Artigo sobre o envelhecimento de servidores públicos. Fernanda Maria Guadalupe Nunes1
, Mauro André Gouveia da Cruz2
, Rogéria de
Arantes Gomes Eller3
, Jorge Luiz Knupp Rodrigues4
1 e 2 Unitau/Mestrandos em Gestão e Desenvolvimento Regional – MGDR – Universidade de Taubaté – Rua
Visconde do Rio Branco, 210, Centro – 12020-040 – Taubaté – SP – Brasil
3 e 4 Unitau/Professores Doutores Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Gestão e
Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté – Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Portão
2, CEP 12020-030 - Taubaté/SP – Brasil
1 fernanda@adm.inpe.br
2 mauro@adm.inpe.br
3 rogeria@ita.br
4 jorgeknupp@gmail.com
1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E REFLEXOS NO QUADRO DE SERVIDORES
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
DE UM INSTITUTO PÚBLICO DE PESQUISAS
Fernanda Maria Guadalupe Nunes1, Mauro André Gouveia da Cruz2, Rogéria de
Arantes Gomes Eller3, Jorge Luiz Knupp Rodrigues4
1 e 2 Unitau/Mestrandos em Gestão e Desenvolvimento Regional – MGDR – Universidade de Taubaté – Rua
Visconde do Rio Branco, 210, Centro – 12020-040 – Taubaté – SP – Brasil
3 e 4 Unitau/Professores Doutores Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Gestão e
Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté – Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Portão
2, CEP 12020-030 - Taubaté/SP – Brasil
1 fernanda@adm.inpe.br
2 mauro@adm.inpe.br
3 rogeria@ita.br
4 jorgeknupp@gmail.com
Resumo - O Setor Público tem sofrido mudanças significativas nas suas organizações, como por exemplo,
formas diversas de enxugamento dos seus quadros, aumento significativo de aposentadorias e a reposição
limitada de pessoal. Muitas vezes essas mudanças não levam em conta características da população
trabalhadora, entre elas destacamos o envelhecimento em relação ao trabalho. A força de trabalho está
envelhecendo e continuará a envelhecer, este problema tem se tornado uma preocupação crescente dos
gestores nas organizações, sendo tema de discussões e estudos. Este trabalho tem como objetivo um
levantamento teórico sobre envelhecimento populacional e apresentar através de levantamento de dados,
evidências desta problemática em um Instituto Público de Pesquisas.
Palavras Chave: Envelhecimento, Instituto Público de Pesquisas, Quadro de Servidores Ativos
Área do conhecimento: Ciências Sociais e Aplicadas
Introdução
Nos dias de hoje, estamos testemunhando um
novo fenômeno na história da humanidade: o
extraordinário aumento populacional de idosos
(HEKMAN, 2004).
O processo de transição demográfica, que em
poucas décadas mudou o padrão de fecundidade
feminino brasileiro, provocou forte desaceleração
na taxa de crescimento demográfico do país. A
associação da redução da fecundidade com a
queda da mortalidade reflete-se na evolução da
composição etária do País, que segue em
processo de envelhecimento. Com tais mudanças,
o reflexo, no Brasil, foi de uma elevação da
expectativa média de vida ao nascerem e,
atualmente, em valores absolutos, os idosos
chegam a 14 milhões de pessoas, uma das
maiores populações de idosos do mundo,
superior, inclusive, à de países como França, Itália
e Grã-Bretanha. Uma estimativa conservadora
projeta, para o ano 2025, uma população superior
a 32 milhões de idosos – a sexta maior do planeta
(HEKMAN, 2004).
Ainda segundo Hekman (2004), a expectativa
de vida será de 81 anos em 2050, o que significa
que uma porção de jovens trabalhadores deverá
sustentar a aposentadoria de um número maior de
aposentados.
Neste sentido, um dos grandes problemas
internos nas Instituições Públicas, que vem
preocupando seus dirigentes e de modo geral o
Governo Federal, refere-se ao envelhecimento de
seus servidores, e a não reposição rápida do
quadro de pessoal. Neste trabalho faz-se um
estudo bibliográfico sobre o envelhecimento da
população e um levantamento da idade dos
servidores de um Instituto Público de Pesquisas,
bem como dos servidores aposentados no período
de 1991 a 2009 e dos servidores que se mantém
trabalhando, mas já possuem os requisitos para a
aposentadoria.
