6. Dedé, o elefantinho
Na clareira de uma grande floresta morava, com sua família, um pequeno elefante.
Pequeno, modo de dizer, porque na realidade ele era muito maior que qualquer dos
outros animais da floresta, seus amigos.
No entanto, esse elefantinho, que possuía uma família amorosa, uma vida
tranqüila, bons amigos e um lugar lindo para morar, vivia sempre insatisfeito.
E sabem por quê? Por causa da sua tromba que era enorme!
Olhava os outros animais e não se conformava com seu aspecto. E perguntava para
sua mãe:
- Por que só eu, mamãe, entre todos os meus amigos, tenho o nariz tão comprido
e tão feio?
- Porque Deus quis assim, meu filho. E tudo o que Deus faz é bem feito, Dedé.
- Mas eu queria ter o focinho delicado como o coelho, ou o elegante focinho
afilado da raposa! - respondia o elefantinho revoltado.
Inconformado com a sua figura, o pobre Dedé ficava horas a mirar-se nas límpidas
águas do lago, chorando e se lamentando da sorte:
7. - Buá!... buá!... buá!... Como sou horrível!
Certo dia, após muito chorar, deitou-se à sombra de uma árvore e dormiu.
Quando acordou, para espanto seu, notou que alguma coisa estava faltando nele. Afinal
descobriu:
- Minha tromba sumiu! Viva!... Minha tromba sumiu!...
No lugar dela havia um focinho como o do porco, parecendo uma tomada.
Agradeceu a Deus o socorro que lhe enviara e levantou-se para mostrar aos amigos o
seu novo e belo focinho, tão elegante e discreto.
Mas como estava muito calor, Dedé resolveu refrescar-se nas águas do lago.
Tentou pegar água com o focinho para lavar as costas, mas não conseguiu. E era
tão bom quando podia jogar água como um chuveiro!
- Não tem importância, pensou. - Estou com fome e vou comer algumas folhas.
Saiu da água e dirigiu-se para a árvore onde lá no alto viu umas lindas e tenras
folhinhas novas.
Logo percebeu que não conseguiria.
8. Esticou... esticou... esticou o focinho e nada. Era muito curto e não conseguia
alcançar o galho da árvore.
Tentou apanhar algumas folhas no chão, como sempre fazia com a tromba, mas também
não deu certo.
Chiiii! Tentou coçar as costas, tentou tomar água, mas tudo sem resultado.
Ele, que estava tão satisfeito e animado com o novo focinho, começou a ficar
triste e desolado, pensando que ia morrer de fome e sede sem a sua tromba.
Andou um pouco pela floresta pensando em como iria resolver o seu problema,
quando encontrou o coelho e o esquilo, seus amigos. Ambos deram um grito,
assustados, sem o terem reconhecido.
- Sou eu, Dedé. Não me reconhecem?
O coelho e o esquilo olharam para ele, já mais tranqüilos, e responderam a uma
só voz:
- O que aconteceu, Dedé? Você está horrível!
E ele contou como tinha pedido tanto a Deus para que lhe tirasse a tromba
indesejável.
9. - Ora, e agora como é que você vai nos levar para passear nas suas costas? Sem a
tromba, como é que vamos subir?
- É mesmo! - lembrou-se Dedé, já arrependido.
Deixou os amigos e foi para casa. Mas seu pai, sua mãe e os irmãozinhos não o
aceitaram, dizendo:
- Vá embora! Não reconhecemos você!
- Mas eu sou o Dedé! Não me reconhecem?
- Mentiroso. O Dedé é bem diferente e tem uma linda tromba como a nossa.
Suma daqui!
E o elefantinho, expulso pela família que ele tanto amava e que não o
reconhecera, afastou-se a chorar desconsolado.
Nisso, Dedé acordou ainda com lágrimas a caírem pelo seu rosto. E muito
satisfeito percebeu que tudo não passara de um sonho. Olhou sua tromba, novamente
no lugar, com muito carinho, e suspirou aliviado.
Correu a contar à sua mãe o sonho que tivera e acrescentou com firmeza:
- Agora eu sei que Deus sabe realmente o que faz. Nossa tromba é muito
importante e útil em nossa vida.
10. - Exatamente, meu filho, e fico feliz que você tenha entendido essa verdade
- concordou sorrindo a mãe de Dedé.
E desse dia em diante nunca mais Dedé desejou ser diferente, vivendo
sempre feliz com o que Deus lhe concedera.
Tia Célia
Célia Xavier Camargo
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita