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XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017
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A Fenomenologia como Procedimento Metodológico
em Pesquisa Qualitativa na Formação de
professores
Phenomenology as a Methodological Procedure in
Qualitative Research in Teacher Training
Alessandra Daniela Buffon
Universidade Estadual de Maringá
alessandradbuffon@gmail.com
Milene Rodrigues Martins
Universidade Estadual de Maringá
Milene_r_martins@hotmail.com
Marcos Cesar Danhoni Neves
Universidade Estadual de Maringá
macedane@yahoo.com
Resumo
As abordagens qualitativas, baseadas em uma perspectiva fenomenológica, fazem uso de um
conjunto de asserções com o objetivo de descobrir “fatos” e “causas”. Os estudos desta
ciência começaram a desenvolver-se na Alemanha em fins do século XIX e na primeira
metade do século XX por Edmund Husserl. Os procedimentos de análise qualitativa com uma
abordagem fenomenológica foram desenvolvidos a partir da década de 80, no Brasil, pelo
professor Joel Marins, sendo que esse método é construído em três etapas: redução, descrição
e interpretação. Correntes teóricas como a fenomenologia existencial é uma das grandes
orientações teóricas que tratam daquilo que se pode chamar do estudo de “vida dos
professores”. Portanto pensar em uma metodologia de pesquisa baseada nos princípios
fenomenológicos para a formação docente pode ser enriquecedor para a pesquisa, quando se
refere a entender a história de vida de um professor..
Palavras chave: Fenomenologia, metodologia, relato de vida
Abstract
The qualitative approaches based on a phenomenological perspective, make use of a set of
assertions in order to discover "facts" and "causes". The studies driven in this science began
to develop in Germany in the late nineteenth century and the first half of the twentieth century
by Edmund Husserl. The qualitative analysis procedures with a phenomenological approach
were developed from the 80’s in Brazil by Professor Joel Marins. This method is based in
three steps: reduction, description and interpretation. Theoretical currents as existential
phenomenology is a major theoretical approach that handles what might be called the study
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"life of teachers." Thus, thinking of a research methodology based on the phenomenological
principles for teacher training can be enriching for the research, when it comes to understand
the life story of a teacher.
Key words: Phenomenology, methodology, life story
Introdução
A pesquisa qualitativa pode ser realizada de diferentes maneiras com diversificados
instrumentos de coletas de dados como, por exemplo, observações em sala de aula e
entrevistas. Já para registrar dados há a possibilidade da utilização de bloco de notas,
gravadores, vídeos e etc.. Para Bogdan e Biklen (1994) a investigação qualitativa engloba
cinco características, sendo que nem todos os estudos considerados qualitativos possuem a
totalidade das mesmas.
A primeira característica atribuída por esses autores destaca que, na investigação
qualitativa, a fonte direta dos dados é um ambiente natural, constituindo o investigador como
instrumento principal. A segunda refere-se à natureza descritiva da pesquisa qualitativa, ou
seja, os dados são referidos em forma de palavras ou imagens e não de números.
A terceira e a quarta características segundo Bogdan e Biklen (1994), dizem respeito
ao processo e não aos resultados que primam por uma análise indutivista. Já a quinta
estabelece que o significado é de importância vital neste tipo de abordagem.
Nessa perspectiva, a pesquisa qualitativa oferece um suporte para a melhor
compreensão do ambiente escolar, seja este na Educação Básica ou na Educação Superior. De
modo que, o método qualitativo lida com o universo dos significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e também das atitudes a fim de entender o conjunto de fenômenos humanos
(MINAYO, 2008).
O ambiente escolar proporciona espaços privilegiados para a condução de uma
investigação qualitativa, uma vez que se constrói com base no interpretativismo. Baseado
nessa denominação, pode-se encontrar conjuntos de métodos e práticas empregados para a
pesquisa qualitativa, como por exemplo: pesquisa etnográfica, observação participante, estudo
de caso, interacionismo simbólico, pesquisa fenomenológica e pesquisa construtivista
(BORTONI; RICARDO, 2008).
As abordagens qualitativas, que se baseiam em uma perspectiva fenomenológica,
fazem uso de um conjunto de asserções com o objetivo de descobrir “fatos” e “causas”.
Portanto os investigadores fenomenologistas tentam entender a significação de
acontecimentos e interações humanas em situações particulares (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
A Fenomenologia
Ales Bello (2006) ressalta que os estudos fenomenológicos começaram a desenvolver-
se na Alemanha no fim do século XIX e na primeira metade do século XX por Edmund
Husserl que a denominou “uma ciência de “fenômenos”” (HUSSERL, 2006, p. 25). O
surgimento desta ciência aparece como uma Filosofia interessada em estudar os
procedimentos conscientes dependentes de objetivos universais, tais como aqueles existentes
na Matemática e na Lógica (MARTINS; BICUDO, 1989).
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Segundo a concepção husserliana, a fenomenologia é a ciência que confere um
sentimento ao ser e ao fenômeno, sendo que só pode haver fenômeno enquanto houver
sujeito, no qual se situa esse fenômeno (NEVES, 1991). Portanto, aquela pode ser
considerada um movimento teórico, com uma postura filosófica e um método próprio, com a
intenção de buscar o rigor do conhecimento (BUENO, 2003a).
A Fenomenologia (Phenomenon + Logos) é denotada como o discurso sobre aquilo
como é. Ela busca realidades, não como individualidades singulares, mas na “essência”
(HUSSERL, 2006). Ou seja, procura entender os discursos sobre o que e como se mostra em
todos os aspectos: históricos, sociais, políticos, sentimentais e da vivência do homem.
Com base nos pressupostos fenomenológicos, busca-se a essência de cada sujeito
envolvido na pesquisa. O objetivo é o de caracterizar, da melhor maneira possível, o que
permeia o seu pensamento e as atitudes dos mesmos, tendo em mente que “nem todas as
coisas são imediatamente compreensíveis” (ALES BELLO, 2006, p. 23).
