SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
NÚCLEO DE TECNOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA PERSPECTIVA INOVADORA DE
CONHECIMENTO
Artigo apresentado ao curso de Especialização em Educação do Campo Universidade
Estadual do Maranhão-UEMANET como um dos pré-requisitos para a obtenção de nota
na disciplina Princípios Norteadores das práticas Pedagógicas em Educação do Campo,
sob orientação da Professora Heloísa Cardoso Varão Santos.

CAXIAS – MA
2010

EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA PERSPECTIVA INOVADORA DE
CONHECIMENTO
Girlane Maria Carvalho Camelo
Resumo

     O presente trabalho aborda de maneira sintética a questão da Educação do Campo,
tendo como foco as interrelações entre família, escola e sociedade, onde se procura
fazer uma análise sobre como vem se dando o processo de Educação do Campo no
Brasil, situando geograficamente o município de São João do Sóter – Maranhão, aonde
a Educação do Campo vem sendo desenvolvido por meio da Casa Familiar Rural.
Dentro dessa linha de pensamento vale lembrar as mudanças reais na sociedade, no
campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a
terra, a educação, a saúde, estão intimamente ligadas à forma como tratamos os povos
do campo, que devem ser a mola propulsora do desenvolvimento sustentável. Este
estudo baseia-se em pesquisas bibliográficas, análises da Proposta Curricular da Casa
Familiar Rural “Vivendo a Esperança”, bem como fruto da vivencia de uma das Autoras
1 deste artigo que atuaram no ano de 2007-2008 como monitora na Casa Familiar
Rural” Vivendo a Esperança” localizada na MA 0127, Povoado Pedras, município de
São João do Sóter, região do Leste Maranhense.

Palavras-Chaves: educação do campo, pedagogia da alternância, casa familiar rural,
produção

Abstract
This paper addresses the issue in a summary way of the Field of Education, focusing on
the interrelationships between family, school and society, which seeks to analyze how
the process has been going on Rural Education in Brazil, placing the county
geographically São João do Soter - Maranhão, where the Field of Education has been
developed through the Rural Family House. Within this line of thought is worth
remembering the real changes in society, the field of economics, human relations,
property, right to work, land, education, health, are intimately linked to how people treat
the field which should be the driving force of sustainable development. This study is
based on literature searches, analysis of the Curriculum Proposal Rural Family House
"Living Hope" as well as fruit of the experience of one of the Authors of this article one
who acted in the year 2007-2008 as monitors in the Rural Family House " Living Hope
"located in MA 0127, Stone Town, São João do Soter, the Eastern region of Maranhão.
Key Words: rural education, pedagogy of alternation, family rural, production
____________________________
Pós- Graduanda em Educação do Campo UEMANET. Professora da Rede Pública
Municipal de Caxias. Graduada História pela UEMA (Universidade Estadual do
Maranhão).

1-INTRODUÇÃO

A finalidade de qualquer ação educativa deve ser a produção de novos conhecimentos
que aumentem a consciência e a capacidade de iniciativa transformadora dos grupos
com os quais trabalhamos.
A concepção de educação que vem sendo empregada pela cultura dominante e elitista,
não contribui de forma satisfatória para combater o analfabetismo, elevar a escolaridade
dos sujeitos, sua cultura e seu padrão de vida. O não oferecimento de educação do
campo com qualidade que responda ás particularidades do campo é sem dúvida, uma
das maiores dívidas históricas para com as populações do campo.
Parece-me que é urgente pesquisar as desigualdades históricas sofridas pelos povos do
campo. Desigualdades econômicas, sociais e para nós desigualdades educativas,
escolares. Sabemos como o pertencimento social, indígena, racial, do campo é decisivo
nessas históricas desigualdades. Há uma dívida histórica, mas há também uma dívida de
conhecimento dessa dívida histórica. E esse parece que seria um dos pontos que
demanda pesquisas. Pesquisar essa dívida histórica (ARROYO; 2006, p.104).
Pensando nesta situação de exploração do trabalhador e nas condições que oportunizam
uma educação conscientizadora, Paulo Freire (2007) nos possibilita observar o sistema
educacional da sociedade brasileira, dentro do processo de mudança, quando identifica a
educação como elemento fundamental para o sujeito do campo ou da cidade. E
considera como necessidade primordial dessa mudança, a leitura de mundo com o
sujeito que aprende, mas que também ensina. Ele desenvolveu uma metodologia de
ensino para a alfabetização e conscientização do trabalhador do campo que partia dessa
leitura de mundo. Uma iniciativa surgida na década de 50, que continua presente na
ação educativa de muitos professores do campo e da cidade.
Mas a incorporação de sua cultura nos currículos escolares se processa por aspectos que
envolvem desde políticas públicas para a educação como também, a aproximação do
professor com o aluno e sua realidade por meio de situações problematizadoras.

2- BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Com relação à trajetória da Educação do Campo divide-se em quatro períodos: No
primeiro existem contradições sociais como: fome, miséria, exploração, exclusão,
regime escravocrata e oligarquias, especialmente no campo. Em 1930 surge o ruralismo
pedagógico cujo objetivo era fixar o homem no campo.
A idéia de construção do Plano Nacional de Educação surge desde 1932, com o
"Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", quando se buscava a modernização do
país pela modernização da educação. O Manifesto além de convocar a organização da
educação em âmbito nacional, ainda propunha um programa que se configurava como
um sistema nacional de educação, em que a racionalidade científica (escolanovismo)
permearia o âmbito educacional até 1962.
Esse paradigma de educação e ideologização tem sustentado o capitalismo e
influenciado o pensamento humano de diversas gerações, consolidando a supremacia de
um poder dominante, pela via de submissão, presente em diferentes espaços no qual a
escola – lugar do saber/conhecimento sistematizado - é um destes.
Em 2002, foi aprovada a Resolução CNE/CEB Nº. 01 de 03 de abril; as Diretrizes
Operacionais da Educação do Campo; consolida um importante marco para a história da
educação brasileira e em especial para a educação do campo. Todavia, a lentidão faz
com que as políticas de direito não alcance proporções significativas e se efetivem
concretamente na escola do campo de toda sociedade brasileira.
As políticas de educação rural/campo não são referencias relevantes
constitucionalmente na historicidade da educação brasileira e até 1988 a expressão
evidenciada nos textos constitucionais caracteriza o termo rural e adquire outro
significado a partir 2002 com aprovação da Resolução CNE/CEB Nº. 01 de 03 de abril;
as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo;
A proposta é pensar a educação do campo como processo de construção de um projeto
de educação dos trabalhadores do campo gestado desde o ponto de vista dos
camponeses e da trajetória de lutas de suas organizações (IBDEM, p. 13).
Na elaboração da proposta pedagógica para a educação do campo precisamos levar em
consideração os dispositivos previstos na Lei de Diretrizes e bases da Educação LDB
9.394/96 e também das Diretrizes operacionais para a Educação do campo (Resolução
Nº 1 de 03 de abril de 2002), na perspectiva de garantir a identidade das comunidades
rurais. Neste sentido para elaboração da Proposta Pedagógica precisamos seguir
algumas orientações como: Levantamento do número de famílias que residem na
localidade, ou seja, o levantamento da realidade; Registro da situação e socialização
com a comunidade por meio de seminários;Elaboração dos objetivos da Proposta
considerando a realidade local;Respeito a diversidade na elaboração do currículo;
Encontros periódicos;Apresentação da proposta; Proposta Pedagógica deve responder
aos anseios e necessidades da comunidade.
Partindo do principio de que a Educação do Campo é um Direito, e esse direito precisa
ser respeitado de fato e de direito. Sabemos que todos os atores envolvidos no processo
da educação do campo tem suas peculiaridades e precisam ser respeitados em sua
dignidade. A Educação do Campo é de fundamental importância para a economia e o
avanço do desenvolvimento sustentável.

