corporais.
O Direito Humano à Alimentação
Adequada (DHAA) é um direito
filhas de mães privadas de liberdade.
Mulheres e suas famílias devem rece-
ber a informação e o apoio necessários
para que a amamentação aconteça de
forma agradável e prazerosa, além de
orientação sobre o manejo adequado
de problemas, caso surjam.
1.2.2 A importância da alimentação
complementar saudável
Entende-se por alimentação comple-
mentar quaisquer alimentos nutritivos
sólidos ou líquidos oferecidos à criança
em adição ao leite materno, devendo
ser iniciada aos seis meses de vida. A
alimentação saudável nesse período
apresenta profunda relação com o
adulta. Portanto, a amamentação das
crianças, nos primeiros anos, tem im-
pacto não somente na nutrição e saú-
de, mas também influencia fortemente
o desenvolvimento humano.
Por fim, amamentar faz bem a toda
sociedade e à natureza porque crianças
amamentadas são mais saudáveis
– a amamentação não impacta nos
recursos naturais, dispensa a produção
de plásticos e demais resíduos sólidos.
Por todos esses benefícios citados,
amamentar não deve ser considerado
um ato solitário, mas sim um bem so-
cial que deve ser apoiado e estimulado
por todos da família e da comunidade
(empregadores, estabelecimentos e
profissionais de ensino e saúde, meios
de transporte público, espaços pú-
blicos, entre outros). O ECA garante a
proteção à amamentação, determinan-
do que o poder público, as instituições
e os empregadores devem propiciar
condições adequadas ao aleitamento
materno, inclusive para as crianças
15
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
variedade, quantidade e qualidade necessárias). Em outros
casos, a influência de campanhas publicitárias para compra
de alimentos não saudáveis também interfere na qualidade
da alimentação dos indivíduos.
A introdução de alimentos seguros do ponto de vista
nutricional e sanitário, em época oportuna e de forma
adequada, previne carências nutricionais e tem grande
impacto na morbimortalidade infantil. Em condições de
baixo acesso a alimentos saudáveis, ocorrem diferentes
formas de deficiências nutricionais: desnutrição, excesso de
peso e carências específicas de micronutrientes como ferro,
zinco e vitamina A, que podem impactar de maneira negativa
humano básico, garantido pela Constituição Brasileira, e
significa dizer que todas as pessoas deveriam ter acesso a
alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade
suficientes, de forma permanente e regular, ficando, assim,
livres da fome e bem nutridas.
Contudo, no Brasil e no mundo, muitos são os fatores que
levam uma expressiva parcela da população a não ter uma
alimentação saudável. A desigualdade social é sem dúvida
um fator decisivo para que muitas famílias não consigam
ter alimentos suficientes para suas necessidades básicas (na
SAIBA +
Para saber mais sobre o conceito do DHAA,
recomendamos que assista a esse vídeo, uma
parceria entre a Ação Brasileira pela Nutrição e
Direitos Humanos (ABRANDH) e a Coordenação Geral
de Alimentação e Nutrição (CGAN) com apoio da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que tem
o objetivo de motivar a discussão sobre a agenda de
nutrição no SUS e o papel das ações de nutrição na APS.
Acesse no link: <http://vimeo.com/32862441>.
Além disso, um estudo avaliou práticas alimentares de
crianças brasileiras e os fatores associados à qualidade
e à diversidade da dieta e identificou que iniquidades
sociais e situações de vulnerabilidade social estão
relacionados a menores chances de uma alimentação
diversificada. Acesse e confira no link: <https://doi.
org/10.1590/0102-311X00153414>.
16
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
obesidade têm a saúde comprometida
e correm sérios riscos de desenvolver
doenças nas articulações e nos ossos,
diabetes, hipertensão, problemas
cardíacos e câncer na vida adulta,
além de problemas emocionais, que
impactam a saúde mental das crianças
e suas relações interpessoais.
É fundamental compreender que a
obesidade infantil não é uma questão
do indivíduo e suas escolhas, mas sim
resultado da influência do ambiente
econômico, cultural, político e social.
Assim, é possível assumir que o en-
frentamento parte do planejamento
de propostas de intervenções que con-
tribuam com o seu controle e redução.
Em resumo, quanto menos saudável
for a alimentação da criança, mais sus-
cetível ela estará às carências nutricio-
nais, ao sobrepeso e à obesidade e aos
agravos no seu desenvolvimento.
a prevenção do sobrepeso e da
obesidade infantil, que é considerada
pela OMS como uma epidemia mundial
com ampla associação com o consumo
alimentar e com o nível de atividade
física dos indivíduos. Sabe-se que a
prevalência de obesidade infantil está
emfrancocrescimento.Ascriançascom
o desenvolvimento da criança, com
repercussões para toda a vida.
Alguns nutrientes são amplamente
reconhecidos por seus mecanismos
de atuação no corpo humano, confira
alguns a seguir!
A alimentação complementar
saudável também contribui para
Ácido fólico
A deficiência de ácido fólico
tem sido relacionada com
defeitos do tubo neural e
outras anomalias congênitas
como a encefalocele, anen-
cefalia e mielomeningocele.
Ferro e zinco
Evidências demonstram que
a anemia por deficiência de
ferro ocasiona alterações no
desenvolvimento neuropsi-
comotor e interfere no
comportamento, no aprendi-
zado e na memória, assim
como ocorre na deficiência
de zinco.
Iodo
O iodo também é um importante
micronutriente, cuja deficiência está
relacionada ao atraso no desenvolvi-
mento neurológico, podendo provocar
déficit cognitivo irreversível.
Vitaminas
A carência de vitamina A na infância
causa a perda da visão. Já algumas
vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12)
também estão relacionadas com
problemas no desenvolvimento, e a
carência dessas vitaminas está associa-
da ao atraso psicomotor, letargia,
irritabilidade, crises epiléticas, sequelas
neurológicas e motoras permanentes
além de problemas comportamentais.
17
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1
As práticas de desmame precoce e de alimentação
complementar inadequada estão intimamente relacionadas
a problemas de saúde, assim como trazem implicações
para o pleno desenvolvimento na infância, com impactos
de médio e longo prazo. Durante as consultas de rotina,
é importante que você, profissional, forneça orientações
sobre os cuidados necessários e esclareça dúvidas das mães
e dos cuidadores.
1.3 Encerramento da unidade
Nesta unidade você conheceu alguns aspectos do
desenvolvimento infantil e qual o papel da alimentação
saudável na primeira infância. A alimentação adequada
e saudável é um direito porque é fundamental para a
manutenção da vida, da saúde e do bem-estar, em especial
durante esta fase da vida.
Esperamos que as informações até aqui apresentadas
tenham sido relevantes para a compreensão da importância
das repercussões dos cuidados promovidos desde a gestação
até a primeira infância para o desenvolvimento infantil na
garantia de uma vida saudável.
A APS no SUS tem um importante papel nos cuidados
desde a gestação até os primeiros dois anos de vida da
criança. São os profissionais de saúde e as equipes de saúde
das UBS que acolhem as gestantes, mães, pais e cuidadores
de crianças pequenas nas suas dúvidas e vulnerabilidades.
Constitui-se uma grande janela de oportunidades para
a promoção do aleitamento materno e da alimentação
complementar saudável e, assim, a ressignificação dos
processos de trabalho e de abordagem durante o pré-natal
e na primeira infância é importante.
SAIBA +
Todos estes aspectos sobre crescimento e
desenvolvimento mencionados podem ser
complementados com a leitura da cartilha “O cuidado
às crianças em desenvolvimento: orientações para as
famílias e cuidadores”, disponível em:
<https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/
MTM0MA==>.
DESTAQUE
A conscientização dos profissionais sobre a
importância do cuidado à criança com foco na
alimentação saudável e prevenção de complicações
no seu desenvolvimento futuro deve ser uma prioridade
de todos.
18
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL
2.1 Introdução da unidade
Nesta unidade, você conhecerá como se comportaram
os indicadores de aleitamento materno e da alimentação
complementar no Brasil nas últimas décadas. O objetivo é
refletir sobre como está a situação alimentar de crianças
menores de 2 anos. Também conhecerá o Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional do Brasil (SISVAN),
ferramenta de gestão das informações sobre Vigilância
Alimentar e Nutricional (VAN) na APS.
Ao final dos estudos desta unidade, esperamos que
você reconheça a importância dos indicadores e de dados
populacionais para o trabalho de promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar e também valorize
o registro dos dados na rotina da atenção primária para
elaborar planejamentos estratégicos frente ao cenário
epidemiológico encontrado. Boa leitura!
19
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
tomavam refrigerante
ou suco artificial
32,3%
60,8%
estavam em aleitamento
materno complementado
50,6%
comiam biscoitos,
bolachas ou bolo
Crianças menores de 2 anos
Crianças com idade entre 9 e 12 meses
giões Sudeste e Sul, que apresentaram
maiores taxas de interrupção precoce
do aleitamento materno. Quanto ao
uso de mamadeira, os resultados da
pesquisa mostraram que das crianças
menores de 12 meses analisadas
58,4% faziam uso de mamadeira e
42,6% de chupeta. A região Sudeste foi
a que apresentou maior frequência de
uso de mamadeira (63,8%) e a menos
frequente foi a região Norte (50,0%).
Os dados populacionais obtidos a
partir da Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS), realizada em 2013, evidenciaram
os dados apresentados a seguir.
Os resultados preliminares do
Estudo Nacional de Alimentação e
Nutrição Infantil (UFRJ, 2020) indicam
que a prevalência do aleitamento
materno exclusivo entre as crianças
com menos de 6 meses de idade foi
de 45,7%, sendo que na região Norte a
prevalência foi de 40,7%, no Nordeste
de 38,0%, no Sudeste de 50%, no Sul
de 53,1% e no Centro-Oeste de 44,1%.
Em crianças com menos de 4 meses, a
prevalência do aleitamento materno
exclusivo aumentou de 4,7% em 2006
para 60,0% em 2020, um aumento
de 12,8 vezes. A prevalência de
2.2 Indicadores de aleitamento
materno e alimentação
complementar no Brasil
As pesquisas de abrangência
nacional realizadas no Brasil desde a
década de 1970 têm mostrado grandes
avanços na prática da amamentação.
Passamos de uma duração mediana da
amamentação de 2,5 meses (idade em
que metade das crianças estava sendo
amamentada) em 1975 para 11 meses
em 2008. A amamentação exclusiva de
0 a 6 meses, que praticamente inexistia
na década de 1980 (era apenas 3%),
teve um aumento expressivo, passando
a 41% em 2008.
Os dados de 2008, resultados da II
Pesquisa de Prevalência de Aleitamen-
to Materno nas Capitais Brasileiras e
Distrito Federal (2008), evidenciaram
também que, com relação à continui-
dade do aleitamento materno, os mu-
nicípios das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste tinham prevalências mais
altas quando comparados aos das re-
INSTITUTO
BRASILEIRO
DE
GEOGRAFIA
E
ESTATÍSTICA.
Pesquisa
nacional
de
saúde:
2013:
ciclos
de
vida:
Brasil
e
grandes
regiões/IBGE,
Coordenação
de
Trabalho
e
Rendimento.
-
Rio
de
Janeiro:
IBGE,
2015.
20
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
de alta relevância na população brasileira (VIEIRA, 2010)
O SISVAN mostra dados sobre a situação alimentar e
nutricional de indivíduos acompanhados na APS. Confira, a
seguir, alguns resultados obtidos.
No ano de 2018, foram registrados no SISVAN dados de
consumo alimentar de 4,81% da população de 0 a 5 anos, e
evidenciaram que apenas 54,4% das crianças menores de 6
meses são amamentadas exclusivamente.
Os dados do SISVAN de 2018 indicam também que
a diversidade alimentar mínima para crianças menores
de 2 anos foi de 72,3%. A diversidade alimentar mínima é
um indicador que apresenta a proporção de crianças que
receberam seis grupos alimentares. São eles: leite materno
ou outro leite que não do peito, mingau com leite ou
iogurte; frutas, legumes e verduras; vegetais ou frutas de
aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de
12 a 15 meses) foi de 53,1% no Brasil, sendo essa prática mais
frequente na região Nordeste (61,1%) e menos na região Sul
(35%). A prevalência de aleitamento materno em menores
de 2 anos de vida, aumentou 23,5 pontos percentuais no
mesmo período, alcançando prevalência de 60,9%.
Os dados apresentados, de pesquisas e inquéritos
nacionais, mostram que ainda precisamos avançar nas taxas
de aleitamento materno e que o consumo de alimentos não
recomendados acontece cada vez mais precocemente. Esse
padrão de consumo alimentar está associado à formação
de hábitos alimentares inadequados que, por sua vez,
relacionam-se ao desenvolvimento de diferentes formas de
má nutrição, incluindo a desnutrição, o excesso de peso e as
carências nutricionais.
As causas do excesso de peso (que abrange o sobrepeso
e a obesidade) na infância estão relacionadas ao conjunto
de fatores caracterizado por um consumo excessivo de
alimentos com altos teores de açúcar, gordura e sódio, e
pelo sedentarismo, influenciados pelo ambiente, pela mídia
e publicidade de alimentos não saudáveis.
Em relação às carências de micronutrientes, destaca-se
a deficiência de ferro. Uma revisão sistemática identificou
que há uma alta prevalência (maior que 40%) de anemia em
estudos de base populacional, indicando que é um problema
SAIBA +
Os dados do Estudo Nacional de Alimentação
e Nutrição Infantil (ENANI) mostram que houve
melhora nos indicadores de aleitamento materno
no Brasil no período de 1986 a 2019. Para saber mais
sobre a situação atual e a tendência dos indicadores
de aleitamento materno no Brasil acesse o relatório
do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil
(ENANI). Acesse o link para saber mais: <https://enani.
nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/>.
21
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
do curso da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e
gestantes) atendidos pelo SUS. Para isso, profissionais e ges-
tores da saúde contam com o SISVAN como ferramenta de
gestão das informações de VAN na APS para o planejamento
e a organização da atenção nutricional no SUS.
O aperfeiçoamento do SISVAN é uma das diretrizes
presentes no Decreto nº 408, de 2008, do Conselho Nacional
de Saúde, como uma das estratégias para a prevenção de
todas as formas da má nutrição.
O SISVAN consolida as informações sobre estado nutri-
cional e marcadores de consumo alimentar dos brasileiros
acompanhados na APS e oferece o diagnóstico descritivo e
analítico da situação alimentar e nutricional da população. A
partir do diagnóstico alimentar e nutricional individual ou co-
letivo de um território, profissionais e gestores são capazes
cor alaranjada e folhas verdes escuras; carnes e ovos; feijão;
cereais e tubérculos (arroz, batata, inhame, aipim/macaxeira/
mandioca, farinha ou macarrão – sem ser instantâneo).
A adequação alimentar ao consumo de alimentos fontes
de ferro foi de apenas 13% e de ingestão de alimentos fonte
de vitamina A de 62%. Entretanto, o consumo de alimentos
ultraprocessados foi de 48,3% para menores de 2 anos.
Contudo, os dados do SISVAN precisam ser interpretados
com cautela, uma vez que correspondem a menos de 5%
da população. Essa baixa cobertura está principalmente
relacionada com a ausência de registro dos dados durante
os atendimentos na APS.
Ainda segundo dados do SISVAN, de 2019, com relação ao
estado nutricional de um total de 1.487.057 crianças menores
de 2 anos acompanhadas na APS, 9,74% apresentaram
sobrepeso e 7,6% obesidade.
2.3 O uso do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (SISVAN)
O processo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) cor-
responde a um conjunto de ações para a descrição contínua
das condições de alimentação e nutrição de uma população.
No Brasil, essa vigilância é realizada por meio de inquéritos
e pesquisas populacionais e pelos profissionais de saúde na
atenção primária considerando indivíduos de qualquer fase
22
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
acompanhamento da condicionalidade de vigilância
nutricional de crianças menores de 7 anos, gestantes e
mulheres beneficiárias ou atendidas pelo programa.
No SISVAN, é possível obter dois tipos de relatórios
públicos:
de organizar ações adequadas, incluindo ações de promo-
ção da alimentação adequada e saudável, de prevenção de
agravos relacionados à má alimentação e atenção precoce
e oportuna aos casos de carências nutricionais específicas.
O e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia
do Departamento de Saúde da Família para reestruturar as
informações da APS em nível nacional e se constitui no Sis-
tema de Informação da Atenção Primária vigente. Esta ação
está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação
dos Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da
Saúde. No e-SUS APS é possível registrar os dados antropo-
métricos e de marcadores de consumo alimentar, porém
não é possível a geração de relatórios, apenas disponíveis
no site do SISVAN.
O registro de dados antropométricos também pode
ser realizado pelo Sistema do PBF na Saúde a partir do
SAIBA +
O SISVAN reúne informações sobre o registro
de dados antropométricos e de marcadores de
consumo alimentar de diferentes sistemas de
informação, dentre os quais o registro realizado pelo
próprio SISVAN, pelo Sistema de Informação em Saúde
para a Atenção Básica (SISAB) e Sistema do Programa
Bolsa Família (PBF) na Saúde.
SAIBA +
Para mais informações sobre o registro de dados
antropométricos e de marcadores de consumo
alimentar, bem como sobre a integração entre
os sistemas de informação da APS acerca do estado
nutricional e consumo alimentar da população,
acesse o “Manual operacional para uso do Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN VERSÃO 3.0”.
Acesse: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/
ManualDoSisvan.pdf>.
Relatório de Produção
Oferece informação sobre a
cobertura de acompanha-
mento dos marcadores de
consumo alimentar por
fase da vida para todos
os municípios brasi-
leiros.
Relatórios Consolidados
Informa o estado nutricio-
nal e indicadores de
consumo alimentar para
todas as fases do curso
da vida e estratifica-
do para os municí-
pios do país.
23
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
alimentar de crianças menores de 2 anos. Esses relatórios
podem ser gerados com abrangência nacional, regional,
estadual, municipal e por estabelecimento de saúde.
Fonte: Brasil (2020).
É importante salientar que é a partir da coleta e do registro
dos marcadores de consumo alimentar que os profissionais
da atenção primária poderão obter informações sobre
as práticas de aleitamento materno e de alimentação
complementar das crianças do seu território, permitindo
o monitoramento desses indicadores, contribuindo para
o planejamento de ações e a organização dos cuidados
adequados à realidade local.
Após a implementação da integração entre o SISAB e o
SISVAN observou-se um aumento progressivo na cobertura
de acompanhamento dos dados de VAN. Contudo, esse
registro do acompanhamento está ainda muito aquém do
esperado e pode ser melhorado de modo a subsidiar as
ações voltadas para alimentação e nutrição na APS.
A seguir você pode conhecer alguns dos indicadores
gerados a partir dos relatórios consolidados do SISVAN,
obtidos a partir do registro dos marcadores de consumo
SAIBA +
É possível acessar relatórios públicos do SISVAN
no seguinte endereço: <http://sisaps.saude.gov.br/
sisvan/relatoriopublico/index>.
SAIBA +
Para saber mais sobre os indicadores de consumo
alimentar avaliados, acesse o documento “Marco
de referência da vigilância alimentar e nutricional na
atenção básica”, disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_
alimentar.pdf>.
Cobertura de acompanhamento de marcadores de
consumo alimentar para crianças menores de 2
anos de idade na APS
Número de crianças
acompanhadas:
2015  75.431
2016  184.290
2017  216.579
2018  273.319
2019  268.203
0
2015 2016 2017 2018 2019
2
4
5
1,33
3,24
3,81
4,81 4,72
24
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
Agora, conheça o significado de alguns dos termos
importantes relacionados ao tema:
• Aleitamento exclusivo: quando a criança recebe
apenas o leite materno, direto da mama ou ordenhado,
ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou
sólidos, exceto gotas ou xaropes contendo vitaminas,
sais de reidratação oral, suplementos minerais ou
medicamentos.
• Aleitamento materno predominante: quando a
criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas
à base de água, como chás, infusões e sucos de frutas.
• Aleitamento materno: quando a criança independente
de receber ou não outros alimentos recebe o leite
materno (direto da mama ou ordenhado).
• Aleitamento materno complementado: quando a
criança recebe leite materno e qualquer alimento
sólido, semissólido ou líquido, incluindo leite não
materno e fórmula infantil.
Aleitamento materno exclusivo de 0-6 meses
Aleitamento materno continuado 6-24 meses
Diversidade alimentar mínima
Frequência mínima e consistência adequada
Consumo de alimentos fonte de ferro
Consumo de alimentos fonte de vitamina A
Consumo de alimentos ultraprocessados
Consumo de hambúrgueres e/ou embutidos
Consumo de macarrão instantâneo,
salgadinhos de pacote
Consumo de bebidas adoçadas
Consumo de biscoitos recheados, doces e
guloseimas
Indicadores para a avaliação do consumo
alimentar de crianças menores de 2 anos
Fonte: Brasil, 2015.
25
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
A partir do registro dos dados de marcadores de consumo
alimentar, e também dos dados antropométricos, a utilização
do SISVAN torna-se fundamental para o monitoramento dos
indicadores de alimentação das crianças menores de 2 anos
bem como do estado nutricional nessa fase da vida. Assim,
é possível conhecer o perfil alimentar, nutricional e epide-
miológico do seu local de atuação, incluindo os principais
agravos e fatores de risco ou proteção à saúde relacionados
à alimentação e nutrição, e planejar ações na APS.
Agora que você já conhece o SISVAN e os principais
indicadores de aleitamento materno, alimentação
complementar e da situação nutricional de crianças no
Brasil, que tal buscar informações dos indicadores do seu
município? Com esses dados, é possível dizer se existe algum
problema com a prática da amamentação, alimentação
complementar e estado nutricional das crianças menores de
2 anos no seu município ou território.
SAIBA +
Para mais informações sobre os indicadores
de consumo alimentar em menores de 2 anos,
recomendamos a leitura “Orientações para avaliação
de marcadores de consumo alimentar na atenção
básica”: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf>.
Qual a cobertura de acompanhamento dos
marcadores de consumo alimentar para
crianças menores de 2 anos no seu município?
Qual a prevalência de aleitamento materno
exclusivo (AME) em crianças menores de 6
meses?
Qual a prevalência de aleitamento materno (AM)
em crianças entre 6 e 24 meses?
Qual a prevalência do consumo de alimentos
ultraprocessados em crianças entre 6 e 24 meses?
Qual a prevalência de crianças entre 6 e 24 meses que
apresentaram diversidade alimentar mínima?
Qual a prevalência de crianças
com baixa estatura para a idade?
Qual a prevalência de crianças
com baixo peso para a estatura?
Qual a prevalência de crianças com sobrepeso e
obesidade?
?
Informações relevantes para sua investigação
26
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2
2.4 Encerramento da unidade
Chegamos ao fim desta unidade! Você aprendeu sobre
os indicadores usualmente empregados para descrever o
cenário epidemiológico da prática do aleitamento materno e
da alimentação complementar, conheceu também a situação
que se encontram as crianças brasileiras com relação a al-
guns indicadores. Esperamos que o conteúdo desta unidade
seja útil no seu cotidiano e que a partir dessas informações
você possa sensibilizar sua equipe de trabalho sobre a impor-
tância dos dados para as ações de promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar na APS.
27
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3
3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO
MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
3.1 Introdução da unidade
Nesta unidade, apresentaremos algumas situações para
que você possa refletir sobre os problemas mais frequentes
relacionados à alimentação nos primeiros anos de vida. Ao
final desta etapa, você compreenderá a importância de um
olharampliadoparaidentificarfatoresquepodeminfluenciar
o aleitamento materno e a alimentação complementar
adequada e saudável. Bons estudos!
3.2 Fatores envolvidos no processo de
amamentação e alimentação complementar
Você tem notado dificuldades frequentes com
amamentação e alimentação complementar saudável de
mães, bebês e famílias atendidos no seu local de trabalho?
Por que razão esses problemas acontecem? Como é feito
o manejo dessas situações? Quais dificuldades vocês
enfrentam na rotina dos serviços?
A alimentação da criança é um processo multifatorial,
socioculturalmente determinado. Portanto, compreender
o processo da amamentação e alimentação complementar
saudável no contexto sociocultural da família pode ser bas-
tante desafiador e complexo para o profissional da saúde.
28
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3
é possível fornecer apoio mais efetivo
às mulheres e famílias com bebês na
primeira infância.
Para que possamos demonstrar
estes fatores, vamos classificá-los em
cinco dimensões: biológico/psicológico,
cultural, social, processo de trabalho e
abordagem. Essa classificação tem a
finalidade de colaborar no raciocínio da
influência de cada dimensão, embora
essas dimensões estejam interligadas
e exerçam influências entre si.
Identificar quais são os fatores que
influenciam as práticas de amamenta-
ção e de alimentação complementar
saudável é importante para que você,
profissional da saúde, em trabalho
integrado com equipe multidisciplinar/
interdisciplinar, possa considerá-los,
ampliando assim sua visão sobre o
processo do aleitamento materno
e da alimentação complementar e
compreender que esse é um processo
complexo e multideterminado. Assim,
Muitas são as influências vividas
pela mulher, pela criança e pela
família que interferem nas decisões de
amamentação e alimentação. Para que
ocorram boas práticas de alimentação
nos primeiros anos de vida, o apoio
da rede familiar e social é primordial.
Reconhecer as necessidades da mulher
que amamenta e as de sua família é
uma forma de potencializar a vivência
empoderada da amamentação e da
alimentação complementar saudável.
SAIBA +
Para conhecer mais
sobre cuidados e práticas
alimentares da criança,
recomendamos a leitura desse
artigo, que analisou o significado
daspráticasalimentaresevalores
sobre a alimentação para mães
de criança sob risco nutricional,
disponível em: <https://www.
scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984.
pdf>.
29
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3
3.3 Encerramento da unidade
Nesta unidade, você conheceu as
cinco dimensões que influenciam a
amamentação e a alimentação com-
plementar saudável. Também pôde
entender a importância de ter um olhar
ampliado nas situações de amamen-
tação e alimentação complementar
nos primeiros anos de vida, e que as
dimensões de abordagem e processo
de trabalho se relacionam com a sua
atividade cotidiana de atendimento.
Esperamos que o conteúdo abordado
nesta etapa seja útil para que você
possa refletir sobre a importância do
seu papel, como profissional da saúde,
na influência de práticas promotoras
de saúde na primeira infância.
BIOLÓGICO/PSICOLÓGICO
São os fatores relacionados a anatomia, fisiologia, dificuldades de ordem
física e emocional com amamentação e/ou alimentação complementar.
CULTURAL
Incluem as crenças, tabus, hábitos alimentares, vivências, restrições
alimentares.
SOCIAL
Diz respeito ao acesso aos alimentos, nível de escolaridade, níveis social e
financeiro, grupo social.
PROCESSO DE TRABALHO
Se refere ao modo de estruturação e execução da rotina de trabalho
como a organização da agenda e gestão dos serviços.
ABORDAGEM
Refere-se a todas as situações na relação profissional-usuário como
postura, acolhimento e comunicação.
30
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4
4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL
4.1 Introdução da unidade
A alimentação é um direito humano básico, iniciando com
o direito à amamentação e a introdução da alimentação
complementar saudável. Existem políticas públicas que
protegem e promovem os direitos na primeira infância, das
quais podemos mencionar a licença maternidade, licença
paternidade, sala de apoio à amamentação e direito a creche
e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes e Crianças (NBCAL) na Primeira Infância, Bicos,
Chupetas e Mamadeiras. Existem também resoluções que
abordam a questão da publicidade de alimentos. Essas são as
referências legais para proteger bebês e crianças pequenas
no seu direito à alimentação. Acompanhe mais informações
sobre esses temas!
4.2 Entendendo a questão da
publicidade de alimentos
As indústrias de alimentos utilizam de inúmeras estra-
tégias de marketing para vender seus produtos. Podemos
identificar algumas dessas técnicas publicitárias nos anún-
cios comerciais veiculados em televisão, internet, rádio,
jornais, revistas. Também são estratégias as promoções
31
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4
4.3 Leis que protegem a
amamentação e a alimentação
No Brasil, existe um escopo de
leis, normativas e políticas públicas
que garantem condições para a
amamentação e para a alimentação da
criança. Confira!
Para coibir práticas publicitárias
abusivas, o Código de Defesa do Con-
sumidor (CDC) considera ilegal qual-
quer tipo de publicidade de produto
ou serviço voltada ao público infantil,
em qualquer meio de comunicação
ou espaço de convivência da criança.
Neste sentido, as leis n° 8.985, de 2012,
e nº 12.529, de 2011, tornam proibida
a comercialização de alimentos que
acompanhem brinde ou brinquedo,
por entenderem que é uma estratégia
de marketing voltada ao público infan-
til, bem como a venda casada.
Alinhando ao Código de Defesa do
Consumidor, a Resolução nº 163, de
2014,doConselhoNacionaldosDireitos
da Criança e do Adolescente (Conanda)
acrescenta o conceito de abusividade
como toda forma de publicidade
dirigida diretamente ao público infantil
com o intuito de incentivar o consumo
de produtos e serviços.
com desconto de preço, distribuição de
amostras grátis de produtos, exposição
diferenciada de produtos nos locais de
venda, embalagens atraentes.
A questão é que essa publicidade in-
fluencia no desmame precoce e no con-
sumo de alimentos prejudiciais à saúde
das crianças. Essa influência ocorre
tanto com foco nas mães e famílias
