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Revisão da Literatura
O empreendedor, o politico empreendedor e o político
César Ferreira
Julho de 2010
2
CONTEÚDO
Introdução................................................................................................................................................3
O Empreendedor e o Empreendedorismo ................................................................................................4
O Político..................................................................................................................................................7
O Empreendedor Político .......................................................................................................................11
A Análise das características do empreendedorismo ..............................................................................13
Conclusões .............................................................................................................................................16
Limitações ..............................................................................................................................................16
Futuras áreas de investigação.................................................................................................................17
Bibliografia .............................................................................................................................................18
3
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objectivo apresentar uma revisão da literatura sobre três
conceitos que, na nossa opinião, importa analisar e estudar. Após o nosso trabalho de
investigação achamos útil apresentar uma revisão sobre os conceitos: empreendedor,
político e empreendedor político. Somos da opinião que os três existem e podem ser
encontrados de uma forma combinada num só indivíduo, mas também defendemos
que, por outro lado, podemos encontrar indivíduos só com características de
empreendedores ou só com características de políticos. O nosso trabalho vai consistir
em analisar as características que identificam os empreendedores as características
que identificam os políticos e por fim analisar as suas combinações. Vamos explorar as
diferenças entre um decisor político e um político empreendedor.
Neste trabalho vamos iniciar uma revisão da literatura sobre o empreendedor, sobre o
político e sobre os empreendedores políticos, segue-se uma proposta de grelha de
identificação de empreendedores políticos e terminamos com as conclusões,
apresentamos as limitações que encontramos no desenvolvimento do nosso trabalho e
identificamos linhas para futura investigação.
4
O EMPREENDEDOR E O EMPREENDEDORISMO
O início da utilização do conceito empreendedor está associado a Richard Cantillon
(1755) conforme é apresentado no trabalho de Hayek (1985), segundo o qual,
“empreendedor é alguém que aceita correr determinado risco na procura do lucro”.
Jean-Baptiste Say (1803), apresenta como empreendedor “aquele que assume a
responsabilidade e o risco de desenvolver uma actividade económica utilizando o seu
capital ou capital alheio”. Knight (1921) apresenta um conceito diferente, em que
empreendedor é o indivíduo que aceita gerir num cenário de incerteza, um conceito
diferente de risco, no mesmo trabalho, Knight aborda o conceito de julgamento
intuitivo ou indução inconsciente que, posteriormente, foi desenvolvido por Casson
(2003) com o nome de judgemental decisions. Schumpeter (1942) apresenta o
conceito empreendedor como o indivíduo que gera progresso na sociedade, aliando o
conceito de inovação1
1
De acordo como trabalho de Herbert e Link (2006) que estudaram a relação da inovação ao
empreendedorismo, vários autores, anteriores a Schumpeter, estudaram esta relação. O próprio
Schumpeter no seu trabalho de 1949 cita o exemplo de Jeremy Bentham (Séculos XVIII/XIX). Desta
forma não podemos considerar que Schumpeter é inovador neste assunto, mas é na realidade, o
primeiro a centralizar, no empreendedor e a sua relação com a inovação, como o motor do
desenvolvimento económico.
, o empreendedor é aquele que força a sociedade a progredir
através da inovação. O mesmo autor em 1949, apresenta o empreendedor como “o
homem que consegue que sejam feitas coisas novas não sendo necessariamente o que
as inventa”. O conceito de destruição-creativa, atribuído a Schumpeter, é a síntese
destes conceitos em que, numa economia estática, o empreendedor é o actor que vai
despoletar a criação e utilização de um novo produto de uma nova moda ou de um
novo processo de produção, um novo mercado, para Schumpeter o empreendedor
muda o mundo que encontra. Miller (1983) argumenta que o empreendedorismo
empresarial está relacionado com o meio envolvente, com a estrutura da empresa,
com a estratégia e com a personalidade do líder, e, a importância destas variáveis está
dependente do tipo de organização, pequena, grande ou orgânica. O conceito Intra-
empreendedor foi apresentado por Pinchot (1985) e refere-se ao indivíduo que
desenvolve uma atitude empreendedora dentro de uma organização, esta
5
característica é importante e talvez mereça um estudo aprofundado já que
Schumpeter na sua evolução sobre o conceito empreendedor, em 1949, em Harvard,
defende que são as grandes organizações que desenvolvem a inovação através do
investimento nos departamentos de Investigação e Desenvolvimento e dos recursos
humanos. Este desenvolvimento da sua teoria inicial dá a base para o trabalho de
Pinchot que desenvolve a ideia que, dentro de uma organização, podem existir
indivíduos empreendedores que desenvolvem o empreendedorismo dentro da própria
organização. Peter Drucker (1985) apresenta as estratégias empreendedoras, “Fustest
With the Mostest” que passa por ser o primeiro a avançar e a liderar o mercado desde
o momento inicial, “Creative Imitation” é a exploração de uma inovação que existe no
mercado dando-lhe novas utilidades e oportunidades, e, “Entreprenurial Judo”, que
passa por identificar um segmento que não está a ser servido e assim passar
despercebido pelos líderes de mercado e pouco a pouco ganhar quota até competir de
igual para igual com os líderes instalados. Baumol (1990) estuda a alocação de recursos
empreendedores na economia e, em discordância da generalização das conclusões do
trabalho de Schumpeter, sobre a importância do empreendedor como motor de
desenvolvimento da economia, apresenta um quadro de proposições2
2
Baumol apresenta três proposições: a actividade empreendedora deve ser remunerada de acordo com
as regras do jogo, e estas variam ao longo dos tempos, além de variarem ao longo dos tempos também
variam de sociedade para sociedade e por fim a relação da alocação da actividade empreendedora em
actividades produtivas e improdutivas é que dá o carácter inovador de uma economia.
que garantem a
importância do empreendedor no desenvolvimento da economia, sem as quais, o
empreendedor pode ser improdutivo ou mesmo destrutivo do desenvolvimento da
economia. Casson (2003) define como empreendedor aquele que consegue coordenar,
recursos escassos, através de judgemental decisions, que poderemos traduzir como
decisões para as quais não existe uma solução certa, calculada cientificamente. A
necessidade de julgamento reflecte a falta de informação material e a inexistência de
um enquadramento conceptual que ajude a interpretar a informação de modo a
decidir. Podemos resumir dizendo que, judgemental decisions, passa por possuir uma
elevada capacidade de decisão, em circunstâncias de incerteza, com uma correcta
previsão das consequências. Kirzner (1973, 2009) que estuda o empreendedorismo
desde a década de 70 do século passado apresenta um conceito que contraria o
6
conceito de Schumpeter e define empreendedor como aquele que capta o movimento
do mercado e utiliza-o em benefício próprio, esta ideia é oposta à de Schumpeter que
apresenta o empreendedor como aquele que é criador, inovador, que faz evoluir a
sociedade. Pelo contrário, Kirzen apresenta o empreendedor como aquele que
estabiliza as forças do mercado pela sua acção, não pela imposição da mudança, mas
por ser o primeiro a detectar a mudança. Para Kirzner o empreendedor é o agente em
permanente estado de alerta. Christopoulos (2006), no seu trabalho sobre as
características relacionais do empreendedor resume como, aquele que: tem a
tenacidade e a persistência para enfrentar situações provavelmente negativas à
partida, habilidade em criar ou inventar oportunidades, espírito competitivo,
pensamento estratégico combinado com rapidez de análise e, por fim, capacidade de
lidar positivamente com a incerteza, em resumo, os actores com capacidades
excepcionais para responder a desafios que ultrapassam os seus pares com o seu
pensamento estratégico, a sua capacidade de previsão e a sua habilidade para
manipular o ambiente envolvente. Chadwick, K., Barnet T., Dwyer S. (2008) analisam
os factores psicométricos de uma escala de orientação do empreendedorismo,
proposta por Miller and Frisen (1982), segundo a qual existem três dimensões de
orientação empreendedora: assumpção do risco, inovação e proactividade. As
conclusões do estudo reforçam a validade e a fiabilidade da escala.