A fenomenologia procura abordar o fenômeno de modo que não parte de conceitos
prévios, de crenças ou de afirmações sobre o mesmo, enfim, de um referencial teórico. Mas
ela tem a intenção de versar diretamente, questionando-o, tentando descrevê-lo e procurando
captar a sua essência (MARTINS; BICUDO, 1983).
Os procedimentos de análise qualitativa com uma abordagem fenomenológica foram
desenvolvidos a partir da década de 80, no Brasil, pelo professor Joel Marins. A pesquisa
fenomenológica trabalha sempre com o qualitativo, com o que faz sentido para o interlocutor,
com o fenômeno posto em suspensão, como percebido e manifesto pela linguagem; e
trabalha, também, com o que o significativo/relevante no contexto no qual a percepção e
manifestação ocorrem (BICUDO, 2000).
A fenomenologia, ao ser analisada como um método de pesquisa, “é uma forma
radical de pensar” (MARTINS; BICUDO, 1983, p. 11). Este método procura ver as coisas
como se mostram para caracterizar o ser em sua unidade essencial e básica. Com isso, a
fenomenologia, enquanto um pensar a realidade de modo rigoroso e não exato, é uma
referência importante para a formação de professores (BUENO, 2003b), uma vez que irá à
essência do fenômeno educacional.
De acordo com França (1989, p. 31-32), o método fenomenológico é construído em
três etapas: redução, descrição e interpretação. A descrição pode ser definida como o ato de
“enumerar aqueles aspectos que são imprescindíveis para se ficar conhecendo que fenômeno é
este que se está investigando”. A redução “é um modo peculiar de prestar atenção, ir ao
fenômeno”, e a interpretação se constitui em “o caminho, laborioso sem dúvida, porém o mais
seguro para que a verdade se desvele”.
Para Martins e Bicudo (1989) durante o processo de redução e interpretação tem-se
dois processos de análises. O primeiro, constitui-se na análise psicológica do individual,
definida como “análise ideográfica”, e o segundo, na análise psicológica do geral, entendida
como “análise nomotética”.
De uma maneira geral, a análise ideográfica refere-se à representação de ideias por
meio de símbolos, ou seja, trata-se de uma análise da ideologia que permeia as descrições
ingênuas do sujeito. Já a análise nomotética indica algo de caráter legislativo que se origina de
fatos ou que se baseia em fatos (MARTINS; BICUDO, 1989).
A fenomenologia procura ir à essência do fenômeno buscando respostas claras e
significativas, sendo que a este tipo de abordagem, dentro da pesquisa qualitativa, é muito
citada por diferentes autores da área da educação.
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Os interlocutores
Tendo em vista que “o ‘saber’ que se procura é do tipo ‘compreensivo’, hermenêutico,
profundamente enraizado nos discursos dos narradores” (MOITA, 1992, p. 117), defini-se os
interlocutores da pesquisa sendo aqueles que vão ao encontro do objetivo da mesma, podendo
ser, por exemplo, tanto professores da educação básica como do ensino superior, como
licenciandos.
Fischer (2004, p. 4) salienta que “[...] mais importante do que a quantidade de sujeitos
é a validade, extensão e qualidade dos testemunhos que se pretende obter. Para isso há que se
prever critérios [...] que permitam, com a maior dificuldade possível, selecionar os elementos
a serem investigados”. Na pesquisa fenomenológica não há uma previsibilidade da quantidade
dos sujeitos, bem como de restrições dos mesmos, uma vez que o importante a ser
considerado é a qualidade dos testemunhos.
As estratégias e instrumentos de coleta de dados
A partir da definição dos sujeitos de pesquisa, dá-se continuidade ao estudo sob os
pressupostos da pesquisa de natureza qualitativa, sendo que os instrumentos e procedimentos
para a coleta de dados podem ser narrativas/discursos gravadas em vídeo ou em gravadores,
bem relatos escritos.
Conforme o método fenomenológico, as entrevistas são iniciadas com interrogações
diretas do fenômeno, uma vez que Neves (2005) salienta que é dever do pesquisador fazer
uma formulação de interrogação significativa articulando os resultados com o tema tratado.
Ao pensar em tal questionamento é necessário levar em consideração o objetivo geral da
pesquisa para ambos estarem articulados. Sugerem-se perguntas diretas iniciadas por ‘o que’,
‘qual’, ‘como’, a fim dar liberdade ao interlocutor em expressar os seus sentimentos sem se
sentir limitado.
As entrevistas podem ser realizadas no ambiente escolar, uma vez que o professor está
inserido dentro de uma cultura docente, na qual é entendida “como o conjunto de crenças,
valores, hábitos e normas dominantes que determinam o que este grupo social considera
valioso em seu contexto profissional” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 164). Bem como por
instrumentos eletrônicos de chamada de voz. A escolha do local é algo particular de cada
pesquisador para atender o seu propósito.
A primeira lição da fenomenologia é recusar pressupostos ou pré-concepções do tema
proposto levando a suspensão de qualquer julgamento (MARTINS; BICUDO, 1983; NEVES,
2005). Com isso, ao realizar as entrevistas é preciso recusar supostos ou pré-concepções sobre
a natureza do tema tratado. Esta suspensão de pré-conceitos é chamada de epoché, palavra de
origem grega, que significa colocar o mundo entre parênteses.
Aos sujeitos da pesquisa, é solicitado para descreverem a opinião a respeito de um
determinado assunto no Ensino de Física. Portanto, as narrativas “são descrições do vivendo”
(NEVES, 2005, p. 50), iniciando com a pergunta fenomenológica para o fenômeno em
questão. De acordo com Bueno (2003b), ao refletir sobre a prática pedagógica, estima-se que
a epoché é um respeitável referencial para que o docente conheça melhor a sua realidade, sem
as “vendas” das teorias, sem os preconceitos e sem os rótulos, tornando sua prática mais
consciente.
