O documento descreve a expansão e posterior crise da economia cafeeira no Brasil no final do século XIX e início do século XX. A produção de café cresceu significativamente com investimentos em ferrovias e portos, porém a oferta excessiva levou a uma queda nos preços. Os produtores de café implementaram políticas para manter os preços altos, porém isso incentivou ainda mais a expansão da produção e eventual desequilíbrio entre oferta e demanda, levando à crise na década de 1920.
2. AULA 1 (A EXPANSÃO DO CAFÉ)
Alguns fatores favoreciam a expansão cafeeira no
final do século XIX:
1. A oferta não era abundante, pois a produção
asiática havia sido prejudicada por enfermidades
no Ceilão;
2. A oferta de mão de obra imigrante;
3. A descentralização política favorece o poder dos
fazendeiros (especialmente de São Paulo)
Com isso a produção aumentou de 3,7 milhões de
sacas em 1880-81 para 5,5 milhões em 1890-
1891 e para 16,3 milhões em 1901-1902
3. Com isso, há investimentos maciços nas estradas
de ferro, portos e transporte marítimo;
Enquanto os preços não baixassem os capitais
continuariam indo para a cultura do café;
Porém, a elasticidade da oferta e a abundância de
terras que caracterizavam a produção de café
davam uma clara indicação de que os preços
teriam a declinar com o tempo;
A grande expansão da cultura cafeeira no final do
século XIX ocorreu dentro das fronteiras de um só
país (três quartos da oferta mundial)
4. Isso possibilitou a manipulação da oferta mundial
(na primeira grande crise do século XX, a elite
cafeeira já percebeu que estava em situação
privilegiada contra a baixa dos preços);
Assim sendo os estoques eram formados para
reter artificialmente a oferta;
A partir da crise de 1893, começou a declinar os
preços no mercado mundial (1893 – cada saca
4,09 libras e em 1896 1,48 libras)
5. AULA 2 (O PODER DA OLIGARQUIA CAFEEIRA)
A partir da crise de 1893 começa a se configurar o
problema da super produção que acaba pesando sobre
os preços provocando a perda de renda para os
produtores;
Em 1906 na cidade de Taubaté estabeleceu-se a
chamada política de valorização do produto que
consistia em:
1. Restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a procura (
o governo iria comprar os excedentes);
2. Financiamento de compras feito por capital
estrangeiro;
3. Os governos dos estados produtores seriam
encorajados a impedir a expansão das plantações.
6. Essa política de valorização evidenciou o poder da
oligarquia cafeeira;
A descentralização republicana havia reforçado o
poder dos plantadores de café;
O primeiro esquema de valorização é realizado por
estados cafeicultores (especialmente São Paulo)
sem apoio do governo federal (já que a
descentralização republicana permitia isso);
Essa política garantiu a vitória dessas elites
agrárias e o governo foi obrigado a seguir esse
caminho até 1930;
7. O plano de defesa elaborado pelos cafeicultores foi
bem sucedido, porém deixava em aberto um
problema, pois mantendo-se firme os preços, os
lucros incentivavam a expansão contínua do plantio
de café;
Os investimentos mantiveram-se altos
pressionando a oferta criando um problema no
futuro;
Esse perigo foi percebido mas a solução era
encontrada com facilidade, com isso continuava a
expansão da atividade cafeeira;
8. A produção de café, em razão dos estímulos
artificiais recebidos cresceu fortemente na segunda
metade da década de 1920;
Entre 1925 e 1929 seu crescimento foi de quase
100%, enquanto isso manteve-se estabilizadas as
exportações;
Em suma, o mecanismo de defesa da economia
cafeeira funcionou com relativa eficiência até 1929
quando a situação tornou extremamente
vulnerável;
9. AULA 3 - A CRISE DA ECONOMIA CAFEEIRA
Entre 1927-1929, as exportações conseguiram
apenas absorver apenas dois terços da quantidade
produzida;
A retenção da oferta mantinha em alta os preços
que se traduzia numa alta lucratividade para os
produtores que continuavam a investir em novas
plantações;
Do lado da demanda não havia uma modificação
significativa no consumo (nos Estados Unidos
mesmo com o aumento da renda per capita, o
consumo manteve-se em torno de 12 libras por
habitante);
10. Essa situação gerava um desequilíbrio entre oferta
e demanda, sendo que a única maneira de manter
os preços era conter a própria oferta (eliminando
estoques);
Para o autor, o erro dos cafeicultores estava em
não ter em conta as características de uma
atividade tipicamente colonial;
Nos produtos coloniais se obtinha o equilíbrio entre
a oferta e a procura quando do lado da procura há
uma saturação do consumo e do lado da oferta há
a utilização de todos os fatores de produção (mão
de obras e terras);
11. Para o autor, nessas condições era inevitável um
desequilíbrio entre a oferta e a procura;
Para evitar esse processo seria necessário, além de um
política de defesa dos preços, uma outra de
desestímulo aos investimentos em plantações de café;
Essa alternativa poderia ser praticada de forma artificial
estimulando outras exportações através de uma política
de subsídios que só seria possível com a transferência
de recursos financeiros do setor cafeeiro;
Os preços pagos ao produtor de café teria que ser
mantido em um nível desencorajador de novos
investimentos;
12. Os cafeicultores mantinham seu monopólio através de
uma política de preços altos, porém eles não percebiam
que estavam na verdade destruindo as bases em que
se assentava seus privilégios;
Como já foi dito, a renda dos países ricos aumentou na
década de 1920, mas o consumo de café não, sendo
assim as possibilidades de expansão do mercado eram
nulas;
O valor dos estoques entre 1927 e 1929 alcançou a
soma de 1,2 milhão de contos e em 1929 equivalia a
10% do produto territorial brutal do ano;
É fácil compreender a enorme força perturbadora
potencial que representava essa política para a
economia;
13. O financiamento desses estoques havia sido obtida
em grande parte em bancos estrangeiros para
evitar o desequilíbrio externo;
Os empréstimos serviam de base para expansão
de meios de pagamentos destinados á compra de
café que era retirado do mercado;
O aumento brusco e amplo da renda monetária dos
grupos ligados ao café, derivavam das suas
receitas de exportação e provocava inflação
(aumento da renda e inelasticidade da oferta no
mercado interno)
14. O período de 1927 a 1929 caracterizou-se por
fortes entradas de capital privado estrangeiro e
chegada de empréstimos a financiar o café;
Deflagrada a crise de 1929 não foram necessários
mais que alguns meses para que todas as reservas
á custa de empréstimos fossem exterminadas
pelos capitais em fuga do país;
O estabelecimento de uma taxa sobre a exportação
de capitais veio tardiamente, pois as reservas já
haviam evaporado;
Com isso é aberto o caminho para a revolução de
1930.