1) O documento discute a importância dos jogos na educação infantil para a formação de conceitos em crianças de 5 a 6 anos.
2) Foi realizado um estudo de caso em uma escola infantil que observou como os jogos são usados no ensino e como as crianças se desenvolvem através deles.
3) Os resultados mostraram que as crianças aprendem melhor quando ensinadas por meio de jogos e que os professores devem ser treinados para usar jogos de forma efetiva.
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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA A FORMAÇÃO
DE CONCEITOS DE CRIANÇAS DE 5 A 6 ANOS
Adriana Vieira do Nascimento1
Dione Marise Iurk2
RESUMO ABSTRACT
O presente estudo teve por finalidade The present study had as purpose to
investigar a prática pedagógica do professor investigat the educational practice of teachers
e a importância dos jogos de Educação and the importance of the games in the
Infantil, ao serem incentivadas a estabelecer chindren education, when they are
uma relação funcional dos mesmos na encouraged to establish a functional
formação de conceitos. Dessa forma, parte-se relationof them in the formation of
da concepção de que os jogos, na Educação conception that the games are essential in the
Infantil, são essenciais para o clindren education, to the development of the
desenvolvimento do processo de ensino- process teaching and learning. However, it
aprendizagem.Todavia, surgem as seguintes appears the following inquirement: how to
indagações: como explicar a razão pela qual explain the reason for wich some teachers
alguns professores não utilizam os jogos para don’t use the games for the formation of
a formação de conceitos? Será que os que concepts? We want to know if those who use
utilizam o fazem de forma significativa? A this, do the activity in a significant way. Do
falta de capacitação e não compreensão da the lack of qualification and understanding of
importância dos jogos no processo ensino- the importance of the games in the process
aprendizagem é o que leva o educador a não teaching and learning leads the teacher not to
utilizá-los? Para tanto, realizou-se em um use them? For this, it was carried out in a
Centro Municipal de Educação Infantil no municipal center of chindren education in
município de Imbituva, durante o segundo Imbituva, during the second term in 2006, a
semestre de 2006, um estudo de caso de qualitative case study. Twenty-eight children
cunho qualitativo. Selecionaram-se vinte e were selected aged between five and six
oito crianças de uma turma de Pré III, com years old. As instruments of data collection,
idade entre 5 e 6 anos. Como instrumentos de it was used observation of the educational
coleta de dados, utilizaram-se observações practice in classroom, application of
das práticas pedagógicas em sala de aula, activities with the students and interview
aplicações de atividades junto aos alunos e with the teacher of the group. From te
entrevista com a professora da turma. A interpretation of the data, it was verified that
partir da interpretação dos dados, verificou- the students who are bein taught to read and
se que os alunos que são alfabetizados por write by the games, develop themselves in a
1
Pós Graduanda do Curso de Especialização (Pós Graduação latu sensu) em Ensino e Formação de Recursos Humanos
para a Educação Básica. UNICENTRO, 2007.
2
Professora Orientadora Mestre do Departamento de Pedagogia, UNICENTRO, 2007.
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Anos
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meio de jogos, desenvolvem-se com maior better way. The results revealed that it
eficiência. Os resultados obtidos revelam que must
se deve investir na formação do educador e be invest in the teachers formation and in the
na conscientização dos pais quanto à parents awareness about the importance if the
importância do lúdico no processo de ensino- games in the teaching and learning process as
aprendizagem como recurso pedagógico, a educational resource, effective in the
eficaz na obtenção dos objetivos propostos. obtaining of the objectives.
Palavras-chave: Educação Infantil, jogos, Words-key: Children education, games,
educação, conceitos. education, concepts.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a Educação Infantil tem sido objeto de estudos ao longo da História.
Constata-se que, durante o início do século XX, praticamente não existia uma política que
regulamentasse o atendimento educacional de crianças. Segundo ANTUNES (2004, p.13) “no
Brasil, o atendimento de crianças de zero a seis anos, em creches e pré-escola, constitui
direito assegurado pela Constituição Federal de 1988, consolidada pela Lei das Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB)” que estabelece a Educação Infantil como a primeira
etapa da Educação Básica e deve ser oferecida pelos sistemas de ensino em complementação
à ação da família e comunidade, onde as propostas pedagógicas devem estar articuladas com a
faixa etária de cada aluno, proporcionando condições totais de desenvolvimento.
Desse modo, as questões atuais nos levam a refletir sobre as práticas pedagógicas
voltadas para a criança e provocam a necessidade de ressignificar e organizar os espaços
educacionais da Educação Infantil, de forma a estruturá-los, criticamente, diante das
transformações sociais que afetam a criança na contemporaneidade.
O interesse pela temática dos jogos para a formação de conceitos na criança a partir
das estratégias metodológicas utilizadas pelo professor, surgiu da minha curiosidade,
enquanto mãe, visto que meu filho encontrava-se nesta fase escolar, onde as atividades lúdicas
são muito utilizadas pela sua professora. A partir desse estudo exploratório, verifica-se que o
jogo é um instrumento eficaz e, se convenientemente planejados, contribui para o processo de
desenvolvimento da criança, pois jogos e brincadeiras fazem parte da vida da criança, desde
muito cedo, ela participa de várias situações lúdicas.
Diversos estudos demonstram que, por meio dos jogos, a criança vê e constrói o mundo.
Em função disso, é essencial que os professores resgatem as atividades lúdicas, na pré-escola,
de modo que esse processo trabalhe com a diversidade cultural e desperte a vontade para o
aprender. Podemos dizer que todo ser humano pode beneficiar-se dos jogos, tanto pelo
aspecto lúdico de diversão e prazer quanto pelo aspecto da aprendizagem.
Dentro dessa perspectiva, justifica-se a escolha do tema na tentativa de possibilitar aos
educadores a compreensão de que os jogos propiciam conhecimentos aos alunos, e sua
utilização deve ser considerada como um instrumento integrado ao processo ensino-
aprendizagem, pois, além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, garante também, de
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forma prazerosa, o desenvolvimento pessoal, social, afetivo, físico e psicomotor.