Procura-se fazer poucas interrupções nos interlocutores enquanto ocorrem as
entrevistas. No entanto em alguns casos os docentes têm dificuldades para se expressar
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livremente. Isso impõe a realização de outras perguntas de conexão entre os assuntos de modo
a não interferir ou influenciar a resposta do sujeito.
As narrativas são utilizadas visando compreender as trajetórias pessoais, acadêmicas
e profissionais dos interlocutores (professores), identificando valores e concepções que os
mobilizam à realização de suas práticas docentes. A utilização de narrativas orais é uma
opção interessante, uma vez que, de acordo com Cunha (1997), é esta a modalidade que ainda
tem sido utilizada em pesquisa.
Salienta-se a necessidade de compreensão da relação dialética existente entre a
narrativa e a experiência, uma vez que a experiência produz o discurso e, esse, produz a
experiência. Logo, narrativa e experiência estão, assim, imbricadas, tornando-se, mutuamente,
parte das vidas dos sujeitos. Segundo Husserl (2006) a experiência tem dois aspectos contidos
na significação usual da mesma: ela é uma ciência de fatos e uma ciência de realidades.
Acrescenta-se ainda, que “os “fenômenos” de que ela trata enquanto “fenomenologia”
psicológica são eventos reais, os quais, como tais, possuem existência efetiva, inserindo junto
com aos sujeitos reais a que pertencem” (HUSSERL, 2006, p. 28).
Nesse sentido, as narrativas são potencialmente instrumentos de pesquisa e de
formação, uma vez que, ao “se narrar”, o sujeito reconstrói sua prática, ressignificando o que
vive/viveu dentro das ações do seu cotidiano docente. Segundo Josso (2004), as histórias de
vida e a formação se constituem como uma abordagem das metodologias hermenêuticas de
pesquisa, uma vez que possibilitam a construção de um saber referente à interpretação de um
material linguístico. As narrativas “[...] não são meras descrições da realidade; elas são,
especialmente produtoras de conhecimento que ao mesmo tempo em que se fazem veículos,
constroem os condutores” (CUNHA, 1997, p. 7). Observar os docentes e falar com eles sobre
suas razões de agir ou de discorrer é, no fundo, falar sobre os saberes nos quais eles se
baseiam para agir.
As estratégias e instrumentos de análise dos dados
Martins e Bicudo (1989) ressaltam que, embora a descrição seja o instrumento de
acesso a “vida” do sujeito, a análise dessas descrições não implicam necessariamente a uma
teoria cientificamente orientada. Isso significa que existe diferentes maneira de chegar à
essência do fenômeno.
Ao transcrever as narrativas, assim como, todo o contexto que a cerca, são obtidas
descrições, uma vez que, conforme Bicudo (2000), as mesmas, por meio de um olhar
fenomenológico, apenas descreve o visto, sentido, a experiência vivida pelo sujeito sem
julgamentos e avaliações, trabalhando com a totalidade dessas descrições.
As descrições precisam ser lidas, uma a uma, diversas vezes até que o descrito comece
a fazer sentido. A partir das leituras, inicia-se a fase principal da Fenomenologia: a redução
fenomenológica. De acordo com Husserl (2006), essa redução leva o fenômeno psicológico à
sua essência, onde nada é explicado sobre o fenômeno, apenas o descreve.
A redução fenomenológica “é a fase descritiva dos dados significativos, proporcionará
ao sujeito a dimensão da totalidade da razão ao mundo” (BUENO, 2003a, p. 30). Ao realizar
essa etapa é possível ir à essência do fenômeno. Esse processo redutivo move-se em duas
direções: “para a noesis, que é o ato dirigido para um objeto intencional e para o noema, que é
o objeto de um ato noético” (BICUDO, 1983, p. 52). Essa relação dialética é compreendida
pelo principio da intencionalidade, considerada característica básica da fenomenologia, “[...]
em que é tentada a superação das tendências racionalistas e empiristas” (BUENO, 2003a, p.
30).
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Essa primeira análise é de cunho psicológico do individual, ou seja, é analisado cada
sujeito individualmente. Nesta perspectiva, Martins e Bicudo (1989) destacam que há quatro
momentos de reflexão: o primeiro constitui-se na redução do ritmo de análise e na
permanência da descrição, levando a um olhar cuidadoso até se encontrar um lugar na
descrição, vivendo a situação imaginativa em todos os seus pormenores; o segundo, é
definido como a ampliação da situação, dando sua entidade no mundo; o terceiro, é a
suspensão da crença e do interesse intenso; e o quarto é a passagem dos objetos para os
significados.
Ao analisar as descrições, de acordo com os momentos citados, é preciso que o
pesquisador tenha atividades específicas para, então, constituir uma unidade. Essas
percepções são possíveis serem indicadas no decorrer da análise. São elas: uso de uma linha
existencial básica; pensar sobre o julgamento; penetrar em horizontes implícitos, fazer
distinções; estabelecer relações dos constituintes dos fenômenos; tematizar os significados e
motivos repetidos; interrogar as opacidades, realizam variações imaginativa; elaborar a visão
da essência fenômeno; expressar o sentido em forma de linguagem e finalmente, verificar,
modificar e reformular.
Por meio de cada discurso lido e relido diversas vezes trechos de discurso ingênuo são
excluídos, ou seja, trechos “que comportam aparentes inessencialidades” (NEVES, 2005, p.
51). Assim, os fragmentos que permaneceram podem revelar as essências do fenômeno posto
em questão. Surgem assim, as primeiras “Unidades de Significados”, as quais, de acordo com
Bicudo (2000, p. 81), “são unidades da descrição ou do texto que fazem sentido para o
pesquisador a partir da interrogação formulada”. Ressalta-se que essa etapa é de caráter
pessoal de cada pesquisador, o que é significativo para um pode não ser para o outro.
Com as Unidades de Significado definidas, uma vez que essas comportam os
intervalos mais importantes dos discursos de cada caso particular estudado (NEVES, 2005),
passa-se à fase da “Compreensão da Situação Relada na Unidade”; “caracterizada por uma
transformação das expressões usadas pelos sujeitos em uma linguagem pisicológica”
(NEVES, 2005, p. 52), uma vez que tal compreensão é realizada para cada unidade de
significado.