Metodologia
2. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
2
O trabalho foi desenvolvido por meio de uma
revisão bibliográfica em artigos, teses e web sites
e de levantamento de dados em uma Instituição
Pública de Pesquisas, com o objetivo de
apresentar evidências do envelhecimento do corpo
de servidores da Instituição.
Processo de envelhecimento populacional
No início do século XX, um brasileiro vivia em
média 33 anos, ao passo que hoje sua expectativa
de vida ao nascer constitui 68 anos. O Brasil é um
país que envelhece a passos largos (VERAS,
2003 apud FERNANDES; SANTOS, 2007). O
mesmo autor ressalta também que, em nosso
país, o número de idosos passou dos dois
milhões, em 1950, para seis milhões em 1975 e,
para 15,4 milhões, em 2002, significando um
aumento de 700%. Estima-se, ainda, para 2020,
que esta população alcance os 32 milhões.
Segundo a Organização das Nações Unidas
(ONU), para os países em desenvolvimento, a
idade que classifica a pessoa como idosa é a
partir dos 60 anos.
Wajnman (1997 apud GIATTI; BARRETO,
2003), estudando no Brasil as perspectivas de
crescimento da População Economicamente Ativa
(PEA), identifica que o segmento dessa população
que mais cresceu no período entre 1980 e 1990 foi
o de 25 a 49 anos, e entre 2000 e 2020 será o
segmento correspondente às pessoas acima de
cinqüenta anos, confirmando a tendência de
envelhecimento da PEA.
Conforme Camarano (2002 apud
FERNANDES; SANTOS, 2007), as proporções da
população “mais idosa”, ou seja, com oitenta anos
ou mais, no total da população brasileira, está
aumentando em ritmo bastante acelerado, embora
ainda represente um contingente pequeno. De 166
mil pessoas em 1940, o segmento “mais idoso”
passou para quase 1,9 milhões em 2000.
Tal mudança demográfica deve-se a vários
fatores, como o controle de muitas doenças
infecto-contagiosas e potencialmente fatais,
sobretudo a partir da descoberta dos antibióticos,
dos imunobiológicos e das políticas de vacinação
em massa; a diminuição das taxas de fecundidade
e queda da mortalidade infantil, ocorrendo graças
à ampliação de redes de abastecimento de água e
esgoto e da cobertura da atenção básica à saúde;
a acelerada urbanização e as mudanças nos
processos produtivos, de organização do trabalho
e da vida (MINAYO, 2000 apud FERNANDES;
SANTOS, 2007).
Com o envelhecimento da população
trabalhadora e as necessidades específicas de
saúde da população idosa (LIMA-COSTA, 2000
apud GIATTI; BARRETO, 2003), alguns autores
têm apontado a importância de investigar as
desigualdades em saúde entre os idosos através
da qualificação do trabalho.
Em um desses estudos, Marmot; Shipley (1996
apud GIATTI; BARRETO, 2003) identificaram uma
associação entre menor qualificação no trabalho e
maior morbidade e mortalidade. Esta associação
seria explicada pela relação direta entre
qualificação ocupacional e escolaridade, renda,
auto-estima e condições de vida de um modo
geral.
A simples situação de estar trabalhando tem
sido apontada como um potente e independente
fator preditivo de maior sobrevida (BLANC et al.,
1994 apud GIATTI; BARRETO, 2003).
Pouco se sabe sobre os determinantes da
permanência na vida ativa em idades mais
avançadas em países em desenvolvimento como
o Brasil. Estudos sobre a mortalidade em
população adulta indicam que o viés do
trabalhador sadio é mais acentuado no Brasil que
em países desenvolvidos (BARRETO et al., 1996
apud GIATTI; BARRETO, 2003).
Chopra (1994 apud ODEBRECHT, 2003)
acredita que pelo fato de a mente influenciar cada
célula existente no corpo, o envelhecimento
humano é um processo fluido e cambiável; pode
ser acelerado, reduzido, parar por algum tempo e
até mesmo reverter-se.
Segundo Odebrecht (2003) o elemento chave
do envelhecimento parece ser a forma como uma
pessoa leva a vida, isto é, o saber viver. As ações
e reações diante dos fatos da vida provocam
seqüelas que culminam na forma de envelhecer.
