Este documento apresenta uma proposta de pesquisa sobre a construção do Projeto Político Pedagógico da Casa Familiar Rural Padre Josino Tavares no Maranhão. O projeto visa analisar a experiência desta escola do campo para compreender a importância do Projeto Político Pedagógico e como ele pode contribuir para a qualidade da educação oferecida, contemplando as especificidades da educação no campo. A pesquisa será realizada por meio de uma abordagem participativa, envolvendo a comunidade escolar no processo de construção do Pro
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO
LUCELIO ALVES DOS SANTOS
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA DO CAMPO: análise da
experiência da Casa Familiar Rural Padre Josino Tavares
São Luís-MA
2011
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LUCELIO ALVES DOS SANTOS
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA DO CAMPO: análise da
experiência da Casa Familiar Rural Padre Josino Tavares
Projeto de pesquisa apresentado ao
Curso de Licenciatura em Educação do
Campo da Universidade Federal do
Maranhão, como requisito para obtenção
de nota na disciplina Metodologia de
Pesquisa em Educação II
Orientadora: Prof. Ms Cacilda Rodrigues
Cavalcanti
São Luís
2011
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APRESENTAÇÃO
O presente projeto visa apresentar a proposta de realização de
pesquisa sobre as questões referentes à elaboração do Projeto Político-
Pedagógico nas escolas do campo, explicitar e compreender o seu significado,
qual sua relação com a escola e fazer uma reflexão sobre alguns pressupostos
que devem orientar esta proposta pedagógica.
Entende-se que o Projeto Político-Pedagógico é uma ação intencional
e o resultado de um trabalho coletivo, que busca metas comuns, que intervenham
na realidade escolar. Traduz a vontade de mudar, projetar os rumos da trajetória
cultural da escola, pensar o que se tem de concreto, permite avaliar o que foi feito
e projetar mudanças.
Assim, este projeto visa ao desenvolvimento de uma pesquisa-ação,
voltado para a construção do projeto Político-Pedagógico da Casa Familiar Padre
Josino Tavares, no município de Bom Jesus das Selvas.
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2. JUSTIFICATIVA
O Estado do Maranhão situa-se na Região Nordeste, possuindo uma
estrutura política constituída por 217 municípios. Apesar do potencial agrícola e
pesqueiro e dos vastos recursos naturais, o Maranhão ocupa os piores lugares
nos indicadores sociais.
Essa realidade aponta para a necessidade urgente de elaboração e
execução de políticas públicas que contribuam para a melhoria do Índice de
Desenvolvimento Humano do Estado. Entre os fatores que têm contribuído para
os baixos indicadores sociais do Estado, destacam-se os baixos níveis de
escolaridade e a ausência de formação de mão de obra qualificada para atender
às demandas do mundo trabalho e para garantir o desenvolvimento de forma
sustentável.
O município de Bom Jesus das Selvas situa-se numa área de fronteira
agrícola da pré-amazônica, na qual convivem a exploração madeireira, as
plantações florestais de eucalipto (para a produção de carvão vegetal para as
siderúrgicas), as fazendas pecuárias extensivas, os assentamentos da reforma
agrária e os pequenos proprietários rurais. Encontra-se às margens da BR 222,
com uma população de 28.459 habitantes, com uma área 2.679,093 km², com
densidade de 7,3 hab./km², clima tropical, IDH 0,58, PIB do Município R$ 61,
260,00 com uma renda PER CAPTA R$ 3.205,00. O minério ferro vindo da "Serra
Eldorado dos Carajás", a mina a céu aberto mais produtora do planeta, é
explorada pela multinacional "Vale do Rio Doce", que transporta o minério através
de uma ferrovia que, passando por Bom Jesus das Selvas, chega até o porto de
Itaqui, em São Luís, onde é embarcado, principalmente rumo aos Estados Unidos
e o Japão. (IBGE, 2010)
As siderúrgicas presentes, na região utilizam a Mão de obra dos
trabalhadores rurais para aquisição do carvão, porém, utilizando tecnologias que
não respeitam as leis ambientais vigente no país, frequentemente são
encontrados trabalhadores em situações de escravidão ou super-exploração, bem
como o trabalho infantil. A fonte de madeira para a produção de carvão era
normalmente a floresta nativa, porém, recentemente, devido ao grande
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desmatamento que fez cada vez mais dispendioso o transporte de madeira destas
áreas já muito distantes, estão cada vez mais aumentando a área de produção de
eucalipto em grandes extensões, às vezes de vários Km² sem corredores
ecológicos, o qual também está provocando gravíssimas distorções ambientais e
sociais.
