2. Gestão Estratégica de Custos
• No processo de gestão das organizações, a Contabilidade possui papel
importante no auxílio à tomada de decisão e na definição das estratégias
pelos gestores. Segundo Zimmerman (1997), essas decisões estratégicas
incluem o que produzir, que quantidade vender (ou a que preço), e qual a
combinação e a quantidade de investimentos usar (como mão-de-obra,
materiais e capitais). Com essas decisões, o objetivo principal das
organizações é maximizar seus ganhos ou, sua utilização.
• Gestão Estratégica de Custos ocorre quando existe “um sistema de informação
de custos que auxilie o processo de formulação e avaliação de estratégias”.
Esta deve fornecer subsídios para a administração, para que a estratégia seja
então formulada e avaliada.
3. Gestão Estratégica de Custos
• A Gestão Estratégica de custos na definição de Perez Júnior et al. (1999) é em
síntese, uma abordagem para melhoria contínua de desempenho, ao utilizar
informações mais relevantes para as tomadas de decisões, em comparação
com abordagens tradicionais das análises de custos. Ainda para Perez Júnior
et al. (1999) a Gestão Estratégica de Custos proporciona vantagens como:
• 1) um poderoso instrumento para tomadas de decisão;
• 2) a focalização dos esforços de melhoria, com resultados mensuráveis;
• 3) o aprimoramento na capacidade da empresa de criar e agregar valores.
4. Gestão Estratégica de Custos
• Para Shank e Govindarajan (1997) a gestão estratégica de custos trata de uma
análise vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos
se tornam mais conscientes, explícitos e formais, a análise de custos é vista
tradicionalmente como o processo de avaliação do impacto financeiro das
decisões gerenciais. Apontam ainda três alicerces básicos para o processo
analítico de custos dentro do contexto estratégico:
• Análise da cadeia de valor
• Análise do posicionamento estratégico
• Análise de geradores de custos
5. Gestão Estratégica de Custos
• Cadeia de Valor é o conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes
de matérias-primas básicas, passando por fornecedores de componentes até
o produto final entregue nas mãos do consumidor.
• Posicionamento Estratégico: envolve as oportunidades ambientais externas,
os recursos existentes, a definição de metas e um conjunto de planos de ação
para alcançá-las.
• Direcionadores de Custos: buscam compreender a complexa interação do
conjunto de direcionadores de custos em ação numa determinada situação,
divididos em direcionadores estruturais e de execução. Os direcionadores
estruturais estão relacionados com escalas de produção tecnologia, escopos.
Direcionadores de execução envolvem a capacidade de executar com
qualidade.
6. Gestão Estratégica de Custos – Cadeia de Valor
• O exemplo demonstra que cada
etapa do processo agrega valor à
matéria-prima, bem como ocorre
uma relação interna e ou externa
nas atividades da cadeia de valor.
Os fatores a serem utilizados,
demonstram o valor e a
participação que cada etapa agrega
dentro da cadeia de valor aos
produtos finais. A gestão da cadeia
de valores indicará quais são os
elos que agregam mais valor,
utilizam mais ativos e consomem
mais atividades.
7. Principais artefatos da Gestão Estratégica de Custo
• Análise da Cadeia de Valor
• Análise de Concorrentes
• Custeio e Gerenciamento baseado em atividades (ABC, ABM)
• Custeio Alvo
• Custo Padrão
• Mensuração e Gestão de Custos de Qualidade
• Análise de Custos de Consumidores ou Custo Total de Propriedade
8. Custo do Consumidor
• TCO (Total Cost of Ownership)
• Para Sakurai (1997:158) o Ciclo de Vida de um produto inclui quatro
fases que vão da pesquisa e desenvolvimento, planejamento,
desenho a fabricação. Já o TCO para Ellram e Siferd (1998, p.56) é
uma abordagem estruturada para se determinar os custos totais
associados à aquisição e, subseqüente, utilização de determinado
bem ou serviço de determinado fornecedor.
9. Custo do Consumidor
• A análise por meio da ferramenta TCO compreende que os custos
associados com a aquisição, uso e manutenção de um item são
considerados como critérios de aquisição desse item, e não somente
o seu preço de compra. O TCO considera os custos gerados pelas
atividades que ocorrem antes, durante e depois do ato de aquisição
de um insumo.