Para Klein et al. (2010), o empreendedorismo é inovação, criatividade, o
estabelecimento de novas organizações, actividades ou alguma outra novidade e
resulta, essencialmente de três componentes, Estado de alerta em relação às
oportunidades, Investimentos sobre incerteza e judgemental decisions e a inovação no
produto, processo e mercado, utilizando assim uma lógica que resulta de uma
composição de uma corrente Kirzeneriana, uma corrente Knightiana e uma corrente
Schumpeteriana.
7
O POLÍTICO
Não dizemos que um homem que não revela interesse pela política é um
homem que não interfere na vida dos outros; dizemos que não interfere na
vida
3
(Wolff, 2004)
Quando estudamos as características de um político, e analisamos as concepções de
Platão e Aristóteles, encontramos uma concepção simbiótica e única entre o homem e
o Estado. O homem é político por natureza, e as características de um político passam
pelo conhecimento, mérito e comportamento justo. Platão na, República, identifica, no
oitavo e no nono livro, as características dos políticos e identifica cinco tipos de
políticos/estados: O aristocrata, o democrata, o oligarca, o timocrata e o tirano. Para
Platão o estado perfeito era a república que era governado por aristocratas que na sua
obra eram os nobres da arte da filosofia e da guerra, “os guardiães”.
“ (…) na cidade que quiser ser administrada na perfeição, haverá comunidades de mulheres,
comunidades dos filhos e de toda a educação, e do mesmo modo comunidade de ocupação na
guerra e na paz, e que dentre eles serão soberanos aqueles que mais se distinguirem na filosofia
e na guerra”. (Platão, A República)
Aristóteles no seu trabalho, Política, analisa a política e os políticos e desenvolve o
trabalho de Platão. No seu trabalho Aristóteles enfoca como característica dos
políticos o sentido de justiça, moral e ética, os homens que teriam as tarefas de
governo seriam os mais aptos por natureza. Defende que o Estado é um conjunto de
cidadãos e que os seres humanos são seres sociáveis. Esta relação, entre o Estado e o
Homem, dá origem a uma das frases mais conhecidas de Aristóteles.
“ O Homem é um animal político por natureza” (Aristótles, Tratado da Política)
3
Afirmação atribuída a Péricles, na oração fúnebre pela evocação dos mortos do primeiro ano da guerra
do Peloponeso, por Tucídides, na História da Guerra do Peloponeso. Retirada da edição inglesa de 1972
da Penguim.
8
Maquiavel (1518) apresenta no seu trabalho, O Príncipe, como característica principal
para ser bem sucedido na política a capacidade de impor a sua vontade.
“Todos sabem quão louvável é um príncipe ser fiel à sua palavra e proceder com integridade e
não com astúcia; contudo, a experiência mostra que nos nossos tempos só fizeram grandes
coisas aqueles príncipes que tiveram em pouca conta as promessas feitas e que, com astúcia,
souberam confundir as cabeças dos homens e por fim superaram os que se fundaram na sua
lealdade.” (Maquiavel, O Príncipe).
Schumpeter (1942), afirma que os políticos conseguem criar a vontade de um povo,
pelo que a análise do processo político não analisa a vontade de um povo mas a
vontade fabricada de um povo. Desta forma concluímos que os políticos têm a
capacidade de manipular a vontade de um povo.
Greenstein (1992) num estudo interessante sobre a importância do estudo da
personalidade dos políticos reúne cinco argumentos, utilizados com frequência, que
advogam a inutilidade deste tipo de estudo, que passam por: (1) Os indivíduos são
distribuídos aleatoriamente por lugares políticos e essa característica neutraliza
qualquer estudo empírico. (2) O comportamento é afectado principalmente pelo meio
envolvente relativamente à personalidade. (3) O estudo da personalidade nos políticos
é inútil porque a ligação entre a psicopatologia e a política é rara ou sem importância.
(4) As características sociais dos actores políticos são mais importantes que as
característica psicológicas e por fim (5) a incapacidade dos indivíduos de afectarem os
eventos.
No seu trabalho Greenstein sistematiza, na figura 1, todas as componentes que são
utilizadas no estudo da personalidade dos políticos e responde a todas as reservas
supra apresentadas.
9
Figura 1 retirado de “Can Personality and politics be studied systematically?”. Greenstein (1992)
Passado Presente Futuro
Macro
Ambiente
Condições históricas Estado actual da sociedade e da política Estado Futuro
da Sociedade
e da Política
Micro
Ambiente
Agentes de
socialização e
experiência social
Estado actual do meio envolvente próximo
Estado futuro
do meio
envolvente
próximo
Predisposição
Predisposições
desenvolvidas
(incluíndo
percepções,
orientação
consciente, base
funcional e
características
biológicas)
Percepções do meio envolvente
Estado futuro
das
predisposições
Consciência Política e orientação política
relevante (conhecimento político relevante,
identificação, opinião, crenças, valores, ideologia
e estereótipos)
Resposta
Política
Base funcional de consciência: Orientação
da estrutura básica de personalidade.
1 - conhecimento e necessidade
2- Mediação da relação entro o eu e os
outros
3- Estratégia defensiva do ego
Características biológicas de
personalidade, temperamento, estado
psicológico, herança genética e etc.
Desta análise Greenstein defende que há um caminho para ser estudado na área do
estudo da personalidade dos políticos e que existe uma correlação entre
personalidade e políticos que precisa de evidência empírica.
Englis e Pennell (1993) desenvolvem um trabalho, em que analisam, empiricamente, as
características físicas e de personalidade de um político, vistas como um produto, e
concluem:
“De um modo geral as figuras políticas ideais possuem traços de honestidade, cordialidade,
charme, conhecimento e têm uma mente aberta. São também inteligentes, de carácter forte e
fiáveis. O protótipo da aparência é alguém entre os 40 ou 50 anos, é bem vestido, alto (mais de
1,80 cm), e atraente, mas não muito atraente.”
10
deLeon (1994) estuda a importância dos valores profissionais para actores públicos
onde inclui os políticos, e, numa escala de 18 opções4
Green (2007) num trabalho para a Agência de Governos Locais de Inglaterra e País de
Gales, apresenta os resultados da aplicação de um instrumento
, a liderança, o profissionalismo e
a eficácia aparecem nos três primeiros lugares, já a metodologia científica (scientism),
a empatia e o incrementalismo aparecem nos últimos lugares.
5
de análise de perfis de
personalidade, para o estudo da personalidade dos políticos. A primeira questão que
ressalvamos, das conclusões apresentadas, é que a personalidade dos políticos não
está relacionado com escolhas ou partidos, isto é, não existe nenhuma correlação
entre os traços de personalidade e um partido ou uma opção política. No que respeita
às características de personalidade, os políticos tendem a ser, mais extrovertidos e
menos introvertidos do que a população em geral, são, normalmente, orientados para
o futuro e conduzidos por visões globais, vêm a floresta e detrimento das árvores, são
mais racionais, menos emotivos e mais adeptos da mudança do que a população em
geral.
4
Comprehensiveness (systems, inclusiveness), Compromise (arbitrative, consensual), Effectiveness
(valid & useful outcomes), Efficiency (avoidance of waste), Empathy (emotional interdependency),
Equity (a just distribution of resources), Futurism (utopian, visionary), Incrementalism (conservative,
marginal change), Innovativeness (change-oriented, creative), Leadership (ability, direct), Management
(administrative, direct), Participation (democratic, open processes), Planning (goal-oriented,
systematic), Practicality (feasible, realistic), Professionalism (competence, ethical, technical), Public
interest (common good), Scientism (analytic, rational), strategy (action-oriented, tactical).
