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Resenha
Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade”
Critical review of the work "sapiens: a brief history of humanity"
Vitória Regina Gomes Monteiro Mota¹, Glauce Barros Santos², Ítalo Cristiano Silva e
Sousa³
Acadêmica da Faculdade de Floriano- FAESF¹.
Docente da Faculdade de Floriano-FAESF-Mestranda em Ensino²
Docente da Faculdade de Floriano-FAESF-Mestre em História do Brasil - UFPI²
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. 4.ed. Rio Grande do
Sul: Editora L&PM, 2014. 452p.
Yuval Noah Harari nasceu em
Israel, no estado de Qiryat Atta em 24 de
fevereiro de 1976. É historiador, escritor e
medievalista. Trabalha lecionando na
Universidade Hebraica de Jerusalém, sendo
o autor dos best-sellers internacionais
Sapiens: uma breve história da humanidade
e Homo Deus – uma breve história do
amanhã. Ele é especialista em processos da
macro-história e história mundial, fez seu
doutorado no Jesus College, em Oxford.
Suas pesquisas e livros são focados na
macro-história, tendo como exemplo as
seguintes questões: O que o Homo sapiens
tem de diferente dos outros animais? Qual a
relação da história com a biologia? Harari é
ganhador de vários prêmios, tais como: o
Prêmio Polonsky por Criatividade e
Originalidade. Tornou-se uma celebridade
após seu livro se tornar uma febre mundial,
sendo constantemente procurado para dar
palestras e aconselhar governantes.
O livro não tem sua atenção focada
em apenas um assunto, assim, utiliza-se da
macro-história. Ele questiona as ideias que
o ser humano atual tem quanto ao universo.
Sapiens é dividido em 03 (três) revoluções
que dão ao leitor uma possibilidade de
melhor entendimento sobre a ideia principal
da obra, e como essas revoluções afetaram
os seres humanos e as demais espécies
existentes.
A obra é dividida em partes que
estão em sequência de acordo com o
acontecimento de cada umas das
Revoluções (Cognitiva, Agrícola e
Científica). Cada parte conta com uma
quantidade “x” de capítulos e estes estão
subdivididos em tópicos. É um livro muito
bem articulado que não conta com uma
história de ficção, nesse sentido a leitura
requer uma maior atenção, pois a
introdução, desenvolvimento e conclusão
estão situados em torno de 452 páginas
narradas em primeira e terceira pessoa do
singular.
A Revolução Cognitiva foi o marco
do início, aconteceu há cerca de 70 mil
anos. Muito antes de tudo começar já havia
seres humanos com capacidades similares
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as dos humanos atuais, porém outros
animais também coexistiam na mesma
época, fato que não torna o Homo Sapiens
seres diferenciados; então a partir de qual
momento essa espécie se tornou superior?
A resposta virá logo adiante. Os Homo
Sapiens não eram a única espécie de
humanos que existiam, havia outros
semelhantes, mas com a evolução e de
acordo com as características dos locais os
quais habitavam, juntamente com os
confrontos entre as espécies, eles entraram
em extinção. Outra característica que
diferenciava o homem dos outros animais
era a capacidade de pensar, Harari (2004,
p.15) enfatiza que “O uso de ferramentas,
uma capacidade superior de aprender e
estruturas sociais complexas são vantagens
enormes. Parece óbvio que esses atributos
tornaram a humanidade o animal mais
poderoso da Terra”. Logo o homem que era
apenas mais um animal intermediário na
cadeia alimentar chegou ao topo, trazendo
junto consigo danos cruéis a natureza e
juntamente com a evolução da sua
capacidade intelectual surgiram as
primeiras invenções: barcos, arcos e flechas
e lâmpadas.