O passo seguinte é a realização da “Compreensão Ideográfica” de cada sujeito, trata-se
como já foi dito, de uma análise da ideologia que permeia as descrições do sujeito
(MARTINS; BICUDO, 1989). Constitui-se de tal maneira, a “resgatar de cada conjunto de
unidades uma inteligibilidade do indivíduo” (NEVES, 2005, p. 53). Esse etapa é uma das
mais complicadas, uma vez que é preciso insights psicológicos para caracterizar o sujeito na
sua essência.
De acordo com Martins e Bicudo (1989) esses insights psicológicos parecem ocorrer
mais como resultado de uma excitação espontânea do que referentes a regras explicitas. Na
sua maioria tem caráter intuitivo. É válido ressaltar, também, que eles são tanto uma
descoberta como uma criação, ou seja, podem “surgir do contato mais íntimo com a descrição
e fidelidade à ela e, ao mesmo tempo, requer do pesquisador postura peculiar, e uma atitude
rigorosa com relação aos modos múltiplos e ativos de compreensão” (MARTINS; BICUDO,
1989).
A partir da finalização das representações ideográficas, procura-se ir para a análise
psicológica do geral, ou seja, chegar às categorias, convergindo, assim, os discursos entre os
sujeitos. Essa etapa é conhecida como: “Compreensão Nomotética do conjunto dos sujeitos”,
onde são consideradas as convergências no discurso e entre os discursos. O termo nomotético
é derivado de nomos que significa o uso de uma norma(leis) indicando de tal forma que é algo
legislativo e que se origina ou se baseia em fatos (MARTINS; BICUDO, 1989).
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É a fase em que “abrirá a possibilidade de compreensão geral de uma ciência que se
tematiza na globalidade do mundo dos sujeitos” (NEVES, 2005, p. 138) e que vem
acompanhada das convergências dos sujeitos envolvidos na pesquisa. De acordo com Martins
e Bicudo (1989) há quatro momentos de análise para auxiliarem durante esse processo: busca
dos insights gerais das estruturas individuais; comparação de sujeitos; variação imaginativa; e
formulação explicita de generalidades.
Definidas as categorias, é realizado a Compreensão Eidética das mesmas, ou seja,
nessa fase são analisadas as convergências de cada discurso dentro de cada categoria assim
como as divergências se existirem. Por fim, a partir da redução fenomenológica é possível
chegar à essência do fenômeno, buscando compreender o problema de pesquisa.
Considerações Finais
Correntes teóricas como a fenomenologia existencial é uma das grandes orientações
teóricas que tratam daquilo que se pode chamar do estudo de “vida dos professores”. Nessa
orientação o professor é considerado sujeito ativo onde é considerada a experiência relativa ao
trabalho do docente com suas tensões, seus dilemas, suas rotinas e etc. (TARDIF, 2007). De
acordo com Martins e Bicudo (1989), a pesquisa qualitativa busca a compreensão do
fenômeno situado, de modo que a função principal é o questionamento dos princípios gerais
conforme o homem organiza as suas experiências na vida cotidiana.
Portanto, pensar em uma metodologia de pesquisa baseada nos princípios
fenomenológicos para a formação de professores pode ser enriquecedor para a pesquisa se a
mesma tem como um dos propósitos entender o cotidiano escolar dos mesmos, bem como
suas ânsias e perspectivas quanto ao tema abordado, uma vez que a mesma permite abertura
para os sujeitos se expressarem livremente, sem julgamentos e pré-conceitos.
Referências
ALES BELLO, Angela. Introdução à fenomenologia. Bauru: EDUSC, 2006.
BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Fenomenologia: Confronte e Avanços. São Paulo:
Cortez Editora, 2000.
BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto
Editora, 1994.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. 2008. O professor pesquisador: introdução à
pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola.
BUENO, Enilda Rodrigues de Almeida. Fenomenologia: a volta às coisas mesmas. In
PEIXOTO, Adão José (org). Interações entre fenomenologia & educação. Campinas:
Alínea, 2003.
BUENO, Enilda Rodrigues de Almeida. Prática Pedagógica e fenomenologia. In PEIXOTO,
Adão José (org). Interações entre fenomenologia & educação. Campinas: Alínea, 2003.
CUNHA, Maria Isabel da. As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no
ensino: Conta-Me Agora! Revista da Faculdade de Educação, v. 23, n.1-2, 1997.
FISCHER, Beatriz T. Daut. Ponto e contraponto: harmonias possíveis no trabalho com
histórias de vida. In: ABRAHÃO, Maria Helena Mena Barreto (Org). Aventura
(auto)bibliográfica. Porto Alegre, EdiPUC/RS, 2004.
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FRANÇA, Carlos. Psicologia Fenomenológica: uma das Maneiras e se Fazer. Campinas:
Editora da UNICAMP, 1989.
HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia
fenomenológica. Aparecida: Ideias & Letras, 2006.
JOSSO, Marie-Christine. Experiências de Vida e Formação. São Paulo: Cortez, 2004.
MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. A Pesquisa Qualitativa em
Psicologia: Fundamentos e Recursos Básicos. São Paulo: Morais, 1989.
MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Estudos sobre existencialismo,
fenomenologia e educação. São Paulo: Moraes, 1983.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. PESQUISA SOCIAL: Teoria, método e criatividade.
27ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
MOITA, Maria da Conceição. Percursos de formação e trans-formação. In Nóvoa, Antônio
(org.). Vidas de Professores. 2ª Ed. 4 V. Porto: Porto, 1992. (Coleção Ciências da Educação)
NEVES, Marcos Cesar Danhoni. O que é isto, a ciência?. Maringá: Eduem, 2005.
NEVES, Marcos Cesar Danhoni. Uma perspectiva fenomenológica para o professor em
sua expressão do: “O que é isto, a Ciência”. Tese (doutorado em Educação). Faculdade de
Educação – Universidade Estadual de Campinas, 1991.