Nesse contexto, surgem as seguintes indagações: como explicar a razão pela qual
alguns professores não utilizam os jogos para a formação de conceitos? Será que os que
utilizam o fazem de forma significativa? A falta de capacitação e não compreensão da
importância dos jogos no processo ensino-aprendizagem é o que leva o educador à não
utilizá-los?
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998,
p.27), “no ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos, os espaços valem e significam outra
coisa daquilo que aparenta ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos
que lhe deram origem, sabendo que estão brincando”, em outras palavras, através do brincar,
a criança tem em suas mãos a possibilidade de lidar estabelecer relações com os outros e com
ela mesma.
Assim, cabe ao professor perceber que a prática pedagógica deve atender às reais
necessidades das crianças, porque desde pequenas, elas apresentam atitudes de interesse em
descobrir o mundo que as cerca, e podem realmente construir o conhecimento. Portanto,
partindo dessas premissas, o presente artigo busca demonstrar como os jogos estão inseridos
no trabalho pedagógico, realizado na Educação Infantil, mais precisamente em uma sala de
pré do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) no município de Imbituva, com alunos
de 5 a 6 anos, verificando como eles se manifestam na prática do professor e com quais
objetivos.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Na história da Educação brasileira, verifica-se que o Ensino Fundamental é
reconhecido pela Lei 4.024/61 como sendo dever do Estado e da Família e direito da criança.
No entanto, a Educação Infantil passou a ser reconhecida como direito a partir da Constituição
Brasileira de 1988, que, em seu artigo 208, inciso IV, explicita que: “O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças
de zero a seis anos de idade”, pois, nota-se, em sua trajetória histórica, que a escola de
educação infantil tinha apenas uma conotação assistencial, as crianças ficavam ali para que
seus pais pudessem trabalhar.
A partir do seu reconhecimento, na Constituição Brasileira, que a Educação Infantil
passou a ser vista como um direito das crianças e como área de estudo. SARMENTO &
PINTO (1997, p.7) argumentam que, “as crianças sempre estiveram presentes no mundo,
porém, as condições de vida dos tempos atuais produziram novas relações para essa categoria,
o que, conseqüentemente, tem gerado novas discussões e crescentes preocupações”. Nesse
sentido, a Educação Infantil, nos últimos anos, tornou-se uma grande preocupação por parte
dos pais, professores e governantes, tendo-se confirmado, cada vez mais, a sua importância
para a aprendizagem infantil.
Para que ocorra uma aprendizagem significativa, é imprescindível conhecer a natureza,
as raízes históricas da educação infantil e os desdobramentos da prática educacional dos
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educadores. A ação conjunta dos educadores e dos demais membros da instituição escolar é
essencial para garantir que o desenvolvimento infantil ocorra de forma integrada. Essa atitude
deve ser contemplada desde o planejamento educacional até a realização das atividades em si.
A partir de atividades lúdicas, destaca-se a importância dos jogos para a formação de
conceitos de crianças com idade compreendida entre 5 e 6 anos. Segundo LOPES (2000,
p.35), “a criança sempre brincou. Independentemente de épocas ou de estruturas de
civilização (...), portanto, se a criança brincando aprende, por que, então, não a ensinarmos de
maneira que ela aprenda melhor?”
A importância dos jogos, na educação, já era discutida entre os romanos e gregos,
dessa forma, a relação entre o jogo, a educação e o desenvolvimento da criança é bastante
antiga. Em suas pesquisas, KISHIMOTO (1994) demonstrou, que os primeiros estudos,
referentes ao jogo educativo, surgiram em Roma e na Grécia. Entre os romanos, há
referências de jogos destinados ao preparo físico, na Grécia, Platão refere-se à importância do
“aprender brincando”.
Na Idade Média, a forte influência do Cristianismo impõe uma educação
disciplinadora, na qual não há lugar para o jogo, com o Renascimento, no século XVI, surgem
novas concepções pedagógicas que reabilitam o jogo. Ele aparece na educação de crianças
que aprendem a ler e escrever como um suporte atrativo, utilizam-se os aspectos do jogo que
provocam o interesse e a motivação da criança para a realização de seus estudos. Seja como
for, a ação da criança durante a participação em jogos passa a ser instrumento para
compreender os talentos e a personalidade dos alunos.
A idéia de se introduzir jogos à educação, começou a se difundir, no século XVIII,
com estudiosos como Pestalozzi e Rousseau, ao afirmar sobre a importância dos jogos como
instrumento formativo. Quanto a isso, RIZZI & HAYDT (1997, p.14) comentam que: “além
de exercitar o corpo, os sentidos e as aptidões, os jogos também preparam para a vida em
comum e para as relações sociais”. Dessa forma, os jogos e brincadeiras utilizadas, no espaço
escolar, auxiliam no desenvolvimento das capacidades infantis, permitindo que a criança
construa representações de mundo, já que “o jogo, nas mãos do educador, é um excelente
meio de formar a criança”, afirmam as autoras.
Entretanto, ainda existe uma certa distorção em relação à natureza do lúdico, na busca
pela sua definição, percebe-se que o jogo, brinquedo e brincadeira apresentam significados
distintos. As atividades lúdicas são caracterizadas pela iniciativa, intenção e curiosidade do
aluno, pois, “os jogos podem ser utilizados para introduzir conteúdos ou formar conceitos,
todavia, devem ser escolhidos e preparados com cuidado, levando a criança a adquirir
conceitos significativos”. (ALMEIDA , 2000, p.31),
VYGOTSKY (apud KISHIMOTO, 1997, p.51) afirma que “por meio do brinquedo a
criança aprende a agir numa esfera cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias
ações”. Segundo o autor, o brinquedo estimula a curiosidade e a autoconfiança,
proporcionando desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da
atenção.
