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BolshoiganharemontagemdeVasiliev
Aos 74 anos, estrela russa acompanha em Joinville ensaios e estreia de ‘O Quebra-nozes’ que fez para escola no Brasil
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Vasilievésobrenomedomes-
mo peso de Nureyev e Barysh-
nikov. Mas, talvez por ter fica-
donoOriente,soemenosfami-
liar ao grande público. “Nunca
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país,nossapátria”,disseemen-
trevista ao Estado, se referin-
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terina Maximova (1939-2009),
outra estrela do Bolshoi. “Ela
foi a minha vida.”
Consideradospormuitoscrí-
ticos o melhor casal da dança
clássica de todos os tempos,
VasilieveMaximovajáseapre-
sentaramemumpalcobrasilei-
rocomoconvidados,justamen-
te nos papéis principais de O
Quebra-nozes. O espetáculo
aconteceu em 1980 e foi uma
produçãodoBaléTeatroGuaí-
ra, de Curitiba, Paraná.
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nha dor de dente e fizeram um
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to natalino não é a primeira re-
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Vladimir Vasiliev conta que
quis criar uma versão que con-
templasse a tradição sem igno-
rarasmudançaspelasquaisaar-
te passa. “Os corpos vivos são a
base da arte teatral. E eles se
transformam permanentemen-
te. Então, obrigatoriamente, o
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damastradiçõesmesmodadan-
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tradicionalQuebra-nozes,quees-
tamosfazendo,temosbailarinos
ecoreografiacontemporâneos.”
Também artista plástico, o
russoassinaocenáriodoespe-
táculo.“Desdeocomeçoapin-
turaestánaminhavida.Ointe-
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que fiz algo para a cenografia
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DomQuixoteeGiselle,astelasdo
artista ganharão vida por meio
de uma técnica chamada proje-
ção mapeada. As pinturas ani-
madas serão sincronizadas
com a música.
Orgulho. Vasiliev é um dos res-
ponsáveispela criaçãodaEsco-
ladoTeatroBolshoinoBrasil,a
única “filial” no mundo da res-
peitada matriz russa. O artista
era diretor do Bolshoi de Mos-
cou,nofimdosanos1990,quan-
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tuiçãoemSantaCatarina.“Des-
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zer dessa escola a melhor do
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criação de um teatro, onde os
bailarinosqueseformamnaes-
cola poderão trabalhar. É o
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des companhias de balé do
mundo, segundo Vasiliev. Em
2003,oarquitetoOscarNieme-
yer (1907- 2012) criou o proje-
to do Complexo Cultural Bol-
shoi Brasil, que ainda não tem
previsão para sair do papel.
Vasilievpertenceaumagera-
ção em que o virtuosismo e a
interpretaçãodeumpapel,alia-
dosàtécnica,erammaisimpor-
tantes do que a simples execu-
ção de movimentos aparente-
mente impossíveis para a pla-
teia.Aconvicçãodequeumbai-
larinoé,antesdetudo,umartis-
ta e não um atleta permanece
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Por isso, ele também respei-
ta os artistas do País. “Penso
que os bailarinos brasileiros
são muito parecidos com os
russos. Os brasileiros também
dançam com o coração, senti-
mento, bom humor. Não estão
fazendo simplesmente exercí-
cios.Osbailarinosdasduasna-
ções realmente dançam.”
O mestre. Vladimir Vasiliev prepara algumas bailarinas para ‘O Quebra-nozes’, em Joinville
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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2014 Caderno 2 C5

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  • 1. Mais. Entrevista com Luiz Gustavo Madubuike Com coreografia original de Marius Petipa e Lev Ivanov, O Quebra-nozes é uma das obras clássicas mais famosas e ence- nadas em todo o mundo. Tchaikovsky é o responsá- vel pela música do balé apre- sentado pela primeira vez em dezembro de 1892 no Teatro Mariinsky, em São Petersbur- go, na Rússia. A versão assinada por Vladi- mir Vasiliev tem como base a adaptação do russo Vasily Vai- nonen, de 1934. A história co- meça na casa da família alemã Stahlbaum. É Natal, e a meni- na Masha (chamada Clara em grande parte das remonta- gens) ganha do padrinho Dros- selmeyer um boneco quebra- nozes. Ela fica encantada pe- lo