PÉREZ GÓMEZ, A.I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Tradução Ernani Rosa.
Porto Alegre: ARTMED, 2001.
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 8. ed. Petrópolis: Vozes,
2007.

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A fenomenologia como procedimento metodológico

  • 1. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 1 A Fenomenologia como Procedimento Metodológico em Pesquisa Qualitativa na Formação de professores Phenomenology as a Methodological Procedure in Qualitative Research in Teacher Training Alessandra Daniela Buffon Universidade Estadual de Maringá alessandradbuffon@gmail.com Milene Rodrigues Martins Universidade Estadual de Maringá Milene_r_martins@hotmail.com Marcos Cesar Danhoni Neves Universidade Estadual de Maringá macedane@yahoo.com Resumo As abordagens qualitativas, baseadas em uma perspectiva fenomenológica, fazem uso de um conjunto de asserções com o objetivo de descobrir “fatos” e “causas”. Os estudos desta ciência começaram a desenvolver-se na Alemanha em fins do século XIX e na primeira metade do século XX por Edmund Husserl. Os procedimentos de análise qualitativa com uma abordagem fenomenológica foram desenvolvidos a partir da década de 80, no Brasil, pelo professor Joel Marins, sendo que esse método é construído em três etapas: redução, descrição e interpretação. Correntes teóricas como a fenomenologia existencial é uma das grandes orientações teóricas que tratam daquilo que se pode chamar do estudo de “vida dos professores”. Portanto pensar em uma metodologia de pesquisa baseada nos princípios fenomenológicos para a formação docente pode ser enriquecedor para a pesquisa, quando se refere a entender a história de vida de um professor.. Palavras chave: Fenomenologia, metodologia, relato de vida Abstract The qualitative approaches based on a phenomenological perspective, make use of a set of assertions in order to discover "facts" and "causes". The studies driven in this science began to develop in Germany in the late nineteenth century and the first half of the twentieth century by Edmund Husserl. The qualitative analysis procedures with a phenomenological approach were developed from the 80’s in Brazil by Professor Joel Marins. This method is based in three steps: reduction, description and interpretation. Theoretical currents as existential phenomenology is a major theoretical approach that handles what might be called the study
  • 2. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 2 "life of teachers." Thus, thinking of a research methodology based on the phenomenological principles for teacher training can be enriching for the research, when it comes to understand the life story of a teacher. Key words: Phenomenology, methodology, life story Introdução A pesquisa qualitativa pode ser realizada de diferentes maneiras com diversificados instrumentos de coletas de dados como, por exemplo, observações em sala de aula e entrevistas. Já para registrar dados há a possibilidade da utilização de bloco de notas, gravadores, vídeos e etc.. Para Bogdan e Biklen (1994) a investigação qualitativa engloba cinco características, sendo que nem todos os estudos considerados qualitativos possuem a totalidade das mesmas. A primeira característica atribuída por esses autores destaca que, na investigação qualitativa, a fonte direta dos dados é um ambiente natural, constituindo o investigador como instrumento principal. A segunda refere-se à natureza descritiva da pesquisa qualitativa, ou seja, os dados são referidos em forma de palavras ou imagens e não de números. A terceira e a quarta características segundo Bogdan e Biklen (1994), dizem respeito ao processo e não aos resultados que primam por uma análise indutivista. Já a quinta estabelece que o significado é de importância vital neste tipo de abordagem. Nessa perspectiva, a pesquisa qualitativa oferece um suporte para a melhor compreensão do ambiente escolar, seja este na Educação Básica ou na Educação Superior. De modo que, o método qualitativo lida com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e também das atitudes a fim de entender o conjunto de fenômenos humanos (MINAYO, 2008). O ambiente escolar proporciona espaços privilegiados para a condução de uma investigação qualitativa, uma vez que se constrói com base no interpretativismo. Baseado nessa denominação, pode-se encontrar conjuntos de métodos e práticas empregados para a pesquisa qualitativa, como por exemplo: pesquisa etnográfica, observação participante, estudo de caso, interacionismo simbólico, pesquisa fenomenológica e pesquisa construtivista (BORTONI; RICARDO, 2008). As abordagens qualitativas, que se baseiam em uma perspectiva fenomenológica, fazem uso de um conjunto de asserções com o objetivo de descobrir “fatos” e “causas”. Portanto os investigadores fenomenologistas tentam entender a significação de acontecimentos e interações humanas em situações particulares (BOGDAN; BIKLEN, 1994). A Fenomenologia Ales Bello (2006) ressalta que os estudos fenomenológicos começaram a desenvolver- se na Alemanha no fim do século XIX e na primeira metade do século XX por Edmund Husserl que a denominou “uma ciência de “fenômenos”” (HUSSERL, 2006, p. 25). O surgimento desta ciência aparece como uma Filosofia interessada em estudar os procedimentos conscientes dependentes de objetivos universais, tais como aqueles existentes na Matemática e na Lógica (MARTINS; BICUDO, 1989).
