O documento descreve as etapas do desenvolvimento embrionário e fetal, desde a formação dos órgãos na organogênese até a 38a semana de gestação. Aborda a diferenciação das camadas germinativas, o dobramento do embrião, o desenvolvimento dos sistemas na 4a-8a semana e as mudanças nas semanas seguintes até o nascimento. Também discute a circulação fetal, a hematopoiese, a morfologia e formação placentária.
Desenvolvimento embrionário e fetal da 4a à 38a semana
1. Da organogênese a 38° semana
Organogênese:
Formação dos principais órgãos
do embrião, a partir das 3
camadas germinativas.
É o período mais crítico do
desenvolvimento embrionário.
Assim, qualquer perturbação
pode gerar grandes anomalias.
Todas as principais estruturas
internas e externas se
estabelecem da 4º a 8º semana.
No final deste período, os
principais sistemas de órgãos já
começaram a se desenvolver;
Entretanto, o funcionamento da
maioria deles é mínimo, com
exceção do sistema
cardiovascular.
Com a formação dos tecidos e
órgãos, a forma do embrião muda,
e, no final da oitava semana, o
embrião apresenta um aspecto
nitidamente humano.
Derivados das camadas
germinativas:
● Ectoderme:
o Sistema nervoso central e
periférico.
o Epitélios sensoriais do
olho, da orelha e do nariz.
o Epiderme e anexos
(unhas e pelos).
o Glândulas mamárias,
hipófise, glândulas
subcutâneas.
o Esmalte dos dentes.
o Gânglios espinhais,
autônomos e cranianos
(V, VII, IX, X).
o Bainha dos nervos do
sistema nervoso
periférico, meninges do
encéfalo e da medula
espinhal.
● Mesoderme:
o Tecido conjuntivo,
cartilagem, ossos,
músculos estriados e
lisos.
o Coração, vasos
sanguíneos e linfáticos.
o Rins, ovários, testículos e
ductos genitais.
o Membranas pericárdicas,
pleural e peritoneal.
o Baço e córtex das
adrenais.
● Endoderma:
o Revestimento epitelial
dos tratos respiratório e
gastrointestinal.
o Tonsilas, tireóide e
paratireoides, timo,
fígado e pâncreas.
o Revestimento epitelial da
bexiga e maior parte da
uretra.
o Revestimento epitelial da
cavidade do tímpano,
antro timpânico e da tuba
auditiva.
Dobramento do embrião
● Conversão do embrião de um
disco bifalimentar à um
cilindro tridimensional.
● Dobramento: nos planos
mediano e horizontal, pelo
rápido crescimento do
embrião.
● Dobramento cefálico, caudal
e lateral simultaneamente
2. Dobramento no plano mediano
● Produz as pregas cefálicas e
caudal.
● As pregas cefálicas formarão:
o Primórdio do encéfalo.
o Coração primitivo,
celoma pericárdico e
membrana bucofaríngea
(se deslocam na
superfície ventral)
o Intestino anterior, que
era parte do endoderma
do saco vitelino agora
incorporado.
o Septo transverso.
● A prega caudal formará:
o Intestino posterior
(primórdio do cólon
descendente).
o Cloaca (primórdio da
bexiga e do reto)
Dobramento no plano horizontal
Rápido crescimento da
medula espinhal e dos somitos,
formando
● Intestino médio (primórdio
do intestino delgado)
● Pedículo vitelino
● Cordão umbilical
● E o âmnio passa a formar o
revestimento epitelial do
cordão umbilical
Quarta semana
No começo, o embrião tem de
4 a 12 somitos e o tubo neural
possui os neuróporos rostral
(cranial) e caudal abertos.
Problemas relacionados ao
fechamento inadequado do tubo
neural:
● Espinha bífida (defeito no
arco vertebral)
● Hidrocefalia
(meningomielocele)
● Pé torto (déficit neural
caudal)
Com 24 dias os arcos
faríngeos tornam-se visíveis,
sendo eles:
● 1º arco: único arco revestido
totalmente por ectoderme;
tem uma porção dorsal
(processo maxilar) e uma
ventral (mandibular), com a
cartilagem de Meckel (origina
o martelo e a bigorna). Além
disso, esse arco origina ossos
da face.
● 2º arco: origina o estribo, o
ligamento estilo-hióideo e
ventralmente o corno menor
do osso hioide.
● 3º arco: 1º arco de anéis da
traqueia, próximo a corda
vocal superior.
● 4º arco: origina as cartilagens
da laringe (visível ao final da
4º semana junto com os
brotos dos membros
inferiores)
O coração forma uma grande
saliência ventral e bombeia o
sangue, aparecem as fossetas
óticas (primórdios das orelhas
internas), os placóides do
cristalino (indicando os futuros
cristalinos dos olhos).
