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edi ção
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-CentroUniversitário
METODISTA
I EditoraS11/f1111
EDITORA UNIVERSITÁRIA METODISTA IPA
-- ---. .,..
INTRODUÇÃO
A medicina laboratorial teveseu iníciocom aanálise
daurina.Referênciasaoestudodaurinaforam encontradas
em desenhos dos homens das cavernas e nos hieróglifos
egípcios, como o papiro cirúrgico de Edwin Smith, cujos
quadros representavam os médicos da antiguidade exa­
minando um frasco de urina. Embora não contassem com
métodos sofisticados deexame, eles eram capazes deobter
informaçõesatravésdeobservaçõesbásicas,comocor,tur­
vação, odor, volume, viscosidade e até mesmo apresença
de açúcar em certas amostras,por observar a aproximação
de formigas e outros insetos na urina de alguns pacientes.
Diversos autores daáreamédicaestãoligadosaoestudoda
urina, inclusive Hipócrates (460-370 a.C.), que escreveu
sobre uroscopia. Em decorrência do aumento do conhe­
cimento científico-tecnológico observado no século XX,
a realização do exame de urina evoluiu, tornando-se uma
ciência plena, denominada uroanálise.
A análise de urina é considerada um exame de rotina
devido à facilidade na obtenção da amostra para análise,
ao baixo custo, à simplicidade e por fornecer informações
valiosas sobre muitas das principais funções metaból icas
do organismo. A uroanálise fornece informações importan­
tes, de forma rápida e econômica para o diagnóstico e moni­
toramento de doenças renais e do trato urinário e para a
11
tklt:LJti de dticn'r·;i -.;i:-,l0mica e mcü1ból ica n:io direta­
mente relaci onadas com o rim.
A uroanál isc é um exame laborator ial não invasivo
que, quando realizado corretamen te, fornece d iversas infor­
mações úteis para o diagnóstico e a evolução de patologias
do trato urogenital, além de avaliar a eficácia do tratamento
e constatar a cura.
A composição da urina é muito variável, dependendo
da dieta, do estado nutricional, do metabolismo, da ativida­
de física, da função renal e da função endócrina. A urina é
constituída por ureia e outras substâncias orgânicas e inor­
gânicas dissolvidas em água, como creatinina, ácido úrico,
amônia, cálcio, cloretos, fosfato, sulfato,bicarbonato etc.
O exame de urina de rotina (do tipo 1
), ou exame
qualitativo de urina (EQU), ou exame comum de urina
(ECU), ou elementos anormais do sedimento urinário
(EAS), compõe-se habitualmente de três etapas: o exame
físico, o exame químico e a microscopia do sedimento.
Cada um deles tem seu valor, sendo os dois primeiros de
execução mais simples e o último sendo considerado mo­
deradamente complexo.
Colheita e conservação
A amostra de urina é de fácil e rápida obtenção e, de­
vido a esse fato, pode-se induzir a um certo descuido no
tratamento da amostra após a colheita. Podem ocorrer alte­
rações na composição da u.rina in vivo e também in vitro,
sendo, portanto, de grande importânci a que a amostra para
a realização do exame de urina seja colhida e armazenada
de forma correta.
12
O l aboratório de L' 11 t llúcr 1t1 1. !i
·111-. • · ,-.co qui­
micamente limpos e secos.J>1ra crianças, ele e-se fornecer
coletores de plástico. Recomenda-se o uso de recipientes
descartáveis, por serem econômicos e por eliminarem a pos­
sibi l idade de contaminação decorrente da lavagem incor­
reta. Devem ser identificados corretamente os referidos fras­
cos com nome do paciente, data e hora da colheita da amos­
tra, devendo conter também informações adicionais, tais
como identificação do laboratório e nome do médico. As
etiquetas deverão ser colocadas sobre o recipiente e não na
tampa. A amostra de urina deve ser entregue o mais rápido
possível no laboratório e a sua análise realizada dentro de
uma hora. A amostra que não puder ser entregue ou ana­
lisada em uma hora deverá ser refrigerada ou receber con­
servante químico apropriado. Se a amostra for mantid a à
temperatura ambiente por mais de uma hora sem conser­
vantes poderão ocorrer diversas alterações (Tabela 1).
A refrigeração é o método de conservação mais usa­
do. Ela é confiável na prevenção da decomposição bacle­
riana na urina pelo período de uma noite. A refrigeração da
amostra pode provocar aumento na sua densidade e pre­
cipitação de fosfatos e uratos amorfos que podem prejud i­
car a análise microscópica do sedimento.
Como na maioria dos exames laboratoriais, a qua l i­
dade dos resultados depende da colheita. Para colher u ma
··
. amostra _
que seja .represéntati a do estado metabólico do
paciente, muitas ve'.?es é neêessário controlar ce1
ios aspec­
tos da colheita, como hora, duração, dieta, medicamentos
ingeridos e métodos de colheita.
A urina deverá ter sido col hida recentemente, com
um volume mínimo de 20 mL, sem adição de conservantes,
13
•••-&a
:
w •--,. ' ...*' • '-.r ...."' 499 WJ P ; •- · ;;z q .e · ' · , ...... ""·
:
Tabelal.Alterações da ur111c1 nào conservada
Au mento do pi 1 decorrente da degradação de u reia e sua conversão em
mnônia por bactérias produtoras de urcasc
Diminuição da glicose cm decorrência da glicól ise e de sua utilização
pelas bactérias
Dimi n uição das cetonas em decorrência da volatização -
Diminuição da bilirrubina por exposiçao à i"uz
Dim inuição do urobilinogênio por sua oxidação e conversão à urobilina
Aumento do nitrito em decorrência da redução do nitrato pelas bactérias
Aumento do número de bactérias
Aumento da turvação causada por pro-Jiferação bacterian a e possível
precipitação de material amorfo
Desintegração das hemácias e dos cilindros, particu larmente na urina
alcalina diluída
A l terações na cor devido à oxidação ou à redução de metabólitos
refr igerada e nunca congelada, para garantir sua melhor
preservação. Deve estar claramente identificada e colhida
um um recipiente adequado.
Deve-se instruir opaciente autilizar uma esponja com
sabão para a limpeza e para recolher o jato médio, despre­
zando o primeiro e oúltimo jato,em recipiente limpo para a
colheita da amostra. O exame do primeiro jato da urina é
recomendado quando o objetivo é a investigação do trato
urinário inferior, mais especificamente da uretra. A urina de
primeiro jato carreia células e bactérias presentes na uretra,
tornando-a uma boa amostra indireta para outras avaliações,
como as uretrites com pouca secreção. A diferença de
celularidade encontrada entre o primeiro e segundo jatos
auxilia a localizar a origem do processo.
14
, .. ..·.,.,..,,,.-.·
-·
f.lULHl,R: 111stru ir a paciente a 1:1 ar a arc;i que c ir­
cunda o meato u rctral com águn e ahuo. / 1 1sl:1r ns
lábios e posicionar o recipiente pa ra amostra soh o
meato uretra! e u rinar no recipien te cstéri I, cnchl:lldu­
o aproximadamente até a metade (cerca ele 50 111L ).
HOMEM: instruir a retrair o prepúcio, lavar a extre­
midade distal do pênis que circunda o meato u rctrn l
com água e sabão. Urinar dentro do recipiente csléri l,
enchendo-o aproximadamente até a metade (cerca ele
50 mL).
Tipos deamostras:
1. Amostras aleatórias (aoacaso): tipo mais comum de­
vido à facilidade de colheita e ao menor desconforto
para o paciente. É útil nos exames de triagem para
detectar as alterações mais evidentes. Pode produzir
resultados errados devido à ingestão de alimentos e
exercícios físicos realizados pouco antes da colheita.
2. Primeira amostra da manhã: amostra ideal para o
exame de rotina ou do tipo I.Éuma amostra concen­
trada, o que garante a detecção de substâncias e de
elementos figurados que podem não estar presentes
nasamostrasaleatóriasmaisdiluídas.
3. Urina de 24 horas (ou com tempo marcado): no dia
da colheita da amostra, desprezar toda a primei ra
micção do dia e marcar a hora. A partir daí, colher
toda urina emitida durante o dia e a noite, utilizando­
se um frasco limpo e seco e mantendo-se a urina sob
15
1i.:l'rigcra(,'.ilo. o d ia cguinLc, deve-se lc unLar 1111
mesmo h orário do dia anterior e colher toda urina
deste horário, perfazendo um total de 24 horas.
4. Amostra colhida por cateter: amostra colhid a em
condições estéreis passando-se pela uretra um cate­
ter que chega até a bexiga. Geralmente é amostra para
urocul tura, mas também pode ser usada para o exa­
me de rotina.
5. Aspiração suprapúbica: a urina pode ser colhida pela
introdução de uma agulha que do exterior atinge a
bexiga. Em condições norn1ais a bexiga é estéril e esse
método de colheita proporciona amostras para a cul­
tura de bactérias completamente isentas de contami­
nação externa. Também pode ser usado para o exame
citológico.
6. Amostra pediátrica: a colheita de amostras em crian­
çaspode serdificil. Existem coletores deplástico trans­
parentes com adesivos que se prendem à área genital
de crianças para colher amostras de rotina.
7. Amostras em 3frascos (Prova de V
alentine): o pro­
cedimento é semelhante ao da colheita do jato médio.
A urina que sai do jato médio não é descaiiada, mas
guardada num recipiente estéril. Colhe-se a parte
média do jato em outro recipiente estéril. Em segui­
da, massageia-se a próstata para que suas secreções
passem para a urina sejam eliminadas num terceiro
frasco. Faz-se cultura de todas as amostras e a segun­
da e terceira são submetidas ao exame do sedimen to.
Usado para detecção de infecções de próstata.
16
1. ANATOMIA RENAL
O rim é o órgão mais importante do sistema urinário,
pois é responsável pelos processos relacionados à forma­
ção da urina. Trata-se de um órgão pareado, sendo que cadfl
rim localiza-se lateralmente à coluna ve1
iebral, na parede
abdominal posterior, externamente à cavidade peritoneal,
no nível entre a 12ª vértebra torácica e a 3ª vértebra 10111·
bar. As dimensões aproximadas de cada rim são: 12 cm cio
comprimento, 6 cm de largura e 3 cm de espessura, com
uma massa de 150 g.Sua estrutura externa é conslit11fda por
dois pólos, superior e inferior, duas faces, anterior o poHI(;
rior, e duas margens, uma lateral convexa e outra 111udi11l
côncava. O hilo renal é uma região da margem mcclinJ onde
estão localizadas três estruturas principai s: a artéria, a veia
e a pelve renais, além de nervos e de vasos linfáticos.
A estrutura interna do rim é formada principalmente
pelo parênquima renal epor um sistema de duetos que co11
vergem para a pelve renal. O parênquima renal, que reprc­
··
. seta_ s porçõe$ do_ .órgão naS' quais ocorrem os processos
fisiológicos envolvidos cm- prbdução da urina, é formado
pelo córtex e pela medula renais.
O có1
iex renal é a camada mais externa do órgão,
quando visto em secção longitudinal, a qual é facilmente
identificada por sua coloração mais clara. Já a medula renal
17
e f ormada por u m conj umo de piràm1des, de coloravào mais
escurecida, si t uadas ma is i n tern amente. Os espaços entre
as pi râmides têm um aspecto semelhante ao córtex e são
cha mad os de colu nas renais. As bases das pi râm ides são
vol tadas para o córtex. A extren idade de cada pirâmide rc-
11nl, mais afastada do córtex, a qual chamada·de p.ap la
renal , está voltada para o sistemá de.cÍucts macrosc-ópicos
do rim. Os duetos que estão ligados diretamente às papilas
renais são chamados de cálices menores. Essas pequenas
estru turas agrupam-se para formar os cálices maiores, os
quai s convergem formando a pelve renal (Figura 1).
Pirâmide(medula)renal
Artéria renal
1 Córtexrenal
res
Figura1.Representaçãoesquemáticadeumrimemcortelongiludinal
1.1 Anatomiamicroscópica do rim
A o longo do parênqui ma renal estão local ii'ados os
néfrons, as u n idades funcionajs microscópicas do ri m . Os
néfrons são formados pelo corpúscu lo renal e por um sis­
tema de túbulos.
O corpúsculo renal é constituído pela cápsula rena l,
também conhecida como cápsula de Bowman, e pelo glo­
mérulo, o conjunto de capilares onde ocorre a filtração do
sangue para a formação da urina. O sistema tubu lar é for
macio pelos seguintes túbulos: contorcido proximal, alça
de Henle e contorcido distal. Vários túbu los con torcidos
distais te1
minam em um dueto coletor, o qua l drena seu
conteúdo a partir da papila renal em direção aos cálices
maiores. A presença dos duetos coletores confere um as­
pecto radiado às pirâmides renais.Quanto à localização dos
componentes do néfron, os corpúsculos renais situam-se
exclusivamente no córtex, enquanto o sistema tubular dis­
tribui-se entre córtex e medula. Os túbulos contorcidos pro­
ximal e distal localizam-se no córtex, enquanto as alças de
Henle situam-se no córtex e nas pirâmides renais.
Os néfrons podem ser classificados em corticais e
j ustamedular es.
Nos néfrons corticais, os corpúsculos localizam-se nas
porções mais externas do córtex renal e são caracterizados
por alças de Henle mais curtas, as quais projetam-se até as
regiões mais superficiais das pirâmides , a zona medul ar
externa. Já os néfrons just amedulares apresentam seus cor­
púsculos mais próxi mos da medula, e suas alças de Henle
são longas, estendend o-se às porções mais profunda s das
pirâmides, ou seja, até a zona medular interna (Figura 2).
18 19
rigurn 2. Representação esquemática dos néfrons, as estruturas funcionais
dos rins. O néfrons podem ser corticais (à esquerda) ou justamedulares (à
direita).TCP-Túbulo Contorcido Proximal;TCD-Túbulo Contorcido Distal.
1.2 Vascularização e fluxo sanguíneo renal
A vascularização arterial dos rins é fornecida pela
artéria renal. Esse vaso é um ramo direto da aorta, o que é
refletido pela alta pressão do fluxo sanguíneo renal. Assi m
que passa pelo hilo, a arté ·ia renal divide-se em vasos de
diâmetro cada vez menor. As artérias formadas a partir da
artéria renal são as segmentares, as interlobares, as arquea­
das e as interlobulares.
Cápsulade
Bowman Glomérul
o
Figura 3.Esquema de um corpúsculo renal
As artérias interlobularesramificam-se para !'orn1111·
as arteríolas aferentes, as quais localizam-se jun tamcn lc
aos corpúsculos renais. O glomérulo corresponde a u m con­
junto de capilares formados a partir da arteríola aferente.
Assim, o sangue que chega à arteríola aferente passa pelo
glo.mérulo. Dei.dp.a
. .
característi cas especiais dos capi la -
res glorrierulates..e de suaalta pressão hidrostática, o sangue
é filtrado nessa região e, em seguida, flui para a arteríolél
eferente, deixando o corpúsculo renal. O fluxo sanguíneo
renal representa aproximadamente 25% do débito cardíaco,
ou seja, apesar de seu tamanho pequeno, o rim recebe um
20 21
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--·-· - • - - t *'t""9"* lfR-YW Y"* f i'W!A ...,...,--.. jU # C .
1 :P4Sz+ + -....
intenso fluxo sangu íneo, o qu e favorece o processo de ri!­
tração glomerular (Figura 3).
1.3 Anatomia dos ureteres, da bexiga e da uretra
. .
Com exceção dos ri'rís,·
as demai-s estrnturas que·
com.
põem o sistema uri nário apresentam apenas funções de
transporte e armazenamento da urina.
Os ureteres são duetos musculares que se originam a
partir da pelve renal. A musculatura de suas paredes auxilia
na condução da urina formada no rim em direção à bexiga.
Seu comprimento é de aproximadamente 30 cm. O diâmetro
dos ureteres é bastante variável, medindo entre 5 a 10 mm.
Anatomicamente, podem ser divididos em porções abdo­
minal e pélvica, sendo a abertura superior da pelve o limite
entre as duas porções. Cada ureter entra obliquamente na
região póstero-lateral da bexiga.
A bexiga é o órgão responsável pelo armazenamento
da urina. Está localizada na cavidade pélvica, posterior­
mente à sínfise púbica e anteriormente ao reto nos homens,
e ao útero e à vagina nas mulheres. Seu tamanho e formato
variam de acordo com a quantidade de líquido armazenado.
Quando a bexiga está distendida apresenta formato esfé­
rico, porém quando vazia assemelha-se a uma pirâmide com
a base voltada para cima. Externamente podem ser iden­
tificadas as seguintes regiões: fundo, corpo, ápice e base.
O fundo é a região mais posterior onde os ureteres conec­
tam-se com a bexiga. Grande parte de sua parede é formada
pelo músculo detrusor, o músculo liso da bexiga. Interna­
mente existe uma região chamada trígono da bexiga, uma
22
úrea lisa que compreende o espaço entre os dni! úst ins dos
ureteres (superiormente) e o óstio interno da urctrn ( i11Ji
.
:­
ri01rnente). O trígono é semelhante a um fun i l que d in.:­
ciona a urina para a uretra.
A uretra transporta a urina da bexiga ao meio exter­
no. Estende-se desde seu óstio interno, local izado na pa­
rede da bexiga, até o óstio externo da uretra. As mulheres
apresentam a uretra mai s curta, com cerca de 4 cm de
compri mento. Nos homens pode atingir 20 cm de com­
primento devido a seu trajeto pelo interior da próstata e
pelo pênis.
23
2. FISIOLOGIA RENAL
2.1 Aspectos gerais
interior do nUron a pa i t ' r de capil<th'" 1 1 1 r tuh ila res. Os
últimos dois processos ocorrem ao longo dos tú bulos do
néfron. Assim, a quantidade de líquido excretado é obtida
a partir do volume filtrado, mais o volume secretado, me­
nos o volume reabsorvido,conforme ilustrado abaixo.
Os rins são órgãos indispensáveis para a homeostase
corporal. Geralmente, a importância da formação da urina
é atribuída à excreção de produtos tóxicos ao organismo,
porém o papel fisiológico dos rins é muito mais abrangente.
Através de seus processos, os rins controlam o volume a o
osmolaridade dos líquidos corporais, determinam o equi­
líbrio eletrolítico e ácido-base e, ainda, participam da regu­
lação da pressão arterial.
A função renal depende do resultado dos processos de
filtração, reabsorção e secreção. A filtração, que ocorre no
corpúsculo renal, coJTesponde à passagem de líquido conti­
do nos capilares glomerulares para o interior da cápsula de
Bowman. Esse líquido deve ser livre de proteínas e de célu­
las sanguíneas, componentes que não podem ser filtrados
devido à restrição de permeabilidade da baITeira de filtra­
ção. Assim, a presença de proteínas na urina (proteinúria)
ou de hemáceas (hematúria) é sinal de disfunção renal. A
reabsorção é o processo de retomo de parte do conteúdo
filtrado para a circulação sánguínea, enquanto que a secre­
ção ocorre no sentido oposto, ou seja , elementos que não
foram filtradosno glomérulo podem ser direcionados para o
Diferentes substâncias apresentam taxas variáveis
de filtração, reabsorção e secreção. A creatinina plasmá­
tica, por exemplo, é totalmente filtrada, não é reabsorvida
e é pouco secretada. Portanto, sua taxa de excreção, ou de
depuração plasmática, depende basicamente da filtração.
Outras substâncias, como os eletrólitos, também são totíl l·
mente filtrados, porém são reabsorvidos, por isso, 11 1-1u11
depuração plasmática depende da quantidade ril 1 1·11d11
menos a reabsorvida. Substâncias que são livrc1
no1
Hu li!
tradas, mas completamente reabsorvidas, podem ser uxu111
plificadas por moléculas orgânicas como os aminoácidoH e
a glicose. Já as substâncias como toxinas, além de serem
filtradas, também são secretadas e não são reabsorvid as, o
que facilita a sua eliminação.
Os processos de filtração e de reabsorção são bas-
... tan e-intensos.- Api;pxim adam:
el)te 20% do plasma sanguí­
neo é fiftrado ·
no·glomé1ulo, Ó que ocasiona uma grande
quantidade de líquido filtrado, cerca de 180 litros por dia,
o que representa mais de 30 vezes a quantidade de líquido
no organismo. Contudo, 99% desse valor é reabsorvid o, o
que impede a ocorrência de uma perda acentuada de líqui-
24 25
Excreção = Filtração -Reabsorção + Secreção
ç _--.._+::+Me? •• , a u o 'J!I
do. No final. são excretados cerca de l a 2 litros de ur ina
por dia. Essas taxas elevadas de filtração e de reabsorção
assegu ram que os mctabóli tos e toxinas possam ser excre­
tad os, e por outro lado garantem que o organismo mante­
nha níveis adequados de moléculas importan tes, tais como
aminoácidos,íonseoutraS-substâncias.·
2.2 Filtração glomerular
O processo de filtração glomerular depende da per­
meabilidade da barreira de filtração e também da pressão
efetiva de ultrafiltração. Essa pressão é determinada: 1)pela
pressão hidrostática nos capilares glomerulares, que é refle­
tida pela pressão arterial; 2) pela pressão hidrostática no
interior da cápsula de Bowman, devido ao líquido contido
nesse espaço; e 3) pela pressão coloidosmótica do plasma
sanguíneo, exercida principalmente pelas proteínas, as quais
não são filtradas em função do seu tamanho. A pressão
coloidosmótica das proteínas plasmáticas favorece o retor­
no do líquido filtrado para os capilares glomerulares, ou seja,
é uma força contrária à filtração. A pressão hidrostática no
interior da cápsula de Bowman fornece uma resistência à
entrada de líquido nesse compartimento, por isso também é
uma força oposta à filtração. Por outro lado, a pressão
hidrostática nos capilares glomeru lares, que representa a
força que favorece a filtração, é superior às demais pres­
sões. Assim, o somatório dessas pressões resulta na pres­
são efetiva de ultrafiltração, a qual favorece a passagem do
líquido do interior dos capilares glomernlares para o inte­
rior do corpúsculo renal.
26
.. .fifi ... - .,.
A barrei ra defiltração éformada pelo endotél ioe pela
membrana basal dos capilares glomerularcs e nincln pela
camada de células epiteliais dos podócitos. Os podc'lci los
sãocélulas que envolvem os capilares glomerularesntrnvés
de projeções cha madas "pés". As lacunas entre os pés dos
podócitos formam as fendas de filtração, que consti tuem
os espaços pelos quais o filtrado desloca-se para fora dos
capilares. A barreira de filtração restri nge a passagem de
moléculas grandes, como as proteína s e as células san guí­
neas. Além disso, como a membrana basal da barrei ra de
filtração é formada por proteínas aniônicas, as moléculas
com cargas elétricas negativas são repelidas, dificultando
sua filtração. Assim, a permeabilidade de uma determi­
nada molécu la depende de seu peso molecular e de sua
carga elétrica.
A taxa de filtração glomerular (TFG) pode ser in­
fluenciada por qualquer fator que modifique o fluxo san­
guíneo renal. A angiotensina II, por exemplo, é um impor­
tan te vasoconstritor. Sua ação nos rins ocorre principal­
mente na arteríola eferente, o que causa um aumento na
pressão hidrostática glomerular e consequentemente ele­
vação na TFG. Porém, a angiotensina II tem sua secreção
aumentada em situações que reduzem a TFG, como du­
rante a queda acentuada da pressão arterial. Assim, a ele­
vação da TFG causada pela angiotensina II tem o objetivo
de mantê-la estável.
Entretanto, existem mecanismos de autorregulação
que impedem grandes variações da TFG apesar das mu­
danças na pressão arterial. Isso previne que as alterações
'?7
1
'I
ill'L'llllllldas da pressãoarterialn;sultcm L'tn mudanças signi­ como o 1..:lurdo (CI ), bi-.:arbonato (l ll'0 ) e potússio ( K ' )
l·
lcativas no volume de excreção urinária.
2.3 Reabsorção tubular
Os processos relacionados à reabsorção tubular renal
são caracterizados por uma maior seletividade quando com­
parados à filtração glomerular. Primeiramente, para que uma
molécula seja reabsorvida, esta deve possuir transportado­
res ao longo da parede tubular. Dessa forma, a reabsorção
depende de mecanismos de transporte, tais como difusão
simples e facilitada, transporte ativo e cotransporte.
A distribuição dos transportadores é variável entre as
regiões do néfron. O túbulo contorcido proximal (TCP) é a
região do néfron onde a reabsorção é mais intensa, chegan­
do a atingir cerca de 65% do volume total reabsorvido. As
células do TCP possuem numerosas mitocôndrias, o que as
torna capazes de realizar transporte ativo em altas taxas. A
membrana apical (ou luminal) dessas células apresenta uma
borda em escova, o que amplifica sua área de superfície e,
assim, favorecendo a atividade e um maior número de trans­
portadores. Portanto, as características morfológicas do TCP
favorecem os sistemas de transp01te.
No TCP ocorre reabsorção de glicose e aminoácidos
por cotransporte com o íon sódio (Na+). Juntamente com a
reabsorção do Na+, oc01Te reabsorção de água por osmose.
Isso faz com que a osmoÍaridade do líquido tubular não
modifique muito ao longo do TCP, pois a água é reabsor­
vida concomitantemente com os solutos.Além do Na+, íons
28
também são i ntensam en te reabsorvid os no TCP. / ureia
é reabsorvida por transporte passivo nas porções finais
doTCP.
