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Fatores nutricionais e sua correlação com a proeminência abdominal em mulheres:
uma revisão.
Ana Paula Pujol - Nutricionista; Professora Especialista em Nutrição e Qualidade de Vida
pela Universidade Dom Bosco, Paraná, Santa Catarina; Doutoranda em Educação pela
Universidade Católica de Santa Fé (Argentina). Professora do Departamento de Nutrição e
do Curso de Tecnologia e Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí,
Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali). Professora da Pós Graduação em Estética
Facial e Corporal.
Ana Paula Antunes - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da Universidade
do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali).
Francini Paola Vieceli - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da Universidade
do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali).
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RESUMO
A obesidade visceral em mulheres causa conseqüências como doenças
cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o de mama, de ovário
e de endométrio. O abdômen é formado pela epiderme, derme e hipoderme, na qual se
encontra a gordura subcutânea, o músculo e o conteúdo intestinal. A proeminência dessa
região pode ocorrer devido a dietas hipercalóricas, flatulência que levam a distensão do
volume intestinal, a gordura dos alimentos e o índice glicêmico. Desta forma, o presente
estudo tem como objetivo identificar a influência da alimentação na redução de gordura e
volume abdominal em mulheres. A revisão da literatura sugere que, dietas com baixo índice
glicêmico, baixo teor de gordura, dietas hipocalóricas e alimentos não flatulentos podem
reduzir a proeminência abdominal.
INTRODUÇÃO
Atualmente a alimentação do mundo ocidental modificou de alimentos frescos e
vegetarianos para uma dieta farta de alimentos processados, refinados e de origem animal.
Isto tem levado a população a ingerir calorias e gorduras em excesso, alto consumo de
açúcar refinado, sal e poucas fibras. Paralelamente, ocorreu aumento de tecnologias
poupando energia da população. Esses dois fatores tiveram como resultado previsível: a
população mundial na maioria dos países começou a ganhar peso (NAHÁS, 1999).
As mudanças na alimentação alteram tanto o perfil alimentar quanto certos valores
estéticos que foram cada vez mais sendo incorporados e valorizados em relação à
alimentação e como conseqüência levou a obesidade.O excesso de peso é particularmente
mais prevalente entre o sexo feminino, estima-se que aproximadamente 30% das mulheres
ocidentais adultas, em especial nos anos que seguem a menopausa, são portadoras de
obesidade. Na América Latina a taxa de obesidade observada entre mulheres é de 25% no
México, 35,7% no Paraguai e 25,4% na Argentina. No Brasil, 40% da população
apresentam índice de massa corpórea (IMC) maior que 25 kg por metro quadrado e 13,1%
são mulheres com IMC maior de 30 kg por metros quadrados, ou seja, um terço da
população de mulheres do país (FERNANDES et al., 2005 p. 70 ; IBGE, 2004 ; RASKIN
et al., 2000, p 435;).
A concepção de obesidade denota o aumento do depósito de triglicérides nas células
adiposas, que por sua vez é decorrente do desequilíbrio entre o consumo e o gasto de
energia. Estudos mostram que durante o seu processo de envelhecimento, as mulheres
sofrem, alterações no perfil metabólico que resultam em modificações na composição e
distribuição de tecido adiposo, o que favorece o aumento ponderal (LORENZI et al., 2005,
p.480).
A diminuição da energia despendida associada com menor atividade física,
mudanças no estilo de vida e diminuição da função ovariana, está fortemente associada com
a obesidade nas mulheres. As trocas na composição corporal que acompanham a
menopausa, expõem as mulheres a um acúmulo de gordura abdominal, aumentando os
riscos para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o
de mama, de ovário e de endométrio. (ZAMBELL et al., 2000; WHO, 1998; LEY et al.,
1992; TRÉMOLLIERES et al., 1996).
Apesar deste acúmulo de gordura na região abdominal ser prevalente, a
proeminência abdominal pode ser ocasionada por alteração em um ou mais dos seus
compartimentos. O abdômen é composto por pele que está subdividida em epiderme, derme
e hipoderme. Na hipoderme encontra-se o tecido gorduroso subcutâneo. Abaixo deste
tecido, encontra-se a camada muscular e posteriormente o conteúdo intestinal.
Fatores nutricionais podem estar relacionados com a redução da gordura e volume
abdominal na mulher, como dietas hipolipídicas , alimentação de reduzido índice
glicêmico, isenção de alimentos potencializados de flatulência, entre outros.
O diagnóstico poderá trazer subsídios para a realização de sugestões que visem à
solução dos eventuais problemas encontrados. Tais informações, a médio e longo prazo,
poderão refletir na melhoria dos hábitos alimentares e conseqüentemente na saúde e estética
destas mulheres.
Diante do exposto, o presente estudo buscará através de uma revisão bibliográfica a
influência que a alimentação tem na gordura e volume abdominal em mulheres, fato o qual
preocupa grande parte da sociedade do ponto de vista estético e de saúde.
DESENVOLVIMENTO
O abdômen é composto por conteúdo intestinal, líquido intersticial, músculos,
gordura subcutânea (hipoderme) e camadas derme e epiderme da pele. A proeminência
nesta região pode ser determinada por fatores que possam alterar um ou mais
compartimentos.
Dentre estes fatores destacam-se a dieta hipercalórica, dieta hiperlipídica, dieta rica
em alimentos flatulentos capazes de distender o volume intestinal e consumo de alimentos
com maior índice glicêmico.
1- Dieta hipercalórica e hiperglicídica
No que diz respeito à qualidade da alimentação, está documentado que altos níveis
de ingestão de gordura e calorias associam-se fortemente ao excesso de peso corporal,
especialmente com aumento de tecido adiposo (MONTEIRO; RIETHER; BURINI, 2004,
p.481).
Segundo Morris & Zemel (1999), uma atenção especial tem sido dada aos
carboidratos, visto que as taxas de doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade têm
aumentado nos indivíduos com dietas ricas em energia na forma de carboidratos simples,
comparados aos grãos integrais, devido ao fato de influenciarem no índice glicêmico (IG).
Caso os carboidratos estejam em excesso ao que é necessário para as necessidades
imediatas, a lipogênese (no fígado e no tecido adiposo) converte carboidratos a
triacilglicerol. Esse triacilglicerol é estocado no tecido adiposo e usado quando há carência
energética. O triacilglicerol é a melhor forma de estocar energia, porque contém mais do
dobro das calorias do glicogênio e das proteínas (NUNES et al, 2005).