Após estudos descobriu que essas
conquistas só foram capazes graças a
evolução cognitiva dos sapiens. Se as
habilidades evoluem, logo surge a
necessidade de uma linguagem para
facilitar a interação entre o homem “O Homo
Sapiens é antes de mais nada um animal
social, pois a cooperação social é essencial
para a sobrevivência e a reprodução” Harari
(2004, p. 28). Dessa interação surgiu a
imprescindibilidade de transmitir
informações, criando assim mitos, religiões
e deuses, para explicar fenômenos.
Também em consequência disto foi que
começou a surgir as primeiras sociedades
humanas. Em toda sociedade é
fundamental que aja cooperação, mas como
poderemos efetivá-la? Harari diz que todas
as lendas e religiões surgiram da
criatividade da imaginação humana.
Mas nenhuma dessas coisas existe fora das histórias que as pessoas inventam
e contam umas às outras. Não há deuses no universo, nem nações, nem
dinheiro, nem direitos humanos, nem leis, nem justiça fora da imaginação
humana. As pessoas acreditam facilmente que os “primitivos” consolidam sua
ordem social acreditando em deuses e espíritos e se reunindo a cada lua cheia
para dançar juntos em volta da fogueira. Mas não conseguimos avaliar que
nossas instituições modernas funcionam exatamente sobre a mesma base.
(HARARI,2004, p 33)
A Revolução Cognitiva fez com que
houvesse cooperação entre os sapiens,
desta surgiu a sociedade, juntamente com
formas de sobrevivência mais avançadas. É
impreciso dizer especificamente como os
Homo Sapiens viviam, pois não existem
muitos detalhes da vida deles, apenas
suposições. De fato, na época em que essa
revolução ocorreu houve inúmeras espécies
que entraram em extinção, os humanos
foram 90% responsáveis por esse
acontecimento, os outros 10% ficaram por
responsabilidade das excentricidades do
clima local. Percebe-se então que onde quer
que os seres humanos façam morada o
ecossistema sofrerá.
A Revolução Agrícola aconteceu a
cerca de 12 mil anos, foi um grande salto
para a humanidade, pois o homem começou
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a adquirir novas formas de manusear a
agricultura e a domesticação de animais;
esta revolução mudou completamente a
maneira como a espécie vivia. E isto só foi
possível graças ao progresso da
capacidade cognitiva. Com certeza, depois
desse acontecimento as reservas
alimentícias aumentaram gradativamente,
porém nem sempre grandes mudanças
apenas trazem bons acontecimentos,
juntamente com os níveis de melhora nas
reservas de alimentos, o crescimento
populacional amplificou; futuramente este
problema viria a ser estudado por Thomas
Malthus, com a sua teoria Malthusiana.
A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à disposição
da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram em uma dieta
melhor ou em mais lazer. Em vez disso, se traduziram em explosões
populacionais e elites favorecidas. (HARARI,2004, p 86)
Depois dessa revolução, doenças
cada vez mais iam aparecendo, devido ao
fato do acúmulo de pessoas em um mesmo
local, juntamente com animais. Com o
advento deste fato outro problema se tornou
eminente, a mortalidade infantil “à medida
que as crianças passaram a se alimentar
mais de cereais e menos leite materno e
cada uma teve que dividir seu mingau com
mais e mais irmãos, a mortalidade infantil
disparou” Harari (2004, p.92). A evolução
não se restringiu apenas aos campos, ela foi
além e chegou na forma da caça. Outro fato
que mudou foi que a força física não era
mais praticada apenas por humanos, mas
também por animais, os métodos de
domesticação foram outras ocorrências que
evoluíram, pois agora os seres humanos
tinham métodos de agricultura e de caça
modernos. Os animais passaram a sofrer
ainda mais depois desta revolução, eles
eram e até hoje continuam sendo castigados
e tendo uma vida de escravos, claro, com
muito menos benefícios. Eles nasciam e
viviam apenas por um pequeno prazo, eram
alimentados apenas para o abate. “Essa
discrepância entre sucesso evolutivo e
sofrimento individual é, talvez, a lição mais
importante que podemos tirar da Revolução
Agrícola” Harari (2004, p.103). A economia
agrícola se baseava em um ciclo sazonal,
onde tinha uma colheita mais diversificada.