5
MBTI – Myers Briggs Type Indicator
11
O EMPREENDEDOR POLÍTICO
DiLorenzo (1986) afirma que os empreendedores políticos são especialistas em criar
falsas crises políticas de modo a convencer os eleitores a aceitarem as suas propostas
políticas. Riker (1986) define empreendedor político, aquele que desafia o status quo
utilizando a retórica e a resignificação para chamar a atenção das pessoas para o que,
de outro modo seria um dado adquirido do mundo da política. Para Schneider (1992) o
empreendedor político é aquele que muda a direcção e o fluxo da política. Holcombe
(2002) diz que um acto de empreendedorismo político ocorre quando um indivíduo
observa e actua em função de uma oportunidade política, desta forma encontramos a
oportunidade, observação e estado de alerta e depois a acção. No entanto, Holocombe
(2002), no seu trabalho, argumenta que no mercado político a oportunidade pode ser
forçada e apresenta a figura do empreendedor político predador que passa pelo
indivíduo que consegue promover a transferência de apoio político de uma situação
para outra que lhe seja favorável. Francois (2003) apresenta o empreendedor político
aquele que reúne duas características, é um indivíduo que compete pelos votos para
um cargo electivo e que utiliza a sua acção política governativa para captar mais votos
para uma futura reeleição. Assim Francois (2003) apresenta o empreendedor político o
indivíduo que reúne estas características e que tem três opções de acção: a
especulação, a inovação e a arbitragem. Christopoulos (2006) considera
empreendedores políticos: actores com capacidades comportamentais distintivos de
liderança política e gestão de redes, capacidade de análise sobre a função de utilidade
de investimento de capital político em determinada acção ou política, existência de
constrangimentos sócio-políticos que influenciam a sua aptidão para a intervenção
política e atributos relacionais únicos que propiciam capital político e poder e controlo
da rede política. Schnellenbach (2007), num trabalho sobre empreendedorismo
público apresenta o empreendedorismo político como uma forma de
empreendedorismo público e distingue o empreendedor político do empreendedor da
política. Sendo empreendedor político aquele que introduz a inovação quando
concorre para ser eleito para um lugar e o empreendedor da política aquele que
canaliza os seus esforços para promover novas políticas. Mintrom e Norman (2009)
sugerem que a mudança política e a inovação são os fundamentos do
12
empreendedorismo político e existem quatro elementos centrais na sua base: (1)
predisposição de uma acuidade social elevada utilizando as redes de contactos e
percebendo as necessidades, as ideias e os motivos dos outros nos seus contextos
político locais; (2) capacidade de definição de problemas, que passa pela escolha dos
atributos específicos do problema que levam a que os outros prestem atenção aos
seus argumentos, esta capacidade requer uma combinação da acuidade social com
competências de gestão de conflitos e negociação; (3) capacidade de construção de
equipas que está associada a três características, utilização das redes pessoais e
profissionais para promover a mudança política, utilização de equipas
multidisciplinares e desenvolvimento de coligações com grupos que aportem um apoio
adicional à causa; e por fim liderança pelo exemplo que é a arma utilizada para lutar
contra a aversão ao risco dos decisores político, a capacidade de criar situações de
teste, ou piloto para promover as suas iniciativas são muitas vezes utilizadas para os
empreendedores políticos defenderem a mudança e a inovação.
13
A ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO
Morris e Lewis (1995) apresentam um quadro conceptual de análise sobre a
causalidade entre as características do meio envolvente e do percurso de vida pessoal
e profissional na propensão para o empreendedorismo das pessoas. A análise incidia
no meio envolvente infra-estrutural, da turbulência do meio envolvente e experiência
de vida pessoal.
Figura 2. Adaptado de Morgan e Lewis (1995) – The determinantes of entrepreneurial activity
Infra-estruturas do meio envolvente
Planeamento centralizado Estruturas Económicas Livre iniciativa
Totalitarismo Estruturas Políticas Democracia
Responsabilidade ilimitada Estruturas Legais Responsabilidade limitada
Centralizado/conservador Estruturas Financeiras Descentralizado/competitivo
Subdesenvolvido ou obsoleto Estruturas Logísticas Bem desenvovido
Institucional Estruturas Sociais Individualista
Turbulência no meio envolvente
Estagnado Ambiente Tecnológico Rápida Mudança
Estável Ambiente Económico Cíclico
Homogénea Procura Heterogénea
Status quo Concorrência Ameaçadora
Passivo Ambiente Legal e Regulador Agressivo
Previsível Disponibilidade de Recursos Imprevisível
Tradicional Ambiente Social Experimental
Experiências de Vida e Pessoais
Acolhedora Experiência Familiar Autoritária
Standard Experiência Educacional Creativa
Complacente/Constrangedor Grupos de Amigos Arriscados/Ousados
Confortável Experiência Profissional Insatisfatória
Este instrumento permite-nos analisar sistematicamente os factores preponderantes
para o trabalho de investigação sobre os factores determinantes na procura do
empreendedor político, Morgan e Lewis (1995), defendem que os traços e as
características do empreendedorismo são apreendidas, não são inatas, e ao nível
social, familiar e organizacional, o meio envolvente, que propensos à criatividade,
independência, autonomia, orientação para resultados, à responsabilização pessoal e à
assumpção de riscos calculados, desenvolvem com mais facilidade indivíduos
empreendedores.
14
Figura 3. Quadro comparativo das definições de empreendedor, político e empreendedor político
Empreendedor Político Empreendedor Político
Richard
Cantillon
(1755)
alguém que aceita correr determinado
risco na procura do lucro
Platão
século IV a.C.
características de um político passam
pelo conhecimento, mérito e
comportamento justo
DiLorenzo
(1986)
são especialistas em criar falsas crises
políticas de modo a convencer os
eleitores a aceitarem as suas
propostas políticas
Jean-
Baptiste Say
(1803)
aquele que assume a responsabilidade
e o risco de desenvolver uma
actividade económica utilizando o seu
capital ou capital alheio
Aristóteles
século IV a.C.
característica dos políticos o sentido
de justiça, moral e ética, os homens
que teriam as tarefas de governo
seriam os mais aptos por natureza
Riker (1986)
aquele que desafia o status quo
utilizando a retórica e a resignificação
para chamar a atenção das pessoas
Knight
(1921)
aceita gerir num cenário de incerteza
Maquiavel
(1518)
característica principal para ser bem
sucedido na política a capacidade de
impor a sua vontade
Schneider
(1992)
aquele que muda a direcção e o fluxo
da política
Schumpeter
(1942)
aquele que força a sociedade a
progredir através da inovação
Schumpeter
(1942)
os políticos têm a capacidade de
manipular a vontade de um povo
Holcombe
(2002)
indivíduo observa e actua em função
de uma oportunidade política, desta
forma encontramos a oportunidade,
observação e estado de alerta e
depois a acção
Miller and
Frisen (1982)
existem três dimensões de orientação
empreendedora: assumpção do risco,
inovação e proactividade
Greenstein
(1992)
As características de personalidade
dos políticos passam por influências
do ambiente, históricas e socias,
funções base de cosnciência e funções
biológicas
Francois
(2003)
indivíduo que compete pelos votos
para um cargo electivo e que utiliza a
sua acção política governativa para
captar mais votos para uma futura
reeleição
Miller (1983)
argumenta que o empreendedorismo
empresarial está relacionado com o
meio envolvente, a estrutura da
empresa, a estratégia e com a
personalidade do líder
Englis e
Pennell
(1993)
figuras políticas ideais possuem traços
de honestidade, cordialidade, charme,
conhecimento e têm uma mente
aberta. São também inteligentes, de
carácter forte e fiáveis. O protótipo da
aparência é alguém entre os 40 ou 50
anos, é bem vestido, alto (mais de
1,80 cm), e atraente, mas não muito
atraente
Christopoulo
s (2006)
actores com capacidades
comportamentais distintivos de
liderança política e gestão de redes,
capacidade de análise sobre a função
de utilidade de investimento de capital
político em determinada acção ou
política, existência de
constrangimentos sócio-políticos que
influenciam a sua aptidão para a
intervenção política e atributos
relacionais únicos que propiciam
capital político e poder e controlo da
rede política
Casson
(2003)
aquele que consegue coordenar,
recursos escassos, através de
judgemental decisions
deLeon
(1994)
liderança, o profissionalismo e a
eficácia aparecem nos três primeiros
lugares, já a metodologia científica
(scientism), a empatia e o
incrementalismo aparecem nos
últimos lugares
Schnellenbac
h (2007)
Sendo empreendedor político aquele
que introduz a inovação quando
concorre para ser eleito para um lugar
e o empreendedor da política aquele
que canaliza os seus esforços para
promover novas políticas
Christopoulo
s (2006)
- a tenacidade e a persistência em
enfrentar situações provavelmente
negativas à partida, habilidade em
criar ou inventar oportunidades,
espírito competitivo, pensamento
estratégico combinado com rapidez de
análise e, por fim, capacidade de lidar
positivamente com a incerteza, em
resumo, os actores com capacidades
excepcionais para responder a
desafios que ultrapassam os seus
pares com o seu pensamento
estratégico, a sua capacidade de
previsão e a sua habilidade para
manipular o ambiente envolvente
Green (2007)
a personalidade dos políticos não está
relacionado com escolhas ou partidos
No que respeita às características de
personalidade, os políticos tendem a
ser, mais extrovertidos e menos
introvertidos do que a população em
geral, são, normalmente, orientados
para o futuro e conduzidos por visões
globais, vêm a floresta e detrimento
das árvores, são mais racionais, menos
emotivos e mais adeptos da mudança
do que a população em geral
Kirzner
(1973, 2009)
O empreendedor é o agente em
permanente estado de alerta
Klein et al.