A alça de Henle é djvidida em ramos descendente fino
e ascendente fino e espesso. Essas regiões apresentam di­
ferenças de permeabi lidade à água e aos solutos. No ramo
descendente da alça de Henle ocorre reabsorção de grande
quantidade de água, tomando hiperosmótíco o líquido que
chega ao ramo ascenden e fino, ou seja, com uma grande
densidade de soluto. Entretanto,o ramo ascendente tem ba i­
xa permeabilidade à água, ocorrendo apenas reabsorção de
soluto no segmento espesso, principa lmente Na+, CJ- e K'.
Assim, o líquido que chega ao túbulo contorcido distal (TCD)
é hiposmótico, devido à baixa densidade de solutos.
Nas porções iniciais do TCD, a reabsorçílo é Honw
lhante à que ocorre no ramo ascendente espesso da alçn d
Henle. Porém, na porção final do TCD e no dueto cololm 11
característica mais marcante é a presença de rcccpt.rn'CH
para o h01mônio antidiurético (ADH, do inglês anüdhweli<'
hormone), o qual aumenta a densidade de aquaporinas, oH
canais transportadoresdeágua.Dessaforma,nessas rcgiõcH
ocorre o ajuste final na quantidade de água que deverá ser
··
.ex_r.etçla1ou seja.
,s
.e
..a
.
urina f
,
onn
. ada será mais concentrada
ou diluída. ·
Embora seja possível a reabsorção total de algumas
moléculas, impedindo sua excreção, a taxa de transporte
obedece ao limiar renal. O limiar renal representa a concen­
tração plasmática de uma determinada molécula na qual os
29
.. 'ft 'W"'W"'-
transportadore tornam-st: saturados, ou seja, atingem sua
taxa múxirna ele transporte. O limiar renal da glicose é ele
160a 180 mg/dL; quando a concentração plasmática ultra­
passa esses valores, ocorre excreção de glicose, ou seja,
gl icosúria. 3. TESTES DE FUNÇÃO RENAL
2.4 Secreção tubular
A secreção certamente ocorre em uma intensidade
menor do que a filtração e a reabsorção, porém diversas
moléc..:ulas podem ser secretadas ao longo do néfron. Resu­
midam ente, no TCP ocorre secreção de produtos finais do
metabol ismo, fármacos e toxinas. Esse processo auxilia na
r pida remoção dessassubstâncias do organismo. Um exem­
plo de medicamento que é rapidamente excretado pelo rim é
H penicilina,já que a mesma é filtrada e secretada.
No TCD ocorre intensa secreção de íons hidrogênio,
o que contribui de forma significativa para o equilíbrio
áci do-base. Quando há um desvio do pH normal do Hquido
cxtrace lular (em torno de 7,4), existem dois sistemas impor­
ta ntes para a correção destes distúrbios, são eles os siste­
mas respiratório e renal. O rim atua mod ificando as taxas
de reabsorção e secreção de íons hidrogênio e bicarbonato.
Nas situações de acidose, a secreção de íons hidrogênio
pelos rins jun tamente com a reabsorção de íons bicarbona­
to, os quais atuam como importantes tampões fisiológicos,
são necessárias para aumentar o pH, reduzindo assim a aci­
dose. Já na alcalose ocorre o oposto, urna menor reabsorção
de íon bicarbonato e menor secreção de íons hidrogênio.
Assim, o rim é fundamental para o equilíbrio ácido-base.
3.1 Depuração renal
A TFG pode ser determinada por meio de testes de
depuração renal (clearance renal). A depuração representa
a capacidade do rim em depurar uma determinada substân­
cia do organismo. É uma medida indireta da capacidade de
filtração glomerular, pois podem ser avaliadas apenas subs­
tâncias que são totalmente filtradas, mas não são reabsor­
vidas ou secretadas. A inulina é o po1ímero da glicose que
apresenta tais características, podendo ser empregada nos
testes de depuração. Porém, esse composto deve ser admi­
nistrado para a realização do teste, já que não está presente
no organismo. Por outro lado, a creatinina, que também é
livremente filtrada e não é reabsorvida, é constantemente
fonnada como produto final do metabolismo muscular. De­
vido à simplicidade do teste envolvendo a creatinina, sua
concentração na urina é amplamente utilizada como parâ­
metro para a avaliação da capacidade de filtração glome­
rular. Contudo, a creatinina pode ser secretada no néfron à
medida queseusníveisplasmáticosaumentam. Então,para
que a cretinina possa ser usada como parâmetro de depura­
ção renal, deve-se observar se o paciente apresenta algum
distúrbio relacionado ao metabolismo muscular,ou, ainda,
30 31
"l' 110 dia d<t col h-:i la consumiu grande quantidade de carne.
O d1lculo da depuração renal, ou da TFQ é realizado utili­
zando-se a seguinte fórmula:
mni:_...sensívelqueacrcJlinin,11 ·1 <·dcl.L'1.."ld..d1 r·unçãore­
nal. Dessa forma, a cistati na C tam bém deve ser consi de­
rada na avaliação da função renaL
Onde:
TFG = U .V
X
p
X
Ux = concentração da substância na urina (mg/mL)
V = fluxo urinário (mL/min)
Px = concentração plasmática da substância (mg/mL)
O valor considerado normal para a TFG é de 120 mL/
3.2 Determinação do fluxo sanguíneo renal
e capacidade de secreção tubular
O ácido paraminohipúrico (PAH) é um composto
exógeno, não tóxico, que é depurado do plasma quase
completamente. Isso é possível devido à presença de trans­
portadores para esse composto nos túbulos renais, possi­
bilitando sua secreção, pois como apenas 20% do fluxo
plasmático renal é filtrado, para que uma substância seja
min. A análise da depuração renal é empregada na avalia­
ção de nefropatias, mas não possibilita a detecção da doen­
ça. Dessa forma, é utilizada para o acompanhamento de
doenças previamente detectadas.
Entretanto, como referido, os níveis de creatinina
plasmática podem variar dependendo da atividade muscu­
lar do indivíduo. Além disso, a idade e o gênero também
interferem nos níveis de creatinina. Assim, apesar de sua
ampla utilização corno indicativo de fun9ão renal, outras
moléculas podem ser avaliadas com o objetivo de analisar
a capacidade de filtração renal. Um composto endógeno
que tem sido empregado com esse intuito é a cistatina C.
Essa molécula é formada por todas as células nucleadas,
com uma taxa de produção constante, independente da
massa muscular e idade. Á. cistatina C é totalmente filtra­
da, não é reabsorvida e é secretada em pequenas quanti­
dades, e alguns estudos demonstram que sua avaliação é
32
totalmen te depurada, esta precisa ser secretada. Quando o
PAH é infundido experimentalmente na artéria renal, ob-
serva-se que apenas uma passagem pelo rim é capaz de
removê-lo quase totalmente da circulação, restando quan­
tidade insignificante de PAH na veia renal. A quantidade
de PAH excretado corresponde a cerca de 90% do seu con ­
teúdo no sangue, os 10% restantes correspondem ao que
não passa pelos túbulos renais. Dessa forma, a quantidade
de PAH na urina pode ser um indicativo do fluxo sanguí­
neo renal. Se menos de 90% do PAH que foi administrado
não for depurado, significa que existe alguma disfunção
.. da secreção renal. O cálculo ..do fluxo plasmático renal é
.ddmristrdo á eqÚ.açã abáiô:
33
Fluxoplasmáticorenal = Depuração de PAH
Taxa de extração de PAH
• s a_u_,_1 _1 1 ;u_ cww a -.... ... ._,_,..,...,.
.,...,..."' • ..._ - -- &CS JLlf&._JUlK&lll = d #1f==,.,, .-
/ depuração de qua l qu er substân cia pel os rins é
obtida através do cálcu lo discutido na seção anterior deste
capítulo. No caso do PAH, se sua concentração plasmá­
tica for 0,01 mg/mL, com uma concen tração urinária de
5,85 mg/mL e fluxo urinári o d 1 mL/min , a depuração do
PAH será de 585 mL/min ;A taxa de extração de PA.tf é de
0,9, já que 90% do composto passá pefo púênquüna re.:
na!. Dividi ndo a depuração pela taxa de extração de PAH
é obtido o valor do fluxo plasmático renal de 650 mL/min.
Como o volume de plasma representa aproximadamente
55% do volume sanguíneo total, o fluxo sanguíneo renal
deve ser em tomo de 1200 mL/min.
3.3 Testedeosmolaridade
A capacidade de reabsorção tubular pode ser esti­
mada a partir de testes como o de osmolaridade urinária.
A osmolaridade, que é medida em miliOsmol (mOsm),
corresponde ao número de partículas de solutos em um
solvente. O líquido extracelular é composto basicamente
por água eletrólitos, sendo o NaCl o principal soluto pre­
sente nesse líquido. A osmolaridade urinária deve estar de
acordo com as necessidades do organismo e depende di­
retamente do estado de hidratação do indivíduo. Por exem­
plo, em um indivíduo desidratado, ocorre um aumento da
osmolaridade plasmática e consequentemente a reabsor­
ção de água pelos rins deverá ser maior, aumentando a osmo­
laridade urinária desse indivíduo, ou seja, a urina nesse caso
é mais concentrada. Assim, a relação entre a osmolaridade
urinária e a plasmática é um índice importante na determi­
nação da função de reabsorção hídrica renal.
34
Di versos fa torL:s in terferem na osmolar idadc u n ­
niiria e plasmática. A aldostcron a é um hormôn io que con­
trola a reabsorção e secreção de eletról itos, pois est im u la u
reabsorção de Na; e a secreção de K '. Com uma mai or
reabsorção de Na+ ocorre um aumento na reabsorçfío de
água por osmose.
Embora a aldosterona exerça um efeito importan te
na regulação da osmolaridade urinária e plasm át i ca, o
prin cipal hormônio relacionado a essa função é o hormô­
nio antidiurético (ADH). O ADH atua no néfron distal au­
mentando a reabsorção de água. Sua secreção é regulada
principalmente pela osmolaridade dos líquidos corporai s,
ou seja, quando ocorre uma elevação da osmolaridade do
líquido extracelu lar, que normal men te é de aproximada­
mente 280müsm, a secreção de ADH é aumentada. Situa­
ções nas quais ocorre redução da secreção de ADH ou
ausência da resposta renal ao hormônio causam poli úria,
que é um aumento acentuado do volume urinário. A diabe­
tes insipidus é uma condição clínica com essas caracterís­
ticas, e os pacientes portadores dessa doença podem apre­
sentar um volume urinário de até 20 litros por dia.
Os testes que avaliam a osmolaridade urinária podem
empregar fitas reativas, em que a densidade urinária pode
variar de 1,005 a 1,030. Esses valores são referentes à gra­
vidade específica da urina, que corresponde à razão entre o
peso de um determinado volume de urina e o peso do mes­
mo volume de água.
A densidade u rinária também pode ser determinada
por urodensímetro s. Esses dispositivos consistem em um
tubo de vidro que flutua no interior de u m líqu ido. Para
sua utilização a urina deve ser colocada em uma proveta e o
35
t
111 1 11k11·.i111L'l1o co1L1c1du sob1.: o 1íquido.OvalordL'dens1-
d:tdc é estabelecido observand o a marcação na escala do
urodensím etro, que depende do seu nível de submersão.
Esse nível varia de acordo com a densidade urinária, sen­
do que quanto maior sua densidade, menor será a flutua­
ção do urodensímetro. Um aspecto negati vo de sua utiliza­
ção é a necessidade de um grande volume de urina, cerca
de 15 a 20mL.
Um terceiro método de mensurar a densidade urinária
é por meio de refratômeros. Esses instrumentos determinam
o índice de refração, que está relacionado ao desvio da luz
na amostra, sendo que quanto maior o número de partículas,
maior será a densidade e consequentemente a refração da
luz. O emprego de refratômeros para medir a densidade
urinária apresenta vantagens, tais como a necessidade de
pequeno volume (apenas uma gota de urina). Esse método
tam bém é considerado mais fidedigno em comparação aos
urodensímetros e às fitas reativas.
36
4. DOENÇAS RENAIS
4.1 Glomerulonefrite
A glomerulonefrite é a inflamação dos glomérulos, a
qual provoca lesão da membrana de filtração. Pode ser agu­
' daoucrônica. Suaformaagudapode decorrer deprocessos
j infecciosos de outras partes do corpo, como, por exemplo,
1 das vias aéreas. O glomérulo pode ser afetado por essas
;l condições, pois os microorganismos causadores da in fec­
ção podem chegar ao rim via circulação sanguínea lçvundo
à formação de complexos antígeno-anticorpo que se d<:pn
sitam nos glomérulos renais, danificando-os. Além (JilHIP,
substâncias nefrotóxicas também podem indu7,ir gl om1:n1
' Ionefrite. Com um tratamento adequado ocorre a rcvcrHfl<l
da inflamação, não restando sequelas. Porém, enquanto u
inflamação persistir ocorrerá a filtração de componL:nluH
sanguíneos que normalmente não são filtrados, como pro·
teínas e células sanguíneas, que passam a ser encontrndoH
··
.na.urina(proteinúria-.e_hema,tli·
ia,respectivamente).
A -glomérÚ.lonefrite crônica pode decorrer da evo­
lução da forma agÚda, mas também pode ser secundárit1 n
outras doenças, como, por exemplo, o lúpus eritematoso.
Existem várias classificações para a forma crônica da doen­
ça, mas dependendo do tipo de glomerulonefrite, pode ser
37
diminuiçã'o de ureia,
creatinina e ácido
úrico na urina
- "'""1!"'!!'"' _,.._ _ P.4 e 'ª' - L d. S
E
l' ã il4.$SXL# >t.1'9'·-...
,i.- - ....
!1 éViclcnciado o espessamento da membrana de filtração e acú­
m u lo de tecido fibroso no glomérulo. A Tf'G fica notavel­
mente prejudicada nessa condição, ocorrendo a proteinúria
e a h ematúria. A redução da filtração, e consequentemen te
do volume urinári o, causa repercussões sistêmicas, como
edema, hipertensão arteriàl e an.emia.. A .glome.
fu lone_fr_ite
o fluxo urimírio dos rins à bexiga é normal, isso ajuda n
im pedir a entrada de m icrorganismos a parti r da bex iga.
Porém, a origem do patógeno causador da infecção pode Sél'
de outros locais do corpo através da circu lação sangu f neu , é
não apenas do trato urinário inferior.
Os achados comuns no exame de urina são a presença
•
... - .
crônica pode evoluir para uína insuficiência renal.
incapacidade
de leucócitos (leucocitúria), bactérias (bacteriúria) e even­
tual mente hematúria e proteinúria.
1Glomerulonefrite -
de filtração de _
ureia, creatinina
e ácido úrico
--
Pielonefrite J -1aguda 1-
1Pielonefrite 1-[Cfôfila 1-
-
refluxo
obstrução por tumores
cálculo
4.2 Pielonefrite 4.3 Síndrome nefrótica
.1111
É uma infecção bacteriana que acomete os rins. Fre­
quentemente é causada pela presença da bactéria Escheri­
chia coli presente no intestino grosso, que, eventualmente,
pode migrar para o aparelho urogenital, podendo provocar
uma infecção urinária. Para que a infecção atinja os rins,
alguma outra disfunção deve coexistir, como, por exemplo,
uma falha no mecanismo valvular na região de entrada dos
ureteres na bexiga, o que em situações nonnais impede o
refluxo de urina. Além disso, a existência de cálculos renais
também pode pred ispor ao surgimento de pielonefrite, por
obstruir o fluxo urinário em direção à bexiga , e dessa forma
facilitar a entrada de bactérias nos ureteres, já que quando
:rn
A síndrome nefrótica é causada por qualquer condi­
ção que danifique os glomérulos renais. Geralmente é se­
cundária a outra doença renal, como as glomernloncfrites.
Sua principal característica é o aumento da permeabilidade
da barreira de filtração, ocasionando proteinúria. Outro acha­
do no exame de urina é o aumento dos níveis de lipídeos. Os
pacientes que desenvolvem síndrome nefrótica apresentam
anasarca, que corresponde ao edema grave generalizado. O
edema é causado pela queda da pressão coloidosmótica
plasmática , em função da perda de proteínas. Quando o tra­
tamento não é bem-sucedido, os pacientes com síndrome
nefrótica podem evoluir para uma insuficiência renal.
39
aumento de ácido
1 úrico, ureia e
creatinina no sangue
hematúria
Ileucócitos
bacteriúria
infecção bacteriana
obstrução
diabetes mellitus
Insuficiência
renal
i
eletr
1-1
'
Sindrome
nefrótica
d1•l'li','.d
glomerulares
primárias
ou doença
I sistêmicas(les,
diabeteetc)
· -
·-----'
intensa proteinliria
ts ausas de insu llciên i.:1a r nal crón ica sJu diversas,
mas as principais são h ipertensão arterial, diabetes mellitus
e glomerulonefrite. Os sinais e sintomas começam a apare­
cer apenas quando o número de néfrons acometidos atinge
mais da metade do número total. Isso se deve ao fato de que
os rins são capazes de adaptações bastante significativas em
seusmecanismosdefiltraçãoereabsorção,fazendocom que
fósforo
normal
4.4 Insuficiência renal
diminuído
cálcio sérico
cálcio
urinário
normal
a concentração de solutos seja mantida estável apesar do
número reduzidodenéfronsfuncionantes.Entretanto,quando
a função renal cai abaixo de 20 a 30% do normal, alterações
como uremia, acidose e edema são observadas. A anemia
também é frequente nos pacientes com insuficiência renal
É uma condição grave que está associada com a perda
da função renal. Pode ser aguda ou crônica. Na insuficiên­
cia renal aguda, os rins param abruptamente de funcionar,
mas podem ter sua função restabelecida algum tempo de­
crônica. Nesses casos, torna-se necessário o tran splante
renal ou a hemodiálise.
pois. Na insuficiência renal crônica, os rins vão perdendo
gradativamente sua função, mas, diferente da condição agu­
da, nesse caso a falência renal é irreversível.
A insuficiência renal aguda pode resultar de causas
pré-renais (redução do fluxo sanguíneo renal devido a distúr­
bios do sistema cardiovascular), intrarrenais (lesão no pró­
prio rim) ou pós-renais (obstrnção do fluxo urinário por aco­
metimento dasviasuriná1
iasdesdeoscálicesrenaisatéabexi­
bloqueio acúmulo
1aguda da excreção - de água e
deágua e eletrólitos
ólitos no
organismo
l distribui­
maior
_, retenção ,_
de água
que sódio
incapacidade
do rim em
+
perda
significativa
ga). A perda da função renal determina a diminuição do fluxo
urinário (oligúria), podendo, em casos mais graves, chegar à
ausência total do fluxo (anúria). Como consequência, ocon-e
retenção de água, eletrólitos e metabólitos, causando edema,
hipertensãoeacidose metabÇ>lica. Uma das principais causas
de óbito por insuficiência renal aguda éa hipercalemia (aumen­
ção dos
glome­
Túlares·
1
lesãonos,...
_, filtração regular
prejud i- a excreção
..- reada de eletrólitos
· :·
e água
na rebasorção
_,ele
_ , de Na+,
K+, Cl+
sangue
t Na l-, K+,
-urina
to do potássio sérico), que pode atingir valores superiores a tubulos
incapacidade
de água e
aumento CI
eletrólitos + K 1 ,pi1,
volumL:
8mEq/L, o que representa o dobro do valor de normalidade. renais eletrólitos na urina
40 41
aumento ela
penneabilidacle
renal
icPl'S aos
capil ares
glomernlarcs
i sódio:
- volume
diminuído
- pH normal
ou alcalino
- cloreto
aumentado
- potássio
aumentado
l
.r1f"l!"-W' "':,.. QW@+ ii '.. -·-= •& '.» '* es - • rw f as '
5. EXAME FÍSICO
A anál ise da urina para o diagnóstico de doenças tem
sido usada por muitos séculos, sendo um dos procedimen tos
laboratoriais mais antigos utilizados na prática médica. An­
tigamente os médicos faziam muitos de seus diagnósticos
com base na coloração e aparência da urina. Hoje em dia a
uroanálise fornece informações importantes, de forma rá­
pida e econômica, seja para o diagnóstico e monitoramento
de doenças renais e do trato urinário, seja para a detecção de
doenças sistêmicas e metabólicas não diretamente relacio­
nadas com o rim.
O exame fisico de urina fornece informações preli-
minares no que diz respeito a distúrbios, como hem01Tagia
glomerular, hepatopatias , erros inatos do metabolismo e
infecções do trato urinário.
As características gerais avaliados são: cor, volume,
aspecto, odor e densidade.
dadeda cor da urina cstú relacionada com a L:oncc11tr;111· n d<i
amostra. Uma urina mais clara pode ser obscrvudu l:Olll :1
i ngestão aumentada de líquidos, enquanto a pri va<;fín dl.! li
quidos proporciona a excreção de uma urina mais cscuru.
Assim, a coloração da urina indica, de certa forma , a con·
centração urinária e o grau de hidratação da pessoa. Uma
amostra de urina clara com densidade alta é indicativa de
diabetes mellitus ou após a utilização de contrastes radio­
gráficos.Alguns corantes alimentares, doces e medicamen­
tos colorem a urina de cores diversas (vermelha, verde etc.)
(Figura 4).
';>" 1
111
5.1 Cor
A cor da urina pode variar desde a ausência de cor até
o negro. Normalmente , a urina tem cor amarela, resultante
da excreção de três pigmentos , urocromo (amarelo), uroeri­
trina (vermelho) e urobilina (laranja), que são pigmentos
originados no metabolismo n ormal do organismo. A intensi-
42
Figura 4.Exemplos de amostras de urina pela cor
43
·1on de CL)r: i ncn klr, amareln, amarclu-claro, amare­
lo-palha, amarel o-escuro, amarelo-citrina, laranja,
âmbar, rosado, vermelho, verde, marrom, preto, azul­
esverdeado.
5.2 Volume
O volume de urina depende da quantidade de água
excretada pelos rins. Esse parâmetro pode ser influenciado
por diversos fatores, como: ingestão de líquidos, perda de
líquidos por fontes não renais, variações na secreção do
h01mônio antidiurético e necessidade de excretar grandes
quantidades de glicose e sais. Levando-se em consideração
esses fatores, pode-se observar que embora o débito urinário
diário médio seja de 1200 a 1500 mL, podem ser considera­
dos normais os limites de 600 a 2000 mL em 24 horas.
A med ida do volume urinário apresenta interesse
quando tomada do volume total emitido nas 24 horas, em
função da dosagem, ou na verificação de nictúrias, poliúrias
e oligúrias. Mede-se o volume urinário em cálices ou prove­
tas graduadas de boa procedência, tomando-se o cuidado de
utilizar vidrarias rigorosamente limpas.
Oligúria: é a redução do volume urinário diário nor­
mal (menor que 500 mL/24 h). Pode ocorrer por moti­
vo de: desidratação, perda excessiva de água, vômito,
dian-eia, transpiração e queimaduras graves.Aoligúria
pode levar à anúria, á cessação do fluxo de urina que
pode ser resultante de lesão renal grave ou de uma
diminuição no fluxo sanguíneo para os rins.
44
Po/ 1úri<1: é o a 11·1icn t t • tk  P i d!'l<..' w 11 11·i 1l d i úri o
(maior que 2000 mL/24 h). Pode ocorrer pm motivo
de: diabetes mellitus, uso de diuréticos, uso de cafeí­
na e álcool, que são substâncias que d im inuem a
secreção do horm ônio antid iu rético.
Nictúria: micção excessiva durante a noite.
5.3 Aparência
Éo termo geral que se refere à transparência da amos­
tra de urina. É determinada pelo exame visual da amostra
homogeneizada em ambiente bem iluminado. A amostra
deverá estar sempre em recipiente transparente para que seja
realizada essa análise.
Normalmente, a urina tem um aspecto claro e trans­
parente logo após a sua emissão. Com o passar do tempo,
ela tende a ficar turva pela presença de muco e precipitação
de cristais amorfos (fosfatos e uratos). Bactérias, piócitos,
hemácias, cilindros e cristais diversos podem ocasionar
turbidez na urina. Também fazem o mesmo efeito os lipídeos,
soro, muco, linfa e contaminação externa com talco e mate­
rial de contraste radiográfico. Algumas dessas substâncias
não são patogênicas, mas o fato de a amostra recém-elimi-
.. nada estar turva pode ser fator_de preocupação.
. . -Quando ·
urini·é- alaliha-;em geral há precipitaçã o de
fosfatos alcalinos terrosos normalm ente excretados. A uri­
na ácida normal também pode mostrar-se turva devido à
precipitação de uratos amorfos, cristais de oxalato de cál­
cio ou ácido úrico.
45
ii
-
1!!d
-
"'!'* ' ç :s·-.:··-:..,.. c;ç z_ y ......., .,...* -C-1• g a ---- ;:-
....... ...·-_.-,,,.....
·
--
! u rina feminina geralmente é mais turva que a mas­
culina devido à presença de célu las epiteliais escamosas e
elemuco.
Os termos para caracterizar o aspecto da urina são:
tran sparente, opaca ou turva.
. .
Aspecto: transparente, ligefraniente torvo ·
semíturvo; ·
pouco turvo, opaco, turv<? (Figura 5).
Figura 5. Representação do aspecto de diversas amostras urinárias
5.4 Odor
O cheiro normal da urina é característico (sui generis),
ocasionado pela presença de ácidos aromáticos voláteis.
