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Programa Doutoral em Marketing e Estratégia
Estudos Avançados de Estratégia
Trabalho: A utilização de ferramentas estratégicas
no Marketing Político.
César Ferreira
Março de 2001
césar ferreira, 2010
2
Conteúdo
Introdução....................................................................................................................................................3
Revisão da Literatura sobre marketing político............................................................................................4
A construção do planeamento do marketing político para Pequenos Partidos em Países Desenvolvidos..6
O processo de planeamento no Marketing Político.....................................................................................8
Os autores apresentam cinco factores que estão na base do planeamento do marketing político........8
Modelo de Planeamento Para um Campanha Política Local....................................................................9
1º Passo – Planeamento do modelo – Recolha de informação e identificação do círculo eleitoral ..10
2º Passo – Concorrência e segmentação dos grupos de eleitores .....................................................11
3º Passo – Posicionamento do Partido Político e Focalização dos Grupos de Votantes....................12
4º Passo – Análise Pós-eleitoral .........................................................................................................12
Em resumo..............................................................................................................................................12
A Segmentação Estratégica no Marketing Político.....................................................................................13
Dois métodos de segmentação podem ser efectuados “a priori” e “post hoc”.....................................13
O processo de targeting os segmentos ..................................................................................................14
O Posicionamento Estratégico no Marketing Político............................................................................14
Conclusões..................................................................................................................................................15
Bibliografia..................................................................................................................................................16
césar ferreira, 2010
3
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado para servir de elemento de avaliação para a disciplina de Estudos Avançados
de Estratégia do programa de doutoramento (3º ciclo) em Marketing e Estratégia das Universidades de
Aveiro do Minho e da Beira Interior.
Tendo em atenção as orientações do Exmo. Sr. Professor de conciliar, no trabalho, a matéria abordada
nas aulas e o nosso tema de investigação, optei por efectuar uma revisão da literatura sobre o meu foco
de investigação que vai incidir na comunicação dos partidos com os seus militantes. Optei por estudar
alguns artigos que encontrei que abordavam o tema sobre o posicionamento estratégico, a
segmentação de mercado eleitoral e a comunicação dos partidos políticos.
Escolhi os artigos: “A marketing communications framework for small political parties in developed
countries” Thrassou A., Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence & Planning, Vol. 27 n.2, 2009;
“The political marketing planning process: improving image and message in strategic target areas”,
Baines P., Harris P. e Lewis B., publicado no Marketing Intelligence & Planning em 2002, e por fim,
“Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing”, Smith G., Hirst
A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10, 2001. A minha escolha prende-se com a pertinência
dos artigos na abordagem estratégica do Marketing Político.
césar ferreira, 2010
4
REVISÃO DA LITERATURA SOBRE MARKETING POLÍTICO
Para abordar o tema sobre a interacção entre o marketing político e a estratégia, é importante,
iniciarmos com alguma revisão da literatura sobre o conceito de marketing político assim sendo, o
Homem, um animal político (zoon politikón) na visão aristotélica, o marketing político sempre existiu.
Esta visão filosófica do Homem como um ser político nas sua relações sociais e no seu posicionamento
perante a vida e o divino leva a que todas as acções do homem estejam condicionadas a uma ordem
transparente que ordena e procura a aceitação pelos demais. Esta pequena introdução não é mais do
que uma pequena nota para a importância do marketing político em sentido lato. E muito rapidamente
e dando um salto de dois milénios apresento uma definição de marketing político, mais próxima de
como o entendemos nos dias de hoje.
“Marketing político é o processo pelo qual os candidatos políticos e as suas ideias são
apresentados aos eleitores no sentido de satisfazer as suas necessidades e apoiarem o
candidato e as suas ideias.
(…)
Marketing Político Integrado é um sistema de acção global desenhado para satisfazer os
votantes e eleger um determinado candidato. Assim, envolve, simultaneamente, o estudo, a
análise e a segmentação dos eleitores; o posicionamento do candidato e a utilização dos
media de uma forma integrada num plano de marketing que satisfaz os eleitores e elege os
candidatos.” Avraham Shama (1976)
Kotler e Andreasen (1991) acreditam que muitos dos conceitos e ferramentas do marketing de produtos
(bens e serviços) são utilizados pelo marketing político.
Niffenegger (1989) acredita que o interface do candidato e do partido com o seu eleitorado é o
marketing político e que este não pode ser ignorado. Os políticos ficaram reféns da utilização das
estratégias de marketing e que as campanhas eleitorais são comparadas a campanhas de marketing.
Argumenta que os diferentes partidos têm que perceber e utilizar as técnicas elementares de marketing
para terem sucesso no curto e longo prazo.
O’Cass (1996), diz que o marketing não resolve todos os problemas, mas permite que os partidos
políticos desenhem, implementem e monitorizem as campanhas políticas de uma forma mais eficaz e
eficiente.
Lock and Harris (1996) argumentam que o marketing político é bastante diferente do marketing de
produtos (bens e serviços) e que a utilização dos conceitos e técnicas não é tão linear como é
argumentado por muitos investigadores. O marketing político está focado na comunicação com os
césar ferreira, 2010
5
membros do partido, com os media, com os potencias financiadores e com o eleitorado, mas acham que
o método analítico e a perspectiva de marketing têm considerável aplicabilidade.
Jennifer Lees-Marshment (2001) argumenta que o marketing político é uma combinação entre a ciência
política e o marketing e que utiliza as técnicas e os conceitos chave do marketing adaptando-os aos
princípios tradicionais da ciência política. Posteriormente, em 2006, a mesma investigadora apresenta
um modelo em que argumenta que os partidos políticos, em especial, os “partidos-orientados-para-o-
mercado”, utilizam um processo de operacionalização do marketing político, dividido num conjunto de
fases, que passam pelo desenho do produto, comunicação aos apoiantes e financiadores, e, finalmente,
a utilização nas campanhas políticas. Acrescenta ainda que utilizam um conjunto de actividades
comportamentais no desenvolvimento do seu marketing político
Henneberg (2004) apresentam no seu trabalho, Political Marketing Theory: Hendiadyoin or Oxymoron,
se analisarmos o título do trabalho deparámo-nos com uma curiosa provocação em que se põe em
causa se marketing e política não têm o mesmo significado e querem dizer a mesma coisa. O seu
trabalho vai no sentido de defender aquilo que consideram uma disciplina recente, o marketing político,
em que acham que deve ser defendido e desenvolvido um corpo teórico e empírico que permita a
afirmação perante outras disciplinas com a ciência política.
Wring (1996) define o início da utilização profissional do marketing político a seguir à segunda guerra
mundial, com o aparecimento e desenvolvimento da televisão e da explosão da indústria dos meios de
comunicação social
Tharassou et. al. (2008) afirmam que a discussão que tem produzido bastante literatura sobre o
marketing político e a sua relação com o marketing de produtos (bens e serviços) passa pela substituição
de algumas palavras como; mercado, consumidores e empregados para pessoas, votantes e militantes.