presente que é rapidamen- te destruído por seu irmão. Após o fim da festa, Masha adormece. Tem início um so- nho fantástico em que o que- bra-nozes ganha vida, luta contra o Rei dos Ratos, se transforma em príncipe e le- va a menina por um passeio pelo Reino dos Doces. estadao.com.br/e/bolshoi Cinema Bienal Dança PARAENTENDER NA WEB DIVULGAÇÃO A antropologia da face gloriosa de Yuri Firmeza CLEBER GOMES/DIVULGAÇÃO BolshoiganharemontagemdeVasiliev Aos 74 anos, estrela russa acompanha em Joinville ensaios e estreia de ‘O Quebra-nozes’ que fez para escola no Brasil Artista expõe ‘Nada É’, que foi destaque na seleção da Semana dos Realizadores, no Rio Festa do Divino. Na cena, imperador-menino é coroado Balé estreou em 1892 Luiz Carlos Merten Tudoocorreumuitorapidamen- te. Curadores da Bienal de São Pauloforam a Fortaleza encon- trar-se com artistas locais. Vi- ram material – fotos – de uma mostra que Yuri Firmeza havia feitoemNovaYorkeocomissio- narampara umtrabalhonaBie- nal. Yuri conseguiu copatrocí- nio do Banco do Nordeste e comuma equipefoiparaAlcân- tara, no Maranhão. Durante 15 diasacompanhouaFestadoDi- vino, depois, mais um mês de ediçãoemixagemdesom.Toda essa história começou em abril e o resultado está na Bienal. Aqui,não deixa de serumavi- deoinstalação. Foi construído um simulacro de cinema, num espaço de 8 por 9 metros, com som 5.1, em que o público pode veremlooping,continuamente, NadaÉ.NoRio,integrandoase- leção da Semana dos Realizado- res, Nada É teve sessão especial no fim de semana. Na vertente da Mostra Aurora, em Tiraden- tes,aSemana,idealizadaporLis Kogan – e com curadoria de Da- niel Queiroz e dela –, abre uma janela para o cinema autoral, de invenção,quetendeasermargi- nalizado pelo ‘mercado’. Um dosdiretores,apresentandoseu filme,dissequetinhaasensação deestarnumoásis,comparando o cinema brasileiro a um deser- to.Nanoitedessedeserto,Nada Éfulguroucomo um cometa. Talvez a experiência de ver o filme na imersão do cinema te- nhaajudadonodeslumbramen- to. Na Bienal, embora impecá- velcomosomeimagem,NadaÉ passa sem créditos – iniciais nem finais – e espectadores já disseram ao diretor que viram umpouco do filme, saíram para veroutrostrabalhosdoeventoe voltaram para mais um pedaço. “Agindo assim, eles fazem ou- tro filme que não o meu em seu imaginário”, avalia Yuri Firme- za, e ele não se queixa. Acha o procedimento intrigante. Nada É tira seu título do que disseaodiretorumahabitantede Alcântara.Nacidademaranhen- se, nada é – tudo foi ou será. No século 19, a elite local construiu palacetesàesperadoimperador d. Pedro II, que prometeu, mas nuncafoiàcidade.Beckett,Espe- rando Godot. Os palácios vira- ramruínas,queFirmezafotogra- fou(emostrounosEUA).Opas- sado, o que foi. O que será é o futuroeAlcântaraabrigaumaba- se de lançamento de satélites. Yuri Firmeza mistura tudo. As ruínas, os foguetes e a Festa do Divino,duranteaqualécoroado o imperador-menino, evocando d.Pedroesuacorte.Comoartis- ta visual acurado, o diretor cria imagens belíssimas e trabalha o tempo (da ciência e da religião) comoeternidadeetranscendên- cia. Alcântara abrigou quilom- bos. Possui muitos descenden- tes de quilombolas. Firmeza os filma – cantando, dançando e emestáticasolenidade,noculto e na corte simulada. Como Ar- thurOmar,elepropõesuaantro- pologia da face gloriosa. Se es- treassenoscinemas,NadaÉ,ape- sar dos reduzidos 32 min, seria umdosmaioresfilmes doano. Juliana Ravelli AhistóriadeVladimirVasilievé de permanência. Enquanto ou- trosbailarinossoviéticosdeser- tavamparaoOcidente,elecon- tinuou em Moscou como a maior estrela do balé russo en- treosanos1960e1980.Quando a Rússia se democratizava e reorganizava suas instituições, em1995Vasilievassumiuadire- çãodoBalletBolshoicomamis- são de preservar as tradições e trazer de volta a glória da com- panhia cujo nome significa “grande”. Hoje, aos 74 anos, ele permanece, com o vigor pelo qualsemprefoifamoso,devota- do à arte: remonta e coreografa baléspelomundoefomentano- va geração de talentos. OrussoestáemSantaCatari- na desde o dia 17 para acompa- nhar ensaios gerais e a estreia, hoje,deOQuebra-nozesdaEsco- la do Teatro Bolshoi no Brasil, emJoinville.Eleassinaaremon- tagem da obra, com música de Tchaikovsky,tradicionalmente apresentada no fim do ano. Vasilievésobrenomedomes- mo peso de Nureyev e Barysh- nikov. Mas, talvez por ter