(2010)
O empreendedorismo é inovação,
criatividade, o estabelecimento de
novas organizações ou actividades ou
alguma outra novidade e resulta,
essencialmente de três componentes,
Estado de alerta em relação às
oportunidades, Investimentos sobre
incerteza e judgemental decisions e a
inovação no produto, processo e
mercado
15
Na figura 3 estão sistematizados todos os conceitos apresentados anteriormente. O
objectivo deste trabalho é o estudo das características dos empreendedores e dos
políticos e apresentar uma definição abrangente sobre o político empreendedor. Do
trabalho efectuado resultam alguns conceitos que nos levam a apresentar o
empreendedor como um indivíduo, proactivo, que aceita correr um risco calculado,
com uma capacidade de decisão focada nos resultados futuros, que procura
activamente a oportunidade e a inovação. A definição de um político é bastante mais
complexa e neste contexto vamos utilizar as palavras de Aristóteles e definimos que
todo o homem é um animal político por natureza. Dos trabalhos que consultamos
verificamos que a definição do político está mais associada às características de
personalidade e do meio envolvente. O contexto e o meio envolvente são importantes
mas existem estudos (Greenstein, 1995) que nos indicam que as características de
personalidade são determinantes para a propriedade de competências políticas e o
seu desenvolvimento é variável de acordo com o contexto sócio político. A gestão da
rede de contactos e o seu posicionamento perante os outros elementos é crucial na
definição do político e esta característica assenta na função base da política que passa
pela necessidade de uma organização social para a vida do Homem. Relativamente aos
políticos empreendedores consideramos que aqueles que se competem por um lugar
de representação ou governação sujeitando-se ao risco e à incerteza dos resultados,
aqueles que promovem políticas inovadoras e procuram a mudança na sociedade são
os políticos empreendedores. Nesta definição a competitividade por um lugar de
representação ou governação não se cinge ao modelo democrático, porque existem
políticos empreendedores nos diversos modelos políticos mas eles são determinantes
para o sucesso do modelo democrático conforme North (1990). É também importante
analisar a vertente da destruição criativa e a disrupção que diferencia os políticos
empreendedores dos políticos. Mesmo nos sistemas democráticos consolidados
podem existir alguns reinados de poder (Klein et al, 2010) que são criados e
defendidos por um conjunto de membros de um grupo que ganha o poder e utilizam
os ciclos políticos para se manterem no poder. Estas situações mantêm-se até que um
político empreendedor identifique uma oportunidade e avance com uma estratégia de
conquista do lugar de governação.
16
CONCLUSÕES
No artigo encontramos como conclusões uma análise pormenorizada das
características dos empreendedores e dos políticos empreendedores e consideramos
políticos empreendedores aqueles indivíduos que competem por um lugar de
representação ou governação sujeitando-se ao risco e à incerteza dos resultados e
promovem políticas inovadoras no intuito produzirem uma mudança na sociedade. A
construção de uma grelha de análise destas características de personalidade é o
primeiro passo para encontrar os indivíduos que consideramos potenciais políticos
empreendedores. A identificação dos indivíduos com características de políticos
empreendedores é bastante importante, porque proporciona um mecanismo de
identificação dos casos que reúnem as condições de base e esses indivíduos podem ser
acompanhados e formados no sentido de desenvolverem as suas capacidades, como
apresentamos no trabalho e conforme Greenstein, o meio envolvente é crucial para o
desenvolvimento dos comportamentos dos políticos empreendedores. Morris e Lewis
(1995) apresentam um modelo de desenvolvimento das condições ambientais para
fomentar o empreendedorismo, assim, com este instrumento, os partidos, as
associações e todas as organizações sociais podem identificar os elementos com
características de políticos empreendedores e prepararem as condições necessárias
para o desenvolvimento dos perfis de personalidade empreendedora dos seus
elementos.
LIMITAÇÕES
Este trabalho tem como limitação a necessidade de estudar os conceitos abordados
nos diversos sistemas políticos e nas diversas culturas. A metodologia utilizada passa
por uma análise do trabalho desenvolvido, até à data, e depois desenvolvemos um
trabalho conceptual, que carece de uma validação empírica da grelha proposta.
17
FUTURAS ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO
Este trabalho pode ser considerado um trabalho inicial na análise do
empreendedorismo político na óptica do político empreendedor pelo que poderá ser
desenvolvida uma investigação futura com validação empírica do político
empreendedor e das suas características e quais as suas semelhanças e diferenças com
o empreendedor empresário. Esta abordagem deve ser promovida tendo como
factores de diferenciação a cultura e o modelo político vigente. O facto de as
características de um empreendedor basearem-se em traços de personalidade e do
meio envolvente, passado e presente, a análise transnacional e transcultural do
político empreendedor, abre o caminho para um conjunto de estudos, sobre o
desenvolvimento político e social, nos diversos contextos culturais.
18
BIBLIOGRAFIA
Aristótles, “Tratado da Política”,Livros de Bolso Europa América – Grandes Obras, 2ª ed.
Baumol W. J., (1990), “Entrepreneurship: Productive, Unproductive, and Destructive”, The Journal of
Political Economy, Vol. 98, No. 5, Part 1. (Oct.), pp. 893-921.
Casson, Mark C. (2003), “Entrepreneurship, Business Culture and the Theory of the Firm”, in Handbook
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Características do empreendedor, político e empreendedor político

  • 1. Doctoral Programme of Marketing and Strategy Revisão da Literatura O empreendedor, o politico empreendedor e o político César Ferreira Julho de 2010
  • 2. 2 CONTEÚDO Introdução................................................................................................................................................3 O Empreendedor e o Empreendedorismo ................................................................................................4 O Político..................................................................................................................................................7 O Empreendedor Político .......................................................................................................................11 A Análise das características do empreendedorismo ..............................................................................13 Conclusões .............................................................................................................................................16 Limitações ..............................................................................................................................................16 Futuras áreas de investigação.................................................................................................................17 Bibliografia .............................................................................................................................................18
  • 3. 3 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objectivo apresentar uma revisão da literatura sobre três conceitos que, na nossa opinião, importa analisar e estudar. Após o nosso trabalho de investigação achamos útil apresentar uma revisão sobre os conceitos: empreendedor, político e empreendedor político. Somos da opinião que os três existem e podem ser encontrados de uma forma combinada num só indivíduo, mas também defendemos que, por outro lado, podemos encontrar indivíduos só com características de empreendedores ou só com características de políticos. O nosso trabalho vai consistir em analisar as características que identificam os empreendedores as características que identificam os políticos e por fim analisar as suas combinações. Vamos explorar as diferenças entre um decisor político e um político empreendedor. Neste trabalho vamos iniciar uma revisão da literatura sobre o empreendedor, sobre o político e sobre os empreendedores políticos, segue-se uma proposta de grelha de identificação de empreendedores políticos e terminamos com as conclusões, apresentamos as limitações que encontramos no desenvolvimento do nosso trabalho e identificamos linhas para futura investigação.