A violenta expulsão dos produtores rurais das terras ao longo da
ferrovia Carajás, lançando-os na periferia dos centros urbanos, é outra das
conseqüências desse grande projeto. Um resultado desse fenômeno é a
desagregação familiar, pois muitos pais acompanham as fronteiras agrícolas e da
mineração e nunca mais retornam. Por isso qualquer ação preventiva deve
abranger a família de forma integral.
As iniciativas governamentais voltadas para a juventude pobre e
destinadas à sua qualificação profissional desconsideram a sua caracterização
sócio-cultural e econômica. Acabam sendo iniciativas pontuais e assistemáticas
(cursos de curta duração), que sequer acompanham a situação dos jovens após o
encerramento dos cursos. As iniciativas da sociedade civil, apesar de serem mais
afinadas com os interesses, necessidades e padrões culturais da juventude
pobre, também não asseguram continuidade e efetividade na preparação e
inserção dos jovens no mundo do trabalho, principalmente por falta de recursos
financeiros e humanos.
Enfim, o município vê-se envolvido num processo acelerado de êxodo
rural, que está experimentando a região. Este abandono do campo é
especialmente grave por estar incidindo particularmente nos jovens, que
normalmente não encontram no meio rural a possibilidade de estudar além do
quarto ano do ensino fundamental e tampouco vêem perspectivas de poderem se
auto-realizar e ter uma vida digna no campo.
Neste contexto, é de suma importância a formação dos agricultores,
com o envolvimento da família e da comunidade, no sentido de possibilitar aos
jovens tornarem-se protagonistas do processo de desenvolvimento comunitário,
incentivando o associativismo e cooperativismo. Nesse sentido, a Casa Familiar
Rural Padre Josino Tavares, visando contribuir para a melhoria do Ensino e das
condições de vida da população maranhense, possui o curso de Ensino Médio
Integrado à Educação Profissional, com vista a possibilitar a formação de
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cidadãos capazes de compreender a realidade social, econômica, política, cultural
e se inserir no mundo do trabalho, de forma ética e competente.
Assim, propõe-se ofertar uma educação comprometida com a
qualidade, viabilizando uma gestão mais democrática e atuante, criando
propostas alternativas para uma possível superação de problemas escolares.
Nesse sentido reafirma-se que as transformaçoês se darão no contexcto da
educaçao do campo, por meio das lutas sociais.
Portanto, cabe à escola tornar-se um dos agentes de mudança social
e constituir-se num espaço democrático, garantindo ao educando o direito de
usufluir da construção do seu conhecimento, oferecendo aos professores uma
possível superação de problemas escolares. Por isso, considera-se que o Projeto
Político Pedagógico é um dos eixos que norteia as atividades pedagógicas de
uma instituição de ensino.
Diante de todo o contexto apresentado é que decidimos agir e refletir,
através desta pesquisa, sobre o processo de sua construção do Projeto Político-
Pedagógico da Casa Familiar Rural Padre Josino Tavares, na perspectiva de
compreendê-lo no contexto da educação do campo. A escolha da temática surge
a partir do desejo de contribuir com uma educação comprometida com a
qualidade do ensino, visto que, esta qualidade requer um direcionamento que
estruture o trabalho pedagógico, principalmente nas escolas do campo.