Os camponeses desta época não se
preocupavam exclusivamente com o dia de
hoje ou amanhã, como era feito antes, agora
eles já se afligiam com o futuro e faziam
mais e mais reservas de alimento. Vale
lembrar que tudo isso foi obtido graças as
“ordens imaginárias” que fizeram com que
os humanos colaborassem e atingissem um
mundo de sucesso.
Outro acontecimento que se fez
necessário foi o surgimento da escrita, visto
que com o grande avanço da tecnologia
houve uma sobrecarga em informações no
cérebro, este que tem uma capacidade
limitada. Então os povos a criaram para
solucionar esse problema. Assim como
qualquer ação precisa evoluir, com a escrita
não foi diferente, antes o que era usado
apenas para fazer registros matemáticos
(acumulação de dividas, pagamentos),
tornou-se o que existe nos dias atuais.
Neste momento do livro a
humanidade já caminha a passos largos
para o que chamamos hoje de globalização.
A unificação só se tornou possível através
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da Revolução Cognitiva e com o surgimento
de três ordens mundiais que regem o
mundo: política, religião e dinheiro, sendo
que um dos fatos que contribuíram para isso
foi os impérios, surgindo assim um dos
grandes males da humanidade: a distinção
entre grupos de pessoas.
Os sapiens dividem a humanidade instintivamente em duas partes, “nos” e
“eles”. Nós somos pessoas como você e eu, que partilhamos a mesma língua,
a mesma religião e os mesmos costumes. Nós somos todos responsáveis uns
pelos outros, mas não por “eles”. Nós somos distintos deles, e não devemos
nada a eles. Nós não queremos ver nenhum deles em nossos territórios, e não
nos importamos nem um pouco com o que acontece no território deles. Eles
mal são humanos. (HARARI,2004. p 204)
A Revolução Científica deu início a
nova era da humanidade que perdura até os
dias atuais, esta foi mais recente, faz
apenas 500 anos desde o seu início. Foi
nessa época que a tecnologia surgiu
“Daquele ponto em diante, a humanidade
teve a capacidade não só de mudar o curso
da história como também de colocar um fim
nela” Harari (2004, p. 259). Muitos pensam
que essa revolução deu fim a todas as
dúvidas que a humanidade possuía, pelo
contrário, ela só fez com que fosse
perceptível que muitas perguntas ainda não
possuem solução; como o próprio autor
intitula a fase como sendo “uma revolução
da ignorância”. Uma das grandes
preocupações da humanidade nesse
período é com a morte e quais os meios de
superá-la, e esta revolução parece tem
ajudado nessa questão, pois foi em
decorrência dela que a medicina avançou,
podendo assim solucionar uma grande
parte dos males que viviam sobre a espécie,
com isso a expectativa de vida aumentou
Harari intitula esse feito como O projeto
Gilgamesh. Os impérios ajudaram bastante
nessa revolução pois tinham um complexo
militar-industrial-científico.
Todos os impérios prósperos do fim da era moderna cultivaram a pesquisa
científica na esperança de colher inovações tecnológicas, e muitos cientistas
passaram a maior parte do tempo trabalhando em armamentos, medicamentos
e máquinas para seus senhores imperiais. (HARARI,2004. p 290)
O grande avanço nesta época foram
as viagens marítimas, que tinham como
objetivo desbravar o novo mundo. Os mapas
que antes eram vazios deram lugar a novas
terras, isto graças ao avanço tecnológico
que possibilitou a construção de grandes
embarcações. Essas conquistas foram
possíveis na época dos impérios. Outro
evento importante e significativo dessa
época foi o crescimento do capital no
mundo, a economia teve progresso
considerado “o crescimento econômico é o
bem supremo, ou pelo menos uma via para
o bem supremo, porque a justiça, a
liberdade e até mesmo a felicidade
dependem do crescimento econômico”
Harari (2004, p. 325). O maior beneficiador
da economia foi a Revolução Industrial ou
mais conhecida como a Segunda Revolução
Agrícola, a partir dela que os países
começaram a ter mais lucro e a vida nunca
mais foi a mesma. Outro fato importante foi
a vida biônica, o surgimento dos robôs, os
céticos acreditam que este último avanço
poderá levar a raça humana a destruição.