3- A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

Está é uma alternativa metodológica de formação profissional agrícola de nível técnico
para jovens, inicialmente do sexo masculino, filhos de camponeses que perderam o
interesse pelo ensino regular porque este se distanciava totalmente da vida e do trabalho
camponês, mas até dos anos 1960 a Pedagogia da Alternância era usada apenas pela
CFRs que já estavam consolidadas e eram reconhecidas pela sociedade, esta desperta o
interesse de estado, que tentar associar formação profissional – do ensino técnico de
nível médio e superior – o estágio remunerado por meio do que tem sido chamado de
parceria com empresas, suscitando tanto o ,apoio quanto críticas por parte de alguns
pesquisadores.
A mesma prepara adequadamente os jovens para enfrentarem suas realidades de
trabalho agrícola e florestal. Estes são levados a diversos locais de estágio durante 3
anos,e a se adaptar a diferentes contextos e a práticas diversas, então eles chegam ao
mercado de trabalho com uma vantagem extraem relação aos jovens que estudaram de
maneira tradicional. De acordo com NOSELLA (1977) e PESSOTTI (1978), a
alternância consiste em repetir o tempo de formação do jovem em período de vivência
na escola e na família. Esse ritmo alternado rege toa à estrutura da escola e a busca a
conciliação entre a escola e a vida não permitindo ao jovem desligar-se de sua família e,
por conseguinte, do meio rural. (p. 37).
A Pedagogia da Alternância começa a expandir-se na França no ensino regular como
uma forma de resolver problemas de evasão e reprovação dos jovens das camadas
populares, somente na década de 80 do século XX é que o emprego da alternância
começa a generalizar-se sendo adotada na formação profissional nos cursos técnicos de
nível médio e superior, esta acontecem em períodos alternados de escola e de estágio
remunerado nas empresas.
No Brasil, esta vem despertando o interesse dos pesquisadores desde o final dos anos
1970, e as primeiras experiências de formação por alternâncias, foi no estado de Espírito
Santo, região do sudeste brasileiro, com a denominação de Escolas Familiares Agrícolas
(EFAs), no final dos anos 60. Já nos anos 80, no estado de Alagoas, regiões nordestes
brasileiras, sem nenhuma vinculação com o movimento das EFAs, foram criadas as
Casas Familiares Rurais (CFRs). Atualmente existe em nossa sociedade, a presença de
oito diferentes Centros de Formação por Alternância que, no conjunto somam mais de
250 experiências educativas no território nacional. Estas se destacam como os Centros
mais antigos e mais expressivos que diretamente, influenciaram a implatanção dos
outros, devido à própria necessidade dos educandos permanecerem no campo, conforme
afirma a autora:
“O objetivo básico dos processos educativos deve ser, coerentemente o de fomentar a
compreensão crítica da realidade e a ação participativa para transformá-la em função da
necessidade de todos” (FLEURI 2001 pg.58). A mesma pode apontar para uma relação
trabalho educação e comunidade, de um novo tipo, tendo como base a cooperação e a
autogestão, podendo significar também uma forma de controle das tensões sociais, ou
seja, dentro da Pedagogia da Alternância a práxis será a reflexão do oprimido sobre o
seu mundo e a reação transformadora deste contra a realidade encontrada. Para que
práxis aconteça, é fundamental que o indivíduo seja levado a tomar consciência de sua
realidade para em seguida refletir sobre ela e finalmente transformá-la.

3.1- A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CASA FAMILIAR RURAL DE SÃO JOÃO
DO SÓTER

A concepção de educação da Casa Familiar Rural Vivendo a esperança visa contribuir
através da Pedagogia da Alternância para o desenvolvimento sócio econômico, cultural
e educacional dos jovens rurais, suas famílias e comunidades. Para isso desenvolve uma
proposta educacional que procura respeitar as peculiaridades regionais e locais,
valorizando o modo de vida do meio rural, seus costumes, e suas complexidade.
Há prática de um currículo integrado na medida, em que ocorre uma integração entre
ensino e prática profissional, a integração ensino-trabalho-comunidade.
Os instrumentos pedagógicos representam uma das características da Pedagogia da
Alternância, ou seja, esta possui um dispositivo pedagógico com ferramenta específicas,
com o plano de estudo que é uma ferramenta de trabalho que o jovem leva da CFR, com
base no plano de formação para a propriedade, o mesmo permite estabelecer o diálogo
com sua família e levantar a sua realidade, portanto o PDE é o início da alternância o
mesmo ocorre em três momentos: na casa familiar, na propriedade e na casa familiar
rural.
A Tutoria é uma das ferramentas importantes que contribuir com o processo de
formação integral, através dela os educando são preparados para as estadias em casa e
no meio sócio profissional, ela se estende ao longo de toda sessão escolar, em que o
monitor acompanha o educando nos aspectos de relacionamento na casa, na família e
comunidade.
Colocação em Comum consiste em apresentar os dados e registrar no quadro, elaborar o
texto da realidade. È uma atividade chave no processo de formação, esta dar
possibilidade de elaborar, síntese e obter algumas respostas levantadas pelos jovens,
orientando as atividades de alternância como visita de estudo e aquisição de novos
conhecimentos.
Textos Definitivo, os jovens fazem uma redação em conjunto com os monitores, de uma
maneira progressiva, sendo que os textos devem ser de boa qualidade.
Caderno de Alternância, possibilita a troca de informações entre as famílias e os
monitores relatando as atividades desenvolvidas pelos jovens, este e um elo entre
família e monitor, onde se registra a evolução do jovem durante os três anos que ficam
na casa Familiar Rural.
Cadernos da Realidade ou da Propriedade, onde o jovem registra e anota as reflexões, os
estudos e aprofundamentos. São atividades livres e mais leves, realizadas sempre à
noite, consiste em palestras e testemunhos de pessoas externas (agricultores,
professores, médicos, religiosos, agrônomos e veterinários). Também são trabalhadas
atividades lúdicas e culturais comunicações, jornais, estes permitem a valorização de
recursos humanos locais a intensificação de intercâmbio, solidariedade de pessoas de
comunidade junto a CFR.
São realizadas Intervenções Externas, como palestras, seminários e debates sobre
determinados temas para a complementação e aprofundamento dos estudos. Onde
participam pais e mães de estudantes, lideranças diversas, profissionais, convidados a
darem um testemunho, fazer uma palestra, um seminário, um curso, um dia de campo.
As intervenções externas são sempre ligadas ao tema do Plano de Estudo, sendo que as
mesmas são muitas vezes as comunicações de um saber fazer, de uma vivência, de uma
prática concreta que vem complementar o aprofundamento teórico do Plano de Estudo.
A pedagogia da Alternância desenvolve-se um currículo integrado que correspondente a
organização institucional que articula dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria
ensino e comunidade na qual permitem:
Uma efetiva integração entre ensino e prática profissional; A real integração entre
prática e teoria e teoria e o imediato teste de prática; integração ensino trabalho
comunidade implicando uma imediata contribuição para esta última; busca de soluções
específicas e originais para diferentes situações;Integração professsor-aluno na
investigação e busca de esclarecimento e proposta, bem como adaptação a cada
realidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social.
De acordo com a pesquisa realizada hoje mais do que nunca há uma necessidade de se
retomar o exercício de experiência no campo do associativismo, do cooperativismo, da
ação comunitária. Daí a necessidade que se forme nas crianças jovens e adultas no
espírito que valorize o trabalho e o emprego no meio rural dentro de uma ótica de
desenvolvimento sustentável, mediante práticas educativas centrada na escola, tanto por
meio de educação formal, como pelo o exercício de práticas agropecuárias que
realimente o processo educativo e ajudando na profissionalização de crianças jovens e
adultos.

