Este estudo identificou os componentes químicos do óleo essencial de folhas de limão-siciliano, principalmente monoterpenos como limoneno. Testes em camundongos mostraram que a administração repetida do óleo não causou toxicidade ou mortes e pode melhorar parâmetros renais e lipídicos.
1. [Limão Siciliano 013.01]
Óleo essencial: Citrus limon
Composto: Limoneno, linalol, cis-óxido de limoneno, trans-óxido de limoneno,
citronelal, neral, geranial, nerol e acetato de geranil
Título: Constituintes químicos e estudos toxicológicos do óleo essencial
extraído das folhas de Citrus limon (L.) Burm (Rutaceae).
Autor: Campelo, L.M.L; Sá, C.G; Lima, S.G; Feitosa, C.M; Sousa, G.F; Freitas,
R.M.
Journal: Revista Brasileira de Plantas Medicinais
Vol (issue): 15 (4)
Ano: 2011
DOI: 10.1590/S1516-05722013000500011
TAGs: Bioquímica; Citrus limon; hematologia; tratamento agudo; Citrus;
monoterpenos; limoneno; geraniol; trans-óxido; neral; geraniol; nerol; citronelol;
cis-óxido limoneno; linalol; parâmetros hematológicos; baixa toxicidade; peso
corpóreo; ureia; ácido úrico; triglicerídeos; in vivo; dislipidemias; função renal;
rim.
Sobre o artigo:
A família Rutaceae consiste em cerca de 150 gêneros e 1.600 espécies,
distribuídas globalmente em regiões tropicais, subtropicais e temperadas do
mundo, sendo mais abundante na América tropical, sul da África e Austrália.
No Brasil, a família é representada por aproximadamente 29 gêneros e 182
espécies, com algumas de importância medicinal, ecológica e econômica. O
Citrus é um gênero que compreende cerca de 70 espécies de subarbustos e
arbustos que podem ser cultivadas ou encontradas espontaneamente na
Alemanha, Espanha, México, Venezuela, Cuba, Jamaica, Equador, e no Norte
e Nordeste do Brasil.
2. As espécies do gênero Citrus são ricas em flavonóides, óleos voláteis,
cumarinas e pectinas e a maioria dos compostos flavônicos são heterosídeos
de flavononas (hesperidosídeo, neohesperidosídeo, naringosídeo,
eriodictiosídeo), assim como também estão presentes outros flavonóides, como
a diosmina e o rutosídeo.
O Citrus limon é popularmente conhecido como limoeiro, fornecendo folhas e
frutos que são aproveitados pela medicina popular para fins terapêuticos, com
propriedades adstringente, antianêmico, antibiótico, antisséptico, antiemético,
antidepressivo, anti-inflamatório, antiespasmódico, bactericida, antirreumático,
antidisentérico e ainda para tratamento da febre e da tosse.
Portanto, no presente estudo foi extraído o óleo essencial das folhas de Citrus
limon e caracterizado quimicamente por cromatografia gasosa e espectrometria
de massas; e, após a extração do OE foram avaliados os efeitos após a
administração subcrônica em parâmetros bioquímicos e hematológicos de
camundongos.
Resultados:
A composição química e as porcentagens relativas dos constituintes
encontrados no óleo volátil da amostra obtida a partir das folhas de C. limon
estão demonstradas na Tabela 1.
O constituinte mais abundante encontrado foi o limoneno (52%), assim como
descrito na literatura para outras espécies de Citrus, seguido de acetato de
geraniol (10%), trans-óxido limoneno (7%), neral (6%), geraniol (5%), nerol
(4%), citronelol (2%), cis-óxido limoneno (2%) e linalol (1%).
3. Para as análises dos parâmetros hematológicos e bioquímicos, 40
camundongos correspondendo a quatro grupos foram tratados durante 30 dias
consecutivos, por via oral, com o óleo essencial de Citrus limon nas doses de
50, 100 e 150 mg/kg dissolvido em Tween 80 – 0,05% (grupos OECL 50, OECL
100 e OECL 150), ou Tween 80 – 0,05% (grupo Tween 80) ou solução salina
0,9% para os grupos de controle.
Durante o tratamento, a massa corporal dos animais foi registrada
semanalmente e os animais avaliados quanto a sinais clínicos de toxicidade,
consumo de água e ração.
Ao final do tratamento, os animais foram submetidos à um jejum de 12h e em
seguida foi feita à coleta de sangue – o qual foi acondicionado em dois tipos de
tubo: um com anticoagulante HB para determinação dos parâmetros
hematológicos, e o outro, sem anticoagulante, para obtenção do soro para
avaliação dos parâmetros bioquímicos.
4. Os pesquisadores puderam observar que o OE não alterou de forma expressa
o peso corpóreo dos animais. Além disso, durante o tratamento, não foram
observados sinais clínicos de toxicidade e também nenhuma morte foi
registrada. Além disso, também não houve alteração no consumo de água e
ração dos animais.
Esses resultados são contrários aos efeitos do extrato do fruto, que produziu
uma redução do consumo de alimento e do ganho de peso corporal e um
índice significativo de mortalidade dos animais, como determinado pela
literatura.
Baseados nos resultados obtidos a partir dos estudos hematológicos e
bioquímicos do sangue sugere-se que a administração em doses repetidas do
óleo essencial de C. limon não produz efeitos tóxicos sobre a maioria dos
parâmetros estudados.
Observou-se também uma diminuição dos níveis séricos de ureia e ácido úrico
em camundongos tratados com OE na dose de 150 mg/kg, o que aponta para
uma possível melhora da função renal, bem como a redução dos níveis de
triglicerídeos, o que sugere um possível uso deste óleo no tratamento de
dislipidemias.
Na prática:
Neste estudo, os pesquisadores identificaram os componentes químicos
presentes no óleo essencial de folhas do Citrus limon e encontraram uma
mistura de monoterpenos (limoneno, linalol, cis-óxido de limoneno, trans-óxido
de limoneno, citronelal, neral, geranial, nerol e acetato de geranil).
Os efeitos da administração aguda com doses repetidas do OECL sobre
parâmetros bioquímicos e hematológicos em camundongos demonstraram que
o tratamento não causou nenhuma morte ou toxicidade nos animais, não é
ótimo?
5. Além disso, a administração do OE não alterou os parâmetros bioquímicos e
sanguíneos e o peso de órgãos, exceto por uma diminuição da ureia e ácido
úrico, como também dos triglicerídeos. O que é um ótimo sinal, pois, as
diminuições desses parâmetros corroboram para uma melhoria na saúde do
indivíduo!