  • 4. 4 O EMPREENDEDOR E O EMPREENDEDORISMO O início da utilização do conceito empreendedor está associado a Richard Cantillon (1755) conforme é apresentado no trabalho de Hayek (1985), segundo o qual, “empreendedor é alguém que aceita correr determinado risco na procura do lucro”. Jean-Baptiste Say (1803), apresenta como empreendedor “aquele que assume a responsabilidade e o risco de desenvolver uma actividade económica utilizando o seu capital ou capital alheio”. Knight (1921) apresenta um conceito diferente, em que empreendedor é o indivíduo que aceita gerir num cenário de incerteza, um conceito diferente de risco, no mesmo trabalho, Knight aborda o conceito de julgamento intuitivo ou indução inconsciente que, posteriormente, foi desenvolvido por Casson (2003) com o nome de judgemental decisions. Schumpeter (1942) apresenta o conceito empreendedor como o indivíduo que gera progresso na sociedade, aliando o conceito de inovação1 1 De acordo como trabalho de Herbert e Link (2006) que estudaram a relação da inovação ao empreendedorismo, vários autores, anteriores a Schumpeter, estudaram esta relação. O próprio Schumpeter no seu trabalho de 1949 cita o exemplo de Jeremy Bentham (Séculos XVIII/XIX). Desta forma não podemos considerar que Schumpeter é inovador neste assunto, mas é na realidade, o primeiro a centralizar, no empreendedor e a sua relação com a inovação, como o motor do desenvolvimento económico. , o empreendedor é aquele que força a sociedade a progredir através da inovação. O mesmo autor em 1949, apresenta o empreendedor como “o homem que consegue que sejam feitas coisas novas não sendo necessariamente o que as inventa”. O conceito de destruição-creativa, atribuído a Schumpeter, é a síntese destes conceitos em que, numa economia estática, o empreendedor é o actor que vai despoletar a criação e utilização de um novo produto de uma nova moda ou de um novo processo de produção, um novo mercado, para Schumpeter o empreendedor muda o mundo que encontra. Miller (1983) argumenta que o empreendedorismo empresarial está relacionado com o meio envolvente, com a estrutura da empresa, com a estratégia e com a personalidade do líder, e, a importância destas variáveis está dependente do tipo de organização, pequena, grande ou orgânica. O conceito Intra- empreendedor foi apresentado por Pinchot (1985) e refere-se ao indivíduo que desenvolve uma atitude empreendedora dentro de uma organização, esta
  • 5. 5 característica é importante e talvez mereça um estudo aprofundado já que Schumpeter na sua evolução sobre o conceito empreendedor, em 1949, em Harvard, defende que são as grandes organizações que desenvolvem a inovação através do investimento nos departamentos de Investigação e Desenvolvimento e dos recursos humanos. Este desenvolvimento da sua teoria inicial dá a base para o trabalho de Pinchot que desenvolve a ideia que, dentro de uma organização, podem existir indivíduos empreendedores que desenvolvem o empreendedorismo dentro da própria organização. Peter Drucker (1985) apresenta as estratégias empreendedoras, “Fustest With the Mostest” que passa por ser o primeiro a avançar e a liderar o mercado desde o momento inicial, “Creative Imitation” é a exploração de uma inovação que existe no mercado dando-lhe novas utilidades e oportunidades, e, “Entreprenurial Judo”, que passa por identificar um segmento que não está a ser servido e assim passar despercebido pelos líderes de mercado e pouco a pouco ganhar quota até competir de igual para igual com os líderes instalados. Baumol (1990) estuda a alocação de recursos empreendedores na economia e, em discordância da generalização das conclusões do trabalho de Schumpeter, sobre a importância do empreendedor como motor de desenvolvimento da economia, apresenta um quadro de proposições2 2 Baumol apresenta três proposições: a actividade empreendedora deve ser remunerada de acordo com as regras do jogo, e estas variam ao longo dos tempos, além de variarem ao longo dos tempos também variam de sociedade para sociedade e por fim a relação da alocação da actividade empreendedora em actividades produtivas e improdutivas é que dá o carácter inovador de uma economia. que garantem a importância do empreendedor no desenvolvimento da economia, sem as quais, o empreendedor pode ser improdutivo ou mesmo destrutivo do desenvolvimento da economia. Casson (2003) define como empreendedor aquele que consegue coordenar, recursos escassos, através de judgemental decisions, que poderemos traduzir como decisões para as quais não existe uma solução certa, calculada cientificamente. A necessidade de julgamento reflecte a falta de informação material e a inexistência de um enquadramento conceptual que ajude a interpretar a informação de modo a decidir. Podemos resumir dizendo que, judgemental decisions, passa por possuir uma elevada capacidade de decisão, em circunstâncias de incerteza, com uma correcta previsão das consequências. Kirzner (1973, 2009) que estuda o empreendedorismo desde a década de 70 do século passado apresenta um conceito que contraria o
  • 6. 6 conceito de Schumpeter e define empreendedor como aquele que capta o movimento do mercado e utiliza-o em benefício próprio, esta ideia é oposta à de Schumpeter que apresenta o empreendedor como aquele que é criador, inovador, que faz evoluir a sociedade. Pelo contrário, Kirzen apresenta o empreendedor como aquele que estabiliza as forças do mercado pela sua acção, não pela imposição da mudança, mas por ser o primeiro a detectar a mudança. Para Kirzner o empreendedor é o agente em permanente estado de alerta. Christopoulos (2006), no seu trabalho sobre as características relacionais do empreendedor resume como, aquele que: tem a tenacidade e a persistência para enfrentar situações provavelmente negativas à partida, habilidade em criar ou inventar oportunidades, espírito competitivo, pensamento estratégico combinado com rapidez de análise e, por fim, capacidade de lidar positivamente com a incerteza, em resumo, os actores com capacidades excepcionais para responder a desafios que ultrapassam os seus pares com o seu pensamento estratégico, a sua capacidade de previsão e a sua habilidade para manipular o ambiente envolvente. Chadwick, K., Barnet T., Dwyer S. (2008) analisam os factores psicométricos de uma escala de orientação do empreendedorismo, proposta por Miller and Frisen (1982), segundo a qual existem três dimensões de orientação empreendedora: assumpção do risco, inovação e proactividade. As conclusões do estudo reforçam a validade e a fiabilidade da escala. Para Klein et al. (2010), o empreendedorismo é inovação, criatividade, o estabelecimento de novas organizações, actividades ou alguma outra novidade e resulta, essencialmente de três componentes, Estado de alerta em relação às oportunidades, Investimentos sobre incerteza e judgemental decisions e a inovação no produto, processo e mercado, utilizando assim uma lógica que resulta de uma composição de uma corrente Kirzeneriana, uma corrente Knightiana e uma corrente Schumpeteriana.
  • 7. 7 O POLÍTICO Não dizemos que um homem que não revela interesse pela política é um homem que não interfere na vida dos outros; dizemos que não interfere na vida 3 (Wolff, 2004) Quando estudamos as características de um político, e analisamos as concepções de Platão e Aristóteles, encontramos uma concepção simbiótica e única entre o homem e o Estado. O homem é político por natureza, e as características de um político passam pelo conhecimento, mérito e comportamento justo. Platão na, República, identifica, no oitavo e no nono livro, as características dos políticos e identifica cinco tipos de políticos/estados: O aristocrata, o democrata, o oligarca, o timocrata e o tirano. Para Platão o estado perfeito era a república que era governado por aristocratas que na sua obra eram os nobres da arte da filosofia e da guerra, “os guardiães”. “ (…) na cidade que quiser ser administrada na perfeição, haverá comunidades de mulheres, comunidades dos filhos e de toda a educação, e do mesmo modo comunidade de ocupação na guerra e na paz, e que dentre eles serão soberanos aqueles que mais se distinguirem na filosofia e na guerra”. (Platão, A República) Aristóteles no seu trabalho, Política, analisa a política e os políticos e desenvolve o trabalho de Platão. No seu trabalho Aristóteles enfoca como característica dos políticos o sentido de justiça, moral e ética, os homens que teriam as tarefas de governo seriam os mais aptos por natureza. Defende que o Estado é um conjunto de cidadãos e que os seres humanos são seres sociáveis. Esta relação, entre o Estado e o Homem, dá origem a uma das frases mais conhecidas de Aristóteles. “ O Homem é um animal político por natureza” (Aristótles, Tratado da Política) 3 Afirmação atribuída a Péricles, na oração fúnebre pela evocação dos mortos do primeiro ano da guerra do Peloponeso, por Tucídides, na História da Guerra do Peloponeso. Retirada da edição inglesa de 1972 da Penguim.