3. PROBLEMATIZAÇÃO
O Projeto Político-Pedagógico prevê todas as atividades da escola,
do pedagógico ao administrativo. Assim, uma de suas metas é construir uma
escola democrática, capaz de contemplar vontades da comunidade, na qual a
escola se insere, tanto no seu processo de elaboração, quanto na sua
operacionalização, envolvendo professores, técnicos, pais, representantes de
alunos, funcionários e outros membros da comunidade escolar. Deste modo,
evidencia-se que a busca da qualidade na educação do campo representa o
desejo de prestar um serviço eficiente, no sentido de contribuir na formação de
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homens e mulheres do campo capazes de compreender a sociedade em que
vivem.
No Estado do Maranhão existem 18 Casas Familiares Rurais (CFRs)
em funcionamento, mas somente uma tem projeto político – pedagógico
(ARCAFAR NE/NO, 2010). Isso significa que 17 CFR’s ainda não têm um projeto
que defina sua identidade e direcione suas ações na construção da educação do
campo desejada. Este é o caso da Casa Familiar Rural Padre Josino Tavares,
onde essa ausência prejudica na organização e no planejamento da escola, onde
os improvisos, as ações espontâneas e casuais, acabam por desperdiçar tempo e
recursos pedagógicos.
A intenção da escolha da temática em questão está em expor a
importância social do Projeto Político-Pedagógico no contexto escolar, uma vez
que o seu processo de construção e execução visa planejar a ação presente com
vistas à transformação da realidade, pois é em função da melhoria dos serviços
educacionais que se considera importante que se estruturarem princípios que
norteiam as práticas educativas. Neste sentido, a investigação surge das
seguintes indagações:
Como o Projeto Político Pedagógico pode contribuir, dentro da perspectiva
da Educação do campo, para a qualidade da educação ofertada na Casa
Familiar Rural Padre Josino Tavares?
Que limites, desafios e possibilidade são enfrentados no processo de
construção do Projeto Político Pedagógico nesta instituição?
Como a comunidade escolar pode contribuir para a construção do Projeto
Político Pedagógico nesta escola?
4. HIPÓTESES
O Projeto Político Pedagógico pode contribuir para a identidade das
escolas do Campo e garantir a contemplação de suas especificidades.
O Projeto Político Pedagógico contribui na construção de uma gestão mais
democrática da escola do campo.
O Projeto Político Pedagógico pode contribuir para melhorar o nível e a
qualidade da participação das famílias na escola.
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5. OBJETIVOS
5.1. Objetivo Geral
Construir o Projeto Político Pedagógico da CASA FAMILIAR RURAL
PADRE JOSINO TAVARES e refletir sobre o processo de sua construção
na perspectiva de compreendê-lo no contexto da educação do campo.
5.2. Objetivos Específicos
Contribuir para a construção do Projeto Político Pedagógico na Casa
Familiar Rural Padre Josino Tavares.
Refletir sob a participação da comunidade escolar no processo de
construção do Projeto Político Pedagógico na Casa Familiar Rural Padre
Josino Tavares.
Contribuir para o desenvolvimento sustentável e solidário dos jovens do
campo, a partir de um Projeto Político Pedagógico construído
coletivamente.
Contribuir para o fortalecimento do vínculo entre a Escola, Família e
Comunidade, através da construção coletiva do Projeto Político
Pedagógico.
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Muitas vezes, estudar na cidade é uma oportunidade para sair do
campo. Por isso, a iniciativa de uma escola diferenciada poderia reverter o
processo e não precisar sair do campo para estudar e nem estudar para sair do
campo. Desde sua origem, os agricultores definiram a alternância como forma de
organização escolar mais adequada aos ritmos do campo e um currículo com as
seguintes finalidades:
Uma formação técnica, profissional priorizando aprendizagens práticas,
as experiência, as observações no terreno, o livro natural da vida;
Uma educação geral para formar a personalidade, saber interpretar a
realidade e poder transformá-la, enfim, formar para a cidadania;
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Uma formação humanista com a finalidade de preparar para a vida e para
o desenvolvimento pessoal e humanitário. O êxito material só, não traz a
felicidade, conforme afirma Nove-Josserand (1998, p.04).
