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Obesidade 1

Cabeçalho (Running head): PROMOÇÃO DA SAÚDE E OBESIDADE




        Psicoterapia comportamental e cognitiva na promoção da saúde:

                                   Intervenção na obesidade

                                     Carlos Alberto Q. Costa

                        Licenciado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica

          Mestrando em Terapias Comportamentais e Cognitivas da U. L. H. T.
                        Enfermeiro-Chefe do Hospital de Curry Cabral
                                             Julho de 2000




Correspondência e Pedido de Separatas: Carlos A. Costa enfermeirocarloscosta@clix.pt
Obesidade 2
Obesidade 3

                                          Resumo

A obesidade ocorre quando o imput de energia (calorias) é superior ao seu output, provocando

o armazenamento de gordura no adipócito, estando a aumentar a sua prevalência. Não sendo

uma perturbação psiquiátrica, ela é sobretudo uma doença provocada por comportamentos

desadequados onde interferem múltiplos factores como os genéticos, culturais e ambientais. A

obesidade é um importante problema de saúde pública por provocar um aumento da

morbilidade e da mortalidade na diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, nas

complicações cirúrgicas e em certas neoplasias. Deste modo, é necessário que os profissionais

de saúde apliquem programas eficazes na prevenção e tratamento da obesidade, sendo a

intervenção comportamental e cognitiva a mais adequada. São apresentadas algumas

estratégicas para ajudar os indivíduos a adoptar comportamentos e um "estilo de vida" que

conduzam a um controle adequado do peso.
Obesidade 4

  Psicoterapia comportamental e cognitiva na promoção da saúde: Intervenção na obesidade

       A obesidade é um grave problema de Saúde Pública com repercussões de milhões de

contos no orçamento da Saúde (Martins, 1998), por provocar uma morbilidade e uma

mortalidade acrescida em diversas patologias como na diabetes mellitus, na hipertensão, nas

dislipidémias, na apneia do sono, nas doenças cardiovasculares, nas complicações cirúrgicas,

no cancro da mama, do cólon, nas osteoartrites e outras (Weser & Young, 1983; Brownell &

O'Neil, 1993; Roberts & Koester, 1994/1998; Sarafino, 1998; Faucit et al., 1998). Polonsky

(1998) refere que aproximadamente 80% dos diabéticos não insulinodependentes são obesos,

sendo a obesidade o maior factor para a resistência à insulina. O povo Nauru, que vive numa

ilha do Pacífico, considera a obesidade como atractiva, sendo as mulheres obesas procuradas

para esposas. Este povo apresenta a maior taxa de diabetes do mundo (Morrison, 1997). Pode

então afirmar-se que a obesidade é a principal responsável por mais de metade dos diabéticos

não insulinodependentes.

       Apesar de poder estar associada a estados, situações ou perturbações ansiosas, a

obesidade não é considerada uma perturbação psiquiátrica nem psicológica (pelo que não está

incluída no DSM-IV), mas sim uma perturbação do comportamento, do estilo de vida, cuja

etiologia é multifactorial. Embora tenham sido identificados 20 genes, locais ou zonas

cromossómicas em cerca de 12 cromossomas (Bauchard, 1995), o aumento do número de

obesos em todos os países tem demonstrado que mais do que a vulnerabilidade genética, a

obesidade está dependente de padrões de comportamento alimentar associados a preconceitos

sociais e culturais e a estilos de vida. A genética dá uma predisposição, não uma

predeterminação. Albright e Stern (1995) referem que a população adulta americana, entre

1980 e 1991, ganharam um aumento médio de peso de 10 libras (4,536 Kilos), e Barreto et al.

(1996, citado em Portugal, situação social para quem gosta de números, 1999) referem, entre
Obesidade 5

1963 e 1992, que a capitação média diária sem consumo de bebidas alcoólicas, em Portugal,

passou de 2671 para 3443 Kcal.

       Ainda segundo Albright e Stern, estudos efectuados apontam para que, perante a

mesma quantidade de ingestão calórica, aquela que é feita em "grandes refeições" provoca

obesidade, não se passando o mesmo se esta for feita em "pequenas refeições". Estes factos

parecem estar de acordo com os resultados que afirmam que os gastos calóricos com a

digestão das refeições são maiores se estas forem em maior número e fraccionadas.

       Estudos efectuados por Danfort (1985, citado por Albright & Stern, 1995) concluíram

que os ganhos de peso são maiores com uma dieta rica em lípidos do que com uma dieta rica

em hidratos de carbono. Um consumo excessivo de cerca de 35.000 Kcal/m2, em três meses,

duma dieta rica em lípidos, provoca o mesmo aumento de peso do que consumo excessivo de

cerca de 120.000 Kcal/m2, em sete meses, duma dieta rica em hidratos de carbono, ou seja

cerca de 14 Kilos. Estes dados vêm confirmar as teorias que afirmam que o aumento da

obesidade, pelo menos nos chamados países desenvolvidos, está correlacionada com o

aumento do consumo de gorduras e com o aumento de refeições em fast-food's, onde se usa e

abusa da utilização de lípidos na sua confecção. Williamson (1995) indica uma prevalência de

obesos (20% acima do peso considerado adequado), nos Estados Unidos, de 24, 2% para os

homens e de 27,2% para as mulheres, o que perfaz cerca de 34 milhões de indivíduos.