  • 8. 8 Maquiavel (1518) apresenta no seu trabalho, O Príncipe, como característica principal para ser bem sucedido na política a capacidade de impor a sua vontade. “Todos sabem quão louvável é um príncipe ser fiel à sua palavra e proceder com integridade e não com astúcia; contudo, a experiência mostra que nos nossos tempos só fizeram grandes coisas aqueles príncipes que tiveram em pouca conta as promessas feitas e que, com astúcia, souberam confundir as cabeças dos homens e por fim superaram os que se fundaram na sua lealdade.” (Maquiavel, O Príncipe). Schumpeter (1942), afirma que os políticos conseguem criar a vontade de um povo, pelo que a análise do processo político não analisa a vontade de um povo mas a vontade fabricada de um povo. Desta forma concluímos que os políticos têm a capacidade de manipular a vontade de um povo. Greenstein (1992) num estudo interessante sobre a importância do estudo da personalidade dos políticos reúne cinco argumentos, utilizados com frequência, que advogam a inutilidade deste tipo de estudo, que passam por: (1) Os indivíduos são distribuídos aleatoriamente por lugares políticos e essa característica neutraliza qualquer estudo empírico. (2) O comportamento é afectado principalmente pelo meio envolvente relativamente à personalidade. (3) O estudo da personalidade nos políticos é inútil porque a ligação entre a psicopatologia e a política é rara ou sem importância. (4) As características sociais dos actores políticos são mais importantes que as característica psicológicas e por fim (5) a incapacidade dos indivíduos de afectarem os eventos. No seu trabalho Greenstein sistematiza, na figura 1, todas as componentes que são utilizadas no estudo da personalidade dos políticos e responde a todas as reservas supra apresentadas.
  • 9. 9 Figura 1 retirado de “Can Personality and politics be studied systematically?”. Greenstein (1992) Passado Presente Futuro Macro Ambiente Condições históricas Estado actual da sociedade e da política Estado Futuro da Sociedade e da Política Micro Ambiente Agentes de socialização e experiência social Estado actual do meio envolvente próximo Estado futuro do meio envolvente próximo Predisposição Predisposições desenvolvidas (incluíndo percepções, orientação consciente, base funcional e características biológicas) Percepções do meio envolvente Estado futuro das predisposições Consciência Política e orientação política relevante (conhecimento político relevante, identificação, opinião, crenças, valores, ideologia e estereótipos) Resposta Política Base funcional de consciência: Orientação da estrutura básica de personalidade. 1 - conhecimento e necessidade 2- Mediação da relação entro o eu e os outros 3- Estratégia defensiva do ego Características biológicas de personalidade, temperamento, estado psicológico, herança genética e etc. Desta análise Greenstein defende que há um caminho para ser estudado na área do estudo da personalidade dos políticos e que existe uma correlação entre personalidade e políticos que precisa de evidência empírica. Englis e Pennell (1993) desenvolvem um trabalho, em que analisam, empiricamente, as características físicas e de personalidade de um político, vistas como um produto, e concluem: “De um modo geral as figuras políticas ideais possuem traços de honestidade, cordialidade, charme, conhecimento e têm uma mente aberta. São também inteligentes, de carácter forte e fiáveis. O protótipo da aparência é alguém entre os 40 ou 50 anos, é bem vestido, alto (mais de 1,80 cm), e atraente, mas não muito atraente.”
  • 10. 10 deLeon (1994) estuda a importância dos valores profissionais para actores públicos onde inclui os políticos, e, numa escala de 18 opções4 Green (2007) num trabalho para a Agência de Governos Locais de Inglaterra e País de Gales, apresenta os resultados da aplicação de um instrumento , a liderança, o profissionalismo e a eficácia aparecem nos três primeiros lugares, já a metodologia científica (scientism), a empatia e o incrementalismo aparecem nos últimos lugares. 5 de análise de perfis de personalidade, para o estudo da personalidade dos políticos. A primeira questão que ressalvamos, das conclusões apresentadas, é que a personalidade dos políticos não está relacionado com escolhas ou partidos, isto é, não existe nenhuma correlação entre os traços de personalidade e um partido ou uma opção política. No que respeita às características de personalidade, os políticos tendem a ser, mais extrovertidos e menos introvertidos do que a população em geral, são, normalmente, orientados para o futuro e conduzidos por visões globais, vêm a floresta e detrimento das árvores, são mais racionais, menos emotivos e mais adeptos da mudança do que a população em geral. 4 Comprehensiveness (systems, inclusiveness), Compromise (arbitrative, consensual), Effectiveness (valid & useful outcomes), Efficiency (avoidance of waste), Empathy (emotional interdependency), Equity (a just distribution of resources), Futurism (utopian, visionary), Incrementalism (conservative, marginal change), Innovativeness (change-oriented, creative), Leadership (ability, direct), Management (administrative, direct), Participation (democratic, open processes), Planning (goal-oriented, systematic), Practicality (feasible, realistic), Professionalism (competence, ethical, technical), Public interest (common good), Scientism (analytic, rational), strategy (action-oriented, tactical). 5 MBTI – Myers Briggs Type Indicator
  • 11. 11 O EMPREENDEDOR POLÍTICO DiLorenzo (1986) afirma que os empreendedores políticos são especialistas em criar falsas crises políticas de modo a convencer os eleitores a aceitarem as suas propostas políticas. Riker (1986) define empreendedor político, aquele que desafia o status quo utilizando a retórica e a resignificação para chamar a atenção das pessoas para o que, de outro modo seria um dado adquirido do mundo da política. Para Schneider (1992) o empreendedor político é aquele que muda a direcção e o fluxo da política. Holcombe (2002) diz que um acto de empreendedorismo político ocorre quando um indivíduo observa e actua em função de uma oportunidade política, desta forma encontramos a oportunidade, observação e estado de alerta e depois a acção. No entanto, Holocombe (2002), no seu trabalho, argumenta que no mercado político a oportunidade pode ser forçada e apresenta a figura do empreendedor político predador que passa pelo indivíduo que consegue promover a transferência de apoio político de uma situação para outra que lhe seja favorável. Francois (2003) apresenta o empreendedor político aquele que reúne duas características, é um indivíduo que compete pelos votos para um cargo electivo e que utiliza a sua acção política governativa para captar mais votos para uma futura reeleição. Assim Francois (2003) apresenta o empreendedor político o indivíduo que reúne estas características e que tem três opções de acção: a especulação, a inovação e a arbitragem. Christopoulos (2006) considera empreendedores políticos: actores com capacidades comportamentais distintivos de liderança política e gestão de redes, capacidade de análise sobre a função de utilidade de investimento de capital político em determinada acção ou política, existência de constrangimentos sócio-políticos que influenciam a sua aptidão para a intervenção política e atributos relacionais únicos que propiciam capital político e poder e controlo da rede política. Schnellenbach (2007), num trabalho sobre empreendedorismo público apresenta o empreendedorismo político como uma forma de empreendedorismo público e distingue o empreendedor político do empreendedor da política. Sendo empreendedor político aquele que introduz a inovação quando concorre para ser eleito para um lugar e o empreendedor da política aquele que canaliza os seus esforços para promover novas políticas. Mintrom e Norman (2009) sugerem que a mudança política e a inovação são os fundamentos do
  • 12. 12 empreendedorismo político e existem quatro elementos centrais na sua base: (1) predisposição de uma acuidade social elevada utilizando as redes de contactos e percebendo as necessidades, as ideias e os motivos dos outros nos seus contextos político locais; (2) capacidade de definição de problemas, que passa pela escolha dos atributos específicos do problema que levam a que os outros prestem atenção aos seus argumentos, esta capacidade requer uma combinação da acuidade social com competências de gestão de conflitos e negociação; (3) capacidade de construção de equipas que está associada a três características, utilização das redes pessoais e profissionais para promover a mudança política, utilização de equipas multidisciplinares e desenvolvimento de coligações com grupos que aportem um apoio adicional à causa; e por fim liderança pelo exemplo que é a arma utilizada para lutar contra a aversão ao risco dos decisores político, a capacidade de criar situações de teste, ou piloto para promover as suas iniciativas são muitas vezes utilizadas para os empreendedores políticos defenderem a mudança e a inovação.