11. Aplicações do TCO
• Custo Total da Propriedade: um estudo da sua
aplicabilidade a Lei de Licitações. É possível a
incorporação de conceitos e metodologia da TCO ao
processo decisório de uma licitação? A implementação
destas premissas possibilitariam benefícios aos cofres
públicos?
13. Aplicações do TCO
• Computadores e sistemas, são objetos de estudos com
freqüência sob a ótica do TCO. Pois, o custo, de um
gerenciamento de sistemas pode ser até três vezes maior do
que o custo de compra de um software.
• Saliba (2006, p.2), realizou um estudo sobre a adoção do TCO
no processo de compras de grandes empresas brasileiras. O
estudo teve como objetivo identificar o que motivou estas
empresas a adotá-lo. E concluiu que a adoção deste é
caracterizada como parte de um grande processo de
reestruturação da função Compras das empresas em que se
destaca a formação de um grupo especializado no
desenvolvimento de análises de TCO e isoladas das atividades
tradicionais dos processos de compras.
14. Custo da Qualidade - Cost of Quality (CoQ)
Autor Definição
Juran (1951) É a soma de todos os custos que desapareceriam se não houvesse problemas de
qualidade
Crosby
(1979)
O custo da não qualidade é o preço da não conformidade
Harrington
(1991)
O custo da “má qualidade” é o custo incorrido para garantir que o trabalhador faça
sempre um bom trabalho, mais o custo de se comprovar que a produção é
aceitável, mais qualquer outro custo em que incorre a empresa e o consumidor
porque a produção não cumpriu as especificações e/ou expectativas dos
clientes.
Feigenbaum
(1991)
O custo da qualidade surge quando a qualidade é deficiente porque os recursos
foram utilizados de forma insatisfatória.
Campanella
(1992)
Os custos da qualidade são uma medida dos custos relacionados diretamente com o
alcance ou não da qualidade do produto ou serviço, e o custo que se teria se a
qualidade fosse perfeita
Sakurai
(1997)
Custo da qualidade pode ser definido como o custo incorrido por causa da
existência, ou da possibilidade de existência, de uma baixa qualidade. Por essa
visão o custo da qualidade é o custo de se fazer as coisas de modo errado.
15. Custo da Qualidade - Classificação
• A classificação mais freqüentemente encontrada na literatura é a
exposta por Feigenbaum (1994) que expõem que os custos da
qualidade são classificados de forma a incluir duas áreas principais:
• Custos do controle (de conformidade, voluntários, e para a qualidade)
• custos de prevenção e custos de avaliação;
• Custos de falhas no controle (da não conformidade ou involuntários)
• Custos de falhas internas e custos das falhas externas.
16. Custo da Qualidade - Custos de Prevenção
• São derivados dos esforços da organização para prevenir desvios, são
alocados a todas atividades dedicadas e evitar a aparição de não
conformidades. Entre alguns dos exemplos destes custos têm-se:
planejamento da qualidade, análise dos produtos novos (custos
correspondentes à engenharia da confiabilidade e de outras atividades
ligadas à qualidade associada ao lançamento de novos projetos),
planejamento de processos, auditoria da qualidade, avaliação da qualidade
do fornecedor garantia da qualidade, e treinamento.
17. Custo da Qualidade - Custos de Avaliação
• São os custos relacionados com a medição, avaliação e
auditoria de produtos e serviços para assegurar que se
ajustam as normas de qualidade e aos requisitos de
desempenho. Shank e Govindarajan (1993) colocam os
mesmos como sendo aqueles que controlam o nível da má
qualidade.
• Os custos de avaliação podem ser para detecção de fatores
externos ou internos. Entre alguns destes custos têm-se:
inspeção e testes no recebimento, durante o processo, e
testes finais; auditoria de qualidade do produto; manutenção
da precisão dos equipamentos de testes; serviços e materiais
para a inspeção e testes.
18. Custo da Qualidade - Custos de Falhas
• São os custos que a empresa incorre em conseqüência de
erros, ou seja, é o dinheiro que a empresa gasta porque nem
todas as atividades foram desenvolvidas de forma correta.
• Os custos de falhas são classificados em internos e externos.
