O documento discute letramentos e práticas de leitura e escrita na escola, definindo letramentos como usos sociais da linguagem. Também aborda alfabetização versus letramentos, práticas de letramento, análise linguística e retextualização.
2. Objetivo
Compreender a perspectiva teórica e conceitual
dos letramentos no trabalho escolar com os
processos de escrita e leitura, na
contextualização do conhecimento e no
favorecimento às aprendizagens.
7. As atividades mostradas levam em consideração o uso
social do conhecimento e favorecem os processos de
leitura e de escrita?
Contribuem para favorecer aprendizagens relevantes
na escola?
12. O texto é uma unidade de sentido, em que seus
elementos constitutivos formam uma “teia”. Essa teia
é a estruturação do texto, que, por sua vez, pode ser:
ORAL (conversas telefônicas, notícias de rádio);
ESCRITO (cartas, e-mails, romances, receitas,
ofícios, atas);
VISUAL (pinturas, desenhos, placas).
Temos, ainda, os textos que se constituem de várias
linguagens, tais como imagens, sistema de escrita,
cores, sons, texturas, gráficos, etc. Textos cuja “teia”
se constrói com tantas linguagens (modos semióticos)
assim são chamados MULTIMODAIS (KRESS E VAN
LEEUWEN, 1996).
16. Alfabetizar-se pode ser definido como a
ação de se apropriar do alfabeto, da
ortografia da língua que se fala. Isso quer
dizer dominar um sistema bastante
complexo de representações e de regras de
correspondência entre letras e sons da fala
numa dada língua; em nosso caso, o
português do Brasil (ROJO, 2010).
17. Historicamente, o conceito de alfabetização se identificou ao ensino-
aprendizado da “teconologia da escrita”, quer dizer, do sistema
alfabético de escrita, o que, em linhas gerais, significa, na leitura, a
capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformandos-os em
“sons”, e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala,
transformando-os em sinais gráficos.
A partir dos anos 1980, (...) particularmente com os trabalhos de Emília
ferreiro e Ana Teberosky, (...) o aprendizado do sistema de escrita não
se reduziria ao domínio de correspondências entre grafemas e fonemas
(a decodificação e a codificação), mas se caracterizaria como um
processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos
com a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o
funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema de
representação (CASTANEHIRA ET AL, 2008).
18.
19. A noção de letramento está associada aos usos
culturais da linguagem nas diversas ações que
desempenhamos em casa, na rua, no trabalho, no clube,
na praia, na igreja, na escola, etc. Assim, as práticas
de letramento só podem ser analisadas numa
perspectiva social e antropológica, pois são
relacionadas aos diferentes aspectos culturais de cada
comunidade ou sociedade. (ROJO, 2010). Desse modo,
as imagens anteriores somente podem ser relacionadas
a práticas de letramento se associadas aos usos das
diversas linguagens nos contextos culturais próprios
da vida urbana como, por exemplo, a exposição a
letreiros, placas e outdoors e o costume de frequentar
bancas de jornais e revistas. E são tantos os contextos
em que lidamos culturalmente com a linguagem escrita
(e com outras linguagens), que a expressão do conceito
que ora debatemos tem sido feita no plural:
letramentos.
20.
21. É possível haver letramento(s) sem
alfabetização?
O contrário também é possível?
22.
23. Os novos estudos do letramento definem “eventos de
letramento” como “qualquer ocasião” em que um fragmento
de escrita faz parte integral da natureza das interações
dos participantes e de seus processos interpretativos”.
[...] Assim, trabalhar com os letramentos na escola, letrar,
consiste em criar eventos (atividades de leitura e escrita –
leitura e produção de textos, de mapas, por exemplo – ou
que envolvam o trato prévio com textos escritos, como é o
caso de telejornais, seminários e apresentações teatrais)
que possam integrar alunos a práticas de leitura e escrita
socialmente relevantes que estes ainda não dominam
(ROJO, 2010).
Um evento de letramento inclui atividades que têm as
características de outras atividades da vida social: envolve
mais de um participante e os envolvidos têm diferentes
saberes (KLEIMAN, 2005).
24. Práticas a serem consideradas no ensino da língua
(KLEIN, 2003)
1. Prática de leitura e interpretação (envolve os
níveis de leitura objetiva, inferencial e avaliativa)
2. Prática de produção de textos orais e escritos
(envolve o processo de reescrita/refacção)
3. Prática de análise linguística (refere-se, entre
outros, à reflexão em torno do funcionamento da
língua escrita: coesão, organização textual,
pontuação, etc.)
4. Prática da sistematização para o domínio do
código (refere-se à aquisição do sistema gráfico e
de suas convenções)
25.
26. Prática de análise linguística
Coesão:
repetição do advérbio aí (uma marca de oralidade muito
comum em textos de crianças no processo de aprendizagem da
escrita)
repetição de lebre, raposa e tartaruga (não substituição
por formas tais como ela e elas)
Prática da sistematização para o domínio do código
Ausência da letra “u” no final das formas verbais falou,
ficou e chegou (transposição, para escrita, do fenômeno de
monotongação: “falô”, “ficô”, “chegô”)
Troca de s por ç, na escrita de “çer” (“quem vai çer o
juiz”)
Troca de s por c, na escrita de “cer” (“você qué cer o
juiz da nossa corrida”)
27. LETRAMENTOS E RETEXTUALIZAÇÃO
Retextualizar envolve a produção de um novo
texto a partir de um ou mais textos-base, o que
significa que o sujeito trabalha sobre as
estratégias linguísticas, textuais e discursivas
identificadas no texto-base para, então, projetá-
las tendo em vista uma nova situação de
interação, portanto um novo enquadre e um novo
quadro de referência. A atividade de
retextualização envolve, dessa perspectiva, entre
outros aspectos, as relações entre gêneros e
textos. (MATENCIO, 2003, p. 3-4)
34. Nas atividades de retextualização envolvendo o gênero textual
“previsão do tempo”, que conhecimentos e habilidades foram
mobilizados por parte das crianças?
Os resultados dessas atividades poderiam compor uma
experiência de reagrupamento? Por quê?
As produções realizadas pelos estudantes, nessas atividades,
possibilitam a realização de algum diagnóstico da turma?
Segundo a proposta de Klein (2003), que elementos das práticas
de análise linguística e de sistematização para o domínio do código
podem ser trabalhadas em uma experiência de reagrupamento?