  • 13. 13 A ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO Morris e Lewis (1995) apresentam um quadro conceptual de análise sobre a causalidade entre as características do meio envolvente e do percurso de vida pessoal e profissional na propensão para o empreendedorismo das pessoas. A análise incidia no meio envolvente infra-estrutural, da turbulência do meio envolvente e experiência de vida pessoal. Figura 2. Adaptado de Morgan e Lewis (1995) – The determinantes of entrepreneurial activity Infra-estruturas do meio envolvente Planeamento centralizado Estruturas Económicas Livre iniciativa Totalitarismo Estruturas Políticas Democracia Responsabilidade ilimitada Estruturas Legais Responsabilidade limitada Centralizado/conservador Estruturas Financeiras Descentralizado/competitivo Subdesenvolvido ou obsoleto Estruturas Logísticas Bem desenvovido Institucional Estruturas Sociais Individualista Turbulência no meio envolvente Estagnado Ambiente Tecnológico Rápida Mudança Estável Ambiente Económico Cíclico Homogénea Procura Heterogénea Status quo Concorrência Ameaçadora Passivo Ambiente Legal e Regulador Agressivo Previsível Disponibilidade de Recursos Imprevisível Tradicional Ambiente Social Experimental Experiências de Vida e Pessoais Acolhedora Experiência Familiar Autoritária Standard Experiência Educacional Creativa Complacente/Constrangedor Grupos de Amigos Arriscados/Ousados Confortável Experiência Profissional Insatisfatória Este instrumento permite-nos analisar sistematicamente os factores preponderantes para o trabalho de investigação sobre os factores determinantes na procura do empreendedor político, Morgan e Lewis (1995), defendem que os traços e as características do empreendedorismo são apreendidas, não são inatas, e ao nível social, familiar e organizacional, o meio envolvente, que propensos à criatividade, independência, autonomia, orientação para resultados, à responsabilização pessoal e à assumpção de riscos calculados, desenvolvem com mais facilidade indivíduos empreendedores.
  • 14. 14 Figura 3. Quadro comparativo das definições de empreendedor, político e empreendedor político Empreendedor Político Empreendedor Político Richard Cantillon (1755) alguém que aceita correr determinado risco na procura do lucro Platão século IV a.C. características de um político passam pelo conhecimento, mérito e comportamento justo DiLorenzo (1986) são especialistas em criar falsas crises políticas de modo a convencer os eleitores a aceitarem as suas propostas políticas Jean- Baptiste Say (1803) aquele que assume a responsabilidade e o risco de desenvolver uma actividade económica utilizando o seu capital ou capital alheio Aristóteles século IV a.C. característica dos políticos o sentido de justiça, moral e ética, os homens que teriam as tarefas de governo seriam os mais aptos por natureza Riker (1986) aquele que desafia o status quo utilizando a retórica e a resignificação para chamar a atenção das pessoas Knight (1921) aceita gerir num cenário de incerteza Maquiavel (1518) característica principal para ser bem sucedido na política a capacidade de impor a sua vontade Schneider (1992) aquele que muda a direcção e o fluxo da política Schumpeter (1942) aquele que força a sociedade a progredir através da inovação Schumpeter (1942) os políticos têm a capacidade de manipular a vontade de um povo Holcombe (2002) indivíduo observa e actua em função de uma oportunidade política, desta forma encontramos a oportunidade, observação e estado de alerta e depois a acção Miller and Frisen (1982) existem três dimensões de orientação empreendedora: assumpção do risco, inovação e proactividade Greenstein (1992) As características de personalidade dos políticos passam por influências do ambiente, históricas e socias, funções base de cosnciência e funções biológicas Francois (2003) indivíduo que compete pelos votos para um cargo electivo e que utiliza a sua acção política governativa para captar mais votos para uma futura reeleição Miller (1983) argumenta que o empreendedorismo empresarial está relacionado com o meio envolvente, a estrutura da empresa, a estratégia e com a personalidade do líder Englis e Pennell (1993) figuras políticas ideais possuem traços de honestidade, cordialidade, charme, conhecimento e têm uma mente aberta. São também inteligentes, de carácter forte e fiáveis. O protótipo da aparência é alguém entre os 40 ou 50 anos, é bem vestido, alto (mais de 1,80 cm), e atraente, mas não muito atraente Christopoulo s (2006) actores com capacidades comportamentais distintivos de liderança política e gestão de redes, capacidade de análise sobre a função de utilidade de investimento de capital político em determinada acção ou política, existência de constrangimentos sócio-políticos que influenciam a sua aptidão para a intervenção política e atributos relacionais únicos que propiciam capital político e poder e controlo da rede política Casson (2003) aquele que consegue coordenar, recursos escassos, através de judgemental decisions deLeon (1994) liderança, o profissionalismo e a eficácia aparecem nos três primeiros lugares, já a metodologia científica (scientism), a empatia e o incrementalismo aparecem nos últimos lugares Schnellenbac h (2007) Sendo empreendedor político aquele que introduz a inovação quando concorre para ser eleito para um lugar e o empreendedor da política aquele que canaliza os seus esforços para promover novas políticas Christopoulo s (2006) - a tenacidade e a persistência em enfrentar situações provavelmente negativas à partida, habilidade em criar ou inventar oportunidades, espírito competitivo, pensamento estratégico combinado com rapidez de análise e, por fim, capacidade de lidar positivamente com a incerteza, em resumo, os actores com capacidades excepcionais para responder a desafios que ultrapassam os seus pares com o seu pensamento estratégico, a sua capacidade de previsão e a sua habilidade para manipular o ambiente envolvente Green (2007) a personalidade dos políticos não está relacionado com escolhas ou partidos No que respeita às características de personalidade, os políticos tendem a ser, mais extrovertidos e menos introvertidos do que a população em geral, são, normalmente, orientados para o futuro e conduzidos por visões globais, vêm a floresta e detrimento das árvores, são mais racionais, menos emotivos e mais adeptos da mudança do que a população em geral Kirzner (1973, 2009) O empreendedor é o agente em permanente estado de alerta Klein et al. (2010) O empreendedorismo é inovação, criatividade, o estabelecimento de novas organizações ou actividades ou alguma outra novidade e resulta, essencialmente de três componentes, Estado de alerta em relação às oportunidades, Investimentos sobre incerteza e judgemental decisions e a inovação no produto, processo e mercado
  • 15. 15 Na figura 3 estão sistematizados todos os conceitos apresentados anteriormente. O objectivo deste trabalho é o estudo das características dos empreendedores e dos políticos e apresentar uma definição abrangente sobre o político empreendedor. Do trabalho efectuado resultam alguns conceitos que nos levam a apresentar o empreendedor como um indivíduo, proactivo, que aceita correr um risco calculado, com uma capacidade de decisão focada nos resultados futuros, que procura activamente a oportunidade e a inovação. A definição de um político é bastante mais complexa e neste contexto vamos utilizar as palavras de Aristóteles e definimos que todo o homem é um animal político por natureza. Dos trabalhos que consultamos verificamos que a definição do político está mais associada às características de personalidade e do meio envolvente. O contexto e o meio envolvente são importantes mas existem estudos (Greenstein, 1995) que nos indicam que as características de personalidade são determinantes para a propriedade de competências políticas e o seu desenvolvimento é variável de acordo com o contexto sócio político. A gestão da rede de contactos e o seu posicionamento perante os outros elementos é crucial na definição do político e esta característica assenta na função base da política que passa pela necessidade de uma organização social para a vida do Homem. Relativamente aos políticos empreendedores consideramos que aqueles que se competem por um lugar de representação ou governação sujeitando-se ao risco e à incerteza dos resultados, aqueles que promovem políticas inovadoras e procuram a mudança na sociedade são os políticos empreendedores. Nesta definição a competitividade por um lugar de representação ou governação não se cinge ao modelo democrático, porque existem políticos empreendedores nos diversos modelos políticos mas eles são determinantes para o sucesso do modelo democrático conforme North (1990). É também importante analisar a vertente da destruição criativa e a disrupção que diferencia os políticos empreendedores dos políticos. Mesmo nos sistemas democráticos consolidados podem existir alguns reinados de poder (Klein et al, 2010) que são criados e defendidos por um conjunto de membros de um grupo que ganha o poder e utilizam os ciclos políticos para se manterem no poder. Estas situações mantêm-se até que um político empreendedor identifique uma oportunidade e avance com uma estratégia de conquista do lugar de governação.