Os internos são os resultantes da incapacidade de um produto
para satisfazer as exigências da qualidade, antes de seu
fornecimento ao cliente, como exemplos temos gatos com
retrabalho e sucata. Os externos são os custos que ocorrem
após a entrega ao cliente, e como exemplos destes têm-se os
gastos com garantia, correção de reclamações e
responsabilidade civil.
20. Indicadores e Modelos de relatórios do Custo da
Qualidade
Financeiras Não financeiras
- Retorno da Qualidade =
Aumento do resultado/custo
com programa de melhoria
- Custo de prevenção/Custo total
de qualidade
- Custo da qualidade sobre as
vendas
- Custo da qualidade sobre custo
de produção
- Custo da não qualidade
(falhas)/Custo total da
qualidade
- Nº de acidentes por empregado.
- Nº de chamadas por não
conformidade
- Nº de reclamações recebidas
- Nº de clientes perdidos e retidos
- percentual de produtos feitos sem
retrabalho
- Taxa de qualidade
21. Indicadores e Modelos de relatórios do Custo da
Qualidade
• Empresas aéreas: Percentual de vôos cancelados,
Percentual de vôos que saem e chegam com
pontualidade, Percentual de passagens vendidas sem
duplicação (over booking);
• Escolas: custo da qualidade por aluno, porcentual de
alunos reprovados, percentual de alunos aprovados em
vestibulares;
• Bancos: número de clientes que cancelam suas contas
por erros, número de contas e cartões clonados, número
de lançamentos errados nas contas.
22. Principais razões para as falhas na implantação de sistemas
de custos da qualidade
• Geralmente há uma falta de conhecimento dos conceitos e princípios
sobre custos da qualidade na estrutura gerencial, mesmo porque este
assunto foi adotado recentemente em disciplinas nos cursos de
administração e contabilidade;
• Gestores da qualidade desenvolvem relatórios para atender suas
necessidades, geralmente focando medidas não financeiras. O não
uso de medidas financeiras ocorre principalmente porque estes
gestores não têm conhecimentos de finanças e contabilidade. Estes
relatórios acabam por não atender as necessidades de outros
gestores da organização;
• Os sistemas contábeis normalmente têm defasagem de inovação
técnica em relação à gestão da qualidade, e os contadores
normalmente não estão envolvidos com o processo da apuração dos
custo da qualidade.
• Percepção de outras necessidades de estudos e avaliações mais
rentáveis à organização por parte de seus gestores.
23. Custo Ambiental como Custo de Qualidade
• Com a intenção de tornar mais fácil a tomada de decisão dos gerentes
das empresas, surge a proposta dos custos ambientais. Eles são
tratados de uma forma semelhante ao modelo da qualidade total dos
produtos, que procura identificar as falhas existentes e os custos para
a prevenção de problemas provenientes dessas falhas (Campos, 1996)
• “No modelo de qualidade ambiental total, o estado ideal é de danos
zero para o meio ambiente” (Hansen e Mowen, 2003, p. 567), onde
dano é a degradação direta (como exemplo, despejamento de
resíduos) e indireta (consumo desnecessário de energia, por exemplo)
ao meio ambiente, podendo, então, os custos ambientais serem
chamados de custos da qualidade ambiental.
• Os custos de qualidade ambiental são decorrentes da criação,
detecção, correção e prevenção da degradação ambiental e podem
ser divididos em quatro categorias, conforme Hansen e Mowen
(2003):
24. Custo Ambiental como Custo de Qualidade
• i) Custos de Prevenção Ambiental: são os gastos com as
atividades que visam a prevenir a produção de resíduos que
possam vir a ser jogados no meio ambiente. Por exemplo:
• contratação de mão-de-obra especializada na área ambiental,
treinamento e conscientização de funcionários e substituição de
materiais poluentes, obter certificação ambiental (isso 14000);
• ii) Custos de Detecção Ambiental: são os gastos para
observar se os produtos e processos da empresa estão
cumprindo as normas ambientais apropriadas (leis, normas
voluntárias – ISO 14001 – e políticas ambientais da gestão).
Como exemplo, é possível citar:
• verificação de métodos e processos e testes e inspeções para
verificação de parâmetros poluidores;
25. Custo Ambiental como Custo de Qualidade
• iii) Custos de Falhas Ambientais Internas: são associados à
eliminação e gestão de contaminantes gerados no processo
de produção, mas que ainda não foram despejados na
natureza.