Sapiens é um livro bastante
esclarecedor, ele mostra de maneira clara
todas as revoluções que transformaram
Mota et al.
Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade”
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ISSN 2594 – 7125
significativamente o homem e como essa
espécie que era apenas mais um animal
sem distinção de qualquer outro, evoluiu até
chegar ao topo do mundo. O autor consegue
envolver o leitor ao longo de toda a
narrativa, misturando uma linguagem formal
e informal, utilizando até de ironia, fazendo
com que assim a leitura não seja monótona
e cansativa. A sequência cronológica dos
fatos é respeitada, porém Harari mescla
vários acontecimentos de épocas diferentes
na hora de comprovar suas teses. O livro
passeia livremente por várias áreas do
conhecimento (política, religião e
economia), tornando assim seu conteúdo
bastante rico e diversificado.
A obra é bastante qualificada e
recomendável para o público jovem e adulto
que tenha curiosidade em saber mais sobre
a origem da sua espécie. Para aqueles que
buscam um livro realista que abusa da
genialidade misturando vários elementos
para tornar seu texto mais rico, este livro é o
ideal. Possui um enredo que prende a
atenção do leitor do início ao fim da
narrativa. Após a leitura do conteúdo
retratado a percepção social de quem o lê
muda, abrindo espaço para novas
perguntas e investigações, assim
impulsionando a humanidade sempre para
frente, com um novo olhar e novas
percepções.
Correspondência a: Glauce Barros Santos. E-mail:
glauce.barros@bol.com Artigo recebido em 12/09/18.
Aceito em 13/09/18

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Resumo da obra Sapiens de Harari

  • 1. Mota et al. Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” 54 Revista da FAESF, vol. 2, n. 3, p 54- 58, Jul-Set 2018 ISSN 2594 – 7125 Resenha Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” Critical review of the work "sapiens: a brief history of humanity" Vitória Regina Gomes Monteiro Mota¹, Glauce Barros Santos², Ítalo Cristiano Silva e Sousa³ Acadêmica da Faculdade de Floriano- FAESF¹. Docente da Faculdade de Floriano-FAESF-Mestranda em Ensino² Docente da Faculdade de Floriano-FAESF-Mestre em História do Brasil - UFPI² HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. 4.ed. Rio Grande do Sul: Editora L&PM, 2014. 452p. Yuval Noah Harari nasceu em Israel, no estado de Qiryat Atta em 24 de fevereiro de 1976. É historiador, escritor e medievalista. Trabalha lecionando na Universidade Hebraica de Jerusalém, sendo o autor dos best-sellers internacionais Sapiens: uma breve história da humanidade e Homo Deus – uma breve história do amanhã. Ele é especialista em processos da macro-história e história mundial, fez seu doutorado no Jesus College, em Oxford. Suas pesquisas e livros são focados na macro-história, tendo como exemplo as seguintes questões: O que o Homo sapiens tem de diferente dos outros animais? Qual a relação da história com a biologia? Harari é ganhador de vários prêmios, tais como: o Prêmio Polonsky por Criatividade e Originalidade. Tornou-se uma celebridade após seu livro se tornar uma febre mundial, sendo constantemente procurado para dar palestras e aconselhar governantes. O livro não tem sua atenção focada em apenas um assunto, assim, utiliza-se da macro-história. Ele questiona as ideias que o ser humano atual tem quanto ao universo. Sapiens é dividido em 03 (três) revoluções que dão ao leitor uma possibilidade de melhor entendimento sobre a ideia principal da obra, e como essas revoluções afetaram os seres humanos e as demais espécies existentes. A obra é dividida em partes que estão em sequência de acordo com o acontecimento de cada umas das Revoluções (Cognitiva, Agrícola e Científica). Cada parte conta com uma quantidade “x” de capítulos e estes estão subdivididos em tópicos. É um livro muito bem articulado que não conta com uma história de ficção, nesse sentido a leitura requer uma maior atenção, pois a introdução, desenvolvimento e conclusão estão situados em torno de 452 páginas narradas em primeira e terceira pessoa do singular. A Revolução Cognitiva foi o marco do início, aconteceu há cerca de 70 mil anos. Muito antes de tudo começar já havia seres humanos com capacidades similares