       A acumulação de gordura no perímetro abdominal (obesidade andróide) é considerada

de pior prognóstico para o risco das doenças cardiovasculares, dislipidémias e hipertensão, do

que a acumulação de gordura nas ancas (obesidade ginóide) (Bjorntorp, 1995; Martins, 1998).

       A obesidade exógena, provocada por uma ingestão excessiva de calorias ou por um

gasto diminuído, relacionada com factores sociais, educacionais, ecológicos e dietéticos, é

maioritariamente superior à obesidade endógena, relacionada com alterações hipotalâmicas,

endocrinometabólicas, genéticas, neuropsicológicas e por acção farmacológica (Soares &
Obesidade 6

Martins, 1984; Torija, 1990), referindo Weser e Young (1983) que este segundo tipo não

contribui com mais do que dois por cento para o total de obesos.

       Do exposto, parecem não restar dúvidas de que se torna extremamente importante

proceder à elaboração de programas, da prevenção primária à prevenção terciária que
                                                                              ,

contribuam para a diminuição da incidência e da prevalência da obesidade.

       Antes de se passar à intervenção comportamental e cognitiva a nível da prevenção e

tratamento da obesidade, far-se-á uma breve revisão sobre os mecanismos neurofisiológicos

que controlam a ingestão alimentar e o peso.



                  Controle Neurofisiológico da Ingestão Calórica e do Peso

       Actualmente a obesidade é definida a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) e é

representada pela fórmula:             Peso (em      Kilos)
                             IMC =
                                        Altura2 (em Metros)

       Os valores normais oscilam entre os 20 e os 25, sendo considerado excesso de peso

quando os valores se encontram entre os 25 e os 30 e obesidade quando é superior a este valor

(Conduit, 1995). Quando o valor é superior a 40 (aumento de peso em cerca de 100%),

considera-se super obesidade ou obesidade mórbida. Para os manuais americanos, o que pode

gerar alguma confusão, excesso de peso é apenas considerado a partir de 27 Kg/m2 (Fauci et

al., 1998).

       São diversas as estruturas que estão relacionadas com o controle da ingestão alimentar:

a amígdala, que parece estar relacionada com a selecção do tipo e qualidade de alimento, as

áreas corticais do sistema limbíco e o hipotâlamo. Este último, apresenta o núcleo do apetite

na sua região lateral e da sacidade no núcleo ventromedial. A estimulação dum ou lesão do

outro, provoca respectivamente ingestão voraz ou recusa alimentar, mesmo perante comida

altamente apetitosa (Guyton, 1976/1977).
Obesidade 7

       Estas estruturas são reguladas por retrofeed-back pela passagem dos alimentos pela

boca, pelo hábito da ingestão alimentar, pela distensão gastrointestinal, principalmente a nível

do estômago, pela colecistetoquinina, pelo neuropeptído y, pela leptina, entre outros (Guyton,

1976/1977; Blundell, 1995; Martins, 1998). Cerca de 1/3 dos indivíduos sujeitos a stress

hiperalimenta-se tendo um consumo excessivo de certos produtos como o chocolate; parece

ser o aumento da betaendorfina provocada pela ingestão de alimentos em geral, e do chocolate

em particular, a responsável por este comportamento que provoca prazer (Martins, 1998).

       Uma das principais razões para a obesidade parece estar relacionada com a

hiperalimentação e/ou regras alimentares desadequadas da infância até ao início da

adolescência (Guyton, 1976/1977; Safiro, 1998). "O número de células adiposas no

organismo adulto é determinado quase inteiramente pela quantidade de gordura armazenada

no início da vida....Depois, o número de células adiposas permanece quase identicamente o

mesmo por toda a vida" (Guyton, 1976/1977, p. 859). Estes dados explicam porque é que são

raros os casos de obesidade em adulto, de crianças de peso normal; enquanto que 14% dos

obesos infantis e 70% dos obesos no início da adolescência se tornam obesos em adultos

(Safiro, 1998).

       Guyton (1976/1977) refere que o excesso de aporte calórico se dá principalmente no

desenvolvimento da obesidade, sendo que posteriormente os obesos não ingerem mais

calorias que os restantes indivíduos. Não refere no entanto, se os obesos continuam a ingerir

mais calorias de origem lipídica que os restantes indivíduos. No entanto, Solá (1992) num

estudo efectuado em 72 doentes obesos encontrou 53% de indivíduos cujo aporte dietético em

calorias lipídicas oscilava entre os 40 e os 70% da percentagem total de calorias.

       Encontram-se referidos vários casos de "binge eating" (perturbação de ingestão

compulsiva) no seguimento de dietas hipocalóricas com perca de peso, mas dissociadas de

qualquer outra intervenção (APA, 1994/1996; Marcus, 1995).
Obesidade 8

       Apesar da controvérsia, parece ser evidente a existência do "set point" (Guyton,

1976/1977; Roberts & Koester, 1998). Os seus níveis homeostáticos podem estar relacionados

com hábitos alimentares e com a quantidade de tecido adiposo. Sabe-se que a terapia

comportamental e cognitiva e a aprendizagem produzem alterações a nível fisiológico; é então

de esperar que o set point possa diminuir com esta intervenção.



