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FILOSOFIA
Pré-Federal - Aula 1 – 21.09.2013
O QUE É A FILOSOFIA?
 A ciência daquele que é „amigo do saber‟
 A ciência que tem a vida por objeto, a
verdade por método e a felicidade por
finalidade (Epicuro)
 Atividade do intelecto que tem por objeto a
vida
Sobre a experiência filosófica [de Sofia]
Não era estranho que estivesse no mundo e pudesse tomar
parte naquela aventura? O gato saltou elegantemente pelo
caminho de areia e desapareceu por entre os espessos
arbustos. Um gato vivo, desde a ponta dos bigodes brancos
até à cauda ondulante na extremidade do corpo. Também ele
estava no jardim, mas certamente não estava tão consciente
disso como Sofia. Depois de ter pensado um pouco acerca do
fato de existir, começou também a pensar que não estaria ali
sempre.
"Neste momento estou no mundo", pensou, "mas um dia terei
desaparecido".
Haveria uma vida após a morte? O gato também não tinha a
mínima consciência deste problema.
• tò thaumázein => o espanto que nos coloca na
posição de reflexão porque nos retira da relação
imediata e prática com a vida.
[capacidade de tornar-se consciente
da própria consciência]
• O próprio do humano => o instinto não esgota a
vida do homem mas, ao contrário, a vida transcende
e muito qualquer base instintiva. O homem excede
e esse “exceder” é símbolo da moralidade humana.
[gato ≠ sofia => colocação do problema moral]
Mas então, qual é afinal a ‘especificidade’ da
filosofia?
• A filosofia é “mãe” de todas as ciências => consolidação de uma
forma „racional‟ e „rigorosa‟ do pensamento.
• Coerência interna dos argumentos – conceitos abstratos,
noção de sistema
• Recusa de explicações mitológicas, sobrenaturais e a
interferência de agentes divinos
• O teor da preocupação dos primeiros filósofos é a natureza
cosmológica, a compreensão do sistema ao qual estão
submetidos todos os saberes e todas as formas de conhecimento
• O filósofo era, portanto, aquele que refletia sobre todos os
campos em que o questionamento humana poderia se
aventurar.
• Assim: Tales de Mileto e Pitágoras foram renomados
geômetras, Aristóteles escreveu sobre física, astronomia,
O nascimento da ciência ‘moderna’ e
seu desligamento da filosofia
• Durante a Idade Média a ciência baseava-se na razão e na fé, e sua
principal finalidade era compreender o significado das coisas a partir da
criação divina e dos seus desígnios. “Crer para compreender e compreender
para crer” (Agostinho)
• A razão como meio para se chegar à fé:
"conhecimento da verdade" é fato (por exemplo, a
matemática), resta saber o que torna possível tal
conhecimento. Ele não pode ter origem no próprio homem,
isto é, não pode ter origem apenas na capacidade humana
de raciocinar, pois este tipo de conhecimento é perecível e
mutável, enquanto a verdade é eterna. Agostinho vê aí
uma incompatibilidade. Logo, o conhecimento da verdade
só pode estar acima do homem e de todas as coisas; em
outras palavras, o conhecimento só pode vir de Deus.
fé = razão
Mas e aí, o que acontece?
Século XVI e XVII – A revolução científica
As observações telescópicas e os cálculos matemáticos
levaram Galileu (a partir de teorias astronômicas de
Ptolomeu e Copérnico) à descoberta fundamental de que a
Terra não pode estar no centro do universo e de que, ao
contrário do modelo cosmológico aristotélico defendido
pela Igreja Católica, a Terra é que gira em torno do Sol.
Essas constatações abalaram o grande dogma religioso da
Criação e da posição privilegiada da Terra. A primeira
consequência disso? A oposição que se estabeleceu entre
Fé e Razão. E o que mais?
“O silêncio desses espaços infinitos me apavora”
(Blaise Pascal)
Cosmos Aristotélico:
Os espaços ordenados
entre os Céus . Mundo
superior dos céus, perfeito
e finito, fechado e acabado,
do qual o mundo da Terra
era apenas a parte inferior
e corruptível, mas
enquanto tal ainda parte do
sistema, do Cosmos.
Universo Infinito de Galileu:
- Onde estamos?
- Para onde vamos?
- Quem somos?
Quando a visão de mundo sistemática e orgânica da antiguidade é
substituída pela visão matematizada de um universo que funciona por
causalidades, constrói-se uma nova concepção de ciência totalmente
apoiada na noção de „método‟, que compreende um método de
investigação baseado no rigor e na exatidão da matemática. Este método
seria a forma mais adequada de conhecimento da realidade pautada na
razão.
É então que surgem as ciências particulares – física, química, biologia,
psicologia, sociologia, etc. – correspondentes aos campos específicos de
pesquisa (natureza, compostos químicos, doenças mentais, organizações
sociais, etc) que, além de delimitar o objeto próprio de sua ciência, dedica-
se ao aperfeiçoamento dos métodos de investigação.
Mas, e o que sobra para a filosofia?