A composição de nutrientes da dieta também regula a lipogênese no fígado e no
tecido adiposo. O tipo de carboidrato também. Se só for fornecida frutose como
carboidrato, há maior atividade das enzimas lipogênicas do que se for glicose. Ao contrário,
a adição de gordura, principalmente ácidos graxos poliinsaturados, reduz. Um dilema na
análise dos efeitos de um nutriente isolado é que não dá para mexer em um componente da
dieta sem mexer com os outros (NUNES et al, 2005).
Fujioka et al. (1991) estudando mulheres com obesidade visceral e subcutânea,
demonstraram que dieta de baixa caloria levou a maior perda de gordura visceral do que de
gordura subcutânea, o que foi mais evidente entre aquelas com obesidade visceral. Assim, a
gordura intra-abdominal visceral tem maior facilidade de mobilização lipídica que a
gordura subcutânea e tal mobilização acarretaram melhora concomitante da glicemia
plasmática e metabolismo lipídico.
2- Dieta hiperlipídica
A adoção de dietas hipolipídicas para redução da gordura corporal ainda não é
consenso, visto que dietas com baixo teor de gordura tendem a ser compensadas com dietas
ricas em carboidratos. Entretanto, há muitas evidências de que são muito efetivas na
prevenção do ganho de gordura corporal. (PRENTICE AM. 1998)
A diminuição da quantidade de lipídio da dieta geralmente leva a redução da
ingestão da energia total e isso pode provocar perda da gordura corporal e mais
especificamente redução da gordura visceral, o que sugere um efeito benéfico da redução
da gordura da dieta por si só (LEMIEUX & DESPRÉS, 1994). Alimentos com alta razão
lipídios/ carboidratos geralmente têm maior densidade energética do que alimentos ricos
em carboidratos e, portanto, promovem maior hiperfagia passiva (consumo energético
maior do que o gasto, sem que haja intenção de fazê-lo), com balanço energético positivo e
ganho de peso em indivíduos susceptíveis (KIRK TR, 2000). Essa hiperfagia passiva ocorre
principalmente porque as pessoas tendem a ingerir o mesmo volume de alimentos,
independentemente de sua composição. Em dietas hiperlipídicas, mais calorias são
consumidas passivamente (DREWNOWSKI A et al, 1992).
Após uma refeição rica em lipídios, foi relatado um menor aumento dos
triacilgliceróis plasmáticos e uma maior supressão dos ácidos graxos não esterificados e
oxidação de lipídios, indicando depressão da lipólise e aumento dos estoques de lipídios
corporais (RABEN & ASTRUP, 2000). Segundo Uyeda (2002), há indícios de que dietas
hipolipídicas e hiperglicídicas estimulam consideravelmente a lipogênese, aumentando a
expressão de enzimas lipogênicas.
Outros benefícios da dieta hipolipídica para redução da gordura visceral são
apontados por outros autores. Para Thiébaud (1983), o efeito térmico dos carboidratos no
processo digestório é levemente mais alto do que o dos lipídios (6 a 8% da energia referente
aos carboidratos contra 2 a 3% da referente aos lipídios). Para Astrup (2001), a gordura
possui menor capacidade de promover auto-oxidação em razão do aumento de seu
consumo. Kirk (2000), diz que o excesso de energia consumida na forma de lipídios é mais
eficientemente armazenado na forma de gordura corporal do que excesso calórico
equivalente na forma de carboidratos. Alguns autores, como Ornish, vão além e defendem
que benefícios máximos para a saúde seriam atingidos com dietas contendo somente 10%
de energia na forma de lipídios totais. (ORNISH, 1998).
Não há consenso a respeito da capacidade que dietas ricas em carboidratos teriam na
prevenção de obesidade. Ainda não é sabido, tampouco, quanto à substituição de gorduras
por carboidratos pode trazer de benefícios e até que ponto se pode restringir a ingestão de
lipídios, aumentando a ingestão de carboidratos, sem causar efeitos adversos (no perfil
lipídico e na adiposidade corporal, por exemplo).
Por outro lado, para Nunes et al (2005), dietas com muita gordura e pouco
carboidrato inibem a síntese de AG. A quantidade e a composição dos macronutrientes da
dieta, especialmente as gorduras e os carboidratos, regulam a taxa de síntese de AG. Após
um jejum prolongado, uma dieta com muito carboidrato e pouca gordura é usada como
paradigma para comprovar o aumento da lipogênese. Isto porque a substituição dos lipídios
também tem sido relacionada à compensação da ingestão energética por outros nutrientes,
principalmente carboidratos (NUNES et al, 2005).
A principal crítica feita às recomendações para adoção de dietas hipolipídicas,
portanto, é a de que estas encorajariam uma mudança alimentar para dietas muito ricas em
carboidratos, os quais acabam sendo principalmente aqueles provenientes de alimentos
processados e com alto índice glicêmico, que podem apresentar efeitos adversos graves à
saúde, entre os quais estão: hipertrigliceridemia e diminuição na concentração plasmática
de HDLcolesterol e aumento da adiposidade. (PARKS et al, 2001).
Alguns autores ainda afirmam que dietas hiperglicídicas e hipolipídicas podem ser
pouco eficazes para o controle do peso. Segundo eles, alguns indivíduos parecem ser mais
propensos ao ganho de peso por meio de dietas hiperglicídicas do que por meio de dietas
hiperlipídicas. Isso porque, nestes casos, ao substituir gorduras por carboidratos, escolhem-
se carboidratos com alto índice glicêmico, geralmente processado, ao invés de carboidratos
complexos, como os encontrados em grãos integrais, hortaliças e diversas frutas.
Diminuindo-se o conteúdo de algum nutriente específico, altera-se toda a composição da
dieta. Dietas hipolipídicas, contendo menos do que 30% do VET na forma de lipídios, são,
freqüentemente, hiperglicídicas.
3- Dieta Rica em alimentos Flatulentos
A flatulência, também responsável pela distensão abdominal e conseqüentemente
aumento da proeminência desta região pode ser causada por alimentos que aumentam a
formação de gases são: brócolis, couve-flor, repolho, nabo, cebola crua, rabanete, pepino,
batata doce, pimentão verde cru, melão, abacate, melancia, ovo inteiro cozido ou frito,
mariscos e ostras, grão de bico, feijão, lentilha e ervilha seca.