                    Tratamento Comportamental e Cognitivo da Obesidade

Agras e Berkowitz (1988/1992) referem um estudo onde no follow-up de uma dieta de 12

semanas de baixíssimas calorias, se encontrou um ganho de peso menor em doentes cuja dieta

foi associada a terapia comportamental e cognitiva (TCC). Craighead et al. (1981, citado por

Agras e Berkowitz, 1988/1992) procederam a um estudo onde o tratamento farmacológico e

TCC foi mais eficaz na quantidade de perca de peso do que o tratamento só com TCC. No

entanto, no follow-up a um ano o grupo de tratamento combinado tinha menor perca de peso

do que o grupo que utilizou exclusivamente a TCC.

       Estes resultados, assim como os diversos estudos citados por Safiro (1998), parecem

demonstrar a grande utilidade e validade da TCC no tratamento da obesidade. Esta técnica

preenche os quatro critérios apontados por Albuquerque (1997) como obrigatórios para

avaliar qualquer intervenção terapêutica: durabilidade da mudança obtida, facilidade de

implementação e difusão, clareza científica do valor e boa relação custo-eficácia.

       Brownell e Wadden (1992, citado por Brownell e O’Neil, 1993) referem que apesar da

TCC Ter, duma forma geral, melhores resultados que outras psicoterapias ou formas de

tratamento,, haverá sempre alguns doentes que beneficiarão com uma intervenção diferente.

       Brownell e O’Neil (1993) enumeram uma extensa lista de tipos de programas que

podem ser propostos aos doentes. No entanto, a filosofia do sistema de saúde e as

características dos doentes portugueses levam a aconselhar, pelo menos numa fase de
Obesidade 9

consolidação inicial, que programas de TCC na obesidade estejam ligados a instituições

hospitalares ou centros de saúde, até porque Soares e Martins (1984) e Martins (1998) referem

diversos estudos que apontam a prevalência da obesidade até seis vezes superior nos

indivíduos de menores condições económicas.

       A equipa terapêutica pode variar de acordo com a formação e conhecimentos

individuais de cada técnico sendo na sua forma completa composta por: endocrinologista e

psiquiatra com formação em medicina comportamental, psicólogo e enfermeiro com formação

em TCC, dietista e professor de educação física. A figura do conselheiro, muito utilizada em

certos programas de intervenção nas adições e também em programas para tratar a obesidade

nos Estados Unidos, não traz qualquer valor acrescentado à equipa, podendo mesmo ser

prejudicial. Já se torna útil a intervenção de ex-obesos, sob a orientação dum técnico, como

forma de darem o seu testemunho do sucesso e das dificuldades e sentimentos que

ultrapassaram. Ao contrário do que certos interesses e grupos tentam difundir, o ser-se ex-

doente e ser útil a sua participação num dado momento da terapia, não lhe confere

competências para intervir como terapeuta.

       A TCC na obesidade visa dois objectivos: A redução do peso e a manutenção do novo

peso. Para tal, utiliza diversas técnicas que têm como meta não só a perca de peso, mas

fundamentalmente alterações no comportamento alimentar e outros comportamentos

associados à ingestão de alimentos através da adopção dum estilo de vida mais saudável

(Stuart, 1980, citado por Soares & Martins, 1984).



                              O Tratamento Focado na Redução do Peso

       De acordo com os autores, a TCC na obesidade, assim como noutras patologias, pode

ter algumas variações à volta dum tronco comum do ponto de vista teórico e metedológico. O

presente trabalho citará as mais comunentes referidas na literatura.
Obesidade 10

       O tratamento da obesidade através da TCC inicia-se com uma adequada avaliação do

doente. “Embora a maior parte da avaliação ocorra nas sessões iniciais, o processo de

avaliação continua durante todo o tratamento” (Kirk, 1986/1997 p.20). Uma das condições de

sucesso para a terapia é a variável terapêutica. O doente necessita de sentir que se estabelece

uma relação empática de forma a estar seguro para revelar todas as informações importantes,

e muitas vezes perturbadoras que os constrangem e culpam (Kirk, 1989/1997).

       Por outro lado, é necessário ir educando o doente sobre o modelo, referindo que ele

assenta numa base de auto-ajuda, sendo o papel do terapeuta o de auxiliar o doente a

desenvolver e utilizar competências para ultrapassar os problemas presentes e futuros

relacionados com a patologia (Clark, 1989/1998).

       A análise da obesidade e dificuldades em perder peso deve ser vista em função dos

factores que podem aumentar ou diminuir os comportamentos, assim como dos que mantêm o

problema. Pode utilizar-se o modelo SORC (Stimulus, Organism, response, consequences)

proposto por Goldfriend e Sprafkin (1976, citado por Gonçalves, 1993); o modelo ABC

(Antecedents, Behaviours and Beliefs, Consequences) porposto por O’Leary e Wilson (1975,

citado por Clark, 1986/1998) ou o modelo ABC (Antecedents, Behaviour, consequences)

proposto por Sobell e Sobell (1981, citado por Conduit, 1995).

       Estes três modelos apresentam mais semelhanças do que diferenças e pretendem

avaliar em que contextos é que os comportamentos, cognições e emoções são emitidas; as

variáveis genéticas, fisiológicas e aprendizagens passadas (incluindo as sociais), como

factores predisponentes; os factores interpessoais, cognitivos, afectivos, situacionais e outros

responsáveis pela modulação e manutenção da resposta, como as consequências imediatas

positivas.
Obesidade 11

       O terapeuta deve ter em conta que a característica diagnóstica fornece indicações

gerais sobre o tratamento, mas que este tem que ser adaptado a cada um de acordo com a

avaliação efectuada (Clark, 1989/1998).