Henneberg e O’Shaughnessy no seu trabalho de 2009 falam de uma mudança, no marketing político,
que passa pela mudança do foco transacção (instrumental exchange) para a criação de valor no
relacionamento e no marketing de rede. Esta mudança assenta em “contrato sociais” baseados nos
valores e na confiança entre os políticos e os cidadãos.
césar ferreira, 2010
6
A CONSTRUÇÃO DO PLANEAMENTO DO MARKETING POLÍTICO PARA
PEQUENOS PARTIDOS EM PAÍSES DESENVOLVIDOS
Este tema vai ser apresentado utilizando o artigo: “A marketing communications framework for small
political parties in developed countries” Thrassou A., Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence &
Planning, Vol. 27 n.2, 2009.
Neste trabalho os autores elaboram um quadro de referência para a construção de um modelo de
implementação de um plano de comunicação de marketing para pequenos partidos em países
desenvolvidos. Para isso analisam as implicações no marketing político da dimensão comportamental,
da dimensão do contexto e da dimensão operacional.
Na dimensão comportamental, a grande questão passa por perceber como é que, os partidos
conseguem prever o comportamento dos indivíduos no sentido de manter uma relação de valor
acrescentado bidireccional ao longo do tempo. Para isso os indivíduos têm que estar posicionados de
forma procurarem o que querem em termos de qualidade, e, em tempos de mudança contínua o
marketing estratégico vai se centrar na construção da relação em que um evento de mudança está
previsto e origina uma reacção. Com o aumento da importância da ética e da responsabilidade social
estas dimensões têm que ser incorporadas na organização dos partidos e devem ganhar centralidade na
sua actividade. A teoria do comportamento do consumidor vai no sentido de promover a criação de
personalidades-marca com a criação de imagens e estilos de vida e características antropomórficas que
sejam percebidos e incorporados pelos eleitores no seu sistema de identificação e escolha. Esta será
uma arma do futuro na utilização do marketing político a criação da personificação da marca em que o
candidato e o partido se fundem numa marca.
Na dimensão contextual, nesta dimensão o foco passa pela relação organização-indivíduo em que o
ambiente e secundarizado pela mente do individuo. A transferência da função para a percepção em que
sabemos que o contexto ambiental é utilizado para dar forma ao processo de interacção entre o
indivíduo e a organização.
Na dimensão operacional chegamos à conclusão que além de uma troca e nomes, como já foi referido,
entre o marketing político e o marketing tradicional, o factor principal passa pela dificuldade em
identificar e comunicar com conceitos abstractos como; valor, percepção e sucesso. Para este processo
césar ferreira, 2010
7
os autores (Tharassou et al.) construíram um quadro de referência para comunicação de marketing para
pequenos partidos em países desenvolvidos.
Retirado do artigo “A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou et al. (2008)
césar ferreira, 2010
8
O PROCESSO DE PLANEAMENTO NO MARKETING POLÍTICO
Para abordar este tema apresento o artigo: The political marketing planning process: improving image
and message in strategic target areas, Baines P., Harris P. e Lewis B., publicado no Marketing
Intelligence & Planning em 2002
Os autores escreveram este artigo com um objectivo principal, construir um modelo de planeamento de
marketing político para os partidos do Reino Unido, mas que poderia ser aplicado a todos os partidos
que actuem em modelos eleitorais baseados em círculos eleitorais
1
Este modelo pretende dar aos estrategas eleitorais uma ferramenta de análise sobre que locais e que
votantes flutuantes nesses locais estão mais em risco de mudar a sua fidelidade de um partido político
para outro.
O planeamento do marketing político serve para determinar como obter e manter o apoio dos cidadãos
para os programas e políticas do partido.
A criação da vantagem competitiva ocorre através da determinação e gestão do posicionamento
estratégico do partido e a comunicação da estratégia de uma forma consistente em várias matérias
principais e aos vários níveis, local e nacional através de todos os canais de comunicação.
OS AUTORES APRESENTAM CINCO FACTORES QUE ESTÃO NA BASE DO PLANEAMENTO DO
MARKETING POLÍTICO
1
Em particular nos modelos em que o mais votado elege todos os lugares (first-past-the-post)
césar ferreira, 2010
9
Função do planeamento do
Marketing
No contexto do marketing político
Análise do mercado Isto requer uma determinação de como os eleitores percebem os
partidos e os candidatos nas diferentes áreas do combate político.
Isto pode explicar a diferença do posicionamento competitivo do
partido em diferentes regiões
Definição de objectivos O partido necessita de determinar que assuntos devem ser
utilizados e que votantes e grupos de cidadãos podem ser
despertados pelos respectivos assuntos e se isto é possível tendo
em atenção os constrangimentos da organização
Avaliação de uma
estratégia alternativa
Com que segmentos do eleitorado o partido deve comunicar e que
mensagens deve utilizar? Devemos utilizar múltiplas mensagens
para múltiplos segmentos? Sondagens da opinião pública e análise
qualitativa devem ser utilizadas para guiar e acompanhar o envio e
recepção das mensagens e medir e avaliar a acessibilidade
estabilidade e substância de grupos segmentados.
Implementação da
Estratégia
O Estratega político precisa de alocar os recursos necessários para
atingir o alvo definido através da imprensa, rádio, televisão e direct
mail. Nas campanhas eleitorais um dos principais problemas ocorre
da incerteza do fluxo de financiamento.
Controlo e monitorização Existe a necessidade de determinar se a mensagem foi
correctamente, ou não, elaborada e disseminada para os segmentos
identificados.
Como metodologia foram utilizadas diversas entrevistas com responsáveis por campanhas eleitorais. As
entrevistas foram desenhadas de forma a determinar a metodologia utilizada, pelos partidos políticos,
na organização das campanhas eleitorais, no sentido de avaliar se poderia ser melhorada através da
utilização de um Plano de Marketing.
MODELO DE PLANEAMENTO PARA UM CAMPANHA POLÍTICA LOCAL
Adaptado de The political marketing planing process:
improving image and message in strategic target
areas; Paul R Baines, Phil Harris e Barbara R Lewis
césar ferreira, 2010
10
Dados estatísticos
históricos
Estatísticas dos Census
Ranking do Círculo
Eleitoral
Investigação Local
Círculo eleitoral
Registos de
Propaganda
Determinação dos
Competidores
Identificação dos
Grupos de Votantes
Posicionamento do
Partido Político
Targeting dos grupos
dos votantes
Análise Pós-eleitoral
4ºPasso1ºPasso2ºPasso3ºPasso
O modelo de planeamento político definido neste artigo passa por um quadro de referência que agrega
as realidades do ambiente envolvente mas com uma flexibilidade que permite rápidas mudanças. Este
modelo tem que incorporar vários fenómenos políticos com detalhe no sentido de reflectir a realidade
de uma campanha eleitoral.