A análise da tarefa de cada profissão pode
auxiliar a esclarecer a relação entre algumas
disfunções encontradas no trabalhador, que
podem ou não estar relacionadas com o tempo
que o trabalhador exerce a profissão. Cada tarefa
tem seus próprios equipamentos e
constrangimentos específicos, alguns dos quais
podem se tornar onerosos com a idade, tais como:
intensas e contínuas cargas físicas de trabalho,
constrangimento postural, ritmo e tempos rígidos,
alta precisão, trabalho em turnos diferentes entre
outros (LAVILLE, 1989 apud ODEBRECHT, 2003).
Da análise do trabalho buscam-se elementos
para descrevê-lo, basicamente, segundo: a) as
tarefas a serem executadas – critérios de
fisiologia; b) os riscos impostos ao trabalhador –
verificação das condições do ambiente; c) a
adequação do posto de trabalho ao trabalhador –
critérios de produtividade; e d) a sua organização -
ritmos.
Segundo Odebrecht (2003) em estudos
realizados na Finlândia por Ilmarinen (1997) e na
Dinamarca por Borg et al (1997), foi constatado
que quanto maior o esforço físico, menor é a
capacidade para o trabalho ao longo dos anos – o
que reforça a tese de que a capacidade física
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IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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diminui mais acentuadamente com a idade do que
as outras capacidades (mental e social) do ser
humano.
O declínio funcional de uma pessoa
(homeostenose) tem início segundo Santana
(2001 apud ODEBRECHT, 2003) a partir dos 30
anos, sendo gradual e linear além de ser variável
entre as pessoas e, numa mesma pessoa, a taxa
de declínio nem sempre é uniforme.
No Brasil existem poucos estudos com dados
que relacionem as características de grupo de
pessoas ao longo da vida, seus hábitos, saúde e
envelhecimento. Na literatura internacional,
poucas são as pesquisas, sobre o processo de
envelhecimento, com resultados longitudinais
(ODEBRECHT, 2003).
De modo geral, o envelhecimento não limita
para o trabalho. O envelhecimento compreende
diversas facetas, que se conhecidas e
respeitadas, permitem exercer quase que qualquer
atividade laboral, mesmo com idade avançada.
Hayflick (1997 apud ODEBRECHT, 2003) destaca
algumas destas facetas, cujas características são
predominantes, tais como: a redução da
capacidade de adaptação, a redução da
velocidade do desempenho e o aumento da
suscetibilidade à doença.
O lado positivo de saber aproveitar melhor o
tempo e as energias disponíveis, concentrando-se
nas tarefas mais importantes parece ser atributo
dos profissionais mais velhos, dando lugar a novas
abordagens da ergonomia, que estabelecem
modelos que incluem a experiência, a
familiaridade com as situações de trabalho e o
ambiente no qual o trabalho é realizado (CONI;
DAVISON; WEBSTER; 1996 apud ODEBRECHT,
2003).
Geralmente o ritmo do envelhecimento das
pessoas nascidas no mesmo ano é igual até elas
chegarem aos vinte e tantos, trinta e poucos anos
– todas são saudáveis e capazes exceto as
pessoas que herdaram doenças genéticas raras
ou que sofreram acidentes graves. O ponto de
transição entre o crescimento e o envelhecimento
se dá entre os 28 e 36 anos. Em geral cada
função biológica diminui 3 a 6% por década
(ROIZEN, 1999 apud ODEBRECHT, 2003).
Segundo Ilmarinen et al. (1991 apud
BELLUSCI; FISCHER, 1999) e Ilmarinen (1993,
1994, 1995 apud BELLUSCI; FISCHER, 1999),
quando o trabalhador tem mais experiência nas
tarefas que executa, as exigências do trabalho,
especialmente as mentais, tendem a aumentar,
podendo levar ao envelhecimento funcional
precoce.
As exigências e os fatores de estresse no
trabalho precisam estar equilibrados com a
capacidade dos trabalhadores para que eles não
envelheçam funcionalmente. Há necessidade de
uma avaliação contínua dos agentes que
desencadeiam sintomas, lesões e doenças e das
melhorias das condições de trabalho, procurando
soluções para incrementar o equilíbrio da relação
entre capacidade e demandas do trabalho. Essas
soluções são baseadas em estudos sobre o
ambiente de trabalho, as alterações fisiológicas,
as mudanças na capacidade para o trabalho, e,
em especial, na influência da organização e dos
aspectos físicos e ergonômicos no trabalho. É
enfatizada a necessidade de flexibilização das
tarefas e da identificação de requisitos específicos
para promover a saúde na população de
trabalhadores que perderam a capacidade
funcional para o trabalho. Também é
recomendado que se leve em conta o estilo de
vida e as condições de trabalho, com o objetivo de
otimizar a capacidade funcional e a saúde de
trabalhadores. Ao mesmo tempo promover
eficiência econômica e produtiva para garantir que
a habilidade e experiência sejam totalmente
utilizadas (BELLUSCI; FISCHER, 1999).