3.2-A EXPERIÊNCIA COMO EDUCADOR NA CASA FAMILIAR RURAL DE SÃO
JOÃO DO SÓTER E REFLEXÃO SOBRE A SITUAÇÃO NO MARANHÃO

A Casa Familiar Rural “Vivendo a esperança” iniciou sua atividade no dia 18 de janeiro
de 2001, sendo que a aula inaugural aconteceu no dia 20 de marco de 2001, esta
começou com 60 jovens dividido em duas turmas, e o ano de 2004, formaram-se 20
jovens destes 13 ingressaram na escola Agrotécnica de Codó-Maranhão e 3 no colégio
agrícola de Teresina-Piauí. Tem com nove anos de funcionamento, localiza-se em área
de assentamento do INCRA, Pedra-Mocambo na MA-0127, atendendo 92 alunos de
trinta comunidades município de São João do Sóter, Caxias e Codó do estado do
maranhão.
          Com relação ao funcionamento da escola os alunos freqüentam quinze dias
nesta e quinze dias na comunidade, sendo acompanhada pelos educadores e técnico, a
escola possui: horta comunitária, refeitório, geladeira, auditório e apenas um
computador na escola, mas na mesma localidade tem uma escola onde tem vários
computadores e estes terão acesso a pesquisas na internet. A mesma funciona com
divisão de tarefas e preparação da alimentação que ainda é de forma rudimentar e ás
vinte e duas hora todos os alunos irá dormir, o que se observou também foi que a carga
horária inclui a visita na comunidade.
 A Proposta Curricular da CFR “Vivendo a Esperança tem uma ligação intrínseca com
produção agrícola e escola na medida em que inclui em sua proposta temas geradores
tais como: Família, movimentos culturais locais, cidadania, meio ambiente, solo,
introdução a zootecnia, culturais anuais, arroz, feijão e mandioca, profissões,
administração, planejamento rural, forma alternativas de produção na agricultura
familiar, empreendedorismo, piscicultura, elaboração de projetos agropecuários. Isso
significa dizer que os alunos estão o tempo inteiro vivenciando a teoria e a prática.
Partindo da pesquisa, análise da Proposta Curricular da CFR “Vivendo a Esperança” e
da vivencia, podemos destacar alguns entraves que dificultam o exercício efetivo da
Pedagogia da Alternância: a infra-estrutura é péssima, transportes, alimentação, o
calendário escolar não é adequado com a realidade, há professores que não são
especializados na área que atuam. Havendo assim um abandono da agricultura familiar,
por essa razão as periferias da cidade estão mais inchadas o Maranhão está deixando de
ser rural e se tornando mais urbano.
Infelizmente o Maranhão é um dos estados que menos investe na agricultura familiar
em todo o País. Para o ano de 2010, o atual governo determinou um corte de 50% no
orçamento do setor agrícola. O que prejudica ainda mais escolas Familiares Agrícolas e
as Casas Familiares Rurais, para quem só foram destinados R$ 35 mil este ano. Como
Monitora da Casa Familiar Rural de São João do Sóter, espero que as Políticas Públicas
possam de fato favorecer a atuação de cada educador. Pois o projeto é muito rico e de
fato contribui para a formação de nossos jovens, mas a formação deve ocorrer como já
explicitando anteriormente em três momentos: na Casa Familiar, na propriedade e na
casa familiar, mas para que isso ocorra os monitores precisam acompanhar os jovens em
suas comunidades e infelizmente não há estrutura para isso.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale ressaltar que de acordo com a análise feita da proposta curricular da Casa Familiar
Rural Vivendo a Esperança”, houve uma conexão entre a pedagogia da alternância, na
medida a em que os alunos têm períodos alternados na escola comunidade. Sendo que
se estimula nos alunos na memorização passiva de dados e sim a investigação e
compreensão dos problemas, a construção de seu próprio conhecimento através da
participação ativa neste processo, havendo ainda o resgate da cultura local como forma
de valorização e preservação da mesma.
No currículo formal a educação escolar se constitui basicamente de um processo
institucional de transmissão de conhecimento e de inclusão de valores socialmente
aceitos. As disciplinas que compõem o currículo são campos de conhecimentos
específicos delimitados e estanques, que devem ser esgotados por professores e alunos
em prazos convencionados estabelecidos de um semestre ou um ano, e estes setores se
classificam em disciplinas científicas, técnicas ou aplicadas, ás vezes as primeiras
disciplinas antecedem as segunda e as atividades práticas se realizam em laboratório ou
espaços educativos onde se reproduzem simultaneamente, os problemas da realidade.
A investigação, aqui descrita, parte do pressuposto de que a aquisição do conhecimento
cognitivo está diretamente ligada ao autoconhecimento e desenvolvimento emocional
do educando passando pelo conhecimento de mundo e das relações interpessoais. Neste
sentido, Partindo do exposto acima se pressupõem que a pedagogia da alternância tem
uma relação intrínseca com a educação libertadora que parte da idéia de que o sujeito
tem voz e vez para interferir nos rumos que ação conjunta vai assumindo.Portanto, o
que propomos é algo que vem atender de fato as necessidades dos alunos campesinos,
pois o estado e municípios têm obrigação além de pagar os professores devem equipar
adequadamente às escolas, melhorar a formação dos professores, investirem em
transportes, alimentação, materiais didáticos, pois a própria LDB 9.394/96 destacam em
seu artigo 28: Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de
ensino promoverão as adaptações necessárias quantas as suas peculiaridades da vida
rural e de cada região.Para que haja uma proposta de qualidade é necessário favorecer
uma aprendizagem significativa para os alunos, em que valorizar a história de vida dos
mesmos de suas culturas, crenças, e valores fazendo um regaste destes. Ajudando assim
a desenvolver o potencial das crianças rurais e habilidades que lhe ajude a viver melhor
e produzir com eficiência no meio rural garantindo assim o respeito à identidade
cultural do aluno, apropriação e produção de conhecimentos significativos para o
educando, na perspectivas de compreensão crítica e transformação da realidade social.