Este modelo é construído passo a passo, conforme os autores apresentam no seu trabalho:
1º PASSO – PLANEAMENTO DO MODELO – RECOLHA DE INFORMAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO CÍRCULO
ELEITORAL
Neste passo devemos identificar quais os círculos eleitorais que estão em risco de mudar de partido
canalizando para estes círculos mais recursos. Após esta análise os partidos podem alocar de uma forma
mais eficaz os seus recursos tempo e dinheiro.
Análise dos dados históricos: Conhecer os resultados eleitorais, das eleições anteriores, e os votos nos
diferentes concorrentes, é importante quando é necessário definir quais os círculos eleitorais que são
escolhidos para serem conquistados e mantidos. Os dados históricos são também muito importantes
para determinar qual o candidato e como é que o partido deve tentar persuadir o eleitorado e qual a
mensagem que deve ser reforçada.
Dados dos Census: O estratega político tem que monitorizar a estrutura demográfica do círculo
eleitoral, numa base dinâmica, para que as alterações sejam identificadas e que os grupos de votantes
relevantes sejam localizados para que as acções de campanha sejam eficazes.
Adaptado de The political marketing planing process:
improving image and message in strategic target
areas; Paul R Baines, Phil Harris e Barbara R Lewis
césar ferreira, 2010
11
Ranking dos círculos eleitorais: Uma investigação ao nível do círculo eleitoral, dos registos da
propaganda eleitoral e uma análise táctica do voto tradicional deve ser efectuada no sentido de saber
quais os círculos eleitorais em que o partido pode eleger candidatos. Este ranking deve ser utilizado para
ordenar os círculos eleitorais de forma a alocarem-se os recursos de acordo com o potencial de cada
círculo.
Investigação Local – Círculo eleitoral: Esta investigação é vital para um conhecimento da posição actual
dos principais partidos do círculo eleitoral. A análise histórica dos resultados eleitorais não dá nenhuma
informação sobre as mudanças recentes dos tipos de militantes dos diversos lugares. A investigação ao
nível local deve focar:
- Nível de apoio actual;
- Tipos de pessoas que apoiam os partidos (analisar a concorrência);
- Tipos de pessoas que mudaram o seu sentido de voto de um partido político desde as últimas eleições;
- Percepção do eleitorado sobre determinados assuntos e políticas;
- Nível de voto táctico
2
- Analisar se o voto pessoal
e tradicional;
3
tem importância no respectivo círculo
Registos de Propaganda: A propaganda eleitoral ajuda os partidos a identificarem o eleitorado e a
produzirem mensagens específicas para persuadirem os eleitores a votarem nos seus produtos.
2º PASSO – CONCORRÊNCIA E SEGMENTAÇÃO DOS GRUPOS DE ELEITORES
Análise da concorrência: Esta informação é importante para o estratega eleitoral definir uma
plataforma de medidas de contra ataque para as políticas dos adversários.
Geralmente a determinação da concorrência para uma eleição é fornecida por uma combinação dos
resultados das últimas eleições gerais e de outras eleições permitindo a determinação das subáreas que
são mais favoráveis a um partido no sentido de tentar identificar os votantes marginais.
2
O voto táctico (útil) ocorre quando um eleitor identifica-se com um partido mas utiliza o seu voto para eleger um outro partido
de forma a bloquear a vitória de um terceiro.
3
O voto pessoal existe quando o eleitor vota no candidato, independentemente, do partido que o apoia.
césar ferreira, 2010
12
Segmentação de Grupos de votantes relevantes: Os partidos no sentido de manter ou conquistar uma
eleição têm que se aproximar dos eleitores que estão mais sensíveis a mudar o seu sentido de voto para
o principal opositor (ou opositores). A investigação local forneceu informação que deverá ser utilizada
para preparar esta segmentação. Os autores aconselham a utilização da CHAID
4
3º PASSO – POSICIONAMENTO DO PARTIDO POLÍTICO E FOCALIZAÇÃO DOS GRUPOS DE VOTANTES
para identificar os
segmentos para os quais serão elaboradas campanhas de comunicação específicas.
Posicionamento do Partido Político: No sentido de aumentar o apoio, os estrategas políticos usam
políticas, assuntos, ideologias, argumentos, bem com um estilo de apresentação, de forma a conquistar
a mente dos eleitores. O Posicionamento é o processo que conecta o partido com os votantes. É a ideia
simples e central que a campanha comunica com os votantes para promover o candidato, a sua ligação
com os eleitores e o contraste com os adversários. O Posicionamento do partido é um aspecto crucial do
processo do Marketing Político. Os partidos necessitam de temas para comunicarem com os eleitores, a
selecção dos temas é de suprema importância porque os partidos não podem seleccionar temas que
não sejam consistentes com as suas propostas anteriores.
Focalização dos Grupos de Votantes: Uma vez construída a agenda para o círculo eleitoral pelos
estrategas e definidos os alvos a atingir, a organização local deve transportar as mensagens através da
propaganda política que deve ser distribuída porta-a-porta, por telefone ou por direct-mail, consoante
as condições geográficas do círculo eleitoral.
4º PASSO – ANÁLISE PÓS-ELEITORAL
Esta análise serve para verificar se os segmentos foram correctamente identificados e as mensagens
escolhidas foram as mais correctas. Esta análise não deve ficar só pela análise do resultado eleitoral,
mas, deve-se fazer trabalho de campo para ficar com uma base de trabalho para as próximas eleições.
EM RESUMO
Os autores defendem que este artigo apresenta um modelo que os partidos de todo o mundo podem
utilizar para coordenarem de forma mais efectiva as suas campanhas eleitorais, para que as campanhas
locais e nacionais sejam coerentes e falem a uma só voz. Os autores tentaram demonstrar que os
políticos precisam de utilizar um plano estruturado para abordarem e comunicarem com os votantes
que têm mais probabilidade de mudar de sentido de voto de forma a conquistarem o seu apoio e assim
vencerem as eleições.
4
CHAID significa CHi-squared Automatic Interaction Detector
césar ferreira, 2010
13
A SEGMENTAÇÃO ESTRATÉGICA NO MARKETING POLÍTICO
Este tema vai ser apresentado com a análise do artigo: Strategic Political Segmentation: A new approach
for a new era of political marketing, Smith G., Hirst A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10,
2001.
Desde os anos 90 que o desenvolvimento da segmentação passou de um ênfase nas características
tradicionais: demográficas e geográficas paras as características psicográficas e de atitude como base de
segmentação no marketing político. Kotler (1997) defende que uma segmentação estratégica que tenha
uma ênfase numa relação ao longo do tempo requer a integração de três actividades; segmentação,
posicionamento e definição dos alvos.
Segmenatção do “Mercado”
Político
Targeting os Segmentos
Políticos
Posicionamento perante os
segmentos Políticos
1. Identificar as bases para
segmentar o eleitorado
2. Desenvolver os perfis
resultantes da segmentação do
eleitorado
3. Desenvolver medidas de
atractividade dos segmentos
políticos
4. Seleccionar os alvos dos
segmentos políticos
5. Desenvolver um
posicionamento para cada
um dos alvos dos segmentos
políticos
6. Desenvolver um marketing
MIX apropriado para cada
um dos segmentos
Retirado do artigo: Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing, Smith G., Hirst A.
