O documento discute alternativas para a castração de suínos machos, incluindo a castração cirúrgica convencional e a imunocastração. A castração cirúrgica é dolorosa para os animais e pode prejudicar seu desempenho, enquanto a imunocastração é menos estressante mas levanta preocupações dos consumidores sobre resíduos na carne. Alternativas à castração precisam considerar o bem-estar animal e a aceitação do consumidor.
Manual de treinamento em manipulacao animal ufpr (1)
Alternativas de castração em suínos
1. VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA
VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA
DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011
Alternativas de castração em suínos
Simplício, R.O.1
; Caldara, F.R. ² ; Moi, M.3
; Santos, L.S.1
; Santana, M.R.1
; Panhosatto, G. 1
.
1
Acadêmico do curso de Zootecnia, FCA - UFGD, Rodovia Dourados à Itahum, Km 12,
Dourados, MS, CEP: 79804-970. E-mail: renan.olsim@hotmail.com
² Professora - Faculdade de Ciências Agrárias - UFGD, Rodovia Dourados à Itahum, Km 12,
Dourados, MS, CEP: 79804-970. E-mail: fabianacaldara@ufgd.edu.br
3
Acadêmica do curso de Pós Graduação em Zootecnia, FCA - UFGD, Rodovia Dourados à
Itahum, Km 12, Dourados, MS, CEP: 79804-970. E-mail: mar_moi@hotmail.com
Introdução
A suinocultura brasileira cresceu significativamente nos últimos 14 anos, sendo
notório quando analisados os vários indicadores econômicos e sociais, como volume de
exportações, participação no mercado mundial, números de empregos diretos e indiretos
entre outros. A criação de “porcos” do passado teve grande avanço no que se refere aos
sistemas de produção, com inovações genéticas e melhorias em nutrição, sanidade e
manejo. Passou a ser uma cadeia de produção de suínos, explorando a atividade de forma
econômica e competitiva (GONÇALVES & PALMEIRA, 2006).
Na produção atual de suínos, grande parte dos animais destinados ao abate são
machos castrados. A castração cirúrgica (gonadectomia) de suínos machos jovens é um
procedimento comum dentro da produção de suínos do mundo todo. Estima-se que cerca de
100 milhões de leitões sejam castrados anualmente, considerando apenas países da União
Européia (SOAVE & TREVISAN, 2011).
Conforme Sobestiansky et al. (2003), a castração se faz necessária pois os suínos
machos inteiros, sexualmente funcionais, ao pesarem mais de 75 Kg, apresentam um cheiro
e um sabor desagradável na carne e principalmente na gordura. Quanto mais velho for o
animal, mais forte será o cheiro e o sabor desagradável.
No Brasil a castração dos animais é obrigatória, pelo menos 45 dias antes do abate
dos animais conforme Decreto-Lei n.º 135/2003, de 28 de junho. É recomendado que os
machos sejam castrados até os 12 dias de idade, pois quanto mais novo o animal, menos
traumático e de fácil cicatrização será o processo, e a possibilidade de que ocorram
hemorragias são menores, devido ao baixo calibre dos vasos sanguíneos e mais fáceis de
estancar a hemorragia.
O objetivo dessa revisão bibliográfica foi abordar as várias formas de castração de suínos,
levando-se em consideração aspectos relativos à eficiência, bem-estar animal e produção.
Desenvolvimento
O procedimento de castração em suínos machos é atualmente um manejo essencial
na suinocultura. Tal procedimento se tornou de fundamental para a prevenção de odor
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sexual na carne. Sabe-se, porém, que suínos machos castrados apresentam eficiência de
conversão alimentar e retenção de nitrogênio prejudicadas, e menor relação carne magra:
gordura, o que torna a criação significativamente mais cara em comparação a machos
inteiros. Outro fator levado em consideração baseia-se no fato de que os leitões castrados
cirurgicamente sem anestesia ou analgesia pós-operatória apresentam desempenho
prejudicado durante os primeiros dias ou semanas de vida (PRUNIER et al., 2006).
Dentre as técnicas disponíveis para castração de suínos machos, o método da
castração cirúrgica é um procedimento com ação direta nos testículos, assim impedindo a
produção de espermatozóides, e a de androsterona e testosterona, eliminando a
possibilidade da ocorrência de odor na carcaça, provocando a redução no comportamento
sexual e agressividade, facilitando o manejo destes animais (THUN et al., 2006).