1. O que significa o
conhecimento? O que é a
verdade, quais os limites do
nosso conhecimento?
[Epistemologia]
2. Qual é a melhor forma de
viver? Qual a melhor vida
dentre todas as possibilidades
que me são dadas?
[Ética – Política]
3. O que é o belo e como
podemos compreender a arte?
[Estética]
ÉTICA
De onde vem a pergunta [filosófica] pela
melhor forma de vida?
Como surge o pensamento filosófico?
A mitologia grega
Quais são as características do pensamento
mitológico?
• Ainda que „fantasiosas‟ para a nossa consciência atual, os
mitos ofereciam explicações sobre a origem do mundo e
de todas as coisas que conhecemos, de forma a situar o
homem em seus deveres e obrigações políticos e sociais
• Forma de organização social
• Modelo de explicação: estabelecimento das relações de
parentesco. Nessa perspectiva, „explicar‟, „conhecer‟,
„compreender‟ significa buscar sua origem, o que por sua
vez significa dizer quem é o pai.
1. A autoridade que é conferida aos poetas pelos deuses: os
deuses revelam os segredos e mistérios da vida àquelas
pessoas que são por eles escolhidos. Esses, os poetas, são
escolhidos pelas musas para transmitir esses segredos aos
homens. As musas, filha da memória, transmitem o mistério
da origem na forma de poesia, canto e música, daí o fato de
escolherem os poetas para tal tarefa.
Homero
Estima-se que tenha vivido entre 930 – 890 a.C.
Calíope Bela voz Eloquência Tabuleta e buril
Clio
Kleio
A Proclamadora História
Pergaminho parcialmente
aberto
Erato Amável Poesia Lírica Pequena Lira
Euterpe A doadora de prazeres Música Flauta
Melpômene A poetisa Tragédia
Uma máscara trágica,
uma grinalda e uma clava
Polímnia
Polyhymnia
A de muitos hinos Música Cerimonial (sacra) Figura velada
Tália
Thaleia
A que faz brotar flores Comédia
Máscara cômica e coroa
de hera ou um bastão
Terpsícore A rodopiante Dança Lira e plectro
Urânia A celestial Astronomia e Astrologia
Globo celestial e
2. A palavra assim encaixada no discurso divino tem o
sentido de revelação divina, ela torna presente aquilo
que é narrado. Quando Homero conta as histórias de
Aquiles, é como se Aquiles estivesse, no momento
em que ele contava, realizando aquelas ações
narradas. Não há distinção entre palavra e realidade.
Esse é o aspecto mágico das narrativas míticas: “a re-
efetuação ritual das narrativas torna presentes os
deuses, torna real o mundo e dá sentido ao vivido.”
Isso inspira a fé no mundo mítico, e as narrativas só
podem ter o valor e a significação que elas têm se os
ouvintes acreditarem que elas contam a verdade
sobre o mundo. Nessa esfera, ser e dizer é uma única
e mesma coisa.
Aquiles de
Homero...
... e Aquiles de
Hollywood
Mas então, como a consciência mitológica se torna pensamento
filosófico?
1. Fim do período Homérico e da civilização micênica
2. ‘séculos obscuros’: os reinos desaparecem e, sem as instituições
(monárquicas) responsáveis pela organização do saber e da cultura,
desaparecem também a escrita, a superfície cultivada, a densidade
demográfica e até mesmo o contato com os povos do Oriente.
3. Período Arcaico: Estabelecimento das Cidades-Estados na Grécia e
de uma nova concepção de poder => Aristocracia Guerreira
Para os „aristoi‟ (ou „os melhores‟) não existe nenhuma instância
exterior que possa exercer sobre eles algum poder, assim só
existe sociedade humana digna desse nome se a soberania de
valor quase religioso se achar despersonalizada, situada no
centro, ou seja, se ela se tornar uma coisa comum, sobre a qual
os melhores podem deliberar.
Quais as novidades que esse novo ordenamento político
traz?
1. O estabelecimento do comércio entre as Cidades- Estado e
a criação da moeda
2. A escrita e a dessacralização da palavra: fim da tradição
oral
Consequências:
1. A palavra que deixa de ser propriedade do poeta por estar em
conexão direta com os deuses perde igualmente a autoridade
que esse contato com o divino assegurava àquilo que era
narrado.
2. As narrações escritas são fixadas de formas distintas pelos
distintos „autores‟ e a narrativa que antes era única e decorada,
passa a ser alterada a cada vez que ela é reescrita e, portanto
deve agora ser interpretada.
3. Desenvolvimento do pensamento abstrato
4. Crítica da consciência mitológica e surgimento da reflexão que se
pergunta pela origem não mítica das coisas.
Séculos V-IV : Período Clássico
• Leis escritas e reformas de Sólon e Clístenes: a instauração da
democracia Ateniense
J-P Vernant: “A política se torna, de fato, objeto de reflexão teórica. Qual
é a melhor constituição? Por que tal tipo de geografia engendra tal tipo
de governo? Por que a Grécia encarna o melhor regime?”
