Este documento discute o tema do perdão divino na Bíblia. Ele explica que Deus oferece perdão aos pecadores de acordo com a misericórdia e não com um moralismo rígido. No Antigo Testamento, o perdão era representado por sacrifícios, enquanto no Novo Testamento Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo através de seu sacrifício. Os sacramentos da Igreja, como batismo e confissão, comunicam o perdão aos pecadores.
3. INTRODUÇÃO
O dom de Deus se manifesta na criação, na aliança veterotestamentária e
tem seu ápice na plenitude de Revelação, na pessoa de Jesus Cristo.
Apesar do dom misericordioso de Deus, a história humana demonstra que
desde o início alguma parcela da humanidade não acolhe o caminho
apresentado pelo Senhor: recusa e perseguição.
Qual a atitude de Deus diante da recusa de seu amor?
4. “A Bíblia é o relato das iniciativas de Deus mas ao mesmo tempo o registro
das maldades, fraquezas, fracassos humanos. Põe-se urgentemente a
pergunta: qual é a reação de Deus a essas respostas humanas? Deus faz a sua
oferta só uma vez? Quem não a acolhe logo, perde-a justamente para sempre
e perece na sua rebelião, separado de Deus fonte de vida?’
Ao dom de Deus se acrescenta o perdão!
“É um dado fundamental e decisivo da moral revelada, que ela não constitui
um moralismo rígido e inflexível mas que a sua garantia é o próprio Deus
cheio de misericórdia, que “não quer a morte do pecador mas que ele se
converta e viva” (cf. Ez 18,23.32).”
5. 4.1. O PERDÃO DE DEUS SEGUNDO O
ANTIGO TESTAMENTO
Pecado, culpa, penitência e expiação são
conceitos importantes na vida do povo de Deus.
Basta observarmos o relato da criação, a queda
do homem, e a ingratidão do povo escolhido.
A dinâmica do perdão divino não é como a nossa
noção moderna.
6. A) DOIS PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS
Primeiramente, culpa e perdão, para a dinâmica restaurativa de Deus, não
são meramente matérias de imputação jurídica e quitação de dívida.
São realidades de fato!
As más ações são desarmonias cosmológicas.
Em segundo lugar, analisando causa e feito, Deus não é tirano impiedoso:
“Ele não é um credor severo que põe em ordem as dívidas, mas o
Criador benévolo que reconduz os seres humanos à sua condição de
seres amados por ele e que repara os danos que tenham causado ao
mundo. Essas duas premissas contrastam com a compreensão
jurídica de pecado e perdão na nossa cultura.”
7. B) TRADIÇÃO SACERDOTAL
Uma teologia foi desenvolvida nos livros de Levítico e Ezequiel,
apresentam a expressão “cobrir o pecado”.
Do capítulo 4-7 do livro de Levítico encontramos as categorias de pecados
e sacrifícios correspondentes.
“É fundamental para a tradição sacerdotal que os ritos de expiação
não são apresentados como meios que obtêm a misericórdia de Deus,
no sentido de que uma atividade humana possa dispor da sua vontade
de perdoar ou até possa obrigá-lo ao perdão.”
Não é para aplacar a ira de Deus.
8. C) CARACTERÍSTICAS DA RECONCILIAÇÃO
É exclusivamente o Senhor que perdoa pecados (Sl 130,8).
O perdão é sempre imerecido, pois provém da santidade de Deus, a
qualidade que distingue o Senhor de todos os seres terrenos (Gn 8,21; Os
11,9).
Esse perdão é sempre oferecido a Israel (Is 65,1-12) e pode ser tornado vão
somente pela recusa do povo de voltar ao Senhor (Jr 18,8; Am 4,6-13).
O perdão se estende por até quatro gerações (Ex 20,5-6; Nm 14,18).
“Acaso tenho prazer na morte do ímpio? – oráculo do SENHOR Deus.
Não desejo antes que mude de conduta e viva?” (Ez 18,23; cf. Is 4).
9. 4.1. O PERDÃO DE DEUS SEGUNDO O
NOVO TESTAMENTO
“[...] o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão,
que fala com mais eloquência que o sangue de Abel.”