REFERÊNCIAS

CARTA MAIOR, fórum Mundial sobre a reforma Agrária: Valência, 2000 p.50-51
Casa Familiar Rural “Vivendo a Esperança, P. A. Pedras Mocambo, Povoado Pedras,
São do Sóter.

DAVINI, M. C, ET alii (orgs) Currículo Integrado. Consultoria á OPAS, Brasília 1983.
Diretrizes Operacionais para a Educação Básica na Escola Campo (Resolução nº
CNB/CEB nº 1 de 3 de abril de 2002

FLEURI, R. M. Educar para que? Contra o autoritarismo da relação pedagógica na
escola 9º Ed. São Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São
Paulo: UNESP, 2000.
LAVAL, C. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino
público. Londrina: Planta, 2004.

NOSELLA, P. Uma nova educação para o meio rural: sistematização e problematização
da experiência educacional das Escolas da Família Agrícola do Movimento de
Educação Promocional do Espírito Santo. São Paulo: 1977 204 p. Dissertação
(Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1977.

Plano Nacional de Educação e no Parecer CNE/CEB 36/2001 PESSOTTI, A L. Escola
da Família Agrícola: uma Alternativa para o ensino rural, Rio de Janeiro l978, 194 p.
Dissertação do Mestrado Fundação Getúlio Vargas- IESAE, 1978.
REVISTA PEDAGÓGICA COTIDIANA RESSIGNIFICADO, v2, n 3, 2008 p-57, São
Luis.
http//www.uema.br/www.uemanet.uema.br

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Educação rural x educação do campo
Educação rural x educação do campoEducação rural x educação do campo
Educação rural x educação do campoCássyo Carvalho
 
A educação do campo como direito a uma escola
A educação do campo como direito a uma escolaA educação do campo como direito a uma escola
A educação do campo como direito a uma escolaFrancinaldo Martins
 
Diretrizes operacionais legislações do campo
Diretrizes operacionais   legislações do campoDiretrizes operacionais   legislações do campo
Diretrizes operacionais legislações do campoarlete buchardt
 
Historico Educação do Campo
Historico Educação do CampoHistorico Educação do Campo
Historico Educação do CampoWanessa de Castro
 
Trilhas campesinas integrando vidas e saberes final
Trilhas campesinas   integrando vidas e saberes finalTrilhas campesinas   integrando vidas e saberes final
Trilhas campesinas integrando vidas e saberes finalKetheley Freire
 
Práticas educativas em alternância de denize monteiro de lima
Práticas educativas em alternância  de denize monteiro de limaPráticas educativas em alternância  de denize monteiro de lima
Práticas educativas em alternância de denize monteiro de limapastoraldaterra.ro
 
Educ ac ao do campo - prof luiz 1
Educ ac ao do campo - prof luiz 1Educ ac ao do campo - prof luiz 1
Educ ac ao do campo - prof luiz 1mendonca45
 
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...curriculoemmovimentopara
 
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...curriculoemmovimentopara
 
EducaçãO Do Campo
EducaçãO Do CampoEducaçãO Do Campo
EducaçãO Do Campoculturaafro
 
Educação Básica do Campo
Educação Básica do CampoEducação Básica do Campo
Educação Básica do Campopibidsociais
 
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃODIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃOgisianevieiraanana
 
Fichamento educação no campo pibid - quezia
Fichamento educação no campo   pibid - queziaFichamento educação no campo   pibid - quezia
Fichamento educação no campo pibid - queziapibidsociais
 
Da teoria à prática na educação do campo
Da teoria à prática na educação do campoDa teoria à prática na educação do campo
Da teoria à prática na educação do campoloujorge
 
Fichamento sobre educação no campo pibid
Fichamento sobre educação no campo   pibidFichamento sobre educação no campo   pibid
Fichamento sobre educação no campo pibidpibidsociais
 
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014arlete buchardt
 

Mais procurados (18)

Educação rural x educação do campo
Educação rural x educação do campoEducação rural x educação do campo
Educação rural x educação do campo
 
A educação do campo como direito a uma escola
A educação do campo como direito a uma escolaA educação do campo como direito a uma escola
A educação do campo como direito a uma escola
 
Diretrizes operacionais legislações do campo
Diretrizes operacionais   legislações do campoDiretrizes operacionais   legislações do campo
Diretrizes operacionais legislações do campo
 
Historico Educação do Campo
Historico Educação do CampoHistorico Educação do Campo
Historico Educação do Campo
 
Trilhas campesinas integrando vidas e saberes final
Trilhas campesinas   integrando vidas e saberes finalTrilhas campesinas   integrando vidas e saberes final
Trilhas campesinas integrando vidas e saberes final
 
Práticas educativas em alternância de denize monteiro de lima
Práticas educativas em alternância  de denize monteiro de limaPráticas educativas em alternância  de denize monteiro de lima
Práticas educativas em alternância de denize monteiro de lima
 
Educ ac ao do campo - prof luiz 1
Educ ac ao do campo - prof luiz 1Educ ac ao do campo - prof luiz 1
Educ ac ao do campo - prof luiz 1
 
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...
Escolas Rurais Multisseriadas E Os Desafios Da Educação Do Campo De Qualidade...
 
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...
Por Uma Educação Do Campo Na Amazônia: Currículo E Diversidade Cultural Em De...
 