  • 3. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 3 Segundo a concepção husserliana, a fenomenologia é a ciência que confere um sentimento ao ser e ao fenômeno, sendo que só pode haver fenômeno enquanto houver sujeito, no qual se situa esse fenômeno (NEVES, 1991). Portanto, aquela pode ser considerada um movimento teórico, com uma postura filosófica e um método próprio, com a intenção de buscar o rigor do conhecimento (BUENO, 2003a). A Fenomenologia (Phenomenon + Logos) é denotada como o discurso sobre aquilo como é. Ela busca realidades, não como individualidades singulares, mas na “essência” (HUSSERL, 2006). Ou seja, procura entender os discursos sobre o que e como se mostra em todos os aspectos: históricos, sociais, políticos, sentimentais e da vivência do homem. Com base nos pressupostos fenomenológicos, busca-se a essência de cada sujeito envolvido na pesquisa. O objetivo é o de caracterizar, da melhor maneira possível, o que permeia o seu pensamento e as atitudes dos mesmos, tendo em mente que “nem todas as coisas são imediatamente compreensíveis” (ALES BELLO, 2006, p. 23). A fenomenologia procura abordar o fenômeno de modo que não parte de conceitos prévios, de crenças ou de afirmações sobre o mesmo, enfim, de um referencial teórico. Mas ela tem a intenção de versar diretamente, questionando-o, tentando descrevê-lo e procurando captar a sua essência (MARTINS; BICUDO, 1983). Os procedimentos de análise qualitativa com uma abordagem fenomenológica foram desenvolvidos a partir da década de 80, no Brasil, pelo professor Joel Marins. A pesquisa fenomenológica trabalha sempre com o qualitativo, com o que faz sentido para o interlocutor, com o fenômeno posto em suspensão, como percebido e manifesto pela linguagem; e trabalha, também, com o que o significativo/relevante no contexto no qual a percepção e manifestação ocorrem (BICUDO, 2000). A fenomenologia, ao ser analisada como um método de pesquisa, “é uma forma radical de pensar” (MARTINS; BICUDO, 1983, p. 11). Este método procura ver as coisas como se mostram para caracterizar o ser em sua unidade essencial e básica. Com isso, a fenomenologia, enquanto um pensar a realidade de modo rigoroso e não exato, é uma referência importante para a formação de professores (BUENO, 2003b), uma vez que irá à essência do fenômeno educacional. De acordo com França (1989, p. 31-32), o método fenomenológico é construído em três etapas: redução, descrição e interpretação. A descrição pode ser definida como o ato de “enumerar aqueles aspectos que são imprescindíveis para se ficar conhecendo que fenômeno é este que se está investigando”. A redução “é um modo peculiar de prestar atenção, ir ao fenômeno”, e a interpretação se constitui em “o caminho, laborioso sem dúvida, porém o mais seguro para que a verdade se desvele”. Para Martins e Bicudo (1989) durante o processo de redução e interpretação tem-se dois processos de análises. O primeiro, constitui-se na análise psicológica do individual, definida como “análise ideográfica”, e o segundo, na análise psicológica do geral, entendida como “análise nomotética”. De uma maneira geral, a análise ideográfica refere-se à representação de ideias por meio de símbolos, ou seja, trata-se de uma análise da ideologia que permeia as descrições ingênuas do sujeito. Já a análise nomotética indica algo de caráter legislativo que se origina de fatos ou que se baseia em fatos (MARTINS; BICUDO, 1989). A fenomenologia procura ir à essência do fenômeno buscando respostas claras e significativas, sendo que a este tipo de abordagem, dentro da pesquisa qualitativa, é muito citada por diferentes autores da área da educação.
  • 4. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 4 Os interlocutores Tendo em vista que “o ‘saber’ que se procura é do tipo ‘compreensivo’, hermenêutico, profundamente enraizado nos discursos dos narradores” (MOITA, 1992, p. 117), defini-se os interlocutores da pesquisa sendo aqueles que vão ao encontro do objetivo da mesma, podendo ser, por exemplo, tanto professores da educação básica como do ensino superior, como licenciandos. Fischer (2004, p. 4) salienta que “[...] mais importante do que a quantidade de sujeitos é a validade, extensão e qualidade dos testemunhos que se pretende obter. Para isso há que se prever critérios [...] que permitam, com a maior dificuldade possível, selecionar os elementos a serem investigados”. Na pesquisa fenomenológica não há uma previsibilidade da quantidade dos sujeitos, bem como de restrições dos mesmos, uma vez que o importante a ser considerado é a qualidade dos testemunhos. As estratégias e instrumentos de coleta de dados A partir da definição dos sujeitos de pesquisa, dá-se continuidade ao estudo sob os pressupostos da pesquisa de natureza qualitativa, sendo que os instrumentos e procedimentos para a coleta de dados podem ser narrativas/discursos gravadas em vídeo ou em gravadores, bem relatos escritos. Conforme o método fenomenológico, as entrevistas são iniciadas com interrogações diretas do fenômeno, uma vez que Neves (2005) salienta que é dever do pesquisador fazer uma formulação de interrogação significativa articulando os resultados com o tema tratado. Ao pensar em tal questionamento é necessário levar em consideração o objetivo geral da pesquisa para ambos estarem articulados. Sugerem-se perguntas diretas iniciadas por ‘o que’, ‘qual’, ‘como’, a fim dar liberdade ao interlocutor em expressar os seus sentimentos sem se sentir limitado. As entrevistas podem ser realizadas no ambiente escolar, uma vez que o professor está inserido dentro de uma cultura docente, na qual é entendida “como o conjunto de crenças, valores, hábitos e normas dominantes que determinam o que este grupo social considera valioso em seu contexto profissional” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 164). Bem como por instrumentos eletrônicos de chamada de voz. A escolha do local é algo particular de cada pesquisador para atender o seu propósito. A primeira lição da fenomenologia é recusar pressupostos ou pré-concepções do tema proposto levando a suspensão de qualquer julgamento (MARTINS; BICUDO, 1983; NEVES, 2005). Com isso, ao realizar as entrevistas é preciso recusar supostos ou pré-concepções sobre a natureza do tema tratado. Esta suspensão de pré-conceitos é chamada de epoché, palavra de origem grega, que significa colocar o mundo entre parênteses. Aos sujeitos da pesquisa, é solicitado para descreverem a opinião a respeito de um determinado assunto no Ensino de Física. Portanto, as narrativas “são descrições do vivendo” (NEVES, 2005, p. 50), iniciando com a pergunta fenomenológica para o fenômeno em questão. De acordo com Bueno (2003b), ao refletir sobre a prática pedagógica, estima-se que a epoché é um respeitável referencial para que o docente conheça melhor a sua realidade, sem as “vendas” das teorias, sem os preconceitos e sem os rótulos, tornando sua prática mais consciente. Procura-se fazer poucas interrupções nos interlocutores enquanto ocorrem as entrevistas. No entanto em alguns casos os docentes têm dificuldades para se expressar