Ultrassom do final da 4º semana
● Coração grande e é visível a
divisão em átrio e ventrículo
primitivos.
● Neuruporo caudal e rostral
fechados.
● Embrião curvado em C;
3. ● Visibilidade dos 4 arcos
faríngeos.
● Brotos dos membros
superiores e inferiores.
Quinta semana
● Aumento da cabeça causado
pelo rápido crescimento e
desenvolvimento do encéfalo
e das proeminências faciais.
● Seio cervical, a partir da
sobreposição do 2º arco
faríngeo no 3º e no 4º,
formando uma depressão
ectodérmica lateral.
● Cristas mesonéfricas
indicando o local dos rins
mesonéfricos (órgãos
provisórios).
Ultra do final da quinta semana
● Três pares de arcos faríngeos.
● Proeminências maxilar e
mandibular do 1º arco
claramente delineadas.
● Boca
Sexta semana
● Respostas reflexas ao toque
● Cotovelos e placas das mãos
● Primórdios dos dedos (raios
digitais)
● Movimentos espontâneos
● O desenvolvimento dos
membros inferiores 4 a 5 dias
depois dos superiores.
● Saliências auriculares em
torno do sulco ou da fenda
faríngea, entre os dois
primeiros arcos.
● Meato acústico externo
(canal auditivo externo) – veio
do sulco
● Pavilhão auricular (parte da
orelha externa em forma de
concha) – veio das fendas
● Olhos evidentes (pigmento da
retina)
● Tronco e pescoço se
endireitando.
Ultrassom do final da sexta
semana
● Raios digitais nas placas da
mão
● Olhos
● Saliências auriculares
● Meato acústico externo
Sétima semana
● Chanfraduras entre os raios
digitais.
● Pedículo vitelino
● Início da ossificação dos
membros superiores.
Ultrassom do final as sétima
semana
● Aurícula e meato acústico
externo
● Posição mais baixa das
orelhas
● Raios digitais na placa dos pés
● Proeminência do abdome
causada pelo grande tamanho
do fígado
Oitava semana
● Dedos das mãos separados,
mas unidos por membranas.
● Chanfraduras nos raios
digitais dos pés.
● Plexo vascular do couro
cabeludo
4. ● Regiões dos membros
evidentes e os dedos ficam
cumpridos e separados
● Primeiros movimentos
voluntários dos membros
● Ossificação começando pelo
fêmur
● Aproximação ventral das
mãos e dos pés
● Pescoço definido e pálpebras
evidentes
● Intestino ainda na porção
proximal do cordão umbilical
● Pavilhões auriculares em sua
forma final
Ultrassom do final da oitava
semana
● Pés em formato de leque
● Plexo vascular do couro
cabeludo
● Nariz curto
● Olhos bem pigmentados
● Dedos das mãos separados e
os dos pés separando.
● Embrião com aspecto
humano.
Período fetal
● Diferenciação dos tecidos,
dos órgãos e dos sistemas.
● Diminuição relativa da cabeça
● Alta taxa de crescimento do
corpo e muito ganho de peso
Estimativa da idade fetal
● Com ultrassom: medida do
comprimento cabeça-
nádegas (CR) e medidas da
cabeça e do comprimento do
fêmur.
● Previsão da data provável do
parto
● Tempo transcorrido
calculado pelo primeiro dia
do último período menstrual
normal.
Trimestres da gestação
● Final do 1º trimestre:
formação dos principais
sistemas.
● 2º trimestre: visibilidade de
detalhes anatômicos na ultra
e é possível descobrir a
maioria das anomalias fetais.
● Início do 3º trimestre: já pode
sobreviver ao parto; peso em
cerca de 2500g (usado para
definir o grau de maturidade
fetal).
Da nona à décima segunda
semana
● A cabeça é quase metade do
CR – cabeça desproporcional.
● Rápido crescimento do
comprimento do corpo
● Centro de ossificação
primária no esqueleto,
especialmente no crânio e
nos ossos longos
● Genitália externa neutra
● Alças intestinais visíveis
● Intestino dentro do abdome
(11º semana)
● Fígado principal local de
formação dos glóbulos
vermelhos (9º semana)
● Atividade do fígado diminui e
do baço aumenta (12º semana)
● Formação da urina (9º/12º
semana)
5. Décima terceira à décima sexta
semana
● Crescimento rápido
● Membros mais compridos e
cabeça pequena
● Movimentos coordenados
dos membros na 14º semana,
mas não são percebidos pela
mãe.