A proposta dos agricultores e das agricultoras, já naquela época, trazia em
seu bojo os pilares fundamentais propostos para a educação no século XXI:
formação cognitiva, afetiva e motora, ou seja, saber aprender, saber ser/conviver
e saber fazer.
Para Gimonet (2007, p.39), a Pedagogia da Alternância;
evita a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual garantindo a
manutenção de uma atividade intelectual, não por ela em si, mas
associada, integrada à atividade quotidiana de trabalho, de lazer, de
relacionamento, ou seja, simplesmente de vida. Ele ajuda a manter
permanentemente a relação ―ação – reflexão - ação‖ sem a qual não
existe formação em alternância digna deste nome.
A luta por uma educação do campo hoje no Brasil tem raízes nas lutas
de classe dos agricultores familiares com a visão de fazer valer sua identidade
camponesa enquanto classe trabalhadora. Os jovens que ficavam no campo,
geralmente, não tinham formação adequada. A tendência, sobretudo para quem
estudava, era ficar na cidade. Há quase um século atrás os camponeses
afirmavam:
As escolas urbanas servem para formar cidadãos para a cidade.
Quantos verdadeiros agricultores você tem visto sair das escolas oficiais
de agricultura? Para nós agricultores é sempre a mesma coisa, ou
instruir-se e deixar a terra, (...) ou para não deixar a terra, ficar ignorante
a vida toda! (NOVÉ-JOSSERAND, 1998, p.03).
A formação a partir da Casa Familiar Rural deve permitir ao jovem
um resgate de suas raízes, de sua história e a de sua localidade para que este
possa valorizar seu espaço naquele meio. Além de tudo, deve favorecer a
constituição de um projeto de vida, como alternativa para garantir sua
sobrevivência no meio rural. A formação obtida pelo jovem deve valorizar o
conhecimento que ele já possui - o conhecimento da família, do meio social,
enfim, as experiências já vividas pelo jovem.
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Outra finalidade de uma Casa Familiar Rural é o desenvolvimento local
sustentável e solidário. Desenvolvimento este, que deve estar associado à
formação e à atuação dos jovens no meio familiar. Para que isso aconteça, o
processo formativo dos jovens deve estar relacionado à valorização da atividade
rural familiar, o seu desenvolvimento econômico, a adoção de medidas de baixo
impacto ambiental e a sustentabilidade financeira e ecológica do modelo de
produção agrícola de base familiar.
Os demais princípios da Casa Familiar Rural são as famílias, reunidas
por meio de associação de apoio, com papéis e responsabilidades específicos
para as famílias. A criação de uma Casa Familiar Rural deve estar relacionada
primeiramente à vontade das famílias em criar uma associação e assumirem
papéis na escola que estão entre o pedagógico e o administrativo.
Nesse sentido, consideramos que o Projeto Político-Pedagógico é de
fundamental importância para a Casa Familiar Rural, considerando sua dimensão
democrática. O PPP prevê todas as atividades da escola, do pedagógico ao
administrativo, devendo ser uma de suas metas construir uma escola
democrática, capaz de contemplar as vontades da comunidade na qual ele surge,
tanto na sua elaboração quanto na sua operacionalização, desde professores,
técnicos, coordenadores até os diversos sujeitos da comunidade.
Demo (l998), assim se refere a essa questão:
Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o
ano letivo, ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar
expedientes avaliativos, demonstrando a capacidade de evolução
positiva crescente. É possível lançar desafios estratégicos, como:
diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de melhoria
qualitativa, experimentar didáticas alternativas, atingir posição de
excelência. (p. 248)
A construção do Projeto Político Pedagógico surge a partir da
necessidade de organizar e planejar a vida escolar numa perspectiva
democrática, de forma a evitar o improviso e o espontaneísmo.
O processo de elaboração do Projeto pode propiciar a formação dos
sujeitos, na medida em que haja oportunidade para colocar-se em
comum práticas que estão sendo realizadas, que possa haver reflexão
critica e coletiva sobre as idéias ali expressas inicialmente, etc.