  • 2. Mota et al. Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” 55 Revista da FAESF, vol. 2, n. 3, p 54- 58, Jul-Set 2018 ISSN 2594 – 7125 as dos humanos atuais, porém outros animais também coexistiam na mesma época, fato que não torna o Homo Sapiens seres diferenciados; então a partir de qual momento essa espécie se tornou superior? A resposta virá logo adiante. Os Homo Sapiens não eram a única espécie de humanos que existiam, havia outros semelhantes, mas com a evolução e de acordo com as características dos locais os quais habitavam, juntamente com os confrontos entre as espécies, eles entraram em extinção. Outra característica que diferenciava o homem dos outros animais era a capacidade de pensar, Harari (2004, p.15) enfatiza que “O uso de ferramentas, uma capacidade superior de aprender e estruturas sociais complexas são vantagens enormes. Parece óbvio que esses atributos tornaram a humanidade o animal mais poderoso da Terra”. Logo o homem que era apenas mais um animal intermediário na cadeia alimentar chegou ao topo, trazendo junto consigo danos cruéis a natureza e juntamente com a evolução da sua capacidade intelectual surgiram as primeiras invenções: barcos, arcos e flechas e lâmpadas. Após estudos descobriu que essas conquistas só foram capazes graças a evolução cognitiva dos sapiens. Se as habilidades evoluem, logo surge a necessidade de uma linguagem para facilitar a interação entre o homem “O Homo Sapiens é antes de mais nada um animal social, pois a cooperação social é essencial para a sobrevivência e a reprodução” Harari (2004, p. 28). Dessa interação surgiu a imprescindibilidade de transmitir informações, criando assim mitos, religiões e deuses, para explicar fenômenos. Também em consequência disto foi que começou a surgir as primeiras sociedades humanas. Em toda sociedade é fundamental que aja cooperação, mas como poderemos efetivá-la? Harari diz que todas as lendas e religiões surgiram da criatividade da imaginação humana. Mas nenhuma dessas coisas existe fora das histórias que as pessoas inventam e contam umas às outras. Não há deuses no universo, nem nações, nem dinheiro, nem direitos humanos, nem leis, nem justiça fora da imaginação humana. As pessoas acreditam facilmente que os “primitivos” consolidam sua ordem social acreditando em deuses e espíritos e se reunindo a cada lua cheia para dançar juntos em volta da fogueira. Mas não conseguimos avaliar que nossas instituições modernas funcionam exatamente sobre a mesma base. (HARARI,2004, p 33) A Revolução Cognitiva fez com que houvesse cooperação entre os sapiens, desta surgiu a sociedade, juntamente com formas de sobrevivência mais avançadas. É impreciso dizer especificamente como os Homo Sapiens viviam, pois não existem muitos detalhes da vida deles, apenas suposições. De fato, na época em que essa revolução ocorreu houve inúmeras espécies que entraram em extinção, os humanos foram 90% responsáveis por esse acontecimento, os outros 10% ficaram por responsabilidade das excentricidades do clima local. Percebe-se então que onde quer que os seres humanos façam morada o ecossistema sofrerá. A Revolução Agrícola aconteceu a cerca de 12 mil anos, foi um grande salto para a humanidade, pois o homem começou