EducaçãO Do Campo
EducaçãO Do CampoEducaçãO Do Campo
EducaçãO Do Campo
 
Educação Básica do Campo
Educação Básica do CampoEducação Básica do Campo
Educação Básica do Campo
 
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃODIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO
DIRETRIZES OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A TRAJETÓRIA DE SUA CONSTRUÇÃO
 
Fichamento educação no campo pibid - quezia
Fichamento educação no campo   pibid - queziaFichamento educação no campo   pibid - quezia
Fichamento educação no campo pibid - quezia
 
Educacao Campo
Educacao CampoEducacao Campo
Educacao Campo
 
Da teoria à prática na educação do campo
Da teoria à prática na educação do campoDa teoria à prática na educação do campo
Da teoria à prática na educação do campo
 
Fichamento sobre educação no campo pibid
Fichamento sobre educação no campo   pibidFichamento sobre educação no campo   pibid
Fichamento sobre educação no campo pibid
 
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014
TRILHAS CAMPESINAS: Integrando vidas e saberes 2014
 
O PRONACAMPO NO MEC
O PRONACAMPO NO MECO PRONACAMPO NO MEC
O PRONACAMPO NO MEC
 

Semelhante a Educação do Campo: Uma perspectiva inovadora

Artigo Educação do campo
Artigo Educação do campoArtigo Educação do campo
Artigo Educação do campoDudetistt
 
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦dulo
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦duloC+¦pia de artigo ed do campo.m+¦dulo
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦duloDudetistt
 
Escola do campo pibid
Escola do campo pibidEscola do campo pibid
Escola do campo pibidpibidsociais
 
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdf
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdfFUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdf
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdfRonilsonSantos20
 
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdf
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdfEducacao do campo - um olhar panoramico (1).pdf
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdfBonfim Queiroz Lima
 
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra
 
1 educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves
1   educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves1   educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves
1 educao do campo e desenvolvimento territorial santos e nevesJezana Severiano
 
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010Virna Salgado Barra - II NEAT 2010
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010Virna Salgado Barra
 
Plano de Educação no Campo
Plano de Educação no CampoPlano de Educação no Campo
Plano de Educação no CampoFETAEP
 
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011Virna Salgado Barra
 
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento rural
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento ruralO papel da educação do campo na construção do desenvolvimento rural
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento ruralMaryanne Monteiro
 
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...Linconly Jesus
 
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadePesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadeGustavo Araújo
 
Os Movimentos Sociais e a Educação no Campo
Os Movimentos Sociais e a Educação no CampoOs Movimentos Sociais e a Educação no Campo
Os Movimentos Sociais e a Educação no CampoJairo Bonfim
 
Ed. ambiental
Ed. ambientalEd. ambiental
Ed. ambientalMarybiorr
 
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...Albano Goes Souza
 

Semelhante a Educação do Campo: Uma perspectiva inovadora (20)

Artigo Educação do campo
Artigo Educação do campoArtigo Educação do campo
Artigo Educação do campo
 
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦dulo
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦duloC+¦pia de artigo ed do campo.m+¦dulo
C+¦pia de artigo ed do campo.m+¦dulo
 
Escola do campo pibid
Escola do campo pibidEscola do campo pibid
Escola do campo pibid
 
Educacao Campo
Educacao CampoEducacao Campo
Educacao Campo
 
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdf
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdfFUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdf
FUNDAMENTOS-E-POLÍTICAS-DA-EDUCAÇÃO-DO-CAMPO.pdf
 
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdf
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdfEducacao do campo - um olhar panoramico (1).pdf
Educacao do campo - um olhar panoramico (1).pdf
 
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
 
1 educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves
1   educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves1   educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves
1 educao do campo e desenvolvimento territorial santos e neves
 
Virna Salgado Barra - Artigo
Virna Salgado Barra - ArtigoVirna Salgado Barra - Artigo
Virna Salgado Barra - Artigo
 
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010Virna Salgado Barra - II NEAT 2010
Virna Salgado Barra - II NEAT 2010
 
Plano de Educação no Campo
Plano de Educação no CampoPlano de Educação no Campo
Plano de Educação no Campo
 
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011
Virna Salgado Barra - Artigo SINGA 2011
 
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento rural
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento ruralO papel da educação do campo na construção do desenvolvimento rural
O papel da educação do campo na construção do desenvolvimento rural
 
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
 
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadePesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
 
Os Movimentos Sociais e a Educação no Campo
Os Movimentos Sociais e a Educação no CampoOs Movimentos Sociais e a Educação no Campo
Os Movimentos Sociais e a Educação no Campo
 
Marco legal educ campo
Marco legal   educ campoMarco legal   educ campo
Marco legal educ campo
 
DECL. II CONFERENCIA EDUC. DO CAMPO
DECL. II CONFERENCIA EDUC. DO CAMPODECL. II CONFERENCIA EDUC. DO CAMPO
DECL. II CONFERENCIA EDUC. DO CAMPO
 
Ed. ambiental
Ed. ambientalEd. ambiental
Ed. ambiental
 
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...
03 vendramini, célia regina. a educação do campo e a luta dos movimentos soci...
 