(VASCONSELLOS, 2008, P.179 e 180)
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Sendo o Projeto Político Pedagógico a marca original da escola, ele
pode propor a oferta de uma educação de qualidade, definir ou aprimorar seu
modelo de avaliação, levando em consideração os principais problemas que
interferem no bom desempenho dos alunos; estabelecer e aperfeiçoar o currículo
voltado para o contexto sociocultural dos educandos; apontar metas de trabalho
referentes à situação pedagógica, principalmente no que se refere às
experiências com metodologias criativas e alternativas. Em função disso, é que se
considera importante estruturar os princípios que norteiam as práticas
educacionais.
O Projeto Político-Pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser
entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de
planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na
caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer
realizar, a partir de um posicionamento quanto a sua intencionalidade e
de uma leitura da realidade. Trata-se de um importante caminho para a
construção da identidade da instituição. É um instrumento teórico -
metodológico para a transformação da realidade. Enquanto processo,
implica a expressão das ações da instituição, do conhecimento e
julgamento da realidade, bem como das propostas de ação para
concretizar o que se propõe a partir do que vem sendo; e vai além:
supõe a colocação em prática daquilo que foi projetado, acompanhado
da análise dos resultados. (VASCONCELLOS, 2002, P.17 e 18)
O projeto deve ser construído tendo por base tarefas simples, passíveis
de serem executadas no dia a dia da escola. Mas ele não dispensa o
planejamento cuidadoso, a imaginação criadora e o espírito de equipe.
Na concepção da Pedagogia da Alternância dos Centros Familiares de
Formação por Alternância (CEFFAs), são os saberes da vida que vêm na
frente dos da escola. Passa-se do grande livro da vida, do grande livro
da natureza para o livro impresso (...) (GIMONET, 2007.p.42).
Contudo vale destacar que, são nas teorias pedagógicas de cunho
socialista, que se fundamenta teoricamente a Pedagogia da Alternância enquanto
um caminho viável para a manutenção de filhos e filhas de camponeses na
escola, sem que seja necessário estes saírem da sua vivencia cotidiana para
poder ir para a escola, mas fundamentalmente, tendo o campo, sua propriedade,
como um permanente instrumento de pesquisa, análise e local de experimentação
do que foi apreendido no meio escolar.
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7. METODOLOGIA
Para a construção do Projeto Político Pedagógico da Casa Familiar
Rural Padre Josino Tavares, serão utilizados procedimentos diversificados,
vinculados a uma abordagem teórica e prática, sob a inspiração da pesquisa-
ação. Esta proporcionará subsídios acerca das questões que norteiam o Projeto
Político Pedagógico e suas contradições, na sua construção e aplicabilidade no
contexto sócio-histórico do campo, articulado às diferentes instâncias da
comunidade escolar, levando em consideração a sua totalidade. Embora a
pesquisa comporte etapas de levantamento técnico da realidade, sua finalidade
global é produzir transformações na realidade pesquisada.
Para o desenvolvimento da pesquisa-ação, de acordo com Dionne
(2007, p.107), ―grades de observação, roteiros de entrevistas e questionários
abertos ou fechados podem responder adequada e simultaneamente às
exigências de pesquisa e a dinâmica da ação‖, o que possibilitará a construção de
uma proposta de Projeto Político Pedagógico. Faz-se necessário também realizar
uma pesquisa exploratória com observações prévias do campo de pesquisa com
um apanhado sobre o papel da comunidade escolar no contexto histórico em que
estão inseridas e do acompanhamento da mesma no desenvolvimento do projeto
político pedagógico.
Portanto, a primeira parte da pesquisa é o levantamento bibliográfico e
a aplicação dos diagnósticos. A partir da leitura de alguns autores da área, terei
mais familiaridade com o problema e, com base nos diagnósticos, poderei definir
mais detalhadamente as ações a serem desenvolvidas.