DOIS MÉTODOS DE SEGMENTAÇÃO PODEM SER EFECTUADOS “A PRIORI” E “POST HOC”.
“A priori” é um método em que o investigador define antes de efectuar o estudo que tipo de segmentos
é vai utilizar, por exemplo, estratificar os eleitores, pelo seu nível de envolvimento com o partido
político, simpatizantes, militantes, eleitores que já votaram no partido e eleitores que nunca votaram no
partido. O método “pos hoc” prevê que o investigador não proceda a nenhuma categorização prévia e
que utilize técnicas estatísticas para encontrar os segmentos, por exemplo no artigo que estudamos os
autores utilizaram a análise de clusters para identificarem os segmentos de eleitores. Assim são os
próprios eleitores, pelas suas características e respostas que vão criar os segmentos que servirão de
base ao processo de segmentação. O trabalho que serviu de base para esta parte do estudo utilizou uma
técnica combinada que passou por aplicar a metodologia “a priori” seguida da aplicação da metodologia
“post hoc”, desta forma a metodologia “a priori” foi utilizada para estudar as características
identificadas pelo estudo “post hoc”.
césar ferreira, 2010
14
O PROCESSO DE TARGETING OS SEGMENTOS
Após a segmentação da população os partidos devem focar-se nos potenciais segmentos que podem
atingir. Os investigadores invocam a teoria da segmentação sugerindo que os “bons” segmentos são
aqueles que reúnem os seguintes critérios: mensurabilidade, substancialidade, acessibilidade,
diferenciabilidade (ou homogeneidade consoante a perspectiva) e actionability
5
, conforme o proposto
por Kotler no seu trabalho de 1997. O processo de segmentação utilizado no ponto anterior garante
informação sobre a conformidade dos dois primeiros critérios. Após esta análise, especialmente, a
avaliação da substancialidade e da sua importância para os objectivos do partido, estes podem utilizar
as técnicas de comunicação através dos diversos canais, acessibilidade, para atingirem os seus alvos, no
entanto, a grande questão é saber se os dois últimos critérios (diferenciabilidade e actionability) são
validados, isto é, saber se os segmentos são efectivamente diferenciáveis entre si, e se, o que os divide
são questões, efectivamente, fundamentais no processo de formulação do sentido de voto, e se, este
processo está ao alcance das acções do partido, por outras palavras se o partido pode apresentar
elementos que demonstrem a sua capacidade para conquistar esses segmentos.
O POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO NO MARKETING POLÍTICO
Após a segmentação e posteriormente o targerting apresenta-se como tarefa principal do marketing
político o posicionamento. No artigo estudado os autores apresentam dois casos onde o
posicionamento é estudado que aqui vamos, resumidamente, apresentar. Após o processo de
segmentação e de targeting encontramos segmentos que são importantes devido à sua identificação
com a estrutura ideológica do partido, mas, sobretudo, o partido deve analisar as falhas nos segmentos
onde existem falhas de identificação com o partido e com os seus adversários. Apresentamos como
exemplo a situação, descrita no artigo em análise, para este ponto. O Partido Conservador britânico
deve se interessar pelos segmentos afectos ao Partido Trabalhista mas que são anti-EU, de forma, a
incluir no seu processo de comunicação algumas mensagens direccionadas para estes segmentos no
sentido de cativar aqueles elementos que estão menos afectos ao Partido Trabalhista.
5
Optei por utilizar a palavra na língua inglesa por falta de tradução. Actionability expressa a noção que o segmento definido deve
ter uma dimensão apropriada aos recursos da organização)
césar ferreira, 2010
15
CONCLUSÕES
Após a análise dos três artigos e de muitos outros que serviram de base neste processo de estudo sobre
o marketing político, podemos concluir que as ferramentas estratégicas aqui abordadas têm uma
utilização muito importante no Marketing Político. Começamos por analisar os traços comportamentais
e chegamos à conclusão que o Marketing Político está no caminho da Personalidade-Marca, em que um
indivíduo passa a ser uma marca de um partido e estudamos um quadro de referência que pode ser
utilizado por partidos de todas as dimensões que com as novas ferramentas de comunicação abrem-se
novas oportunidades para os pequenos partidos. Para isso têm que enquadrar a sua mensagem na
dimensão comportamental, na dimensão do contexto ou estrutural e na dimensão operacional, e, é
nesta dimensão que os partidos podem utilizar o quadro de referência apresentado. Apresentamos um
modelo que todos os partidos podem utilizar para coordenarem de forma mais efectiva as suas
campanhas eleitorais, para que as campanhas locais e nacionais sejam coerentes e falem a uma só voz.
Os políticos precisam de utilizar um plano estruturado para abordarem e comunicarem com os votantes
e desta forma têm mais probabilidade de mudar de sentido de voto de forma a conquistarem o seu
apoio e assim vencerem as eleições. Acabamos por analisar a segmentação estratégica no marketing
político e a sua operacionalidade.
Por fim e antes de terminar queria concluir dizendo que a elaboração deste trabalho foi muito
importante para o aprofundamento de um tema de estudo que será central para o meu projecto de tese
de doutoramento.
césar ferreira, 2010
16
BIBLIOGRAFIA
“A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou A.,
Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence & Planning, Vol. 27 n.2, 2009.
“The political marketing planning process: improving image and message in strategic target areas”,
Baines P., Harris P. e Lewis B., Marketing Intelligence & Planning em 2002.
“Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing”, Smith G., Hirst
A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10, 2001
“Political marketing – vive la difference”, Andrew Lock and Phil Harris, European Journal of Marketing,
Junho de 1996, vol. 30
“The Marketing of Political Candidates”, Avraham Shama, Journal of the Academy of Marketing Science,
Fall 1976, Vol. 4
“Overview of political candidate marketing”, Philip Kotler, Advances in Consumer Research (1975), Vol.
12.
“A Generic Concept of Marketing”, Philip Kotler, Journal of Marketing (Apr. 1972), vol 36
“Strategies for Success from the Political Marketers”, Philip Niffenegger, Journal of Consumer Marketing,
(1989)
“Political Relationship Marketing: some micro/macro thoughts”, Stephan C. Heneneberg, Nicholas J.
O’Shaughnessi – Journal of Marketing Manegement, 2009 Vol. 25.
“Political marketing and party development in Britain: a ‘secret’ history”, Wring D., European Journal of
Marketing, 1996, Vol 30 n,ºs10/11.
“Political Marketing and Marketing Concept”, O´Cass A., European Journal of Marketing, 1996, Vol 30
n,ºs10/11.
“Strategic Marketing for non Profit Organizations”, Kotler P. and Anderson A.R., (1991), Prentice Hall, 4
ed.