  • 5. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 5 livremente. Isso impõe a realização de outras perguntas de conexão entre os assuntos de modo a não interferir ou influenciar a resposta do sujeito. As narrativas são utilizadas visando compreender as trajetórias pessoais, acadêmicas e profissionais dos interlocutores (professores), identificando valores e concepções que os mobilizam à realização de suas práticas docentes. A utilização de narrativas orais é uma opção interessante, uma vez que, de acordo com Cunha (1997), é esta a modalidade que ainda tem sido utilizada em pesquisa. Salienta-se a necessidade de compreensão da relação dialética existente entre a narrativa e a experiência, uma vez que a experiência produz o discurso e, esse, produz a experiência. Logo, narrativa e experiência estão, assim, imbricadas, tornando-se, mutuamente, parte das vidas dos sujeitos. Segundo Husserl (2006) a experiência tem dois aspectos contidos na significação usual da mesma: ela é uma ciência de fatos e uma ciência de realidades. Acrescenta-se ainda, que “os “fenômenos” de que ela trata enquanto “fenomenologia” psicológica são eventos reais, os quais, como tais, possuem existência efetiva, inserindo junto com aos sujeitos reais a que pertencem” (HUSSERL, 2006, p. 28). Nesse sentido, as narrativas são potencialmente instrumentos de pesquisa e de formação, uma vez que, ao “se narrar”, o sujeito reconstrói sua prática, ressignificando o que vive/viveu dentro das ações do seu cotidiano docente. Segundo Josso (2004), as histórias de vida e a formação se constituem como uma abordagem das metodologias hermenêuticas de pesquisa, uma vez que possibilitam a construção de um saber referente à interpretação de um material linguístico. As narrativas “[...] não são meras descrições da realidade; elas são, especialmente produtoras de conhecimento que ao mesmo tempo em que se fazem veículos, constroem os condutores” (CUNHA, 1997, p. 7). Observar os docentes e falar com eles sobre suas razões de agir ou de discorrer é, no fundo, falar sobre os saberes nos quais eles se baseiam para agir. As estratégias e instrumentos de análise dos dados Martins e Bicudo (1989) ressaltam que, embora a descrição seja o instrumento de acesso a “vida” do sujeito, a análise dessas descrições não implicam necessariamente a uma teoria cientificamente orientada. Isso significa que existe diferentes maneira de chegar à essência do fenômeno. Ao transcrever as narrativas, assim como, todo o contexto que a cerca, são obtidas descrições, uma vez que, conforme Bicudo (2000), as mesmas, por meio de um olhar fenomenológico, apenas descreve o visto, sentido, a experiência vivida pelo sujeito sem julgamentos e avaliações, trabalhando com a totalidade dessas descrições. As descrições precisam ser lidas, uma a uma, diversas vezes até que o descrito comece a fazer sentido. A partir das leituras, inicia-se a fase principal da Fenomenologia: a redução fenomenológica. De acordo com Husserl (2006), essa redução leva o fenômeno psicológico à sua essência, onde nada é explicado sobre o fenômeno, apenas o descreve. A redução fenomenológica “é a fase descritiva dos dados significativos, proporcionará ao sujeito a dimensão da totalidade da razão ao mundo” (BUENO, 2003a, p. 30). Ao realizar essa etapa é possível ir à essência do fenômeno. Esse processo redutivo move-se em duas direções: “para a noesis, que é o ato dirigido para um objeto intencional e para o noema, que é o objeto de um ato noético” (BICUDO, 1983, p. 52). Essa relação dialética é compreendida pelo principio da intencionalidade, considerada característica básica da fenomenologia, “[...] em que é tentada a superação das tendências racionalistas e empiristas” (BUENO, 2003a, p. 30).
  • 6. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 6 Essa primeira análise é de cunho psicológico do individual, ou seja, é analisado cada sujeito individualmente. Nesta perspectiva, Martins e Bicudo (1989) destacam que há quatro momentos de reflexão: o primeiro constitui-se na redução do ritmo de análise e na permanência da descrição, levando a um olhar cuidadoso até se encontrar um lugar na descrição, vivendo a situação imaginativa em todos os seus pormenores; o segundo, é definido como a ampliação da situação, dando sua entidade no mundo; o terceiro, é a suspensão da crença e do interesse intenso; e o quarto é a passagem dos objetos para os significados. Ao analisar as descrições, de acordo com os momentos citados, é preciso que o pesquisador tenha atividades específicas para, então, constituir uma unidade. Essas percepções são possíveis serem indicadas no decorrer da análise. São elas: uso de uma linha existencial básica; pensar sobre o julgamento; penetrar em horizontes implícitos, fazer distinções; estabelecer relações dos constituintes dos fenômenos; tematizar os significados e motivos repetidos; interrogar as opacidades, realizam variações imaginativa; elaborar a visão da essência fenômeno; expressar o sentido em forma de linguagem e finalmente, verificar, modificar e reformular. Por meio de cada discurso lido e relido diversas vezes trechos de discurso ingênuo são excluídos, ou seja, trechos “que comportam aparentes inessencialidades” (NEVES, 2005, p. 51). Assim, os fragmentos que permaneceram podem revelar as essências do fenômeno posto em questão. Surgem assim, as primeiras “Unidades de Significados”, as quais, de acordo com Bicudo (2000, p. 81), “são unidades da descrição ou do texto que fazem sentido para o pesquisador a partir da interrogação formulada”. Ressalta-se que essa etapa é de caráter pessoal de cada pesquisador, o que é significativo para um pode não ser para o outro. Com as Unidades de Significado definidas, uma vez que essas comportam os intervalos mais importantes dos discursos de cada caso particular estudado (NEVES, 2005), passa-se à fase da “Compreensão da Situação Relada na Unidade”; “caracterizada por uma transformação das expressões usadas pelos sujeitos em uma linguagem pisicológica” (NEVES, 2005, p. 52), uma vez que tal compreensão é realizada para cada unidade de significado. O passo seguinte é a realização da “Compreensão Ideográfica” de cada sujeito, trata-se como já foi dito, de uma análise da ideologia que permeia as descrições do sujeito (MARTINS; BICUDO, 1989). Constitui-se de tal maneira, a “resgatar de cada conjunto de unidades uma inteligibilidade do indivíduo” (NEVES, 2005, p. 53). Esse etapa é uma das mais complicadas, uma vez que é preciso insights psicológicos para caracterizar o sujeito na sua essência. De acordo com Martins e Bicudo (1989) esses insights psicológicos parecem ocorrer mais como resultado de uma excitação espontânea do que referentes a regras explicitas. Na sua maioria tem caráter intuitivo. É válido ressaltar, também, que eles são tanto uma descoberta como uma criação, ou seja, podem “surgir do contato mais íntimo com a descrição e fidelidade à ela e, ao mesmo tempo, requer do pesquisador postura peculiar, e uma atitude rigorosa com relação aos modos múltiplos e ativos de compreensão” (MARTINS; BICUDO, 1989). A partir da finalização das representações ideográficas, procura-se ir para a análise psicológica do geral, ou seja, chegar às categorias, convergindo, assim, os discursos entre os sujeitos. Essa etapa é conhecida como: “Compreensão Nomotética do conjunto dos sujeitos”, onde são consideradas as convergências no discurso e entre os discursos. O termo nomotético é derivado de nomos que significa o uso de uma norma(leis) indicando de tal forma que é algo legislativo e que se origina ou se baseia em fatos (MARTINS; BICUDO, 1989).