Com o envelhecimento, a urina adquire um odor fo1ie de
amoníaco pela transformação bacteriana da ureia em amô­
nia. Infecções do trato urinário tornam o odor da urina pú­
trido. A urina contendo corpos cetônicos tem um odor de
acetona ou de frutas. Odores anonnais podem ser encon­
trados em situações de anormalidades do metabol ismo de
aminoácidos, como na fenilcetonúria e outras.
Éuma propriedade física de fácil observação, mas que
raramente tem significado clínico.
LlR
O odor da urina em diversas situa ções csla denw11 ­
trado na tabel a 2 e deve ser descrito da segu i n te l'orm;i :
característico, sui generi.s, amoniacal, féti do ou pú trid o
(Tabela 2).
Tabela 2: Odor da urina
Normal Sui generis
Amoniacal Má conservação, degradação da uréia
por bactérias, formando amônia
·Pútrido Mau cheiro, cheiro de podre
por infecção urinária
Cheiro de rato Fenilcetonúria, patologia do metabolismo
de aminoácidos
Cheiro de melado Doença do Xarope do Bordo, patologias
do metabolismo de aminoácidos
5.5 Densidade
A densidade normal da urina varia de 1,010 a 1,030 e
ela indica a concentração de sólidos totais dissolvidos na
urina. A densidade urinária varia com o volume urinário e
com a quantidade de solutos excretados (principalmente
cloreto de sódio e ureia). Desse modo, a densidade é um
bom indicador do estado de hidratação/desi dratação do
paciente. Exemplos de alterações de densidade:
l. Densidade alta pela presença de glicose: diabetes
mellitus.
tl7
' lk11-.,it!.1dc haixu pela L'XCn.
::yfío de grandes ,1Jun.c
urinários: diabetes insipidus.
3. Densidade baixa pela perda da capacidade de concen­
tração urinária: doenças renais.
A densidade de urina depende da concentração os­
molar, isto é, do número de partículas dissolvidas, haven­
do normalm ente estreita relação entre o peso específico e a
osmolaridade resultante da ingestão de alimentos e bebi­
das e da reabsorção da água e de substâncias dissolvidas.
A densidade urinária é definida em comparação com a
densidade do mesmo volume de água destilada e na mesma
temperatura. Como a urina é água que contém substâncias
químicas em dissolução, a densidade urinária é uma medida
da densidade das substâncias químicas dissolvidas na amos­
tra. É influenciada pelo número de partículas presentes na
urina e pelo tamanho dessas partículas.
A densidade do filtrado plasmático no glomérulo é
de 1,010. Urina com densidade de 1,010 recebe o termo de
isoestenúrica, abaixo deste valor é hipoestenúrica, e acima
é hipertenúrica.
As amostras colhidas ao acaso podem apresentar
valores de 1,001 a 1,035, dependendo do grau de hidrata­
ção do paciente. Uma densidade alta, acima de 1,035, pode
ser observada em paciente submetido há pouco tempo à
pielografia intravenosa, pois o material de contraste radio­
gráfico é excretado pela urina. Dextranos ou outros fluidos
intravenosos de alto peso molecular também produzirão
urina com uma densidade elevada. Se a urina for previa­
mente diluída deve-se multiplicar pelo fator de diluição.
48
f x: urina diluída J :2 tet k·i111r.t de 1_ci_:.... d , dadc real
1,050 (Tabela 3).
Tabela3.Exemplosdedensidadeurinária
Densidade
Recém-nascido 1,012
Lactente 1,001-1,006
Adulto 1,001-1,035
A densidade urinária fornece informações importan­
tese pode ser facilmente obtida com o uso do urodensímetro,
refratômetro ou tiras reativas.
Urodensímetro: constituído por uma boia com peso,
ligada a urna régua calibrada em te1
mos de densidade
urinária (1,000 - 1,040). A boia pesad a desloca um
volume de líquido igual ao seu peso e éprojetada para
afundar até o nível 1,000 em água destilada. O restan­
te da massa, representada pelas substâncias dissolvi­
das na urina, faz com que a boia desloque um volume
de urina menor que o da água destilada. O nível até o
qual o urodensímetro afunda representa a massa da
amostra ou Sl:Ja..densidade'(Figura 6).
l 49
•
/'
,
.(
!
,
/
,
/
)>.
' ;.{
' ,"r1.
·
-r /
<'
"
:11
j.'
u .
.
.
: t
Figura 7. Representação de refratômetro
Figura 6. Representação de urodensímetro
A principal desvantagem do uso de urodensímetro é
que ele exige grande volume de amostra (15 a 50 mL). O
recipiente no qual o urodensímetro flutua deve ser grande
pura pennitir a flutuação sem tocar nas laterais e o volume
da urina deve ser suficiente para evitar que o urodensímetro
encoste no fundo. A leitura da régua é feita no menisco infe­
rior da urina. Há necessidade de correção da leitura em ter­
mos de temperatura.
Refratômetro: determina a concentração das partícu­
las dissolvidas na amostra por índice de refração.Esse
índice é a comparação da velocidade da luz no ar com
a velocidade da luz na solução (Figura 7).
50
A principal vantagem do refratômetro é o uso de pe­
queno volume de amostra (1 ou 2 gotas). Não há necessida­
de de correção da temperatura.
Põe-se uma gota de urina sobre o prisma, focaliza-se
o instrumento em lugar de boa iluminação e faz-se a leitura
a partir da escala de densidade. O prism a e sua cobe1
iura
devem ser limpos a cada análise.
A calibração do aparelho é feita com água destilada,
cuja leitura deve ser 1,000. Se necessário pode-se utilizar o
botão de ajuste para adequar a leitura da água destilada. A
calibração é realizada também com NaCI 5%, cuja leitura
deve ser 1,022 ± 0,001, ou com sacarose 9%, cuja leitura
deve ser 1,034 ± 0,001.
Tiras reativas: a medida da densidade uri nária com
as tiras reativas baseia-se na associação de um po­
lieletrólito (éter metilvinil-anidrido maleico) com um
indicador (azul de bromotimol) reagindo com solutos
iônicos presentes na amostra de ur ina. O polieletró­
lito será ionizado na proporção da quantidade de so­
lutos dissolvidos na urina, o que altera a sua constante
de dissociação (pKa). Haverá produção de íons h idro-
51
•
l
gC:nm. os quais irão promover umu redução Jo pi 1 que
será detectada pelo indicador. À medida que a den­
sidade aumenta, o indicador muda de verde azulado
até o amarelo esverdeado. Deve-se liberar o valor
numérico lido na fita (Figura 8).
amostra que esteja ae.111<1 ua lL'I11per,1Lura (k cal ibração.
Essa correção deve ser feita quand o a leitu ra for realizada
pelo urodensímetro.
Ex: Uma amostra refrigerada, com temperatura de
14º C fornece uma densidade de 1,020. Cálculo da densi­
dade correta.
1
1
;
ri
f
1
;•
j
j
Correção devidoàgrande quantidade deproteínasou
de glicose presentes na amostra: quando glicose e proteínas
,/ estiverem presentes na urina, há necessidade de se fazer
J
também a c01reção da densidade. Isso porque a glicose e as
'
proteínas aumentam a densidade da urina por serem subs­
tâncias de alto peso molecular e que não têm relação com a
de lg/dL de
;.f,
1
..
capacidade de concentração renal. A presença
proteína elevará a densidade em 0,003 e de um lg/dL de
glicose em 0,004, portanto deve-se subtrair. Essa correção
deve ser feita quando a leitura for feita pelo urodensímetro
1 ou pelo refratômetro.
Figura 8. Representação das tiras reativas
Coneção em termos de temperatura: geralmente a
temperatura de calibração é de 20° C. Se a amostra estiver
fria deve-se subtrair 0,00l da leitura para cada 3º c da
amostra que esteja abaixo da temperatura de calibração. Ao
contrário deve-se somar 0,001 da leitura para cada 3º C da
52
'1
J Ex: Numa amostra que contém 1g/dL de proteína e
··
. l·
g/dl>de_glicose, _
a·lit_ura da de1
}sidade é de 1,030. Cálculo
da densidade correta:
53
1,030-0,003(proteína)=1,027'
1,027-0,004 (glicose) = 1,023
20ºC (temperatura de calibração) - 14ºC = 6º C
(6º C/ 3º C) X 0,001 = 0,002
1,020 -0,002 = 1,018
]
..,..
""
'
"""'
""
aµ O 4 QZAt T
...-y-.
6.1 Tiras reagentes
6.EXAMEQUÍMICO
Os conceitos do exame de urina pouco mudaram ao
longo dos anos, mas os testes químicos tomaram-se muito
mais fáceis de serem realizados com o advento das tiras
impregnadas com reagentes. Novas tecnologias permitiram
o desenvolvimento de métodos específicos que apresentam
resultados rápidos e exatos para a determinação do pH e
densidade e a pesquisa de elementos anormais, que fazem
parte do protocolo do exame de urina de rotina.
Usualmente a análise dos constituintes bioquímicos
da urina é feita através de tiras reagentes, objetivando tornar
a determinação de elementos da urina mais rápida, mais
simples e mais econômica. Atualmente há no mercado ins­
trumentos que executam a lei tura das fitas reagen tes, me­
lhorando assim o grau de precisão ao eliminar parte do
elemento subjetivo inerente à leitura das mudanças de cores
pelo olho humano. As tiras reativas de urina constituem um
meio simples e rápido de realizar dez ou mais análises bio­
químicas clinicamente impo1
tantes, como: pH, proteínas,
glicose, cetonas, hemoglobina , bili rrubina, urobilinogênio,
nitrito, densidade, leucócitos e ácido ascórbico.
54
A lira reagente utilizada para a determinação do pi 1
e densidade e a pesquisa de el mentos químicos no exa me
de urina de rotina é constituída de pequenos quadrados de
papel absorvente impregnados com substâncias qu ímicas e
presos em uma tira de plástico. Quando o papel absorven te
entra em contato com a urina ocorre uma reação quím ica
queproduz umamudança_cromática.
As cores resultantes são interpretadas comparando-se
com a tabela cromática fornecida pelo fabricante. Nessa ta­
bela aparecem várias tonalidades de cor para cada substân­
cia a ser testada. Comparando-se cuidadosamente as cores
da tabela com a cor presente na tira, pode-se inferir um va­
lor semiquantitativo negativo, +, ++, +++, ++++. Também
há uma estimativa em mg/dL para análise de algumas áreas.
Técnica (Figura 9):
1.Misturar bem a amostra.
2. Mergulhar a tira completa e rapidamente em uma
amostra de urina homogeneizada.
3. Remover o excesso de urina encostando a borda da
tira no recipiente à medida que ela vai sendo retirada.
4. Esperar o tempo especificado para que ocorra a rea­
ção e comparar a cor da tira com a tabela de cores.
5. Fazer testes confirmatórios quando indicados.
55
'
' '.
<> . Ltar atcntu para a prcsenya de substância que pos­
sam interferir nos testes.
7. Conhecer os princípios e o significado do teste.
· -
· ·Q
..,..'
•
w
8. Estabelecer as relações dos achados bi oquímicos
entre si e os resultados dos exames físicos e micros­
cópicos.
O procedimento é relativamente simples, mas o uso
incorreto da técnica pode provocar erros (Tabela 4).
J 'Qi:
'
ll VIL--:;;·
;'!/!li-
Figura 9. Sequência de etapas para a leitura da urofita
Cuidados com atira reagente:
r=
·
=
·
-
··
··
'
Tabela4. Errosprovocados pelousoincorretodastiras reagentes
Se a tira ficar muito tempo mergulhada na urina poderá haver lava­
gem dos reagentes da tira
Se ficar urina em excesso na tira após a sua retirada da amostra
poderá ocorrer passagem de uma substância química para o qua­
driculado adjacente, produzindo distorções nas cores
O tempo para que ocorra a reação varia de acordo com o teste e o
fabricante, indo de imediato para o pH até 120 segundos para
leucócitos
Uma boa iluminação é essencial para precisão das interpretações
l . As tiras devem ser annazenadas no recipiente origi­
nal, que deve ser mantido bem tampado.
2. As áreas reagentes são estáveis e mantêm o desempe­
nho especificado até a data de validade indicada no
rótulo quando o frasco é mantido em temperaturas in­
feriores a 30 ºC. Não armazenar em refrigerador.
3. Remover do frasco somente a quantidade de tiras ne­
cessárias para uso imediato.
4. Exposição das tiras à luzsolar direta, vapores químicos
eumidade ambiental pode afetar as áreas de reação.
de cores 5. Não tocar nas áreas de reação.
Amostras refrigeradas devem voltar à temperatura ambiente antes
do teste com a fita, pois enzimas dependem de temperatura
.?: Usar somente ina recente, em homogeneizada e não
centrifugada:
7. Observar o tempo correto de leitura das reações. Para
a maioria das tiras a leitura das reações deve ser feita
em 60 segundos e entre 60 e 120 segundos para leu­
cócitos. Não realizar a leitura após 120 segundos.
56 57
· ··- .,. .:c::cw•s=w+;:rn iQ - l)j -'t™::a '"-..
8. Usar no período de 6 meses depois de abertas.
9. Não usar as tiras que tiverem perdido a cor.
Fatores interferentes
Vários fatores são capazes·de "i"nterferir rios rnétodos·
analíticos empregados na tira reagente e o conhecimento a
:;eu respeito é fundamental para a correta interpretação dos
resultados. Dentre estes fatores interferentes, destacam-se
agentes de limpeza e desinfetan tes, medicamentos e ácido
ascórbico em concentrnções elevadas na urina. Qualquer
medicamento novo deve serconsiderado, em princípio, como
fonte potencial de interferência.
Controle de qualidade dastiras reagentes:
1. . Testar os frascos abertos de tiras reativas com
contro­ les positivos e negativos conhecidos a cada
turno de pessoal.
2. Avaliar os resultados dos controles que estejam fora
dos padrões fazendo novas provas.
3. Analisar osreagentes usados nos testes comprobatórios
com controles positivos e negativos.
4. Fazer controles positivos e negativos com novos rea­
gentes e frascos recém-abertos de tiras reativas.
5. Registrar todos os procedimentos de controle e os nú­
meros dos lotes das tiras reativas.
58
6.2 Bilirrubina
A bilirrubina é detectada através de uma reação de
diazotização com 2,4-diclorobenzeno-diazôn io-tctrafl uor­
borato. Essa reação produz na área reativa uma coloração
rósea. A cor amarela indica u ma reação negativa. O teste
detecta valores superiores à 0,5 mg/dL e as intensidades de
cor que se formam na reação indicam as seguintes medidas
qualitativas: negativo, +, ++, +++.
Traços que produzem cor rosada são suficientes para
indicar a presença de bilürubina na urina e sugerir investi­
gação adicional. A maior parte da bilirrubina é derivada da
porção heme da hemoglobina oriunda de hemáci as velhas
destruídas pelas células do sistema reticuloend otelial do
baço, fígado e medula óssea. A bilirrubina não conjugada
(ou indi reta) produzida é transportada na corrente san­
guínea ligada à album ina, não sendo capaz de atravessar a
barreira glomeiular renal.
No fígado, a bilin-ubina é captada e conjugada com o
ácido glicurônico, tornando-se hidrossolúvel e sendo, en-
tão, capaz de atravessar os glomérulos renais e aparecer na
urina. Normalmente, a bili nubina conjugada (ou direta) é
excretada através da bile para o intestino delgado e não está
presente na urina. Sua presença na urina é observada quan­
do há aumento da concentração de bilirrubina conjugada no
sangue (> 1,2 mg/dL) e indica obstrução das vias biliares ou
lesão de hepatócitos. Dessa forma, a detecção de bi lirrubina
na urina é importante na suspeita de doenças hepáticas e na
investigação das causas de icterícia.
59
Significado clínico (Tabela5):
Hepatite
Cirrose
Outras doenças hepáticas
Obstrução biliar
Tabela 5. Correlação clínica da bilirrubina
Tipos de Exemplo Bilirrubina Bilirrubina Bilirrubina Urobilina
icterícia Indireta - Direta - urina urina
sangue sangue
Normal O-l,2mg/dL Negativo Negativo <l,Omg/dL
Hemolítica Hemolítica Aumentado Negativo Negativo Aumentado
Hepúlica Hepatite Aumentado Aumentado Aumentado Aumentado
Cin-ose ouNo1mal ou
Normal
Obstrutiva Obstrução Aumentado Aumentado Aumentado Normal
Tumores ou Normal
Interferentes: falso negativo em função do tempo
transcorrido depois da colheita é o erro mais comum, pois
a bilirrubina é instável e rapidamente degradada se ex­
posta à luz. A exposição ao ar provoca oxidação e conver­
são em biliverdi na, que nãó reage nas provas de oxidação
ou diazotização. Ácido ascórbico e nitrito podem reduzir a
precisão do teste. Falsos posi tivos: pigmentos urinários.
60
Pm1·us de Oxidu1,.11 1 : a u1in,: qui..: t1p:..::-:nla bilirru­
bi na geralmente tem cor ámbar ou aniardo escu ro e produ-,
espu ma amarela quando agitada. São provas baseadas na
propriedade do cloreto férrico dissolvido em ácido tricloro­
acético de oxidar a bilirru bi na, convertendo-a em biliver­
dina, prod uzindo cor verde.
6.3 Urobilinogênio
O urobilinogênio é detectado através do Reagente de
Erlich (p-dimetilaminoben zaldeído) que reage em meio
ácido produzindo cores que vão do bronze ao laranja.
A bilirrubina conjugada liberada no intestino delgado
com a bile é desconjugada por ação de bactérias da micro­
biota intestinal. A bilirrubina livre é, então, reduzida a uro­
bilinogênio, estercobilinogênio e mesobilürubinogênio, que
são transfo1mados em pigmentos que dão a cor habitual das
fezes. Parte do urobilinogênio produzido retorna ao san­
gue, através da circulação enterohepática. A maior parte do
w-obilinogênio reabsorvido é removido pelo fígado e uma
pequena porção é excretada na urina (<1 mg/dL). Quando
há produção elevada de bililTubina (anemias hemolítica e
megaloblástica), observa-se aumento do urobili nogênio
reabsorvido, com consequente aumento da eliminação des­
.te na urina. Nas_ disfunçõs ou Jesões hepáticas (hepatites,
iú: s-e i ufic;Íênciâ eardíca;éongestiva), o fígado tor­
na-se incapaz de removei:o urobilinogênio reabsorvido,
tornando sua pesquisa na urina posi tiva. Outras condições
em que há aumento do urobilinogênio urinário incluem esta­
dos de desidratação e febril.
61
-.m e SSQf lf ...,.. ......... a 4 a ,,.-- -.... ",.lo
Significado clínico:
Detecção precoce de doenças hepáticas
Distúrbios hemolíticos
Interferentes: compostos que reagem com seu .prin­
cípio ativo. A prova não - é co'nsiderada confiávél .pàrà'
detecção de porfobilinogênio. Falso negativo com grandes
quantidades de nitrito.
...............-...... -..,
O acidu hidroxibut í lico não e med ido e a acdonu e
npcnas l igeiramente sensível ao teste.
Uma vez que esses compostos são derivados cio úcido
acetoacético, sua presença pode ser pressu posta, nuo sendo
necessário realizar testes específicos.
Os resultados são registrados qualitativament e como:
negativo, pequeno, moderado ou grande; ou como: nega­
tivo, +, ++, +++. Nos casos de cetose aguda pode ser ne­
cessário realizar testes em diluições seriadas para conseguir
mais informações quanto ao grau de cetose.
i/11
1n11
6.4 Cetonas
O termo cetona engloba o ácido betahidroxibutírico, o
ácido acetoacético e a acetona ,que são produtos do metabo-
1ismo incompleto de lipídeos e sua presença na urina está
relacionada com condições metabólicas, nas quais lipídeos,
em vez de carboidratos, são usados como fonte de energia,
como ocorre no diabetes mellitus não controlado, alcoo­
lismo, jejum prolongado (desidratação, vômitos, diarreia e
febre) e raras doenças metabólicas hereditárias. A tira rea­
gente é mais sensível ao ácido acetoacético (>5 mg/dL) do
que à acetona (>50 mg/dL). A escala de cores é calibrada
com o ácido acetoacético.
Os três compostos de cetonas não se apresentam em
quantidades iguais na urina: 78% de ácido beta-hidroxi-bu­
tílico, 20% de ácido acetoacético e 2% de acetona.
Os testes com tiras reativas utilizam a reação do nitro­
prussiato de sódio (nitroferricianeto) para med ir as cetonas.
Nessa reação o ácido acetoacético em meio alcalino reage
com o nitropmssiato de sódio para produzi r cor púrpura.
62
Significado clínico:
Acompan har e moni torar o diabetes mellitus. A
cetonúria demonstra uma deficiência no tratamento
com a insulina indicando a necessidade de regular a
sua dosagem.
Desequilíbrio eletrolítico e desidratação que, se não
forem corrigidas, podem levar à acidose.
Carência alimentar. Caso de pacientes hospitalizados
que muitas vezes produzem resultados positivos de
cetonúria e que não têm relação com o diabetes, isso
porque a doença dopaciente impede a ingestão sufici­
ente de carboidratos ou está produzindo uma perda
acelerada, como no caso dos vômitos.
Interferentes: a reação do nitroprnssiato está sujeita a
um mínimo de interferência externa.A presença de levodopa
em grande concentração pode provocar reações de falsos
63
p1is1ti (h, e as amostras colh ida upús procedimento::- diag­
nósticos que empregam corantes de ftaleína prod uzem cor
vermel ha, o que interfere no meio alcalino do teste. A pre­
sença de fenilcetonas na urina também podem distorcer a
reação de cor. Valores falsos reduzidos são observados em
amostras conservadas incorretamente, devido à volatili­
zação da acetona e à degradação de ácido acetoacético
por bactéri as.
6.5 Glicose
A análise bioquímica realizada com mais frequência é
o teste da glicosúria, devido a sua utilização na detecção e
controle do diabetes mellitus.
Normalmente quase toda glicose filtrada pelos glo­
mérulos é reabsorvida no túbulo contorcido proximal e por
isso a urina contém quantidades mínimas de glicose. A
pode ocorrer, ainda, de ido ú mgcstão de dieta mn elevada
porcentagem de carboidratos.
Também é encontrada cm casos ele hiperglicemia
não diabét ica, como os que ocorrem nas lesões do siste­
ma nervoso central e nos distúrbios da tireoide. Mulheres
grávidas, que podem ter diabetes latentes, têm glicosúria
durante o terceiro trimestre da gestação e precisam moni­
torização cuidadosa para se determinar com precisão a
existência ele diabetes.
Glicose oxidase
Os testes com tiras reativas empregam o método de
glicose oxidase, impregnando a área do teste com uma mis­
tura de glicose oxidase, preroxidase, cromogênio e tampão
para produzir uma reação enzimática sequencial dupla.
reabsorção tubular é feita por transporte ativo em resposta
às necessidades do organismo para manter uma concentra­
ção adequada de glicose. Se os níveis sanguíneos de glico­
Glicose+02
glicose
•
oxidase
ácido glicônico + Hp
se ficaram elevados, o transporte tubular dessa substância
cessa e ela aparece na urina. O nível sanguíneo no qual a
reabsorção tubular cessa é chamado limiar renal, que é de
Hp+cromogênio
2
peroxidase
cromogênio(colorido oxidado)+1-120
160 a 180mg/dL.
A glicosúria que não vem acompanhada por hiper­
glicemia é observada nas doenças que afetam a reabsorção
tubular e pode ocorrer em diversas condições: desordens
tubulares renais, síndrome de Cushing, uso de corticoeste­
roides, infecção grave, hipertireoidismo, feocromocitoma,
doenças hepáticasedosistema nervoso central.A glicosúria
64
Os fabricantes emprega diversos cromogênios, in-
.duindcr ·
cc:mple:X:o dê iodeto d potássio e tetrametil-ben­
zidina. A glicosúria pode ser registrada como negativo, +,
++, +++, ++++; mas as tabelas de cores fornecem também
medidas quantitativas que vão desde 100 mg/dL até 2 g/dL
ou O,1% a 2%. O registro quantitativo é recomendado pela
American DiabeticAssociation.
65
,,
2
+:* li.az::aq J! ;; *•4!J a --
.
· - ..........-- .........
.......
..
...
...
...
...
.
" wawo;z::a »."""
/ sen sibilidade da tira reativa ficou estabelecida na
foixa de 50 a 100 mg/dL.
Teste de redução de cobre
É um teste inespecífi o, pois reage com outras "<?ses".
A gl i cose e outras substâncias·redütoras são ·capâzes de·
reduzir o sulfato cúprico em cuproso em meio alcalino e
calor. A presença de oses é visualizada pela coloração que
vai do azul (negativo), passando pelo verde, amarelo, laran­
ja até o vermel ho-tijolo.
/111e1.Jcrentes: como outros açúcares podL:m ser cn­
contrados na urina (galactose, frutosc, pen tose e lactose), a
reação deve ser específica para glicose. A glicose oxidasc é
específica para aglicose, portanto não ocorrerá reação f':.dsu
positiva mesmo se a urina contiver outros carboidratos com
poder redutor. As reações falsas positivas ocorrerão se os
recipientes da colheita estiverem contaminados com peró­
xidos ou por detergentes,oxidantes fortes.O ácido ascórbico,
ácido 5 hidroxi-indolacético, ácido homogentísico, ácido
acetilsalicílico e levodopa são substâncias que interferem
nas reações enzimáticas ou nos agentes redutores que impe­
dem a oxidação do cromogênio e produzirão resultado falso
negativo. A presença de níveis elevados de cetonas afeta os
CuSO + Substâncias meioalcalino
4
Redutoras /::,.