Para FERNANDES (1993), brincar e jogar chegam a ser sinônimos; o brinquedo está
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relacionado à brincadeira, e esta, à ação de brincar. O lúdico é relativo a jogos, brinquedos e
divertimento. Já para QUEIROZ & MARTINS (2002, p.7), “brincar é uma proposta criativa e
recreativa de caráter físico ou mental, desenvolvido espontaneamente, cuja evolução é
definida e o final nem sempre previsto”. E, segundo MALUF (2004, p.13), “as brincadeiras
são admiráveis instrumentos de realização para o ser humano, especialmente para as crianças;
reúnem potencialidades, desenvolvem iniciativas, exercitam capacidades de concentrar a
atenção, descobrir, criar e, especialmente, de permanecer em atividade”.
KISHIMOTO (1994, p.7) afirma que “quanto mais se permite à criança explorar, mais
ela está perto do brincar”. A autora afirma que brinquedo será entendido sempre como objeto,
suporte de brincadeira, brincadeira como a descrição de uma conduta estruturada, com regras
e jogo infantil para designar tanto o objeto como as regras do jogo da criança (brinquedo e
brincadeiras).
PIAGET (1975) utiliza a palavra jogo para se referir ao brincar. Já para ALMEIDA
(2000, p.19), “os jogos constituíram sempre uma forma de atividade inerente ao ser humano”.
Cada grupo étnico apresenta sua forma particular de ludicidade, sendo que o jogo se apresenta
como um objeto cultural, por isso, encontramos uma variedade infinita destes, nas diferentes
culturas e em qualquer momento histórico.
É evidente que, tanto os jogos quanto as brincadeiras inseridas no contexto escolar,
auxiliam na formação integral do educando, que se desenvolve de acordo com os estímulos
vindos da realidade vivenciada. Sendo assim, brincar é indispensável à saúde física,
emocional e intelectual de qualquer criança e, se utilizados corretamente, são excelentes
instrumentos de aprendizagem. Porém, a introdução destes, no ambiente Pré-escolar, implica
em uma revisão de conceitos e atitudes por parte dos educadores. Compara-se por meio das
teorias que o brincar é mais do que uma atividade com conseqüências significativas e
formativas para a criança.
O valor pedagógico dos jogos é incontestável, as brincadeiras e os jogos são atividades
indispensáveis para o desenvolvimento da criança. É por meio do brincar que ela pensa e
reorganiza as situações cognitivas que vivencia. Portanto, na Pré-escola, os jogos podem ser
utilizados pelo professor de forma espontânea ou dirigida, a fim de propiciar a aprendizagem,
tornando-se necessária uma reflexão por parte de todos os sujeitos envolvidos com a
Educação Infantil.
Brincar é fonte de lazer, mas é, simultaneamente, fonte de conhecimento; é esta dupla
natureza que nos leva a considerar o jogar e brincar parte integrante da atividade educativa.
Para ANTUNES (2004, p.31), “brincando a criança desenvolve a imaginação, fundamenta
afetos, explora habilidades e, na medida em que assume múltiplos aspectos, fecunda
competências cognitivas e interativas”. Nesse sentido, além de possibilitar o exercício daquilo
que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em
que a criança constitui significados, sendo uma forma, tanto para a assimilação dos papéis
sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio como para a construção
do conhecimento.
O jogo e a brincadeira são sempre situações que a criança realiza, constrói e se
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apropria de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles possibilitam, igualmente, a
construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. Nesse
aspecto, o brincar assume papel didático e pode ser explorado no processo educativo.
Segundo VYGOTSKY (1991), a aprendizagem precede o desenvolvimento. Nesse
sentido, tem-se idéia antagônica à outra difundida de que a criança precisa, primeiramente,
adquirir determinada capacidade para aprender determinado conteúdo, o que equivale dizer
que as habilidades não precedem o conhecimento, mas, é no processo de elaboração do
conhecimento, que se constróem, também, as habilidades.
A aprendizagem de conteúdos específicos levaria, portanto, ao desenvolvimento de
funções específicas. Esta formulação de VYGOTSKI (1991) parte de suas pesquisas
empíricas, em que pôde verificar que a criança apresenta um nível de desempenho, quando
realiza algo sozinha, mas, esse nível passa a ser outro, de maior complexidade, se ela trabalha
com um adulto ou com outra criança mais experiente. Este fato, além de revelar a importância
do papel do professor e das interações entre crianças, significa que, por meio da colaboração
de um indivíduo mais experiente a criança pode construir e ampliar conceitos, os quais ela
não teria condições de realizar sozinha, naquele momento de seu desenvolvimento.
De acordo com essa concepção, a Pré-escola tem função de promover a construção de
conhecimentos, assim como todos os outros níveis da educação, pois, desta construção,
depende o próprio processo de constituição dos indivíduos que a freqüentam. Segundo
BORGES (1994. p.14), “o objetivo básico da pré-escola é a educação, toda a nossa
metodologia estará atenta aos valores e ao desenvolvimento da criança”.
O que existe de específico, na Pré-escola, é o recorte, que é feito do conhecimento a
ser ensinado, de forma que ele se amolde às possibilidades reais e potenciais das crianças. Na
forma de encarar o conhecimento, entretanto, a Pré-escola não deve diferir dos outros níveis
de ensino, uma vez que a aprendizagem geralmente ocorre, quando se problematiza o
conhecimento para o aluno. Quando se fala em problematizar, significa colocar, para a
criança, uma questão básica que suscite um processo de aprendizagem. Significa apresentar o
jogo de forma que ele constitua uma questão real para o educando, um problema a ser
solucionado, seja este de natureza lingüística, científica ou estética. Esta forma será uma
opção do professor, existem, portanto, inúmeras maneiras de se problematizar um mesmo
conteúdo.
O processo de aprendizagem, por sua vez, implica na realização de atividades que
levem à construção dos conceitos, que constituem o referido conteúdo, mediante as
informações que o jogo contém. Isto é, todo conteúdo é constituído de uma série de
informações, dados e fatos articulados entre si segundo uma ordem interna, que deverá ser
compreendida pelo educando. Pelo domínio desses elementos, a criança desenvolve as
funções do pensamento, assim como constitui noções de tempo, espaço, simultaneidade,
dentre outros.