desde a gestação até o pós-parto, com
produtos substitutos do leite materno,
quanto voltado ao público infantil e
também sobre profissionais da saúde
que atendem crianças pequenas.
DESTAQUE
É importante lembrar que
os profissionais da saúde
também são alvo dessas
estratégias das indústrias de
alimentos com patrocínio de
eventos, doação de brindes,
visitas de representantes e
distribuição de material técnico
científico.
Política Nacional de
Alimentação e Nutrição
Destinada a melhorar as
condições de alimentação e
nutrição e saúde da população
brasileira.
Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Criança
Essa política amplia o olhar sobre
a saúde da criança, uma vez que
trata dos cuidados desde a
gestação até os 9 anos de idade.
Proteção à mulher estudante
Tem assegurada a prestação de
exames finais e direito ao regime
de exercícios domiciliares.
32
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4
Licença maternidade/paternidade e pausas para
amamentação
Garante 120 dias para a mulher trabalhadora
registrada pela Consolidação das Leis trabalhistas
(CLT) o direito de afastamento do trabalho sem
prejuízo de salário ou emprego e garante ao pai cinco
dias de licença pela Constituição Federal. A licença
maternidade pode ser ampliada para 180 dias para
trabalhadores formais de empresas que aderiram ao
programa Empresa Cidadã. No retorno ao trabalho, a
mulher tem o direito de dois períodos de 30 minutos
de pausa para amamentação até a criança completar
6 meses.
Marco Legal da Primeira Infância
Define orientações para familiares, profissionais da
saúde e tomadores de decisões sobre iniciativas para
o desenvolvimento integral das crianças até os 6 anos
de idade e amplia a licença-paternidade para 20 dias.
Sala de apoio à amamentação
Sala localizada em uma empresa pública ou privada
que tenha funcionalidade para a mulher trabalhadora
retirar e armazenar o seu leite para oferecê-lo
posteriormente ao bebê.
Filhos de mães submetidas à medida privativa de
liberdade
A Lei 11.942, de 2009, prevê que instituições penais
tenham berçários, onde as mulheres privadas de
liberdade possam cuidar de seus filhos pelo menos
até os primeiros 6 meses.
Direito à creche
Todo estabelecimento que contenha mais de 30
mulheres maiores de 16 anos, segundo a CLT, deve
prover um local adequado para que seus filhos fiquem
sob cuidados e assistência adequada.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
O PNAE oferece alimentação escolar e ações de
educação alimentar e nutricional a estudantes da rede
pública.
Mulheres infectadas pelo HIV
Diante da contraindicação do aleitamento materno em
caso de mães infectadas pelo HIV, a Portaria de
Consolidação do SUS nº 6, de 28 de setembro de 2017,
garante à criança menor de 6 meses de idade o
recebimento da fórmula infantil.
33
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4
Na última revisão foram produzidos os seguintes
documentos: a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.051,
de 2001, e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC nº
221, de 2002, e RDC nº 222/2002. São esses três documentos
que formam a NBCAL.
A NBCAL tem como objetivo a regulamentação da
promoção comercial e o do uso apropriado de produtos
que interferem nas práticas de amamentação e alimentação
saudável na primeira infância, são eles:
1. alimentos de transição e alimentos à base de cereais,
indicados para lactentes ou crianças de primeira
infância, e outros alimentos ou bebidas à base de leite
ou não, quando comercializados ou apresentados
como apropriados para a alimentação de lactentes e
crianças de primeira infância;
2. fórmulas de nutrientes apresentadas ou indicadas
para recém-nascidos de alto risco;
3. fórmulas infantis de seguimento para crianças de
primeira infância;
4. fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de
seguimento para lactentes;
5. fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas
específicas;
4.4 Norma Brasileira de Comercialização de
Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira
Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras
A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas
e Mamadeiras (NBCAL) é regulamentada pela Lei nº 11.265,
de 2006, e pelo Decreto nº 9.579, de 2018. É um instrumento
constitucional contra a interferência da publicidade infantil
naspráticasdealimentação.ANBCALsurgeem1988(revisada
em 1992 e 2002), inspirada no “Código Internacional de
Comercialização de Substitutos do Leite Materno”, de 1981,
que prevê medidas para coibir práticas de publicidade que
possam interferir na prática da amamentação e introdução
de alimentos complementares.
SAIBA +
Para conhecer melhor a NBCAL, recomendamos
assistir a este vídeo:
<https://www.youtube.com/watch?v=SuPNryJyxUQ>.
As estratégias regulamentadas pela NBCAL visam
promover, proteger e apoiar o aleitamento materno,
para garantir a saúde infantil. Para conhecer o escopo
da NBCAL, acesse:
<http://www.ibfan.org.br/parceiros/pdf/2.pdf>.
34
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4
4.5 Encerramento da unidade
Nesta unidade você conheceu as políticas públicas que
protegem e promovem os direitos na primeira infância. Es-
sas são as referências legais para proteger bebês e crianças
pequenas no seu direito à amamentação e alimentação.
6. leites fluidos ou em pó, leites modificados e similares
de origem vegetal;
7. mamadeiras, bicos e chupetas.
A International Baby Food Action Network (IBFAN) Brasil é
uma organização não governamental que faz parte de uma
rede internacional (a Rede Internacional em Defesa do Direito
de Amamentar) formada por mais de 270 grupos de ativistas
espalhados por 168 países e que atua há 40 anos para a
melhoria da nutrição e saúde infantis e monitoramento do
Código Internacional.
SAIBA +
Você pode conhecer mais sobre o papel da IBFAN
e de outras organizações na defesa da amamenta-
ção no Brasil no vídeo “Um olhar sobre a História da
Amamentação”, disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=QnEGVK6KBgI>.
Como o profissional da saúde pode colaborar para o
cumprimento e para a proteção da amamentação? Es-
sas respostas você pode encontrar na publicação “A le-
gislação e o marketing de produtos que interferem na
amamentação: um guia para o profissional de saúde”,
disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legisla-
cao_marketing_produtos_amamentacao.pdf>.
35
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO
5.1 Introdução da unidade
Nesta unidade trataremos de um aspecto muito
importante para os atendimentos de mães e bebês na
atenção primária: o uso do aconselhamento. Você aprenderá
algumas habilidades de comunicação que poderão ser úteis
no dia a dia do seu trabalho na UBS para analisar a causa de
qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor
sugestões para resolver as dificuldades.
As habilidades de comunicação são um conjunto de
técnicas de interação que são úteis para escutar e
compreender sobre o nível de conhecimento das pessoas e
suaspráticas,aumentaraconfiançadasmãesedecuidadores
e também sugerir mudanças, caso necessárias. Neste curso,
trataremos especificamente do aconselhamento de mães
ou cuidadores sobre alimentação de bebês e crianças
de primeira infância, porém são técnicas que podem ser
utilizadas em outras situações da APS. Vamos olhar agora
para cada uma dessas habilidades.
36
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Habilidade Explicação
Exemplos de
diálogo
Comunicação
não verbal útil
• Remover barreiras físicas como mesas ou pastas
de papel que se tem nas mãos.
• Manter a cabeça no mesmo nível e estar próximo.
• Prestar atenção à mulher, evitar se distrair e
mostrar que está ouvindo assentindo com a
cabeça, sorrindo ou outros gestos adequados.
• Não apressar a conversa e não olhar para o
relógio.
• Só tocar na mulher de forma apropriada (como
na mão ou no braço). Não toque em suas mamas,
barriga ou em seu bebê sem sua permissão.
------
Quando você realiza um
atendimento é possível que, em um
primeiro momento, a pessoa não
consiga falar abertamente sobre o que
está acontecendo, principalmente se
ela for tímida ou não tiver um vínculo
pré-estabelecido. As habilidades para
escutar e compreender lhe ajudarão a
fazer com que a mãe, o pai, o cuidador
ou o responsável sinta que você se
importa com a situação e se interessa
por auxiliar. Na tabela a seguir você
encontra as seis habilidades para
escutar e compreender, confira.
5.2 Habilidades de comunicação
para escutar e compreender
Em geral, a formação dos profissio-
nais da saúde é focada na superação
de problemas. Contudo, esse modo de
olhar a situação gera atendimentos em
que os profissionais focam na disponi-
bilização de informações em detrimen-
to de uma comunicação que respeite
os pensamentos, as crenças e a cultura
das pessoas e que possibilite a com-
preensão dos aspectos envolvidos na
determinação dos problemas.
Utilizar o aconselhamento não
significa dar conselhos ou dizer o que
precisa ser feito, mas sim escutar
e entender o ponto de vista das
pessoas e ajudá-las na tomada de
decisão, dialogando sempre sobre os
prós e contras de cada decisão. Essa
maneira de atender contribui para o
desenvolvimento do vínculo entre os
cuidadores e o profissional.
SAIBA +
O aconselhamento é uma
abordagem ou maneira de
atuação do profissional, na
qual se busca compreender a
pessoa que está sendo atendi-
da, oferecendo ajuda na tomada
de decisões e fortalecendo sua
autoconfiança. Evidências cien-
tíficas comprovam que o acon-
selhamento é um instrumento
efetivo em atendimentos de
amamentação, sendo capaz de
contribuir para a melhora dos in-
dicadores de aleitamento mater-
no. Leia mais sobre o tema em:
<https://www.scielo.br/pdf/jped/
v80n5s0/v80n5s0a03.pdf>.
37
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Habilidade Explicação Exemplos de diálogo
Fazer perguntas
abertas
Perguntas abertas são mais úteis porque estimulam
a pessoa a fornecer mais informações. Começam
com: “Como...?”, “O quê...?”, “Quando...?”, “Onde...?”,
“Por quê...?”.
Profissional: “Bom dia, Laura. Eu sou Sandra, enfermeira. Como vai
o Kauan (bebê)?”
Laura: “Ele está bem e anda com muita fome”.
Profissional: “Como a senhora está alimentando o bebê?”
Laura: “Eu estou dando o peito. Eu só dou uma mamadeira durante
a noite”.
Usar respostas
e gestos que
demonstrem
interesse
Acenar positivamente com a cabeça, sorrir e usar
expressões como “sei”, “continue”.
Profissional: “Bom dia, Susana. Como vai a alimentação da Kátia
(nome da criança) agora que ela iniciou os alimentos sólidos?”
Susana: “Bom dia. Eu acho que está muito bem.”
Profissional:“Mmm.” (Balança a cabeça afirmativamente e sorri.)
Devolver com
suas palavras o
que a mulher diz
Se você repetir ou ecoar o que ela está dizendo,
mostra que está ouvindo e a estimula a falar mais.
Mulher: “Eu acho que não tenho leite suficiente.”
Profissional: “Você acha que tem pouco leite?”
Usar a empatia
A empatia ocorre quando demonstramos que
estamos ouvindo o que a pessoa diz e tentando
entender como ela se sente; quando observamos a
situação do ponto de vista dela.
Profissional: “Bom dia, Maria. Como estão você e o João (bebê)?”
Maria: “O João não está comendo bem, eu estou preocupada se ele
está doente.”
Profissional: “A senhora está preocupada com ele?”
Maria: “Sim, algumas crianças do meu bairro estão doentes e eu
tenho medo que ele esteja com a mesma doença.”
Profissional: “Isso deve dar muito medo na senhora.”
Evitar palavras
que soam como
julgamento
Exemplos: “certo”, “errado”, “bem”, “mal”, “bom”,
“suficiente”, “adequadamente”, “apropriadamente”,
“problema”.
Profissional: “O cocô dele está normal?”
Profissional: “Ele está mamando bem?”
38
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Habilidade Explicação Exemplos de diálogo
Aceitar o que a pessoa
pensa ou sente
Podemos aceitar as ideias
e sentimentos das pessoas
sem discordar delas ou dizer
que não há nada para se
preocupar. Aceitar o que
ela diz não é o mesmo que
concordar. Você pode aceitar
o que ela diz, por exemplo,
devolvendo com as mesmas
palavras, e posteriormente
fornecer a informação correta.
Aceitar o que uma pessoa diz
aumenta a autoconfiança dela.
Mulher: “Meu leite é ralo
e fraco, por isso tenho
que dar mamadeira.”
Profissional: “Eu
entendo. Vejo que está
preocupada com o seu
leite.”
em si mesmas. As pressões familiares e
sociais podem levá-la a achar que não
tem sido boa o suficiente.
Como profissional da saúde, é
importante reconhecer esses aspectos
e usar as habilidades para aumentar a
autoconfiança da mulher e dar apoio
para ajudá-la a se sentir bem consigo
mesma.
5.3 Habilidades para aumentar
a confiança da mulher
e oferecer apoio
Nos atendimentos de mulheres com
bebês na primeira infância, você pode
perceber que muitas delas podem se
sentir culpadas em relação a algumas
situações com seus filhos pequenos,
ou apresentarem falta de confiança
É fundamental que o profissional se
interesse pelo bem-estar, porque assim
faz com que as mulheres, as famílias e/
ou os cuidadores se sintam apoiados
e acolhidos. As habilidades de escutar
e compreender se ampliam por meio
do diálogo e ajudam na tomada de
decisões.
SAIBA +
A utilização do aconselha-
mento na rotina de trabalho
da Estratégia Saúde da Família
(ESF), como na visita domiciliar
puerperal, por exemplo, é um
importante mecanismo para de-
tecção precoce de dificuldades
iniciais na amamentação e forta-
lecimento do aleitamento mater-
no. Este estudo mostrou que a
abordagem do aconselhamento
foi aceita pelos enfermeiros da
ESF de Taubaté, e parcialmente
introduzida durante as visitas do-
miciliares. Confira:
<http://docs.bvsalud.org/
biblioref/2019/09/1007788/
pamela_dissertacao.pdf>.
39
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Habilidade Explicação Exemplos de diálogo
Reconhecer e elogiar
Reconheça e elogie o que as mães, os pais e os
cuidadores conseguem realizar. Por exemplo, diga à
mãe que ela está de parabéns porque tem trazido o
bebê às consultas.
Uma mãe amamenta seu bebê de 3 meses e dá
suco de fruta. O bebê tem diarreia leve.
Profissional: “É bom que a senhora esteja
amamentando; o seu leite vai ajudar o bebê a se
recuperar.”
Oferecer ajuda prática
Quando as pessoas têm um problema prático para
resolver, elas precisam de ajuda para conseguirem
relaxar. Observe se ela não está com sede, com fome
ou cansada e precisando descansar antes de ouvir as
suas orientações.
Ofereça-se para ajudá-la a encontrar um jeito de
segurar o bebê de uma forma que não sinta dor.
------
Fornecer informações
relevantes em linguagem
adequada
Descubra o que as pessoas precisam saber naquele
momento.
• Use palavras adequadas e simples, que ela entenda.
• Não exagere na quantidade de informações,
selecione as prioritárias.
A informação é: amamentar depois dos 6 meses
é bom porque o leite materno contém ferro
absorvível, calorias e zinco.
Como usar a linguagem simples:
“Amamentar pelo menos até os 2 anos ajuda a
criança a crescer forte e saudável.”
Oferecer sugestões
e não ordens
Ofereça escolhas e deixe que a pessoa decida o que é
melhor para ela.
• Não diga o que ela deve ou não fazer.
• Limite suas sugestões a uma ou duas que sejam
relevantes à sua situação.
“Você pode começar a dar alguns alimentos além
do leite agora que seu filho tem 6 meses.”
40
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Você irá se deparar, como profissional da saúde, com
situações em que será necessário oferecer apoio para o
empoderamento da mulher. É importante evitar dizer o que
a mulher deve fazer e, sim, ajudá-la a decidir por si mesma o
que é melhor para ela e seu bebê. Isso aumenta a confiança
materna e o vínculo com profissional.
Para contextualizar, vamos agora ler a experiência de
Maria e sua filha Janice.
Maria é mãe de Janice, que tem 15 dias de vida, e de
Júnior, de 2 anos. Júnior mamou por 3 meses e depois
disso Maria voltou ao trabalho e teve que interromper
a amamentação, pois não teve apoio para continuar
amamentando. Atualmente, Maria não está trabalhando
e quer muito amamentar Janice por mais tempo. Janice
nasceu por cesariana, pesando 3.250 g e ficou no alojamento
conjunto com a mãe. No primeiro dia, Maria teve um pouco
de dificuldade para amamentar, mas na alta hospitalar a
amamentação estava indo bem. O marido de Maria trabalha
como vigilante em uma empresa de segurança e não tem
horário fixo de trabalho. Maria chega na UBS com o bebê no
colo, carregando a sua bolsa e a sacola do bebê, que ficam
caindo do seu ombro o tempo todo.
Agora observe duas possibilidades de diálogo.
Situação 1
Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e
eu não tinha com quem deixá-lo.
Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se
atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem
outras pessoas esperando pela consulta. O bebê
está mamando bem?
Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda
hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito!
Profissional: Não é normal sentir dor, provavel-
mente o bebê não está pegando direito o peito.
Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas
não posso demorar muito mais no seu atendimento.
Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu
estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e
meus peitos estão doendo.
Maria entra no consultório para o
atendimento de sua filha Janice.
41
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Maria deixa a bolsa no chão e abre a blusa. Janice
chora. A mama está com fissura. Ao colocar Janice
para mamar, Maria a segura com apenas um braço,
a bebê fica com a barriga virada para cima; pela dor,
Maria não consegue aproximar muito mais Janice do
peito. Maria tenta fazê-la mamar ao mesmo tempo
em que se preocupa que Júnior não mexa em nada
do consultório. A profissional percebe que a bebê
está longe da mama, então se levanta e vai até Maria,
segura a mama e empurra a cabeça da Janice contra o
peito, e também vira mais o corpo dela em direção à
mãe. Maria sente ainda mais dor.
Profissional volta a sentar na sua cadeira, escreve
uma receita de pomada e entrega para Maria.
Maria quis dizer que a bebê se chamava Janice,
mas desiste. Janice continua chorando. Maria fecha a
blusa, pega sua bolsa e a receita e sai do consultório
com os filhos.
Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim
que ele precisa ficar para mamar direito.
Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e
não se esquece de limpar o peito antes.
Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e
eu não tinha com quem deixá-lo.
Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se
atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem
outras pessoas esperando pela consulta. O bebê
está mamando bem?
Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda
hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito!
Profissional: Não é normal sentir dor, provavel-
mente o bebê não está pegando direito o peito.
Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas
não posso demorar muito mais no seu atendimento.
Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim
que ele precisa ficar para mamar direito.
Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e
não se esquece de limpar o peito antes.
Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e
eu não tinha com quem deixá-lo.
Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se
atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem
outras pessoas esperando pela consulta. O bebê
está mamando bem?
Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda
hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito!
Profissional: Não é normal sentir dor, provavel-
mente o bebê não está pegando direito o peito.
Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas
não posso demorar muito mais no seu atendimento.
estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e
meus peitos estão doendo.
Profissional: Como estão você e a bebê? Vi na
Caderneta da Criança que ela está ganhando peso!
Maria: Ela tá ganhando peso bem? Porque eu ando
tão cansada e dói tanto amamentar, que eu fico com
medo de não ser bom pra ela...
Maria: À noite ela acorda umas três vezes para
mamar e eu não estou conseguindo dormir direito.
E de dia, eu sinto sono, mas tenho que cuidar da
casa e do Júnior.
Profissional: Entendo como você se sente...Que tal
descansar um pouco durante o dia? Será que alguém
poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o
Júnior?
Profissional (olhando para Maria): Que bom que veio
à consulta hoje! Assim podemos conversar e talvez eu
possa lhe ajudar. O que tem te deixado tão cansada?
Situação 2
Maria está sentada com os filhos, aguardando ser
chamada. A profissional está na sala de atendimento.
Vai até a porta e chama por Janice. Ao perceber
Maria com a bolsa e as duas crianças, vai até Maria e
se oferece para segurar a bolsa enquanto a conduz
até a sala. A profissional coloca a bolsa em uma
cadeira e convida Maria e o filho Júnior a sentarem. A
profissional entrega uma folha de papel e um lápis
para Junior e pergunta se ele gosta de desenhar.
42
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
Profissional se levanta da cadeira e se dirige à Maria
e Janice:
Janice abocanha o peito e começa a sugar.
Maria entrega o bebê para a profissional, senta e se
prepara para amamentar. O mamilo está com fissura.
Ao colocar a bebê para mamar, Maria segura Janice
com um braço só. Janice fica distante do corpo da
mãe, mas Maria não consegue aproximar porque dói
mais ainda. Janice fica com o pescoço torto tentando
abocanhar o peito, sem conseguir e chora. Quando
Janice finalmente consegue abocanhar, Maria morde
os lábios de dor e chora. Janice solta o peito e também
chora.
casa e do Júnior.
Profissional: Entendo como você se sente...Que tal
descansar um pouco durante o dia? Será que alguém
poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o
Júnior?
Maria: Pois é, acho que vou pedir para minha mãe
olhar o Júnior durante o dia, assim eu poderia tentar
descansar um pouco enquanto a Janice dorme. Ela
costuma dormir bastante de dia.
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem
machucado.
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz,
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
segurar a Janice enquanto você se ajeita?
Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco
sobre a dor ao amamentar.
Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não
gosta do meu peito...
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
muito amamentar!
Profissional: Maria, existe uma forma que
pode ajudar. O que você acha de tentarmos?
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
-la segurando com o corpo mais virado para você,
assim ela consegue pegar seu peito.
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você
gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida?
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem
machucado.
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz,
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
segurar a Janice enquanto você se ajeita?
Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não
está doendo como antes!
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim como
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.
Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não
gosta do meu peito...
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
muito amamentar!
Profissional: Maria, existe uma forma que
pode ajudar. O que você acha de tentarmos?
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
-la segurando com o corpo mais virado para você,
assim ela consegue pegar seu peito.
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem
machucado.
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz,
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
segurar a Janice enquanto você se ajeita?
Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco
sobre a dor ao amamentar.
Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não
está doendo como antes!
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim como
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.
Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não
gosta do meu peito...
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
muito amamentar!
Profissional: Maria, existe uma forma que
pode ajudar. O que você acha de tentarmos?
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
-la segurando com o corpo mais virado para você,
assim ela consegue pegar seu peito.
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
costuma dormir bastante de dia.
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem
machucado.
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz,
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
segurar a Janice enquanto você se ajeita?
Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco
sobre a dor ao amamentar.
Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não
está doendo como antes!
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim como
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.
Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não
gosta do meu peito...
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
muito amamentar!
Profissional: Maria, existe uma forma que
pode ajudar. O que você acha de tentarmos?
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
-la segurando com o corpo mais virado para você,
assim ela consegue pegar seu peito.
43
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
5.4 Encerramento da unidade
Nesta unidade, você conheceu as técnicas de
aconselhamento. Foram onze habilidades de comunicação,
sendo seis sobre escutar e compreender e cinco sobre
construir confiança e dar apoio. Agora, você pode utilizar
essas informações no seu cotidiano de trabalho na UBS.
Esperamos que essas técnicas auxiliem você a analisar, de
forma mais abrangente, as situações recorrentes sobre
alimentação de bebês e crianças de primeira infância e
apoiar as mulheres em suas decisões.
Profissional se despede sorrindo para Maria e os
filhos.
Maria pega sua bolsa e sai do consultório com os
filhos, se sente aliviada.
O que você percebeu em cada uma das
situações? Houve diferença na forma de tratamento
e encaminhamento da questão? Nos exercícios
desta unidade você poderá, a partir das situações
apresentadas, reconhecer as habilidades de
aconselhamento.
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito
obrigada.
Maria: Tchau, até mais!
Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma
mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos.
Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias
para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem?
E no próximo atendimento podemos falar sobre o
desenvolvimento do Júnior também! Até logo!
Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você
gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida?
está doendo como antes!
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim como
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito
obrigada.
Maria: Tchau, até mais!
Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma
mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos.
Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias
para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem?
E no próximo atendimento podemos falar sobre o
desenvolvimento do Júnior também! Até logo!
Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você
gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida?
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim como
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.
44
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6
6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS
6.1 Introdução da unidade
Nesta Unidade, apresentaremos o Guia Alimentar para
Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, o referencial
atualizado do Ministério da Saúde para recomendações
de alimentação infantil. Você conhecerá os princípios
do guia, sua relação de complementaridade com o Guia
Alimentar para a População Brasileira e os 12 Passos para
uma Alimentação Saudável. Esperamos que, ao final dessa
unidade, essas informações possam ser úteis para você
atender crianças e suas famílias em aleitamento materno e
alimentação complementar.
6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para
Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos
A nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras
Menores de 2 Anos, lançada em 2019, traz recomendações
atualizadas e baseadas em evidências científicas sobre como
alimentar a criança pequena com objetivo de promover um
crescimento e desenvolvimento saudável. Esperamos que
aproveite a leitura!
45
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6
adequada e saudável da Política Nacional de Alimentação e
Nutrição (PNAN).
O Guia Alimentar para a População Brasileira apresenta
uma nova maneira de compreender a alimentação e a escolha
de alimentos. Ele propõe que alimentos in natura ou minima-
mente processados sejam a base da alimentação, limitando
o consumo de alimentos processados e evitando o consumo
de ultraprocessados. Também apresenta orientações para
a composição das refeições tendo como base a valorização
das preparações culinárias e a importância da dedicação de
tempo à alimentação, local das refeições e companhia.
O primeiro princípio que fundamenta o Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos é que a saúde da
criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos. Os
As novas recomendações do Guia Alimentar para Crianças
Brasileiras Menores de 2 Anos estão alinhadas ao Guia
Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014,
que é uma das estratégias de promoção da alimentação
SAIBA +
É um documento que visa apoiar as famílias
nos cuidados com a criança pequena e também
contribuir para ampliar a qualificação da assistência
nutricional de profissionais da saúde no SUS. Acesse na
íntegra o documento: <http://189.28.128.100/dab/docs/
portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf>.
SAIBA +
Você pode saber mais sobre o Guia Alimentar para
a População Brasileira acessando a publicação em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_
alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>.
Para entender melhor os conceitos apresentados no
Guia Alimentar da População Brasileira, recomendamos
também que assista aos vídeos publicados em: <https://
aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTQ0Ng==>.
46
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6
ligadas ao seu repertório sociocultural
e, assim, proporcionar o fortalecimento
de sistemas alimentares sustentáveis.
Abaixo estão os princípios do
novo Guia Alimentar para Crianças
Brasileiras Menores de 2 Anos:
1. A saúde da criança é prioridade
absoluta e responsabilidade de
todos.
2. O ambiente familiar é espaço
para a promoção da saúde.
3. Os primeiros anos de vida são
importantes para a formação dos
hábitos alimentares.
4. O acesso a alimentos adequados
e saudáveis e à informação de