CuO + Substância
2
Oxidada
testes com glicose oxidase quando a concentração de glicose
é baixa. As urina com cetonas positiva são acompanhadas
de glicosepositiva (glicosúria na urofita), a glicoseurinária
A Reação de Benedict usa sulfato de cobre, carbonato
de sódio, tampão de citrato de sódio, coloca-se a urina e
aplica-se calor.
Significado Clínico:
Diabetes mellitus
Reabsorção tubular deficiente
Síndrome de Fanconi
Doença renal avançada
Lesões do sistema nervoso central
Gravidez com possível diabetes me/Litus latente
66
L
deve ser revisada com glicosúria por método
quantitativo c glicemia, a fim de elucidar o
diagnóstico. As densidades acima de 1,020 e pH
elevado podem reduzir a sensibilidade do teste
quando as concentrnções são baixas. A maior fonte
de resultados falsos negativos são erros técnicos de
permitir que as amostras fiquem em temperatura
ambiente muito tem­ po sem conservantes, pois
ocone rápida glicólise.
6.6 Proteínas
A urina contém uma quantid ade muito
pequena de proteínas, menor de 15 mg/dL ou 150
mg por 24 horas. Essa excreção consiste
principalmente de proteínas séricas de baixo peso
molecular, filtradas seletivamente pelos glo­ méru
los, e proteínas produzidas no trato urogenital.
67
( > tc tc part 1cularn1cn h scnsÍ L·Ià album ina e mcno
sensível às outras proteínas. Apesar de ocorrer uma excre­
ção de proteínas na uri na de indivíduos sadios (até 15 mg/
dL), a tira reativa detecta valores iguais ou maiores que 30
mg/dL. Também estão presentes pequenas quantidades de
microglobuli nas séricas e tubulares, a proteína de Tamm­
Horsfall produzida pelos túbulos e as proteínas provenien­
tes de secreções prostáticas, seminais e vaginais.
A detecção de proteínas é provavelmente o achado
isolado mais sugestivo de doença renal. Proteinúria por
aumento da permeabilidade glomernlar ocorre em glome­
rulonefrites, nefrite lúpica, amiloidose, obstrução da veia
renal, nefroesclerose, pré- eclâmpsia e nefropatia diabética.
Proteinúria devido a desordens tubulares ocorre na pielo­
nefrite, necrose tubular aguda, rim policístico, intoxicação
por metais pesados e vitam ina D, hipopotassemia, Doença
de Wilson, Síndrome de Fanconi e galactosemia. Outras
condições podem levar à proteinúria : proteinúria postural
(3 a 5% de adultos jo vens sadios), estado febril, exercício
físico vigoroso, exposição prolongada ao frio ou calor, es­
tresse emocional e insuficiência cardíaca congestiva.
Proteína de Bence Jones
O soro contém níveis muito elevados de imunoglo­
bulinas monoclonais de baixo peso molecular como a pro­
teína de Bence Jones em pacientes com mieloma múltiplo,
que é uma doença proliferatiya dos plasmócitos produtores
de imunoglobulinas. Essa proteína de bai xo peso molecular
é filtrada em quantidades que ultrapassam a capacidade de
reabsorção tubular, sendo excretada na urina.
68
Quando se suspe1w da prcscn<y:a da proteína de lkncc
Jones, pode-se fazer um teste seletivo que uti lize as pro­
pri edades de solubilidade características dessa proteína.
Normalmente as proteín as coagulam ao calor e assim per­
manecem. A proteína de Bence Jones coagula a uma tem­
peratura entre 40 -60º e e se dissolve quando a tempera­
tura atinge 100º C. Deve-se suspeitar de proteín a de Bence
Jonce quando a urina precipita, fica turva na temperatura
entre 40º e 60º ee se torna transparente a 100º e.
Nem todas as pessoas com mieloma múltipl o apre­
sentam quantidades detectáveis de proteína de Bence Jones
na urina.Nos casos suspeitos deve-se fazer o teste para pro­
teinúria e imunoeletroforese no soro e urina.
Proteinúria benigna
Proteinúria em amostras ao acaso nem sempre tem
significado patológico, já que há várias causas não renais
ou benignas para esse fato. Proteinúria benigna é transitó­
ria e pode ser produzida por exposição ao frio, exercícios
vigorosos, febre alta, desidratação e, na fase aguda , de
várias doenças.
Proteinúria nos ú ltimos meses de gravidez pode
indicar estado de pré-eclâmps ia e deve ser considerad a
... em- .conjunto com Gutros·sintotn_as clínicos.
A pro.teinú1:ia ortostáüca (postural) ocorre depois que
1 a pessoa fica muito tempo em pé e desaparece quando a
l pessoa se deita. Acredita-se que isso seja devido ao au­
mento da pressão sobre a veia renal de quando se está de
pé. O procedimento nesse caso é pedir à pessoa que colha
69
-
------
-
- - -'"' ··""""; ª"'·X - r •;ce • T"
1111ostra 11111
.:<liata1rn.:ntc após se levantar pela manhã e
outrn após o período em que ficar de pé e comparam-se os
dois resu ltados.
A zona reativa para proteínas utiliza o princípio de
"erro dos indicadores pelas proteínas'.' para produzir uma
1·
eação colorimétric,avisíve!.Ceúos indicadoresmudai_n de
cor na presença ou ausêndadeprotefoás, e·o pH permatiece.. ·
constante.Essa área é menos sensível para outras proteínas
de baixo peso molecular (como proteínas de Bencc Joncs).
Na tira, a área para determinação de proteína contém azul
de tetrabromofenol ou 3,3, 5,5 tetraclorofenol 3,4, 5,6
lctrabromossulfenolfta leina e um tampão de ácidos para
manter o pH em nível constante. Quando o pH=3, ambos
os indicadores ficam amarelos na ausência de proteína. À
.!.
Pode ser 11..:ito uti lizando-se divcr::.as concenlraçôc desse
ácidoparaprecipitarproteínas;geralmenteseusam concen­
trações iguais de ácido e de urina.
A quan tidade de precipitação prod uzi da pode ser
medida visualmente em comparação com um conjunto ele
parâmetros ou por espectrofotometria. Essa prova deve ser
realizada com a amostra centrifugada para excluir qualq uer
turvação estranha (Tabela 6).
Tabela6.Quantificaçãodeproteínas
Quantificação Explicação
medida que a concentração de proteína aumenta, a cor vai
passando por várias tonalidades de verde, ficando finalmen­
te azul. Leitura: negativo, traços, +,++,+++,++++ em valo­
res semiquantitativo em mg/dL às seguintes concentrações:
negativo, 30, 100, 500.
A leitura é difícil, principalmente de "traços", e toda
vez que há leitura positiva deve-se confirmar com métodos
Negativo(-)
Traços
Positivo (+)
Positivo (++)
Positivo (+++)
Positivo (++++)
sem aumento na turvação
turvação observável
turvação visível, sem granulação
turvação e granulação sem floculação
turvação com granulação e floculação
aglomerados proteicos
térmicos ou de precipitação de ácidos.
Teste de precipitação
Os primeiros testes de precipitação utilizavam calor
para desnaturar a proteína e produzir precipitação, porém
outras substâncias não proteicas encontradas na urina tam­
bém são precipitadas pelo calor. Hoje se substituiu o teste
do calor pelo ácido sulfossalicílico em várias concentrações.
70
Outros métodos de pesquisa na proteína na urina:
Reativo de Robert
Prova do ácido tricloroacético
Significado clínico:
A presença de proteína na urina do tipo 1nem sempre
significa doença renal. Contudo, a sua presença exige que
71
9 ZJQQQ - & W W&a ra, - --: 4 +* 14
.- .-..-.. J i ( J J li§ • - at· .- ·· ;:,'!)I F+4 • +z$C-- -.
.,;.:
.,,
-
...
.i
Siginificado clínico: a uroculLura.ULesLedo niLrito indica presença dL:bactl!rim:
na urina que são capazes de converter nitrato cm ni trito,
A hematúri a tem mais relação com di stúrbios de
origem urogeni tal ou renal: cálculos renais, doenças
gl ornerulares, tu mores, trau matismo , pielonefrite e
exposição a produtos tóxicos ou drogas, exercício
físico intenso e men'struaÇ,ão....·
A hemoglobi núria pode ocorrer como resultado da
lise de hemácias do trato urinário ou por hemólisc
intravascular, reações transfusionais , anemia hemo­
lítica, queimaduras graves, infecções e exercícios fí­
sicos intensos.
A mioglobina , proteína do tecido muscular, reage
positivamente na análise química para detecção de
sangue e produz cor vermelha na urina. Pode estar
relacionada com traumatismo muscular, coma pro­
longado, convulsões, doenças musculares atróficas e
esforço físico intenso.
Interferentes: ácido ascórbico, alta concentração de
nitrito, densidade elevada e pH urinário inferior a 5 poclem
produzir falsos negativos. Menstmação, oxidantes fortes no
recipiente de colheita, presença de peroxidase de bactérias e
de vegetais podem ocasionar falsos positivos.
6.8 Nitrito
A pesquisa de nitrito representa um teste bastante
útil na detecção de bacteriúria assintomática. É um mét<::>do
rápido para detectar infecções uri nárias, mas não substitui
podendo auxili ar no diagnóstico da infecção uri11{
1ria. Bac­
térias que con vertem nitrato em nitrito incluem , principa l­
mente, bactér ias gram-negativas, como Escheri chia coli.
Proteus, Klebsiella, Citrohacter, Aerobacter, Samonella,
além de algumas cepas de Pseudomonas e raras de Sta­
phylococc us e Enterococcus.
Nessa área a tira reativa está impregnada com uma
amina aromática (ácido p-arsenilico), um acoplador (naftile­
tilenodiamina) e um tampão. O nitrito reage com a amina,
forma um composto diazoico, o qual liga-se ao acoplador
produzindo uma coloração rósea. Esse método é baseado na
Reação de Greiss.
A prova não mede o grau de bacteriúria e qualquer
tonalidade rosa é considerada representativa de uma quanti­
dade clinicamente significativa de bactérias.
Significado clínico:
Cistite e pielonefrite.
Infecções renais causadas por bactérias gram-negati­
vas, pois acredita-se que a maioria das infecções do
trato urinário comece na bexiga, como resultado da
contaminação externa e se não tratadas progredirão
para as regiões superiores através dos ureteres, che­
gando aos túbulos, pelve renal e aos rins.
Avaliação da terapia com antibióticos.
74 75
Moni toração de pacientes com alto grau de infecção
urinária.
Seleção de amostras para urocultura.
Inte1f erentes: existem vários interferentes nesse tes­
te. Falso negativo: falta de nitrato da al.imentação, ácido
ascórbico, dieta pobre em vegetais. Falso positivo: prova
feita com amostras que não foram recém-colhidas (multipli­
cação de bactérias). Urina pigmentada (bilitTubina) em lei­
tores automatizados .
Prova negativa em presença de sintomatologia deve
ser repetida, pois nem todas as bactérias são capazes de
converter nitrato em nitrito, mas as gram-negativas, maio­
res responsáveis pelas infecções urinárias, têm essa capa­
cidade. Presença de grande quantidade de leveduras não
é detectada . Recomenda -se a primeira urina da manhã,
poi s as bactérias redutoras precisam ficar em contato com
o nitrato urinário por tempo suficiente.
6.9 pH
Juntamente com os pulmões, os rins são os mais im­
portantes reguladores do equilíbrio ácido-básico do orga­
nismo. Essa regulação se dá pela secreção do hidrogênio na
forma de íons arnônio, do fosfato de hidrogênio, de ácidos
orgânicos fracos e pela reabsorção de bicarbonatos do fil­
trado dos túbulos contorcidos.
Embora um indivíduo sadio geralmente produza a
primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre
5,0 - 6,0, o pH normal das outras amostras do dia pode
76
vari ar de 4, 5 a 8,0. Con sequentemente, não existem valores
nonnais para o pH urinário e esse fator deve ser conside­
rado em conjunto com outras informaçõe s do paciente,
tais como: valor do equilíbri o ácido-básico elo sangue, fun­
ção renal, presença de infecção no trato urinário, ingestão
de alimentos e tempo de colheita de amostra. A determina­
ção do pH não constitui, i soladamente, índice da capacida­
de renal de excreção de ácidos, apresentando valor limitado
na investigação de disfunções renais.
Encontra-seuma urina fracamente alcalina na alcalose
respiratória ou metabólica, decorrnte da hiperventilação
ou perda do suco gástrico, como também no uso de medi­
camento alcahnizantes, dieta vegetariana e nas urin as que
sofrem fem1
entação com desdobramento da ureia. Urina
alcalina frequentemente indica que a amostra foi mantida
à temperatura ambiente por mais de 2 horas, entretanto,
quando colhida e armazenada adequadamente, pode sugerir
infecção urinária. Urina recém-colhida não atinge pH = 9
nas condições normais ou anormais, sendo esse valor asso­
ciado à conservação incorreta.
A tira reativa utiliza o sistema do indicador duplo de
vermelho de metila e o azul de bromotimol. O primeiro é
ativo na faixa de 4,4 a 6,2 e muda do vermelho para amare­
lo, e o segundo passa do amarelq para azul e a faixa de ação
é-.enÚe 6,0_e 7.,6. _
Ássim n faixa;de 5,0 - 9,0 med ida pelas
tiras podem ser vistas nas cores que vão desde o l aranja
com pH = 5, passando pelo amarelo e o verde, até o azu l
escuro final com pH = 9. A escala cromática contém 5 co­
res comparativas para os seguintes valores de p H: p i (5 ,
pH6, pH7, pH 8, pH9.
l1
S1gn1ficaao clínico: urnw<11...da, fruta e v egetais atra é dil t'urt llél<;Üu
de bicarbonatosproduzem urina alcalina.
Ajudar na determinação da existência de distúrbios
eletrolíticas sistêmicosde origem metabóli(.;a ou res­
piratória e no tratamento de problemas urinários que
exijam que a urina se maptenha num determinado pH.
. . -
Na acidosc respirat.óí·ia ou métabólica hão -réfacio­
nada com distúrbios na função renal, haverá produ­
ção de urina ácida; ao contrário, se estiver presente
alcalose respiratória ou metabólica, a urina será al­
calina. Assim, pode-se usar um pH urinário que não
esteja de acordo com esse padrão para excluir ou con­
firmar determinado estado patológico ou pode-se
indicar algum distúrbio resultante da incapacidade
renal de secretar ou reabsorver ácidos ou bases.
Formação de cristais urinários e cálculos renais pela
precipitação de substâncias químicas de natureza inor­
gânica dissolvidas na urina. Essa precipitação depen­
de do pH urinário e pode ser controlada pela manu­
tenção da urina em um pH incompatível com a preci­
pitação daquelas substâncias que formam os cálculos.
O conhecimento do pH urinário é importante na iden­
tificação de cristais presentes no sedimento.
A manutenção de acidez urinária é útil no tratamento
das infecções do trato urinário causadas por micror­
ganismos que não se multiplicam com facilidade em
meio ácido. O pH urinário pode ser controlado atra­
vés de dieta e com medicamentos. Por exemplo, al.i­
mentos ricos em proteínas como carnes produzem
lnte1j 'erentes: não se conhecem substâncias que in­
terfiram na medida de pH co1i1as tiras reativas. Somen te
deve-se tornar cuidado para evitar a passagem de reagente
de um quadriculado para outro.
6.1O Densidade
Não é recomendável substituir a osmometria ou a
refractometria pelas tiras reativas no exame de líqu idos
biológicos vitais.
A densidade ou gravidade específica da urina é me­
dida através da concentração de íons e se baseia no fato de
que com o aumento da concentração iônica ocorre aumento
da densidade. O teste das tiras reativas baseia-se em uma
alteração da constante de dissociação (pK) do polimetil­
vinil éter-maleico anidrido. O polieletrólito ioniza-se pro­
porcionalmente à quantidade de íons hidrogênio que pro­
vocam uma queda no pH detectada pelo indicador azul de
bromotirnol. À medida que a densidade aumenta o azul de
bromotimol muda de verde azulado para verde e final­
mente para amarelo esverdeado.
A densidade pode variar de 1,001 a 1,035, sendo
geralmente encontrada entre 1,015 e 1,022 em indivíduos
com ingestão hídrica normal. Na disfunção renal, como
observada no diabetes mellitus, diabetes insipidus e hipe­
ral-dosteronismo, há perda da capacidade de concentrar
a urina, sendo, então, detectados valores fixos iguais ou
menores que 1,01O.
78 79
Significado clínico:
Estado de hidratação do paciente
Incapacidade de concentração pelos túbulos renais
Diabetes insipidus
Determinação de inadequação de amostra por baixa
concentração
A medida da densidade urinária oferece informação
limitada sobre a capacidade de concentração renal, uma
vez que sofre grande influência do estado de hidratação do
paciente.
Intérferentes: o teste, que sofre influência do pH
urinário, está otimizado para resultados exatos em pH 6,0.
Se o pH urinário for 6,5 ou mais poderá interferir na rea­
ção, pois o azul de bromotimol é ativo nessa faixa. Portanto,
recomenda-se sornar 0,005 à leitura da densidade de urina
dentro dessa faixa de pH.
Ao contrário dos métodos físicos de determinação da
densidade, o método químico não é afetado pela presença
de glicose ou de corantes radiográficos, mas a leitura é
aumentada por níveis elevados de proteínas.
6.11 Leucócitos
A presença de leucócitos na urina em número signi­
ficativo está relacionada, mais comumente, com infecção
urinária (pielonefrite e cistite). Outros processos inflama-
8
0
tórios do trato genitourinurio podem levar ao aumento de
leucócitos sem a presença de bacteriúria.
A tira reativa utiliza esterases para hidrolisar o éster
indoxilcarbônico e produzir indoxil que reage com o sal de
diazônio e dá origem à cor púrpura.
A pesquisa da esterase leucocitária é um método indi­
reto de detecção da presença de leucócitos na urina. Essa
enzima está presente nos grânulos primários ou azurófilos
dosneutrófilos,monócitos,eosinófilosebasófilos.Linfócitos
e células epiteliais não contêm esterase leucocitária. Como
os leucócitos podem sofrer lise na urina, a pesquisa da este­
rase leucocitária é útil na detecção de enzima derivada de
células que não são mais visíveis à microscopia. Os resulta­
dos são expressos como: negativo, +, ++, +++, ++++.
Significado clínico:
Possível infecção do trato urinário
Seleção de amostras para cultura
Inter
fer entes: presença de oxidantes fortes no rcci
piente causa falsos positivos. Falsos negativos: níveis de
glicose e proteínas altos. Amostras que contenham grande
quantidade de pigmento podem produzir cor verde em vez
·ae-púrpura;·e isso deve sei:interpretado como positivo.
6.12 Acido ascórbico
A presença de vitamina C ou ácido ascórbico é nor­
malmente não patológico nas amostras de urinas. Entre-
81
lan lo, su a presença pode i n terferi r na determ i naçã o de
out ros testes qu ím icos; em especial essa i nterferência é
demonstrada na urofíta nos parâmetros: sangue e glicose,
e isso se dá pela ação da peroxidase e oxidação de u m
cromogênio para indicar a reação.
O princípio é baseapo na redução das -proprieades
de ácido ascórbico. Resultados ·
posiÜvos são iisuàlizàdos
pela coloração laranja (na presença de 2,6-diclorofenolin­
dolfenol) referen te à decomposição do indicador azul de
indolfenol pelo ácido ascórbico.
82
7. MICROSCOPIA
Uma das ferramentas necessárias para o exame da
urina é a microscopia. Os microscópios ópticos permi tem ;J
observação de partículas de pequenas dimensões, invisí veis
a olho nu. A visualização da imagem é,dessa forma, aumen­
tada e também é invertida (de cima para baixo e da esquerda
para a direita).
O microscópio óptico é formado por uma parte mecâ­
nica, a qual fornece suporte estrutural para o conjunto de
lentes que representa a parte óptica do microscópio. A parte
mecânica é constituída pelos seguintes elementos:
platina: é o local onde é po icionada a lâmina a ser
observada. A platina pode ser movimentada anterior,
posterior e lateralmente, o que possibilita a explora­
ção de toda a extensão da lâmina em estudo.
parafuso macrométrico: permite o ajuste grosseiro
do foco.
parafuso micrométrico:permiteoajustemaispreciso
do foco.
revólver: fornece sustentação para o conjunto de
objetivas. Além disso, é uma peça móvel que permite
a troca das objetivas durante a observação.
83
Em vários países, há muito se procurou simplifi­
car o exame de urina, abolindo-se a análise do sedi­
mento sempre que o exame físico mostra uma urina
límpida, de coloração normal e o exame químico,
realizado com tira reagente, não revela anormalida­
de. Tal norma foi adotada desde que respeitadas as
características da cl ientela própria de cada serviço e
as exigências da requisição médica. No Brasil, esse
procedimento praticamente não é adotado e a grande
maioria dos laboratórios clínicos executa sempre as
três etapas.
revólver
objetivas
platina
condensador
hase ou pe: 0 o ponto de apoio que sustenta todo o
m icroscópio.
braço ou coluna: porção que se projeta a partir da
base e sustenta a platina e o revólver.
A parte óptica do microscópio (Figura 1O) é compos­
ta por três sistemas de lentes:
o condensador
as objetivas
a ocular
ocular
Figura 1O. Representação do Microscópio
84
O condensador concentra a luz proven iente da fonte
luminosa, as objetivas (cm geral com aumen tos de 4, 1O,40
e 100 vezes) projetam a imagem aumen tada do objeto cm
direção à ocular, a qual amplia a imagem novamente (em 1O
vezes) e a projeta para a retina.
Assim, a ampliação total fornecida pelo microscópio
óptico é calculada pelo aumento da objetiva multiplicado
pelo aumento da ocular.
A qualidade da imagem no microscópio óptico depen­
de da focalização e do poder de resolução, o qual representa
a capacidade de individualizar partículas. O poder de reso­
lução é expresso pelo limite de resolução (menor distâncin
para que duas partículas sejam individualizadas). O limite
de resolução dos melhores microscópios ópticos é de 0,2
micrômetros.
85
. ..'T'"
'" "
8. EXAME DE SEDIMENTO
O sedimento urinário é obtido através de centrifugação.
O estudo é realizado com a uti lização de microscópio para a
identificação de elementos figurados que podem revelar alte­
rações renais e das vias urinárias, entre outras patologias.
O exame a fresco, embora exija habilidade e expe­
riência, pela correlação com os dados clínicos do paciente
permite obter um diagnóstico precoce.
A análise do sedimento urinário pode descrever vá­
rios elementos figurados, tais como: hemácias, leucócitos,
cristais, cilindros, entre outros.
8.1Metodologia
Segundo as Normas Brasileiras de Regulamentação,
o exame de urina é padronizado da seguinte forma: amostra
de urina recente ou conservada, volume mínimo de 1O mL
sendo acondicionado em tubo cônico para ser centrifugada
a 400 FCR por 5 minutos (ou 1500 RPM), desprezar o so­
bre-nadante deixandoovolumede0,5-1,0 mLeressuspender
esse volume. Posteriormente, deve ser colocado 0,020 mL
do volume ressuspenso em uma lâmina, acrescentar uma
lamínula (22 x 22mm) e imediatamente analisar a amostra.
O critério para análise do sedimento urinário é a quan­
tificação microscópica, seguindo os critérios: examinar 1O-
86
"'P .Qil" T-·
15 çam pos com 400 vezes para nsullados positi vos e c111
amostras negativas devem ser observados 15-20 campos com
400 vezes.
As células epiteliais e os cilindros devem ser exa m i­
nados com aumento de 100 vezes e a m édia dos rcsu lll1dus
é expressa da seguinte forma:
raras para observação de 1 até 3 elemen tos por
campo;
algumas para observação de 4 a 10 elementos por
campo;
numerosos para observação acima de 10 por campo;
maciça para observação do campo tomado por um dos
elementos figurados, impedindo a visuali zação dos
outros elementos figurados.
As hemácias e os leucócitos devem ser examinados
em aumento de 400 vezes e a média dos resultados expres­
sos por campo microscópico é a seguinte:
campo microscópico: observar 1O campos, calcular a
média e expressar o número de elementos por campo
microscópico;
piúria maciça: quando o campo estiver tomado por
elementos figurados, impedindo a visualização dos
outros elementos;
hematúria maciça: quando o campo estiver tomado
por elementos figurados,impedindo a visualização dos
outros elementos;
87
o
"
o
/'UI' 111i/ililru:obscrar no mínimo 10campo 111icrns­
cópicos, calcular a média e expressar o número de ele­
mentos por mi lilitros, multiplicando pelo fator 5,040;
o
º
/
bacteriúria: é considerada aumentada (FBA) acima
de 99 por campo (quando visualizada em 400 vezes);
moderadamente aumentada de 11 a 99 por campo
(400 vezes); rara de 1 a 10 por campo (400 vezes) e
ausentes.
'
ºG
o
8
("
Gí.
o (,
t
o e>
8.2 Hemácias '1
A célula normal é visualizada ao microscópio como
dois círculos concêntricos (disco incolor), com o tamanho
de 7 mícrons, semelhantes à imagem de um pires visto de
cima. Essa forma é devido à sua estru tura. A forma da
hemácia na urina sofre intensa influência do pH e mudanças
osmóticas. As hemácias são consideradas normais quando
encontradas entre 0-2 por campo, o que significa que não
ultrapassam o filtrado glomerular.
