O documento discute como o filme O Céu de Suely retrata diferentes tipos de violência e estratégias de enfrentamento à violência por meio de uma análise multidimensional dos elementos do filme e considerações sobre cinema intercultural e comunicação para a paz. A migração é destacada como um importante fator de enfrentamento à violência sofrida pela protagonista Hermila.
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Violência e migração em O Céu de Suely
1. Cinema intercultural e paz:
violências e enfrentamentos
em O Céu de Suely
André Aparecido Medeiros
Mestrando em Comunicação Midiática na
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Bauru, São Paulo, Brasil.
Imagem: pôster do filme. As demais imagens são frames do filme.
2. • É possível estabelecer um diálogo entre o cinema intercultural e a
comunicação para a paz.
• Observar que o cinema é mais construtor de comunidades
imaginadas do que reprodutor de realidades é decisivo para a crítica
do conteúdo e da violência retratada.
3. • Como explica Eloísa Nos Aldás (2010), na comunicação, muitas vezes,
a mensagem é transmitida como verdade absoluta, completa e única
opção da realidade, possuindo enfoque persuasivo, afastando o
público da possibilidade de dúvida.
NOS ALDÁS, Eloísa. Repensar e reaprender a comunicação para uma cidadania cosmopolita, In: JALALI,
Vahideh R. R. (Org.) Estudos para a Paz. Aracajú: Editora Criação, 2010, pp.113-128.
4. • Nesse sentido, esta pesquisa
identifica os tipos de violência
encontrados no filme O Céu de
Suely (Karim Aïnouz, 2006), a
partir da classificação de
violência apresentada por
Galtung (2005).
O CÉU DE SUELY. Karim Aïnouz. Karim Aïnouz. Brasil, Alemanha, Portugal, França, 2006, 35mm.
GALTUNG, Johan. Três formas de violência, três formas de paz. A paz, a guerra e a formação social indo-europeia.
Revista Crítica de Ciências Sociais, n.71, pp.63-75, jun. 2005. Disponível em:
<http://www.ces.uc.pt/publicacoes/rccs/artigos/71/RCCS71-Johan%20Galtung-063-075.pdf>. Último acesso em: 2
dez. 2017.
5. • São utilizadas considerações acerca da comunicação para a paz (NOS
ALDÁS, 2010; SILVA ECHETO, 2012).
SILVA ECHETO, Víctor. Poéticas visuales de la periferia: extranjerías y migraciones. In: NOS ALDÁS, Eloísa;
SANDOVAL FORERO, Eduardo Andrés; ARÉVALO SALINAS, Alex Iván (Org.). Migraciones y cultura de
paz: Educando y comunicando solidaridad. Madri: Dykinson, S. L., 2012. pp. 133-145.
6. • São identificadas as estratégias de enfrentamento apresentadas como
reação à violência. São abordadas questões referentes ao cinema
intercultural (FRANÇA, 2003; MOURA, 2010; TEIXEIRA e FISCHER,
2016) e aos deslocamentos humanos, frequentes no filme, inclusive
na forma de migração.
FRANÇA, Andréa. Terras e fronteiras no cinema político contemporâneo. Rio de Janeiro: 7Letras, 2003.
MOURA, Hudson. O cinema intercultural na era da globalização. In: FRANÇA, Andréa; LOPES, Denilson
(Org.). Cinema, globalização e interculturalidade. Chapecó: Argos, 2010. pp. 43-66.
TEIXEIRA, Rafael Tassi; FISCHER, Sandra. Cinema Intercultural Ibero-Americano: estesias diaspóricas,
nomadismos identitários, fronteiras em trânsito. CARDOSO, João Batista Freitas; SANTOS, Roberto Elísio dos.
Miradas sobre o cinema ibero-americano contemporâneo. São Caetano do Sul: USCS, 2016. pp. 15-36.
7. • A análise dos resultados se pauta na pista multidimensional dos
elementos (AUMONT; MARIE, 1988, apud MARZAL FELICI; GÓMEZ
TARÍN, 2007), com a interpretação do texto dos filmes.
• A análise da pista multidimensional dos elementos se divide em três
momentos:
• Elementos objetiváveis (objetivos);
• Elementos não objetiváveis (não-objetivos);
• Interpretação (elementos subjetivos).
AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. L´analyse des films. París: Nathan, 1988.
MARZAL FELICI, Javier; GÓMEZ TARÍN, Francisco Javier: Interpretar un film. Reflexiones en torno a las
metodologías de análisis del texto fílmico para la formulación de una propuesta de trabajo. In: Metodologías de
Análisis del Film. Madri: Edipo, S.A., 2007. pp. 31-56.
8. • A migração desponta no filme como um
importante fator de enfrentamento à
violência sofrida, trazendo à Hermila (a
protagonista) uma esperança de
transformação positiva e sendo um fio
condutor da narrativa.