qualidade fortalece a autonomia
das famílias.
5. A alimentação é uma prática
social e cultural.
6. Adotar uma alimentação
adequada e saudável para
a criança é 
uma forma de
fortalecer sistemas alimentares
sustentáveis.
primeiros anos de vida de uma criança,
desde a gestação até os 2 anos de idade,
são fundamentais para formação da
base de uma boa saúde para toda
a vida. Assim, famílias, sociedades e
Estado devem estar comprometidos
com o compartilhamento dessa
responsabilidade.
O ambiente familiar é o espaço de
construção de hábitos e fortalecimento
de vínculos e os primeiros anos de vida
são essenciais para a formação dos
hábitos alimentares. É neste espaço
que as interações da criança com as
pessoas da família constroem relações
de afeto e segurança, tão importantes
para o desenvolvimento saudável.
Um aspecto fundamental para a ali-
mentação é que indivíduos e famílias
disponham de acesso a alimentos
adequados e saudáveis e também de
informação de qualidade para as suas
escolhas alimentares, favorecendo a
autonomia das famílias para consumir
alimentos e preparações tradicionais
7. Oestímuloàautonomiadacriança
contribui para o desenvolvimento

de uma relação saudável com a
alimentação.
6.3 Os 12 passos para uma
alimentação saudável
para crianças brasileiras
menores de 2 anos
Você já pode notar que o Guia
Alimentar para Crianças Brasileiras
Menores de 2 Anos traz novos
conceitos a serem considerados para
as recomendações de alimentação
infantil. O Guia resume as suas
principais recomendações em 12
Passos, descritos a seguir.
47
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6
SAIBA +
Você pode acessar essas
informações no folder
do Ministério da Saúde e
também neste vídeo:
Folder: http://portal.saude.
pe.gov.br/sites/portal.saude.
pe.gov.br/files/folder_guia_
menores_2_anos.pdf
Vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=pN5djD3CnEM
1
2
3
4
5
6
7
8
10
11
12
9
Os 12 passos para uma alimentação saudável
para crianças brasileiras menores de 2 anos
Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até
6 meses.
Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados,
além do leite materno, a partir dos 6 meses.
Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos,
refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
Oferecer a comida amassada quando a criança começar a
comer outros alimentos além do leite materno.
Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham
açúcar à criança até 2 anos de idade.
Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança.
Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento
de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família.
Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar
com ela durante a refeição.
Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação
da criança e da família.
Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também
fora de casa.
Proteger a criança da publicidade de alimentos.
6.4 Encerramento da unidade
Nesta unidade, você pôde conhecer
um pouco mais sobre as atuais
recomendações para uma alimentação
saudável voltada para a população
brasileira: o Guia Alimentar para a
População Brasileira e o Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores
de 2 Anos. Os dois materiais, do
Ministério da Saúde, apresentam uma
abordagem que permite sua aplicação
no contexto da APS. Nas próximas
unidades abordaremos, com mais
especificidade, as recomendações
alimentares na primeira infância.
48
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES
7.1 Introdução da unidade
Nesta unidade, apresentaremos a você maneiras efetivas
de apoiar a mulher que amamenta nas dificuldades mais
recorrentes deste período. Abordaremos também as reco-
mendações para alimentação de bebês menores de 6 meses
não amamentados. Ao final desta etapa de estudos, você
terá adquirido conhecimento para apoiar as famílias nas
decisões de alimentação saudável para a criança menor de 6
meses. Bons estudos!
7.2 Leite materno: o primeiro alimento
O leite materno é o primeiro alimento, que além de
proteger contra diversas doenças na infância (infecções
como pneumonia e diarreias) ainda previne doenças futuras
como asma, diabetes e obesidade. Também traz benefícios à
saúde da mulher porque reduz a chance de desenvolvimento
de câncer de mama, de ovário e de útero, além de diabetes.
49
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
o pré-natal, contemplando priorita-
riamente informações sobre superio-
ridade da amamentação comparada
a outras formas de alimentar o bebê,
posições para amamentação e pega
correta.
Posições para amamentar
cerca de três a cinco dias pós-parto,
acontece a apojadura, que é a transi-
ção do colostro para o leite “maduro”.
Porém, a mulher pode experimentar
outras modificações de coloração e
aparência do leite ao longo da sua
experiência de amamentação. Isso é
absolutamente normal, o leite materno
é um fluido vivo e dinâmico, que se
adapta constantemente para atender
as necessidades do bebê.
A produção de leite materno é
proporcional à quantidade de vezes
que a mama é esvaziada, logo, quanto
mais vezes o bebê sugar o peito ou
quanto mais a mulher retirar o seu
leite, seja por extração manual ou com
bomba, maior será a quantidade de
leite materno. Ter uma experiência
positiva de aleitamento materno
depende substancialmente de duas
ferramentas: informação e apoio.
Como profissional da saúde, é
importante iniciar a abordagem de
promoção da amamentação durante
O aleitamento materno promove
o vínculo afetivo, colabora na saúde
mental da mulher e no seu potencial
de autoconfiança nos cuidados com
o bebê. Com o nascimento do bebê,
é comum surgirem dúvidas sobre a
produçãoesuficiênciadoleitematerno.
Nos primeiros dias da amamen-
tação, o leite materno é chamado de
colostro, tem uma coloração bem
amarelada característica, isto porque
contém muitas proteínas e anticorpos
que ajudam o recém-nascido na adap-
tação inicial à vida fora do útero. Após Fonte: Brasil, 2019a.
SAIBA +
Recomendamos que você
assista a este vídeo que
aborda várias questões sobre
a amamentação relacionadas
às principais dúvidas e
questionamentos de algumas
mulheres: “Amamentação: muito
mais do que alimentar a criança”,
disponível em:
https://www.youtube.com/
watch?v=i31VEa--XpE.
50
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
As evidências mostram que ações
de promoção do aleitamento materno
mais efetivas na APS iniciam no pré-
natal, preferencialmente com as
atividades em grupo. No puerpério, as
visitas domiciliares são fundamentais
para a identificação de dificuldades e o
acolhimento em tempo oportuno para
evitar a interrupção do aleitamento
materno.
Fonte: Brasil, 2019a.
SAIBA +
Este estudo de revisão con-
cluiu que as visitas domici-
liares são bastante efetivas
na promoção do aleitamento
materno principalmente no pós-
-parto. Acesse e confira no link
para a revisão rápida:
http://www.saude.sp.gov.br/
resources/instituto-de-saude/
homepage/outras-publicacoes/
relatorio_rr_ameacparasite.pdf.
É importante respeitar a indivi-
dualidade da mulher, principalmente
durante o período pós-parto. As mu-
lheres precisam de tempo, privacidade,
apoioeautoconfiançaparaconseguirem
ter êxito na amamentação.
Observação de mamada
A observação da mamada é
fundamental para se identificar a
necessidade de orientações e apoio
à mulher. Inicialmente, sugere-se
observar a posição da mãe e do bebê
durante a mamada.
51
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
Pontos chave de um bom posiciona-
mento
1. Corpo do bebê se encontra bem
próximo do da mãe, todo voltado
para ela, barriga com barriga?
2. Corpo e a cabeça do bebê estão
alinhados (pescoço não torcido)?
3. Braço inferior do bebê está
posicionado de maneira que não
fique entre o corpo do bebê e o
corpo da mãe?
4. A mãe segura a mama de maneira
Fonte: Brasil, 2019a.
que a aréola fique livre?
5. Pescoço do bebê está levemente
estendido?
6. Corpo do bebê está curvado
sobre a mãe, com as nádegas
firmemente apoiadas?
7. Os dedos da mãe estão posicio-
nados de forma a facilitar a pega?
(Não se recomenda que os dedos
da mãe sejam colocados em
forma de tesoura, pois dessa ma-
neira podem servir de obstáculo
entre a boca do bebê e a aréola).
(BRASIL, 2019a)
A pega do bebê é fator decisivo para
evitar as principais dificuldades na
amamentação.
Pontos chave de uma boa pega
1. O bebê abocanha, além do ma-
milo, parte da aréola (aproxima-
damente 2cm além do mamilo)?
É importante lembrar que o bebê
retira o leite comprimindo os
seios lactíferos com as gengivas e
a língua.
2. O queixo do bebê toca a mama?
3. As narinas do bebê estão livres?
4. O bebê mantém a boca bem
aberta colada na mama, sem
apertar os lábios?
5. Os lábios do bebê estão curvados
para fora, formando um lacre?
Para visualizar o lábio inferior do
bebê muitas vezes é necessário
pressionar a mama com as mãos.
6. A língua do bebê encontra-se
sobre a gengiva inferior? Algumas
vezes a língua é visível; no entan-
to, na maioria das vezes, é neces-
sário abaixar suavemente o lábio
inferior para visualizar a língua.
7. A língua do bebê está curvada
para cima nas bordas laterais?
8. O bebê mantém-se fixado à
mama, sem escorregar ou largar
o mamilo? (BRASIL, 2019a).
52
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
7.2.1 Dificuldades que podem
ocorrer durante o período
de amamentação
Cada gestação é única, assim como
cada bebê também é dotado de suas
singularidades, o que faz com que
amamentar seja um processo ímpar
de aprendizagem para a mãe e para o
bebê, mesmo para aquelas mulheres
que já vivenciaram o processo de
amamentar outras vezes.
Para além de identificar aspectos
sociais, biológicos e culturais que en-
volvem a amamentação e o puerpério,
é fundamental que o profissional da
saúde também conheça técnicas para
alívio dos desconfortos causados por
dificuldades comuns do aleitamento
materno.
Listamos a seguir algumas dificul-
dades mais recorrentes e a forma de
manejar adequadamente, acompanhe.
Problemas na descida do leite
As cirurgias cesarianas e fatores
hormonais estão frequentemente
relacionados a esta dificuldade. É re-
comendado que o bebê seja colocado
frequentemente na mama para que
estimule a produção de leite por meio
da sucção.
Criança com dificuldade
inicial para sugar
Esse problema pode acontecer pelo
uso de mamadeiras, bicos de silicone
e chupetas, mau posicionamento ou
ainda pode ser anquiloglossia (língua-
-presa). É recomendado suspender
todo e qualquer bico ou mamadeira,
ajustar a posição e pega, e se ainda as-
sim os problemas persistirem realizar a
retirada do leite materno e ofertar em
copo/colher.
Mamilo plano ou invertido
Esses tipos de mamilo não impos-
sibilitam a amamentação, mas podem
exigir uma maior atenção dos profissio-
nais de saúde para manejar dificulda-
des comuns do aleitamento materno.
No pré-natal, não é recomendado fazer
exercícios para os mamilos nem utilizar
seringas para esticá-los, pois essas
manobras não são efetivas e podem
machucá-los. Após o nascimento, é
recomendado encontrar posições que
facilitem a pega e sejam confortáveis
para mãe e bebê.
Mamilos doloridos e/ou machucados
A mulher pode sentir os mamilos
sensíveis nos dias após o parto, o que
pode ser considerado normal devido ao
aumento das mamas. Porém, se a dor
persistir, pode estar associada a vários
fatores. Com frequência, a dor pode
estar associada a fissuras/rachaduras
nos mamilos, causadas por um mau
posicionamento/pega, disfunções
orais (mais comuns em prematuros),
anquiloglossia e traumatismos devido
ao uso de bombas tira-leite.
53
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
Medidas úteis para evitar machucar os mamilos:
orientar uma pega adequada;
evitar o uso de sabão, álcool ou
qualquer outro produto nos
mamilos;
se a mama estiver muito cheia,
retirar um pouco de leite antes da
mamada para deixar a aréola mais
macia e facilitar a pega do bebê;
para interromper a mamada e
fazer com que o bebê solte a
mama sem esticar o mamilo,
introduzir com cuidado o dedo
mínimo no canto da boca do bebê.
Se os mamilos já estiverem machucados, recomenda-
se que eles sejam enxaguados com água limpa após
cada mamada, a fim de evitar infecções. Alguns
procedimentos podem ser úteis para diminuir a dor:
• modificar as posições da mamada, reduzindo a
pressão nos pontos dolorosos;
• iniciar a amamentação na mama não afetada ou
menos afetada.
Se a dor for intolerável, pode-se suspender temporaria-
mente a oferta de uma das mamas e buscar formas manuais
de retirar o leite do peito com menos dor. É desaconselhável
o uso de cremes, óleos, antissépticos, saquinho de chá, casca
de banana ou outras substâncias sobre as mamas na tentati-
va de aliviar a dor. Não existe comprovação científica de que
passar esses produtos ou o próprio leite materno ajude nos
casos de lesões.
Ingurgitamento mamário ou “leite empedrado”
Acontece quando a mama produz mais leite e não é
esvaziada completamente. O ingurgitamento geralmente é
difuso, bilateral e não está associado ao eritema mamário, a
mama fica endurecida e dolorida com presença de nódulos
podendo provocar elevação da temperatura materna (febre)
e mal-estar. Para reduzir o problema algumas medidas
podem ser adotadas:
• mamadas frequentes;
• retirar gentilmente das mamas um pouco de leite antes
das mamadas para amaciar a aréola e facilitar a pega
adequada;
• compressas mornas (pano úmido) antes da mamada
para ativar o reflexo de ejeção do leite ou uma
chuveirada ou banho morno (cuidado para não
queimar a pele);
54
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7
• retirar leite entre as mamadas, o
suficiente para se sentir confortável;
• massagens delicadas das mamas,
com movimentos circulares, particu-
larmente nas regiões mais afetadas
pelo ingurgitamento. Elas fluidificam
o leite viscoso acumulado e estimu-
lam o reflexo de ejeção do leite;
• massagens nas costas e no pescoço
ou outras formas de relaxamento
também podem ajudar o leite a
fluir. Algumas medidas podem ser
utilizadas para aliviar o desconforto
como usar sutiã com alças largas
e firmes, ininterruptamente, para
alívio da dor e manter os ductos em
posição anatômica;
• uso de analgésicos sistêmicos/anti-
inflamatóriospodeserútilseadorfor
intensa. Ibuprofeno é considerado o
mais eficaz, auxiliando também na
redução da inflamação e do edema.
Paracetamol pode ser usado como
alternativa.
Com relação ao
edema, compres-
sas frias (ou bolsa
térmica de gel ou
gelo envolto em
tecido), em intervalos regulares
das mamadas, podem ajudar. Em
situações de maior gravidade,
podem ser feitas em todos os
intervalos das mamadas.
Importante: o tempo de
aplicação das compressas não
deve ultrapassar 20 minutos devido
ao efeito rebote, ou seja, um aumen-
to do fluxo sanguíneo para compen-
sar a redução da temperatura local.
Tão importante quanto orientar o
manejo do ingurgitamento é orientar
a sua prevenção.
Mastite
Inflamação da mama, que pode
se tornar uma infecção purulenta.
Bastante dolorida costuma causar
doresnocorpo,febreemal-estar.Como
a estase do leite (leite muito tempo
parado no peito) é frequentemente o
fator inicial na mastite, a remoção do
leite, por meio de mamadas frequentes,
massagem ou retirada do leite (manual
ou com bomba) é uma etapa de manejo
importante, somada às orientações
e prescrições médicas para uso de
medicamentos recomendados nessa
situação.
O uso de um anti-inflamatório
como ibuprofeno pode ser mais eficaz
no alívio da dor do que analgésicos
como o paracetamol. Se os sintomas
não melhorarem em 12 a 24 horas,
antibioticoterapia deve ser iniciada.
O patógeno mais comum na mastite
é o S. aureus resistente à penicilina e,
menos comumente, um estreptococo
ou Escherichia coli. Os
antibióticos preferidos são as
cefalosporinas de primeira geração e
as penicilinas resistentes à penicilinase,
como dicloxacilina ou flucloxacilina, na
dose de 500 mg via oral quatro vezes
por dia.
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil
A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil

Mais conteúdo relacionado

Último

Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdf
Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdfAula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdf
Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais - Pacotes -.pdf
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais -  Pacotes -.pdfAula 3- CME - Tipos de Instrumentais -  Pacotes -.pdf
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais - Pacotes -.pdfGiza Carla Nitz
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfAula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdfAula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdf
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdfAula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdf
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfAula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfAula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfVeronicaMauchle
 
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdf
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdfAula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdf
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdfGiza Carla Nitz
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadojosianeavila3
 
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfAula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdfGiza Carla Nitz
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxEmanuellaFreitasDiog
 
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfAula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdf
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdfAula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdf
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdfGiza Carla Nitz
 

Último (20)

Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdf
Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdfAula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdf
Aula 5 - Sistema Muscular- Anatomia Humana.pdf
 
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais - Pacotes -.pdf
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais -  Pacotes -.pdfAula 3- CME - Tipos de Instrumentais -  Pacotes -.pdf
Aula 3- CME - Tipos de Instrumentais - Pacotes -.pdf
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfAula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
 
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Cirurgica -organização, estrutura, funcionamento.pdf
 
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdfAula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
 
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdf
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdfAula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdf
Aula 4- Biologia Celular - Membrana Plasmática. pptx.pdf
 
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfAula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
 
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfAula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
 
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
 
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdf
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdfAula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdf
Aula 6 - Primeiros Socorros - Choque Elétrico .pdf
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
 
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfAula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 1.pdf
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
 
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfAula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
 
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdf
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdfAula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdf
Aula 9 - Doenças Transmitidas Por Vetores.pdf
 

Destaque

PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024Neil Kimberley
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)contently
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024Albert Qian
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsKurio // The Social Media Age(ncy)
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Search Engine Journal
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summarySpeakerHub
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Tessa Mero
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentLily Ray
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best PracticesVit Horky
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementMindGenius
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...RachelPearson36
 
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...Applitools
 
12 Ways to Increase Your Influence at Work
12 Ways to Increase Your Influence at Work12 Ways to Increase Your Influence at Work
12 Ways to Increase Your Influence at WorkGetSmarter
 
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...DevGAMM Conference
 

Destaque (20)

Skeleton Culture Code
Skeleton Culture CodeSkeleton Culture Code
Skeleton Culture Code
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
 
How to have difficult conversations
How to have difficult conversations How to have difficult conversations
How to have difficult conversations
 
Introduction to Data Science
Introduction to Data ScienceIntroduction to Data Science
Introduction to Data Science
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best Practices
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project management
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
 
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...
Unlocking the Power of ChatGPT and AI in Testing - A Real-World Look, present...
 
12 Ways to Increase Your Influence at Work
12 Ways to Increase Your Influence at Work12 Ways to Increase Your Influence at Work
12 Ways to Increase Your Influence at Work
 
ChatGPT webinar slides
ChatGPT webinar slidesChatGPT webinar slides
ChatGPT webinar slides
 
More than Just Lines on a Map: Best Practices for U.S Bike Routes
More than Just Lines on a Map: Best Practices for U.S Bike RoutesMore than Just Lines on a Map: Best Practices for U.S Bike Routes
More than Just Lines on a Map: Best Practices for U.S Bike Routes
 
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...
Ride the Storm: Navigating Through Unstable Periods / Katerina Rudko (Belka G...
 