       Após a avaliação, o terapeuta deve confrontar as expectativas do doente com a

realidade. Percas de peso demasiado irrealistas ou em tempos demasiado curtos podem

desmotivar o doente e levá-lo a abandonar a terapia.



             Abordagem Comportamental e Cognitiva na Prevenção da Obesidade

Como já se referiu, a obesidade tem o seu início preferencialmente na infância e início da

adolescência. Deste modo é fundamental que a TCC, a nível da prevenção primária, se inicie

precocemente.

       O primeiro alvo deverá ser a quebra dos factores a que Martins (1998) apelida de

hereditariedade da panela. Através da escola deve informar-se os jovens dos riscos da

obesidade, de que fast-food = fat food, das concepções erróneas acerca das grandes refeições,

dos benefícios do exercício e das vantagens do consumo de alimentos mais saudáveis. Safiro

(1998) refere vários estudos onde a promoção destes programas nas escolas têm tido

resultados muito satisfatórios, passando as crianças a procurar e a escolher uma alimentação

mais saudável. Ainda segundo o mesmo autor, estes programas têm maior sucesso quando são

elaborados e executados com a participação dos pais ou encarregados de educação.

       O sucesso destes programas pode ser maximizado se às crianças e pais envolvidos

forem dados reforços positivos.
Obesidade 12

                                           Referências

         Agras, W. S., & Berkowitz, R. (1992). Terapia comportamental. In J. A. Talbott, R. E.

Hales, & S. C. Yudofsky (Eds.). Tratado de Psiquiatria (M. M. Goulart, D. Baptista, Trad.)

(pp. 663-673). Porto Alegre: Artes Médicas. (Obra original publicada em 1988).

         Albuquerque, A. (1997, Abril). Algumas questões actuais em terapia do

comportamento. Comunicação apresentada no V Latini Dies, Estoril, Portugal.

         Albright, A. N., & Stern, J. S. (1995). Energy intake and body weight. In K. D.

Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook

(pp. 27-31). New York: The Guilford Press.

         American Psychiactric Association. (1996). DSM - IV, Manual de diagnóstico e

estatística das perturbações mentais (4ª ed.) (A. Baptista, A. P. Vieira, L. C. Pestana, P.

Casquinha, P. Levy, & P. Varandas, Trad.). Lisboa: Climepsi Editores. (Obra original

publicada em 1994).

         Bjorntorp, P. (1995). The importance of body fat distribution. In K. D. Brownell & C.

G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 445-449).

New York: The Guilford Press.

         Blundell, J. E. (1995). The psychobiological approach to apetite and weight control. In

K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive

handbook (pp. 13-20). New York: The Guilford Press.

         Bouchard, C. (1995). Genetic influences on body wight and shape. In K. D. Brownell

& C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 21-

26). New York: The Guilford Press.

         Brownell, K. D., & O'Neil, P. M. (1993). Obesity. In D. H. Barlow (Ed.). Clinical

Handbook of psychological disorders (2th ed.) (pp. 318-361). New York: The Guildford

Press.
Obesidade 13

         Conduit, E. (1995). The body under stress, developing skills for keeping healthy.

Hove: Lawrence Erlbaun Associates, Ltd.

         Fauci, A. S. et al. (1998). Harrison's, principles of internal medicine: Companion

handbook (14th ed.). New York: McGraw-Hill.

         Guyton, A. C. (1977). Tratado de fisiologia médica (J. P. Campos, L. F. Macedo, R.

D. Leibinger, T. P. Lacerda, & W. Savino, Trad.). Rio Janeiro: Editora Interamericana, Ltda.

(Obra original publicada em 1976).

         Marcus, M. D. (1995). Binge eating and obesity. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn

(Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 441-444). New York:

The Guilford Press.

         Martins, A. S. (1998, Março). Medicina comportamental. Comunicação apresentada

no Curso de Formação em Terapia do Comportamento, Lisboa, Portugal.

         Morrison, M. (1997). Fundation of mental health nursing. St. Louis: Mosby-Year

Book, Inc.

         Polonsky, W. H. (1998). Psychosocial issues in diabetes mellitus. In R. J. Gatchel & E.

B. Blanchard (Eds.). Psychophysiological disorders: Research and clinical applications (3th

ed.) (pp. 357-381). Washington, DC: American Psychological Association.

         Portugal, situação social para quem gosta de números (1999). Revista Sinais Vitais,

23, 6.

         Roberts, B. W., & Koester, P. W. (1998). Satisfação das necessidades nutricionais. In

V. B. Bolander (Eds.). Enfermagem Fundamental de Sorensen e Luckmann: Abordagem

psicofisiológica. (M. T. Leal et al., Trad.) (pp. 1269-1358). Lisboa: Lusodidacta. (Obra

original publicada em 1994).

         Sarafino, E. P. (1998). Health psychology, biopsychosocial interations (3ª ed.). New

York: Jonh Wiley & Sons, Inc.
Obesidade 14

       Soares, C., & Martins, A. S. (1984). A terapia comportamental na obesidade.

Comunicação apresentada no III Encontro Nacional de Psicoterapia Comportamental, Lisboa,

Portugal.

       Solá, M. M. (1992). Consulta de enfermería en dietética y nutrición (I). Revista de

Enfermería ROL, 164, 71-74.

       Torija, M. C. (1990). Seguimiento de obesos en consulta de enfermería, protocolo de

actuación. Revista de Enfermería ROL, 138, 63-68.