A fo1
ma íntegra da hemácia serve para identificar o
possível local do sangramento, através da microscopia de
fase ou da coloração. A visualização dos eritrócitos pode
ser confundida com a imagem de uratos e/ou esporos. Em
urinas hipertônicas são encontradas as hemácias crenadas
e nas amostras de urina alcalina as hemácias aparecem
lisadas. As causas mais comuns de hematúria são lesões ou
alterações na membrana glomerular ou vascular.
A presença de hemáçias (Figura 11) está correla­
cionada com glomerulonefrites, infecções agudas, reações
tóxicas, cálculo renal, contaminação menstrual, doenças
malignas e distúrbios circulatórios.
o 0
0 o
0
Figura 11.Hemácia
8.2.1 Hemácias dismórficas
A morfologia das hemácias dismórficas (Figura 12)
éstá relacionada com sangramento de origem renal, e esses
elementos figurados são visualizados com tamanhos varia­
dos, fragmen tados, além da presença de protusões celula­
res, espículas na superfície e depósito de material mais denso
namembrana celular.Torna-seimportanteadiferenciação da
..hematirria glomlar.çla não glemerular. Quando essas célu­
la· ão.cordaspor Wiight de_serívolvem hipocrômia.
O exame de urina deve ser procedido 3 horas após
micção urinária, devido às alterações do meio em que atuam
na membrana da hemácia. A quantificação de hemácias
dismórficas (amostras isoladas após estase vesical de 2 a 4
88 89
•
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Instruções para coleta e conservação de amostra de urina

  • 1. lIPA Q ,, Jc U"'· ... -'·... ...... ,.. ...- · - 1 2'1 edi ção o o o • e -CentroUniversitário METODISTA I EditoraS11/f1111 EDITORA UNIVERSITÁRIA METODISTA IPA
  • 2. -- ---. .,.. INTRODUÇÃO A medicina laboratorial teveseu iníciocom aanálise daurina.Referênciasaoestudodaurinaforam encontradas em desenhos dos homens das cavernas e nos hieróglifos egípcios, como o papiro cirúrgico de Edwin Smith, cujos quadros representavam os médicos da antiguidade exa­ minando um frasco de urina. Embora não contassem com métodos sofisticados deexame, eles eram capazes deobter informaçõesatravésdeobservaçõesbásicas,comocor,tur­ vação, odor, volume, viscosidade e até mesmo apresença de açúcar em certas amostras,por observar a aproximação de formigas e outros insetos na urina de alguns pacientes. Diversos autores daáreamédicaestãoligadosaoestudoda urina, inclusive Hipócrates (460-370 a.C.), que escreveu sobre uroscopia. Em decorrência do aumento do conhe­ cimento científico-tecnológico observado no século XX, a realização do exame de urina evoluiu, tornando-se uma ciência plena, denominada uroanálise. A análise de urina é considerada um exame de rotina devido à facilidade na obtenção da amostra para análise, ao baixo custo, à simplicidade e por fornecer informações valiosas sobre muitas das principais funções metaból icas do organismo. A uroanálise fornece informações importan­ tes, de forma rápida e econômica para o diagnóstico e moni­ toramento de doenças renais e do trato urinário e para a 11
  • 3. tklt:LJti de dticn'r·;i -.;i:-,l0mica e mcü1ból ica n:io direta­ mente relaci onadas com o rim. A uroanál isc é um exame laborator ial não invasivo que, quando realizado corretamen te, fornece d iversas infor­ mações úteis para o diagnóstico e a evolução de patologias do trato urogenital, além de avaliar a eficácia do tratamento e constatar a cura. A composição da urina é muito variável, dependendo da dieta, do estado nutricional, do metabolismo, da ativida­ de física, da função renal e da função endócrina. A urina é constituída por ureia e outras substâncias orgânicas e inor­ gânicas dissolvidas em água, como creatinina, ácido úrico, amônia, cálcio, cloretos, fosfato, sulfato,bicarbonato etc. O exame de urina de rotina (do tipo 1 ), ou exame qualitativo de urina (EQU), ou exame comum de urina (ECU), ou elementos anormais do sedimento urinário (EAS), compõe-se habitualmente de três etapas: o exame físico, o exame químico e a microscopia do sedimento. Cada um deles tem seu valor, sendo os dois primeiros de execução mais simples e o último sendo considerado mo­ deradamente complexo. Colheita e conservação A amostra de urina é de fácil e rápida obtenção e, de­ vido a esse fato, pode-se induzir a um certo descuido no tratamento da amostra após a colheita. Podem ocorrer alte­ rações na composição da u.rina in vivo e também in vitro, sendo, portanto, de grande importânci a que a amostra para a realização do exame de urina seja colhida e armazenada de forma correta. 12 O l aboratório de L' 11 t llúcr 1t1 1. !i ·111-. • · ,-.co qui­ micamente limpos e secos.J>1ra crianças, ele e-se fornecer coletores de plástico. Recomenda-se o uso de recipientes descartáveis, por serem econômicos e por eliminarem a pos­ sibi l idade de contaminação decorrente da lavagem incor­ reta. Devem ser identificados corretamente os referidos fras­ cos com nome do paciente, data e hora da colheita da amos­ tra, devendo conter também informações adicionais, tais como identificação do laboratório e nome do médico. As etiquetas deverão ser colocadas sobre o recipiente e não na tampa. A amostra de urina deve ser entregue o mais rápido possível no laboratório e a sua análise realizada dentro de uma hora. A amostra que não puder ser entregue ou ana­ lisada em uma hora deverá ser refrigerada ou receber con­ servante químico apropriado. Se a amostra for mantid a à temperatura ambiente por mais de uma hora sem conser­ vantes poderão ocorrer diversas alterações (Tabela 1). A refrigeração é o método de conservação mais usa­ do. Ela é confiável na prevenção da decomposição bacle­ riana na urina pelo período de uma noite. A refrigeração da amostra pode provocar aumento na sua densidade e pre­ cipitação de fosfatos e uratos amorfos que podem prejud i­ car a análise microscópica do sedimento. Como na maioria dos exames laboratoriais, a qua l i­ dade dos resultados depende da colheita. Para colher u ma ·· . amostra _ que seja .represéntati a do estado metabólico do paciente, muitas ve'.?es é neêessário controlar ce1 ios aspec­ tos da colheita, como hora, duração, dieta, medicamentos ingeridos e métodos de colheita. A urina deverá ter sido col hida recentemente, com um volume mínimo de 20 mL, sem adição de conservantes, 13
  • 4. •••-&a : w •--,. ' ...*' • '-.r ...."' 499 WJ P ; •- · ;;z q .e · ' · , ...... ""· : Tabelal.Alterações da ur111c1 nào conservada Au mento do pi 1 decorrente da degradação de u reia e sua conversão em mnônia por bactérias produtoras de urcasc Diminuição da glicose cm decorrência da glicól ise e de sua utilização pelas bactérias Dimi n uição das cetonas em decorrência da volatização - Diminuição da bilirrubina por exposiçao à i"uz Dim inuição do urobilinogênio por sua oxidação e conversão à urobilina Aumento do nitrito em decorrência da redução do nitrato pelas bactérias Aumento do número de bactérias Aumento da turvação causada por pro-Jiferação bacterian a e possível precipitação de material amorfo Desintegração das hemácias e dos cilindros, particu larmente na urina alcalina diluída A l terações na cor devido à oxidação ou à redução de metabólitos refr igerada e nunca congelada, para garantir sua melhor preservação. Deve estar claramente identificada e colhida um um recipiente adequado. Deve-se instruir opaciente autilizar uma esponja com sabão para a limpeza e para recolher o jato médio, despre­ zando o primeiro e oúltimo jato,em recipiente limpo para a colheita da amostra. O exame do primeiro jato da urina é recomendado quando o objetivo é a investigação do trato urinário inferior, mais especificamente da uretra. A urina de primeiro jato carreia células e bactérias presentes na uretra, tornando-a uma boa amostra indireta para outras avaliações, como as uretrites com pouca secreção. A diferença de celularidade encontrada entre o primeiro e segundo jatos auxilia a localizar a origem do processo. 14 , .. ..·.,.,..,,,.-.· -· f.lULHl,R: 111stru ir a paciente a 1:1 ar a arc;i que c ir­ cunda o meato u rctral com águn e ahuo. / 1 1sl:1r ns lábios e posicionar o recipiente pa ra amostra soh o meato uretra! e u rinar no recipien te cstéri I, cnchl:lldu­ o aproximadamente até a metade (cerca ele 50 111L ). HOMEM: instruir a retrair o prepúcio, lavar a extre­ midade distal do pênis que circunda o meato u rctrn l com água e sabão. Urinar dentro do recipiente csléri l, enchendo-o aproximadamente até a metade (cerca ele 50 mL). Tipos deamostras: 1. Amostras aleatórias (aoacaso): tipo mais comum de­ vido à facilidade de colheita e ao menor desconforto para o paciente. É útil nos exames de triagem para detectar as alterações mais evidentes. Pode produzir resultados errados devido à ingestão de alimentos e exercícios físicos realizados pouco antes da colheita. 2. Primeira amostra da manhã: amostra ideal para o exame de rotina ou do tipo I.Éuma amostra concen­ trada, o que garante a detecção de substâncias e de elementos figurados que podem não estar presentes nasamostrasaleatóriasmaisdiluídas. 3. Urina de 24 horas (ou com tempo marcado): no dia da colheita da amostra, desprezar toda a primei ra micção do dia e marcar a hora. A partir daí, colher toda urina emitida durante o dia e a noite, utilizando­ se um frasco limpo e seco e mantendo-se a urina sob 15
  • 5. 1i.:l'rigcra(,'.ilo. o d ia cguinLc, deve-se lc unLar 1111 mesmo h orário do dia anterior e colher toda urina deste horário, perfazendo um total de 24 horas. 4. Amostra colhida por cateter: amostra colhid a em condições estéreis passando-se pela uretra um cate­ ter que chega até a bexiga. Geralmente é amostra para urocul tura, mas também pode ser usada para o exa­ me de rotina. 5. Aspiração suprapúbica: a urina pode ser colhida pela introdução de uma agulha que do exterior atinge a bexiga. Em condições norn1ais a bexiga é estéril e esse método de colheita proporciona amostras para a cul­ tura de bactérias completamente isentas de contami­ nação externa. Também pode ser usado para o exame citológico. 6. Amostra pediátrica: a colheita de amostras em crian­ çaspode serdificil. Existem coletores deplástico trans­ parentes com adesivos que se prendem à área genital de crianças para colher amostras de rotina. 7. Amostras em 3frascos (Prova de V alentine): o pro­ cedimento é semelhante ao da colheita do jato médio. A urina que sai do jato médio não é descaiiada, mas guardada num recipiente estéril. Colhe-se a parte média do jato em outro recipiente estéril. Em segui­ da, massageia-se a próstata para que suas secreções passem para a urina sejam eliminadas num terceiro frasco. Faz-se cultura de todas as amostras e a segun­ da e terceira são submetidas ao exame do sedimen to. Usado para detecção de infecções de próstata. 16 1. ANATOMIA RENAL O rim é o órgão mais importante do sistema urinário, pois é responsável pelos processos relacionados à forma­ ção da urina. Trata-se de um órgão pareado, sendo que cadfl rim localiza-se lateralmente à coluna ve1 iebral, na parede abdominal posterior, externamente à cavidade peritoneal, no nível entre a 12ª vértebra torácica e a 3ª vértebra 10111· bar. As dimensões aproximadas de cada rim são: 12 cm cio comprimento, 6 cm de largura e 3 cm de espessura, com uma massa de 150 g.Sua estrutura externa é conslit11fda por dois pólos, superior e inferior, duas faces, anterior o poHI(; rior, e duas margens, uma lateral convexa e outra 111udi11l côncava. O hilo renal é uma região da margem mcclinJ onde estão localizadas três estruturas principai s: a artéria, a veia e a pelve renais, além de nervos e de vasos linfáticos. A estrutura interna do rim é formada principalmente pelo parênquima renal epor um sistema de duetos que co11 vergem para a pelve renal. O parênquima renal, que reprc­ ·· . seta_ s porçõe$ do_ .órgão naS' quais ocorrem os processos fisiológicos envolvidos cm- prbdução da urina, é formado pelo córtex e pela medula renais. O có1 iex renal é a camada mais externa do órgão, quando visto em secção longitudinal, a qual é facilmente identificada por sua coloração mais clara. Já a medula renal 17
  • 6. e f ormada por u m conj umo de piràm1des, de coloravào mais escurecida, si t uadas ma is i n tern amente. Os espaços entre as pi râmides têm um aspecto semelhante ao córtex e são cha mad os de colu nas renais. As bases das pi râm ides são vol tadas para o córtex. A extren idade de cada pirâmide rc- 11nl, mais afastada do córtex, a qual chamada·de p.ap la renal , está voltada para o sistemá de.cÍucts macrosc-ópicos do rim. Os duetos que estão ligados diretamente às papilas renais são chamados de cálices menores. Essas pequenas estru turas agrupam-se para formar os cálices maiores, os quai s convergem formando a pelve renal (Figura 1). Pirâmide(medula)renal Artéria renal 1 Córtexrenal res Figura1.Representaçãoesquemáticadeumrimemcortelongiludinal 1.1 Anatomiamicroscópica do rim A o longo do parênqui ma renal estão local ii'ados os néfrons, as u n idades funcionajs microscópicas do ri m . Os néfrons são formados pelo corpúscu lo renal e por um sis­ tema de túbulos. O corpúsculo renal é constituído pela cápsula rena l, também conhecida como cápsula de Bowman, e pelo glo­ mérulo, o conjunto de capilares onde ocorre a filtração do sangue para a formação da urina. O sistema tubu lar é for macio pelos seguintes túbulos: contorcido proximal, alça de Henle e contorcido distal. Vários túbu los con torcidos distais te1 minam em um dueto coletor, o qua l drena seu conteúdo a partir da papila renal em direção aos cálices maiores. A presença dos duetos coletores confere um as­ pecto radiado às pirâmides renais.Quanto à localização dos componentes do néfron, os corpúsculos renais situam-se exclusivamente no córtex, enquanto o sistema tubular dis­ tribui-se entre córtex e medula. Os túbulos contorcidos pro­ ximal e distal localizam-se no córtex, enquanto as alças de Henle situam-se no córtex e nas pirâmides renais. Os néfrons podem ser classificados em corticais e j ustamedular es. Nos néfrons corticais, os corpúsculos localizam-se nas porções mais externas do córtex renal e são caracterizados por alças de Henle mais curtas, as quais projetam-se até as regiões mais superficiais das pirâmides , a zona medul ar externa. Já os néfrons just amedulares apresentam seus cor­ púsculos mais próxi mos da medula, e suas alças de Henle são longas, estendend o-se às porções mais profunda s das pirâmides, ou seja, até a zona medular interna (Figura 2). 18 19
  • 7. rigurn 2. Representação esquemática dos néfrons, as estruturas funcionais dos rins. O néfrons podem ser corticais (à esquerda) ou justamedulares (à direita).TCP-Túbulo Contorcido Proximal;TCD-Túbulo Contorcido Distal. 1.2 Vascularização e fluxo sanguíneo renal A vascularização arterial dos rins é fornecida pela artéria renal. Esse vaso é um ramo direto da aorta, o que é refletido pela alta pressão do fluxo sanguíneo renal. Assi m que passa pelo hilo, a arté ·ia renal divide-se em vasos de diâmetro cada vez menor. As artérias formadas a partir da artéria renal são as segmentares, as interlobares, as arquea­ das e as interlobulares. Cápsulade Bowman Glomérul o Figura 3.Esquema de um corpúsculo renal As artérias interlobularesramificam-se para !'orn1111· as arteríolas aferentes, as quais localizam-se jun tamcn lc aos corpúsculos renais. O glomérulo corresponde a u m con­ junto de capilares formados a partir da arteríola aferente. Assim, o sangue que chega à arteríola aferente passa pelo glo.mérulo. Dei.dp.a . . característi cas especiais dos capi la - res glorrierulates..e de suaalta pressão hidrostática, o sangue é filtrado nessa região e, em seguida, flui para a arteríolél eferente, deixando o corpúsculo renal. O fluxo sanguíneo renal representa aproximadamente 25% do débito cardíaco, ou seja, apesar de seu tamanho pequeno, o rim recebe um 20 21
  • 8. .. . !':'r' ,.."'· --·-· - • - - t *'t""9"* lfR-YW Y"* f i'W!A ...,...,--.. jU # C . 1 :P4Sz+ + -.... intenso fluxo sangu íneo, o qu e favorece o processo de ri!­ tração glomerular (Figura 3). 1.3 Anatomia dos ureteres, da bexiga e da uretra . . Com exceção dos ri'rís,· as demai-s estrnturas que· com. põem o sistema uri nário apresentam apenas funções de transporte e armazenamento da urina. Os ureteres são duetos musculares que se originam a partir da pelve renal. A musculatura de suas paredes auxilia na condução da urina formada no rim em direção à bexiga. Seu comprimento é de aproximadamente 30 cm. O diâmetro dos ureteres é bastante variável, medindo entre 5 a 10 mm. Anatomicamente, podem ser divididos em porções abdo­ minal e pélvica, sendo a abertura superior da pelve o limite entre as duas porções. Cada ureter entra obliquamente na região póstero-lateral da bexiga. A bexiga é o órgão responsável pelo armazenamento da urina. Está localizada na cavidade pélvica, posterior­ mente à sínfise púbica e anteriormente ao reto nos homens, e ao útero e à vagina nas mulheres. Seu tamanho e formato variam de acordo com a quantidade de líquido armazenado. Quando a bexiga está distendida apresenta formato esfé­ rico, porém quando vazia assemelha-se a uma pirâmide com a base voltada para cima. Externamente podem ser iden­ tificadas as seguintes regiões: fundo, corpo, ápice e base. O fundo é a região mais posterior onde os ureteres conec­ tam-se com a bexiga. Grande parte de sua parede é formada pelo músculo detrusor, o músculo liso da bexiga. Interna­ mente existe uma região chamada trígono da bexiga, uma 22 úrea lisa que compreende o espaço entre os dni! úst ins dos ureteres (superiormente) e o óstio interno da urctrn ( i11Ji . :­ ri01rnente). O trígono é semelhante a um fun i l que d in.:­ ciona a urina para a uretra. A uretra transporta a urina da bexiga ao meio exter­ no. Estende-se desde seu óstio interno, local izado na pa­ rede da bexiga, até o óstio externo da uretra. As mulheres apresentam a uretra mai s curta, com cerca de 4 cm de compri mento. Nos homens pode atingir 20 cm de com­ primento devido a seu trajeto pelo interior da próstata e pelo pênis. 23
  • 9. 2. FISIOLOGIA RENAL 2.1 Aspectos gerais interior do nUron a pa i t ' r de capil<th'" 1 1 1 r tuh ila res. Os últimos dois processos ocorrem ao longo dos tú bulos do néfron. Assim, a quantidade de líquido excretado é obtida a partir do volume filtrado, mais o volume secretado, me­ nos o volume reabsorvido,conforme ilustrado abaixo. Os rins são órgãos indispensáveis para a homeostase corporal. Geralmente, a importância da formação da urina é atribuída à excreção de produtos tóxicos ao organismo, porém o papel fisiológico dos rins é muito mais abrangente. Através de seus processos, os rins controlam o volume a o osmolaridade dos líquidos corporais, determinam o equi­ líbrio eletrolítico e ácido-base e, ainda, participam da regu­ lação da pressão arterial. A função renal depende do resultado dos processos de filtração, reabsorção e secreção. A filtração, que ocorre no corpúsculo renal, coJTesponde à passagem de líquido conti­ do nos capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman. Esse líquido deve ser livre de proteínas e de célu­ las sanguíneas, componentes que não podem ser filtrados devido à restrição de permeabilidade da baITeira de filtra­ ção. Assim, a presença de proteínas na urina (proteinúria) ou de hemáceas (hematúria) é sinal de disfunção renal. A reabsorção é o processo de retomo de parte do conteúdo filtrado para a circulação sánguínea, enquanto que a secre­ ção ocorre no sentido oposto, ou seja , elementos que não foram filtradosno glomérulo podem ser direcionados para o Diferentes substâncias apresentam taxas variáveis de filtração, reabsorção e secreção. A creatinina plasmá­ tica, por exemplo, é totalmente filtrada, não é reabsorvida e é pouco secretada. Portanto, sua taxa de excreção, ou de depuração plasmática, depende basicamente da filtração. Outras substâncias, como os eletrólitos, também são totíl l· mente filtrados, porém são reabsorvidos, por isso, 11 1-1u11 depuração plasmática depende da quantidade ril 1 1·11d11 menos a reabsorvida. Substâncias que são livrc1 no1 Hu li! tradas, mas completamente reabsorvidas, podem ser uxu111 plificadas por moléculas orgânicas como os aminoácidoH e a glicose. Já as substâncias como toxinas, além de serem filtradas, também são secretadas e não são reabsorvid as, o que facilita a sua eliminação. Os processos de filtração e de reabsorção são bas- ... tan e-intensos.- Api;pxim adam: el)te 20% do plasma sanguí­ neo é fiftrado · no·glomé1ulo, Ó que ocasiona uma grande quantidade de líquido filtrado, cerca de 180 litros por dia, o que representa mais de 30 vezes a quantidade de líquido no organismo. Contudo, 99% desse valor é reabsorvid o, o que impede a ocorrência de uma perda acentuada de líqui- 24 25 Excreção = Filtração -Reabsorção + Secreção