O pensamento vem, portanto, das atividades desenvolvidas. As atividades envolvidas,
no processo de aprendizagem, são: observação, experimentação, reflexão e apresentação do
conhecimento adquirido. É a partir dessa perspectiva mais abrangente do processo de
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constituição do indivíduo, como ser social e afetivo, que se deve pensar o papel do jogo e da
brincadeira na Pré-escola.
Logo, a escola não é um local como outro qualquer, é uma instituição que tem como
objetivo possibilitar ao educando a aquisição do conhecimento formal e o desenvolvimento
dos processos do pensamento. É na escola que a criança aprende a forma de relacionar-se
com o próprio conhecimento.
Brincar e/ou jogar, na escola, não é exatamente igual a brincar em outras ocasiões,
porque a vida escolar é regida por algumas normas que regulam as ações das pessoas e as
interações entre elas e, naturalmente, estas normas estão presentes, também, nas atividades
diárias da criança. Assim, as brincadeiras e os jogos têm uma especificidade quando ocorrem
na escola, pois, são mediadas pelas normas institucionais.
A utilização do brincar, como recurso pedagógico, tem de ser vista, primeiramente,
com cautela e clareza. Brincar é uma atividade essencialmente lúdica, se deixar de sê-lo,
descaracteriza-se como jogo ou brincadeira. Todavia, não se pode, restringir o brincar a esta
função, uma vez que ele também promove a constituição do próprio indivíduo, ANTUNES
(2004, p.31) afirma que “brincando as crianças constroem seus próprios mundos”. Dessa
forma, incluir o jogo e a brincadeira na escola tem como pressuposto, o duplo aspecto da
construção do conhecimento e o desenvolvimento da criança enquanto indivíduo, processos,
estes que estão intimamente interligados.
É função da escola levar a criança, em qualquer nível de ensino e período de
desenvolvimento, a obter experiências e informações que enriqueçam seu repertório, bem
como procedimentos metodológicos que permitam integrar sucessivamente estes novos
conhecimentos àqueles que a criança já detém. Isto implica, necessariamente, trabalhar com o
instrumental que a criança dispõe em cada etapa de seu desenvolvimento, ou seja, com as
formas de intervir e apreender o real e com o imaginário que o ser humano vai adquirindo ao
longo da vida.
Os jogos, como forma de atividade humana desenvolvida na escola, têm também uma
função informativa para o professor. De acordo com BORGES (1994, p.15), “ser educador
pré-escolar é, antes de tudo, conseguir manter uma profunda relação empática com a criança,
é viver com ela, intensamente, cada momento desse processo, num envolvimento tal que
possa promover o desenvolvimento de ambos: o professor e aluno”.
Assim, ao observar um jogo ou brincadeira e as inter-relações entre as crianças em sua
realização, o educador aprende bastante sobre seus interesses, podendo perceber o nível de
realização em que elas se encontram, suas possibilidades de interação, sua habilidade para se
conduzir, de acordo com as regras do jogo, assim como suas experiências do cotidiano e as
regras de comportamento reveladas pelo jogo de faz-de-conta.
A partir de suas observações, o educador terá condições de programar atividades
pedagógicas que desenvolvam os conceitos de número, quantidade, lateralidade, noções de
espaço, de direção que as crianças já estão constituindo, que sejam adequadas às
possibilidades reais de interação e compreensão que os educandos apresentam em
determinado estágio de seu desenvolvimento. A ação do educador deve ser, antes de tudo,
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refletida, planejada e, uma vez executada, avaliada. É importante que a ação do educador se
oriente no sentido de ampliar o repertório das crianças, não só do ponto de vista lingüístico,
como também do cultural.
No planejamento, precisam ser explicitados que conceitos devem ser desenvolvidos,
os conteúdos a serem trabalhados e as expectativas de realização das crianças, pois, para
RIZZO (1992, p.330) “as atividades proporcionadas pela pré-escola devem permitir cada uma
o alcance de vários objetivos e cada objetivo pode também ser atingido por diferentes
atividades”. A partir dessa definição, deve-se selecionar o tipo de atividade que poderá ser
utilizada para atingir tal fim, o qual poderá ser alguma forma de jogo ou de expressão
artística.
Ao educador cabe, então, tendo em vista a compreensão e o conhecimento da evolução
das crianças, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza de intenção, isto é, sabendo o
que as crianças podem desenvolver com a atividade proposta. Um segundo ponto, também
fundamental, é o encaminhamento da atividade, ou seja, a definição de como ela será
realizada, prevendo a ocupação do espaço e o limite do tempo, de acordo com a natureza da
própria atividade, permitindo a realização dos movimentos em sua amplitude.
O brincar da criança, visto do prisma aqui apresentado, não pode ser considerado uma
atividade complementar a outras de natureza dita pedagógica, mas sim como atividade
fundamental para a formação de conceitos de crianças da pré-escola.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho teve como propósito realizar um estudo sobre a inserção dos jogos
na Educação Infantil, voltada para a prática pedagógica do educador na formação de conceitos
da criança no âmbito escolar, e se desenvolveu a partir do estudo de caso, por meio de uma
abordagem qualitativa. Para BOGDAN e BIKLEN (1994, p.89), “o estudo de caso consiste na
observação detalhada de um contexto, ou um indivíduo, de uma única fonte de documentos ou
de um acontecimento específico”.
Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso por se tratar de um método que leva
em consideração, principalmente, a compreensão como um todo do assunto investigado. O
direcionamento deste método foi dado na obtenção de uma descrição e compreensão
completas das relações dos fatos. Segundo CERVO & BERVIAN, (1996, p.18), “sua
principal função é a explicação sistemática dos fatos que ocorrem no contexto social e
geralmente se relacionam com uma multiplicidade de variáveis”.