       Weser, E., & Young, E. (1983). Nutricion and internal medicine. In J. H. Stein (Ed.).

Internal medicine (pp. 254-274). Boston: Little, Brown and Company.

       Williamson, D. F. (1995). Prevalence and demographics of obesity. In K. D. Brownell

& C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp.

391-395). New York: The Guilford Press.

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Psicoterapia comportamental e cognitiva na promoção da saúde:

  • 1. Obesidade 1 Cabeçalho (Running head): PROMOÇÃO DA SAÚDE E OBESIDADE Psicoterapia comportamental e cognitiva na promoção da saúde: Intervenção na obesidade Carlos Alberto Q. Costa Licenciado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica Mestrando em Terapias Comportamentais e Cognitivas da U. L. H. T. Enfermeiro-Chefe do Hospital de Curry Cabral Julho de 2000 Correspondência e Pedido de Separatas: Carlos A. Costa enfermeirocarloscosta@clix.pt
  • 3. Obesidade 3 Resumo A obesidade ocorre quando o imput de energia (calorias) é superior ao seu output, provocando o armazenamento de gordura no adipócito, estando a aumentar a sua prevalência. Não sendo uma perturbação psiquiátrica, ela é sobretudo uma doença provocada por comportamentos desadequados onde interferem múltiplos factores como os genéticos, culturais e ambientais. A obesidade é um importante problema de saúde pública por provocar um aumento da morbilidade e da mortalidade na diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, nas complicações cirúrgicas e em certas neoplasias. Deste modo, é necessário que os profissionais de saúde apliquem programas eficazes na prevenção e tratamento da obesidade, sendo a intervenção comportamental e cognitiva a mais adequada. São apresentadas algumas estratégicas para ajudar os indivíduos a adoptar comportamentos e um "estilo de vida" que conduzam a um controle adequado do peso.
  • 4. Obesidade 4 Psicoterapia comportamental e cognitiva na promoção da saúde: Intervenção na obesidade A obesidade é um grave problema de Saúde Pública com repercussões de milhões de contos no orçamento da Saúde (Martins, 1998), por provocar uma morbilidade e uma mortalidade acrescida em diversas patologias como na diabetes mellitus, na hipertensão, nas dislipidémias, na apneia do sono, nas doenças cardiovasculares, nas complicações cirúrgicas, no cancro da mama, do cólon, nas osteoartrites e outras (Weser & Young, 1983; Brownell & O'Neil, 1993; Roberts & Koester, 1994/1998; Sarafino, 1998; Faucit et al., 1998). Polonsky (1998) refere que aproximadamente 80% dos diabéticos não insulinodependentes são obesos, sendo a obesidade o maior factor para a resistência à insulina. O povo Nauru, que vive numa ilha do Pacífico, considera a obesidade como atractiva, sendo as mulheres obesas procuradas para esposas. Este povo apresenta a maior taxa de diabetes do mundo (Morrison, 1997). Pode então afirmar-se que a obesidade é a principal responsável por mais de metade dos diabéticos não insulinodependentes. Apesar de poder estar associada a estados, situações ou perturbações ansiosas, a obesidade não é considerada uma perturbação psiquiátrica nem psicológica (pelo que não está incluída no DSM-IV), mas sim uma perturbação do comportamento, do estilo de vida, cuja etiologia é multifactorial. Embora tenham sido identificados 20 genes, locais ou zonas cromossómicas em cerca de 12 cromossomas (Bauchard, 1995), o aumento do número de obesos em todos os países tem demonstrado que mais do que a vulnerabilidade genética, a obesidade está dependente de padrões de comportamento alimentar associados a preconceitos sociais e culturais e a estilos de vida. A genética dá uma predisposição, não uma predeterminação. Albright e Stern (1995) referem que a população adulta americana, entre 1980 e 1991, ganharam um aumento médio de peso de 10 libras (4,536 Kilos), e Barreto et al. (1996, citado em Portugal, situação social para quem gosta de números, 1999) referem, entre
  • 5. Obesidade 5 1963 e 1992, que a capitação média diária sem consumo de bebidas alcoólicas, em Portugal, passou de 2671 para 3443 Kcal. Ainda segundo Albright e Stern, estudos efectuados apontam para que, perante a mesma quantidade de ingestão calórica, aquela que é feita em "grandes refeições" provoca obesidade, não se passando o mesmo se esta for feita em "pequenas refeições". Estes factos parecem estar de acordo com os resultados que afirmam que os gastos calóricos com a digestão das refeições são maiores se estas forem em maior número e fraccionadas. Estudos efectuados por Danfort (1985, citado por Albright & Stern, 1995) concluíram que os ganhos de peso são maiores com uma dieta rica em lípidos do que com uma dieta rica em hidratos de carbono. Um consumo excessivo de cerca de 35.000 Kcal/m2, em três meses, duma dieta rica em lípidos, provoca o mesmo aumento de peso do que consumo excessivo de cerca de 120.000 Kcal/m2, em sete meses, duma dieta rica em hidratos de carbono, ou seja cerca de 14 Kilos. Estes dados vêm confirmar as teorias que afirmam que o aumento da obesidade, pelo menos nos chamados países desenvolvidos, está correlacionada com o aumento do consumo de gorduras e com o aumento de refeições em fast-food's, onde se usa e abusa da utilização de lípidos na sua confecção. Williamson (1995) indica uma