Além dos alimentos com potencial de fermentação e distensão intestinal, o estado de
constipação intestinal pode ser acompanhado por flatulência, sendo necessário o tratamento
da constipação intestinal para eliminação deste sintoma (HOLGATE 2000, JENSEN et al
1998, JENKINS & ZWETCHKENBAUM 1998, PETITPIERRE et al 1995).
A constipação pode ter as seguintes causas: hábitos e dietas, desordens funcionais e
estruturais, anomalias neurológicas extra-intestinais, distúrbios psiquiátricos, doenças
endócrinas ou metabólicas e iatrogênicas (FREITAS, 2002; FERREIRA, 2003)
A mudança no estilo de vida, que inclui modificações na dieta, a maior atividade
física, a ingestão de maior quantidade de líquidos, reeducação intestinal e o auxílio de
preparados de "fibras vegetais" podem ser os componentes de terapêutica de sucesso para a
maioria dos casos de constipação intestinal crônica (KAMM MA, 1989; CAMILLERI M et
al, 1994). Alimentos como grãos de cereais e de leguminosas, particularmente a aveia, os
feijões (Phaseolus) e a soja, além das farinhas integrais ou farelos de trigo e de arroz,
constituem excelentes fontes de fibra alimentar, tanto em sua forma natural como
processada. (HARTEMINK et al., 1997)
Alimentos ou suplementos alimentícios contendo células vivas, que beneficiem a
saúde humana ou de animais, passaram a ser chamados de probióticos. As principais
linhagens de bactérias usadas nos probióticos são o Lactobacillus acidophilus e várias
espécies de Bifidobacterium, por serem hóspedes naturais dos intestinos delgado e grosso,
respectivamente. (HARTEMINK et al., 1997)
As Bifdobactérias e Lactobacillus são importantes no tratamento da constipação
intestinal. Existem vários estudos que comprovam os efeitos benéficos da ingestão de FOS.
Esses açúcares não convencionais foram classificados como assistentes da flora amigável
do trato intestinal, como Lactobacillus e Bifidobacteria. Eles melhoram o metabolismo de
Bifidobacteria e diminuem o pH do intestino grosso, destruindo bactérias putrefativas. A
ingestão diária desses carboidratos pode resultar num aumento de bifidobactérias no trato
intestinal (HARTEMINK et al., 1997).
Entre os diversos benefícios creditados aos produtos de laticínio probióticos
incluem-se a estabilização da microflora intestinal, especialmente após severos problemas
intestinais ou uso de antibióticos (SAVAGE, D.C,1997) e alívio da constipação ( Mc
DONOUGH, F.E. et al, 1982) .
Tem sido demonstrado que o consumo de 3 - 10 g de oligossacarídeos/dia, durante
uma semana alivia a constipação. O efeito anti-constipação tem sido atribuído ao aumento
da população de bactérias bífidas no intestino, acompanhado de uma elevação da
concentração de ácidos graxos de cadeias curtas, que estimulam o peristaltismo intestinal
(HIDEKA, H, 1986) (TOMOMATSU, H. 1994)
4- Alimentos com maior índice glicêmico
Wolever et al. (1992) dizem que os alimentos podem ser classificados de acordo
com a resposta glicêmica após ingestão (índice glicêmico), sendo que dieta composta por
alimentos ou preparações com baixos índices glicêmicos apresenta efeitos benéficos na
homeostase da glicose e insulina, quando comparada à dieta com maiores índices
glicêmicos. Sabe-se que alimentos com alto conteúdo de açúcar, geralmente possuem alto
índice glicêmico, enquanto aqueles ricos em carboidratos complexos e fibras, ao contrário,
apresentam níveis menores do referido índice.
Todos os tipos de carboidratos, ao serem digeridos, transformam-se em glicose, mas
os seus efeitos fisiológicos não dependem exclusivamente do grau de polimerização, e sim,
da capacidade de elevar a glicemia (POWELL et al, 2002).
De maneira geral, os fatores que influenciam na resposta glicêmica são: a natureza
do amido (amilose e amilopectina), a quantidade de monossacarídeos (frutose, galactose), a
presença de fibras, a cocção ou o processamento, o tamanho das partículas, a presença de
fatores antinutricionais (fitatos) e a proporção de macronutrientes (proteína e gordura)
(POWELL et al, 2002).
Podemos citar como alimentos de maior índice glicêmico (IG) o queijo, lanches
sabor churrasco, batatas com sal, feijão preto, ervilha verde, bolo de milho, banana madura
amarela, abacaxi, melancia, abóbora, beterraba, tapioca fervida com leite, aveia, panqueca,
bolinho de trigo, baguete, pão de leite, risoto, sorvete sabor chocolate, leite condensado e
outros (POWELL et al, 2002).
Alguns autores constataram que as dietas de alto IG apresentam menor poder de
saciedade, resultando em excessiva ingestão alimentar, favorecendo o aumento do peso
corporal. Além disso, o consumo de tais dietas pode alterar o perfil lipídico e a secreção
insulínica.Tem sido sugerido que tal ingestão aumenta a secreção de insulina, a qual é
considerada como um fator de risco independente para o ganho de peso. O consumo de
alimentos de alto IG parece desencadear uma seqüência de eventos hormonais, que limita a
disponibilidade de combustível metabólico no período pós-prandial, levando à fome e à
ingestão alimentar excessiva. ( LUDWING D.S. et al, 1999; JENKINS D.J.et al 2002;
PAWLAK D.B. et al, 2001). Essas mudanças hormonais e metabólicas resultantes da
ingestão de dietas hiperglicídicas com alto IG são a elevação da glicemia e
hiperinsulinemia pós-prandiais, que levam ao rápido armazenamento de substratos na
forma de gordura corporal e estimulam a fome e a hiperfagia .( BRAND-MILLER JC et al,
2002).