Educação do Campo: Uma perspectiva inovadora

  • 1. NÚCLEO DE TECNOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA PERSPECTIVA INOVADORA DE CONHECIMENTO Artigo apresentado ao curso de Especialização em Educação do Campo Universidade Estadual do Maranhão-UEMANET como um dos pré-requisitos para a obtenção de nota na disciplina Princípios Norteadores das práticas Pedagógicas em Educação do Campo, sob orientação da Professora Heloísa Cardoso Varão Santos. CAXIAS – MA 2010 EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA PERSPECTIVA INOVADORA DE CONHECIMENTO Girlane Maria Carvalho Camelo Resumo O presente trabalho aborda de maneira sintética a questão da Educação do Campo, tendo como foco as interrelações entre família, escola e sociedade, onde se procura fazer uma análise sobre como vem se dando o processo de Educação do Campo no Brasil, situando geograficamente o município de São João do Sóter – Maranhão, aonde a Educação do Campo vem sendo desenvolvido por meio da Casa Familiar Rural. Dentro dessa linha de pensamento vale lembrar as mudanças reais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a terra, a educação, a saúde, estão intimamente ligadas à forma como tratamos os povos do campo, que devem ser a mola propulsora do desenvolvimento sustentável. Este estudo baseia-se em pesquisas bibliográficas, análises da Proposta Curricular da Casa Familiar Rural “Vivendo a Esperança”, bem como fruto da vivencia de uma das Autoras 1 deste artigo que atuaram no ano de 2007-2008 como monitora na Casa Familiar Rural” Vivendo a Esperança” localizada na MA 0127, Povoado Pedras, município de São João do Sóter, região do Leste Maranhense. Palavras-Chaves: educação do campo, pedagogia da alternância, casa familiar rural, produção Abstract This paper addresses the issue in a summary way of the Field of Education, focusing on the interrelationships between family, school and society, which seeks to analyze how the process has been going on Rural Education in Brazil, placing the county geographically São João do Soter - Maranhão, where the Field of Education has been developed through the Rural Family House. Within this line of thought is worth remembering the real changes in society, the field of economics, human relations, property, right to work, land, education, health, are intimately linked to how people treat the field which should be the driving force of sustainable development. This study is based on literature searches, analysis of the Curriculum Proposal Rural Family House "Living Hope" as well as fruit of the experience of one of the Authors of this article one who acted in the year 2007-2008 as monitors in the Rural Family House " Living Hope "located in MA 0127, Stone Town, São João do Soter, the Eastern region of Maranhão. Key Words: rural education, pedagogy of alternation, family rural, production
  • 2. ____________________________ Pós- Graduanda em Educação do Campo UEMANET. Professora da Rede Pública Municipal de Caxias. Graduada História pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão). 1-INTRODUÇÃO A finalidade de qualquer ação educativa deve ser a produção de novos conhecimentos que aumentem a consciência e a capacidade de iniciativa transformadora dos grupos com os quais trabalhamos. A concepção de educação que vem sendo empregada pela cultura dominante e elitista, não contribui de forma satisfatória para combater o analfabetismo, elevar a escolaridade dos sujeitos, sua cultura e seu padrão de vida. O não oferecimento de educação do campo com qualidade que responda ás particularidades do campo é sem dúvida, uma das maiores dívidas históricas para com as populações do campo. Parece-me que é urgente pesquisar as desigualdades históricas sofridas pelos povos do campo. Desigualdades econômicas, sociais e para nós desigualdades educativas, escolares. Sabemos como o pertencimento social, indígena, racial, do campo é decisivo nessas históricas desigualdades. Há uma dívida histórica, mas há também uma dívida de conhecimento dessa dívida histórica. E esse parece que seria um dos pontos que demanda pesquisas. Pesquisar essa dívida histórica (ARROYO; 2006, p.104). Pensando nesta situação de exploração do trabalhador e nas condições que oportunizam uma educação conscientizadora, Paulo Freire (2007) nos possibilita observar o sistema educacional da sociedade brasileira, dentro do processo de mudança, quando identifica a educação como elemento fundamental para o sujeito do campo ou da cidade. E considera como necessidade primordial dessa mudança, a leitura de mundo com o sujeito que aprende, mas que também ensina. Ele desenvolveu uma metodologia de ensino para a alfabetização e conscientização do trabalhador do campo que partia dessa leitura de mundo. Uma iniciativa surgida na década de 50, que continua presente na ação educativa de muitos professores do campo e da cidade. Mas a incorporação de sua cultura nos currículos escolares se processa por aspectos que envolvem desde políticas públicas para a educação como também, a aproximação do professor com o aluno e sua realidade por meio de situações problematizadoras. 2- BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO Com relação à trajetória da Educação do Campo divide-se em quatro períodos: No primeiro existem contradições sociais como: fome, miséria, exploração, exclusão, regime escravocrata e oligarquias, especialmente no campo. Em 1930 surge o ruralismo pedagógico cujo objetivo era fixar o homem no campo. A idéia de construção do Plano Nacional de Educação surge desde 1932, com o "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", quando se buscava a modernização do país pela modernização da educação. O Manifesto além de convocar a organização da educação em âmbito nacional, ainda propunha um programa que se configurava como um sistema nacional de educação, em que a racionalidade científica (escolanovismo) permearia o âmbito educacional até 1962. Esse paradigma de educação e ideologização tem sustentado o capitalismo e influenciado o pensamento humano de diversas gerações, consolidando a supremacia de
  • 3. um poder dominante, pela via de submissão, presente em diferentes espaços no qual a escola – lugar do saber/conhecimento sistematizado - é um destes. Em 2002, foi aprovada a Resolução CNE/CEB Nº. 01 de 03 de abril; as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo; consolida um importante marco para a história da educação brasileira e em especial para a educação do campo. Todavia, a lentidão faz com que as políticas de direito não alcance proporções significativas e se efetivem concretamente na escola do campo de toda sociedade brasileira. As políticas de educação rural/campo não são referencias relevantes constitucionalmente na historicidade da educação brasileira e até 1988 a expressão evidenciada nos textos constitucionais caracteriza o termo rural e adquire outro significado a partir 2002 com aprovação da Resolução CNE/CEB Nº. 01 de 03 de abril; as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo; A proposta é pensar a educação do campo como processo de construção de um projeto de educação dos trabalhadores do campo gestado desde o ponto de vista dos camponeses e da trajetória de lutas de suas organizações (IBDEM, p. 13). Na elaboração da proposta pedagógica para a educação do campo precisamos levar em consideração os dispositivos previstos na Lei de Diretrizes e bases da Educação LDB 9.394/96 e também das Diretrizes operacionais para a Educação do campo (Resolução Nº 1 de 03 de abril de 2002), na perspectiva de garantir a identidade das comunidades rurais. Neste sentido para elaboração da Proposta Pedagógica precisamos seguir algumas orientações como: Levantamento do número de famílias que residem na localidade, ou seja, o levantamento da realidade; Registro da situação e socialização com a comunidade por meio de seminários;Elaboração dos objetivos da Proposta considerando a realidade local;Respeito a diversidade na elaboração do currículo; Encontros periódicos;Apresentação da proposta; Proposta Pedagógica deve responder aos anseios e necessidades da comunidade. Partindo do principio de que a Educação do Campo é um Direito, e esse direito precisa ser respeitado de fato e de direito. Sabemos que todos os atores envolvidos no processo da educação do campo tem suas peculiaridades e precisam ser respeitados em sua dignidade. A Educação do Campo é de fundamental importância para a economia e o avanço do desenvolvimento sustentável. 