CHIZZOTTI (1995 p.102) completa essa idéia dizendo que:
(...) é uma caracterização abrangente para designar uma
diversidade de pesquisa que coletam e registram dados de
um caso particular ou de vários casos a fim de organizar
um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ou
avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a
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seu respeito ou propor uma ação transformadora.
Um dos instrumentos utilizados para a coleta dos dados foi a observação de setenta e
duas horas do cotidiano escolar que, de acordo com RICHARDSON (1999, p. 261), “na
observação participante, o observador não é apenas um expectador do fato que está sendo
estudado, ele se coloca na posição e ao nível dos outros sujeitos que compõem o fenômeno a
ser observado”. LÜDKE e ANDRÉ (1986, p.26) complementam que “a observação direta
permite que o observador chegue mais perto da ‘perspectiva dos sujeitos’.(...) Na medida em
que o observador acompanha “in loco” as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar
apreender a sua visão de mundo”. Desse modo, torna-se possível ao pesquisador vivenciar o
cotidiano dos sujeitos envolvidos e, assim, perceber o que pensam em relação ao objeto
pesquisado.
Outro método selecionado foi a realização de uma entrevista com a professora da
turma, pois, segundo LÜDKE e ANDRÉ (1986, p. 33) “ao lado da observação, a entrevista
representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados”. Esta entrevista realizou-se
nos momentos em que a professora não estava em sala de aula, isto é, durante sua hora-
atividade, a fim de coletar dados sobre sua experiência profissional e opinião sobre a
importância dos jogos no desenvolvimento cognitivo da criança, assim como a sua prática
pedagógica em sala de aula. O período para esta coleta foi de aproximadamente dois meses,
iniciando-se em outubro de 2006, e a escola alvo dessa pesquisa foi um Centro Municipal
Infantil do município de Imbituva - PR.
4 DESENVOLVIMENTO
Para a investigação em questão, tornou-se necessário obter informações relativas à
prática pedagógica adotada pela professora durante o processo de ensino-aprendizagem, bem
como a análise do cotidiano das crianças, a fim de se verificar a utilização dos jogos infantis
na formação de conceitos dos mesmos. A turma envolvida, no presente estudo, foi uma turma
de Pré do Centro Municipal Infantil no município de Imbituva. A mesma é constituída por
quinze meninas e treze meninos, totalizando vinte e oito alunos com idade entre 5 e 6 anos.
Logo, é de extrema importância descrever a rotina escolar da turma pesquisada, para
tanto, faz-se uma descrição da rotina, com o objetivo de mostrar como o trabalho pedagógico
é organizado e de que forma se efetiva a construção do conhecimento. É de extrema
importância destacar que, durante este processo, o jogo esteve presente nas várias situações
destacadas, principalmente na fase final das observações.
No que diz respeito ao cotidiano das crianças, ao chegarem na escola, elas aguardam a
campainha de entrada, que ocorre às 13 horas. A sala de aula, é organizada da seguinte
maneira: uma mesa e uma cadeira para a professora, quadro de giz; vinte e oito mesinhas e
cadeiras individuais, distribuídas por toda a sala; há uma prateleira no fundo da sala para os
alunos guardarem suas sacolas, sobre o quadro de giz há um varal com o alfabeto. Ainda, na
parede, há um calendário móvel, um cartaz de pregas com os nomes das crianças para a
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chamada e um cartaz com os nomes dos aniversariantes do mês. A sala de aula possui um
banheiro para a utilização dos alunos.
Na frente da sala, há um armário onde são guardados os cadernos das crianças e
materiais como: folhas de papel sulfite, lápis de cor, giz de cera, canetinhas, colas, tintas,
tesouras, dentre outros. Em uma das paredes laterais, há um varal para as crianças pendurarem
seus trabalhos. A sala de aula é bem ventilada e iluminada.
Ao chegar, a professora da turma organiza as crianças nas carteiras, solicitando
silêncio, em seguida, cumprimenta as crianças e inicia uma oração. Posteriormente, as
crianças sentam-se e a professora faz a chamada atualizando o calendário com os alunos. Esse
procedimento é repetido diariamente, faz parte da rotina e sempre segue o mesmo padrão.
É de extrema importância ressaltar que, durante as observações, verificou-se que as
atividades apontavam para um tipo de trabalho que privilegia conteúdos, revelando que a
Educação Infantil, de certo modo, está preparando paulatinamente a criança para o seu
ingresso no Ensino Fundamental. Segundo GARCIA (1993, p.29), “as atividades propostas e
a manipulação do material disponível ‘preparam’a criança para a futura aprendizagem, aquela
que acontecerá na escola. Nesta concepção, o papel da Pré-escola é desenvolver hábitos,
atitudes, habilidades e comportamentos necessários à sua vida escolar”. Neste contexto, a Pré-
escola se diferencia da escola no sentido de que não apresenta conteúdos ou um programa a
cumprir, a sua ação está direcionada ao desenvolvimento da criança, ou seja, a sua preparação
para a escolaridade.
Algumas atividades observadas, que servem de exemplo, foram as cruzadinhas, caça-
palavras, exercícios para completar as vogais que faltavam nas palavras, exercícios de ligar o
nome ao desenho correspondente, atividades com as noções das operações básicas como
adição e subtração, dentre outras. Estas atividades são consideradas de extrema importância,
visto que há a necessidade da sistematização do conhecimento, em outras palavras, o
professor deve utilizar atividades para fixar os conteúdos desenvolvidos, na aplicação dos
jogos. A criança necessita transcrever para o papel as hipóteses elaboradas durante a execução
dos jogos.
Desse modo, a partir de uma análise da proposta pedagógica e curricular do CMEI,
verifica-se que a mesma é organizada, a partir das áreas de conhecimento, como: linguagem
oral e escrita, matemática, natureza e sociedade. Além dessas áreas, aparecem as Artes e
Educação Física, denominados como organizadores do trabalho pedagógico.