fica- donoOriente,soemenosfami- liar ao grande público. “Nunca pensamos em deixar nosso país,nossapátria”,disseemen- trevista ao Estado, se referin- do também a sua mulher, Eka- terina Maximova (1939-2009), outra estrela do Bolshoi. “Ela foi a minha vida.” Consideradospormuitoscrí- ticos o melhor casal da dança clássica de todos os tempos, VasilieveMaximovajáseapre- sentaramemumpalcobrasilei- rocomoconvidados,justamen- te nos papéis principais de O Quebra-nozes. O espetáculo aconteceu em 1980 e foi uma produçãodoBaléTeatroGuaí- ra, de Curitiba, Paraná. Daocasião,orussoserecorda de um episódio. “Maximova ti- nha dor de dente e fizeram um tratamento na noite anterior (aoespetáculo).Haviaumdentis- tamuitobom.Diziamqueem15 minutos ele iria arrumar tudo. Eleficouduashorasemeiacom elaeestava todosuado(quando terminou). No outro dia, possi- velmente ainda como efeito do tratamento, Maximova dizia queopalcoestavabalançando.” O retorno. Décadas depois, a misturadeOQuebra-nozeseBra- silvoltaàvidadeVasiliev.Ocon- to natalino não é a primeira re- montagem que ele faz de uma obra clássica para o Bolshoi da- qui, escola da qual é patrono fundador.Antes,jáhaviarecria- do Dom Quixote e Giselle. Aproduçãoincluicercade80 bailarinos, entre alunos e pro- fessores da instituição, que completará 15 anos em 2015. A apresentação será no Centre- ventos Cau Hansen – palco do FestivaldeDançadeJoinville–, com capacidade para receber 4 mil pessoas. Os ingressos, que custam de R$ 1 a R$ 20, estão esgotados desde o dia 18. Vladimir Vasiliev conta que quis criar uma versão que con- templasse a tradição sem igno- rarasmudançaspelasquaisaar- te passa. “Os corpos vivos são a base da arte teatral. E eles se transformam permanentemen- te. Então, obrigatoriamente, o tempo e as inovações na dança moderna e contemporânea mu- damastradiçõesmesmodadan- çaclássica.Porisso,aténonosso tradicionalQuebra-nozes,quees- tamosfazendo,temosbailarinos ecoreografiacontemporâneos.” Também artista plástico, o russoassinaocenáriodoespe- táculo.“Desdeocomeçoapin- turaestánaminhavida.Ointe- ressante é que a primeira vez que fiz algo para a cenografia foi aqui em Joinville. Depois, em vários espetáculos meus, até mesmo na Rússia, já usei essa experiência.” Destavez,diferentementede DomQuixoteeGiselle,astelasdo artista ganharão vida por meio de uma técnica chamada proje- ção mapeada. As pinturas ani- madas serão sincronizadas com a música. Orgulho. Vasiliev é um dos res- ponsáveispela criaçãodaEsco- ladoTeatroBolshoinoBrasil,a única “filial” no mundo da res- peitada matriz russa. O artista era diretor do Bolshoi de Mos- cou,nofimdosanos1990,quan- do autorizou a criação da insti- tuiçãoemSantaCatarina.“Des- de o começo, meu sonho foi fa- zer dessa escola a melhor do mundo. Aos poucos, acredito que ela vai ocupar esse lugar.” Um dos principais desejos do artista é que se concretize a criação de um teatro, onde os bailarinosqueseformamnaes- cola poderão trabalhar. É o que, em geral, ocorre nas gran- des companhias de balé do mundo, segundo Vasiliev. Em 2003,oarquitetoOscarNieme- yer (1907- 2012) criou o proje- to do Complexo Cultural Bol- shoi Brasil, que ainda não tem previsão para sair do papel. Vasilievpertenceaumagera- ção em que o virtuosismo e a interpretaçãodeumpapel,alia- dosàtécnica,erammaisimpor- tantes do que a simples execu- ção de movimentos aparente- mente impossíveis para a pla- teia.Aconvicçãodequeumbai- larinoé,antesdetudo,umartis- ta e não um atleta permanece como um de seus princípios. Por isso, ele também respei- ta os artistas do País. “Penso que os bailarinos brasileiros são muito parecidos com os russos. Os brasileiros também dançam com o coração, senti- mento, bom humor. Não estão fazendo simplesmente exercí- cios.Osbailarinosdasduasna- ções realmente dançam.” O mestre. Vladimir Vasiliev prepara algumas bailarinas para ‘O Quebra-nozes’, em Joinville Cliente Alelo come bem por apenas R$ 25,90! Procurando um lugar bacana para almoçar? A Alelo ajuda você! Conheça os restaurantes participantes: Apoio Para saber como participar, consultar os endereços e o regulamento completo, acesse www.festivalgastronomicoalelo.com.br. APROVEITE E BOM APETITE! Big X Picanha Desfrutti Gendai Massaria Trilha do Trigo Paco Esfiha Temakeria e Cia. The Fifties %HermesFileInfo:C-5:20141126: O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2014 Caderno 2 C5