“The Marriage of Politics and Marketing”, Lees-Marshment J., (2001), Political Studies, Vol. 49.
“Political Marketing Theory and Pratice: A reply to Ormrod’s critique of the Lees-Marshment marketed
oriented party model”, Lees-Marshment J., (2006), Political Studies, Vol. 26

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Marketing Político para Pequenos Partidos

  • 1. Programa Doutoral em Marketing e Estratégia Estudos Avançados de Estratégia Trabalho: A utilização de ferramentas estratégicas no Marketing Político. César Ferreira Março de 2001
  • 2. césar ferreira, 2010 2 Conteúdo Introdução....................................................................................................................................................3 Revisão da Literatura sobre marketing político............................................................................................4 A construção do planeamento do marketing político para Pequenos Partidos em Países Desenvolvidos..6 O processo de planeamento no Marketing Político.....................................................................................8 Os autores apresentam cinco factores que estão na base do planeamento do marketing político........8 Modelo de Planeamento Para um Campanha Política Local....................................................................9 1º Passo – Planeamento do modelo – Recolha de informação e identificação do círculo eleitoral ..10 2º Passo – Concorrência e segmentação dos grupos de eleitores .....................................................11 3º Passo – Posicionamento do Partido Político e Focalização dos Grupos de Votantes....................12 4º Passo – Análise Pós-eleitoral .........................................................................................................12 Em resumo..............................................................................................................................................12 A Segmentação Estratégica no Marketing Político.....................................................................................13 Dois métodos de segmentação podem ser efectuados “a priori” e “post hoc”.....................................13 O processo de targeting os segmentos ..................................................................................................14 O Posicionamento Estratégico no Marketing Político............................................................................14 Conclusões..................................................................................................................................................15 Bibliografia..................................................................................................................................................16
  • 3. césar ferreira, 2010 3 INTRODUÇÃO Este trabalho foi elaborado para servir de elemento de avaliação para a disciplina de Estudos Avançados de Estratégia do programa de doutoramento (3º ciclo) em Marketing e Estratégia das Universidades de Aveiro do Minho e da Beira Interior. Tendo em atenção as orientações do Exmo. Sr. Professor de conciliar, no trabalho, a matéria abordada nas aulas e o nosso tema de investigação, optei por efectuar uma revisão da literatura sobre o meu foco de investigação que vai incidir na comunicação dos partidos com os seus militantes. Optei por estudar alguns artigos que encontrei que abordavam o tema sobre o posicionamento estratégico, a segmentação de mercado eleitoral e a comunicação dos partidos políticos. Escolhi os artigos: “A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou A., Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence & Planning, Vol. 27 n.2, 2009; “The political marketing planning process: improving image and message in strategic target areas”, Baines P., Harris P. e Lewis B., publicado no Marketing Intelligence & Planning em 2002, e por fim, “Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing”, Smith G., Hirst A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10, 2001. A minha escolha prende-se com a pertinência dos artigos na abordagem estratégica do Marketing Político.
  • 4. césar ferreira, 2010 4 REVISÃO DA LITERATURA SOBRE MARKETING POLÍTICO Para abordar o tema sobre a interacção entre o marketing político e a estratégia, é importante, iniciarmos com alguma revisão da literatura sobre o conceito de marketing político assim sendo, o Homem, um animal político (zoon politikón) na visão aristotélica, o marketing político sempre existiu. Esta visão filosófica do Homem como um ser político nas sua relações sociais e no seu posicionamento perante a vida e o divino leva a que todas as acções do homem estejam condicionadas a uma ordem transparente que ordena e procura a aceitação pelos demais. Esta pequena introdução não é mais do que uma pequena nota para a importância do marketing político em sentido lato. E muito rapidamente e dando um salto de dois milénios apresento uma definição de marketing político, mais próxima de como o entendemos nos dias de hoje. “Marketing político é o processo pelo qual os candidatos políticos e as suas ideias são apresentados aos eleitores no sentido de satisfazer as suas necessidades e apoiarem o candidato e as suas ideias. (…) Marketing Político Integrado é um sistema de acção global desenhado para satisfazer os votantes e eleger um determinado candidato. Assim, envolve, simultaneamente, o estudo, a análise e a segmentação dos eleitores; o posicionamento do candidato e a utilização dos media de uma forma integrada num plano de marketing que satisfaz os eleitores e elege os candidatos.” Avraham Shama (1976) Kotler e Andreasen (1991) acreditam que muitos dos conceitos e ferramentas do marketing de produtos (bens e serviços) são utilizados pelo marketing político. Niffenegger (1989) acredita que o interface do candidato e do partido com o seu eleitorado é o marketing político e que este não pode ser ignorado. Os políticos ficaram reféns da utilização das estratégias de marketing e que as campanhas eleitorais são comparadas a campanhas de marketing. Argumenta que os diferentes partidos têm que perceber e utilizar as técnicas elementares de marketing para terem sucesso no curto e longo prazo. O’Cass (1996), diz que o marketing não resolve todos os problemas, mas permite que os partidos políticos desenhem, implementem e monitorizem as campanhas políticas de uma forma mais eficaz e eficiente. Lock and Harris (1996) argumentam que o marketing político é bastante diferente do marketing de produtos (bens e serviços) e que a utilização dos conceitos e técnicas não é tão linear como é argumentado por muitos investigadores. O marketing político está focado na comunicação com os
  • 5. césar ferreira, 2010 5 membros do partido, com os media, com os potencias financiadores e com o eleitorado, mas acham que o método analítico e a perspectiva de marketing têm considerável aplicabilidade. Jennifer Lees-Marshment (2001) argumenta que o marketing político é uma combinação entre a ciência política e o marketing e que utiliza as técnicas e os conceitos chave do marketing adaptando-os aos princípios tradicionais da ciência política. Posteriormente, em 2006, a mesma investigadora apresenta um modelo em que argumenta que os partidos políticos, em especial, os “partidos-orientados-para-o- mercado”, utilizam um processo de operacionalização do marketing político, dividido num conjunto de fases, que passam pelo desenho do produto, comunicação aos apoiantes e financiadores, e, finalmente, a utilização nas campanhas políticas. Acrescenta ainda que utilizam um conjunto de actividades comportamentais no desenvolvimento do seu marketing político Henneberg (2004) apresentam no seu trabalho, Political Marketing Theory: Hendiadyoin or Oxymoron, se analisarmos o título do trabalho deparámo-nos com uma curiosa provocação em que se põe em causa se marketing e política não têm o mesmo significado e querem dizer a mesma coisa. O seu trabalho vai no sentido de defender aquilo que consideram uma disciplina recente, o marketing político, em que acham que deve ser defendido e desenvolvido um corpo teórico e empírico que permita a afirmação perante outras disciplinas com a ciência política. Wring (1996) define o início da utilização profissional do marketing político a seguir à segunda guerra mundial, com o aparecimento e desenvolvimento da televisão e da explosão da indústria dos meios de comunicação social Tharassou et. al. (2008) afirmam que a discussão que tem produzido bastante literatura sobre o marketing político e a sua relação com o marketing de produtos (bens e serviços) passa pela substituição de algumas palavras como; mercado, consumidores e empregados para pessoas, votantes e militantes. Henneberg e O’Shaughnessy no seu trabalho de 2009 falam de uma mudança, no marketing político, que passa pela mudança do foco transacção (instrumental exchange) para a criação de valor no relacionamento e no marketing de rede. Esta mudança assenta em “contrato sociais” baseados nos valores e na confiança entre os políticos e os cidadãos.