Quanto ao corpo docente, trabalham, na turma pesquisada, duas professoras: uma
responsável pelas aulas de Educação Física e outra responsável pelo desenvolvimento das
outras áreas do currículo. Entretanto, a preocupação maior estava ligada às atividades
desenvolvidas pela segunda professora, relacionadas à aprendizagem dos alunos. Por isso,
entrevistou-se apenas a professora responsável diretamente por esse trabalho. A entrevista
visava coletar informações da professora, tendo ainda por finalidade identificar dados sobre a
sua formação e qualificação para o exercício da função, assim como a sua opinião sobre a
importância dos jogos infantis para formação de conceitos.
A professora entrevistada trabalha em apenas uma escola, ela pertence ao quadro de
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professores efetivos e não exerce outra atividade profissional. Possui, além do curso de
Pedagogia, cinco anos de experiência, exercidos na docência, na Educação Infantil e Ensino
Fundamental (1ª a 4ª séries). Ela afirmou ter participado de quatro cursos de capacitação que
contribuíram para a sua formação. Quanto ao nível de informação por meio de leitura,
afirmou que lê jornais, revistas e livros. Ela disse que, sempre, participa dos cursos de
capacitação oferecidos pela Prefeitura Municipal de Imbituva.
Foi perguntado à professora, qual a sua opinião sobre a importância dos jogos no
desenvolvimento cognitivo da criança, e como os utiliza no processo de ensino-
aprendizagem? A professora respondeu: “os jogos são fundamentais nesta fase da
aprendizagem, a utilização de jogos, brincadeiras, músicas, teatro, dentre outros. Pois, a
aprendizagem se torna mais significativa e prática, a criança absorve os conceitos com mais
facilidade. Sempre utilizo os jogos em duas situações, antes de iniciar um conteúdo e para
verificação do mesmo”.
Nessa perspectiva, ANTUNES (2004, p.31) afirma que “é no ato de brincar que toda
criança se apropria da realidade imediata, atribuindo-lhe significado, em outras palavras,
jamais se brinca sem aprender”. E a partir da resposta da professora, observa-se uma visão
favorável acerca dos jogos e que a mesma tem conhecimento da importância, destes, no
processo de ensino-aprendizagem. Notou-se que a docente está consciente de que o brincar é
fonte de lazer, mas é, também, fonte de conhecimento. É esta dupla natureza que nos leva a
considerar o brincar como parte integrante da atividade educativa na Educação Infantil.
Quando perguntado à professora se todas as atividades lúdicas desenvolvidas por ela
em sala de aula apresentam objetivos, ou em algumas vezes, elas são utilizadas somente para
acalmar os alunos, ela respondeu que “procuro sempre determinar objetivos para as minhas
atividades, pois, as minhas aulas são planejadas diariamente, são poucas as atividades que
desenvolvo para acalmar os alunos ou descontrair a aula”.
Percebe-se que, por meio do seu relato, a professora organiza e prepara
antecipadamente as atividades lúdicas desenvolvidas em sala de aula, para que as mesmas
atinjam os resultados esperados. Desse modo, GARCIA (1993, p.99) afirma que “a
professora, ao se conscientizar do poder educativo do grupo e ao valorizar a prática coletiva
em sala de aula, contribui para o desenvolvimento individual e social de seus alunos”.
A ação do educador deve ser, antes de tudo, refletida, planejada. No planejamento,
precisam ser explicitados os conceitos a serem desenvolvidos, os conteúdos a serem
trabalhados e as expectativas de realização das crianças. Cabe, então, ao educador, tendo em
vista a compreensão e o conhecimento da evolução das crianças, pensar que tipo de atividade
propor, tendo clareza de intenção, isto é, sabendo o que as crianças podem desenvolver com a
atividade proposta.
Posteriormente, perguntou-se à professora se sua sala de aula possui espaço para as
crianças brincarem livremente. A mesma nos disse que, em relação aos jogos de faz-de-conta
não, que brincar de casinha, bonecas, montar carros e outras brincadeiras como essas
requerem um espaço físico bem amplo, e sua sala de aula apesar de ser grande não
possibilita estas brincadeiras, já que as mesinhas estão dispostas por toda a sala, e quando
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existe a necessidade de realizar tais brincadeiras, precisa-se remover as mesas durante a
execução da atividade.
Na seqüência, observou-se o espaço físico da escola e questionou-se junto à professora
se a escola possuía materiais diversificados para as crianças jogarem. Os resultados obtidos
são favoráveis, visto que a professora nos disse que a escola possui muitos materiais e, em
algumas vezes é necessário fabricar alguns dos jogos com as próprias crianças, afirmando
ainda, que esta situação torna o jogo ou a brincadeira mais divertida e significativa.
Finalmente, solicitou-se que a professora citasse um exemplo prático do seu cotidiano
de um jogo utilizado por ela que tenha dado resultado na formação de um conceito por parte
da criança, ela nos disse que: “Sempre quando aplico um projeto, fazemos algum jogo ou
brincadeira, principalmente produzindo os materiais dos jogos e brincadeiras. Por exemplo:
com material sucata quando trabalhamos o Meio Ambiente e falamos sobre a reciclagem
também. Com estes recursos didáticos, facilita a fixação do assunto sem se tornar cansativo
para o aluno”.
No que diz respeito às observações realizadas, nota-se que a professora utilizou jogos
de quebra-cabeça, de seqüência lógica, de palitos, de bolinhas de papel, de trilha de números,
de figuras geométricas, de bingo, e outras brincadeiras como coelhinho sai da toca,
elefantinho colorido, brincadeiras livres de faz-de-conta para desenvolver os conceitos de
número, contagem, lateralidade, noções de espaço, valores éticos, dentre outros.