  • 16. 16 CONCLUSÕES No artigo encontramos como conclusões uma análise pormenorizada das características dos empreendedores e dos políticos empreendedores e consideramos políticos empreendedores aqueles indivíduos que competem por um lugar de representação ou governação sujeitando-se ao risco e à incerteza dos resultados e promovem políticas inovadoras no intuito produzirem uma mudança na sociedade. A construção de uma grelha de análise destas características de personalidade é o primeiro passo para encontrar os indivíduos que consideramos potenciais políticos empreendedores. A identificação dos indivíduos com características de políticos empreendedores é bastante importante, porque proporciona um mecanismo de identificação dos casos que reúnem as condições de base e esses indivíduos podem ser acompanhados e formados no sentido de desenvolverem as suas capacidades, como apresentamos no trabalho e conforme Greenstein, o meio envolvente é crucial para o desenvolvimento dos comportamentos dos políticos empreendedores. Morris e Lewis (1995) apresentam um modelo de desenvolvimento das condições ambientais para fomentar o empreendedorismo, assim, com este instrumento, os partidos, as associações e todas as organizações sociais podem identificar os elementos com características de políticos empreendedores e prepararem as condições necessárias para o desenvolvimento dos perfis de personalidade empreendedora dos seus elementos. LIMITAÇÕES Este trabalho tem como limitação a necessidade de estudar os conceitos abordados nos diversos sistemas políticos e nas diversas culturas. A metodologia utilizada passa por uma análise do trabalho desenvolvido, até à data, e depois desenvolvemos um trabalho conceptual, que carece de uma validação empírica da grelha proposta.
  • 17. 17 FUTURAS ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO Este trabalho pode ser considerado um trabalho inicial na análise do empreendedorismo político na óptica do político empreendedor pelo que poderá ser desenvolvida uma investigação futura com validação empírica do político empreendedor e das suas características e quais as suas semelhanças e diferenças com o empreendedor empresário. Esta abordagem deve ser promovida tendo como factores de diferenciação a cultura e o modelo político vigente. O facto de as características de um empreendedor basearem-se em traços de personalidade e do meio envolvente, passado e presente, a análise transnacional e transcultural do político empreendedor, abre o caminho para um conjunto de estudos, sobre o desenvolvimento político e social, nos diversos contextos culturais.
  • 18. 18 BIBLIOGRAFIA Aristótles, “Tratado da Política”,Livros de Bolso Europa América – Grandes Obras, 2ª ed. Baumol W. J., (1990), “Entrepreneurship: Productive, Unproductive, and Destructive”, The Journal of Political Economy, Vol. 98, No. 5, Part 1. (Oct.), pp. 893-921. Casson, Mark C. (2003), “Entrepreneurship, Business Culture and the Theory of the Firm”, in Handbook of Entrepreneurship Research, Z.J. Acs and D.B. Audretsch (eds.), Kluwer Academic Publishers, Printed in Great Britain, pp. 223-246 Chadwick, K., Barnet T., Dwyer S. (2008), “An Empirical Analysis of the Entrepreneurial Orientation Scale”, Journal of Applied Management and Entrepreneurship, Volume 13, N.º 4, pp 64-85 Christopoulos D.(2006), “Relational attributes of political entrepreneurs: a network perspective”, Journal of European Public Policy, 13:5, pp. 757-778 deLeon, L. (1994), “The Professional Values of Public Managers, Policy Analysts and Politicians”, Public Personnel Management, Volume 23, n.1, pp. 135-152. DiLorenzo, T. (1988) "Competition and Political Entrepreneurship: Austrian Insights into Public-Choice Theory.",The Review of Austrian Economic, 2: 59-71. Drucker, P. (1985), “Entreneurial Strategies”, California Management Review, Vol.27, pp. 9-25 Englis B. e Pennell G. (1993), “Candidates as Engendered Products: Prototypes in Political Person Perception”, Advances in Consumer Research, Volume 20, pp. 612-619 François, A (2003), “The Political Entrepreneur and the Coordinator of the Political Process: A Market Process Perspective of the Political Market”, Review of Austrian Economics, September, 16. Friedrich A. Hayek, "Richard Cantillon", Journal of Libertarian Studies, Fall 1985, 7(2), pp. 217–247. Green M, (2007), ”Politicians and Personality: a Councilor´s Guide to understanding difference working more effectively getting your message across”, Stronger Political Leadership, Improvement and Development Agency, Local Government Association. Greenstein, F. (1992), ”Can Personality and Politics be Studied Systematically?”, Political Psicohology, Volume 13, N.º1, pp. 105-128. Holcombe, R. (2002), “Political Entrepreneurship and the Democratic Allocation of Economic Resources”, Review of Austrian Economics, June, 15. Kirzner, I. (1973), “Competition and entrepreneurship”, Chicago, IL, University of Chicago Press.
  • 19. 19 Kirzner, I., (2009), “The alert and creative entrepreneur: a clarification”, Small Business Economics, 32(2), 145-152. Klein P., Mahoney J., McGahan A. e Pitelis C., (2010), “ Toward a theory of public entrepreneurship”, European Management Review, Volume 7, pp. 1-15. Knight F., (1921), “Risk, Uncertainty, and Profit”, Boston, MA: Hart, Schaffner & Marx; Houghton Mifflin Co., acedido em 2010/06/20, http://www.econlib.org/library/Knight/knRUP0.html Miller D. (1983), “The correlates of entrepreneurship in three types of firms”, Management Science, Volume 29, pp. 770-791 Mintrom, M. (1997), “Policy entrepreneurs and the diffusion of innovation”, American Journal of Political Science, 41(3), 738. Mintrom, M., Norman, P. (2009) “Policy Entrepreneurship and Policy Change”, Policy Studies Journal, 37(4), 649-667 Morris M. e Lewis P. (1995), “The determinants of entrepreneurial activity: Implications for Marketing”, European Journal of Marketing, Volume 29, n.º 7, pp. 31-48. North, D., (1990), “Institutions, institutional change, and economic performance”, Cambridge, UK, Cambridge University Press. Pinchot, G. (1985), “How Intrapreneurs Innovate”, Management Today, December, 54. Platão, “A República”, Editora Calouste Gulbenkian, 10ª ed. Riker, W. (1986), “The Art of Political Manipulation”, New Haven: Yale University Press, 1986. Robert F. Hébert, & Albert N. Link. (2006). “The Entrepreneur as Innovator”, Journal of Technology Transfer, 31(5), 589-597 Say, J. B. (1803) “A Treatise on Political Economy or the Production, Distribution and Consumption of Wealth”, Translated from the fourth edition of the French, by C. R. Prinsep, M.A., Batoche Books, Kitchener, 2001 Schneider M. and Teske P., (1992), “Toward A Theory of the Political Entrepreneur: Evidence from Local Government”, The American Political Science Review, Vol. 86, No. 3, pp. 737-747 Schumpeter, J. A. (1942), Capitalism, Socialism and Democracy, New York, Harper and Row, pp. 131-142 Schumpeter, J. A. (1949), ‘Economic theory and entrepreneurial history’, in Revista Brasileira de Inovação vol. 1, N.º 2 Julho/Dezembro de 2002, pp. 201-224
  • 20. 20 Schnellenbach J., (2007), “Public entrepreneurship and the economics of reform”, Journal of Institutional Economics, Volume 3, N.ª 2, pp. 183-202 Wolff, J. (2004), “ Introdução à Filosofia Política”, Gradiva, 1ª ed. pp. 11