  • 3. Mota et al. Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” 56 Revista da FAESF, vol. 2, n. 3, p 54- 58, Jul-Set 2018 ISSN 2594 – 7125 a adquirir novas formas de manusear a agricultura e a domesticação de animais; esta revolução mudou completamente a maneira como a espécie vivia. E isto só foi possível graças ao progresso da capacidade cognitiva. Com certeza, depois desse acontecimento as reservas alimentícias aumentaram gradativamente, porém nem sempre grandes mudanças apenas trazem bons acontecimentos, juntamente com os níveis de melhora nas reservas de alimentos, o crescimento populacional amplificou; futuramente este problema viria a ser estudado por Thomas Malthus, com a sua teoria Malthusiana. A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram em uma dieta melhor ou em mais lazer. Em vez disso, se traduziram em explosões populacionais e elites favorecidas. (HARARI,2004, p 86) Depois dessa revolução, doenças cada vez mais iam aparecendo, devido ao fato do acúmulo de pessoas em um mesmo local, juntamente com animais. Com o advento deste fato outro problema se tornou eminente, a mortalidade infantil “à medida que as crianças passaram a se alimentar mais de cereais e menos leite materno e cada uma teve que dividir seu mingau com mais e mais irmãos, a mortalidade infantil disparou” Harari (2004, p.92). A evolução não se restringiu apenas aos campos, ela foi além e chegou na forma da caça. Outro fato que mudou foi que a força física não era mais praticada apenas por humanos, mas também por animais, os métodos de domesticação foram outras ocorrências que evoluíram, pois agora os seres humanos tinham métodos de agricultura e de caça modernos. Os animais passaram a sofrer ainda mais depois desta revolução, eles eram e até hoje continuam sendo castigados e tendo uma vida de escravos, claro, com muito menos benefícios. Eles nasciam e viviam apenas por um pequeno prazo, eram alimentados apenas para o abate. “Essa discrepância entre sucesso evolutivo e sofrimento individual é, talvez, a lição mais importante que podemos tirar da Revolução Agrícola” Harari (2004, p.103). A economia agrícola se baseava em um ciclo sazonal, onde tinha uma colheita mais diversificada. Os camponeses desta época não se preocupavam exclusivamente com o dia de hoje ou amanhã, como era feito antes, agora eles já se afligiam com o futuro e faziam mais e mais reservas de alimento. Vale lembrar que tudo isso foi obtido graças as “ordens imaginárias” que fizeram com que os humanos colaborassem e atingissem um mundo de sucesso. Outro acontecimento que se fez necessário foi o surgimento da escrita, visto que com o grande avanço da tecnologia houve uma sobrecarga em informações no cérebro, este que tem uma capacidade limitada. Então os povos a criaram para solucionar esse problema. Assim como qualquer ação precisa evoluir, com a escrita não foi diferente, antes o que era usado apenas para fazer registros matemáticos (acumulação de dividas, pagamentos), tornou-se o que existe nos dias atuais. Neste momento do livro a humanidade já caminha a passos largos para o que chamamos hoje de globalização. A unificação só se tornou possível através
  • 4. Mota et al. Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” 57 Revista da FAESF, vol. 2, n. 3, p 54- 58, Jul-Set 2018 ISSN 2594 – 7125 da Revolução Cognitiva e com o surgimento de três ordens mundiais que regem o mundo: política, religião e dinheiro, sendo que um dos fatos que contribuíram para isso foi os impérios, surgindo assim um dos grandes males da humanidade: a distinção entre grupos de pessoas. Os sapiens dividem a humanidade instintivamente em duas partes, “nos” e “eles”. Nós somos pessoas como você e eu, que partilhamos a mesma língua, a mesma religião e os mesmos costumes. Nós somos todos responsáveis uns pelos outros, mas não por “eles”. Nós somos distintos deles, e não devemos nada a eles. Nós não queremos ver nenhum deles em nossos territórios, e não nos importamos nem um pouco com o que acontece no território deles. Eles mal são humanos. (HARARI,2004. p 204) A Revolução Científica deu início a nova era da humanidade que perdura até os dias atuais, esta