  • 10. ç _--.._+::+Me? •• , a u o 'J!I do. No final. são excretados cerca de l a 2 litros de ur ina por dia. Essas taxas elevadas de filtração e de reabsorção assegu ram que os mctabóli tos e toxinas possam ser excre­ tad os, e por outro lado garantem que o organismo mante­ nha níveis adequados de moléculas importan tes, tais como aminoácidos,íonseoutraS-substâncias.· 2.2 Filtração glomerular O processo de filtração glomerular depende da per­ meabilidade da barreira de filtração e também da pressão efetiva de ultrafiltração. Essa pressão é determinada: 1)pela pressão hidrostática nos capilares glomerulares, que é refle­ tida pela pressão arterial; 2) pela pressão hidrostática no interior da cápsula de Bowman, devido ao líquido contido nesse espaço; e 3) pela pressão coloidosmótica do plasma sanguíneo, exercida principalmente pelas proteínas, as quais não são filtradas em função do seu tamanho. A pressão coloidosmótica das proteínas plasmáticas favorece o retor­ no do líquido filtrado para os capilares glomerulares, ou seja, é uma força contrária à filtração. A pressão hidrostática no interior da cápsula de Bowman fornece uma resistência à entrada de líquido nesse compartimento, por isso também é uma força oposta à filtração. Por outro lado, a pressão hidrostática nos capilares glomeru lares, que representa a força que favorece a filtração, é superior às demais pres­ sões. Assim, o somatório dessas pressões resulta na pres­ são efetiva de ultrafiltração, a qual favorece a passagem do líquido do interior dos capilares glomernlares para o inte­ rior do corpúsculo renal. 26 .. .fifi ... - .,. A barrei ra defiltração éformada pelo endotél ioe pela membrana basal dos capilares glomerularcs e nincln pela camada de células epiteliais dos podócitos. Os podc'lci los sãocélulas que envolvem os capilares glomerularesntrnvés de projeções cha madas "pés". As lacunas entre os pés dos podócitos formam as fendas de filtração, que consti tuem os espaços pelos quais o filtrado desloca-se para fora dos capilares. A barreira de filtração restri nge a passagem de moléculas grandes, como as proteína s e as células san guí­ neas. Além disso, como a membrana basal da barrei ra de filtração é formada por proteínas aniônicas, as moléculas com cargas elétricas negativas são repelidas, dificultando sua filtração. Assim, a permeabilidade de uma determi­ nada molécu la depende de seu peso molecular e de sua carga elétrica. A taxa de filtração glomerular (TFG) pode ser in­ fluenciada por qualquer fator que modifique o fluxo san­ guíneo renal. A angiotensina II, por exemplo, é um impor­ tan te vasoconstritor. Sua ação nos rins ocorre principal­ mente na arteríola eferente, o que causa um aumento na pressão hidrostática glomerular e consequentemente ele­ vação na TFG. Porém, a angiotensina II tem sua secreção aumentada em situações que reduzem a TFG, como du­ rante a queda acentuada da pressão arterial. Assim, a ele­ vação da TFG causada pela angiotensina II tem o objetivo de mantê-la estável. Entretanto, existem mecanismos de autorregulação que impedem grandes variações da TFG apesar das mu­ danças na pressão arterial. Isso previne que as alterações '?7
  • 11. 1 'I ill'L'llllllldas da pressãoarterialn;sultcm L'tn mudanças signi­ como o 1..:lurdo (CI ), bi-.:arbonato (l ll'0 ) e potússio ( K ' ) l· lcativas no volume de excreção urinária. 2.3 Reabsorção tubular Os processos relacionados à reabsorção tubular renal são caracterizados por uma maior seletividade quando com­ parados à filtração glomerular. Primeiramente, para que uma molécula seja reabsorvida, esta deve possuir transportado­ res ao longo da parede tubular. Dessa forma, a reabsorção depende de mecanismos de transporte, tais como difusão simples e facilitada, transporte ativo e cotransporte. A distribuição dos transportadores é variável entre as regiões do néfron. O túbulo contorcido proximal (TCP) é a região do néfron onde a reabsorção é mais intensa, chegan­ do a atingir cerca de 65% do volume total reabsorvido. As células do TCP possuem numerosas mitocôndrias, o que as torna capazes de realizar transporte ativo em altas taxas. A membrana apical (ou luminal) dessas células apresenta uma borda em escova, o que amplifica sua área de superfície e, assim, favorecendo a atividade e um maior número de trans­ portadores. Portanto, as características morfológicas do TCP favorecem os sistemas de transp01te. No TCP ocorre reabsorção de glicose e aminoácidos por cotransporte com o íon sódio (Na+). Juntamente com a reabsorção do Na+, oc01Te reabsorção de água por osmose. Isso faz com que a osmoÍaridade do líquido tubular não modifique muito ao longo do TCP, pois a água é reabsor­ vida concomitantemente com os solutos.Além do Na+, íons 28 também são i ntensam en te reabsorvid os no TCP. / ureia é reabsorvida por transporte passivo nas porções finais doTCP. A alça de Henle é djvidida em ramos descendente fino e ascendente fino e espesso. Essas regiões apresentam di­ ferenças de permeabi lidade à água e aos solutos. No ramo descendente da alça de Henle ocorre reabsorção de grande quantidade de água, tomando hiperosmótíco o líquido que chega ao ramo ascenden e fino, ou seja, com uma grande densidade de soluto. Entretanto,o ramo ascendente tem ba i­ xa permeabilidade à água, ocorrendo apenas reabsorção de soluto no segmento espesso, principa lmente Na+, CJ- e K'. Assim, o líquido que chega ao túbulo contorcido distal (TCD) é hiposmótico, devido à baixa densidade de solutos. Nas porções iniciais do TCD, a reabsorçílo é Honw lhante à que ocorre no ramo ascendente espesso da alçn d Henle. Porém, na porção final do TCD e no dueto cololm 11 característica mais marcante é a presença de rcccpt.rn'CH para o h01mônio antidiurético (ADH, do inglês anüdhweli<' hormone), o qual aumenta a densidade de aquaporinas, oH canais transportadoresdeágua.Dessaforma,nessas rcgiõcH ocorre o ajuste final na quantidade de água que deverá ser ·· .ex_r.etçla1ou seja. ,s .e ..a . urina f , onn . ada será mais concentrada ou diluída. · Embora seja possível a reabsorção total de algumas moléculas, impedindo sua excreção, a taxa de transporte obedece ao limiar renal. O limiar renal representa a concen­ tração plasmática de uma determinada molécula na qual os 29
  • 12. .. 'ft 'W"'W"'- transportadore tornam-st: saturados, ou seja, atingem sua taxa múxirna ele transporte. O limiar renal da glicose é ele 160a 180 mg/dL; quando a concentração plasmática ultra­ passa esses valores, ocorre excreção de glicose, ou seja, gl icosúria. 3. TESTES DE FUNÇÃO RENAL 2.4 Secreção tubular A secreção certamente ocorre em uma intensidade menor do que a filtração e a reabsorção, porém diversas moléc..:ulas podem ser secretadas ao longo do néfron. Resu­ midam ente, no TCP ocorre secreção de produtos finais do metabol ismo, fármacos e toxinas. Esse processo auxilia na r pida remoção dessassubstâncias do organismo. Um exem­ plo de medicamento que é rapidamente excretado pelo rim é H penicilina,já que a mesma é filtrada e secretada. No TCD ocorre intensa secreção de íons hidrogênio, o que contribui de forma significativa para o equilíbrio áci do-base. Quando há um desvio do pH normal do Hquido cxtrace lular (em torno de 7,4), existem dois sistemas impor­ ta ntes para a correção destes distúrbios, são eles os siste­ mas respiratório e renal. O rim atua mod ificando as taxas de reabsorção e secreção de íons hidrogênio e bicarbonato. Nas situações de acidose, a secreção de íons hidrogênio pelos rins jun tamente com a reabsorção de íons bicarbona­ to, os quais atuam como importantes tampões fisiológicos, são necessárias para aumentar o pH, reduzindo assim a aci­ dose. Já na alcalose ocorre o oposto, urna menor reabsorção de íon bicarbonato e menor secreção de íons hidrogênio. Assim, o rim é fundamental para o equilíbrio ácido-base. 3.1 Depuração renal A TFG pode ser determinada por meio de testes de depuração renal (clearance renal). A depuração representa a capacidade do rim em depurar uma determinada substân­ cia do organismo. É uma medida indireta da capacidade de filtração glomerular, pois podem ser avaliadas apenas subs­ tâncias que são totalmente filtradas, mas não são reabsor­ vidas ou secretadas. A inulina é o po1ímero da glicose que apresenta tais características, podendo ser empregada nos testes de depuração. Porém, esse composto deve ser admi­ nistrado para a realização do teste, já que não está presente no organismo. Por outro lado, a creatinina, que também é livremente filtrada e não é reabsorvida, é constantemente fonnada como produto final do metabolismo muscular. De­ vido à simplicidade do teste envolvendo a creatinina, sua concentração na urina é amplamente utilizada como parâ­ metro para a avaliação da capacidade de filtração glome­ rular. Contudo, a creatinina pode ser secretada no néfron à medida queseusníveisplasmáticosaumentam. Então,para que a cretinina possa ser usada como parâmetro de depura­ ção renal, deve-se observar se o paciente apresenta algum distúrbio relacionado ao metabolismo muscular,ou, ainda, 30 31
  • 13. "l' 110 dia d<t col h-:i la consumiu grande quantidade de carne. O d1lculo da depuração renal, ou da TFQ é realizado utili­ zando-se a seguinte fórmula: mni:_...sensívelqueacrcJlinin,11 ·1 <·dcl.L'1.."ld..d1 r·unçãore­ nal. Dessa forma, a cistati na C tam bém deve ser consi de­ rada na avaliação da função renaL Onde: TFG = U .V X p X Ux = concentração da substância na urina (mg/mL) V = fluxo urinário (mL/min) Px = concentração plasmática da substância (mg/mL) O valor considerado normal para a TFG é de 120 mL/ 3.2 Determinação do fluxo sanguíneo renal e capacidade de secreção tubular O ácido paraminohipúrico (PAH) é um composto exógeno, não tóxico, que é depurado do plasma quase completamente. Isso é possível devido à presença de trans­ portadores para esse composto nos túbulos renais, possi­ bilitando sua secreção, pois como apenas 20% do fluxo plasmático renal é filtrado, para que uma substância seja min. A análise da depuração renal é empregada na avalia­ ção de nefropatias, mas não possibilita a detecção da doen­ ça. Dessa forma, é utilizada para o acompanhamento de doenças previamente detectadas. Entretanto, como referido, os níveis de creatinina plasmática podem variar dependendo da atividade muscu­ lar do indivíduo. Além disso, a idade e o gênero também interferem nos níveis de creatinina. Assim, apesar de sua ampla utilização corno indicativo de fun9ão renal, outras moléculas podem ser avaliadas com o objetivo de analisar a capacidade de filtração renal. Um composto endógeno que tem sido empregado com esse intuito é a cistatina C. Essa molécula é formada por todas as células nucleadas, com uma taxa de produção constante, independente da massa muscular e idade. Á. cistatina C é totalmente filtra­ da, não é reabsorvida e é secretada em pequenas quanti­ dades, e alguns estudos demonstram que sua avaliação é 32 totalmen te depurada, esta precisa ser secretada. Quando o PAH é infundido experimentalmente na artéria renal, ob- serva-se que apenas uma passagem pelo rim é capaz de removê-lo quase totalmente da circulação, restando quan­ tidade insignificante de PAH na veia renal. A quantidade de PAH excretado corresponde a cerca de 90% do seu con ­ teúdo no sangue, os 10% restantes correspondem ao que não passa pelos túbulos renais. Dessa forma, a quantidade de PAH na urina pode ser um indicativo do fluxo sanguí­ neo renal. Se menos de 90% do PAH que foi administrado não for depurado, significa que existe alguma disfunção .. da secreção renal. O cálculo ..do fluxo plasmático renal é .ddmristrdo á eqÚ.açã abáiô: 33 Fluxoplasmáticorenal = Depuração de PAH Taxa de extração de PAH
  • 14. • s a_u_,_1 _1 1 ;u_ cww a -.... ... ._,_,..,...,. .,...,..."' • ..._ - -- &CS JLlf&._JUlK&lll = d #1f==,.,, .- / depuração de qua l qu er substân cia pel os rins é obtida através do cálcu lo discutido na seção anterior deste capítulo. No caso do PAH, se sua concentração plasmá­ tica for 0,01 mg/mL, com uma concen tração urinária de 5,85 mg/mL e fluxo urinári o d 1 mL/min , a depuração do PAH será de 585 mL/min ;A taxa de extração de PA.tf é de 0,9, já que 90% do composto passá pefo púênquüna re.: na!. Dividi ndo a depuração pela taxa de extração de PAH é obtido o valor do fluxo plasmático renal de 650 mL/min. Como o volume de plasma representa aproximadamente 55% do volume sanguíneo total, o fluxo sanguíneo renal deve ser em tomo de 1200 mL/min. 3.3 Testedeosmolaridade A capacidade de reabsorção tubular pode ser esti­ mada a partir de testes como o de osmolaridade urinária. A osmolaridade, que é medida em miliOsmol (mOsm), corresponde ao número de partículas de solutos em um solvente. O líquido extracelular é composto basicamente por água eletrólitos, sendo o NaCl o principal soluto pre­ sente nesse líquido. A osmolaridade urinária deve estar de acordo com as necessidades do organismo e depende di­ retamente do estado de hidratação do indivíduo. Por exem­ plo, em um indivíduo desidratado, ocorre um aumento da osmolaridade plasmática e consequentemente a reabsor­ ção de água pelos rins deverá ser maior, aumentando a osmo­ laridade urinária desse indivíduo, ou seja, a urina nesse caso é mais concentrada. Assim, a relação entre a osmolaridade urinária e a plasmática é um índice importante na determi­ nação da função de reabsorção hídrica renal. 34 Di versos fa torL:s in terferem na osmolar idadc u n ­ niiria e plasmática. A aldostcron a é um hormôn io que con­ trola a reabsorção e secreção de eletról itos, pois est im u la u reabsorção de Na; e a secreção de K '. Com uma mai or reabsorção de Na+ ocorre um aumento na reabsorçfío de água por osmose. Embora a aldosterona exerça um efeito importan te na regulação da osmolaridade urinária e plasm át i ca, o prin cipal hormônio relacionado a essa função é o hormô­ nio antidiurético (ADH). O ADH atua no néfron distal au­ mentando a reabsorção de água. Sua secreção é regulada principalmente pela osmolaridade dos líquidos corporai s, ou seja, quando ocorre uma elevação da osmolaridade do líquido extracelu lar, que normal men te é de aproximada­ mente 280müsm, a secreção de ADH é aumentada. Situa­ ções nas quais ocorre redução da secreção de ADH ou ausência da resposta renal ao hormônio causam poli úria, que é um aumento acentuado do volume urinário. A diabe­ tes insipidus é uma condição clínica com essas caracterís­ ticas, e os pacientes portadores dessa doença podem apre­ sentar um volume urinário de até 20 litros por dia. Os testes que avaliam a osmolaridade urinária podem empregar fitas reativas, em que a densidade urinária pode variar de 1,005 a 1,030. Esses valores são referentes à gra­ vidade específica da urina, que corresponde à razão entre o peso de um determinado volume de urina e o peso do mes­ mo volume de água. A densidade u rinária também pode ser determinada por urodensímetro s. Esses dispositivos consistem em um tubo de vidro que flutua no interior de u m líqu ido. Para sua utilização a urina deve ser colocada em uma proveta e o 35
  • 15. t 111 1 11k11·.i111L'l1o co1L1c1du sob1.: o 1íquido.OvalordL'dens1- d:tdc é estabelecido observand o a marcação na escala do urodensím etro, que depende do seu nível de submersão. Esse nível varia de acordo com a densidade urinária, sen­ do que quanto maior sua densidade, menor será a flutua­ ção do urodensímetro. Um aspecto negati vo de sua utiliza­ ção é a necessidade de um grande volume de urina, cerca de 15 a 20mL. Um terceiro método de mensurar a densidade urinária é por meio de refratômeros. Esses instrumentos determinam o índice de refração, que está relacionado ao desvio da luz na amostra, sendo que quanto maior o número de partículas, maior será a densidade e consequentemente a refração da luz. O emprego de refratômeros para medir a densidade urinária apresenta vantagens, tais como a necessidade de pequeno volume (apenas uma gota de urina). Esse método tam bém é considerado mais fidedigno em comparação aos urodensímetros e às fitas reativas. 36 4. DOENÇAS RENAIS 4.1 Glomerulonefrite A glomerulonefrite é a inflamação dos glomérulos, a qual provoca lesão da membrana de filtração. Pode ser agu­ ' daoucrônica. Suaformaagudapode decorrer deprocessos j infecciosos de outras partes do corpo, como, por exemplo, 1 das vias aéreas. O glomérulo pode ser afetado por essas ;l condições, pois os microorganismos causadores da in fec­ ção podem chegar ao rim via circulação sanguínea lçvundo à formação de complexos antígeno-anticorpo que se d<:pn sitam nos glomérulos renais, danificando-os. Além (JilHIP, substâncias nefrotóxicas também podem indu7,ir gl om1:n1 ' Ionefrite. Com um tratamento adequado ocorre a rcvcrHfl<l da inflamação, não restando sequelas. Porém, enquanto u inflamação persistir ocorrerá a filtração de componL:nluH sanguíneos que normalmente não são filtrados, como pro· teínas e células sanguíneas, que passam a ser encontrndoH ·· .na.urina(proteinúria-.e_hema,tli· ia,respectivamente). A -glomérÚ.lonefrite crônica pode decorrer da evo­ lução da forma agÚda, mas também pode ser secundárit1 n outras doenças, como, por exemplo, o lúpus eritematoso. Existem várias classificações para a forma crônica da doen­ ça, mas dependendo do tipo de glomerulonefrite, pode ser 37
  • 16. diminuiçã'o de ureia, creatinina e ácido úrico na urina - "'""1!"'!!'"' _,.._ _ P.4 e 'ª' - L d. S E l' ã il4.$SXL# >t.1'9'·-... ,i.- - .... !1 éViclcnciado o espessamento da membrana de filtração e acú­ m u lo de tecido fibroso no glomérulo. A Tf'G fica notavel­ mente prejudicada nessa condição, ocorrendo a proteinúria e a h ematúria. A redução da filtração, e consequentemen te do volume urinári o, causa repercussões sistêmicas, como edema, hipertensão arteriàl e an.emia.. A .glome. fu lone_fr_ite o fluxo urimírio dos rins à bexiga é normal, isso ajuda n im pedir a entrada de m icrorganismos a parti r da bex iga. Porém, a origem do patógeno causador da infecção pode Sél' de outros locais do corpo através da circu lação sangu f neu , é não apenas do trato urinário inferior. Os achados comuns no exame de urina são a presença • ... - . crônica pode evoluir para uína insuficiência renal. incapacidade de leucócitos (leucocitúria), bactérias (bacteriúria) e even­ tual mente hematúria e proteinúria. 1Glomerulonefrite - de filtração de _ ureia, creatinina e ácido úrico -- Pielonefrite J -1aguda 1- 1Pielonefrite 1-[Cfôfila 1- - refluxo obstrução por tumores cálculo 4.2 Pielonefrite 4.3 Síndrome nefrótica .1111 É uma infecção bacteriana que acomete os rins. Fre­ quentemente é causada pela presença da bactéria Escheri­ chia coli presente no intestino grosso, que, eventualmente, pode migrar para o aparelho urogenital, podendo provocar uma infecção urinária. Para que a infecção atinja os rins, alguma outra disfunção deve coexistir, como, por exemplo, uma falha no mecanismo valvular na região de entrada dos ureteres na bexiga, o que em situações nonnais impede o refluxo de urina. Além disso, a existência de cálculos renais também pode pred ispor ao surgimento de pielonefrite, por obstruir o fluxo urinário em direção à bexiga , e dessa forma facilitar a entrada de bactérias nos ureteres, já que quando :rn A síndrome nefrótica é causada por qualquer condi­ ção que danifique os glomérulos renais. Geralmente é se­ cundária a outra doença renal, como as glomernloncfrites. Sua principal característica é o aumento da permeabilidade da barreira de filtração, ocasionando proteinúria. Outro acha­ do no exame de urina é o aumento dos níveis de lipídeos. Os pacientes que desenvolvem síndrome nefrótica apresentam anasarca, que corresponde ao edema grave generalizado. O edema é causado pela queda da pressão coloidosmótica plasmática , em função da perda de proteínas. Quando o tra­ tamento não é bem-sucedido, os pacientes com síndrome nefrótica podem evoluir para uma insuficiência renal. 39 aumento de ácido 1 úrico, ureia e creatinina no sangue hematúria Ileucócitos bacteriúria infecção bacteriana obstrução diabetes mellitus
  • 17. Insuficiência renal i eletr 1-1 ' Sindrome nefrótica d1•l'li','.d glomerulares primárias ou doença I sistêmicas(les, diabeteetc) · - ·-----' intensa proteinliria ts ausas de insu llciên i.:1a r nal crón ica sJu diversas, mas as principais são h ipertensão arterial, diabetes mellitus e glomerulonefrite. Os sinais e sintomas começam a apare­ cer apenas quando o número de néfrons acometidos atinge mais da metade do número total. Isso se deve ao fato de que os rins são capazes de adaptações bastante significativas em seusmecanismosdefiltraçãoereabsorção,fazendocom que fósforo normal 4.4 Insuficiência renal diminuído cálcio sérico cálcio urinário normal a concentração de solutos seja mantida estável apesar do número reduzidodenéfronsfuncionantes.Entretanto,quando a função renal cai abaixo de 20 a 30% do normal, alterações como uremia, acidose e edema são observadas. A anemia também é frequente nos pacientes com insuficiência renal É uma condição grave que está associada com a perda da função renal. Pode ser aguda ou crônica. Na insuficiên­ cia renal aguda, os rins param abruptamente de funcionar, mas podem ter sua função restabelecida algum tempo de­ crônica. Nesses casos, torna-se necessário o tran splante renal ou a hemodiálise. pois. Na insuficiência renal crônica, os rins vão perdendo gradativamente sua função, mas, diferente da condição agu­ da, nesse caso a falência renal é irreversível. A insuficiência renal aguda pode resultar de causas pré-renais (redução do fluxo sanguíneo renal devido a distúr­ bios do sistema cardiovascular), intrarrenais (lesão no pró­ prio rim) ou pós-renais (obstrnção do fluxo urinário por aco­ metimento dasviasuriná1 iasdesdeoscálicesrenaisatéabexi­ bloqueio acúmulo 1aguda da excreção - de água e deágua e eletrólitos ólitos no organismo l distribui­ maior _, retenção ,_ de água que sódio incapacidade do rim em + perda significativa ga). A perda da função renal determina a diminuição do fluxo urinário (oligúria), podendo, em casos mais graves, chegar à ausência total do fluxo (anúria). Como consequência, ocon-e retenção de água, eletrólitos e metabólitos, causando edema, hipertensãoeacidose metabÇ>lica. Uma das principais causas de óbito por insuficiência renal aguda éa hipercalemia (aumen­ ção dos glome­ Túlares· 1 lesãonos,... _, filtração regular prejud i- a excreção ..- reada de eletrólitos · :· e água na rebasorção _,ele _ , de Na+, K+, Cl+ sangue t Na l-, K+, -urina to do potássio sérico), que pode atingir valores superiores a tubulos incapacidade de água e aumento CI eletrólitos + K 1 ,pi1, volumL: 8mEq/L, o que representa o dobro do valor de normalidade. renais eletrólitos na urina 40 41 aumento ela penneabilidacle renal icPl'S aos capil ares glomernlarcs i sódio: - volume diminuído - pH normal ou alcalino - cloreto aumentado - potássio aumentado l
  • 18.