• São exemplos: operar equipamentos de controle de poluição,
tratar e descartar desperdício tóxico, manter equipamentos de
poluição, reciclar sucata..;
• iv) Custos de Falhas Ambientais Externas: são decorrentes
do despejamento de resíduos no meio ambiente. Podem,
ainda, ser divididos em custos realizados de falhas externas,
que são os custos criados e pagos pela empresa, e os custos
não-realizados de falhas externas, que são os custos sociais.
• São exemplos: limpar lago poluido, restaurar terra ao estado
natural, indenizar danos pessoais, (S) perder lago para uso
recreativo, (S) Perder emprego devido a contaminação
28. Custo Alvo (Meta) – Target Costing
• custo-alvo ou custo-meta é o custo máximo admissível de um produto para
que, dado o preço de venda que o mercado oferece, seja possível alcançar o
nível de rentabilidade desejada. Em outras palavras, é o montante de custo
no qual a produção pode incorrer e ainda obter o lucro para determinado
produto
• Pode ser definido como uma ferramenta de gestão de custos para realizar
reduções de custos, como um foco chave por toda a vida do produto. Um
custo alvo é estabelecido antes de criar ou projetar o produto. Ela é efetiva
paras reduzir custo sem reduzir o valor do cliente.
• É a subtração entre o preço de venda desejado, definido pelo mercado, e a
margem de lucro definida pela empresa.
31. Análise dos Custos dos Concorrentes
• A prática de Análise dos Custos dos Concorrentes pertence ao tema de GEC
Análise da cadeia de valor, pois “o programa de gestão estratégica de custos de
uma empresa não deve restringir seu foco à estrutura de custos da empresa ou da
cadeia de suprimentos da qual faz parte” e sim, “a empresa deve monitorar seu
desempenho relativo a outras empresas, em particular, os concorrentes”
• Um dos benefícios do monitoramento da performance de custos de outras
empresas, seria a possibilidade de encontrar ideias que possam ser utilizadas para
fazer com que a organização obtenha mais eficiência e seus produtos mais
competitividade. “A perfeita compreensão dos custos dos concorrentes é
fundamental para que uma empresa se posicione estrategicamente, seja
respondendo, de maneira defensiva, aos ataques, seja agindo ofensivamente, para
inibir ameaças”
32. Gestão de Custos Interorganizacionais
• Na Gestão de Custos Interorganizacionais (GCI) analisa-se cada elo da cadeia de
suprimento (refere-se às relações da empresa com a sua rede de fornecedores) e
propicia-se aos gestores a identificação de oportunidades para auferir melhorias nos
produtos e serviços.
• O maior objetivo da gestão de custos interorganizacionais é a garantia de retorno total
para a cadeia, seja reduzindo o custo total, seja aumentando-o, desde que gerando
vantagens competitivas reconhecidas pelos clientes, como aumento de valor,
materializado em aumento da receita maior que o do custo, obtendo-se retorno maior.
• GCI: “é um processo cooperativo de gerenciamento de custos que inclui outras
organizações dentro de uma cadeia de valor além da própria empresa”.
33. Contabilidade Aberta (Open-Book Accounting)
• É uma metodologia de intercâmbio de informações entre os membros da rede de fornecedores.
Pelo fato de agir na cadeia de valor, essa prática está categorizada nessa pesquisa no tema sobre
Análise da Cadeia de Valor.
• Os objetivos dessa prática são: redução de custos e otimização de resultados. Existe relação entre
as práticas de Gestão Estratégica de Custos “Gestão de Custos Interorganizacionais” (GCI) e o
“Open-Book Accounting”, ou seja, para que o primeiro seja implementado requer a existência do
segundo.
• No entanto, há limitações à aplicabilidade do Open-Book Accounting e, ao mesmo tempo, da GCI:
• (i) É difícil mensurar o seu efeito na redução de custos;
• (ii) Não é propriamente uma regra de como as reduções de custos devem ser compartilhadas
entre os membros da rede; e
• (iii) O compartilhamento das reduções de custos depende das especificidades de cada situação:
participação igual nos benefícios, alocação de benefícios apenas para fornecedores que não
tenham aumentado preços, alocação somente para empresa líder da rede se o fornecedor se
beneficiar de suporte técnico dela, podendo realizar reduções de custos adicionais com outros
clientes.