● Ossificação ativa e ossos
visíveis na ultra da 16º semana
● Cabelos
● Ovários diferenciam-se e
folículos primordiais com
ovogônias
● Genitália externa
reconhecida (12º/14º semana)
Décima sétima à vigésima
semana
● Crescimento lento
● Aumento do CR em 50mm
● Movimentos percebidos pela
mãe
● Pele coberta por verniz
caseosa (material gorduroso
secretado pelas glândulas
sebáceas do feto e por células
mortas da epiderme; protege)
● Sobrancelhas e cabelos
● Corpo coberto por lanugo
(penugem que ajuda a manter
a verniz caseosa)
● Formação do tecido adiposo
multilocular (produção de
calor)
● Útero formado e canalização
da vagina
● Testículos descendo, mas
ainda na parede abdominal
Obs: um feto de 17 semanas não
costuma sobreviver devido
principalmente a imaturidade do
sistema respiratório.
Vigésima primeira à vigésima
quinta semana
● Ganho de peso substancial
● Feto proporcional
● Pele roseada (sangue visível
nos capilares)
● Movimentos rápidos dos
olhos
● Secreção de surfactantes
pelos pneumócitos tipo II
● Unhas nos dedos das mãos
● Sistema respiratório imaturo
Vigésima sexta à vigésima nona
semana
● Pulmões e vasos pulmonares
já melhor desenvolvidos,
capazes de respirar ar
● Pálpebras abertas e lanugo e
cabelos bem desenvolvidos
● Aumento da quantidade da
gordura amarela
● Baço fetal importante para a
hematopoese
● Com 28 semanas a medula
óssea torna-se o principal
local de hematopoese
● Fetos com 32 semanas já
sobrevivem
Trigésima quinta à trigésima
oitava semana
● Sistema nervoso maduro para
as funções integrativas
● Circunferência da cabeça e
do abdome são quase iguais
6. ● Com 37 semanas o pé é pouco
maior que o fêmur
(parâmetro para confirmação
da idade fetal)
● Peso normal = 3400g e CR =
360mm
● Ganho de 14g por dia nas
últimas semanas
● Tórax saliente e leve protusão
das mamas
Obs: meninos prematuros
apresentam testículos que não
desceram
Obs: data provável do parto = 266
dias ou 38 semanas
Obs: data provável do parto =
contar para trás 3 meses a partir
do primeiro dia da última
menstruação e acrescentar 1 ano
e 7 dias.
Observações
Circulação fetal/placentária
O sangue oxigenado vem da
placenta pela veia umbilical,
passando principalmente através
do ducto venoso e sai do feto em
direção a placenta pelas artérias
umbilicais.
Em relação a mãe, o sangue
chega no espaço interviloso pelas
artérias espiraladas. Assim, o
sangue passa pelas vilosidades
coriônicas terminais, permitindo
a troca dos produtos metabólicos
e gasosos com o sangue fetal. Por
fim, o sangue volta para a mãe
pelas veias endometriais com as
excretas do feto e com o CO2
dele.
Obs: evolução das ramificações =
artérias umbilicais – artérias
coriônicas – chegam nas
vilosidades coriônicas terminais.
Hematopoiese
● Embrionária: saco vitelino
● Fetal: fígado
● Pós natal: medula óssea
Morfologia placentária
A placenta apresenta duas
porções: uma fetal (córion viloso)
e uma materna (decídua basal).
Obs: a parte fetal da placenta se
prende à materna através da capa
citotrofoblástica.
Formação placentária
● Endométrio (porção materna)
e saco coriônico (parte fetal)
Anomalias placentárias
Afetam diretamente na
redução da área total disponível
para trocas de nutrientes entre as
correntes sanguíneas fetal e
materna.
Importância do líquido
amniótico
Suas principais funções são as
de proteger o bebê de
traumatismos sofridos pela mãe,
evitar infecções, manter uma
temperatura constante dentro do
útero e ajudar a desenvolver o
sistema urinário, digestivo,
muscular-esquelético e pulmonar
do feto.
Evento exclusivo do período fetal
Conhecimentos sobre a placenta
● O transporte de O2 e de CO2,
através da placenta, se dá por
difusão simples.
● O sangue materno e o sangue
fetal não se mesclam nas
vilosidades coriônicas da
placenta.
● A placenta é uma estrutura
mistura de origem mista, com
um componente fetal e um
materno.
● O vírus da rubéola pode
atravessar a placenta e causar
anomalias congênitas no feto.
Artéria do bulbo do pênis
7. ● Irriga os corpos esponjosos e
a glândula bulboretral.
Artéria comprometida na
arterosclerose/disfunção erétil
● Artéria profunda do pênis –
artéria helicina
Teratógenos na fase fetal
● Uma estrutura bem suscetível
a aos teratógenos nesse
período é o intestino, pois ele
é incorporado nessa fase,
com o dobramento do
embrião e só fica realmente
dentro do abdome na 11º
semana.