Segundo os autores, a hiperinsulinemia e a hipoglucagonemia observadas após a
ingestão de alimentos de alto IG tendem a acelerar o metabolismo muscular e hepático,
reduzindo a produção de glicose hepática e suprimindo a lipólise. Desta forma, há
diminuição dos níveis de glicose e ácidos graxos na circulação. Há, então, aumento dos
níveis dos hormônios contra-regulatórios, provocando aumento da fome e da ingestão numa
tentativa de restaurar a homeostase energética. Assim, a ingestão crônica de alimentos de
alto IG tende a reduzir a oxidação dos nutrientes, fazendo com que os mesmos sejam
estocados. (LUDWING D.S. et al, 1999; SPIETH L.E. et al, 2000)
A partir de um estudo de revisão bibliográfica sobre os efeitos do índice glicêmico
na manutenção ou ganho de peso, observa-se que 99% dos estudos em humanos
comprovam uma menor sensação de saciedade e uma intensificação da fome em dietas de
alto índice glicêmico (POWELL et al, 2002). Slabber e cols (1994), em um estudo com
mulheres obesas, observaram uma perda de peso significantemente maior no grupo que
seguiu dieta de baixo índice glicêmico (ambos os grupos com dietas hipocalóricas).
Os alimentos de baixo índice glicêmico são mais ricos em fibras e uma das teorias
atesta que as fibras – sobretudo as fibras solúveis – favorecem uma maior distensão
gástrica, o que leva a uma maior secreção de colecistoquinina (CCK). Sendo assim, por
outra via, os alimentos de baixo índice glicêmico novamente induzem a sensação de
saciedade (POWELL et al, 2002).
Sabe-se que dietas de alto IG aumentam a gordura visceral, e, portanto gordura na
região abdominal. De maneira geral, deve-se estimular o consumo de vegetais, legumes,
alimentos integrais e não refinados e limitar a ingestão de tubérculos, carboidratos
refinados e açúcares simples. Como a composição da refeição – ou seja, a quantidade de
fibras, proteínas e gorduras - interfere no índice glicêmico final, precisamos orientar
refeições balanceadas, com a quantidade adequada de macro-nutrientes. As orientações e o
fracionamento da dieta também são importantes (POWELL et al, 2002).
Entretanto, até hoje não existem estudos clínicos de longa duração para que
possamos comprovar o efeito de dietas de baixo índice glicêmico para regulação do peso
corpóreo. Em contrapartida, existem muitas evidencias de que esta pode ser uma boa
estratégia na dietoterapia. (POWELL et al, 2002).
5- Outros Fatores
A influência de alguns fatores comportamentais sobre a distribuição da gordura
abdominal também tem sido estudada. Entre eles, destacam-se a prática de exercícios
físicos (Ross & Janssen, 1999), tabagismo, consumo de bebida alcoólica, retenção hídrica e
má postura (Dallongeville et al., 1998), cujo efeito sobre a concentração de gordura e
proeminência abdominal constitui assunto ainda pouco explorado. Além disso, a flacidez
nas camadas derme e epiderme da pele proveniente de estiramento do tecido como no
período gestacional e redução da sua elasticidade no envelhecimento fisiológico podem
contribuir para o aumento da proeminência abdominal (KAPANDJI, 2000).
Os benefícios da atividade física regular para a saúde estão bem estabelecidos. O
exercício habitual tem papel importante na manutenção da saúde global e do bem-estar.
Um aumento na taxa metabólica basal provocado pelo fumo tem sido sugerido
como fator biológico atribuído ao ganho de peso (WHO, 1998), que poderia, talvez,
implicar um aumento no consumo alimentar com a interrupção do vício. Porém, esse
mecanismo não é claro e pouco consistente.
Vários estudos têm demonstrado que o baixo gasto energético pode ser um
importante fator que contribui para o excessivo ganho de peso, em indivíduos susceptíveis
geneticamente, por meio da promoção de um balanço energético positivo (BRAY, 1992;
PEUTER et al, 1992; ROBERTS, 1995).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alimentação tem uma grande influência na gordura e volume abdominal em
mulheres, fato o qual preocupa grande parte da sociedade. Verificaram-se também os
fatores que estão relacionados com o aumento desta gordura, ou seja, dieta hipercalórica,
dieta hiperlipídica, dieta rica em alimentos flatulentos capazes de distender o volume
intestinal, consumo de alimentos com maior índice glicêmico, sedentarismo e flacidez de
pele.
Apesar das inúmeras recomendações existentes, ainda há muita controvérsia a
respeito de qual seria a composição ideal da dieta para a população em geral, a fim de
promover a saúde e evitar problemas tais como o aumento da adiposidade e dislipidemias.
Enquanto os efeitos deletérios de dietas hiperlipídicas já estão bem estabelecidos, dietas
ricas em carboidratos têm sido largamente recomendadas na tentativa de se diminuir o teor
de gordura da dieta, partindo de recomendações de órgãos oficiais de saúde de diversos
países, incluindo o Brasil (USDA, 2005; BRASIL. 2005; KRAUSS R.M, 2000)
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que, apesar de atacadas por alguns
autores, dietas hipolipídicas e ricas em carboidratos e fibras apresentam maior capacidade
de promover a longevidade e a qualidade de vida. Não são encontrados estudos que tenham
descoberto associação positiva entre tais parâmetros e dietas ricas em lipídios. (WHO,
2003; DIEHR P, BERESFORD S.A, 2003)
É importante lembrar que muitas das críticas feitas às recomendações de dietas
hipolipídicas têm como base a pouca ênfase que se dá ao consumo de quantidades
adequadas de fibras (na forma de grãos integrais e vegetais), de frutas e hortaliças, além da
substituição de parte da gordura saturada por gorduras poli e monoinsaturadas. Mais
esforços devem ser feitos no sentido de se instruir a população não só em relação às
proporções de macronutrientes mais adequadas, mas, também, à qualidade dos mesmos.
Embora grande parte das recomendações atuais já inclua tópicos neste sentido, ainda há
muito que se avançar nesta área, tanto no âmbito da educação da população quanto em
pesquisas aplicadas.
Ressalta-se a importância do presente estudo, como forma de propor tratamento
dietoterápico para o controle da gordura e proeminência abdominal em mulheres em geral,
possibilitando intervenções que auxiliem na promoção de hábitos alimentares saudáveis
para uma melhor redução de gordura abdominal. Desta forma, estudos referentes à gordura
e proeminência abdominal são de grande importância considerando fatores estéticos e
saúde.