  • 19. .r1f"l!"-W' "':,.. QW@+ ii '.. -·-= •& '.» '* es - • rw f as ' 5. EXAME FÍSICO A anál ise da urina para o diagnóstico de doenças tem sido usada por muitos séculos, sendo um dos procedimen tos laboratoriais mais antigos utilizados na prática médica. An­ tigamente os médicos faziam muitos de seus diagnósticos com base na coloração e aparência da urina. Hoje em dia a uroanálise fornece informações importantes, de forma rá­ pida e econômica, seja para o diagnóstico e monitoramento de doenças renais e do trato urinário, seja para a detecção de doenças sistêmicas e metabólicas não diretamente relacio­ nadas com o rim. O exame fisico de urina fornece informações preli- minares no que diz respeito a distúrbios, como hem01Tagia glomerular, hepatopatias , erros inatos do metabolismo e infecções do trato urinário. As características gerais avaliados são: cor, volume, aspecto, odor e densidade. dadeda cor da urina cstú relacionada com a L:oncc11tr;111· n d<i amostra. Uma urina mais clara pode ser obscrvudu l:Olll :1 i ngestão aumentada de líquidos, enquanto a pri va<;fín dl.! li quidos proporciona a excreção de uma urina mais cscuru. Assim, a coloração da urina indica, de certa forma , a con· centração urinária e o grau de hidratação da pessoa. Uma amostra de urina clara com densidade alta é indicativa de diabetes mellitus ou após a utilização de contrastes radio­ gráficos.Alguns corantes alimentares, doces e medicamen­ tos colorem a urina de cores diversas (vermelha, verde etc.) (Figura 4). ';>" 1 111 5.1 Cor A cor da urina pode variar desde a ausência de cor até o negro. Normalmente , a urina tem cor amarela, resultante da excreção de três pigmentos , urocromo (amarelo), uroeri­ trina (vermelho) e urobilina (laranja), que são pigmentos originados no metabolismo n ormal do organismo. A intensi- 42 Figura 4.Exemplos de amostras de urina pela cor 43
  • 20. ·1on de CL)r: i ncn klr, amareln, amarclu-claro, amare­ lo-palha, amarel o-escuro, amarelo-citrina, laranja, âmbar, rosado, vermelho, verde, marrom, preto, azul­ esverdeado. 5.2 Volume O volume de urina depende da quantidade de água excretada pelos rins. Esse parâmetro pode ser influenciado por diversos fatores, como: ingestão de líquidos, perda de líquidos por fontes não renais, variações na secreção do h01mônio antidiurético e necessidade de excretar grandes quantidades de glicose e sais. Levando-se em consideração esses fatores, pode-se observar que embora o débito urinário diário médio seja de 1200 a 1500 mL, podem ser considera­ dos normais os limites de 600 a 2000 mL em 24 horas. A med ida do volume urinário apresenta interesse quando tomada do volume total emitido nas 24 horas, em função da dosagem, ou na verificação de nictúrias, poliúrias e oligúrias. Mede-se o volume urinário em cálices ou prove­ tas graduadas de boa procedência, tomando-se o cuidado de utilizar vidrarias rigorosamente limpas. Oligúria: é a redução do volume urinário diário nor­ mal (menor que 500 mL/24 h). Pode ocorrer por moti­ vo de: desidratação, perda excessiva de água, vômito, dian-eia, transpiração e queimaduras graves.Aoligúria pode levar à anúria, á cessação do fluxo de urina que pode ser resultante de lesão renal grave ou de uma diminuição no fluxo sanguíneo para os rins. 44 Po/ 1úri<1: é o a 11·1icn t t • tk P i d!'l<..' w 11 11·i 1l d i úri o (maior que 2000 mL/24 h). Pode ocorrer pm motivo de: diabetes mellitus, uso de diuréticos, uso de cafeí­ na e álcool, que são substâncias que d im inuem a secreção do horm ônio antid iu rético. Nictúria: micção excessiva durante a noite. 5.3 Aparência Éo termo geral que se refere à transparência da amos­ tra de urina. É determinada pelo exame visual da amostra homogeneizada em ambiente bem iluminado. A amostra deverá estar sempre em recipiente transparente para que seja realizada essa análise. Normalmente, a urina tem um aspecto claro e trans­ parente logo após a sua emissão. Com o passar do tempo, ela tende a ficar turva pela presença de muco e precipitação de cristais amorfos (fosfatos e uratos). Bactérias, piócitos, hemácias, cilindros e cristais diversos podem ocasionar turbidez na urina. Também fazem o mesmo efeito os lipídeos, soro, muco, linfa e contaminação externa com talco e mate­ rial de contraste radiográfico. Algumas dessas substâncias não são patogênicas, mas o fato de a amostra recém-elimi- .. nada estar turva pode ser fator_de preocupação. . . -Quando · urini·é- alaliha-;em geral há precipitaçã o de fosfatos alcalinos terrosos normalm ente excretados. A uri­ na ácida normal também pode mostrar-se turva devido à precipitação de uratos amorfos, cristais de oxalato de cál­ cio ou ácido úrico. 45
  • 21. ii - 1!!d - "'!'* ' ç :s·-.:··-:..,.. c;ç z_ y ......., .,...* -C-1• g a ---- ;:- ....... ...·-_.-,,,..... · -- ! u rina feminina geralmente é mais turva que a mas­ culina devido à presença de célu las epiteliais escamosas e elemuco. Os termos para caracterizar o aspecto da urina são: tran sparente, opaca ou turva. . . Aspecto: transparente, ligefraniente torvo · semíturvo; · pouco turvo, opaco, turv<? (Figura 5). Figura 5. Representação do aspecto de diversas amostras urinárias 5.4 Odor O cheiro normal da urina é característico (sui generis), ocasionado pela presença de ácidos aromáticos voláteis. Com o envelhecimento, a urina adquire um odor fo1ie de amoníaco pela transformação bacteriana da ureia em amô­ nia. Infecções do trato urinário tornam o odor da urina pú­ trido. A urina contendo corpos cetônicos tem um odor de acetona ou de frutas. Odores anonnais podem ser encon­ trados em situações de anormalidades do metabol ismo de aminoácidos, como na fenilcetonúria e outras. Éuma propriedade física de fácil observação, mas que raramente tem significado clínico. LlR O odor da urina em diversas situa ções csla denw11 ­ trado na tabel a 2 e deve ser descrito da segu i n te l'orm;i : característico, sui generi.s, amoniacal, féti do ou pú trid o (Tabela 2). Tabela 2: Odor da urina Normal Sui generis Amoniacal Má conservação, degradação da uréia por bactérias, formando amônia ·Pútrido Mau cheiro, cheiro de podre por infecção urinária Cheiro de rato Fenilcetonúria, patologia do metabolismo de aminoácidos Cheiro de melado Doença do Xarope do Bordo, patologias do metabolismo de aminoácidos 5.5 Densidade A densidade normal da urina varia de 1,010 a 1,030 e ela indica a concentração de sólidos totais dissolvidos na urina. A densidade urinária varia com o volume urinário e com a quantidade de solutos excretados (principalmente cloreto de sódio e ureia). Desse modo, a densidade é um bom indicador do estado de hidratação/desi dratação do paciente. Exemplos de alterações de densidade: l. Densidade alta pela presença de glicose: diabetes mellitus. tl7
  • 22. ' lk11-.,it!.1dc haixu pela L'XCn. ::yfío de grandes ,1Jun.c urinários: diabetes insipidus. 3. Densidade baixa pela perda da capacidade de concen­ tração urinária: doenças renais. A densidade de urina depende da concentração os­ molar, isto é, do número de partículas dissolvidas, haven­ do normalm ente estreita relação entre o peso específico e a osmolaridade resultante da ingestão de alimentos e bebi­ das e da reabsorção da água e de substâncias dissolvidas. A densidade urinária é definida em comparação com a densidade do mesmo volume de água destilada e na mesma temperatura. Como a urina é água que contém substâncias químicas em dissolução, a densidade urinária é uma medida da densidade das substâncias químicas dissolvidas na amos­ tra. É influenciada pelo número de partículas presentes na urina e pelo tamanho dessas partículas. A densidade do filtrado plasmático no glomérulo é de 1,010. Urina com densidade de 1,010 recebe o termo de isoestenúrica, abaixo deste valor é hipoestenúrica, e acima é hipertenúrica. As amostras colhidas ao acaso podem apresentar valores de 1,001 a 1,035, dependendo do grau de hidrata­ ção do paciente. Uma densidade alta, acima de 1,035, pode ser observada em paciente submetido há pouco tempo à pielografia intravenosa, pois o material de contraste radio­ gráfico é excretado pela urina. Dextranos ou outros fluidos intravenosos de alto peso molecular também produzirão urina com uma densidade elevada. Se a urina for previa­ mente diluída deve-se multiplicar pelo fator de diluição. 48 f x: urina diluída J :2 tet k·i111r.t de 1_ci_:.... d , dadc real 1,050 (Tabela 3). Tabela3.Exemplosdedensidadeurinária Densidade Recém-nascido 1,012 Lactente 1,001-1,006 Adulto 1,001-1,035 A densidade urinária fornece informações importan­ tese pode ser facilmente obtida com o uso do urodensímetro, refratômetro ou tiras reativas. Urodensímetro: constituído por uma boia com peso, ligada a urna régua calibrada em te1 mos de densidade urinária (1,000 - 1,040). A boia pesad a desloca um volume de líquido igual ao seu peso e éprojetada para afundar até o nível 1,000 em água destilada. O restan­ te da massa, representada pelas substâncias dissolvi­ das na urina, faz com que a boia desloque um volume de urina menor que o da água destilada. O nível até o qual o urodensímetro afunda representa a massa da amostra ou Sl:Ja..densidade'(Figura 6). l 49
  • 23. • /' , .( ! , / , / )>. ' ;.{ ' ,"r1. · -r / <' " :11 j.' u . . . : t Figura 7. Representação de refratômetro Figura 6. Representação de urodensímetro A principal desvantagem do uso de urodensímetro é que ele exige grande volume de amostra (15 a 50 mL). O recipiente no qual o urodensímetro flutua deve ser grande pura pennitir a flutuação sem tocar nas laterais e o volume da urina deve ser suficiente para evitar que o urodensímetro encoste no fundo. A leitura da régua é feita no menisco infe­ rior da urina. Há necessidade de correção da leitura em ter­ mos de temperatura. Refratômetro: determina a concentração das partícu­ las dissolvidas na amostra por índice de refração.Esse índice é a comparação da velocidade da luz no ar com a velocidade da luz na solução (Figura 7). 50 A principal vantagem do refratômetro é o uso de pe­ queno volume de amostra (1 ou 2 gotas). Não há necessida­ de de correção da temperatura. Põe-se uma gota de urina sobre o prisma, focaliza-se o instrumento em lugar de boa iluminação e faz-se a leitura a partir da escala de densidade. O prism a e sua cobe1 iura devem ser limpos a cada análise. A calibração do aparelho é feita com água destilada, cuja leitura deve ser 1,000. Se necessário pode-se utilizar o botão de ajuste para adequar a leitura da água destilada. A calibração é realizada também com NaCI 5%, cuja leitura deve ser 1,022 ± 0,001, ou com sacarose 9%, cuja leitura deve ser 1,034 ± 0,001. Tiras reativas: a medida da densidade uri nária com as tiras reativas baseia-se na associação de um po­ lieletrólito (éter metilvinil-anidrido maleico) com um indicador (azul de bromotimol) reagindo com solutos iônicos presentes na amostra de ur ina. O polieletró­ lito será ionizado na proporção da quantidade de so­ lutos dissolvidos na urina, o que altera a sua constante de dissociação (pKa). Haverá produção de íons h idro- 51 •
  • 24. l gC:nm. os quais irão promover umu redução Jo pi 1 que será detectada pelo indicador. À medida que a den­ sidade aumenta, o indicador muda de verde azulado até o amarelo esverdeado. Deve-se liberar o valor numérico lido na fita (Figura 8). amostra que esteja ae.111<1 ua lL'I11per,1Lura (k cal ibração. Essa correção deve ser feita quand o a leitu ra for realizada pelo urodensímetro. Ex: Uma amostra refrigerada, com temperatura de 14º C fornece uma densidade de 1,020. Cálculo da densi­ dade correta. 1 1 ; ri f 1 ;• j j Correção devidoàgrande quantidade deproteínasou de glicose presentes na amostra: quando glicose e proteínas ,/ estiverem presentes na urina, há necessidade de se fazer J também a c01reção da densidade. Isso porque a glicose e as ' proteínas aumentam a densidade da urina por serem subs­ tâncias de alto peso molecular e que não têm relação com a de lg/dL de ;.f, 1 .. capacidade de concentração renal. A presença proteína elevará a densidade em 0,003 e de um lg/dL de glicose em 0,004, portanto deve-se subtrair. Essa correção deve ser feita quando a leitura for feita pelo urodensímetro 1 ou pelo refratômetro. Figura 8. Representação das tiras reativas Coneção em termos de temperatura: geralmente a temperatura de calibração é de 20° C. Se a amostra estiver fria deve-se subtrair 0,00l da leitura para cada 3º c da amostra que esteja abaixo da temperatura de calibração. Ao contrário deve-se somar 0,001 da leitura para cada 3º C da 52 '1 J Ex: Numa amostra que contém 1g/dL de proteína e ·· . l· g/dl>de_glicose, _ a·lit_ura da de1 }sidade é de 1,030. Cálculo da densidade correta: 53 1,030-0,003(proteína)=1,027' 1,027-0,004 (glicose) = 1,023 20ºC (temperatura de calibração) - 14ºC = 6º C (6º C/ 3º C) X 0,001 = 0,002 1,020 -0,002 = 1,018 ]
  • 25. ..,.. "" ' """' "" aµ O 4 QZAt T ...-y-. 6.1 Tiras reagentes 6.EXAMEQUÍMICO Os conceitos do exame de urina pouco mudaram ao longo dos anos, mas os testes químicos tomaram-se muito mais fáceis de serem realizados com o advento das tiras impregnadas com reagentes. Novas tecnologias permitiram o desenvolvimento de métodos específicos que apresentam resultados rápidos e exatos para a determinação do pH e densidade e a pesquisa de elementos anormais, que fazem parte do protocolo do exame de urina de rotina. Usualmente a análise dos constituintes bioquímicos da urina é feita através de tiras reagentes, objetivando tornar a determinação de elementos da urina mais rápida, mais simples e mais econômica. Atualmente há no mercado ins­ trumentos que executam a lei tura das fitas reagen tes, me­ lhorando assim o grau de precisão ao eliminar parte do elemento subjetivo inerente à leitura das mudanças de cores pelo olho humano. As tiras reativas de urina constituem um meio simples e rápido de realizar dez ou mais análises bio­ químicas clinicamente impo1 tantes, como: pH, proteínas, glicose, cetonas, hemoglobina , bili rrubina, urobilinogênio, nitrito, densidade, leucócitos e ácido ascórbico. 54 A lira reagente utilizada para a determinação do pi 1 e densidade e a pesquisa de el mentos químicos no exa me de urina de rotina é constituída de pequenos quadrados de papel absorvente impregnados com substâncias qu ímicas e presos em uma tira de plástico. Quando o papel absorven te entra em contato com a urina ocorre uma reação quím ica queproduz umamudança_cromática. As cores resultantes são interpretadas comparando-se com a tabela cromática fornecida pelo fabricante. Nessa ta­ bela aparecem várias tonalidades de cor para cada substân­ cia a ser testada. Comparando-se cuidadosamente as cores da tabela com a cor presente na tira, pode-se inferir um va­ lor semiquantitativo negativo, +, ++, +++, ++++. Também há uma estimativa em mg/dL para análise de algumas áreas. Técnica (Figura 9): 1.Misturar bem a amostra. 2. Mergulhar a tira completa e rapidamente em uma amostra de urina homogeneizada. 3. Remover o excesso de urina encostando a borda da tira no recipiente à medida que ela vai sendo retirada. 4. Esperar o tempo especificado para que ocorra a rea­ ção e comparar a cor da tira com a tabela de cores. 5. Fazer testes confirmatórios quando indicados. 55
  • 26. ' ' '. <> . Ltar atcntu para a prcsenya de substância que pos­ sam interferir nos testes. 7. Conhecer os princípios e o significado do teste. · - · ·Q ..,..' • w 8. Estabelecer as relações dos achados bi oquímicos entre si e os resultados dos exames físicos e micros­ cópicos. O procedimento é relativamente simples, mas o uso incorreto da técnica pode provocar erros (Tabela 4). J 'Qi: ' ll VIL--:;;· ;'!/!li- Figura 9. Sequência de etapas para a leitura da urofita Cuidados com atira reagente: r= · = · - ·· ·· ' Tabela4. Errosprovocados pelousoincorretodastiras reagentes Se a tira ficar muito tempo mergulhada na urina poderá haver lava­ gem dos reagentes da tira Se ficar urina em excesso na tira após a sua retirada da amostra poderá ocorrer passagem de uma substância química para o qua­ driculado adjacente, produzindo distorções nas cores O tempo para que ocorra a reação varia de acordo com o teste e o fabricante, indo de imediato para o pH até 120 segundos para leucócitos Uma boa iluminação é essencial para precisão das interpretações l . As tiras devem ser annazenadas no recipiente origi­ nal, que deve ser mantido bem tampado. 2. As áreas reagentes são estáveis e mantêm o desempe­ nho especificado até a data de validade indicada no rótulo quando o frasco é mantido em temperaturas in­ feriores a 30 ºC. Não armazenar em refrigerador. 3. Remover do frasco somente a quantidade de tiras ne­ cessárias para uso imediato. 4. Exposição das tiras à luzsolar direta, vapores químicos eumidade ambiental pode afetar as áreas de reação. de cores 5. Não tocar nas áreas de reação. Amostras refrigeradas devem voltar à temperatura ambiente antes do teste com a fita, pois enzimas dependem de temperatura .?: Usar somente ina recente, em homogeneizada e não centrifugada: 7. Observar o tempo correto de leitura das reações. Para a maioria das tiras a leitura das reações deve ser feita em 60 segundos e entre 60 e 120 segundos para leu­ cócitos. Não realizar a leitura após 120 segundos. 56 57
  • 27. · ··- .,. .:c::cw•s=w+;:rn iQ - l)j -'t™::a '"-.. 8. Usar no período de 6 meses depois de abertas. 9. Não usar as tiras que tiverem perdido a cor. Fatores interferentes Vários fatores são capazes·de "i"nterferir rios rnétodos· analíticos empregados na tira reagente e o conhecimento a :;eu respeito é fundamental para a correta interpretação dos resultados. Dentre estes fatores interferentes, destacam-se agentes de limpeza e desinfetan tes, medicamentos e ácido ascórbico em concentrnções elevadas na urina. Qualquer medicamento novo deve serconsiderado, em princípio, como fonte potencial de interferência. Controle de qualidade dastiras reagentes: 1. . Testar os frascos abertos de tiras reativas com contro­ les positivos e negativos conhecidos a cada turno de pessoal. 2. Avaliar os resultados dos controles que estejam fora dos padrões fazendo novas provas. 3. Analisar osreagentes usados nos testes comprobatórios com controles positivos e negativos. 4. Fazer controles positivos e negativos com novos rea­ gentes e frascos recém-abertos de tiras reativas. 5. Registrar todos os procedimentos de controle e os nú­ meros dos lotes das tiras reativas. 58 6.2 Bilirrubina A bilirrubina é detectada através de uma reação de diazotização com 2,4-diclorobenzeno-diazôn io-tctrafl uor­ borato. Essa reação produz na área reativa uma coloração rósea. A cor amarela indica u ma reação negativa. O teste detecta valores superiores à 0,5 mg/dL e as intensidades de cor que se formam na reação indicam as seguintes medidas qualitativas: negativo, +, ++, +++. Traços que produzem cor rosada são suficientes para indicar a presença de bilürubina na urina e sugerir investi­ gação adicional. A maior parte da bilirrubina é derivada da porção heme da hemoglobina oriunda de hemáci as velhas destruídas pelas células do sistema reticuloend otelial do baço, fígado e medula óssea. A bilirrubina não conjugada (ou indi reta) produzida é transportada na corrente san­ guínea ligada à album ina, não sendo capaz de atravessar a barreira glomeiular renal. No fígado, a bilin-ubina é captada e conjugada com o ácido glicurônico, tornando-se hidrossolúvel e sendo, en- tão, capaz de atravessar os glomérulos renais e aparecer na urina. Normalmente, a bili nubina conjugada (ou direta) é excretada através da bile para o intestino delgado e não está presente na urina. Sua presença na urina é observada quan­ do há aumento da concentração de bilirrubina conjugada no sangue (> 1,2 mg/dL) e indica obstrução das vias biliares ou lesão de hepatócitos. Dessa forma, a detecção de bi lirrubina na urina é importante na suspeita de doenças hepáticas e na investigação das causas de icterícia. 59
  • 28. Significado clínico (Tabela5): Hepatite Cirrose Outras doenças hepáticas Obstrução biliar Tabela 5. Correlação clínica da bilirrubina Tipos de Exemplo Bilirrubina Bilirrubina Bilirrubina Urobilina icterícia Indireta - Direta - urina urina sangue sangue Normal O-l,2mg/dL Negativo Negativo <l,Omg/dL Hemolítica Hemolítica Aumentado Negativo Negativo Aumentado Hepúlica Hepatite Aumentado Aumentado Aumentado Aumentado Cin-ose ouNo1mal ou Normal Obstrutiva Obstrução Aumentado Aumentado Aumentado Normal Tumores ou Normal Interferentes: falso negativo em função do tempo transcorrido depois da colheita é o erro mais comum, pois a bilirrubina é instável e rapidamente degradada se ex­ posta à luz. A exposição ao ar provoca oxidação e conver­ são em biliverdi na, que nãó reage nas provas de oxidação ou diazotização. Ácido ascórbico e nitrito podem reduzir a precisão do teste. Falsos posi tivos: pigmentos urinários. 60 Pm1·us de Oxidu1,.11 1 : a u1in,: qui..: t1p:..::-:nla bilirru­ bi na geralmente tem cor ámbar ou aniardo escu ro e produ-, espu ma amarela quando agitada. São provas baseadas na propriedade do cloreto férrico dissolvido em ácido tricloro­ acético de oxidar a bilirru bi na, convertendo-a em biliver­ dina, prod uzindo cor verde. 6.3 Urobilinogênio O urobilinogênio é detectado através do Reagente de Erlich (p-dimetilaminoben zaldeído) que reage em meio ácido produzindo cores que vão do bronze ao laranja. A bilirrubina conjugada liberada no intestino delgado com a bile é desconjugada por ação de bactérias da micro­ biota intestinal. A bilirrubina livre é, então, reduzida a uro­ bilinogênio, estercobilinogênio e mesobilürubinogênio, que são transfo1mados em pigmentos que dão a cor habitual das fezes. Parte do urobilinogênio produzido retorna ao san­ gue, através da circulação enterohepática. A maior parte do w-obilinogênio reabsorvido é removido pelo fígado e uma pequena porção é excretada na urina (<1 mg/dL). Quando há produção elevada de bililTubina (anemias hemolítica e megaloblástica), observa-se aumento do urobili nogênio reabsorvido, com consequente aumento da eliminação des­ .te na urina. Nas_ disfunçõs ou Jesões hepáticas (hepatites, iú: s-e i ufic;Íênciâ eardíca;éongestiva), o fígado tor­ na-se incapaz de removei:o urobilinogênio reabsorvido, tornando sua pesquisa na urina posi tiva. Outras condições em que há aumento do urobilinogênio urinário incluem esta­ dos de desidratação e febril. 61
  • 29.