A importância da alimentação adequada no desenvolvimento infantil

  • 1.
  • 2.
  • 3. GOVERNO FEDERAL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES) Coordenação-Geral de Ciclos da Vida (CGCIVI) Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM) Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS) Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) Instituto de Saúde - Secretaria Estadual de Saúde/SP Universidade Federal Fluminense (UFF) EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COCAM Amanda Souza Moura Ariane Tiago Bernardo de Matos Renara Guedes Araújo Janini Selva Ginani CGAN Ana Maria Thomáz Maya Martins Ana Maria Cavalcante de Lima Ariene Silva do Carmo Ana Maria Spaniol Gisele Ane Bortolini Mayara Kelly Pereira Ramos Maria Fernanda Moratori Alves Universidade Federal de Santa Catarina Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos Centro de Ciências da Saúde Diretor: Celso Spada Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves Departamento de Saúde Pública Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho Gestora geral do Projeto Sheila Rubia Lindner Coordenação de produção do material Elza Berger Salema Coelho Equipe de produção editorial Carolina Carvalho Bolsoni Dalvan Antonio de Campos Deise Warmling
  • 4. Thays Berger Conceição Sabrina Blasius Faust Equipe executiva Gabriel Donadio Costa Gisélida Garcia da Silva Vieira Patricia Castro Eurizon Oliveira Neto Autoria do Curso Sonia Isoyama Venancio Regicely Aline Brandão Ferreira Gláubia Rocha Barbosa Relvas Daiane Sousa Melo Valdecyr Herdy Alves Audrey Vidal Pereira Autoria da edição anterior: Elsa Regina Justo Giugliani Lilian Córdova Espírito Santo Regina Lang Identidade Visual e Projeto gráfico Pedro Paulo Delpino Designer instrucional Soraya Falqueiro Assessoria pedagógica Márcia Regina Luz Esquemáticos/Infográficos Web Naiane Salvi Diagramação Nicole Alessandra Geller Laura Martins Rodrigues Desenvolvedor Web Paulo A. G Lefol Tcharlies Dejandir Schmitz Fonte para Imagem e Esquemáticos Adobe Stock
  • 5. 1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 10 1.1 Introdução da unidade 10 1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil 10 1.3 Encerramento da unidade 17 2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 18 2.1 Introdução da unidade 18 2.2 Indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar no Brasil 19 2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) 21 2.4 Encerramento da unidade 26 3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR 27 3.1 Introdução da unidade 27 3.2 Fatores envolvidos no processo de amamentação e alimentação complementar 27 3.3 Encerramento da unidade 29 4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 30 4.1 Introdução da unidade 30 4.2 Entendendo a questão da publicidade de alimentos 30 4.3 Leis que protegem a amamentação e a alimentação 31 4.4 Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras 33 4.5 Encerramento da unidade 34 5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 35 5.1 Introdução da unidade 35 5.2 Habilidades de comunicação para escutar e compreender 36 5.3 Habilidades para aumentar a confiança da mulher e oferecer apoio 38 5.4 Encerramento da unidade 43
  • 6. 6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS 44 6.1 Introdução da unidade 44 6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos 44 6.3 Os 12 passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos 46 6.4 Encerramento da unidade 47 7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES 48 7.1 Introdução da unidade 48 7.2 Leite materno: o primeiro alimento 48 7.3 Encerramento da unidade 58 8 CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES 59 8.1 Introdução da unidade 59 8.2 Práticas saudáveis de alimentação para a criança de 6 meses a 2 anos 59 8.3 Da escolha dos alimentos ao preparo das refeições 64 8.4 Encerramento da unidade 67 9 PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 68 9.1 Introdução da unidade 68 9.2 Ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na atenção primária 68 9.3 Encerramento da unidade 70 ENCERRAMENTO DO CURSO 72 REFERÊNCIAS 73 MINICURRÍCULO 80
  • 7. APRESENTAÇÃO DO CURSO Olá! Desejamos boas-vindas ao Curso “Promoção do aleita- mento materno e da alimentação complementar saudável na Atenção Primária à Saúde (APS): recomendações baseadas no Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”. Este curso foi elaborado especialmente para você, profis- sional da saúde, pensando nas dificuldades encontradas no seu cotidiano de trabalho na APS no que diz respeito ao alei- tamento materno e às recomendações sobre a introdução da alimentação complementar. Você aprenderá sobre a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável para crianças menores de 2 anos no âmbito da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando a perspectiva da educação permanente em saúde, com base nos princípios da educação crítico-reflexiva. Este é um conteúdo que certamente trará reflexões sobre como realizar a transformação das ações no atendimento a crianças e famílias de crianças pequenas. Esperamos que você tenha um bom estudo! A coordenação
  • 8. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO CURSO Ao final deste curso, você deverá ser capaz de: • Compreender a importância da promoção, da proteção e do apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). • Reconhecer as atuais recomendações sobre alimentação adequada e saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos. • Participar do planejamento, da implementação e da avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas UBS. OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICO POR UNIDADE Unidade 1 Reconhecer a alimentação como um direito fundamental e sua importância nos dois primeiros anos de vida para a saúde e o desenvolvimento infantil. Unidade 2 Refletir sobre a situação alimentar de crianças menores
  • 9. de 2 anos no Brasil a partir de indicadores obtidos pelas pesquisas nacionais e pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), reconhecendo sua importância para o trabalho de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na Atenção Primária. Unidade 3 Compreender a importância de um olhar ampliado para identificar fatores que podem influenciar o aleitamento materno e a alimentação complementar adequada e saudável reconhecendo os problemas mais frequentes. Unidade 4 Conhecer referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à alimentação. Unidade 5 Conhecer técnicas de aconselhamento que podem ser utilizadas pelos profissionais de saúde da Atenção Primária para analisar a causa de qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as dificuldades na alimentação das crianças. Unidade 6 Conhecer os princípios e os 12 Passos para uma Alimentação Saudável do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. Unidade 7 Conhecer as recomendações para alimentação de bebês menores de 6 meses e maneiras efetivas para apoiar a mulher que amamenta. Unidade 8 Conhecer recomendações de alimentação complementar para crianças maiores de 6 meses até os 2 anos de idade. Unidade 9 Compreender a importância do planejamento de ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável na Atenção Primária e a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil como uma ferramenta transformadora da realidade local. CARGA HORÁRIA DE ESTUDO RECOMENDADA Para estudar e apreender todas as informações e os conceitos abordados, bem como trilhar todo o processo ativo de aprendizagem, estabelecemos uma carga horária de 30 horas para este curso.
  • 10. 10 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1.1 Introdução da unidade Nesta unidade, abordaremos alguns aspectos do desenvolvimento infantil e de como a alimentação e nutrição adequadas na primeira infância são essenciais para a saúde e o pleno desenvolvimento das crianças. Ao final da leitura desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância de uma alimentação adequada como um direito fundamental para saúde durante a primeira infância. Bons estudos! 1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil Durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida da criança (primeiros mil dias) ocorrem processos fundamentais paraodesenvolvimentoinfantil.Énesteperíodoqueascrianças conhecem o seu ambiente, desenvolvem a fala, aprendem a andar e interagem com as pessoas ao seu redor (BRASIL, 2019). Ao nascer, cada criança apresenta suas singularidades, e a maneira como são cuidadas na primeira infância é decisiva para seu pleno desenvolvimento. Considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72 meses de vida da criança (BRASIL, 2016a). É importante compreender que todas as experiências vividas durante a primeira infância afetam as condições de vida e saúde do bebê e têm reflexos na vida adulta.
  • 11. 11 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 O desenvolvimento infantil é um processo multifatorial que apresenta interferência de fatores genéticos e, em especial, dos estímulos e condições do meio em que a criança vive, como suporte emocional e cuidados de higiene e alimentação. O artigo 227 da Constituição Federal brasileira estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança o direito à vida, à saúde e à alimentação. Trata-se de uma obrigação que deve ser comparti- lhada entre toda a sociedade com absoluta prioridade. O Brasil ratificou em 1990, a partir do Decreto nº 99.710, de 1990, o compromisso presente na Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas. Em linhas gerais, o decreto estabeleceu a proteção integral aos direitos da criança. E, por meio da Lei nº 8.069, de 1990, foi instituído o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um grande avanço no tocante à proteção integral à criança e ao adolescente no país. Em 2015, foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), que é resultado de um processo de construção participa- tiva, liderado pelo Ministério da Saúde, com envolvimento de instituições, especialistas e consultores de Saúde da Criança. A PNAISC está estrutura- da em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. O objetivo é promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação aos 9 anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabili- dade, visando a redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento. 2015 1990 1988 2016 Em 8 de março de 2016, por meio da Lei nº 13.257, o Brasil instituiu o Marco Legal da Primeira Infância, como resultado de um amplo processo participati- vo para formulação e implementação de políti- cas públicas para a primei- ra infância. SAIBA + Você pode acessar integralmente o conteúdo da Lei nº 13.257 acessando o link: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2016/lei/l13257.htm>.
  • 12. 12 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, realizado por profissionais da saúde, é um direito de todas as crianças brasileiras presente no ECA. Envolve múltiplos aspectos: além da avaliação do estado nutricional, deve-se observar os marcos do desenvolvimento infantil relacionados às habilidades de cada criança e suas interações compessoaseobjetos,queindicammuitosobreseuprocesso de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e emocional. Profissionais da saúde, pais, cuidadores, professores e outros devem estar envolvidos nesse acompanhamento, isto porque é nesta etapa da vida que ocorrem a formação e o amadurecimento de muitas funções corporais importantes, sendo também neste período que são mais efetivas as intervenções em saúde. Por isso, o profissional da saúde precisa estar atento a possíveis sinais de atraso no desenvolvimento (como sustentar a cabeça, engatinhar, andar, dificuldades na linguagem e na aprendizagem). Nos casos em que a criança apresenta alguma dificuldade para realizar alguma atividade, é comum que isso gere dúvidas na família. Quanto mais cedo o atraso no desenvolvimento for identificado (pela família ou por profissionais da saúde) e tratado com atenção e estímulos adequados, melhor será o resultado. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) priorizaram o desenvolvimento da criança na primeira infância nos seus programas de trabalho visando atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um Modelo de Cuidados Integrais, tradução livre do termo Nurturing Care Framework, elaborado por essas instituições, visa orientar governos e a comunidade global sobre as ações necessárias para assegurar que cada criança desenvolva todo o seu potencial (WHO, 2018). A nutrição infantil destaca- se como um dos domínios fundamentais para assegurar o pleno desenvolvimento das crianças. Modelo de cuidados integrais para o desenvolvimento na primeira infância da OMS e Unicef Domínios da Atenção Integral Saúde Nutrição Oportunidades de aprendizagem Cuidado responsivo Segurança e proteção
  • 13. 13 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 diabetes tipo 1, leucemia e obesidade. • Para a mulher, a amamentação contribui para a prevenção de doenças como os cânceres de mama, ovário e útero, além do diabetes tipo 2. Por meio da amamentação, a criança entra em contato com a mãe, favorecendo o vínculo afetivo e estímulos dos sentidos como visão, olfato, paladar e tato. Além desses as- pectos, o leite materno contribui para a economia da família, visto que não há gasto financeiro para sua produção e nem gastos com gás e água, por exemplo, em contrapartida de outros leites. As repercussões do aleitamento materno a longo prazo mostram ainda que crianças amamentadas por mais tempo estudaram mais, tiveram melhor desempenho em testes de inteligência e conquistaram melhores salários na vida 1.2.1 A importância do aleitamento materno O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente, mais impacta na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis. O leite materno fornece uma nutrição adequada, ajuda a desenvolver a imunidade infantil e contribui na saúde física e emocional da criança. Confira outros benefícios: • Favorece o desenvolvimento da face e da fala. • Previne doenças na infância, como a diarreia, alergias e infecções respiratórias. • Na vida adulta, diminui as chances de desenvolvimento de DESTAQUE As mais recentes recomendações da OMS, do Unicef e do Ministério da Saúde do Brasil reiteram que o aleitamento materno deve ser iniciado na primeira hora de vida do bebê e mantido até os 2 anos de idade ou mais, sendo exclusivo (sem a oferta de qualquer outro líquido ou alimento) até os 6 meses de vida. A partir dos 6 meses, a amamentação deve ser complementada com a introdução de alimentos adequados e saudáveis (BRASIL, 2019). SAIBA + Este vídeo, produzido pelo Ministério da Saúde, apresenta de forma bastante clara a importância do profissional da saúde na vigilância do crescimento e desenvolvimento: “Apurando o olhar para a vigilância do desenvolvimento infantil”, disponível no link: <https:// www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8>. A Caderneta da Criança do Ministério da Saúde é um instrumento de coordenação do cuidado que possui informações para o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança, pois nela constam os marcos de desenvolvimento neuropsicomotor, afetivo e cognitivo/linguagem. Acesse e confira: 2020/0221 Caderneta da Criança - Menina (eletrônica) <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_ crianca_menina_2ed.pdf> 2020/0220 Caderneta da Criança - Menino (eletrônica) <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed. pdf>.
  • 14. 14 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 crescimento e desenvolvimento infan- til, tanto do ponto de vista nutricional como do ponto de vista afetivo e cogni- tivo. A alimentação e nutrição adequa- das são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das crianças. A partir de seis meses, além do leite materno, novos alimentos saudáveis devem ser oferecidos às crianças e terão papel importante na formação dos hábitos alimentares para toda a vida, e, além disso, esses alimentos irão fornecer nu- trientes que desempenham um papel importante na formação dos tecidos e sistemas corporais. O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) é um direito filhas de mães privadas de liberdade. Mulheres e suas famílias devem rece- ber a informação e o apoio necessários para que a amamentação aconteça de forma agradável e prazerosa, além de orientação sobre o manejo adequado de problemas, caso surjam. 1.2.2 A importância da alimentação complementar saudável Entende-se por alimentação comple- mentar quaisquer alimentos nutritivos sólidos ou líquidos oferecidos à criança em adição ao leite materno, devendo ser iniciada aos seis meses de vida. A alimentação saudável nesse período apresenta profunda relação com o adulta. Portanto, a amamentação das crianças, nos primeiros anos, tem im- pacto não somente na nutrição e saú- de, mas também influencia fortemente o desenvolvimento humano. Por fim, amamentar faz bem a toda sociedade e à natureza porque crianças amamentadas são mais saudáveis – a amamentação não impacta nos recursos naturais, dispensa a produção de plásticos e demais resíduos sólidos. Por todos esses benefícios citados, amamentar não deve ser considerado um ato solitário, mas sim um bem so- cial que deve ser apoiado e estimulado por todos da família e da comunidade (empregadores, estabelecimentos e profissionais de ensino e saúde, meios de transporte público, espaços pú- blicos, entre outros). O ECA garante a proteção à amamentação, determinan- do que o poder público, as instituições e os empregadores devem propiciar condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive para as crianças
  • 15. 15 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 variedade, quantidade e qualidade necessárias). Em outros casos, a influência de campanhas publicitárias para compra de alimentos não saudáveis também interfere na qualidade da alimentação dos indivíduos. A introdução de alimentos seguros do ponto de vista nutricional e sanitário, em época oportuna e de forma adequada, previne carências nutricionais e tem grande impacto na morbimortalidade infantil. Em condições de baixo acesso a alimentos saudáveis, ocorrem diferentes formas de deficiências nutricionais: desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como ferro, zinco e vitamina A, que podem impactar de maneira negativa humano básico, garantido pela Constituição Brasileira, e significa dizer que todas as pessoas deveriam ter acesso a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade suficientes, de forma permanente e regular, ficando, assim, livres da fome e bem nutridas. Contudo, no Brasil e no mundo, muitos são os fatores que levam uma expressiva parcela da população a não ter uma alimentação saudável. A desigualdade social é sem dúvida um fator decisivo para que muitas famílias não consigam ter alimentos suficientes para suas necessidades básicas (na SAIBA + Para saber mais sobre o conceito do DHAA, recomendamos que assista a esse vídeo, uma parceria entre a Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH) e a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que tem o objetivo de motivar a discussão sobre a agenda de nutrição no SUS e o papel das ações de nutrição na APS. Acesse no link: <http://vimeo.com/32862441>. Além disso, um estudo avaliou práticas alimentares de crianças brasileiras e os fatores associados à qualidade e à diversidade da dieta e identificou que iniquidades sociais e situações de vulnerabilidade social estão relacionados a menores chances de uma alimentação diversificada. Acesse e confira no link: <https://doi. org/10.1590/0102-311X00153414>.
  • 16. 16 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 obesidade têm a saúde comprometida e correm sérios riscos de desenvolver doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e câncer na vida adulta, além de problemas emocionais, que impactam a saúde mental das crianças e suas relações interpessoais. É fundamental compreender que a obesidade infantil não é uma questão do indivíduo e suas escolhas, mas sim resultado da influência do ambiente econômico, cultural, político e social. Assim, é possível assumir que o en- frentamento parte do planejamento de propostas de intervenções que con- tribuam com o seu controle e redução. Em resumo, quanto menos saudável for a alimentação da criança, mais sus- cetível ela estará às carências nutricio- nais, ao sobrepeso e à obesidade e aos agravos no seu desenvolvimento. a prevenção do sobrepeso e da obesidade infantil, que é considerada pela OMS como uma epidemia mundial com ampla associação com o consumo alimentar e com o nível de atividade física dos indivíduos. Sabe-se que a prevalência de obesidade infantil está emfrancocrescimento.Ascriançascom o desenvolvimento da criança, com repercussões para toda a vida. Alguns nutrientes são amplamente reconhecidos por seus mecanismos de atuação no corpo humano, confira alguns a seguir! A alimentação complementar saudável também contribui para Ácido fólico A deficiência de ácido fólico tem sido relacionada com defeitos do tubo neural e outras anomalias congênitas como a encefalocele, anen- cefalia e mielomeningocele. Ferro e zinco Evidências demonstram que a anemia por deficiência de ferro ocasiona alterações no desenvolvimento neuropsi- comotor e interfere no comportamento, no aprendi- zado e na memória, assim como ocorre na deficiência de zinco. Iodo O iodo também é um importante micronutriente, cuja deficiência está relacionada ao atraso no desenvolvi- mento neurológico, podendo provocar déficit cognitivo irreversível. Vitaminas A carência de vitamina A na infância causa a perda da visão. Já algumas vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12) também estão relacionadas com problemas no desenvolvimento, e a carência dessas vitaminas está associa- da ao atraso psicomotor, letargia, irritabilidade, crises epiléticas, sequelas neurológicas e motoras permanentes além de problemas comportamentais.