prevalência de obesos (20% acima do peso considerado adequado), nos Estados Unidos, de 24, 2% para os homens e de 27,2% para as mulheres, o que perfaz cerca de 34 milhões de indivíduos. A acumulação de gordura no perímetro abdominal (obesidade andróide) é considerada de pior prognóstico para o risco das doenças cardiovasculares, dislipidémias e hipertensão, do que a acumulação de gordura nas ancas (obesidade ginóide) (Bjorntorp, 1995; Martins, 1998). A obesidade exógena, provocada por uma ingestão excessiva de calorias ou por um gasto diminuído, relacionada com factores sociais, educacionais, ecológicos e dietéticos, é maioritariamente superior à obesidade endógena, relacionada com alterações hipotalâmicas, endocrinometabólicas, genéticas, neuropsicológicas e por acção farmacológica (Soares &
  • 6. Obesidade 6 Martins, 1984; Torija, 1990), referindo Weser e Young (1983) que este segundo tipo não contribui com mais do que dois por cento para o total de obesos. Do exposto, parecem não restar dúvidas de que se torna extremamente importante proceder à elaboração de programas, da prevenção primária à prevenção terciária que , contribuam para a diminuição da incidência e da prevalência da obesidade. Antes de se passar à intervenção comportamental e cognitiva a nível da prevenção e tratamento da obesidade, far-se-á uma breve revisão sobre os mecanismos neurofisiológicos que controlam a ingestão alimentar e o peso. Controle Neurofisiológico da Ingestão Calórica e do Peso Actualmente a obesidade é definida a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) e é representada pela fórmula: Peso (em Kilos) IMC = Altura2 (em Metros) Os valores normais oscilam entre os 20 e os 25, sendo considerado excesso de peso quando os valores se encontram entre os 25 e os 30 e obesidade quando é superior a este valor (Conduit, 1995). Quando o valor é superior a 40 (aumento de peso em cerca de 100%), considera-se super obesidade ou obesidade mórbida. Para os manuais americanos, o que pode gerar alguma confusão, excesso de peso é apenas considerado a partir de 27 Kg/m2 (Fauci et al., 1998). São diversas as estruturas que estão relacionadas com o controle da ingestão alimentar: a amígdala, que parece estar relacionada com a selecção do tipo e qualidade de alimento, as áreas corticais do sistema limbíco e o hipotâlamo. Este último, apresenta o núcleo do apetite na sua região lateral e da sacidade no núcleo ventromedial. A estimulação dum ou lesão do outro, provoca respectivamente ingestão voraz ou recusa alimentar, mesmo perante comida altamente apetitosa (Guyton, 1976/1977).
  • 7. Obesidade 7 Estas estruturas são reguladas por retrofeed-back pela passagem dos alimentos pela boca, pelo hábito da ingestão alimentar, pela distensão gastrointestinal, principalmente a nível do estômago, pela colecistetoquinina, pelo neuropeptído y, pela leptina, entre outros (Guyton, 1976/1977; Blundell, 1995; Martins, 1998). Cerca de 1/3 dos indivíduos sujeitos a stress hiperalimenta-se tendo um consumo excessivo de certos produtos como o chocolate; parece ser o aumento da betaendorfina provocada pela ingestão de alimentos em geral, e do chocolate em particular, a responsável por este comportamento que provoca prazer (Martins, 1998). Uma das principais razões para a obesidade parece estar relacionada com a hiperalimentação e/ou regras alimentares desadequadas da infância até ao início da adolescência (Guyton, 1976/1977; Safiro, 1998). "O número de células adiposas no organismo adulto é determinado quase inteiramente pela quantidade de gordura armazenada no início da vida....Depois, o número de células adiposas permanece quase identicamente o mesmo por toda a vida" (Guyton, 1976/1977, p. 859). Estes dados explicam porque é que são raros os casos de obesidade em adulto, de crianças de peso normal; enquanto que 14% dos obesos infantis e 70% dos obesos no início da adolescência se tornam obesos em adultos (Safiro, 1998). Guyton (1976/1977) refere que o excesso de aporte calórico se dá principalmente no desenvolvimento da obesidade, sendo que posteriormente os obesos não ingerem mais calorias que os restantes indivíduos. Não refere no entanto, se os obesos continuam a ingerir mais calorias de origem lipídica que os restantes indivíduos. No entanto, Solá (1992) num estudo efectuado em 72 doentes obesos encontrou 53% de indivíduos cujo aporte dietético em calorias lipídicas oscilava entre os 40 e os 70% da percentagem total de calorias. Encontram-se referidos vários casos de "binge eating" (perturbação de ingestão compulsiva) no seguimento de dietas hipocalóricas com perca de peso, mas dissociadas de qualquer outra intervenção (APA, 1994/1996; Marcus, 1995).