  • 7. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 7 É a fase em que “abrirá a possibilidade de compreensão geral de uma ciência que se tematiza na globalidade do mundo dos sujeitos” (NEVES, 2005, p. 138) e que vem acompanhada das convergências dos sujeitos envolvidos na pesquisa. De acordo com Martins e Bicudo (1989) há quatro momentos de análise para auxiliarem durante esse processo: busca dos insights gerais das estruturas individuais; comparação de sujeitos; variação imaginativa; e formulação explicita de generalidades. Definidas as categorias, é realizado a Compreensão Eidética das mesmas, ou seja, nessa fase são analisadas as convergências de cada discurso dentro de cada categoria assim como as divergências se existirem. Por fim, a partir da redução fenomenológica é possível chegar à essência do fenômeno, buscando compreender o problema de pesquisa. Considerações Finais Correntes teóricas como a fenomenologia existencial é uma das grandes orientações teóricas que tratam daquilo que se pode chamar do estudo de “vida dos professores”. Nessa orientação o professor é considerado sujeito ativo onde é considerada a experiência relativa ao trabalho do docente com suas tensões, seus dilemas, suas rotinas e etc. (TARDIF, 2007). De acordo com Martins e Bicudo (1989), a pesquisa qualitativa busca a compreensão do fenômeno situado, de modo que a função principal é o questionamento dos princípios gerais conforme o homem organiza as suas experiências na vida cotidiana. Portanto, pensar em uma metodologia de pesquisa baseada nos princípios fenomenológicos para a formação de professores pode ser enriquecedor para a pesquisa se a mesma tem como um dos propósitos entender o cotidiano escolar dos mesmos, bem como suas ânsias e perspectivas quanto ao tema abordado, uma vez que a mesma permite abertura para os sujeitos se expressarem livremente, sem julgamentos e pré-conceitos. Referências ALES BELLO, Angela. Introdução à fenomenologia. Bauru: EDUSC, 2006. BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Fenomenologia: Confronte e Avanços. São Paulo: Cortez Editora, 2000. BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora, 1994. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. 2008. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola. BUENO, Enilda Rodrigues de Almeida. Fenomenologia: a volta às coisas mesmas. In PEIXOTO, Adão José (org). Interações entre fenomenologia & educação. Campinas: Alínea, 2003. BUENO, Enilda Rodrigues de Almeida. Prática Pedagógica e fenomenologia. In PEIXOTO, Adão José (org). Interações entre fenomenologia & educação. Campinas: Alínea, 2003. CUNHA, Maria Isabel da. As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino: Conta-Me Agora! Revista da Faculdade de Educação, v. 23, n.1-2, 1997. FISCHER, Beatriz T. Daut. Ponto e contraponto: harmonias possíveis no trabalho com histórias de vida. In: ABRAHÃO, Maria Helena Mena Barreto (Org). Aventura (auto)bibliográfica. Porto Alegre, EdiPUC/RS, 2004.
  • 8. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 2017 Nome da linha temática Arial 9pt 8 FRANÇA, Carlos. Psicologia Fenomenológica: uma das Maneiras e se Fazer. Campinas: Editora da UNICAMP, 1989. HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Aparecida: Ideias & Letras, 2006. JOSSO, Marie-Christine. Experiências de Vida e Formação. São Paulo: Cortez, 2004. MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. A Pesquisa Qualitativa em Psicologia: Fundamentos e Recursos Básicos. São Paulo: Morais, 1989. MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Estudos sobre existencialismo, fenomenologia e educação. São Paulo: Moraes, 1983. MINAYO, Maria Cecília de Souza. PESQUISA SOCIAL: Teoria, método e criatividade. 27ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. MOITA, Maria da Conceição. Percursos de formação e trans-formação. In Nóvoa, Antônio (org.). Vidas de Professores. 2ª Ed. 4 V. Porto: Porto, 1992. (Coleção Ciências da Educação) NEVES, Marcos Cesar Danhoni. O que é isto, a ciência?. Maringá: Eduem, 2005. NEVES, Marcos Cesar Danhoni. Uma perspectiva fenomenológica para o professor em sua expressão do: “O que é isto, a Ciência”. Tese (doutorado em Educação). Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas, 1991. PÉREZ GÓMEZ, A.I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Tradução Ernani Rosa. Porto Alegre: ARTMED, 2001. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.