6. O esquilo ambicioso
Certa vez um esquilo encontrou um buraco existente no tronco de uma árvore grande e forte.
Era o abrigo ideal para o pequeno esquilo viver. Muito satisfeito da vida, mudou-se para lá.
A árvore passou a protegê-lo do vento, da chuva, do frio e dos animais selvagens, que sempre
representavam um perigo.
Contente, o esquilo passou a pensar em arrumar sua casa. Como a considerasse muito
pequena, desejou aumentá-la.
Com seus dentes fortes e afiados, começou a roer as paredes para aumentar sua casa.
Sonhava em ter uma família e precisaria de espaço para a esposa e os filhinhos que viriam.
Assim, ele aumentou o buraco fazendo mais um quarto, uma sala onde pudessem comer e um
depósito para guardar as nozes que encontrasse. O inverno costumava ser rigoroso e era preciso
armazenar o alimento de modo a não passarem fome.
O esquilo arrumou sua casa com muito amor, enfeitando e limpando para esperar a chegada
da família.
Como não estava satisfeito com o que tinha, desejando sempre mais, foi aumentando a casa e
fazendo novos cômodos.
Os outros moradores da árvore, passarinhos, insetos e pequenos animais, reclamaram:
— Esquilo, você está destruindo a nossa casa! A nossa amiga árvore está ficando fraca.
7. Ao que ele retrucava, indiferente:
— Vocês estão enganados. A árvore é forte e tem raízes robustas.
Certo dia, já no início do inverno, ele tinha saído para arrumar comida e demorou algumas
horas. Ao voltar, teve uma grande surpresa. Olhou de longe para admirar a sua linda casa e
estranhou:
— Onde está a minha casa, a árvore frondosa e amiga?...
Assustado, não podia acreditar no que seus olhos viam: A árvore, que era tão forte, tão firme,
estava caída no chão!
Como desabara daquele jeito?
Tentando encontrar a razão daquele desastre, o esquilo chegou mais perto para ver o que
havia acontecido, e notou que ele, sem perceber, havia-lhe roído as raízes, fazendo com que elas
perdessem a força, com o imenso buraco que se fizera dentro do tronco da árvore.
O esquilo percebeu então, tarde demais, que ele próprio havia sido o responsável pela queda
da árvore. Que, na sua ambição desmedida, havia destruído as condições da moradia que o
Senhor concedera, não apenas a ele, mas também a todos os outros seres que a habitavam.
Bastaria que se tivesse contentado com o pouco que lhe tinha sido dado, para que ele
pudesse ali viver longos anos em paz e segurança. Contudo, o desejo de ter sempre mais, fizera
com que destruísse seu lar e o lar dos passarinhos, dos pequenos animais e dos insetos que ali
viviam.
8. Agora, decepcionado e triste, o esquilo lamentava o erro que cometera. Estavam no início do
inverno e era preciso procurar outro abrigo, se não quisesse ficar ao relento e exposto às
intempéries.
Porém, ele tinha confiança em Deus. Sabia que, como havia encontrado aquele buraco,
encontraria outro. Era preciso não desanimar e aprender com os próprios erros.
Então, humildemente, ele dirigiu-se aos companheiros de infortúnio que ali estavam, tristes,
e lhes disse:
— Peço-lhes perdão. Cometi um grande erro e agora todos nós estamos sem um lar. Mas,
não podemos desanimar. Prometo-lhes que encontraremos uma outra árvore para morar.
Confiem em Deus!
As aves, os animaizinhos e os insetos ficaram mais animados, sentindo uma nova
esperança brotar em seus corações.
E o esquilo, daquele dia em diante, nunca mais cometeria o mesmo erro, aceitando e
adaptando-se às condições de vida que Deus lhe oferecesse.
Tia Célia
Célia Xavier Camargo
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita