1. Victoria K. L. Cardoso
Concepção do embrião
Capacitaçãodosespermatozoides:
Os espermatozóides recém-ejaculados são incapazes de fecundar um ovócito, por isso eles
devem passar por um período de condicionamento, ou capacitação, que dura aproximadamente
7 horas, para aumentar sua motilidade dentro do organismo feminino. Este aumento ocorre pela
remoção da cobertura glicoproteica e de proteínas seminais da superfície do acrossoma,
possibilitando a entrada de Ca2+ na membrana dos sptzs e o aumento da concentração de AMPc
que, juntamente com ATP, provocam a hiperativação do flagelo. Esse processo ocorre no útero
ou nas tubas uterinas, através de substâncias secretadas por essas porções do trato genital
feminino.
OBS: vale lembrar que o acrossoma não desaparece na capacitação, apenas a cobertura
glicoproteica e algumas proteínas seminais que são liberadas.
Reaçãoacrossômica:
Quando os espermatozóides capacitados entram em contato com a corona radiata que
envolve o ovócito secundário, eles passam por alterações moleculares complexas que resultam
no desenvolvimento de perfurações no acrossoma. Ocorrem, então, vários pontos de fusão da
membrana plasmática do espermatozóide com a membrana acrossômica externa. O
rompimento das membranas nesses pontos produz aberturas. As mudanças induzidas pela
2. Victoria K. L. Cardoso
reação acrossômica estão associadas à liberação de enzimas da vesícula acrossômica que
facilitam a fecundação, incluindo a hialuronidase e a acrosina.
OBS: Essa reação do espermatozóide deve terminar antes da fusão do espermatozóide com o
ovócito, além disso a capacitação e a reação acrossômica parecem ser reguladas por uma
enzima chamada tirosina quinase (src quinase).
Reaçãozonal
Ocorre no momento que o espermatozóide penetra a zona pelúcida e se trata de uma
mudança que ocorre nessa zona, tornando-a impermeável a outros espermatozóides.
Principaisenzimasliberadaspeloacrossoma quepossibilitamafecundação
Hialuronidase, acrosina e neuraminidase. A hialuronidase dispersa as células foliculares da
corona radiata. Já a acrosina e a neuraminidase agem na zona pelúcida, causando a lise dessa
zona, abrindo o caminho para o sptz encontrar o óvulo.
Porqueosespermatozóidesnão retornamparaointeriordavagina depoisde
passarempelocanalvaginal?
Os espermatozóides não retornam devido a ação da enzima vesículas liberadas pelas
glândulas seminais, que coagulam uma pequena quantidade do sêmen na ejaculação, formando
um tampão vaginal que impede o retorno do sêmen.
3. Victoria K. L. Cardoso
Fases dafecundação
1) Passagem dos espermatozóides pela corona radiata: A enzima hialuronidase, liberada da
vesícula acrossômica do espermatozóide, dispersa as células foliculares da corona radiata.
Entretanto, algumas enzimas da mucosa da tuba uterina também parecem auxiliar a
dispersão e os movimentos da cauda do espermatozóide também são importantes na
penetração da corona.
2) Penetração na zona pelúcida: A passagem do espermatozóide pela zona pelúcida é
resultado da ação de enzimas acrossomais. As enzimas esterase, acrosina e neuraminidase
causam essa lise, formando assim uma passagem para o espermatozóide penetra no
ovócito. A mais importante dessas enzimas é a acrosina, uma enzima proteolítica.
3) Reação zonal: Ocorre após a penetração do espermatozóide na zona pelúcida, causando
uma alteração nas propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros
espermatozóides, por ação de enzimas lisossomais liberadas por grânulos corticais
próximos a membrana plasmática do ovócito.
4) Fusão das membranas plasmáticas do oócito e do espermatozoide: As membranas
plasmáticas do ovócito e do espermatozóide se fundem e se rompem na região da fusão. A
cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do ovócito, mas a membrana
celular espermática e as mitocôndrias não entram.
5) Término da segunda divisão meiótica do ovócito e formação do pronúcleo feminino:
Quando o espermatozóide penetra no ovócito, este é ativado e termina a segunda divisão
4. Victoria K. L. Cardoso
meiótica formando um ovócito maduro e um segundo corpo polar. Em seguida, os
cromossomos maternos se descondensam e o núcleo do ovócito maduro se torna o
pronúcleo feminino.
6) Formação do pronúcleo masculino: Dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo do
espermatozóide aumenta para formar o pronúcleo masculino e a cauda do
espermatozóide degenera.
OBS: Morfologicamente, os pronúcleos masculino e feminino são indistinguíveis. Durante o
crescimento dos pronúcleos, eles replicam seu DNA. O ovócito contendo os dois pronúcleos
haplóides é denominado oótide.
OBS: Logo que os pronúcleos se fundem em um único agregado diplóide de cromossomos, a
oótide se torna um zigoto.
Formaçãodoblastocisto
Surge no interior da mórula um espaço preenchido por líquido, a cavidade blastocística. O
líquido passa da cavidade uterina através da zona pelúcida para formar esse espaço. Conforme o
líquido aumenta na cavidade blastocística, ele separa os blastômeros em duas partes:
• Uma delgada camada celular externa, o trofoblasto, que formará a parte embrionária da
placenta.
• Um grupo de blastômeros localizados centralmente, o embrioblasto (massa celular interna),
que formará o embrião.