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Fatores nutricionais e sua correlação com a proeminência abdominal em mulheres.pdf

  • 1. Fatores nutricionais e sua correlação com a proeminência abdominal em mulheres: uma revisão. Ana Paula Pujol - Nutricionista; Professora Especialista em Nutrição e Qualidade de Vida pela Universidade Dom Bosco, Paraná, Santa Catarina; Doutoranda em Educação pela Universidade Católica de Santa Fé (Argentina). Professora do Departamento de Nutrição e do Curso de Tecnologia e Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali). Professora da Pós Graduação em Estética Facial e Corporal. Ana Paula Antunes - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali). Francini Paola Vieceli - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (Univali). Contato: Endereço: Rua João Lázaro do Nascimento, n.38, Condomínio La Reunión, Camboriú – SC E-mail: anapaulapujol@univali.br Telefone: (047) 84060730. Fax: (047) 33652955. Endereço: Rua: 1500 n.166 apt904 Edifício Union Bairro Centro, Balneário Camboriú – SC. Email: anynha-18@hotmail.com. Telefone: (047) 33668119. Cel: (049) 99510763. Endereço: Rua: 1500, n.166 apt904 Edifício Union Bairro Centro, Balneário Camboriú – SC. Email: fram_celinha@hotmail.com Telefone: (047) 33668119. Cel: (047) 88046848.
  • 2. RESUMO A obesidade visceral em mulheres causa conseqüências como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o de mama, de ovário e de endométrio. O abdômen é formado pela epiderme, derme e hipoderme, na qual se encontra a gordura subcutânea, o músculo e o conteúdo intestinal. A proeminência dessa região pode ocorrer devido a dietas hipercalóricas, flatulência que levam a distensão do volume intestinal, a gordura dos alimentos e o índice glicêmico. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo identificar a influência da alimentação na redução de gordura e volume abdominal em mulheres. A revisão da literatura sugere que, dietas com baixo índice glicêmico, baixo teor de gordura, dietas hipocalóricas e alimentos não flatulentos podem reduzir a proeminência abdominal. INTRODUÇÃO Atualmente a alimentação do mundo ocidental modificou de alimentos frescos e vegetarianos para uma dieta farta de alimentos processados, refinados e de origem animal. Isto tem levado a população a ingerir calorias e gorduras em excesso, alto consumo de açúcar refinado, sal e poucas fibras. Paralelamente, ocorreu aumento de tecnologias poupando energia da população. Esses dois fatores tiveram como resultado previsível: a população mundial na maioria dos países começou a ganhar peso (NAHÁS, 1999). As mudanças na alimentação alteram tanto o perfil alimentar quanto certos valores estéticos que foram cada vez mais sendo incorporados e valorizados em relação à alimentação e como conseqüência levou a obesidade.O excesso de peso é particularmente mais prevalente entre o sexo feminino, estima-se que aproximadamente 30% das mulheres ocidentais adultas, em especial nos anos que seguem a menopausa, são portadoras de obesidade. Na América Latina a taxa de obesidade observada entre mulheres é de 25% no México, 35,7% no Paraguai e 25,4% na Argentina. No Brasil, 40% da população apresentam índice de massa corpórea (IMC) maior que 25 kg por metro quadrado e 13,1%
  • 3. são mulheres com IMC maior de 30 kg por metros quadrados, ou seja, um terço da população de mulheres do país (FERNANDES et al., 2005 p. 70 ; IBGE, 2004 ; RASKIN et al., 2000, p 435;). A concepção de obesidade denota o aumento do depósito de triglicérides nas células adiposas, que por sua vez é decorrente do desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia. Estudos mostram que durante o seu processo de envelhecimento, as mulheres sofrem, alterações no perfil metabólico que resultam em modificações na composição e distribuição de tecido adiposo, o que favorece o aumento ponderal (LORENZI et al., 2005, p.480). A diminuição da energia despendida associada com menor atividade física, mudanças no estilo de vida e diminuição da função ovariana, está fortemente associada com a obesidade nas mulheres. As trocas na composição corporal que acompanham a menopausa, expõem as mulheres a um acúmulo de gordura abdominal, aumentando os riscos para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o de mama, de ovário e de endométrio. (ZAMBELL et al., 2000; WHO, 1998; LEY et al., 1992; TRÉMOLLIERES et al., 1996). Apesar deste acúmulo de gordura na região abdominal ser prevalente, a proeminência abdominal pode ser ocasionada por alteração em um ou mais dos seus compartimentos. O abdômen é composto por pele que está subdividida em epiderme, derme e hipoderme. Na hipoderme encontra-se o tecido gorduroso subcutâneo. Abaixo deste tecido, encontra-se a camada muscular e posteriormente o conteúdo intestinal. Fatores nutricionais podem estar relacionados com a redução da gordura e volume abdominal na mulher, como dietas hipolipídicas , alimentação de reduzido índice glicêmico, isenção de alimentos potencializados de flatulência, entre outros. O diagnóstico poderá trazer subsídios para a realização de sugestões que visem à solução dos eventuais problemas encontrados. Tais informações, a médio e longo prazo, poderão refletir na melhoria dos hábitos alimentares e conseqüentemente na saúde e estética destas mulheres. Diante do exposto, o presente estudo buscará através de uma revisão bibliográfica a influência que a alimentação tem na gordura e volume abdominal em mulheres, fato o qual preocupa grande parte da sociedade do ponto de vista estético e de saúde.
  • 4. DESENVOLVIMENTO O abdômen é composto por conteúdo intestinal, líquido intersticial, músculos, gordura subcutânea (hipoderme) e camadas derme e epiderme da pele. A proeminência nesta região pode ser determinada por fatores que possam alterar um ou mais compartimentos. Dentre estes fatores destacam-se a dieta hipercalórica, dieta hiperlipídica, dieta rica em alimentos flatulentos capazes de distender o volume intestinal e consumo de alimentos com maior índice glicêmico. 1- Dieta hipercalórica e hiperglicídica No que diz respeito à qualidade da alimentação, está documentado que altos níveis de ingestão de gordura e calorias associam-se fortemente ao excesso de peso corporal, especialmente com aumento de tecido adiposo (MONTEIRO; RIETHER; BURINI, 2004, p.481). Segundo Morris & Zemel (1999), uma atenção especial tem sido dada aos carboidratos, visto que as taxas de doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade têm aumentado nos indivíduos com dietas ricas em energia na forma de carboidratos simples, comparados aos grãos integrais, devido ao fato de influenciarem no índice glicêmico (IG). Caso os carboidratos estejam em excesso ao que é necessário para as necessidades imediatas, a lipogênese (no fígado e no tecido adiposo) converte carboidratos a triacilglicerol. Esse triacilglicerol é estocado no tecido adiposo e usado quando há carência energética. O triacilglicerol é a melhor forma de estocar energia, porque contém mais do dobro das calorias do glicogênio e das proteínas (NUNES et al, 2005). A composição de nutrientes da dieta também regula a lipogênese no fígado e no tecido adiposo. O tipo de carboidrato também. Se só for fornecida frutose como carboidrato, há maior atividade das enzimas lipogênicas do que se for glicose. Ao contrário, a adição de gordura, principalmente ácidos graxos poliinsaturados, reduz. Um dilema na análise dos efeitos de um nutriente isolado é que não dá para mexer em um componente da dieta sem mexer com os outros (NUNES et al, 2005).