  • 6. césar ferreira, 2010 6 A CONSTRUÇÃO DO PLANEAMENTO DO MARKETING POLÍTICO PARA PEQUENOS PARTIDOS EM PAÍSES DESENVOLVIDOS Este tema vai ser apresentado utilizando o artigo: “A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou A., Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence & Planning, Vol. 27 n.2, 2009. Neste trabalho os autores elaboram um quadro de referência para a construção de um modelo de implementação de um plano de comunicação de marketing para pequenos partidos em países desenvolvidos. Para isso analisam as implicações no marketing político da dimensão comportamental, da dimensão do contexto e da dimensão operacional. Na dimensão comportamental, a grande questão passa por perceber como é que, os partidos conseguem prever o comportamento dos indivíduos no sentido de manter uma relação de valor acrescentado bidireccional ao longo do tempo. Para isso os indivíduos têm que estar posicionados de forma procurarem o que querem em termos de qualidade, e, em tempos de mudança contínua o marketing estratégico vai se centrar na construção da relação em que um evento de mudança está previsto e origina uma reacção. Com o aumento da importância da ética e da responsabilidade social estas dimensões têm que ser incorporadas na organização dos partidos e devem ganhar centralidade na sua actividade. A teoria do comportamento do consumidor vai no sentido de promover a criação de personalidades-marca com a criação de imagens e estilos de vida e características antropomórficas que sejam percebidos e incorporados pelos eleitores no seu sistema de identificação e escolha. Esta será uma arma do futuro na utilização do marketing político a criação da personificação da marca em que o candidato e o partido se fundem numa marca. Na dimensão contextual, nesta dimensão o foco passa pela relação organização-indivíduo em que o ambiente e secundarizado pela mente do individuo. A transferência da função para a percepção em que sabemos que o contexto ambiental é utilizado para dar forma ao processo de interacção entre o indivíduo e a organização. Na dimensão operacional chegamos à conclusão que além de uma troca e nomes, como já foi referido, entre o marketing político e o marketing tradicional, o factor principal passa pela dificuldade em identificar e comunicar com conceitos abstractos como; valor, percepção e sucesso. Para este processo
  • 7. césar ferreira, 2010 7 os autores (Tharassou et al.) construíram um quadro de referência para comunicação de marketing para pequenos partidos em países desenvolvidos. Retirado do artigo “A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou et al. (2008)
  • 8. césar ferreira, 2010 8 O PROCESSO DE PLANEAMENTO NO MARKETING POLÍTICO Para abordar este tema apresento o artigo: The political marketing planning process: improving image and message in strategic target areas, Baines P., Harris P. e Lewis B., publicado no Marketing Intelligence & Planning em 2002 Os autores escreveram este artigo com um objectivo principal, construir um modelo de planeamento de marketing político para os partidos do Reino Unido, mas que poderia ser aplicado a todos os partidos que actuem em modelos eleitorais baseados em círculos eleitorais 1 Este modelo pretende dar aos estrategas eleitorais uma ferramenta de análise sobre que locais e que votantes flutuantes nesses locais estão mais em risco de mudar a sua fidelidade de um partido político para outro. O planeamento do marketing político serve para determinar como obter e manter o apoio dos cidadãos para os programas e políticas do partido. A criação da vantagem competitiva ocorre através da determinação e gestão do posicionamento estratégico do partido e a comunicação da estratégia de uma forma consistente em várias matérias principais e aos vários níveis, local e nacional através de todos os canais de comunicação. OS AUTORES APRESENTAM CINCO FACTORES QUE ESTÃO NA BASE DO PLANEAMENTO DO MARKETING POLÍTICO 1 Em particular nos modelos em que o mais votado elege todos os lugares (first-past-the-post)
  • 9. césar ferreira, 2010 9 Função do planeamento do Marketing No contexto do marketing político Análise do mercado Isto requer uma determinação de como os eleitores percebem os partidos e os candidatos nas diferentes áreas do combate político. Isto pode explicar a diferença do posicionamento competitivo do partido em diferentes regiões Definição de objectivos O partido necessita de determinar que assuntos devem ser utilizados e que votantes e grupos de cidadãos podem ser despertados pelos respectivos assuntos e se isto é possível tendo em atenção os constrangimentos da organização Avaliação de uma estratégia alternativa Com que segmentos do eleitorado o partido deve comunicar e que mensagens deve utilizar? Devemos utilizar múltiplas mensagens para múltiplos segmentos? Sondagens da opinião pública e análise qualitativa devem ser utilizadas para guiar e acompanhar o envio e recepção das mensagens e medir e avaliar a acessibilidade estabilidade e substância de grupos segmentados. Implementação da Estratégia O Estratega político precisa de alocar os recursos necessários para atingir o alvo definido através da imprensa, rádio, televisão e direct mail. Nas campanhas eleitorais um dos principais problemas ocorre da incerteza do fluxo de financiamento. Controlo e monitorização Existe a necessidade de determinar se a mensagem foi correctamente, ou não, elaborada e disseminada para os segmentos identificados. Como metodologia foram utilizadas diversas entrevistas com responsáveis por campanhas eleitorais. As entrevistas foram desenhadas de forma a determinar a metodologia utilizada, pelos partidos políticos, na organização das campanhas eleitorais, no sentido de avaliar se poderia ser melhorada através da utilização de um Plano de Marketing. MODELO DE PLANEAMENTO PARA UM CAMPANHA POLÍTICA LOCAL Adaptado de The political marketing planing process: improving image and message in strategic target areas; Paul R Baines, Phil Harris e Barbara R Lewis
  • 10. césar ferreira, 2010 10 Dados estatísticos históricos Estatísticas dos Census Ranking do Círculo Eleitoral Investigação Local Círculo eleitoral Registos de Propaganda Determinação dos Competidores Identificação dos Grupos de Votantes Posicionamento do Partido Político Targeting dos grupos dos votantes Análise Pós-eleitoral 4ºPasso1ºPasso2ºPasso3ºPasso O modelo de planeamento político definido neste artigo passa por um quadro de referência que agrega as realidades do ambiente envolvente mas com uma flexibilidade que permite rápidas mudanças. Este modelo tem que incorporar vários fenómenos políticos com detalhe no sentido de reflectir a realidade de uma campanha eleitoral. Este modelo é construído passo a passo, conforme os autores apresentam no seu trabalho: 1º PASSO – PLANEAMENTO DO MODELO – RECOLHA DE INFORMAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO CÍRCULO ELEITORAL Neste passo devemos identificar quais os círculos eleitorais que estão em risco de mudar de partido canalizando para estes círculos mais recursos. Após esta análise os partidos podem alocar de uma forma mais eficaz os seus recursos tempo e dinheiro. Análise dos dados históricos: Conhecer os resultados eleitorais, das eleições anteriores, e os votos nos diferentes concorrentes, é importante quando é necessário definir quais os círculos eleitorais que são escolhidos para serem conquistados e mantidos. Os dados históricos são também muito importantes para determinar qual o candidato e como é que o partido deve tentar persuadir o eleitorado e qual a mensagem que deve ser reforçada. Dados dos Census: O estratega político tem que monitorizar a estrutura demográfica do círculo eleitoral, numa base dinâmica, para que as alterações sejam identificadas e que os grupos de votantes relevantes sejam localizados para que as acções de campanha sejam eficazes. Adaptado de The political marketing planing process: improving image and message in strategic target areas; Paul R Baines, Phil Harris e Barbara R Lewis