(Hb 12,24)
10. A) JESUS, SALVADOR DOS PECADORES (MATEUS)
Jesus vem pra chamar os pecadores.
José recebe do anjo a informação de que Jesus salvará o povo de seus
pecados (Mt 1, 21).
Ao nome ‘Jesus’ (em hebraico, Yeshua) costuma-se atribuir o significado “O
Senhor salva”. Aqui, o dom da salvação especifica-se como perdão dos
pecados.
No encontro com o paralítico, não o cura da doença física primeiro, mas
realiza primeiro o perdão dos pecados.
11. A) JESUS, SALVADOR DOS PECADORES (MATEUS)
O publicano Mateus, pecador público (Mt
9,9).
Na Ceia santa explica que seu sacrifício
será para perdão dos pecadores (Mt
26,28).
“As ações que Jesus pede aos
discípulos, isto é, comer do seu corpo e
beber do seu sangue, são penhores da
sua união com ele e, através dele, com
Deus... união que se torna perfeita e
imperecível com o banquete no reino do
Pai (Mt 26,29).”
12. B) A MISSÃO REDENTORA DE JESUS EM OUTROS ESCRITOS
DO NOVO TESTAMENTO
Evangelho de João:
o “Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29)
o “De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou
seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo
seja salvo por ele” (Jo 3,16-17).
o “O sangue de Jesus, seu Filho, purifica-nos de todo pecado” (1Jo 1,7)
13. B) A MISSÃO REDENTORA DE JESUS EM OUTROS ESCRITOS
DO NOVO TESTAMENTO
A Carta de São Paulo aos Romanos:
o “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus. E só podem ser
justificados gratuitamente, pela graça de Deus, em virtude da redenção no
Cristo Jesus. É ele que Deus destinou a ser, por seu próprio sangue,
instrumento de expiação mediante a fé...” (Rm 3,23-25)
o Segundo Paulo, o amor de Deus pelos pecadores é o motivo do dom de seu
Filho: “A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando
éramos ainda pecadores” (Rm 5,8).
14. B) A MISSÃO REDENTORA DE JESUS EM OUTROS ESCRITOS
DO NOVO TESTAMENTO
A Carta aos Hebreus:
o “O início da carta aos hebreus descreve a posição do Filho através do qual
Deus nos falou por último (Hb 1,1-4) e menciona a ação decisiva da sua
missão: ele realizou ‘a purificação dos pecados’ (Hb 1,3).
o Desse modo ressalta-se desde o início o que constitui o tema principal da
carta.”
15. B) A MISSÃO REDENTORA DE JESUS EM OUTROS ESCRITOS
DO NOVO TESTAMENTO
O livro do Apocalipse:
o Na parte inicial do Apocalipse, Jesus Cristo é aclamado como “Aquele que
nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e que fez de
nós reino e sacerdotes para seu Deus e Pai” (Ap 1,5).
o “Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste
imolado, e com teu sangue adquiriste para Deus gente de toda tribo, língua,
povo e nação. Deles fizeste para o nosso Deus um reino e sacerdotes, e eles
reinarão sobre a terra” (Ap 5,9-10).
16. OS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO
Pedro nega Jesus por três vezes (Mt 25,69-75 e
paralelos).
17. OS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO
Paulo, como perseguidor dos que primeiro
creram em Jesus (1Cor 15,9; Gl 1,13; Fl 3,5-6).
18. C. A MEDIAÇÃO ECLESIAL PARAA COMUNICAÇÃO DO
PERDÃO DIVINO
No quadro mais amplo do poder confiado a Pedro (Mt 16,19) e aos outros
discípulos responsáveis na Igreja (Mt 18,18), insere-se a missão de “perdoar
os pecados”.
Três sacramentos estão explicitamente a serviço da remissão dos pecados:
o O batismo (At 2,38; 22,16; Rm 6,1-11; Cl 2,12-14):
o O ministério do perdão (Jo 20,23);
o E, para os enfermos, a unção confiada aos “presbíteros” (Tg 5,13-19).