  • 5. Fujioka et al. (1991) estudando mulheres com obesidade visceral e subcutânea, demonstraram que dieta de baixa caloria levou a maior perda de gordura visceral do que de gordura subcutânea, o que foi mais evidente entre aquelas com obesidade visceral. Assim, a gordura intra-abdominal visceral tem maior facilidade de mobilização lipídica que a gordura subcutânea e tal mobilização acarretaram melhora concomitante da glicemia plasmática e metabolismo lipídico. 2- Dieta hiperlipídica A adoção de dietas hipolipídicas para redução da gordura corporal ainda não é consenso, visto que dietas com baixo teor de gordura tendem a ser compensadas com dietas ricas em carboidratos. Entretanto, há muitas evidências de que são muito efetivas na prevenção do ganho de gordura corporal. (PRENTICE AM. 1998) A diminuição da quantidade de lipídio da dieta geralmente leva a redução da ingestão da energia total e isso pode provocar perda da gordura corporal e mais especificamente redução da gordura visceral, o que sugere um efeito benéfico da redução da gordura da dieta por si só (LEMIEUX & DESPRÉS, 1994). Alimentos com alta razão lipídios/ carboidratos geralmente têm maior densidade energética do que alimentos ricos em carboidratos e, portanto, promovem maior hiperfagia passiva (consumo energético maior do que o gasto, sem que haja intenção de fazê-lo), com balanço energético positivo e ganho de peso em indivíduos susceptíveis (KIRK TR, 2000). Essa hiperfagia passiva ocorre principalmente porque as pessoas tendem a ingerir o mesmo volume de alimentos, independentemente de sua composição. Em dietas hiperlipídicas, mais calorias são consumidas passivamente (DREWNOWSKI A et al, 1992). Após uma refeição rica em lipídios, foi relatado um menor aumento dos triacilgliceróis plasmáticos e uma maior supressão dos ácidos graxos não esterificados e oxidação de lipídios, indicando depressão da lipólise e aumento dos estoques de lipídios corporais (RABEN & ASTRUP, 2000). Segundo Uyeda (2002), há indícios de que dietas hipolipídicas e hiperglicídicas estimulam consideravelmente a lipogênese, aumentando a expressão de enzimas lipogênicas. Outros benefícios da dieta hipolipídica para redução da gordura visceral são apontados por outros autores. Para Thiébaud (1983), o efeito térmico dos carboidratos no
  • 6. processo digestório é levemente mais alto do que o dos lipídios (6 a 8% da energia referente aos carboidratos contra 2 a 3% da referente aos lipídios). Para Astrup (2001), a gordura possui menor capacidade de promover auto-oxidação em razão do aumento de seu consumo. Kirk (2000), diz que o excesso de energia consumida na forma de lipídios é mais eficientemente armazenado na forma de gordura corporal do que excesso calórico equivalente na forma de carboidratos. Alguns autores, como Ornish, vão além e defendem que benefícios máximos para a saúde seriam atingidos com dietas contendo somente 10% de energia na forma de lipídios totais. (ORNISH, 1998). Não há consenso a respeito da capacidade que dietas ricas em carboidratos teriam na prevenção de obesidade. Ainda não é sabido, tampouco, quanto à substituição de gorduras por carboidratos pode trazer de benefícios e até que ponto se pode restringir a ingestão de lipídios, aumentando a ingestão de carboidratos, sem causar efeitos adversos (no perfil lipídico e na adiposidade corporal, por exemplo). Por outro lado, para Nunes et al (2005), dietas com muita gordura e pouco carboidrato inibem a síntese de AG. A quantidade e a composição dos macronutrientes da dieta, especialmente as gorduras e os carboidratos, regulam a taxa de síntese de AG. Após um jejum prolongado, uma dieta com muito carboidrato e pouca gordura é usada como paradigma para comprovar o aumento da lipogênese. Isto porque a substituição dos lipídios também tem sido relacionada à compensação da ingestão energética por outros nutrientes, principalmente carboidratos (NUNES et al, 2005). A principal crítica feita às recomendações para adoção de dietas hipolipídicas, portanto, é a de que estas encorajariam uma mudança alimentar para dietas muito ricas em carboidratos, os quais acabam sendo principalmente aqueles provenientes de alimentos processados e com alto índice glicêmico, que podem apresentar efeitos adversos graves à saúde, entre os quais estão: hipertrigliceridemia e diminuição na concentração plasmática de HDLcolesterol e aumento da adiposidade. (PARKS et al, 2001). Alguns autores ainda afirmam que dietas hiperglicídicas e hipolipídicas podem ser pouco eficazes para o controle do peso. Segundo eles, alguns indivíduos parecem ser mais propensos ao ganho de peso por meio de dietas hiperglicídicas do que por meio de dietas hiperlipídicas. Isso porque, nestes casos, ao substituir gorduras por carboidratos, escolhem- se carboidratos com alto índice glicêmico, geralmente processado, ao invés de carboidratos
  • 7. complexos, como os encontrados em grãos integrais, hortaliças e diversas frutas. Diminuindo-se o conteúdo de algum nutriente específico, altera-se toda a composição da dieta. Dietas hipolipídicas, contendo menos do que 30% do VET na forma de lipídios, são, freqüentemente, hiperglicídicas. 