  • 11. césar ferreira, 2010 11 Ranking dos círculos eleitorais: Uma investigação ao nível do círculo eleitoral, dos registos da propaganda eleitoral e uma análise táctica do voto tradicional deve ser efectuada no sentido de saber quais os círculos eleitorais em que o partido pode eleger candidatos. Este ranking deve ser utilizado para ordenar os círculos eleitorais de forma a alocarem-se os recursos de acordo com o potencial de cada círculo. Investigação Local – Círculo eleitoral: Esta investigação é vital para um conhecimento da posição actual dos principais partidos do círculo eleitoral. A análise histórica dos resultados eleitorais não dá nenhuma informação sobre as mudanças recentes dos tipos de militantes dos diversos lugares. A investigação ao nível local deve focar: - Nível de apoio actual; - Tipos de pessoas que apoiam os partidos (analisar a concorrência); - Tipos de pessoas que mudaram o seu sentido de voto de um partido político desde as últimas eleições; - Percepção do eleitorado sobre determinados assuntos e políticas; - Nível de voto táctico 2 - Analisar se o voto pessoal e tradicional; 3 tem importância no respectivo círculo Registos de Propaganda: A propaganda eleitoral ajuda os partidos a identificarem o eleitorado e a produzirem mensagens específicas para persuadirem os eleitores a votarem nos seus produtos. 2º PASSO – CONCORRÊNCIA E SEGMENTAÇÃO DOS GRUPOS DE ELEITORES Análise da concorrência: Esta informação é importante para o estratega eleitoral definir uma plataforma de medidas de contra ataque para as políticas dos adversários. Geralmente a determinação da concorrência para uma eleição é fornecida por uma combinação dos resultados das últimas eleições gerais e de outras eleições permitindo a determinação das subáreas que são mais favoráveis a um partido no sentido de tentar identificar os votantes marginais. 2 O voto táctico (útil) ocorre quando um eleitor identifica-se com um partido mas utiliza o seu voto para eleger um outro partido de forma a bloquear a vitória de um terceiro. 3 O voto pessoal existe quando o eleitor vota no candidato, independentemente, do partido que o apoia.
  • 12. césar ferreira, 2010 12 Segmentação de Grupos de votantes relevantes: Os partidos no sentido de manter ou conquistar uma eleição têm que se aproximar dos eleitores que estão mais sensíveis a mudar o seu sentido de voto para o principal opositor (ou opositores). A investigação local forneceu informação que deverá ser utilizada para preparar esta segmentação. Os autores aconselham a utilização da CHAID 4 3º PASSO – POSICIONAMENTO DO PARTIDO POLÍTICO E FOCALIZAÇÃO DOS GRUPOS DE VOTANTES para identificar os segmentos para os quais serão elaboradas campanhas de comunicação específicas. Posicionamento do Partido Político: No sentido de aumentar o apoio, os estrategas políticos usam políticas, assuntos, ideologias, argumentos, bem com um estilo de apresentação, de forma a conquistar a mente dos eleitores. O Posicionamento é o processo que conecta o partido com os votantes. É a ideia simples e central que a campanha comunica com os votantes para promover o candidato, a sua ligação com os eleitores e o contraste com os adversários. O Posicionamento do partido é um aspecto crucial do processo do Marketing Político. Os partidos necessitam de temas para comunicarem com os eleitores, a selecção dos temas é de suprema importância porque os partidos não podem seleccionar temas que não sejam consistentes com as suas propostas anteriores. Focalização dos Grupos de Votantes: Uma vez construída a agenda para o círculo eleitoral pelos estrategas e definidos os alvos a atingir, a organização local deve transportar as mensagens através da propaganda política que deve ser distribuída porta-a-porta, por telefone ou por direct-mail, consoante as condições geográficas do círculo eleitoral. 4º PASSO – ANÁLISE PÓS-ELEITORAL Esta análise serve para verificar se os segmentos foram correctamente identificados e as mensagens escolhidas foram as mais correctas. Esta análise não deve ficar só pela análise do resultado eleitoral, mas, deve-se fazer trabalho de campo para ficar com uma base de trabalho para as próximas eleições. EM RESUMO Os autores defendem que este artigo apresenta um modelo que os partidos de todo o mundo podem utilizar para coordenarem de forma mais efectiva as suas campanhas eleitorais, para que as campanhas locais e nacionais sejam coerentes e falem a uma só voz. Os autores tentaram demonstrar que os políticos precisam de utilizar um plano estruturado para abordarem e comunicarem com os votantes que têm mais probabilidade de mudar de sentido de voto de forma a conquistarem o seu apoio e assim vencerem as eleições. 4 CHAID significa CHi-squared Automatic Interaction Detector
  • 13. césar ferreira, 2010 13 A SEGMENTAÇÃO ESTRATÉGICA NO MARKETING POLÍTICO Este tema vai ser apresentado com a análise do artigo: Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing, Smith G., Hirst A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10, 2001. Desde os anos 90 que o desenvolvimento da segmentação passou de um ênfase nas características tradicionais: demográficas e geográficas paras as características psicográficas e de atitude como base de segmentação no marketing político. Kotler (1997) defende que uma segmentação estratégica que tenha uma ênfase numa relação ao longo do tempo requer a integração de três actividades; segmentação, posicionamento e definição dos alvos. Segmenatção do “Mercado” Político Targeting os Segmentos Políticos Posicionamento perante os segmentos Políticos 1. Identificar as bases para segmentar o eleitorado 2. Desenvolver os perfis resultantes da segmentação do eleitorado 3. Desenvolver medidas de atractividade dos segmentos políticos 4. Seleccionar os alvos dos segmentos políticos 5. Desenvolver um posicionamento para cada um dos alvos dos segmentos políticos 6. Desenvolver um marketing MIX apropriado para cada um dos segmentos Retirado do artigo: Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing, Smith G., Hirst A. DOIS MÉTODOS DE SEGMENTAÇÃO PODEM SER EFECTUADOS “A PRIORI” E “POST HOC”. “A priori” é um método em que o investigador define antes de efectuar o estudo que tipo de segmentos é vai utilizar, por exemplo, estratificar os eleitores, pelo seu nível de envolvimento com o partido político, simpatizantes, militantes, eleitores que já votaram no partido e eleitores que nunca votaram no partido. O método “pos hoc” prevê que o investigador não proceda a nenhuma categorização prévia e que utilize técnicas estatísticas para encontrar os segmentos, por exemplo no artigo que estudamos os autores utilizaram a análise de clusters para identificarem os segmentos de eleitores. Assim são os próprios eleitores, pelas suas características e respostas que vão criar os segmentos que servirão de base ao processo de segmentação. O trabalho que serviu de base para esta parte do estudo utilizou uma técnica combinada que passou por aplicar a metodologia “a priori” seguida da aplicação da metodologia “post hoc”, desta forma a metodologia “a priori” foi utilizada para estudar as características identificadas pelo estudo “post hoc”.