Aposentadoria
Segundo Paschoal (2002 apud CINTRA;
RIBEIRO, 2007), economicamente, a pessoa pode
ser caracterizada idosa a partir do momento em
que cessa sua vida produtiva ou, também, quando
se aposenta.
No Brasil, ser velho muitas vezes significa estar
excluído dos lugares sociais, onde o mais
valorizado é o mundo do trabalho
(MERCADANTE, 2002 apud CINTRA; RIBEIRO,
2007).
Para Gatto (2002 apud CINTRA; RIBEIRO,
2007), a perda de ordem econômica social chega
junto com a aposentadoria, onde há uma ruptura
do vínculo profissional e do papel social.
Geralmente, a aposentadoria vem acompanhada
com um declínio do padrão de vida e a pessoa
enfrenta esta nova etapa sem estar preparada
emocionalmente. Torna-se comum, portanto, o
surgimento de doenças e depressão, devido à
falta de um fechamento bem elaborado de um
ciclo importante da vida.
Segundo Veras, Ramos e Kalache (1987 apud
CINTRA; RIBEIRO, 2007), na maioria dos países,
os sistemas de aposentadoria foram fundados há
pouco mais de meio século. No início foi instituído
como uma forma de assistência e, cada vez mais,
se desenvolve como um direito do trabalhador.
Durante o período ativo é obrigatória a
contribuição do indivíduo, assim, após o período
funcional a aposentadoria garante uma renda
vitalícia, a fim de manter a sua subsistência.
Portanto, a aposentadoria permite a rotatividade
no trabalho, onde os mais velhos são substituídos
pelos mais jovens. A aposentadoria, depois de
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determinada idade afasta as pessoas do trabalho
e garante o direito de serem mantidas
financeiramente pelo sistema.
Para Zanelli; Silva (1996 apud CINTRA;
RIBEIRO, 2007), a vida humana é organizada pelo
trabalho. Os horários, atividades, relacionamentos
pessoais são determinados de acordo com as
exigências deste. Portanto a preocupação consigo
mesmo é deixada um pouco de lado, tornando-se
comum a desorientação da pessoa quando pára
de trabalhar, sentindo-se inútil e desestruturada
emocionalmente. Na nossa sociedade, o trabalho
é definidor do sentido da existência humana e,
mesmo antes de entendermos o significado de
trabalho, estamos sendo preparados para este
através do processo de socialização. Por isso, o
trabalho é como o núcleo da vida e quando se é
tirada a oportunidade de conviver naquele
ambiente e com aquele grupo de pessoas é
comum ocorrer um processo de negação,
principalmente se a aposentadoria vier de forma
abrupta. Concluiu-se que os idosos que mantém
boas condições de saúde, autonomia física e
mental, conseguem assegurar os papéis que
consideram importantes na sociedade. Portanto, a
sociedade deve rever os conceitos sobre os
idosos e considerar o potencial que estes
possuem, possibilitando até mesmo a re-inserção
no mercado de trabalho, caso esta seja da
vontade do idoso.
No contexto do envelhecimento populacional,
inúmeros fatores se inter-relacionam. Entre eles,
os de maior relevância são aqueles ligados à
previdência social e à saúde, os quais constituem
desafios para o Estado, setores produtivos e
famílias. Levando em conta as implicações do
envelhecimento para a sociedade, o Banco
Mundial, em 1994, afirma, através de um
documento, que a crescente expectativa de vida
nos países em desenvolvimento, a exemplo do
Brasil, estava provocando a “crise da velhice”,
traduzida por uma pressão nos sistemas de
previdência social a ponto de pôr em risco não
somente a segurança econômica dos idosos, mas
também o próprio desenvolvimento desses países
(SIMÕES, 1997 apud FERNANDES; SANTOS,
2007).