3- Dieta Rica em alimentos Flatulentos A flatulência, também responsável pela distensão abdominal e conseqüentemente aumento da proeminência desta região pode ser causada por alimentos que aumentam a formação de gases são: brócolis, couve-flor, repolho, nabo, cebola crua, rabanete, pepino, batata doce, pimentão verde cru, melão, abacate, melancia, ovo inteiro cozido ou frito, mariscos e ostras, grão de bico, feijão, lentilha e ervilha seca. Além dos alimentos com potencial de fermentação e distensão intestinal, o estado de constipação intestinal pode ser acompanhado por flatulência, sendo necessário o tratamento da constipação intestinal para eliminação deste sintoma (HOLGATE 2000, JENSEN et al 1998, JENKINS & ZWETCHKENBAUM 1998, PETITPIERRE et al 1995). A constipação pode ter as seguintes causas: hábitos e dietas, desordens funcionais e estruturais, anomalias neurológicas extra-intestinais, distúrbios psiquiátricos, doenças endócrinas ou metabólicas e iatrogênicas (FREITAS, 2002; FERREIRA, 2003) A mudança no estilo de vida, que inclui modificações na dieta, a maior atividade física, a ingestão de maior quantidade de líquidos, reeducação intestinal e o auxílio de preparados de "fibras vegetais" podem ser os componentes de terapêutica de sucesso para a maioria dos casos de constipação intestinal crônica (KAMM MA, 1989; CAMILLERI M et al, 1994). Alimentos como grãos de cereais e de leguminosas, particularmente a aveia, os feijões (Phaseolus) e a soja, além das farinhas integrais ou farelos de trigo e de arroz, constituem excelentes fontes de fibra alimentar, tanto em sua forma natural como processada. (HARTEMINK et al., 1997) Alimentos ou suplementos alimentícios contendo células vivas, que beneficiem a saúde humana ou de animais, passaram a ser chamados de probióticos. As principais linhagens de bactérias usadas nos probióticos são o Lactobacillus acidophilus e várias espécies de Bifidobacterium, por serem hóspedes naturais dos intestinos delgado e grosso, respectivamente. (HARTEMINK et al., 1997)
  • 8. As Bifdobactérias e Lactobacillus são importantes no tratamento da constipação intestinal. Existem vários estudos que comprovam os efeitos benéficos da ingestão de FOS. Esses açúcares não convencionais foram classificados como assistentes da flora amigável do trato intestinal, como Lactobacillus e Bifidobacteria. Eles melhoram o metabolismo de Bifidobacteria e diminuem o pH do intestino grosso, destruindo bactérias putrefativas. A ingestão diária desses carboidratos pode resultar num aumento de bifidobactérias no trato intestinal (HARTEMINK et al., 1997). Entre os diversos benefícios creditados aos produtos de laticínio probióticos incluem-se a estabilização da microflora intestinal, especialmente após severos problemas intestinais ou uso de antibióticos (SAVAGE, D.C,1997) e alívio da constipação ( Mc DONOUGH, F.E. et al, 1982) . Tem sido demonstrado que o consumo de 3 - 10 g de oligossacarídeos/dia, durante uma semana alivia a constipação. O efeito anti-constipação tem sido atribuído ao aumento da população de bactérias bífidas no intestino, acompanhado de uma elevação da concentração de ácidos graxos de cadeias curtas, que estimulam o peristaltismo intestinal (HIDEKA, H, 1986) (TOMOMATSU, H. 1994) 4- Alimentos com maior índice glicêmico Wolever et al. (1992) dizem que os alimentos podem ser classificados de acordo com a resposta glicêmica após ingestão (índice glicêmico), sendo que dieta composta por alimentos ou preparações com baixos índices glicêmicos apresenta efeitos benéficos na homeostase da glicose e insulina, quando comparada à dieta com maiores índices glicêmicos. Sabe-se que alimentos com alto conteúdo de açúcar, geralmente possuem alto índice glicêmico, enquanto aqueles ricos em carboidratos complexos e fibras, ao contrário, apresentam níveis menores do referido índice. Todos os tipos de carboidratos, ao serem digeridos, transformam-se em glicose, mas os seus efeitos fisiológicos não dependem exclusivamente do grau de polimerização, e sim, da capacidade de elevar a glicemia (POWELL et al, 2002). De maneira geral, os fatores que influenciam na resposta glicêmica são: a natureza do amido (amilose e amilopectina), a quantidade de monossacarídeos (frutose, galactose), a presença de fibras, a cocção ou o processamento, o tamanho das partículas, a presença de
  • 9. fatores antinutricionais (fitatos) e a proporção de macronutrientes (proteína e gordura) (POWELL et al, 2002). Podemos citar como alimentos de maior índice glicêmico (IG) o queijo, lanches sabor churrasco, batatas com sal, feijão preto, ervilha verde, bolo de milho, banana madura amarela, abacaxi, melancia, abóbora, beterraba, tapioca fervida com leite, aveia, panqueca, bolinho de trigo, baguete, pão de leite, risoto, sorvete sabor chocolate, leite condensado e outros (POWELL et al, 2002). Alguns autores constataram que as dietas de alto IG apresentam menor poder de saciedade, resultando em excessiva ingestão alimentar, favorecendo o aumento do peso corporal. Além disso, o consumo de tais dietas pode alterar o perfil lipídico e a secreção insulínica.Tem sido sugerido que tal ingestão aumenta a secreção de insulina, a qual é considerada como um fator de risco independente para o ganho de peso. O consumo de alimentos de alto IG parece desencadear uma seqüência de eventos hormonais, que limita a disponibilidade de combustível metabólico no período pós-prandial, levando à fome e à ingestão alimentar excessiva. ( LUDWING D.S. et al, 1999; JENKINS D.J.et al 2002; PAWLAK D.B. et al, 2001). Essas mudanças hormonais e metabólicas resultantes da ingestão de dietas hiperglicídicas com alto IG são a elevação da glicemia e hiperinsulinemia pós-prandiais, que levam ao rápido armazenamento de substratos na forma de gordura corporal e estimulam a fome e a hiperfagia .( BRAND-MILLER JC et al, 2002). Segundo os autores, a hiperinsulinemia e a hipoglucagonemia observadas após a ingestão de alimentos de alto IG tendem a acelerar o metabolismo muscular e hepático, reduzindo a produção de glicose hepática e suprimindo a lipólise. Desta forma, há diminuição dos níveis de glicose e ácidos graxos na circulação. Há, então, aumento dos níveis dos hormônios contra-regulatórios, provocando aumento da fome e da ingestão numa tentativa de restaurar a homeostase energética. Assim, a ingestão crônica de alimentos de alto IG tende a reduzir a oxidação dos nutrientes, fazendo com que os mesmos sejam estocados. (LUDWING D.S. et al, 1999; SPIETH L.E. et al, 2000) A partir de um estudo de revisão bibliográfica sobre os efeitos do índice glicêmico na manutenção ou ganho de peso, observa-se que 99% dos estudos em humanos