Na castração escrotal, atualmente a mais praticada na produção suinícola, é feita
uma incisão sobre cada testículo através da qual exterioriza-se os mesmos.
(SOBESTIANSKY et al., 2003). A(s) incisão(ões) no escroto tem aproximadamente 2 cm de
comprimento, dependendo do tamanho do testículo. É realizada uma separação adicional
dos tecidos para liberar cada testículo do tecido que o envolve, especialmente o
gubernáculo. Recomenda-se fazer incisão(ões) o mais baixo possível no escroto para
facilitar a drenagem de fluidos provenientes das feridas, reduzindo o risco de infecções. Os
testículos são extraídos e removidos tanto por corte quanto puxando o cordão espermático,
de forma que este rompa. O corte é feito com um bisturi seguido de raspagem do cordão
para remoção dos testículos com o mínimo de hemorragia. Um anti-séptico é aplicado no
local da ferida (PRUNIER et al., 2006).
Outra castração cirúrgica realizada é a inguinal, neste caso, a incisão é feita entre o
último par de tetos (na linha média), onde, introduz-se o dedo indicador, e traciona-se o
cordão espermático, expondo-o os testículos envoltos na túnica vaginalis, com o bisturi
raspam-se os cordões para uma ruptura mais branda (SOBESTIANSKY et al., 2003).
Entretanto, por ser um fator estressante aos animais, causando dor e ferimentos que
podem levar á deficiências crônicas no desempenho dos animais, tornou-se um
procedimento questionável, e até mesmo em processo de banimento em alguns países. A
Noruega, por exemplo, pretende banir completamente a castração cirúrgica até o final de
2009 (BAUER et al., 2008).
Uma alternativa para a solução encontrada para evitar-se os problemas causados
com a castração cirúrgica é a imunocastração, a qual consiste na aplicação de vacina
injetável, que contém uma forma modificada de GnRH conjugada à uma proteína, que induz
a formação de anticorpos direcionados contra o GnRH, devendo ser administrada por via
subcutânea na base do pescoço, imediatamente atrás da orelha. Os suínos machos inteiros
devem receber duas doses administradas com intervalo de 4 semanas. O resultado é uma
castração imunológica ou imunocastração temporária, a qual perdura por até oito semanas
após a segunda dose (PFIZER SAÚDE ANIMAL, 2007).
A utilização do próprio sistema imune do suíno para suprimir o GnRH interrompe o
eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, pelo estabelecimento de uma barreira imunológica
que interrompe a passagem de GnRH do local de liberação no hipotálamo ao local de ação,
na glândula pituitária. A supressão do GnRH o impede de estimular a secreção de LH e FSH
pela glândula pituitária, consequentemente, reduzindo o desenvolvimento dos testículos e a
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síntese de hormônios esteróides (THUN et al., 2006; BAUER et al., 2008), incluindo a
androsterona, principal hormônio responsável pelo odor na carcaça.
Sendo assim, as vantagens da imunocastração em relação ao sistema convencional
incluem principalmente a eliminação da dor causada pela castração cirúrgica e o ganho de
peso diferencial de machos inteiros. Algumas desvantagens encontradas pela
imunocastração foram: a dificuldade de promover a segunda vacinação em animais
agrupados em baias, 4 a 5 semanas antes do abate; problemas com auto-injeção pelos
operadores, que implica no treinamento do funcionário para uso deste material em
específico; e o fato de alguns animais vacinados, devido a variações na resposta imunológica
à vacina, ainda possuírem altas concentrações de androsterona no tecido adiposo (SOAVE &
TREVISAN, 2011).
É importante levar em consideração a preocupação dos consumidores com questões
relacionadas ao efeito residual da vacina na carne dos animais imunocastrados, fato
levantado por Huber-Eicher & Spring (2008), avaliando a aceitação da imunocastração como
método de substituição da castração cirúrgica por consumidores na Suíça, no qual 51,7%
das mulheres e 42,5% dos homens entrevistados não são à favor da imunocastração como
método alternativo.
Conclusão
A imunocastração parece ser uma alternativa viável para a castração de suínos
machos, por apresentar-se como uma técnica menos dolorosa e estressante ao suíno, além
de melhorar o desempenho, promovendo menor consumo de ração e conversão alimentar,
menor mortalidade na fase de leitão e maior relação carne magra:gordura.
Referências
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