  • 17. 17 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 As práticas de desmame precoce e de alimentação complementar inadequada estão intimamente relacionadas a problemas de saúde, assim como trazem implicações para o pleno desenvolvimento na infância, com impactos de médio e longo prazo. Durante as consultas de rotina, é importante que você, profissional, forneça orientações sobre os cuidados necessários e esclareça dúvidas das mães e dos cuidadores. 1.3 Encerramento da unidade Nesta unidade você conheceu alguns aspectos do desenvolvimento infantil e qual o papel da alimentação saudável na primeira infância. A alimentação adequada e saudável é um direito porque é fundamental para a manutenção da vida, da saúde e do bem-estar, em especial durante esta fase da vida. Esperamos que as informações até aqui apresentadas tenham sido relevantes para a compreensão da importância das repercussões dos cuidados promovidos desde a gestação até a primeira infância para o desenvolvimento infantil na garantia de uma vida saudável. A APS no SUS tem um importante papel nos cuidados desde a gestação até os primeiros dois anos de vida da criança. São os profissionais de saúde e as equipes de saúde das UBS que acolhem as gestantes, mães, pais e cuidadores de crianças pequenas nas suas dúvidas e vulnerabilidades. Constitui-se uma grande janela de oportunidades para a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável e, assim, a ressignificação dos processos de trabalho e de abordagem durante o pré-natal e na primeira infância é importante. SAIBA + Todos estes aspectos sobre crescimento e desenvolvimento mencionados podem ser complementados com a leitura da cartilha “O cuidado às crianças em desenvolvimento: orientações para as famílias e cuidadores”, disponível em: <https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/ MTM0MA==>. DESTAQUE A conscientização dos profissionais sobre a importância do cuidado à criança com foco na alimentação saudável e prevenção de complicações no seu desenvolvimento futuro deve ser uma prioridade de todos.
  • 18. 18 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 2.1 Introdução da unidade Nesta unidade, você conhecerá como se comportaram os indicadores de aleitamento materno e da alimentação complementar no Brasil nas últimas décadas. O objetivo é refletir sobre como está a situação alimentar de crianças menores de 2 anos. Também conhecerá o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Brasil (SISVAN), ferramenta de gestão das informações sobre Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) na APS. Ao final dos estudos desta unidade, esperamos que você reconheça a importância dos indicadores e de dados populacionais para o trabalho de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar e também valorize o registro dos dados na rotina da atenção primária para elaborar planejamentos estratégicos frente ao cenário epidemiológico encontrado. Boa leitura!
  • 19. 19 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 tomavam refrigerante ou suco artificial 32,3% 60,8% estavam em aleitamento materno complementado 50,6% comiam biscoitos, bolachas ou bolo Crianças menores de 2 anos Crianças com idade entre 9 e 12 meses giões Sudeste e Sul, que apresentaram maiores taxas de interrupção precoce do aleitamento materno. Quanto ao uso de mamadeira, os resultados da pesquisa mostraram que das crianças menores de 12 meses analisadas 58,4% faziam uso de mamadeira e 42,6% de chupeta. A região Sudeste foi a que apresentou maior frequência de uso de mamadeira (63,8%) e a menos frequente foi a região Norte (50,0%). Os dados populacionais obtidos a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013, evidenciaram os dados apresentados a seguir. Os resultados preliminares do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (UFRJ, 2020) indicam que a prevalência do aleitamento materno exclusivo entre as crianças com menos de 6 meses de idade foi de 45,7%, sendo que na região Norte a prevalência foi de 40,7%, no Nordeste de 38,0%, no Sudeste de 50%, no Sul de 53,1% e no Centro-Oeste de 44,1%. Em crianças com menos de 4 meses, a prevalência do aleitamento materno exclusivo aumentou de 4,7% em 2006 para 60,0% em 2020, um aumento de 12,8 vezes. A prevalência de 2.2 Indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar no Brasil As pesquisas de abrangência nacional realizadas no Brasil desde a década de 1970 têm mostrado grandes avanços na prática da amamentação. Passamos de uma duração mediana da amamentação de 2,5 meses (idade em que metade das crianças estava sendo amamentada) em 1975 para 11 meses em 2008. A amamentação exclusiva de 0 a 6 meses, que praticamente inexistia na década de 1980 (era apenas 3%), teve um aumento expressivo, passando a 41% em 2008. Os dados de 2008, resultados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamen- to Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal (2008), evidenciaram também que, com relação à continui- dade do aleitamento materno, os mu- nicípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste tinham prevalências mais altas quando comparados aos das re- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saúde: 2013: ciclos de vida: Brasil e grandes regiões/IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
  • 20. 20 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 de alta relevância na população brasileira (VIEIRA, 2010) O SISVAN mostra dados sobre a situação alimentar e nutricional de indivíduos acompanhados na APS. Confira, a seguir, alguns resultados obtidos. No ano de 2018, foram registrados no SISVAN dados de consumo alimentar de 4,81% da população de 0 a 5 anos, e evidenciaram que apenas 54,4% das crianças menores de 6 meses são amamentadas exclusivamente. Os dados do SISVAN de 2018 indicam também que a diversidade alimentar mínima para crianças menores de 2 anos foi de 72,3%. A diversidade alimentar mínima é um indicador que apresenta a proporção de crianças que receberam seis grupos alimentares. São eles: leite materno ou outro leite que não do peito, mingau com leite ou iogurte; frutas, legumes e verduras; vegetais ou frutas de aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de 12 a 15 meses) foi de 53,1% no Brasil, sendo essa prática mais frequente na região Nordeste (61,1%) e menos na região Sul (35%). A prevalência de aleitamento materno em menores de 2 anos de vida, aumentou 23,5 pontos percentuais no mesmo período, alcançando prevalência de 60,9%. Os dados apresentados, de pesquisas e inquéritos nacionais, mostram que ainda precisamos avançar nas taxas de aleitamento materno e que o consumo de alimentos não recomendados acontece cada vez mais precocemente. Esse padrão de consumo alimentar está associado à formação de hábitos alimentares inadequados que, por sua vez, relacionam-se ao desenvolvimento de diferentes formas de má nutrição, incluindo a desnutrição, o excesso de peso e as carências nutricionais. As causas do excesso de peso (que abrange o sobrepeso e a obesidade) na infância estão relacionadas ao conjunto de fatores caracterizado por um consumo excessivo de alimentos com altos teores de açúcar, gordura e sódio, e pelo sedentarismo, influenciados pelo ambiente, pela mídia e publicidade de alimentos não saudáveis. Em relação às carências de micronutrientes, destaca-se a deficiência de ferro. Uma revisão sistemática identificou que há uma alta prevalência (maior que 40%) de anemia em estudos de base populacional, indicando que é um problema SAIBA + Os dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) mostram que houve melhora nos indicadores de aleitamento materno no Brasil no período de 1986 a 2019. Para saber mais sobre a situação atual e a tendência dos indicadores de aleitamento materno no Brasil acesse o relatório do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). Acesse o link para saber mais: <https://enani. nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/>.
  • 21. 21 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 do curso da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes) atendidos pelo SUS. Para isso, profissionais e ges- tores da saúde contam com o SISVAN como ferramenta de gestão das informações de VAN na APS para o planejamento e a organização da atenção nutricional no SUS. O aperfeiçoamento do SISVAN é uma das diretrizes presentes no Decreto nº 408, de 2008, do Conselho Nacional de Saúde, como uma das estratégias para a prevenção de todas as formas da má nutrição. O SISVAN consolida as informações sobre estado nutri- cional e marcadores de consumo alimentar dos brasileiros acompanhados na APS e oferece o diagnóstico descritivo e analítico da situação alimentar e nutricional da população. A partir do diagnóstico alimentar e nutricional individual ou co- letivo de um território, profissionais e gestores são capazes cor alaranjada e folhas verdes escuras; carnes e ovos; feijão; cereais e tubérculos (arroz, batata, inhame, aipim/macaxeira/ mandioca, farinha ou macarrão – sem ser instantâneo). A adequação alimentar ao consumo de alimentos fontes de ferro foi de apenas 13% e de ingestão de alimentos fonte de vitamina A de 62%. Entretanto, o consumo de alimentos ultraprocessados foi de 48,3% para menores de 2 anos. Contudo, os dados do SISVAN precisam ser interpretados com cautela, uma vez que correspondem a menos de 5% da população. Essa baixa cobertura está principalmente relacionada com a ausência de registro dos dados durante os atendimentos na APS. Ainda segundo dados do SISVAN, de 2019, com relação ao estado nutricional de um total de 1.487.057 crianças menores de 2 anos acompanhadas na APS, 9,74% apresentaram sobrepeso e 7,6% obesidade. 2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) O processo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) cor- responde a um conjunto de ações para a descrição contínua das condições de alimentação e nutrição de uma população. No Brasil, essa vigilância é realizada por meio de inquéritos e pesquisas populacionais e pelos profissionais de saúde na atenção primária considerando indivíduos de qualquer fase
  • 22. 22 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 acompanhamento da condicionalidade de vigilância nutricional de crianças menores de 7 anos, gestantes e mulheres beneficiárias ou atendidas pelo programa. No SISVAN, é possível obter dois tipos de relatórios públicos: de organizar ações adequadas, incluindo ações de promo- ção da alimentação adequada e saudável, de prevenção de agravos relacionados à má alimentação e atenção precoce e oportuna aos casos de carências nutricionais específicas. O e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia do Departamento de Saúde da Família para reestruturar as informações da APS em nível nacional e se constitui no Sis- tema de Informação da Atenção Primária vigente. Esta ação está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da Saúde. No e-SUS APS é possível registrar os dados antropo- métricos e de marcadores de consumo alimentar, porém não é possível a geração de relatórios, apenas disponíveis no site do SISVAN. O registro de dados antropométricos também pode ser realizado pelo Sistema do PBF na Saúde a partir do SAIBA + O SISVAN reúne informações sobre o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar de diferentes sistemas de informação, dentre os quais o registro realizado pelo próprio SISVAN, pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) e Sistema do Programa Bolsa Família (PBF) na Saúde. SAIBA + Para mais informações sobre o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar, bem como sobre a integração entre os sistemas de informação da APS acerca do estado nutricional e consumo alimentar da população, acesse o “Manual operacional para uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN VERSÃO 3.0”. Acesse: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/ ManualDoSisvan.pdf>. Relatório de Produção Oferece informação sobre a cobertura de acompanha- mento dos marcadores de consumo alimentar por fase da vida para todos os municípios brasi- leiros. Relatórios Consolidados Informa o estado nutricio- nal e indicadores de consumo alimentar para todas as fases do curso da vida e estratifica- do para os municí- pios do país.
  • 23. 23 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 alimentar de crianças menores de 2 anos. Esses relatórios podem ser gerados com abrangência nacional, regional, estadual, municipal e por estabelecimento de saúde. Fonte: Brasil (2020). É importante salientar que é a partir da coleta e do registro dos marcadores de consumo alimentar que os profissionais da atenção primária poderão obter informações sobre as práticas de aleitamento materno e de alimentação complementar das crianças do seu território, permitindo o monitoramento desses indicadores, contribuindo para o planejamento de ações e a organização dos cuidados adequados à realidade local. Após a implementação da integração entre o SISAB e o SISVAN observou-se um aumento progressivo na cobertura de acompanhamento dos dados de VAN. Contudo, esse registro do acompanhamento está ainda muito aquém do esperado e pode ser melhorado de modo a subsidiar as ações voltadas para alimentação e nutrição na APS. A seguir você pode conhecer alguns dos indicadores gerados a partir dos relatórios consolidados do SISVAN, obtidos a partir do registro dos marcadores de consumo SAIBA + É possível acessar relatórios públicos do SISVAN no seguinte endereço: <http://sisaps.saude.gov.br/ sisvan/relatoriopublico/index>. SAIBA + Para saber mais sobre os indicadores de consumo alimentar avaliados, acesse o documento “Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na atenção básica”, disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_ alimentar.pdf>. Cobertura de acompanhamento de marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos de idade na APS Número de crianças acompanhadas: 2015  75.431 2016  184.290 2017  216.579 2018  273.319 2019  268.203 0 2015 2016 2017 2018 2019 2 4 5 1,33 3,24 3,81 4,81 4,72
  • 24. 24 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 Agora, conheça o significado de alguns dos termos importantes relacionados ao tema: • Aleitamento exclusivo: quando a criança recebe apenas o leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, exceto gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. • Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como chás, infusões e sucos de frutas. • Aleitamento materno: quando a criança independente de receber ou não outros alimentos recebe o leite materno (direto da mama ou ordenhado). • Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe leite materno e qualquer alimento sólido, semissólido ou líquido, incluindo leite não materno e fórmula infantil. Aleitamento materno exclusivo de 0-6 meses Aleitamento materno continuado 6-24 meses Diversidade alimentar mínima Frequência mínima e consistência adequada Consumo de alimentos fonte de ferro Consumo de alimentos fonte de vitamina A Consumo de alimentos ultraprocessados Consumo de hambúrgueres e/ou embutidos Consumo de macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote Consumo de bebidas adoçadas Consumo de biscoitos recheados, doces e guloseimas Indicadores para a avaliação do consumo alimentar de crianças menores de 2 anos Fonte: Brasil, 2015.
  • 25. 25 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 A partir do registro dos dados de marcadores de consumo alimentar, e também dos dados antropométricos, a utilização do SISVAN torna-se fundamental para o monitoramento dos indicadores de alimentação das crianças menores de 2 anos bem como do estado nutricional nessa fase da vida. Assim, é possível conhecer o perfil alimentar, nutricional e epide- miológico do seu local de atuação, incluindo os principais agravos e fatores de risco ou proteção à saúde relacionados à alimentação e nutrição, e planejar ações na APS. Agora que você já conhece o SISVAN e os principais indicadores de aleitamento materno, alimentação complementar e da situação nutricional de crianças no Brasil, que tal buscar informações dos indicadores do seu município? Com esses dados, é possível dizer se existe algum problema com a prática da amamentação, alimentação complementar e estado nutricional das crianças menores de 2 anos no seu município ou território. SAIBA + Para mais informações sobre os indicadores de consumo alimentar em menores de 2 anos, recomendamos a leitura “Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica”: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf>. Qual a cobertura de acompanhamento dos marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos no seu município? Qual a prevalência de aleitamento materno exclusivo (AME) em crianças menores de 6 meses? Qual a prevalência de aleitamento materno (AM) em crianças entre 6 e 24 meses? Qual a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados em crianças entre 6 e 24 meses? Qual a prevalência de crianças entre 6 e 24 meses que apresentaram diversidade alimentar mínima? Qual a prevalência de crianças com baixa estatura para a idade? Qual a prevalência de crianças com baixo peso para a estatura? Qual a prevalência de crianças com sobrepeso e obesidade? ? Informações relevantes para sua investigação
  • 26. 26 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 2.4 Encerramento da unidade Chegamos ao fim desta unidade! Você aprendeu sobre os indicadores usualmente empregados para descrever o cenário epidemiológico da prática do aleitamento materno e da alimentação complementar, conheceu também a situação que se encontram as crianças brasileiras com relação a al- guns indicadores. Esperamos que o conteúdo desta unidade seja útil no seu cotidiano e que a partir dessas informações você possa sensibilizar sua equipe de trabalho sobre a impor- tância dos dados para as ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na APS.
  • 27. 27 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR 3.1 Introdução da unidade Nesta unidade, apresentaremos algumas situações para que você possa refletir sobre os problemas mais frequentes relacionados à alimentação nos primeiros anos de vida. Ao final desta etapa, você compreenderá a importância de um olharampliadoparaidentificarfatoresquepodeminfluenciar o aleitamento materno e a alimentação complementar adequada e saudável. Bons estudos! 3.2 Fatores envolvidos no processo de amamentação e alimentação complementar Você tem notado dificuldades frequentes com amamentação e alimentação complementar saudável de mães, bebês e famílias atendidos no seu local de trabalho? Por que razão esses problemas acontecem? Como é feito o manejo dessas situações? Quais dificuldades vocês enfrentam na rotina dos serviços? A alimentação da criança é um processo multifatorial, socioculturalmente determinado. Portanto, compreender o processo da amamentação e alimentação complementar saudável no contexto sociocultural da família pode ser bas- tante desafiador e complexo para o profissional da saúde.
  • 28. 28 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 é possível fornecer apoio mais efetivo às mulheres e famílias com bebês na primeira infância. Para que possamos demonstrar estes fatores, vamos classificá-los em cinco dimensões: biológico/psicológico, cultural, social, processo de trabalho e abordagem. Essa classificação tem a finalidade de colaborar no raciocínio da influência de cada dimensão, embora essas dimensões estejam interligadas e exerçam influências entre si. Identificar quais são os fatores que influenciam as práticas de amamenta- ção e de alimentação complementar saudável é importante para que você, profissional da saúde, em trabalho integrado com equipe multidisciplinar/ interdisciplinar, possa considerá-los, ampliando assim sua visão sobre o processo do aleitamento materno e da alimentação complementar e compreender que esse é um processo complexo e multideterminado. Assim, Muitas são as influências vividas pela mulher, pela criança e pela família que interferem nas decisões de amamentação e alimentação. Para que ocorram boas práticas de alimentação nos primeiros anos de vida, o apoio da rede familiar e social é primordial. Reconhecer as necessidades da mulher que amamenta e as de sua família é uma forma de potencializar a vivência empoderada da amamentação e da alimentação complementar saudável. SAIBA + Para conhecer mais sobre cuidados e práticas alimentares da criança, recomendamos a leitura desse artigo, que analisou o significado daspráticasalimentaresevalores sobre a alimentação para mães de criança sob risco nutricional, disponível em: <https://www. scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984. pdf>.
  • 29. 29 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 3.3 Encerramento da unidade Nesta unidade, você conheceu as cinco dimensões que influenciam a amamentação e a alimentação com- plementar saudável. Também pôde entender a importância de ter um olhar ampliado nas situações de amamen- tação e alimentação complementar nos primeiros anos de vida, e que as dimensões de abordagem e processo de trabalho se relacionam com a sua atividade cotidiana de atendimento. Esperamos que o conteúdo abordado nesta etapa seja útil para que você possa refletir sobre a importância do seu papel, como profissional da saúde, na influência de práticas promotoras de saúde na primeira infância. BIOLÓGICO/PSICOLÓGICO São os fatores relacionados a anatomia, fisiologia, dificuldades de ordem física e emocional com amamentação e/ou alimentação complementar. CULTURAL Incluem as crenças, tabus, hábitos alimentares, vivências, restrições alimentares. SOCIAL Diz respeito ao acesso aos alimentos, nível de escolaridade, níveis social e financeiro, grupo social. PROCESSO DE TRABALHO Se refere ao modo de estruturação e execução da rotina de trabalho como a organização da agenda e gestão dos serviços. ABORDAGEM Refere-se a todas as situações na relação profissional-usuário como postura, acolhimento e comunicação.
  • 30. 30 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 4.1 Introdução da unidade A alimentação é um direito humano básico, iniciando com o direito à amamentação e a introdução da alimentação complementar saudável. Existem políticas públicas que protegem e promovem os direitos na primeira infância, das quais podemos mencionar a licença maternidade, licença paternidade, sala de apoio à amamentação e direito a creche e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças (NBCAL) na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras. Existem também resoluções que abordam a questão da publicidade de alimentos. Essas são as referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à alimentação. Acompanhe mais informações sobre esses temas! 4.2 Entendendo a questão da publicidade de alimentos As indústrias de alimentos utilizam de inúmeras estra- tégias de marketing para vender seus produtos. Podemos identificar algumas dessas técnicas publicitárias nos anún- cios comerciais veiculados em televisão, internet, rádio, jornais, revistas. Também são estratégias as promoções
  • 31. 31 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4.3 Leis que protegem a amamentação e a alimentação No Brasil, existe um escopo de leis, normativas e políticas públicas que garantem condições para a amamentação e para a alimentação da criança. Confira! Para coibir práticas publicitárias abusivas, o Código de Defesa do Con- sumidor (CDC) considera ilegal qual- quer tipo de publicidade de produto ou serviço voltada ao público infantil, em qualquer meio de comunicação ou espaço de convivência da criança. Neste sentido, as leis n° 8.985, de 2012, e nº 12.529, de 2011, tornam proibida a comercialização de alimentos que acompanhem brinde ou brinquedo, por entenderem que é uma estratégia de marketing voltada ao público infan- til, bem como a venda casada. Alinhando ao Código de Defesa do Consumidor, a Resolução nº 163, de 2014,doConselhoNacionaldosDireitos da Criança e do Adolescente (Conanda) acrescenta o conceito de abusividade como toda forma de publicidade dirigida diretamente ao público infantil com o intuito de incentivar o consumo de produtos e serviços. com desconto de preço, distribuição de amostras grátis de produtos, exposição diferenciada de produtos nos locais de venda, embalagens atraentes. A questão é que essa publicidade in- fluencia no desmame precoce e no con- sumo de alimentos prejudiciais à saúde das crianças. Essa influência ocorre tanto com foco nas mães e famílias desde a gestação até o pós-parto, com produtos substitutos do leite materno, quanto voltado ao público infantil e também sobre profissionais da saúde que atendem crianças pequenas. DESTAQUE É importante lembrar que os profissionais da saúde também são alvo dessas estratégias das indústrias de alimentos com patrocínio de eventos, doação de brindes, visitas de representantes e distribuição de material técnico científico. Política Nacional de Alimentação e Nutrição Destinada a melhorar as condições de alimentação e nutrição e saúde da população brasileira. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança Essa política amplia o olhar sobre a saúde da criança, uma vez que trata dos cuidados desde a gestação até os 9 anos de idade. Proteção à mulher estudante Tem assegurada a prestação de exames finais e direito ao regime de exercícios domiciliares.
  • 32. 32 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 Licença maternidade/paternidade e pausas para amamentação Garante 120 dias para a mulher trabalhadora registrada pela Consolidação das Leis trabalhistas (CLT) o direito de afastamento do trabalho sem prejuízo de salário ou emprego e garante ao pai cinco dias de licença pela Constituição Federal. A licença maternidade pode ser ampliada para 180 dias para trabalhadores formais de empresas que aderiram ao programa Empresa Cidadã. No retorno ao trabalho, a mulher tem o direito de dois períodos de 30 minutos de pausa para amamentação até a criança completar 6 meses. Marco Legal da Primeira Infância Define orientações para familiares, profissionais da saúde e tomadores de decisões sobre iniciativas para o desenvolvimento integral das crianças até os 6 anos de idade e amplia a licença-paternidade para 20 dias. Sala de apoio à amamentação Sala localizada em uma empresa pública ou privada que tenha funcionalidade para a mulher trabalhadora retirar e armazenar o seu leite para oferecê-lo posteriormente ao bebê. Filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade A Lei 11.942, de 2009, prevê que instituições penais tenham berçários, onde as mulheres privadas de liberdade possam cuidar de seus filhos pelo menos até os primeiros 6 meses. Direito à creche Todo estabelecimento que contenha mais de 30 mulheres maiores de 16 anos, segundo a CLT, deve prover um local adequado para que seus filhos fiquem sob cuidados e assistência adequada. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) O PNAE oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes da rede pública. Mulheres infectadas pelo HIV Diante da contraindicação do aleitamento materno em caso de mães infectadas pelo HIV, a Portaria de Consolidação do SUS nº 6, de 28 de setembro de 2017, garante à criança menor de 6 meses de idade o recebimento da fórmula infantil.
  • 33. 33 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 Na última revisão foram produzidos os seguintes documentos: a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.051, de 2001, e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC nº 221, de 2002, e RDC nº 222/2002. São esses três documentos que formam a NBCAL. A NBCAL tem como objetivo a regulamentação da promoção comercial e o do uso apropriado de produtos que interferem nas práticas de amamentação e alimentação saudável na primeira infância, são eles: 1. alimentos de transição e alimentos à base de cereais, indicados para lactentes ou crianças de primeira infância, e outros alimentos ou bebidas à base de leite ou não, quando comercializados ou apresentados como apropriados para a alimentação de lactentes e crianças de primeira infância; 2. fórmulas de nutrientes apresentadas ou indicadas para recém-nascidos de alto risco; 3. fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância; 4. fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de seguimento para lactentes; 5. fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas específicas; 4.4 Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) é regulamentada pela Lei nº 11.265, de 2006, e pelo Decreto nº 9.579, de 2018. É um instrumento constitucional contra a interferência da publicidade infantil naspráticasdealimentação.ANBCALsurgeem1988(revisada em 1992 e 2002), inspirada no “Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno”, de 1981, que prevê medidas para coibir práticas de publicidade que possam interferir na prática da amamentação e introdução de alimentos complementares. SAIBA + Para conhecer melhor a NBCAL, recomendamos assistir a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=SuPNryJyxUQ>. As estratégias regulamentadas pela NBCAL visam promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, para garantir a saúde infantil. Para conhecer o escopo da NBCAL, acesse: <http://www.ibfan.org.br/parceiros/pdf/2.pdf>.
  • 34. 34 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4.5 Encerramento da unidade Nesta unidade você conheceu as políticas públicas que protegem e promovem os direitos na primeira infância. Es- sas são as referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à amamentação e alimentação. 6. leites fluidos ou em pó, leites modificados e similares de origem vegetal; 7. mamadeiras, bicos e chupetas. A International Baby Food Action Network (IBFAN) Brasil é uma organização não governamental que faz parte de uma rede internacional (a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar) formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por 168 países e que atua há 40 anos para a melhoria da nutrição e saúde infantis e monitoramento do Código Internacional. SAIBA + Você pode conhecer mais sobre o papel da IBFAN e de outras organizações na defesa da amamenta- ção no Brasil no vídeo “Um olhar sobre a História da Amamentação”, disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=QnEGVK6KBgI>. Como o profissional da saúde pode colaborar para o cumprimento e para a proteção da amamentação? Es- sas respostas você pode encontrar na publicação “A le- gislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde”, disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legisla- cao_marketing_produtos_amamentacao.pdf>.
  • 35. 35 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 5.1 Introdução da unidade Nesta unidade trataremos de um aspecto muito importante para os atendimentos de mães e bebês na atenção primária: o uso do aconselhamento. Você aprenderá algumas habilidades de comunicação que poderão ser úteis no dia a dia do seu trabalho na UBS para analisar a causa de qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as dificuldades. As habilidades de comunicação são um conjunto de técnicas de interação que são úteis para escutar e compreender sobre o nível de conhecimento das pessoas e suaspráticas,aumentaraconfiançadasmãesedecuidadores e também sugerir mudanças, caso necessárias. Neste curso, trataremos especificamente do aconselhamento de mães ou cuidadores sobre alimentação de bebês e crianças de primeira infância, porém são técnicas que podem ser utilizadas em outras situações da APS. Vamos olhar agora para cada uma dessas habilidades.
  • 36. 36 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Comunicação não verbal útil • Remover barreiras físicas como mesas ou pastas de papel que se tem nas mãos. • Manter a cabeça no mesmo nível e estar próximo. • Prestar atenção à mulher, evitar se distrair e mostrar que está ouvindo assentindo com a cabeça, sorrindo ou outros gestos adequados. • Não apressar a conversa e não olhar para o relógio. • Só tocar na mulher de forma apropriada (como na mão ou no braço). Não toque em suas mamas, barriga ou em seu bebê sem sua permissão. ------ Quando você realiza um atendimento é possível que, em um primeiro momento, a pessoa não consiga falar abertamente sobre o que está acontecendo, principalmente se ela for tímida ou não tiver um vínculo pré-estabelecido. As habilidades para escutar e compreender lhe ajudarão a fazer com que a mãe, o pai, o cuidador ou o responsável sinta que você se importa com a situação e se interessa por auxiliar. Na tabela a seguir você encontra as seis habilidades para escutar e compreender, confira. 5.2 Habilidades de comunicação para escutar e compreender Em geral, a formação dos profissio- nais da saúde é focada na superação de problemas. Contudo, esse modo de olhar a situação gera atendimentos em que os profissionais focam na disponi- bilização de informações em detrimen- to de uma comunicação que respeite os pensamentos, as crenças e a cultura das pessoas e que possibilite a com- preensão dos aspectos envolvidos na determinação dos problemas. Utilizar o aconselhamento não significa dar conselhos ou dizer o que precisa ser feito, mas sim escutar e entender o ponto de vista das pessoas e ajudá-las na tomada de decisão, dialogando sempre sobre os prós e contras de cada decisão. Essa maneira de atender contribui para o desenvolvimento do vínculo entre os cuidadores e o profissional. SAIBA + O aconselhamento é uma abordagem ou maneira de atuação do profissional, na qual se busca compreender a pessoa que está sendo atendi- da, oferecendo ajuda na tomada de decisões e fortalecendo sua autoconfiança. Evidências cien- tíficas comprovam que o acon- selhamento é um instrumento efetivo em atendimentos de amamentação, sendo capaz de contribuir para a melhora dos in- dicadores de aleitamento mater- no. Leia mais sobre o tema em: <https://www.scielo.br/pdf/jped/ v80n5s0/v80n5s0a03.pdf>.
  • 37. 37 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Fazer perguntas abertas Perguntas abertas são mais úteis porque estimulam a pessoa a fornecer mais informações. Começam com: “Como...?”, “O quê...?”, “Quando...?”, “Onde...?”, “Por quê...?”. Profissional: “Bom dia, Laura. Eu sou Sandra, enfermeira. Como vai o Kauan (bebê)?” Laura: “Ele está bem e anda com muita fome”. Profissional: “Como a senhora está alimentando o bebê?” Laura: “Eu estou dando o peito. Eu só dou uma mamadeira durante a noite”. Usar respostas e gestos que demonstrem interesse Acenar positivamente com a cabeça, sorrir e usar expressões como “sei”, “continue”. Profissional: “Bom dia, Susana. Como vai a alimentação da Kátia (nome da criança) agora que ela iniciou os alimentos sólidos?” Susana: “Bom dia. Eu acho que está muito bem.” Profissional:“Mmm.” (Balança a cabeça afirmativamente e sorri.) Devolver com suas palavras o que a mulher diz Se você repetir ou ecoar o que ela está dizendo, mostra que está ouvindo e a estimula a falar mais. Mulher: “Eu acho que não tenho leite suficiente.” Profissional: “Você acha que tem pouco leite?” Usar a empatia A empatia ocorre quando demonstramos que estamos ouvindo o que a pessoa diz e tentando entender como ela se sente; quando observamos a situação do ponto de vista dela. Profissional: “Bom dia, Maria. Como estão você e o João (bebê)?” Maria: “O João não está comendo bem, eu estou preocupada se ele está doente.” Profissional: “A senhora está preocupada com ele?” Maria: “Sim, algumas crianças do meu bairro estão doentes e eu tenho medo que ele esteja com a mesma doença.” Profissional: “Isso deve dar muito medo na senhora.” Evitar palavras que soam como julgamento Exemplos: “certo”, “errado”, “bem”, “mal”, “bom”, “suficiente”, “adequadamente”, “apropriadamente”, “problema”. Profissional: “O cocô dele está normal?” Profissional: “Ele está mamando bem?”
  • 38. 38 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Aceitar o que a pessoa pensa ou sente Podemos aceitar as ideias e sentimentos das pessoas sem discordar delas ou dizer que não há nada para se preocupar. Aceitar o que ela diz não é o mesmo que concordar. Você pode aceitar o que ela diz, por exemplo, devolvendo com as mesmas palavras, e posteriormente fornecer a informação correta. Aceitar o que uma pessoa diz aumenta a autoconfiança dela. Mulher: “Meu leite é ralo e fraco, por isso tenho que dar mamadeira.” Profissional: “Eu entendo. Vejo que está preocupada com o seu leite.” em si mesmas. As pressões familiares e sociais podem levá-la a achar que não tem sido boa o suficiente. Como profissional da saúde, é importante reconhecer esses aspectos e usar as habilidades para aumentar a autoconfiança da mulher e dar apoio para ajudá-la a se sentir bem consigo mesma. 5.3 Habilidades para aumentar a confiança da mulher e oferecer apoio Nos atendimentos de mulheres com bebês na primeira infância, você pode perceber que muitas delas podem se sentir culpadas em relação a algumas situações com seus filhos pequenos, ou apresentarem falta de confiança É fundamental que o profissional se interesse pelo bem-estar, porque assim faz com que as mulheres, as famílias e/ ou os cuidadores se sintam apoiados e acolhidos. As habilidades de escutar e compreender se ampliam por meio do diálogo e ajudam na tomada de decisões. SAIBA + A utilização do aconselha- mento na rotina de trabalho da Estratégia Saúde da Família (ESF), como na visita domiciliar puerperal, por exemplo, é um importante mecanismo para de- tecção precoce de dificuldades iniciais na amamentação e forta- lecimento do aleitamento mater- no. Este estudo mostrou que a abordagem do aconselhamento foi aceita pelos enfermeiros da ESF de Taubaté, e parcialmente introduzida durante as visitas do- miciliares. Confira: <http://docs.bvsalud.org/ biblioref/2019/09/1007788/ pamela_dissertacao.pdf>.
  • 39. 39 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Reconhecer e elogiar Reconheça e elogie o que as mães, os pais e os cuidadores conseguem realizar. Por exemplo, diga à mãe que ela está de parabéns porque tem trazido o bebê às consultas. Uma mãe amamenta seu bebê de 3 meses e dá suco de fruta. O bebê tem diarreia leve. Profissional: “É bom que a senhora esteja amamentando; o seu leite vai ajudar o bebê a se recuperar.” Oferecer ajuda prática Quando as pessoas têm um problema prático para resolver, elas precisam de ajuda para conseguirem relaxar. Observe se ela não está com sede, com fome ou cansada e precisando descansar antes de ouvir as suas orientações. Ofereça-se para ajudá-la a encontrar um jeito de segurar o bebê de uma forma que não sinta dor. ------ Fornecer informações relevantes em linguagem adequada Descubra o que as pessoas precisam saber naquele momento. • Use palavras adequadas e simples, que ela entenda. • Não exagere na quantidade de informações, selecione as prioritárias. A informação é: amamentar depois dos 6 meses é bom porque o leite materno contém ferro absorvível, calorias e zinco. Como usar a linguagem simples: “Amamentar pelo menos até os 2 anos ajuda a criança a crescer forte e saudável.” Oferecer sugestões e não ordens Ofereça escolhas e deixe que a pessoa decida o que é melhor para ela. • Não diga o que ela deve ou não fazer. • Limite suas sugestões a uma ou duas que sejam relevantes à sua situação. “Você pode começar a dar alguns alimentos além do leite agora que seu filho tem 6 meses.”
  • 40. 40 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Você irá se deparar, como profissional da saúde, com situações em que será necessário oferecer apoio para o empoderamento da mulher. É importante evitar dizer o que a mulher deve fazer e, sim, ajudá-la a decidir por si mesma o que é melhor para ela e seu bebê. Isso aumenta a confiança materna e o vínculo com profissional. Para contextualizar, vamos agora ler a experiência de Maria e sua filha Janice. Maria é mãe de Janice, que tem 15 dias de vida, e de Júnior, de 2 anos. Júnior mamou por 3 meses e depois disso Maria voltou ao trabalho e teve que interromper a amamentação, pois não teve apoio para continuar amamentando. Atualmente, Maria não está trabalhando e quer muito amamentar Janice por mais tempo. Janice nasceu por cesariana, pesando 3.250 g e ficou no alojamento conjunto com a mãe. No primeiro dia, Maria teve um pouco de dificuldade para amamentar, mas na alta hospitalar a amamentação estava indo bem. O marido de Maria trabalha como vigilante em uma empresa de segurança e não tem horário fixo de trabalho. Maria chega na UBS com o bebê no colo, carregando a sua bolsa e a sacola do bebê, que ficam caindo do seu ombro o tempo todo. Agora observe duas possibilidades de diálogo. Situação 1 Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não posso demorar muito mais no seu atendimento. Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e meus peitos estão doendo. Maria entra no consultório para o atendimento de sua filha Janice.
  • 41. 41 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Maria deixa a bolsa no chão e abre a blusa. Janice chora. A mama está com fissura. Ao colocar Janice para mamar, Maria a segura com apenas um braço, a bebê fica com a barriga virada para cima; pela dor, Maria não consegue aproximar muito mais Janice do peito. Maria tenta fazê-la mamar ao mesmo tempo em que se preocupa que Júnior não mexa em nada do consultório. A profissional percebe que a bebê está longe da mama, então se levanta e vai até Maria, segura a mama e empurra a cabeça da Janice contra o peito, e também vira mais o corpo dela em direção à mãe. Maria sente ainda mais dor. Profissional volta a sentar na sua cadeira, escreve uma receita de pomada e entrega para Maria. Maria quis dizer que a bebê se chamava Janice, mas desiste. Janice continua chorando. Maria fecha a blusa, pega sua bolsa e a receita e sai do consultório com os filhos. Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e não se esquece de limpar o peito antes. Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não posso demorar muito mais no seu atendimento. Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e não se esquece de limpar o peito antes. Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não posso demorar muito mais no seu atendimento. estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e meus peitos estão doendo. Profissional: Como estão você e a bebê? Vi na Caderneta da Criança que ela está ganhando peso! Maria: Ela tá ganhando peso bem? Porque eu ando tão cansada e dói tanto amamentar, que eu fico com medo de não ser bom pra ela... Maria: À noite ela acorda umas três vezes para mamar e eu não estou conseguindo dormir direito. E de dia, eu sinto sono, mas tenho que cuidar da casa e do Júnior. Profissional: Entendo como você se sente...Que tal descansar um pouco durante o dia? Será que alguém poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o Júnior? Profissional (olhando para Maria): Que bom que veio à consulta hoje! Assim podemos conversar e talvez eu possa lhe ajudar. O que tem te deixado tão cansada? Situação 2 Maria está sentada com os filhos, aguardando ser chamada. A profissional está na sala de atendimento. Vai até a porta e chama por Janice. Ao perceber Maria com a bolsa e as duas crianças, vai até Maria e se oferece para segurar a bolsa enquanto a conduz até a sala. A profissional coloca a bolsa em uma cadeira e convida Maria e o filho Júnior a sentarem. A profissional entrega uma folha de papel e um lápis para Junior e pergunta se ele gosta de desenhar.