3- A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA Está é uma alternativa metodológica de formação profissional agrícola de nível técnico para jovens, inicialmente do sexo masculino, filhos de camponeses que perderam o interesse pelo ensino regular porque este se distanciava totalmente da vida e do trabalho camponês, mas até dos anos 1960 a Pedagogia da Alternância era usada apenas pela CFRs que já estavam consolidadas e eram reconhecidas pela sociedade, esta desperta o interesse de estado, que tentar associar formação profissional – do ensino técnico de nível médio e superior – o estágio remunerado por meio do que tem sido chamado de parceria com empresas, suscitando tanto o ,apoio quanto críticas por parte de alguns pesquisadores. A mesma prepara adequadamente os jovens para enfrentarem suas realidades de trabalho agrícola e florestal. Estes são levados a diversos locais de estágio durante 3 anos,e a se adaptar a diferentes contextos e a práticas diversas, então eles chegam ao mercado de trabalho com uma vantagem extraem relação aos jovens que estudaram de maneira tradicional. De acordo com NOSELLA (1977) e PESSOTTI (1978), a alternância consiste em repetir o tempo de formação do jovem em período de vivência na escola e na família. Esse ritmo alternado rege toa à estrutura da escola e a busca a
  • 4. conciliação entre a escola e a vida não permitindo ao jovem desligar-se de sua família e, por conseguinte, do meio rural. (p. 37). A Pedagogia da Alternância começa a expandir-se na França no ensino regular como uma forma de resolver problemas de evasão e reprovação dos jovens das camadas populares, somente na década de 80 do século XX é que o emprego da alternância começa a generalizar-se sendo adotada na formação profissional nos cursos técnicos de nível médio e superior, esta acontecem em períodos alternados de escola e de estágio remunerado nas empresas. No Brasil, esta vem despertando o interesse dos pesquisadores desde o final dos anos 1970, e as primeiras experiências de formação por alternâncias, foi no estado de Espírito Santo, região do sudeste brasileiro, com a denominação de Escolas Familiares Agrícolas (EFAs), no final dos anos 60. Já nos anos 80, no estado de Alagoas, regiões nordestes brasileiras, sem nenhuma vinculação com o movimento das EFAs, foram criadas as Casas Familiares Rurais (CFRs). Atualmente existe em nossa sociedade, a presença de oito diferentes Centros de Formação por Alternância que, no conjunto somam mais de 250 experiências educativas no território nacional. Estas se destacam como os Centros mais antigos e mais expressivos que diretamente, influenciaram a implatanção dos outros, devido à própria necessidade dos educandos permanecerem no campo, conforme afirma a autora: “O objetivo básico dos processos educativos deve ser, coerentemente o de fomentar a compreensão crítica da realidade e a ação participativa para transformá-la em função da necessidade de todos” (FLEURI 2001 pg.58). A mesma pode apontar para uma relação trabalho educação e comunidade, de um novo tipo, tendo como base a cooperação e a autogestão, podendo significar também uma forma de controle das tensões sociais, ou seja, dentro da Pedagogia da Alternância a práxis será a reflexão do oprimido sobre o seu mundo e a reação transformadora deste contra a realidade encontrada. Para que práxis aconteça, é fundamental que o indivíduo seja levado a tomar consciência de sua realidade para em seguida refletir sobre ela e finalmente transformá-la. 3.1- A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CASA FAMILIAR RURAL DE SÃO JOÃO DO SÓTER A concepção de educação da Casa Familiar Rural Vivendo a esperança visa contribuir através da Pedagogia da Alternância para o desenvolvimento sócio econômico, cultural e educacional dos jovens rurais, suas famílias e comunidades. Para isso desenvolve uma proposta educacional que procura respeitar as peculiaridades regionais e locais, valorizando o modo de vida do meio rural, seus costumes, e suas complexidade. Há prática de um currículo integrado na medida, em que ocorre uma integração entre ensino e prática profissional, a integração ensino-trabalho-comunidade. Os instrumentos pedagógicos representam uma das características da Pedagogia da Alternância, ou seja, esta possui um dispositivo pedagógico com ferramenta específicas, com o plano de estudo que é uma ferramenta de trabalho que o jovem leva da CFR, com base no plano de formação para a propriedade, o mesmo permite estabelecer o diálogo com sua família e levantar a sua realidade, portanto o PDE é o início da alternância o mesmo ocorre em três momentos: na casa familiar, na propriedade e na casa familiar rural. A Tutoria é uma das ferramentas importantes que contribuir com o processo de formação integral, através dela os educando são preparados para as estadias em casa e no meio sócio profissional, ela se estende ao longo de toda sessão escolar, em que o
  • 5. monitor acompanha o educando nos aspectos de relacionamento na casa, na família e comunidade. Colocação em Comum consiste em apresentar os dados e registrar no quadro, elaborar o texto da realidade. È uma atividade chave no processo de formação, esta dar possibilidade de elaborar, síntese e obter algumas respostas levantadas pelos jovens, orientando as atividades de alternância como visita de estudo e aquisição de novos conhecimentos. Textos Definitivo, os jovens fazem uma redação em conjunto com os monitores, de uma maneira progressiva, sendo que os textos devem ser de boa qualidade. Caderno de Alternância, possibilita a troca de informações entre as famílias e os monitores relatando as atividades desenvolvidas pelos jovens, este e um elo entre família e monitor, onde se registra a evolução do jovem durante os três anos que ficam na casa Familiar Rural. Cadernos da Realidade ou da Propriedade, onde o jovem registra e anota as reflexões, os estudos e aprofundamentos. São atividades livres e mais leves, realizadas sempre à noite, consiste em palestras e testemunhos de pessoas externas (agricultores, professores, médicos, religiosos, agrônomos e veterinários). Também são trabalhadas atividades lúdicas e culturais comunicações, jornais, estes permitem a valorização de recursos humanos locais a intensificação de intercâmbio, solidariedade de pessoas de comunidade junto a CFR. São realizadas Intervenções Externas, como palestras, seminários e debates sobre determinados temas para a complementação e aprofundamento dos estudos. Onde participam pais e mães de estudantes, lideranças diversas, profissionais, convidados a darem um testemunho, fazer uma palestra, um seminário, um curso, um dia de campo. As intervenções externas são sempre ligadas ao tema do Plano de Estudo, sendo que as mesmas são muitas vezes as comunicações de um saber fazer, de uma vivência, de uma prática concreta que vem complementar o aprofundamento teórico do Plano de Estudo. A pedagogia da Alternância desenvolve-se um currículo integrado que correspondente a organização institucional que articula dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria ensino e comunidade na qual permitem: Uma efetiva integração entre ensino e prática profissional; A real integração entre prática e teoria e teoria e o imediato teste de prática; integração ensino trabalho comunidade implicando uma imediata contribuição para esta última; busca de soluções específicas e originais para diferentes situações;Integração professsor-aluno na investigação e busca de esclarecimento e proposta, bem como adaptação a cada realidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social. De acordo com a pesquisa realizada hoje mais do que nunca há uma necessidade de se retomar o exercício de experiência no campo do associativismo, do cooperativismo, da ação comunitária. Daí a necessidade que se forme nas crianças jovens e adultas no espírito que valorize o trabalho e o emprego no meio rural dentro de uma ótica de desenvolvimento sustentável, mediante práticas educativas centrada na escola, tanto por meio de educação formal, como pelo o exercício de práticas agropecuárias que realimente o processo educativo e ajudando na profissionalização de crianças jovens e adultos. 3.2-A EXPERIÊNCIA COMO EDUCADOR NA CASA FAMILIAR RURAL DE SÃO JOÃO DO SÓTER E REFLEXÃO SOBRE A SITUAÇÃO NO MARANHÃO A Casa Familiar Rural “Vivendo a esperança” iniciou sua atividade no dia 18 de janeiro de 2001, sendo que a aula inaugural aconteceu no dia 20 de marco de 2001, esta