Nas sociedades industrializadas, Giddens
(1999 apud FERNANDES; SANTOS, 2007)
ressalta que o envelhecimento constitui um grande
problema por causa da bomba-relógio da
aposentadoria.
O Programa de Preparação para a
Aposentadoria (PPA) é uma tentativa de levar os
pré-aposentados a discutirem e pensarem
alternativas de atividades, para um melhor
enfrentamento e fortalecimento para uma vida com
mais qualidade, após a aposentadoria. (SANTOS,
2007).
O PPA surgiu nos Estados Unidos, na década
de 50, iniciando-se com informações sobre o
sistema de aposentadorias e pensões e
posteriormente vindas a ampliar-se com
conteúdos relacionados à saúde e questões
sociais. No Brasil, essa iniciativa ocorreu na
década de 70, a partir do SESC, no Estado de São
Paulo e era composto por dois módulos de
atividades teórico práticas: no primeiro discutia-se
as questões do envelhecimento; no segundo,
apresentavam-se recursos socioculturais e de
serviços da comunidade, onde os futuros
aposentados pudessem integrar-se. As avaliações
deste modelo foram satisfatórias e os pré-aposentados
já se engajavam em outras
atividades, antes mesmo da aposentadoria.
(SANTOS, 2007).
A empresa que oferece o PPA para os
trabalhadores apresenta como vantagens:
favorecer a renovação do quadro funcional em
todos os níveis e a redução na folha de
pagamento; exercer a sua responsabilidade social
na comunidade funcional; elevar os níveis de
produtividade, por meio do desenvolvimento de
um processo de repasse de know-how do
trabalhador pré-aposentado para aquele que o
substituir; desenvolver a motivação e a
participação, com influência no clima
organizacional; contribuir com a imagem da
empresa junto aos trabalhadores e ao mercado;
elevar a qualidade de vida no mundo do trabalho
(SANTOS, 2007).
O trabalhador necessita ser preparado para a
aposentadoria desde o seu primeiro dia de
atividade. Implantar programas de preparação
para aposentadoria nas empresas significa
preocupar-se com a qualidade de vida do
trabalhador, principalmente em um período que
ele mais precisa estar apto a arcar com
responsabilidades maiores e rendimentos
menores, em um país de muitas instabilidades
financeiras como o Brasil (SANTOS 2007).
Levantamento de dados em um Instituto
Público de Pesquisas
Segundo HABE (1993), em setembro de 1991
o quadro de pessoal do Instituto Público de
Pesquisas estudado, tinha um total de 1.522
servidores ativos com idade média de 36,7 anos.
Conforme dados levantados, atualmente a
Instituição totaliza 1.081 servidores com idade
média de 50 anos.
Apresentamos a seguir a distribuição atual dos
servidores ativos desse Instituto Público de
Pesquisas, nas carreiras por faixa etária, separada
por sexo feminino (Tabela 1) e por sexo masculino
(Tabela 2). O quadro de servidores ativos é
5. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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composto por 25,53% de mulheres e 74,47 % de
homens.
Tabela 1 – Distribuição do quadro de servidores do sexo
feminino: faixa etária X carreira
Faixa Etária Desenvolvi
mento
Gestão Pesquisa
24 a 45 37 41 10
46 a 65 61 94 30
66 a 83 01 02 00
Total 99 137 40
Fonte: SIAPE (2009)
Tabela 2 – Distribuição do quadro de servidores do sexo
masculino: faixa etária x carreira
Faixa etária Desenvolvi
mento
Gestão Pesquisa
24 a 45 113 28 20
46 a 65 325 173 127
66 a 83 04 01 13
Total 443 202 160
Fonte: SIAPE (2009)
Tabela 3 – Distribuição do quadro de servidores x faixa
etária
Faixa Etária nº servidores Percentual
24 a 45 249 23,03%
46 a 65 811 75,20%
66 a 83 21 1,95%
Total 1081 100 %
Fonte: SIAPE (2009)
Em 1997 e 1998, expectativas de mudanças na
forma de concessão da aposentadoria fez um
grande número de servidores correrem para
garantir seus direitos. A partir de 1999, com
alterações na legislação os servidores tiveram que
se enquadrar em regras mais rígidas de
concessão, o que levou a uma queda no número
de aposentadorias. Desde 2006 o fluxo de
solicitações vem gradativamente crescendo,
devido o cumprimento das regras atuais de
aposentadoria.