Por meio das atividades lúdicas, percebe-se que a professora pode trabalhar assuntos
específicos relacionados a cada atividade, como, por exemplo, o jogo do bingo, onde ela
elaborou várias cartelas com exercícios de adição e subtração. Por meio desse jogo, pode-se
trabalhar com os conceitos de adição e subtração, o valor posicional dos algarismos, a
agilidade e a atenção. Atividades como estas contribuem para que as crianças desenvolvam de
forma descontraída o raciocínio, o pensamento lógico-matemático, a atenção, a percepção
visual, a agilidade, a imaginação, o equilíbrio, a memorização, a coordenação motora, além de
contribuir para a socialização, a cooperação entre as crianças, pois, a maioria das atividades se
realizaram em grupos e enfatizou-se à importância do trabalho em equipe.
É evidente que todos os jogos e brincadeiras desenvolvidos, independentes de serem
planejados, isto é, com objetivos específicos ou apenas jogos de faz-de-conta, todos
apresentaram pontos positivos e negativos, assim como qualquer trabalho que se venha a ser
desenvolvido de forma coletiva, pois, atingir um grupo de vinte e oito crianças de forma
homogênea é um desafio para todo profissional, principalmente para os de educação, que
possuem em sala de aula um grupo cuja heterogeneidade está presente, visto que cada criança
possui a sua personalidade e parte dela já esta desenvolvida.
Dos pontos negativos, o que mais se destacou, foi a recusa de duas crianças em
participar, desde o início de cada jogo, pois, primeiramente, queriam observar o andamento da
atividade para em seguida decidir se participariam ou não da atividade proposta. Nesse
momento, a intervenção da professora permitiu que os alunos observassem antes de
participarem, foi ponto positivo, considerando que as crianças participaram da atividade de
livre e espontânea vontade sentindo prazer durante a realização da atividade.
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Outra situação observada foi à discussão entre os alunos na hora de organizarem os
grupos para o desenvolvimento do jogo, pois, desde pequenas, as crianças têm suas
preferências quanto às amizades. Contudo, a atividade foi organizada pela professora
respeitando ao máximo a preferências das crianças e, outras vezes, a mesma dissolveu a
estrutura dos grupos fazendo com todas as crianças interagissem entre si. Notou-se, portanto,
que apesar das mudanças dos grupos fechados, as crianças aceitaram bem e acabaram tendo a
oportunidade de fazer novas amizades, atingindo, assim, os objetivos propostos.
A irritação de um aluno perdedor, num primeiro momento, foi considerada como um
ponto negativo, entretanto, observou-se que não, pois, a professora pôde intervir, trabalhando
com a questão da competição. ALMEIDA (2000) aconselha a trabalhar com a criança a
vitória e a derrota. Embora perder não seja fácil, a criança precisa passar por essa experiência
para aprender que o perder, assim como o ganhar, faz parte do jogo e da vida, e se desejou
participar da brincadeira, tem que se arriscar e encarar a perda, se for o caso, como uma
demonstração de que seu desempenho precisa ser melhorado.
A longa duração das atividades, tornou-se um ponto negativo, pois a atividade como, o
quebra-cabeça, se estendeu por mais de quarenta minutos fazendo com que a maioria dos
alunos perdesse a vontade de jogar, e solicitarem à professora outro jogo ou brinquedo. E
segundo RIZZO (2001, p.47), “os jogos devem ser realizados diariamente e o período do dia
mais aconselhável é o de meia hora ou quarenta minutos” pois, passado esse período, as
crianças se cansaram e a atividade deixou de ser significativa. Segundo a autora, o verdadeiro
educador é aquele que consegue gerar um clima de fascínio e sedução em torno das atividades
que desafiam o aluno a pensar. A conduta do educador deve ser a de um líder democrático
que propicia, coordena, e mantém um clima de liberdade e disciplina entre os alunos.
A forma pela qual os alunos assimilaram os conteúdos trabalhados é um ponto que
merece destaque, observou-se claramente, na atividade dos palitos, que as crianças fixaram as
noções de quantidade e números, pois, ao organizarem os palitos ampliaram os seus
conhecimentos matemáticos. Convém destacar que durante essa atividade não foi necessária a
intervenção da professora. Para complementar essa idéia BORGES (1994, p. 48) afirma que:
(...) quando na pré-escola, uma criança brinca com palitos ou pedrinhas, criando
relações de agrupamento, ordenação e quantificação, não está simplesmente
aprendendo a organizar materiais. Muito mais do que isso, está desenvolvendo uma
habilidade de inteligência, uma competência cognitiva, um pensamento lógico-
matemático que ao longo de seu desenvolvimento, ampliar-se á cada vez mais, na
compreensão objetiva de si e do mundo.
Durante a execução dessa atividade, a professora orientou os alunos quanto à
composição de quantidades, mostrando, por exemplo, que para ter 5 (cinco) pode-se somar 1
+ 1 + 1 + 1 + 1 ou 2 + 3 ou 1 + 2 + 2 ou 4 + 1. Antes da realização da atividade proposta, ela
promoveu situações em que as crianças experimentaram, diferentes possibilidades na
composição de uma quantidade. É importante observar que a composição do número não
segue uma ordem única.
Outro, foi uma das brincadeiras que as crianças mais gostaram, a que mais
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movimentou a turma. A partir dela, a professora pôde fixar as noções de quantidade,
reforçando, também, a compreensão do número. Essa atividade, como já foi dito, reforçou-se
a idéia de compreensão do número, lembrando que, segundo BORGES (1994, p.67), “a
aprendizagem dos numerais só terá sentido, se antecedida pela compreensão do número”.
Portanto, foi uma atividade que gerou excelentes resultados, uma brincadeira simples que
propiciou à professora inúmeras explorações.
Notou-se, ainda, durante a execução desse jogo, que a professora realizou também um
trabalho voltado para os valores éticos, já que os jogos contribuem para a formação de
atitudes sociais, tais como, o respeito mútuo, a solidariedade, a cooperação, a obediências às
regras, o senso da responsabilidade, o espírito em equipe e a iniciativa pessoal e grupal. Pode-
se dizer que foi uma das atividades mais simples e que mais trouxe resultados.