  • 8. Obesidade 8 Apesar da controvérsia, parece ser evidente a existência do "set point" (Guyton, 1976/1977; Roberts & Koester, 1998). Os seus níveis homeostáticos podem estar relacionados com hábitos alimentares e com a quantidade de tecido adiposo. Sabe-se que a terapia comportamental e cognitiva e a aprendizagem produzem alterações a nível fisiológico; é então de esperar que o set point possa diminuir com esta intervenção. Tratamento Comportamental e Cognitivo da Obesidade Agras e Berkowitz (1988/1992) referem um estudo onde no follow-up de uma dieta de 12 semanas de baixíssimas calorias, se encontrou um ganho de peso menor em doentes cuja dieta foi associada a terapia comportamental e cognitiva (TCC). Craighead et al. (1981, citado por Agras e Berkowitz, 1988/1992) procederam a um estudo onde o tratamento farmacológico e TCC foi mais eficaz na quantidade de perca de peso do que o tratamento só com TCC. No entanto, no follow-up a um ano o grupo de tratamento combinado tinha menor perca de peso do que o grupo que utilizou exclusivamente a TCC. Estes resultados, assim como os diversos estudos citados por Safiro (1998), parecem demonstrar a grande utilidade e validade da TCC no tratamento da obesidade. Esta técnica preenche os quatro critérios apontados por Albuquerque (1997) como obrigatórios para avaliar qualquer intervenção terapêutica: durabilidade da mudança obtida, facilidade de implementação e difusão, clareza científica do valor e boa relação custo-eficácia. Brownell e Wadden (1992, citado por Brownell e O’Neil, 1993) referem que apesar da TCC Ter, duma forma geral, melhores resultados que outras psicoterapias ou formas de tratamento,, haverá sempre alguns doentes que beneficiarão com uma intervenção diferente. Brownell e O’Neil (1993) enumeram uma extensa lista de tipos de programas que podem ser propostos aos doentes. No entanto, a filosofia do sistema de saúde e as características dos doentes portugueses levam a aconselhar, pelo menos numa fase de
  • 9. Obesidade 9 consolidação inicial, que programas de TCC na obesidade estejam ligados a instituições hospitalares ou centros de saúde, até porque Soares e Martins (1984) e Martins (1998) referem diversos estudos que apontam a prevalência da obesidade até seis vezes superior nos indivíduos de menores condições económicas. A equipa terapêutica pode variar de acordo com a formação e conhecimentos individuais de cada técnico sendo na sua forma completa composta por: endocrinologista e psiquiatra com formação em medicina comportamental, psicólogo e enfermeiro com formação em TCC, dietista e professor de educação física. A figura do conselheiro, muito utilizada em certos programas de intervenção nas adições e também em programas para tratar a obesidade nos Estados Unidos, não traz qualquer valor acrescentado à equipa, podendo mesmo ser prejudicial. Já se torna útil a intervenção de ex-obesos, sob a orientação dum técnico, como forma de darem o seu testemunho do sucesso e das dificuldades e sentimentos que ultrapassaram. Ao contrário do que certos interesses e grupos tentam difundir, o ser-se ex- doente e ser útil a sua participação num dado momento da terapia, não lhe confere competências para intervir como terapeuta. A TCC na obesidade visa dois objectivos: A redução do peso e a manutenção do novo peso. Para tal, utiliza diversas técnicas que têm como meta não só a perca de peso, mas fundamentalmente alterações no comportamento alimentar e outros comportamentos associados à ingestão de alimentos através da adopção dum estilo de vida mais saudável (Stuart, 1980, citado por Soares & Martins, 1984). O Tratamento Focado na Redução do Peso De acordo com os autores, a TCC na obesidade, assim como noutras patologias, pode ter algumas variações à volta dum tronco comum do ponto de vista teórico e metedológico. O presente trabalho citará as mais comunentes referidas na literatura.
  • 10. Obesidade 10 O tratamento da obesidade através da TCC inicia-se com uma adequada avaliação do doente. “Embora a maior parte da avaliação ocorra nas sessões iniciais, o processo de avaliação continua durante todo o tratamento” (Kirk, 1986/1997 p.20). Uma das condições de sucesso para a terapia é a variável terapêutica. O doente necessita de sentir que se estabelece uma relação empática de forma a estar seguro para revelar todas as informações importantes, e muitas vezes perturbadoras que os constrangem e culpam (Kirk, 1989/1997). Por outro lado, é necessário ir educando o doente sobre o modelo, referindo que ele assenta numa base de auto-ajuda, sendo o papel do terapeuta o de auxiliar o doente a desenvolver e utilizar competências para ultrapassar os problemas presentes e futuros relacionados com a patologia (Clark, 1989/1998). A análise da obesidade e dificuldades em perder peso deve ser vista em função dos factores que podem aumentar ou diminuir os comportamentos, assim como dos que mantêm o problema. Pode utilizar-se o modelo SORC (Stimulus, Organism, response, consequences) proposto por Goldfriend e Sprafkin (1976, citado por Gonçalves, 1993); o modelo ABC (Antecedents, Behaviours and Beliefs, Consequences) porposto por O’Leary e Wilson (1975, citado por Clark, 1986/1998) ou o modelo ABC (Antecedents, Behaviour, consequences) proposto por Sobell e Sobell (1981, citado por Conduit, 1995). Estes três modelos apresentam mais semelhanças do que diferenças e pretendem avaliar em que contextos é que os comportamentos, cognições e emoções são emitidas; as variáveis genéticas, fisiológicas e aprendizagens passadas (incluindo as sociais), como factores predisponentes; os factores interpessoais, cognitivos, afectivos, situacionais e outros responsáveis pela modulação e manutenção da resposta, como as consequências imediatas positivas.