foi mais recente, faz apenas 500 anos desde o seu início. Foi nessa época que a tecnologia surgiu “Daquele ponto em diante, a humanidade teve a capacidade não só de mudar o curso da história como também de colocar um fim nela” Harari (2004, p. 259). Muitos pensam que essa revolução deu fim a todas as dúvidas que a humanidade possuía, pelo contrário, ela só fez com que fosse perceptível que muitas perguntas ainda não possuem solução; como o próprio autor intitula a fase como sendo “uma revolução da ignorância”. Uma das grandes preocupações da humanidade nesse período é com a morte e quais os meios de superá-la, e esta revolução parece tem ajudado nessa questão, pois foi em decorrência dela que a medicina avançou, podendo assim solucionar uma grande parte dos males que viviam sobre a espécie, com isso a expectativa de vida aumentou Harari intitula esse feito como O projeto Gilgamesh. Os impérios ajudaram bastante nessa revolução pois tinham um complexo militar-industrial-científico. Todos os impérios prósperos do fim da era moderna cultivaram a pesquisa científica na esperança de colher inovações tecnológicas, e muitos cientistas passaram a maior parte do tempo trabalhando em armamentos, medicamentos e máquinas para seus senhores imperiais. (HARARI,2004. p 290) O grande avanço nesta época foram as viagens marítimas, que tinham como objetivo desbravar o novo mundo. Os mapas que antes eram vazios deram lugar a novas terras, isto graças ao avanço tecnológico que possibilitou a construção de grandes embarcações. Essas conquistas foram possíveis na época dos impérios. Outro evento importante e significativo dessa época foi o crescimento do capital no mundo, a economia teve progresso considerado “o crescimento econômico é o bem supremo, ou pelo menos uma via para o bem supremo, porque a justiça, a liberdade e até mesmo a felicidade dependem do crescimento econômico” Harari (2004, p. 325). O maior beneficiador da economia foi a Revolução Industrial ou mais conhecida como a Segunda Revolução Agrícola, a partir dela que os países começaram a ter mais lucro e a vida nunca mais foi a mesma. Outro fato importante foi a vida biônica, o surgimento dos robôs, os céticos acreditam que este último avanço poderá levar a raça humana a destruição. Sapiens é um livro bastante esclarecedor, ele mostra de maneira clara todas as revoluções que transformaram
  • 5. Mota et al. Resenha crítica da obra “sapiens: uma breve história da humanidade” 58 Revista da FAESF, vol. 2, n. 3, p 54- 58, Jul-Set 2018 ISSN 2594 – 7125 significativamente o homem e como essa espécie que era apenas mais um animal sem distinção de qualquer outro, evoluiu até chegar ao topo do mundo. O autor consegue envolver o leitor ao longo de toda a narrativa, misturando uma linguagem formal e informal, utilizando até de ironia, fazendo com que assim a leitura não seja monótona e cansativa. A sequência cronológica dos fatos é respeitada, porém Harari mescla vários acontecimentos de épocas diferentes na hora de comprovar suas teses. O livro passeia livremente por várias áreas do conhecimento (política, religião e economia), tornando assim seu conteúdo bastante rico e diversificado. A obra é bastante qualificada e recomendável para o público jovem e adulto que tenha curiosidade em saber mais sobre a origem da sua espécie. Para aqueles que buscam um livro realista que abusa da genialidade misturando vários elementos para tornar seu texto mais rico, este livro é o ideal. Possui um enredo que prende a atenção do leitor do início ao fim da narrativa. Após a leitura do conteúdo retratado a percepção social de quem o lê muda, abrindo espaço para novas perguntas e investigações, assim impulsionando a humanidade sempre para frente, com um novo olhar e novas percepções. Correspondência a: Glauce Barros Santos. E-mail: glauce.barros@bol.com Artigo recebido em 12/09/18. Aceito em 13/09/18