Diante do exposto,neste trabalho, fica evidente que as atividades lúdicas,na Educação
Infantil,possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o trabalho
pedagógico. Como já foi comprovado por muitos pesquisadores, as experiências adquiridas
pelas crianças nos seus primeiros anos de vida são fundamentais para o seu desenvolvimento
em todos os aspectos. Nesse sentido, GARCIA (1993, p.126) afirma que “o jogo ocupa um
papel específico no desenvolvimento infantil”. Assim, a Pré-escola deve formar crianças que
irão para a etapa de alfabetização, autônomas, críticas, criativas, ou, ao contrário,
dependentes, estereotipadas, com aversão ao trabalho escolar.
É de fundamental importância destacar que ao observar uma brincadeira e as relações
entre as crianças durante sua realização, o professor observa os interesses dos seus alunos,
podendo perceber o nível em que eles se encontram. A partir destas observações, ele terá
condições de programar atividades que desenvolvam os conceitos que as crianças já estão
constituindo e que sejam adequadas às possibilidades reais de interação e compreensão de
acordo com o estágio do seu desenvolvimento.
Portanto, pode-se dizer que o Centro Municipal de Educação Infantil pesquisado,
possui um espaço amplo e livre para as crianças brincarem, além das salas de aula,
distribuídas de forma a proporcionar à criança, oportunidades de diversão dentro e fora dela.
Desse modo, na escola, as crianças têm liberdade para se movimentar e para se beneficiar com
os jogos, na formação de conceitos.
5 Considerações Finais
Há muito tempo, a Educação Infantil apresenta em sua história, marcas muito fortes no
que se refere à inserção dos jogos e brincadeiras em seu cotidiano. Muitas dessas marcas
refletem e se reproduzem na prática pedagógica de boa parte dos educadores. A proposta
desta investigação é a de contribuir na conscientização dos professores da Educação Infantil
numa perspectiva lúdica, direcionando um novo olhar para o “brincar” da criança.
No que diz respeito à investigação, não se encontraram obstáculos quanto à escola,
pois, esta é uma escola modelo, isto é, uma escola piloto do município de Imbituva, e, quanto
à professora, a mesma possui grande experiência na área e concebe os jogos como elementos
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facilitadores da aprendizagem e como forma de despertar o interesse do aluno para o
conhecimento, logo, não houve a necessidade de reestruturar os seus conceitos sobre os jogos
e brincadeira para que se pudesse viabilizar a sua prática pedagógica. As brincadeiras e os
jogos são propostos por ela com outra intencionalidade, a de realmente explorá-los para a
formação de conceitos e construção do conhecimento por parte da criança.
As atividades observadas, na presente investigação, são sugestões de alternativas
metodológicas diferenciadas que possibilitarão ao professor tomar conhecimento da
importância desses instrumentos no processo de ensino-aprendizagem para que, por meio do
seu uso, possam interferir significativamente no desenvolvimento do educando, tornando os
jogos situações propícias às aprendizagens.
Durante as observações e as atividades aplicadas em sala de aula, percebeu-se uma
visão positiva da professora acerca do papel dos jogos na Educação Infantil. Para ela, os jogos
e brincadeiras possibilitam momentos de aprendizagem agradável e prazerosa, demonstrando
que o uso desses, no cotidiano escolar, são de extrema importância, situação esta que se
verificou principalmente na atividade do jogo dos palitos, onde as crianças puderam perceber
de forma concreta as noções de adição.
Desse modo, os jogos são situações em que a criança revela uma maneira própria de
ver e pensar o mundo, aprende a se relacionar com os companheiros, a trocar pontos de vista
com outras perspectivas possíveis, a raciocinar sobre o dia-a-dia, aprimorar as coordenações
de movimentos, enfim, compreendidos a sua importância, eles podem tornar-se uma atividade
pedagógica indispensável à formação de conceitos.
Logo, utilizar o jogo como um meio educacional é um avanço para a Educação
Infantil. Tomar consciência disto, requer mudanças, o que nos leva a resgatar nossas vivências
pessoais e incorporar o lúdico em nosso trabalho. Ainda há muito a ser aprendido e
questionado, pois, o jogo oferece condições de sociabilidade, levando a criança a se organizar
mutuamente nas ações e intensificando a comunicação e a cooperação. Permite ainda, a
descoberta do ‘outro’ e isso repercute sobre a descoberta de si mesmo.
Diante do exposto, neste trabalho, evidencia-se que as atividades lúdicas, na escola
possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o trabalho
pedagógico, como já foi comprovado por muitos pesquisadores, que as experiências
adquiridas pelas crianças nos seus primeiros anos de vida, são fundamentais para o seu
desenvolvimento em todos os aspectos. Neste sentido, a Pré-escola pode formar crianças que
irão para a etapa de alfabetização, autônomas, críticas, criativas, ou ao contrário, dependentes,
estereotipadas, com aversão ao trabalho escolar.
Portanto, a partir da análise dos dados, os resultados demonstram que vale a pena
investir na formação dos professores para a utilização dos jogos na Educação Infantil como
alternativa metodológica eficaz para a formação de conceitos. Assim, espera-se que esta
investigação possa servir de incentivo aos educadores que não utilizam o lúdico no processo
de ensino-aprendizagem, uma vez que se demonstrou a importância dos jogos e brincadeiras
para o desenvolvimento de crianças na Educação Infantil
Sendo assim, com esta investigação espera-se contribuir no sentido de alertar os
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educadores para a importância da inserção das atividades lúdicas, no contexto escolar, e que
estas não sejam deixadas em um segundo plano, ou apenas no período do recreio. Almeja-se,
ainda, que este estudo possa servir de incentivo para os professores inovarem sua prática, e
que a partir de agora tenham, nos jogos e brincadeiras, aliados permanentes, possibilitando às
crianças uma forma de desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas, de forma
prazerosa e participativa, uma vez que os jogos e brincadeiras são de grande contribuição para
o processo de ensino e aprendizagem.
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