  • 42. 42 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Profissional se levanta da cadeira e se dirige à Maria e Janice: Janice abocanha o peito e começa a sugar. Maria entrega o bebê para a profissional, senta e se prepara para amamentar. O mamilo está com fissura. Ao colocar a bebê para mamar, Maria segura Janice com um braço só. Janice fica distante do corpo da mãe, mas Maria não consegue aproximar porque dói mais ainda. Janice fica com o pescoço torto tentando abocanhar o peito, sem conseguir e chora. Quando Janice finalmente consegue abocanhar, Maria morde os lábios de dor e chora. Janice solta o peito e também chora. casa e do Júnior. Profissional: Entendo como você se sente...Que tal descansar um pouco durante o dia? Será que alguém poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o Júnior? Maria: Pois é, acho que vou pedir para minha mãe olhar o Júnior durante o dia, assim eu poderia tentar descansar um pouco enquanto a Janice dorme. Ela costuma dormir bastante de dia. Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco sobre a dor ao amamentar. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida? Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco sobre a dor ao amamentar. Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! costuma dormir bastante de dia. Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco sobre a dor ao amamentar. Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito.
  • 43. 43 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 5.4 Encerramento da unidade Nesta unidade, você conheceu as técnicas de aconselhamento. Foram onze habilidades de comunicação, sendo seis sobre escutar e compreender e cinco sobre construir confiança e dar apoio. Agora, você pode utilizar essas informações no seu cotidiano de trabalho na UBS. Esperamos que essas técnicas auxiliem você a analisar, de forma mais abrangente, as situações recorrentes sobre alimentação de bebês e crianças de primeira infância e apoiar as mulheres em suas decisões. Profissional se despede sorrindo para Maria e os filhos. Maria pega sua bolsa e sai do consultório com os filhos, se sente aliviada. O que você percebeu em cada uma das situações? Houve diferença na forma de tratamento e encaminhamento da questão? Nos exercícios desta unidade você poderá, a partir das situações apresentadas, reconhecer as habilidades de aconselhamento. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito obrigada. Maria: Tchau, até mais! Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos. Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem? E no próximo atendimento podemos falar sobre o desenvolvimento do Júnior também! Até logo! Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida? está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito obrigada. Maria: Tchau, até mais! Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos. Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem? E no próximo atendimento podemos falar sobre o desenvolvimento do Júnior também! Até logo! Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida? Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também.
  • 44. 44 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6 6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS 6.1 Introdução da unidade Nesta Unidade, apresentaremos o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, o referencial atualizado do Ministério da Saúde para recomendações de alimentação infantil. Você conhecerá os princípios do guia, sua relação de complementaridade com o Guia Alimentar para a População Brasileira e os 12 Passos para uma Alimentação Saudável. Esperamos que, ao final dessa unidade, essas informações possam ser úteis para você atender crianças e suas famílias em aleitamento materno e alimentação complementar. 6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos A nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, lançada em 2019, traz recomendações atualizadas e baseadas em evidências científicas sobre como alimentar a criança pequena com objetivo de promover um crescimento e desenvolvimento saudável. Esperamos que aproveite a leitura!
  • 45. 45 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6 adequada e saudável da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). O Guia Alimentar para a População Brasileira apresenta uma nova maneira de compreender a alimentação e a escolha de alimentos. Ele propõe que alimentos in natura ou minima- mente processados sejam a base da alimentação, limitando o consumo de alimentos processados e evitando o consumo de ultraprocessados. Também apresenta orientações para a composição das refeições tendo como base a valorização das preparações culinárias e a importância da dedicação de tempo à alimentação, local das refeições e companhia. O primeiro princípio que fundamenta o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos é que a saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos. Os As novas recomendações do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos estão alinhadas ao Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014, que é uma das estratégias de promoção da alimentação SAIBA + É um documento que visa apoiar as famílias nos cuidados com a criança pequena e também contribuir para ampliar a qualificação da assistência nutricional de profissionais da saúde no SUS. Acesse na íntegra o documento: <http://189.28.128.100/dab/docs/ portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf>. SAIBA + Você pode saber mais sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira acessando a publicação em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_ alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>. Para entender melhor os conceitos apresentados no Guia Alimentar da População Brasileira, recomendamos também que assista aos vídeos publicados em: <https:// aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTQ0Ng==>.
  • 46. 46 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6 ligadas ao seu repertório sociocultural e, assim, proporcionar o fortalecimento de sistemas alimentares sustentáveis. Abaixo estão os princípios do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos: 1. A saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos. 2. O ambiente familiar é espaço para a promoção da saúde. 3. Os primeiros anos de vida são importantes para a formação dos hábitos alimentares. 4. O acesso a alimentos adequados e saudáveis e à informação de qualidade fortalece a autonomia das famílias. 5. A alimentação é uma prática social e cultural. 6. Adotar uma alimentação adequada e saudável para a criança é uma forma de fortalecer sistemas alimentares sustentáveis. primeiros anos de vida de uma criança, desde a gestação até os 2 anos de idade, são fundamentais para formação da base de uma boa saúde para toda a vida. Assim, famílias, sociedades e Estado devem estar comprometidos com o compartilhamento dessa responsabilidade. O ambiente familiar é o espaço de construção de hábitos e fortalecimento de vínculos e os primeiros anos de vida são essenciais para a formação dos hábitos alimentares. É neste espaço que as interações da criança com as pessoas da família constroem relações de afeto e segurança, tão importantes para o desenvolvimento saudável. Um aspecto fundamental para a ali- mentação é que indivíduos e famílias disponham de acesso a alimentos adequados e saudáveis e também de informação de qualidade para as suas escolhas alimentares, favorecendo a autonomia das famílias para consumir alimentos e preparações tradicionais 7. Oestímuloàautonomiadacriança contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável com a alimentação. 6.3 Os 12 passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos Você já pode notar que o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos traz novos conceitos a serem considerados para as recomendações de alimentação infantil. O Guia resume as suas principais recomendações em 12 Passos, descritos a seguir.
  • 47. 47 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6 SAIBA + Você pode acessar essas informações no folder do Ministério da Saúde e também neste vídeo: Folder: http://portal.saude. pe.gov.br/sites/portal.saude. pe.gov.br/files/folder_guia_ menores_2_anos.pdf Vídeo: https://www.youtube. com/watch?v=pN5djD3CnEM 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 9 Os 12 passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6 meses. Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade. Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa. Proteger a criança da publicidade de alimentos. 6.4 Encerramento da unidade Nesta unidade, você pôde conhecer um pouco mais sobre as atuais recomendações para uma alimentação saudável voltada para a população brasileira: o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. Os dois materiais, do Ministério da Saúde, apresentam uma abordagem que permite sua aplicação no contexto da APS. Nas próximas unidades abordaremos, com mais especificidade, as recomendações alimentares na primeira infância.
  • 48. 48 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES 7.1 Introdução da unidade Nesta unidade, apresentaremos a você maneiras efetivas de apoiar a mulher que amamenta nas dificuldades mais recorrentes deste período. Abordaremos também as reco- mendações para alimentação de bebês menores de 6 meses não amamentados. Ao final desta etapa de estudos, você terá adquirido conhecimento para apoiar as famílias nas decisões de alimentação saudável para a criança menor de 6 meses. Bons estudos! 7.2 Leite materno: o primeiro alimento O leite materno é o primeiro alimento, que além de proteger contra diversas doenças na infância (infecções como pneumonia e diarreias) ainda previne doenças futuras como asma, diabetes e obesidade. Também traz benefícios à saúde da mulher porque reduz a chance de desenvolvimento de câncer de mama, de ovário e de útero, além de diabetes.
  • 49. 49 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 o pré-natal, contemplando priorita- riamente informações sobre superio- ridade da amamentação comparada a outras formas de alimentar o bebê, posições para amamentação e pega correta. Posições para amamentar cerca de três a cinco dias pós-parto, acontece a apojadura, que é a transi- ção do colostro para o leite “maduro”. Porém, a mulher pode experimentar outras modificações de coloração e aparência do leite ao longo da sua experiência de amamentação. Isso é absolutamente normal, o leite materno é um fluido vivo e dinâmico, que se adapta constantemente para atender as necessidades do bebê. A produção de leite materno é proporcional à quantidade de vezes que a mama é esvaziada, logo, quanto mais vezes o bebê sugar o peito ou quanto mais a mulher retirar o seu leite, seja por extração manual ou com bomba, maior será a quantidade de leite materno. Ter uma experiência positiva de aleitamento materno depende substancialmente de duas ferramentas: informação e apoio. Como profissional da saúde, é importante iniciar a abordagem de promoção da amamentação durante O aleitamento materno promove o vínculo afetivo, colabora na saúde mental da mulher e no seu potencial de autoconfiança nos cuidados com o bebê. Com o nascimento do bebê, é comum surgirem dúvidas sobre a produçãoesuficiênciadoleitematerno. Nos primeiros dias da amamen- tação, o leite materno é chamado de colostro, tem uma coloração bem amarelada característica, isto porque contém muitas proteínas e anticorpos que ajudam o recém-nascido na adap- tação inicial à vida fora do útero. Após Fonte: Brasil, 2019a. SAIBA + Recomendamos que você assista a este vídeo que aborda várias questões sobre a amamentação relacionadas às principais dúvidas e questionamentos de algumas mulheres: “Amamentação: muito mais do que alimentar a criança”, disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=i31VEa--XpE.
  • 50. 50 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 As evidências mostram que ações de promoção do aleitamento materno mais efetivas na APS iniciam no pré- natal, preferencialmente com as atividades em grupo. No puerpério, as visitas domiciliares são fundamentais para a identificação de dificuldades e o acolhimento em tempo oportuno para evitar a interrupção do aleitamento materno. Fonte: Brasil, 2019a. SAIBA + Este estudo de revisão con- cluiu que as visitas domici- liares são bastante efetivas na promoção do aleitamento materno principalmente no pós- -parto. Acesse e confira no link para a revisão rápida: http://www.saude.sp.gov.br/ resources/instituto-de-saude/ homepage/outras-publicacoes/ relatorio_rr_ameacparasite.pdf. É importante respeitar a indivi- dualidade da mulher, principalmente durante o período pós-parto. As mu- lheres precisam de tempo, privacidade, apoioeautoconfiançaparaconseguirem ter êxito na amamentação. Observação de mamada A observação da mamada é fundamental para se identificar a necessidade de orientações e apoio à mulher. Inicialmente, sugere-se observar a posição da mãe e do bebê durante a mamada.
  • 51. 51 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 Pontos chave de um bom posiciona- mento 1. Corpo do bebê se encontra bem próximo do da mãe, todo voltado para ela, barriga com barriga? 2. Corpo e a cabeça do bebê estão alinhados (pescoço não torcido)? 3. Braço inferior do bebê está posicionado de maneira que não fique entre o corpo do bebê e o corpo da mãe? 4. A mãe segura a mama de maneira Fonte: Brasil, 2019a. que a aréola fique livre? 5. Pescoço do bebê está levemente estendido? 6. Corpo do bebê está curvado sobre a mãe, com as nádegas firmemente apoiadas? 7. Os dedos da mãe estão posicio- nados de forma a facilitar a pega? (Não se recomenda que os dedos da mãe sejam colocados em forma de tesoura, pois dessa ma- neira podem servir de obstáculo entre a boca do bebê e a aréola). (BRASIL, 2019a) A pega do bebê é fator decisivo para evitar as principais dificuldades na amamentação. Pontos chave de uma boa pega 1. O bebê abocanha, além do ma- milo, parte da aréola (aproxima- damente 2cm além do mamilo)? É importante lembrar que o bebê retira o leite comprimindo os seios lactíferos com as gengivas e a língua. 2. O queixo do bebê toca a mama? 3. As narinas do bebê estão livres? 4. O bebê mantém a boca bem aberta colada na mama, sem apertar os lábios? 5. Os lábios do bebê estão curvados para fora, formando um lacre? Para visualizar o lábio inferior do bebê muitas vezes é necessário pressionar a mama com as mãos. 6. A língua do bebê encontra-se sobre a gengiva inferior? Algumas vezes a língua é visível; no entan- to, na maioria das vezes, é neces- sário abaixar suavemente o lábio inferior para visualizar a língua. 7. A língua do bebê está curvada para cima nas bordas laterais? 8. O bebê mantém-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo? (BRASIL, 2019a).
  • 52. 52 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 7.2.1 Dificuldades que podem ocorrer durante o período de amamentação Cada gestação é única, assim como cada bebê também é dotado de suas singularidades, o que faz com que amamentar seja um processo ímpar de aprendizagem para a mãe e para o bebê, mesmo para aquelas mulheres que já vivenciaram o processo de amamentar outras vezes. Para além de identificar aspectos sociais, biológicos e culturais que en- volvem a amamentação e o puerpério, é fundamental que o profissional da saúde também conheça técnicas para alívio dos desconfortos causados por dificuldades comuns do aleitamento materno. Listamos a seguir algumas dificul- dades mais recorrentes e a forma de manejar adequadamente, acompanhe. Problemas na descida do leite As cirurgias cesarianas e fatores hormonais estão frequentemente relacionados a esta dificuldade. É re- comendado que o bebê seja colocado frequentemente na mama para que estimule a produção de leite por meio da sucção. Criança com dificuldade inicial para sugar Esse problema pode acontecer pelo uso de mamadeiras, bicos de silicone e chupetas, mau posicionamento ou ainda pode ser anquiloglossia (língua- -presa). É recomendado suspender todo e qualquer bico ou mamadeira, ajustar a posição e pega, e se ainda as- sim os problemas persistirem realizar a retirada do leite materno e ofertar em copo/colher. Mamilo plano ou invertido Esses tipos de mamilo não impos- sibilitam a amamentação, mas podem exigir uma maior atenção dos profissio- nais de saúde para manejar dificulda- des comuns do aleitamento materno. No pré-natal, não é recomendado fazer exercícios para os mamilos nem utilizar seringas para esticá-los, pois essas manobras não são efetivas e podem machucá-los. Após o nascimento, é recomendado encontrar posições que facilitem a pega e sejam confortáveis para mãe e bebê. Mamilos doloridos e/ou machucados A mulher pode sentir os mamilos sensíveis nos dias após o parto, o que pode ser considerado normal devido ao aumento das mamas. Porém, se a dor persistir, pode estar associada a vários fatores. Com frequência, a dor pode estar associada a fissuras/rachaduras nos mamilos, causadas por um mau posicionamento/pega, disfunções orais (mais comuns em prematuros), anquiloglossia e traumatismos devido ao uso de bombas tira-leite.
  • 53. 53 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 Medidas úteis para evitar machucar os mamilos: orientar uma pega adequada; evitar o uso de sabão, álcool ou qualquer outro produto nos mamilos; se a mama estiver muito cheia, retirar um pouco de leite antes da mamada para deixar a aréola mais macia e facilitar a pega do bebê; para interromper a mamada e fazer com que o bebê solte a mama sem esticar o mamilo, introduzir com cuidado o dedo mínimo no canto da boca do bebê. Se os mamilos já estiverem machucados, recomenda- se que eles sejam enxaguados com água limpa após cada mamada, a fim de evitar infecções. Alguns procedimentos podem ser úteis para diminuir a dor: • modificar as posições da mamada, reduzindo a pressão nos pontos dolorosos; • iniciar a amamentação na mama não afetada ou menos afetada. Se a dor for intolerável, pode-se suspender temporaria- mente a oferta de uma das mamas e buscar formas manuais de retirar o leite do peito com menos dor. É desaconselhável o uso de cremes, óleos, antissépticos, saquinho de chá, casca de banana ou outras substâncias sobre as mamas na tentati- va de aliviar a dor. Não existe comprovação científica de que passar esses produtos ou o próprio leite materno ajude nos casos de lesões. Ingurgitamento mamário ou “leite empedrado” Acontece quando a mama produz mais leite e não é esvaziada completamente. O ingurgitamento geralmente é difuso, bilateral e não está associado ao eritema mamário, a mama fica endurecida e dolorida com presença de nódulos podendo provocar elevação da temperatura materna (febre) e mal-estar. Para reduzir o problema algumas medidas podem ser adotadas: • mamadas frequentes; • retirar gentilmente das mamas um pouco de leite antes das mamadas para amaciar a aréola e facilitar a pega adequada; • compressas mornas (pano úmido) antes da mamada para ativar o reflexo de ejeção do leite ou uma chuveirada ou banho morno (cuidado para não queimar a pele);
  • 54. 54 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7 • retirar leite entre as mamadas, o suficiente para se sentir confortável; • massagens delicadas das mamas, com movimentos circulares, particu- larmente nas regiões mais afetadas pelo ingurgitamento. Elas fluidificam o leite viscoso acumulado e estimu- lam o reflexo de ejeção do leite; • massagens nas costas e no pescoço ou outras formas de relaxamento também podem ajudar o leite a fluir. Algumas medidas podem ser utilizadas para aliviar o desconforto como usar sutiã com alças largas e firmes, ininterruptamente, para alívio da dor e manter os ductos em posição anatômica; • uso de analgésicos sistêmicos/anti- inflamatóriospodeserútilseadorfor intensa. Ibuprofeno é considerado o mais eficaz, auxiliando também na redução da inflamação e do edema. Paracetamol pode ser usado como alternativa. Com relação ao edema, compres- sas frias (ou bolsa térmica de gel ou gelo envolto em tecido), em intervalos regulares das mamadas, podem ajudar. Em situações de maior gravidade, podem ser feitas em todos os intervalos das mamadas. Importante: o tempo de aplicação das compressas não deve ultrapassar 20 minutos devido ao efeito rebote, ou seja, um aumen- to do fluxo sanguíneo para compen- sar a redução da temperatura local. Tão importante quanto orientar o manejo do ingurgitamento é orientar a sua prevenção. Mastite Inflamação da mama, que pode se tornar uma infecção purulenta. Bastante dolorida costuma causar doresnocorpo,febreemal-estar.Como a estase do leite (leite muito tempo parado no peito) é frequentemente o fator inicial na mastite, a remoção do leite, por meio de mamadas frequentes, massagem ou retirada do leite (manual ou com bomba) é uma etapa de manejo importante, somada às orientações e prescrições médicas para uso de medicamentos recomendados nessa situação. O uso de um anti-inflamatório como ibuprofeno pode ser mais eficaz no alívio da dor do que analgésicos como o paracetamol. Se os sintomas não melhorarem em 12 a 24 horas, antibioticoterapia deve ser iniciada. O patógeno mais comum na mastite é o S. aureus resistente à penicilina e, menos comumente, um estreptococo ou Escherichia coli. Os antibióticos preferidos são as cefalosporinas de primeira geração e as penicilinas resistentes à penicilinase, como dicloxacilina ou flucloxacilina, na dose de 500 mg via oral quatro vezes por dia.