  • 10. comprovam uma menor sensação de saciedade e uma intensificação da fome em dietas de alto índice glicêmico (POWELL et al, 2002). Slabber e cols (1994), em um estudo com mulheres obesas, observaram uma perda de peso significantemente maior no grupo que seguiu dieta de baixo índice glicêmico (ambos os grupos com dietas hipocalóricas). Os alimentos de baixo índice glicêmico são mais ricos em fibras e uma das teorias atesta que as fibras – sobretudo as fibras solúveis – favorecem uma maior distensão gástrica, o que leva a uma maior secreção de colecistoquinina (CCK). Sendo assim, por outra via, os alimentos de baixo índice glicêmico novamente induzem a sensação de saciedade (POWELL et al, 2002). Sabe-se que dietas de alto IG aumentam a gordura visceral, e, portanto gordura na região abdominal. De maneira geral, deve-se estimular o consumo de vegetais, legumes, alimentos integrais e não refinados e limitar a ingestão de tubérculos, carboidratos refinados e açúcares simples. Como a composição da refeição – ou seja, a quantidade de fibras, proteínas e gorduras - interfere no índice glicêmico final, precisamos orientar refeições balanceadas, com a quantidade adequada de macro-nutrientes. As orientações e o fracionamento da dieta também são importantes (POWELL et al, 2002). Entretanto, até hoje não existem estudos clínicos de longa duração para que possamos comprovar o efeito de dietas de baixo índice glicêmico para regulação do peso corpóreo. Em contrapartida, existem muitas evidencias de que esta pode ser uma boa estratégia na dietoterapia. (POWELL et al, 2002). 5- Outros Fatores A influência de alguns fatores comportamentais sobre a distribuição da gordura abdominal também tem sido estudada. Entre eles, destacam-se a prática de exercícios físicos (Ross & Janssen, 1999), tabagismo, consumo de bebida alcoólica, retenção hídrica e má postura (Dallongeville et al., 1998), cujo efeito sobre a concentração de gordura e proeminência abdominal constitui assunto ainda pouco explorado. Além disso, a flacidez nas camadas derme e epiderme da pele proveniente de estiramento do tecido como no período gestacional e redução da sua elasticidade no envelhecimento fisiológico podem contribuir para o aumento da proeminência abdominal (KAPANDJI, 2000).
  • 11. Os benefícios da atividade física regular para a saúde estão bem estabelecidos. O exercício habitual tem papel importante na manutenção da saúde global e do bem-estar. Um aumento na taxa metabólica basal provocado pelo fumo tem sido sugerido como fator biológico atribuído ao ganho de peso (WHO, 1998), que poderia, talvez, implicar um aumento no consumo alimentar com a interrupção do vício. Porém, esse mecanismo não é claro e pouco consistente. Vários estudos têm demonstrado que o baixo gasto energético pode ser um importante fator que contribui para o excessivo ganho de peso, em indivíduos susceptíveis geneticamente, por meio da promoção de um balanço energético positivo (BRAY, 1992; PEUTER et al, 1992; ROBERTS, 1995). CONSIDERAÇÕES FINAIS A alimentação tem uma grande influência na gordura e volume abdominal em mulheres, fato o qual preocupa grande parte da sociedade. Verificaram-se também os fatores que estão relacionados com o aumento desta gordura, ou seja, dieta hipercalórica, dieta hiperlipídica, dieta rica em alimentos flatulentos capazes de distender o volume intestinal, consumo de alimentos com maior índice glicêmico, sedentarismo e flacidez de pele. Apesar das inúmeras recomendações existentes, ainda há muita controvérsia a respeito de qual seria a composição ideal da dieta para a população em geral, a fim de promover a saúde e evitar problemas tais como o aumento da adiposidade e dislipidemias. Enquanto os efeitos deletérios de dietas hiperlipídicas já estão bem estabelecidos, dietas ricas em carboidratos têm sido largamente recomendadas na tentativa de se diminuir o teor de gordura da dieta, partindo de recomendações de órgãos oficiais de saúde de diversos países, incluindo o Brasil (USDA, 2005; BRASIL. 2005; KRAUSS R.M, 2000) Estudos epidemiológicos têm demonstrado que, apesar de atacadas por alguns autores, dietas hipolipídicas e ricas em carboidratos e fibras apresentam maior capacidade
  • 12. de promover a longevidade e a qualidade de vida. Não são encontrados estudos que tenham descoberto associação positiva entre tais parâmetros e dietas ricas em lipídios. (WHO, 2003; DIEHR P, BERESFORD S.A, 2003) É importante lembrar que muitas das críticas feitas às recomendações de dietas hipolipídicas têm como base a pouca ênfase que se dá ao consumo de quantidades adequadas de fibras (na forma de grãos integrais e vegetais), de frutas e hortaliças, além da substituição de parte da gordura saturada por gorduras poli e monoinsaturadas. Mais esforços devem ser feitos no sentido de se instruir a população não só em relação às proporções de macronutrientes mais adequadas, mas, também, à qualidade dos mesmos. Embora grande parte das recomendações atuais já inclua tópicos neste sentido, ainda há muito que se avançar nesta área, tanto no âmbito da educação da população quanto em pesquisas aplicadas. Ressalta-se a importância do presente estudo, como forma de propor tratamento dietoterápico para o controle da gordura e proeminência abdominal em mulheres em geral, possibilitando intervenções que auxiliem na promoção de hábitos alimentares saudáveis para uma melhor redução de gordura abdominal. Desta forma, estudos referentes à gordura e proeminência abdominal são de grande importância considerando fatores estéticos e saúde. REFERÊNCIAS ASTRUP A. The role of dietary fat in the prevention and treatment of obesity. Efficacy and safety of low-fat diets. Int J Obes Relat Metab Disord 2001;25(suppl 1):S46-50. BRAY, G.A. Pathophysiology of obesity. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.55, n.2, p.488S-494S, 1992. Supplement. BRAND MILLER JC, HOLT SHA, PAWLAK DB, MC MILLAN J. Glycemic index and obesity. Am J Clin Nutr 2002;76(suppl):281S-5. BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 67. ACSM (American College of Sports Medicine). Benefícios e riscos associados aos exercícios. In: Teste de esforço e Prescrição de Exercício. 5ª ed. Rio de Janeiro: Revinter,
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