Assim, partindo das teorias será desenvolvida a segunda parte, que
trata da intervenção coletiva, onde será analisada a relação que a família e a
escola têm no processo de construção do projeto político pedagógico. Para tanto,
utilizaremos as observações, aplicações de entrevistas com docentes, corpo
técnico e famílias. Finalmente, faremos uma análise dos dados encontrados para
responder a problemática de estudo, para depois sistematizá-los.
Em relação à comunidade escolar faremos algumas reuniões na escola
com as famílias, alunos e corpo pedagógico para discutir os processos de
construção e também construir o projeto político pedagógico. Com as famílias
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aplicaremos um questionário, também alguns pais serão escolhidos
aleatoriamente para serem entrevistados.
Durante todo o processo de construção do Projeto Político-Pedagógico,
o pesquisador deve fazer os registros e análise da experiência vivida. Todo esse
processo será compartilhado pelo coletivo da escola e da comunidade que
também contribuirão com sua leituras e análises da realidade e da experiência de
construção do PPP, como é indicado na pesquisa-ação.
7.1. PLANO DE AÇÃO
Ação Procedimentos Metodológicos
1 Pesquisar sobre o processo de
implantação da CFR documentação
Visita a CFR e aplicação de
diagnóstico participativo para coleta de
dados sobre a escola e organização
da primeira
2 Identificar os reais motivos de a
escola funcionar sem ter um PPP e
seus impactos na qualidade no
ensino
Realizar entrevistas com a
comunidade escolar e observar o dia-
a-dia da escola
3 Mobilizar, aumentar e melhorar a
participação da comunidade escolar
na escola.
Realizar a mobilização da comunidade
escolar para a construção do PPP na
escola e mostrar a sua importância e
montar os grupos de estudos onde
serão dados o inicio da construção do
PPP
4 Despertar na comunidade a
necessidade de participação na
construção do PPP
Realizações de reuniões dos grupos
de estudos para a sistematização do
PPP e finalização do mesmo, com
objetivo de integrar e fortalecer a
participação da comunidade escolar
na CFR.
5 Apresentação dos resultados Seminário com a apresentação dos
resultados obtidos na pesquisa com o
PPP
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8. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
ESPECIFICAÇÕES
PERIODO/2012
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Pesquisa bibliográfica
Aplicação do diagnóstico participativo
envolvendo escola e comunidade /
Coleta de dados
Tabulação de dados
Apresentação e análise dos dados junto
com a comunidade e a escola
Realização de reuniões e oficinas de
trabalho para elaboração do PPP
Sistematização dos dados
Elaboração da redação preliminar da
monografia
Entrega da 1ª versão da monografia ao
orientador
Revisão e redação final da monogrfia
Entrega à coordenação
Defesa da monografia
9. REFERENCIAS
DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
DIANNE, Hugues. A pesquisa-ação para o desenvolvimento local. Tradução:
Dichel Thiollent. Brasilia: Liber Livro Editora, 2007.
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GIMONET,Jean-Claude. Praticar e compreender a Pedagogia da Alternância
dos CEFFAs; tradução de Thierry de Burghgrave. Petrópolis, RJ: Vozes, Paris:
AIMFR-Associação Internacional dos Movimentos Familiares de Formação Rural,
2007. Coleção-AIDEFA.
IBGE. Censo 2010. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/. Acesso
em: 07/05/2011.
NOVÉ-JOSSERAND, F. Criação da Primeira Maison Familiale: desenvolvimento
inicial. IN: Surpreendente História das Maisons Familiale Rurales: Tradução.
Thierry de Burghdrave, Edições France Empire, Paris, 1998 (mimeo).
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico:
do projeto politico-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo:
Libertad, 2002.—(Subsídios Pedagogicos do Libertad; 3)
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de ensino-
aprendizagem e projeto politico-pedagógico. – elementos Metodológicos para
elaboração e realização, 18º ed. São Paulo: Libertad Editora, 2008. —(cadernos
pedagógicos do Libertad; v.1)