Apresentamos na Tabela 4, a evolução anual
de servidores aposentados, no período de 1991 a
2009, no Instituto estudado.
Tabela 4 – Evolução das aposentadorias no período de
1991 e 2009
Ano nº. aposentados
1991 a 1995 199
1996 a 2000 192
2001 a 2005 32
2006 a 2009 50
Total 473
Fonte: SIAPE (2009)
O abono de permanência é um incentivo criado
pelo Governo Federal em dezembro de 2003, para
beneficiar o servidor que completou os requisitos
para aposentadoria voluntária e que opta por
permanecer em atividade, podendo manter-se
nesta situação até que complete 70 anos de idade.
A média de idade dos servidores que possuem
o Abono de Permanência é de 58 anos e equivale
a 14% do total dos servidores ativos dentro da
Instituição.
Tabela 5 – Servidores que possuem abono de
permanência x carreira
Carreira nº. servidores
Desenvolvimento 56
Gestão 58
Pesquisa 35
Total 149
Fonte: SIAPE (2009)
Discussão
Com os dados levantados no Instituto Público
de Pesquisas, concluí-se que o processo
progressivo de envelhecimento no trabalho traz
para as organizações uma nova realidade, onde é
crucial a conscientização dos gestores quanto à
necessidade de se criar soluções estratégicas e
criativas para manter a capacidade de trabalho de
seus quadros de funcionários, respeitando as
limitações provenientes da idade e valorizando o
conhecimento e a sabedoria dos mais antigos. As
organizações precisam criar medidas para o
enfrentamento dessa nova realidade, como por
exemplo: fomentar o envelhecimento saudável,
aumentar a auto-estima, promover programas de
qualidade de vida, valorização do servidor,
6. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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aumentar o contato social, adequação das tarefas
e das condições de ambiente.
Os problemas psicológicos causados pela
aposentadoria acontecem devido à ligação
existente entre trabalho e reconhecimento. Com o
envelhecimento e a conseqüente aposentadoria,
muitos fatores acabam por extinguir-se como a
vida social, o reconhecimento da sociedade, a
referência na profissão, os compromissos, os
horários, o ser “útil”. A aposentadoria é um período
de reestruturação das atividades e dos valores. É
neste período de transformações, que a família e
amigos evidenciam suas importâncias.
Normalmente os trabalhadores são tão
absorvidos pelo ambiente de trabalho que acabam
deixando suas famílias e amigos. Muitos autores
apontam dois meios de equilíbrio do ser humano:
o mundo profissional e o mundo familiar. O
momento de aposentadoria pode ser o momento
de reflexão e retomada dos vínculos familiares e
afetivos. Para que este mudança seja vista como
positiva, o servidor precisa estar preparado e
consciente dessa nova fase de sua vida.
Conclusão
Conclui-se que o envelhecimento populacional
é um problema que cresce gradativamente. A
Instituição estudada apresenta um envelhecimento
do seu corpo de servidores (que pode ser
observado através da idade média de seus
servidores no período de 18 anos, entre 1991 a
2009, passou de 36,7 anos para 50 anos) que
indica hoje que a maior concentração dos
servidores encontra-se na faixa etária de 41 a 60
anos de idade, o que representa 81,77 % do total
de servidores ativos do Instituto. Torna-se
evidente a necessidade de um trabalho mais
aprofundado referente à preparação dos
servidores para sua futura aposentadoria, através
de um Programa de Preparação de Aposentadoria
– PPA, que envolva não somente o aspecto
financeiro, mas também o aspecto social e
psicológico dos indivíduos. Por outro lado é
importante a adoção de uma política de recursos
humanos que mantenha a capacidade de trabalho
de sua mão-de-obra, ajustadas ao novo perfil
etário do quadro de servidores, bem como um
programa de treinamento para
substituição/reposição das competências.
Referências
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trabalho em servidores forenses. Rev. Saúde
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CINTRA, T. S.; RIBEIRO, D.F. O mundo do
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1678-352X, 2007.
FERNANDES M. G. M; SANTOS, S. R. dos.
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Achegas. net:, v. 34, p. 49-60, 2007.
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HEKMAN, M. F. de. Simpósio do
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SIAPE Sistema Integrado de Administração de
Pessoal (Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão) Não disponível, na Internet, acesso
restrito ás áreas de Recursos Humanos da
Administração Pública Federal, acesso em julho
de 2009.