  • 30. -.m e SSQf lf ...,.. ......... a 4 a ,,.-- -.... ",.lo Significado clínico: Detecção precoce de doenças hepáticas Distúrbios hemolíticos Interferentes: compostos que reagem com seu .prin­ cípio ativo. A prova não - é co'nsiderada confiávél .pàrà' detecção de porfobilinogênio. Falso negativo com grandes quantidades de nitrito. ...............-...... -.., O acidu hidroxibut í lico não e med ido e a acdonu e npcnas l igeiramente sensível ao teste. Uma vez que esses compostos são derivados cio úcido acetoacético, sua presença pode ser pressu posta, nuo sendo necessário realizar testes específicos. Os resultados são registrados qualitativament e como: negativo, pequeno, moderado ou grande; ou como: nega­ tivo, +, ++, +++. Nos casos de cetose aguda pode ser ne­ cessário realizar testes em diluições seriadas para conseguir mais informações quanto ao grau de cetose. i/11 1n11 6.4 Cetonas O termo cetona engloba o ácido betahidroxibutírico, o ácido acetoacético e a acetona ,que são produtos do metabo- 1ismo incompleto de lipídeos e sua presença na urina está relacionada com condições metabólicas, nas quais lipídeos, em vez de carboidratos, são usados como fonte de energia, como ocorre no diabetes mellitus não controlado, alcoo­ lismo, jejum prolongado (desidratação, vômitos, diarreia e febre) e raras doenças metabólicas hereditárias. A tira rea­ gente é mais sensível ao ácido acetoacético (>5 mg/dL) do que à acetona (>50 mg/dL). A escala de cores é calibrada com o ácido acetoacético. Os três compostos de cetonas não se apresentam em quantidades iguais na urina: 78% de ácido beta-hidroxi-bu­ tílico, 20% de ácido acetoacético e 2% de acetona. Os testes com tiras reativas utilizam a reação do nitro­ prussiato de sódio (nitroferricianeto) para med ir as cetonas. Nessa reação o ácido acetoacético em meio alcalino reage com o nitropmssiato de sódio para produzi r cor púrpura. 62 Significado clínico: Acompan har e moni torar o diabetes mellitus. A cetonúria demonstra uma deficiência no tratamento com a insulina indicando a necessidade de regular a sua dosagem. Desequilíbrio eletrolítico e desidratação que, se não forem corrigidas, podem levar à acidose. Carência alimentar. Caso de pacientes hospitalizados que muitas vezes produzem resultados positivos de cetonúria e que não têm relação com o diabetes, isso porque a doença dopaciente impede a ingestão sufici­ ente de carboidratos ou está produzindo uma perda acelerada, como no caso dos vômitos. Interferentes: a reação do nitroprnssiato está sujeita a um mínimo de interferência externa.A presença de levodopa em grande concentração pode provocar reações de falsos 63
  • 31. p1is1ti (h, e as amostras colh ida upús procedimento::- diag­ nósticos que empregam corantes de ftaleína prod uzem cor vermel ha, o que interfere no meio alcalino do teste. A pre­ sença de fenilcetonas na urina também podem distorcer a reação de cor. Valores falsos reduzidos são observados em amostras conservadas incorretamente, devido à volatili­ zação da acetona e à degradação de ácido acetoacético por bactéri as. 6.5 Glicose A análise bioquímica realizada com mais frequência é o teste da glicosúria, devido a sua utilização na detecção e controle do diabetes mellitus. Normalmente quase toda glicose filtrada pelos glo­ mérulos é reabsorvida no túbulo contorcido proximal e por isso a urina contém quantidades mínimas de glicose. A pode ocorrer, ainda, de ido ú mgcstão de dieta mn elevada porcentagem de carboidratos. Também é encontrada cm casos ele hiperglicemia não diabét ica, como os que ocorrem nas lesões do siste­ ma nervoso central e nos distúrbios da tireoide. Mulheres grávidas, que podem ter diabetes latentes, têm glicosúria durante o terceiro trimestre da gestação e precisam moni­ torização cuidadosa para se determinar com precisão a existência ele diabetes. Glicose oxidase Os testes com tiras reativas empregam o método de glicose oxidase, impregnando a área do teste com uma mis­ tura de glicose oxidase, preroxidase, cromogênio e tampão para produzir uma reação enzimática sequencial dupla. reabsorção tubular é feita por transporte ativo em resposta às necessidades do organismo para manter uma concentra­ ção adequada de glicose. Se os níveis sanguíneos de glico­ Glicose+02 glicose • oxidase ácido glicônico + Hp se ficaram elevados, o transporte tubular dessa substância cessa e ela aparece na urina. O nível sanguíneo no qual a reabsorção tubular cessa é chamado limiar renal, que é de Hp+cromogênio 2 peroxidase cromogênio(colorido oxidado)+1-120 160 a 180mg/dL. A glicosúria que não vem acompanhada por hiper­ glicemia é observada nas doenças que afetam a reabsorção tubular e pode ocorrer em diversas condições: desordens tubulares renais, síndrome de Cushing, uso de corticoeste­ roides, infecção grave, hipertireoidismo, feocromocitoma, doenças hepáticasedosistema nervoso central.A glicosúria 64 Os fabricantes emprega diversos cromogênios, in- .duindcr · cc:mple:X:o dê iodeto d potássio e tetrametil-ben­ zidina. A glicosúria pode ser registrada como negativo, +, ++, +++, ++++; mas as tabelas de cores fornecem também medidas quantitativas que vão desde 100 mg/dL até 2 g/dL ou O,1% a 2%. O registro quantitativo é recomendado pela American DiabeticAssociation. 65 ,, 2
  • 32. +:* li.az::aq J! ;; *•4!J a -- . · - ..........-- ......... ....... .. ... ... ... ... . " wawo;z::a ».""" / sen sibilidade da tira reativa ficou estabelecida na foixa de 50 a 100 mg/dL. Teste de redução de cobre É um teste inespecífi o, pois reage com outras "<?ses". A gl i cose e outras substâncias·redütoras são ·capâzes de· reduzir o sulfato cúprico em cuproso em meio alcalino e calor. A presença de oses é visualizada pela coloração que vai do azul (negativo), passando pelo verde, amarelo, laran­ ja até o vermel ho-tijolo. /111e1.Jcrentes: como outros açúcares podL:m ser cn­ contrados na urina (galactose, frutosc, pen tose e lactose), a reação deve ser específica para glicose. A glicose oxidasc é específica para aglicose, portanto não ocorrerá reação f':.dsu positiva mesmo se a urina contiver outros carboidratos com poder redutor. As reações falsas positivas ocorrerão se os recipientes da colheita estiverem contaminados com peró­ xidos ou por detergentes,oxidantes fortes.O ácido ascórbico, ácido 5 hidroxi-indolacético, ácido homogentísico, ácido acetilsalicílico e levodopa são substâncias que interferem nas reações enzimáticas ou nos agentes redutores que impe­ dem a oxidação do cromogênio e produzirão resultado falso negativo. A presença de níveis elevados de cetonas afeta os CuSO + Substâncias meioalcalino 4 Redutoras /::,. CuO + Substância 2 Oxidada testes com glicose oxidase quando a concentração de glicose é baixa. As urina com cetonas positiva são acompanhadas de glicosepositiva (glicosúria na urofita), a glicoseurinária A Reação de Benedict usa sulfato de cobre, carbonato de sódio, tampão de citrato de sódio, coloca-se a urina e aplica-se calor. Significado Clínico: Diabetes mellitus Reabsorção tubular deficiente Síndrome de Fanconi Doença renal avançada Lesões do sistema nervoso central Gravidez com possível diabetes me/Litus latente 66 L
  • 33. deve ser revisada com glicosúria por método quantitativo c glicemia, a fim de elucidar o diagnóstico. As densidades acima de 1,020 e pH elevado podem reduzir a sensibilidade do teste quando as concentrnções são baixas. A maior fonte de resultados falsos negativos são erros técnicos de permitir que as amostras fiquem em temperatura ambiente muito tem­ po sem conservantes, pois ocone rápida glicólise. 6.6 Proteínas A urina contém uma quantid ade muito pequena de proteínas, menor de 15 mg/dL ou 150 mg por 24 horas. Essa excreção consiste principalmente de proteínas séricas de baixo peso molecular, filtradas seletivamente pelos glo­ méru los, e proteínas produzidas no trato urogenital. 67
  • 34. ( > tc tc part 1cularn1cn h scnsÍ L·Ià album ina e mcno sensível às outras proteínas. Apesar de ocorrer uma excre­ ção de proteínas na uri na de indivíduos sadios (até 15 mg/ dL), a tira reativa detecta valores iguais ou maiores que 30 mg/dL. Também estão presentes pequenas quantidades de microglobuli nas séricas e tubulares, a proteína de Tamm­ Horsfall produzida pelos túbulos e as proteínas provenien­ tes de secreções prostáticas, seminais e vaginais. A detecção de proteínas é provavelmente o achado isolado mais sugestivo de doença renal. Proteinúria por aumento da permeabilidade glomernlar ocorre em glome­ rulonefrites, nefrite lúpica, amiloidose, obstrução da veia renal, nefroesclerose, pré- eclâmpsia e nefropatia diabética. Proteinúria devido a desordens tubulares ocorre na pielo­ nefrite, necrose tubular aguda, rim policístico, intoxicação por metais pesados e vitam ina D, hipopotassemia, Doença de Wilson, Síndrome de Fanconi e galactosemia. Outras condições podem levar à proteinúria : proteinúria postural (3 a 5% de adultos jo vens sadios), estado febril, exercício físico vigoroso, exposição prolongada ao frio ou calor, es­ tresse emocional e insuficiência cardíaca congestiva. Proteína de Bence Jones O soro contém níveis muito elevados de imunoglo­ bulinas monoclonais de baixo peso molecular como a pro­ teína de Bence Jones em pacientes com mieloma múltiplo, que é uma doença proliferatiya dos plasmócitos produtores de imunoglobulinas. Essa proteína de bai xo peso molecular é filtrada em quantidades que ultrapassam a capacidade de reabsorção tubular, sendo excretada na urina. 68 Quando se suspe1w da prcscn<y:a da proteína de lkncc Jones, pode-se fazer um teste seletivo que uti lize as pro­ pri edades de solubilidade características dessa proteína. Normalmente as proteín as coagulam ao calor e assim per­ manecem. A proteína de Bence Jones coagula a uma tem­ peratura entre 40 -60º e e se dissolve quando a tempera­ tura atinge 100º C. Deve-se suspeitar de proteín a de Bence Jonce quando a urina precipita, fica turva na temperatura entre 40º e 60º ee se torna transparente a 100º e. Nem todas as pessoas com mieloma múltipl o apre­ sentam quantidades detectáveis de proteína de Bence Jones na urina.Nos casos suspeitos deve-se fazer o teste para pro­ teinúria e imunoeletroforese no soro e urina. Proteinúria benigna Proteinúria em amostras ao acaso nem sempre tem significado patológico, já que há várias causas não renais ou benignas para esse fato. Proteinúria benigna é transitó­ ria e pode ser produzida por exposição ao frio, exercícios vigorosos, febre alta, desidratação e, na fase aguda , de várias doenças. Proteinúria nos ú ltimos meses de gravidez pode indicar estado de pré-eclâmps ia e deve ser considerad a ... em- .conjunto com Gutros·sintotn_as clínicos. A pro.teinú1:ia ortostáüca (postural) ocorre depois que 1 a pessoa fica muito tempo em pé e desaparece quando a l pessoa se deita. Acredita-se que isso seja devido ao au­ mento da pressão sobre a veia renal de quando se está de pé. O procedimento nesse caso é pedir à pessoa que colha 69
  • 35. - ------ - - - -'"' ··""""; ª"'·X - r •;ce • T" 1111ostra 11111 .:<liata1rn.:ntc após se levantar pela manhã e outrn após o período em que ficar de pé e comparam-se os dois resu ltados. A zona reativa para proteínas utiliza o princípio de "erro dos indicadores pelas proteínas'.' para produzir uma 1· eação colorimétric,avisíve!.Ceúos indicadoresmudai_n de cor na presença ou ausêndadeprotefoás, e·o pH permatiece.. · constante.Essa área é menos sensível para outras proteínas de baixo peso molecular (como proteínas de Bencc Joncs). Na tira, a área para determinação de proteína contém azul de tetrabromofenol ou 3,3, 5,5 tetraclorofenol 3,4, 5,6 lctrabromossulfenolfta leina e um tampão de ácidos para manter o pH em nível constante. Quando o pH=3, ambos os indicadores ficam amarelos na ausência de proteína. À .!. Pode ser 11..:ito uti lizando-se divcr::.as concenlraçôc desse ácidoparaprecipitarproteínas;geralmenteseusam concen­ trações iguais de ácido e de urina. A quan tidade de precipitação prod uzi da pode ser medida visualmente em comparação com um conjunto ele parâmetros ou por espectrofotometria. Essa prova deve ser realizada com a amostra centrifugada para excluir qualq uer turvação estranha (Tabela 6). Tabela6.Quantificaçãodeproteínas Quantificação Explicação medida que a concentração de proteína aumenta, a cor vai passando por várias tonalidades de verde, ficando finalmen­ te azul. Leitura: negativo, traços, +,++,+++,++++ em valo­ res semiquantitativo em mg/dL às seguintes concentrações: negativo, 30, 100, 500. A leitura é difícil, principalmente de "traços", e toda vez que há leitura positiva deve-se confirmar com métodos Negativo(-) Traços Positivo (+) Positivo (++) Positivo (+++) Positivo (++++) sem aumento na turvação turvação observável turvação visível, sem granulação turvação e granulação sem floculação turvação com granulação e floculação aglomerados proteicos térmicos ou de precipitação de ácidos. Teste de precipitação Os primeiros testes de precipitação utilizavam calor para desnaturar a proteína e produzir precipitação, porém outras substâncias não proteicas encontradas na urina tam­ bém são precipitadas pelo calor. Hoje se substituiu o teste do calor pelo ácido sulfossalicílico em várias concentrações. 70 Outros métodos de pesquisa na proteína na urina: Reativo de Robert Prova do ácido tricloroacético Significado clínico: A presença de proteína na urina do tipo 1nem sempre significa doença renal. Contudo, a sua presença exige que 71
  • 36. 9 ZJQQQ - & W W&a ra, - --: 4 +* 14 .- .-..-.. J i ( J J li§ • - at· .- ·· ;:,'!)I F+4 • +z$C-- -. .,;.: .,, - ... .i Siginificado clínico: a uroculLura.ULesLedo niLrito indica presença dL:bactl!rim: na urina que são capazes de converter nitrato cm ni trito, A hematúri a tem mais relação com di stúrbios de origem urogeni tal ou renal: cálculos renais, doenças gl ornerulares, tu mores, trau matismo , pielonefrite e exposição a produtos tóxicos ou drogas, exercício físico intenso e men'struaÇ,ão....· A hemoglobi núria pode ocorrer como resultado da lise de hemácias do trato urinário ou por hemólisc intravascular, reações transfusionais , anemia hemo­ lítica, queimaduras graves, infecções e exercícios fí­ sicos intensos. A mioglobina , proteína do tecido muscular, reage positivamente na análise química para detecção de sangue e produz cor vermelha na urina. Pode estar relacionada com traumatismo muscular, coma pro­ longado, convulsões, doenças musculares atróficas e esforço físico intenso. Interferentes: ácido ascórbico, alta concentração de nitrito, densidade elevada e pH urinário inferior a 5 poclem produzir falsos negativos. Menstmação, oxidantes fortes no recipiente de colheita, presença de peroxidase de bactérias e de vegetais podem ocasionar falsos positivos. 6.8 Nitrito A pesquisa de nitrito representa um teste bastante útil na detecção de bacteriúria assintomática. É um mét<::>do rápido para detectar infecções uri nárias, mas não substitui podendo auxili ar no diagnóstico da infecção uri11{ 1ria. Bac­ térias que con vertem nitrato em nitrito incluem , principa l­ mente, bactér ias gram-negativas, como Escheri chia coli. Proteus, Klebsiella, Citrohacter, Aerobacter, Samonella, além de algumas cepas de Pseudomonas e raras de Sta­ phylococc us e Enterococcus. Nessa área a tira reativa está impregnada com uma amina aromática (ácido p-arsenilico), um acoplador (naftile­ tilenodiamina) e um tampão. O nitrito reage com a amina, forma um composto diazoico, o qual liga-se ao acoplador produzindo uma coloração rósea. Esse método é baseado na Reação de Greiss. A prova não mede o grau de bacteriúria e qualquer tonalidade rosa é considerada representativa de uma quanti­ dade clinicamente significativa de bactérias. Significado clínico: Cistite e pielonefrite. Infecções renais causadas por bactérias gram-negati­ vas, pois acredita-se que a maioria das infecções do trato urinário comece na bexiga, como resultado da contaminação externa e se não tratadas progredirão para as regiões superiores através dos ureteres, che­ gando aos túbulos, pelve renal e aos rins. Avaliação da terapia com antibióticos. 74 75
  • 37. Moni toração de pacientes com alto grau de infecção urinária. Seleção de amostras para urocultura. Inte1f erentes: existem vários interferentes nesse tes­ te. Falso negativo: falta de nitrato da al.imentação, ácido ascórbico, dieta pobre em vegetais. Falso positivo: prova feita com amostras que não foram recém-colhidas (multipli­ cação de bactérias). Urina pigmentada (bilitTubina) em lei­ tores automatizados . Prova negativa em presença de sintomatologia deve ser repetida, pois nem todas as bactérias são capazes de converter nitrato em nitrito, mas as gram-negativas, maio­ res responsáveis pelas infecções urinárias, têm essa capa­ cidade. Presença de grande quantidade de leveduras não é detectada . Recomenda -se a primeira urina da manhã, poi s as bactérias redutoras precisam ficar em contato com o nitrato urinário por tempo suficiente. 6.9 pH Juntamente com os pulmões, os rins são os mais im­ portantes reguladores do equilíbrio ácido-básico do orga­ nismo. Essa regulação se dá pela secreção do hidrogênio na forma de íons arnônio, do fosfato de hidrogênio, de ácidos orgânicos fracos e pela reabsorção de bicarbonatos do fil­ trado dos túbulos contorcidos. Embora um indivíduo sadio geralmente produza a primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre 5,0 - 6,0, o pH normal das outras amostras do dia pode 76 vari ar de 4, 5 a 8,0. Con sequentemente, não existem valores nonnais para o pH urinário e esse fator deve ser conside­ rado em conjunto com outras informaçõe s do paciente, tais como: valor do equilíbri o ácido-básico elo sangue, fun­ ção renal, presença de infecção no trato urinário, ingestão de alimentos e tempo de colheita de amostra. A determina­ ção do pH não constitui, i soladamente, índice da capacida­ de renal de excreção de ácidos, apresentando valor limitado na investigação de disfunções renais. Encontra-seuma urina fracamente alcalina na alcalose respiratória ou metabólica, decorrnte da hiperventilação ou perda do suco gástrico, como também no uso de medi­ camento alcahnizantes, dieta vegetariana e nas urin as que sofrem fem1 entação com desdobramento da ureia. Urina alcalina frequentemente indica que a amostra foi mantida à temperatura ambiente por mais de 2 horas, entretanto, quando colhida e armazenada adequadamente, pode sugerir infecção urinária. Urina recém-colhida não atinge pH = 9 nas condições normais ou anormais, sendo esse valor asso­ ciado à conservação incorreta. A tira reativa utiliza o sistema do indicador duplo de vermelho de metila e o azul de bromotimol. O primeiro é ativo na faixa de 4,4 a 6,2 e muda do vermelho para amare­ lo, e o segundo passa do amarelq para azul e a faixa de ação é-.enÚe 6,0_e 7.,6. _ Ássim n faixa;de 5,0 - 9,0 med ida pelas tiras podem ser vistas nas cores que vão desde o l aranja com pH = 5, passando pelo amarelo e o verde, até o azu l escuro final com pH = 9. A escala cromática contém 5 co­ res comparativas para os seguintes valores de p H: p i (5 , pH6, pH7, pH 8, pH9. l1
  • 38. S1gn1ficaao clínico: urnw<11...da, fruta e v egetais atra é dil t'urt llél<;Üu de bicarbonatosproduzem urina alcalina. Ajudar na determinação da existência de distúrbios eletrolíticas sistêmicosde origem metabóli(.;a ou res­ piratória e no tratamento de problemas urinários que exijam que a urina se maptenha num determinado pH. . . - Na acidosc respirat.óí·ia ou métabólica hão -réfacio­ nada com distúrbios na função renal, haverá produ­ ção de urina ácida; ao contrário, se estiver presente alcalose respiratória ou metabólica, a urina será al­ calina. Assim, pode-se usar um pH urinário que não esteja de acordo com esse padrão para excluir ou con­ firmar determinado estado patológico ou pode-se indicar algum distúrbio resultante da incapacidade renal de secretar ou reabsorver ácidos ou bases. Formação de cristais urinários e cálculos renais pela precipitação de substâncias químicas de natureza inor­ gânica dissolvidas na urina. Essa precipitação depen­ de do pH urinário e pode ser controlada pela manu­ tenção da urina em um pH incompatível com a preci­ pitação daquelas substâncias que formam os cálculos. O conhecimento do pH urinário é importante na iden­ tificação de cristais presentes no sedimento. A manutenção de acidez urinária é útil no tratamento das infecções do trato urinário causadas por micror­ ganismos que não se multiplicam com facilidade em meio ácido. O pH urinário pode ser controlado atra­ vés de dieta e com medicamentos. Por exemplo, al.i­ mentos ricos em proteínas como carnes produzem lnte1j 'erentes: não se conhecem substâncias que in­ terfiram na medida de pH co1i1as tiras reativas. Somen te deve-se tornar cuidado para evitar a passagem de reagente de um quadriculado para outro. 6.1O Densidade Não é recomendável substituir a osmometria ou a refractometria pelas tiras reativas no exame de líqu idos biológicos vitais. A densidade ou gravidade específica da urina é me­ dida através da concentração de íons e se baseia no fato de que com o aumento da concentração iônica ocorre aumento da densidade. O teste das tiras reativas baseia-se em uma alteração da constante de dissociação (pK) do polimetil­ vinil éter-maleico anidrido. O polieletrólito ioniza-se pro­ porcionalmente à quantidade de íons hidrogênio que pro­ vocam uma queda no pH detectada pelo indicador azul de bromotirnol. À medida que a densidade aumenta o azul de bromotimol muda de verde azulado para verde e final­ mente para amarelo esverdeado. A densidade pode variar de 1,001 a 1,035, sendo geralmente encontrada entre 1,015 e 1,022 em indivíduos com ingestão hídrica normal. Na disfunção renal, como observada no diabetes mellitus, diabetes insipidus e hipe­ ral-dosteronismo, há perda da capacidade de concentrar a urina, sendo, então, detectados valores fixos iguais ou menores que 1,01O. 78 79
  • 39. Significado clínico: Estado de hidratação do paciente Incapacidade de concentração pelos túbulos renais Diabetes insipidus Determinação de inadequação de amostra por baixa concentração A medida da densidade urinária oferece informação limitada sobre a capacidade de concentração renal, uma vez que sofre grande influência do estado de hidratação do paciente. Intérferentes: o teste, que sofre influência do pH urinário, está otimizado para resultados exatos em pH 6,0. Se o pH urinário for 6,5 ou mais poderá interferir na rea­ ção, pois o azul de bromotimol é ativo nessa faixa. Portanto, recomenda-se sornar 0,005 à leitura da densidade de urina dentro dessa faixa de pH. Ao contrário dos métodos físicos de determinação da densidade, o método químico não é afetado pela presença de glicose ou de corantes radiográficos, mas a leitura é aumentada por níveis elevados de proteínas. 6.11 Leucócitos A presença de leucócitos na urina em número signi­ ficativo está relacionada, mais comumente, com infecção urinária (pielonefrite e cistite). Outros processos inflama- 8 0 tórios do trato genitourinurio podem levar ao aumento de leucócitos sem a presença de bacteriúria. A tira reativa utiliza esterases para hidrolisar o éster indoxilcarbônico e produzir indoxil que reage com o sal de diazônio e dá origem à cor púrpura. A pesquisa da esterase leucocitária é um método indi­ reto de detecção da presença de leucócitos na urina. Essa enzima está presente nos grânulos primários ou azurófilos dosneutrófilos,monócitos,eosinófilosebasófilos.Linfócitos e células epiteliais não contêm esterase leucocitária. Como os leucócitos podem sofrer lise na urina, a pesquisa da este­ rase leucocitária é útil na detecção de enzima derivada de células que não são mais visíveis à microscopia. Os resulta­ dos são expressos como: negativo, +, ++, +++, ++++. Significado clínico: Possível infecção do trato urinário Seleção de amostras para cultura Inter fer entes: presença de oxidantes fortes no rcci piente causa falsos positivos. Falsos negativos: níveis de glicose e proteínas altos. Amostras que contenham grande quantidade de pigmento podem produzir cor verde em vez ·ae-púrpura;·e isso deve sei:interpretado como positivo. 6.12 Acido ascórbico A presença de vitamina C ou ácido ascórbico é nor­ malmente não patológico nas amostras de urinas. Entre- 81
  • 40. lan lo, su a presença pode i n terferi r na determ i naçã o de out ros testes qu ím icos; em especial essa i nterferência é demonstrada na urofíta nos parâmetros: sangue e glicose, e isso se dá pela ação da peroxidase e oxidação de u m cromogênio para indicar a reação. O princípio é baseapo na redução das -proprieades de ácido ascórbico. Resultados · posiÜvos são iisuàlizàdos pela coloração laranja (na presença de 2,6-diclorofenolin­ dolfenol) referen te à decomposição do indicador azul de indolfenol pelo ácido ascórbico. 82 7. MICROSCOPIA Uma das ferramentas necessárias para o exame da urina é a microscopia. Os microscópios ópticos permi tem ;J observação de partículas de pequenas dimensões, invisí veis a olho nu. A visualização da imagem é,dessa forma, aumen­ tada e também é invertida (de cima para baixo e da esquerda para a direita). O microscópio óptico é formado por uma parte mecâ­ nica, a qual fornece suporte estrutural para o conjunto de lentes que representa a parte óptica do microscópio. A parte mecânica é constituída pelos seguintes elementos: platina: é o local onde é po icionada a lâmina a ser observada. A platina pode ser movimentada anterior, posterior e lateralmente, o que possibilita a explora­ ção de toda a extensão da lâmina em estudo. parafuso macrométrico: permite o ajuste grosseiro do foco. parafuso micrométrico:permiteoajustemaispreciso do foco. revólver: fornece sustentação para o conjunto de objetivas. Além disso, é uma peça móvel que permite a troca das objetivas durante a observação. 83 Em vários países, há muito se procurou simplifi­ car o exame de urina, abolindo-se a análise do sedi­ mento sempre que o exame físico mostra uma urina límpida, de coloração normal e o exame químico, realizado com tira reagente, não revela anormalida­ de. Tal norma foi adotada desde que respeitadas as características da cl ientela própria de cada serviço e as exigências da requisição médica. No Brasil, esse procedimento praticamente não é adotado e a grande maioria dos laboratórios clínicos executa sempre as três etapas.
  • 41. revólver objetivas platina condensador hase ou pe: 0 o ponto de apoio que sustenta todo o m icroscópio. braço ou coluna: porção que se projeta a partir da base e sustenta a platina e o revólver. A parte óptica do microscópio (Figura 1O) é compos­ ta por três sistemas de lentes: o condensador as objetivas a ocular ocular Figura 1O. Representação do Microscópio 84 O condensador concentra a luz proven iente da fonte luminosa, as objetivas (cm geral com aumen tos de 4, 1O,40 e 100 vezes) projetam a imagem aumen tada do objeto cm direção à ocular, a qual amplia a imagem novamente (em 1O vezes) e a projeta para a retina. Assim, a ampliação total fornecida pelo microscópio óptico é calculada pelo aumento da objetiva multiplicado pelo aumento da ocular. A qualidade da imagem no microscópio óptico depen­ de da focalização e do poder de resolução, o qual representa a capacidade de individualizar partículas. O poder de reso­ lução é expresso pelo limite de resolução (menor distâncin para que duas partículas sejam individualizadas). O limite de resolução dos melhores microscópios ópticos é de 0,2 micrômetros. 85
  • 42. . ..'T'" '" " 8. EXAME DE SEDIMENTO O sedimento urinário é obtido através de centrifugação. O estudo é realizado com a uti lização de microscópio para a identificação de elementos figurados que podem revelar alte­ rações renais e das vias urinárias, entre outras patologias. O exame a fresco, embora exija habilidade e expe­ riência, pela correlação com os dados clínicos do paciente permite obter um diagnóstico precoce. A análise do sedimento urinário pode descrever vá­ rios elementos figurados, tais como: hemácias, leucócitos, cristais, cilindros, entre outros. 8.1Metodologia Segundo as Normas Brasileiras de Regulamentação, o exame de urina é padronizado da seguinte forma: amostra de urina recente ou conservada, volume mínimo de 1O mL sendo acondicionado em tubo cônico para ser centrifugada a 400 FCR por 5 minutos (ou 1500 RPM), desprezar o so­ bre-nadante deixandoovolumede0,5-1,0 mLeressuspender esse volume. Posteriormente, deve ser colocado 0,020 mL do volume ressuspenso em uma lâmina, acrescentar uma lamínula (22 x 22mm) e imediatamente analisar a amostra. O critério para análise do sedimento urinário é a quan­ tificação microscópica, seguindo os critérios: examinar 1O- 86 "'P .Qil" T-· 15 çam pos com 400 vezes para nsullados positi vos e c111 amostras negativas devem ser observados 15-20 campos com 400 vezes. As células epiteliais e os cilindros devem ser exa m i­ nados com aumento de 100 vezes e a m édia dos rcsu lll1dus é expressa da seguinte forma: raras para observação de 1 até 3 elemen tos por campo; algumas para observação de 4 a 10 elementos por campo; numerosos para observação acima de 10 por campo; maciça para observação do campo tomado por um dos elementos figurados, impedindo a visuali zação dos outros elementos figurados. As hemácias e os leucócitos devem ser examinados em aumento de 400 vezes e a média dos resultados expres­ sos por campo microscópico é a seguinte: campo microscópico: observar 1O campos, calcular a média e expressar o número de elementos por campo microscópico; piúria maciça: quando o campo estiver tomado por elementos figurados, impedindo a visualização dos outros elementos; hematúria maciça: quando o campo estiver tomado por elementos figurados,impedindo a visualização dos outros elementos; 87
  • 43. o " o /'UI' 111i/ililru:obscrar no mínimo 10campo 111icrns­ cópicos, calcular a média e expressar o número de ele­ mentos por mi lilitros, multiplicando pelo fator 5,040; o º / bacteriúria: é considerada aumentada (FBA) acima de 99 por campo (quando visualizada em 400 vezes); moderadamente aumentada de 11 a 99 por campo (400 vezes); rara de 1 a 10 por campo (400 vezes) e ausentes. ' ºG o 8 (" Gí. o (, t o e> 8.2 Hemácias '1 A célula normal é visualizada ao microscópio como dois círculos concêntricos (disco incolor), com o tamanho de 7 mícrons, semelhantes à imagem de um pires visto de cima. Essa forma é devido à sua estru tura. A forma da hemácia na urina sofre intensa influência do pH e mudanças osmóticas. As hemácias são consideradas normais quando encontradas entre 0-2 por campo, o que significa que não ultrapassam o filtrado glomerular. A fo1 ma íntegra da hemácia serve para identificar o possível local do sangramento, através da microscopia de fase ou da coloração. A visualização dos eritrócitos pode ser confundida com a imagem de uratos e/ou esporos. Em urinas hipertônicas são encontradas as hemácias crenadas e nas amostras de urina alcalina as hemácias aparecem lisadas. As causas mais comuns de hematúria são lesões ou alterações na membrana glomerular ou vascular. A presença de hemáçias (Figura 11) está correla­ cionada com glomerulonefrites, infecções agudas, reações tóxicas, cálculo renal, contaminação menstrual, doenças malignas e distúrbios circulatórios. o 0 0 o 0 Figura 11.Hemácia 8.2.1 Hemácias dismórficas A morfologia das hemácias dismórficas (Figura 12) éstá relacionada com sangramento de origem renal, e esses elementos figurados são visualizados com tamanhos varia­ dos, fragmen tados, além da presença de protusões celula­ res, espículas na superfície e depósito de material mais denso namembrana celular.Torna-seimportanteadiferenciação da ..hematirria glomlar.çla não glemerular. Quando essas célu­ la· ão.cordaspor Wiight de_serívolvem hipocrômia. O exame de urina deve ser procedido 3 horas após micção urinária, devido às alterações do meio em que atuam na membrana da hemácia. A quantificação de hemácias dismórficas (amostras isoladas após estase vesical de 2 a 4 88 89 •