  • 6. começou com 60 jovens dividido em duas turmas, e o ano de 2004, formaram-se 20 jovens destes 13 ingressaram na escola Agrotécnica de Codó-Maranhão e 3 no colégio agrícola de Teresina-Piauí. Tem com nove anos de funcionamento, localiza-se em área de assentamento do INCRA, Pedra-Mocambo na MA-0127, atendendo 92 alunos de trinta comunidades município de São João do Sóter, Caxias e Codó do estado do maranhão. Com relação ao funcionamento da escola os alunos freqüentam quinze dias nesta e quinze dias na comunidade, sendo acompanhada pelos educadores e técnico, a escola possui: horta comunitária, refeitório, geladeira, auditório e apenas um computador na escola, mas na mesma localidade tem uma escola onde tem vários computadores e estes terão acesso a pesquisas na internet. A mesma funciona com divisão de tarefas e preparação da alimentação que ainda é de forma rudimentar e ás vinte e duas hora todos os alunos irá dormir, o que se observou também foi que a carga horária inclui a visita na comunidade. A Proposta Curricular da CFR “Vivendo a Esperança tem uma ligação intrínseca com produção agrícola e escola na medida em que inclui em sua proposta temas geradores tais como: Família, movimentos culturais locais, cidadania, meio ambiente, solo, introdução a zootecnia, culturais anuais, arroz, feijão e mandioca, profissões, administração, planejamento rural, forma alternativas de produção na agricultura familiar, empreendedorismo, piscicultura, elaboração de projetos agropecuários. Isso significa dizer que os alunos estão o tempo inteiro vivenciando a teoria e a prática. Partindo da pesquisa, análise da Proposta Curricular da CFR “Vivendo a Esperança” e da vivencia, podemos destacar alguns entraves que dificultam o exercício efetivo da Pedagogia da Alternância: a infra-estrutura é péssima, transportes, alimentação, o calendário escolar não é adequado com a realidade, há professores que não são especializados na área que atuam. Havendo assim um abandono da agricultura familiar, por essa razão as periferias da cidade estão mais inchadas o Maranhão está deixando de ser rural e se tornando mais urbano. Infelizmente o Maranhão é um dos estados que menos investe na agricultura familiar em todo o País. Para o ano de 2010, o atual governo determinou um corte de 50% no orçamento do setor agrícola. O que prejudica ainda mais escolas Familiares Agrícolas e as Casas Familiares Rurais, para quem só foram destinados R$ 35 mil este ano. Como Monitora da Casa Familiar Rural de São João do Sóter, espero que as Políticas Públicas possam de fato favorecer a atuação de cada educador. Pois o projeto é muito rico e de fato contribui para a formação de nossos jovens, mas a formação deve ocorrer como já explicitando anteriormente em três momentos: na Casa Familiar, na propriedade e na casa familiar, mas para que isso ocorra os monitores precisam acompanhar os jovens em suas comunidades e infelizmente não há estrutura para isso. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vale ressaltar que de acordo com a análise feita da proposta curricular da Casa Familiar Rural Vivendo a Esperança”, houve uma conexão entre a pedagogia da alternância, na medida a em que os alunos têm períodos alternados na escola comunidade. Sendo que se estimula nos alunos na memorização passiva de dados e sim a investigação e compreensão dos problemas, a construção de seu próprio conhecimento através da participação ativa neste processo, havendo ainda o resgate da cultura local como forma de valorização e preservação da mesma.
  • 7. No currículo formal a educação escolar se constitui basicamente de um processo institucional de transmissão de conhecimento e de inclusão de valores socialmente aceitos. As disciplinas que compõem o currículo são campos de conhecimentos específicos delimitados e estanques, que devem ser esgotados por professores e alunos em prazos convencionados estabelecidos de um semestre ou um ano, e estes setores se classificam em disciplinas científicas, técnicas ou aplicadas, ás vezes as primeiras disciplinas antecedem as segunda e as atividades práticas se realizam em laboratório ou espaços educativos onde se reproduzem simultaneamente, os problemas da realidade. A investigação, aqui descrita, parte do pressuposto de que a aquisição do conhecimento cognitivo está diretamente ligada ao autoconhecimento e desenvolvimento emocional do educando passando pelo conhecimento de mundo e das relações interpessoais. Neste sentido, Partindo do exposto acima se pressupõem que a pedagogia da alternância tem uma relação intrínseca com a educação libertadora que parte da idéia de que o sujeito tem voz e vez para interferir nos rumos que ação conjunta vai assumindo.Portanto, o que propomos é algo que vem atender de fato as necessidades dos alunos campesinos, pois o estado e municípios têm obrigação além de pagar os professores devem equipar adequadamente às escolas, melhorar a formação dos professores, investirem em transportes, alimentação, materiais didáticos, pois a própria LDB 9.394/96 destacam em seu artigo 28: Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias quantas as suas peculiaridades da vida rural e de cada região.Para que haja uma proposta de qualidade é necessário favorecer uma aprendizagem significativa para os alunos, em que valorizar a história de vida dos mesmos de suas culturas, crenças, e valores fazendo um regaste destes. Ajudando assim a desenvolver o potencial das crianças rurais e habilidades que lhe ajude a viver melhor e produzir com eficiência no meio rural garantindo assim o respeito à identidade cultural do aluno, apropriação e produção de conhecimentos significativos para o educando, na perspectivas de compreensão crítica e transformação da realidade social. REFERÊNCIAS CARTA MAIOR, fórum Mundial sobre a reforma Agrária: Valência, 2000 p.50-51 Casa Familiar Rural “Vivendo a Esperança, P. A. Pedras Mocambo, Povoado Pedras, São do Sóter. DAVINI, M. C, ET alii (orgs) Currículo Integrado. Consultoria á OPAS, Brasília 1983. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica na Escola Campo (Resolução nº CNB/CEB nº 1 de 3 de abril de 2002 FLEURI, R. M. Educar para que? Contra o autoritarismo da relação pedagógica na escola 9º Ed. São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
  • 8. LAVAL, C. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Planta, 2004. NOSELLA, P. Uma nova educação para o meio rural: sistematização e problematização da experiência educacional das Escolas da Família Agrícola do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo. São Paulo: 1977 204 p. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1977. Plano Nacional de Educação e no Parecer CNE/CEB 36/2001 PESSOTTI, A L. Escola da Família Agrícola: uma Alternativa para o ensino rural, Rio de Janeiro l978, 194 p. Dissertação do Mestrado Fundação Getúlio Vargas- IESAE, 1978. REVISTA PEDAGÓGICA COTIDIANA RESSIGNIFICADO, v2, n 3, 2008 p-57, São Luis. http//www.uema.br/www.uemanet.uema.br