  • 14. césar ferreira, 2010 14 O PROCESSO DE TARGETING OS SEGMENTOS Após a segmentação da população os partidos devem focar-se nos potenciais segmentos que podem atingir. Os investigadores invocam a teoria da segmentação sugerindo que os “bons” segmentos são aqueles que reúnem os seguintes critérios: mensurabilidade, substancialidade, acessibilidade, diferenciabilidade (ou homogeneidade consoante a perspectiva) e actionability 5 , conforme o proposto por Kotler no seu trabalho de 1997. O processo de segmentação utilizado no ponto anterior garante informação sobre a conformidade dos dois primeiros critérios. Após esta análise, especialmente, a avaliação da substancialidade e da sua importância para os objectivos do partido, estes podem utilizar as técnicas de comunicação através dos diversos canais, acessibilidade, para atingirem os seus alvos, no entanto, a grande questão é saber se os dois últimos critérios (diferenciabilidade e actionability) são validados, isto é, saber se os segmentos são efectivamente diferenciáveis entre si, e se, o que os divide são questões, efectivamente, fundamentais no processo de formulação do sentido de voto, e se, este processo está ao alcance das acções do partido, por outras palavras se o partido pode apresentar elementos que demonstrem a sua capacidade para conquistar esses segmentos. O POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO NO MARKETING POLÍTICO Após a segmentação e posteriormente o targerting apresenta-se como tarefa principal do marketing político o posicionamento. No artigo estudado os autores apresentam dois casos onde o posicionamento é estudado que aqui vamos, resumidamente, apresentar. Após o processo de segmentação e de targeting encontramos segmentos que são importantes devido à sua identificação com a estrutura ideológica do partido, mas, sobretudo, o partido deve analisar as falhas nos segmentos onde existem falhas de identificação com o partido e com os seus adversários. Apresentamos como exemplo a situação, descrita no artigo em análise, para este ponto. O Partido Conservador britânico deve se interessar pelos segmentos afectos ao Partido Trabalhista mas que são anti-EU, de forma, a incluir no seu processo de comunicação algumas mensagens direccionadas para estes segmentos no sentido de cativar aqueles elementos que estão menos afectos ao Partido Trabalhista. 5 Optei por utilizar a palavra na língua inglesa por falta de tradução. Actionability expressa a noção que o segmento definido deve ter uma dimensão apropriada aos recursos da organização)
  • 15. césar ferreira, 2010 15 CONCLUSÕES Após a análise dos três artigos e de muitos outros que serviram de base neste processo de estudo sobre o marketing político, podemos concluir que as ferramentas estratégicas aqui abordadas têm uma utilização muito importante no Marketing Político. Começamos por analisar os traços comportamentais e chegamos à conclusão que o Marketing Político está no caminho da Personalidade-Marca, em que um indivíduo passa a ser uma marca de um partido e estudamos um quadro de referência que pode ser utilizado por partidos de todas as dimensões que com as novas ferramentas de comunicação abrem-se novas oportunidades para os pequenos partidos. Para isso têm que enquadrar a sua mensagem na dimensão comportamental, na dimensão do contexto ou estrutural e na dimensão operacional, e, é nesta dimensão que os partidos podem utilizar o quadro de referência apresentado. Apresentamos um modelo que todos os partidos podem utilizar para coordenarem de forma mais efectiva as suas campanhas eleitorais, para que as campanhas locais e nacionais sejam coerentes e falem a uma só voz. Os políticos precisam de utilizar um plano estruturado para abordarem e comunicarem com os votantes e desta forma têm mais probabilidade de mudar de sentido de voto de forma a conquistarem o seu apoio e assim vencerem as eleições. Acabamos por analisar a segmentação estratégica no marketing político e a sua operacionalidade. Por fim e antes de terminar queria concluir dizendo que a elaboração deste trabalho foi muito importante para o aprofundamento de um tema de estudo que será central para o meu projecto de tese de doutoramento.
  • 16. césar ferreira, 2010 16 BIBLIOGRAFIA “A marketing communications framework for small political parties in developed countries” Thrassou A., Vrontis D., McDonald M., Marketing Intelligence & Planning, Vol. 27 n.2, 2009. “The political marketing planning process: improving image and message in strategic target areas”, Baines P., Harris P. e Lewis B., Marketing Intelligence & Planning em 2002. “Strategic Political Segmentation: A new approach for a new era of political marketing”, Smith G., Hirst A., European Journal of Marketing, Vol 35 n.º 9/10, 2001 “Political marketing – vive la difference”, Andrew Lock and Phil Harris, European Journal of Marketing, Junho de 1996, vol. 30 “The Marketing of Political Candidates”, Avraham Shama, Journal of the Academy of Marketing Science, Fall 1976, Vol. 4 “Overview of political candidate marketing”, Philip Kotler, Advances in Consumer Research (1975), Vol. 12. “A Generic Concept of Marketing”, Philip Kotler, Journal of Marketing (Apr. 1972), vol 36 “Strategies for Success from the Political Marketers”, Philip Niffenegger, Journal of Consumer Marketing, (1989) “Political Relationship Marketing: some micro/macro thoughts”, Stephan C. Heneneberg, Nicholas J. O’Shaughnessi – Journal of Marketing Manegement, 2009 Vol. 25. “Political marketing and party development in Britain: a ‘secret’ history”, Wring D., European Journal of Marketing, 1996, Vol 30 n,ºs10/11. “Political Marketing and Marketing Concept”, O´Cass A., European Journal of Marketing, 1996, Vol 30 n,ºs10/11. “Strategic Marketing for non Profit Organizations”, Kotler P. and Anderson A.R., (1991), Prentice Hall, 4 ed. “The Marriage of Politics and Marketing”, Lees-Marshment J., (2001), Political Studies, Vol. 49. “Political Marketing Theory and Pratice: A reply to Ormrod’s critique of the Lees-Marshment marketed oriented party model”, Lees-Marshment J., (2006), Political Studies, Vol. 26