  • 11. Obesidade 11 O terapeuta deve ter em conta que a característica diagnóstica fornece indicações gerais sobre o tratamento, mas que este tem que ser adaptado a cada um de acordo com a avaliação efectuada (Clark, 1989/1998). Após a avaliação, o terapeuta deve confrontar as expectativas do doente com a realidade. Percas de peso demasiado irrealistas ou em tempos demasiado curtos podem desmotivar o doente e levá-lo a abandonar a terapia. Abordagem Comportamental e Cognitiva na Prevenção da Obesidade Como já se referiu, a obesidade tem o seu início preferencialmente na infância e início da adolescência. Deste modo é fundamental que a TCC, a nível da prevenção primária, se inicie precocemente. O primeiro alvo deverá ser a quebra dos factores a que Martins (1998) apelida de hereditariedade da panela. Através da escola deve informar-se os jovens dos riscos da obesidade, de que fast-food = fat food, das concepções erróneas acerca das grandes refeições, dos benefícios do exercício e das vantagens do consumo de alimentos mais saudáveis. Safiro (1998) refere vários estudos onde a promoção destes programas nas escolas têm tido resultados muito satisfatórios, passando as crianças a procurar e a escolher uma alimentação mais saudável. Ainda segundo o mesmo autor, estes programas têm maior sucesso quando são elaborados e executados com a participação dos pais ou encarregados de educação. O sucesso destes programas pode ser maximizado se às crianças e pais envolvidos forem dados reforços positivos.
  • 12. Obesidade 12 Referências Agras, W. S., & Berkowitz, R. (1992). Terapia comportamental. In J. A. Talbott, R. E. Hales, & S. C. Yudofsky (Eds.). Tratado de Psiquiatria (M. M. Goulart, D. Baptista, Trad.) (pp. 663-673). Porto Alegre: Artes Médicas. (Obra original publicada em 1988). Albuquerque, A. (1997, Abril). Algumas questões actuais em terapia do comportamento. Comunicação apresentada no V Latini Dies, Estoril, Portugal. Albright, A. N., & Stern, J. S. (1995). Energy intake and body weight. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 27-31). New York: The Guilford Press. American Psychiactric Association. (1996). DSM - IV, Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (4ª ed.) (A. Baptista, A. P. Vieira, L. C. Pestana, P. Casquinha, P. Levy, & P. Varandas, Trad.). Lisboa: Climepsi Editores. (Obra original publicada em 1994). Bjorntorp, P. (1995). The importance of body fat distribution. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 445-449). New York: The Guilford Press. Blundell, J. E. (1995). The psychobiological approach to apetite and weight control. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 13-20). New York: The Guilford Press. Bouchard, C. (1995). Genetic influences on body wight and shape. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 21- 26). New York: The Guilford Press. Brownell, K. D., & O'Neil, P. M. (1993). Obesity. In D. H. Barlow (Ed.). Clinical Handbook of psychological disorders (2th ed.) (pp. 318-361). New York: The Guildford Press.
  • 13. Obesidade 13 Conduit, E. (1995). The body under stress, developing skills for keeping healthy. Hove: Lawrence Erlbaun Associates, Ltd. Fauci, A. S. et al. (1998). Harrison's, principles of internal medicine: Companion handbook (14th ed.). New York: McGraw-Hill. Guyton, A. C. (1977). Tratado de fisiologia médica (J. P. Campos, L. F. Macedo, R. D. Leibinger, T. P. Lacerda, & W. Savino, Trad.). Rio Janeiro: Editora Interamericana, Ltda. (Obra original publicada em 1976). Marcus, M. D. (1995). Binge eating and obesity. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 441-444). New York: The Guilford Press. Martins, A. S. (1998, Março). Medicina comportamental. Comunicação apresentada no Curso de Formação em Terapia do Comportamento, Lisboa, Portugal. Morrison, M. (1997). Fundation of mental health nursing. St. Louis: Mosby-Year Book, Inc. Polonsky, W. H. (1998). Psychosocial issues in diabetes mellitus. In R. J. Gatchel & E. B. Blanchard (Eds.). Psychophysiological disorders: Research and clinical applications (3th ed.) (pp. 357-381). Washington, DC: American Psychological Association. Portugal, situação social para quem gosta de números (1999). Revista Sinais Vitais, 23, 6. Roberts, B. W., & Koester, P. W. (1998). Satisfação das necessidades nutricionais. In V. B. Bolander (Eds.). Enfermagem Fundamental de Sorensen e Luckmann: Abordagem psicofisiológica. (M. T. Leal et al., Trad.) (pp. 1269-1358). Lisboa: Lusodidacta. (Obra original publicada em 1994). Sarafino, E. P. (1998). Health psychology, biopsychosocial interations (3ª ed.). New York: Jonh Wiley & Sons, Inc.
  • 14. Obesidade 14 Soares, C., & Martins, A. S. (1984). A terapia comportamental na obesidade. Comunicação apresentada no III Encontro Nacional de Psicoterapia Comportamental, Lisboa, Portugal. Solá, M. M. (1992). Consulta de enfermería en dietética y nutrición (I). Revista de Enfermería ROL, 164, 71-74. Torija, M. C. (1990). Seguimiento de obesos en consulta de enfermería, protocolo de actuación. Revista de Enfermería ROL, 138, 63-68. Weser, E., & Young, E. (1983). Nutricion and internal medicine. In J. H. Stein (Ed.). Internal medicine (pp. 254-274). Boston: Little, Brown and Company. Williamson, D. F. (1995). Prevalence and demographics of obesity. In K. D. Brownell & C. G. Fairburn (Eds.). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook (pp. 391-395). New York: The Guilford Press.