Terreno propício para os debates filosóficos
- Início das discussões políticas e da reflexão acerca das melhores
formas de governo.
- A figura controversa de Sócrates e o questionamentos sobre as
virtudes humanas (maiêutica)
- Sofistas e as técnicas de retórica, persuasão
- Platão e a cidade Ideal
A tragédia
O abandono da consciência mítica na arte
A consciência trágica representa o momento em que, por um lado, o
mito não foi totalmente superado como princípio dirigente dos costumes
e crenças e, por outro, a filosofia ainda não tomou as rédeas do
pensamento grego.
Édipo
Tensão entre a determinação divina do destino e
a manifestação da vontade humana
AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES ÉTICAS
Filosofia Antiga
1. O conceito de Cosmos
(kósmos) => ordem, organização, harmonia, beleza
Ideia de que todas as esferas que constituem o Cosmos (ou Universo)
são partes de um sistema organizado e harmônico, que confere a cada
peça seu devido lugar e sua devida função em relação ao todo
- As ações humanas devem ser compreendidas no interior desse
sistema fechado e perfeito do qual o ser humano participa.
- A noção grega virtude está, portanto, pautada no dever de realizar o
papel que lhe é designado no todo, como uma peça fundamental para
a constelação do todo.
- O mundo supralunar, ou seja, as esferas dos planetas e dos céus é o
local da perfeição: o que compõe o mundo supralunar não está sujeito
à corrupção, é perfeito e acabado e seu lugar no cosmos, bem como
sua função apropriada, estão garantidos de antemão.
- Os animais , mesmo fazendo parte do mundo sublunar
e, portanto, corruptível e imperfeito, seguem uma determinada natureza
instintiva que por sua vez também garantem de antemão sua função
dentro do sistema.
- Mas e o homem?
VS
Parte
Intelectiva
CABEÇA
Parte Irascível
CORAÇÃO
Parte desejante
BAIXO
VENTRE
As três partes da alma
É um elemento comum no pensamento dos
filósofos gregos a concepção de que a virtude
resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do
controle racional dos desejos e paixões. A parte
chamada „intelectiva‟ da alma deve controlar
aquelas que estão sob o domínio do corpo e são,
portanto, desejantes, incompletas, irracionais.
Assim é uma constante no pensamento grego
essa ideia de estruturas inferiores são submetidas
às superiores para que estas lhe garantam a
realização de sua função própria da melhor
maneira possível.
Platão
- Teoria das Ideias
- Alegoria da Caverna (O bem supremo como ideia)
- O papel do filósofo na cidade ideal
Aristóteles
O bem supremo não é uma ideia pura, e não podemos falar
sobre o „bem em si‟.
O bem supremo é aquilo que, uma vez possuído, confere
ao homem uma vida plena, uma vida feliz ou eudaimônica.
A felicidade ou eudaimonia consiste em uma atividade por
meio da qual o ser humano realiza da melhor maneira as
potencialidades que, enquanto ser humano, lhes são
próprias.
E o que é próprio do ser humano?
Sua capacidade intelectiva.
Portanto: a vida eudaimônica do ser humano está
diretamente ligada à melhor realização possível da sua
razão enquanto aquilo que o define como ser humano.
Escolas Helenísticas
a) HEDONISMO ou EPICURSIMO
b) ESTOICISMO (Zenão de Citio)
- Desprezo por todo tipo de prazer.
- Vida virtuosa consiste em aceitar o próprio destino e todo sofrimento
por ele imposto de forma impassível
c) CETICISMO
Corrente filosófica para o qual o conhecimento é uma impossibilidade, ou
melhor, que a sabedoria não consiste na apreensão e no conhecimento da
verdade, dado que isso é impossível, mas na busca, na investigação
incessante que faz com que esgotemos as possibilidades de
questionamento. Seu nome vem do grego sképsis, investigação, e o „fim‟ da
busca só pode se dar por uma „suspensão do juízo‟ (epoché) acerca da
verdade ou falsidade de algo
Pirro de Élis, o maior
representante do
ceticismo que, por sua
causa, ficou conhecido
como „ceticismo
pirrônico‟
d) CINISMO
O nome vem da palavra grega „kynos‟, cão, e seus adeptos foram assim
chamados por sua insistência em viver como „cães‟ pelas ruas de Atenas,
isto é, sem qualquer propriedade ou conforto. O princípio dessa „escola‟
era desprezar todos os bens materiais em busca do conhecimento de si
mesmo. Por trazer consigo „ecos‟ do „conhece-te a ti mesmo‟ de Sócrates,
Diógenes, o maior representante do cinismo, foi muitas vezes chamado
de o „Sócrates demente‟.
Filosofia Renascentista e Moderna
Maquiavel e o pragmatismo (séc. VX)
Ética do tipo „consequencialista‟,
ou seja, não se ocupa com a
virtude das ações mas com o efeito
que elas têm.
- História (ações de sucesso dos
homens políticos do passado)
- Fortuna (o elemento
incontrolável, a força do destino)
- Virtu (a habilidade do agente em
fazer predominar a sua vontade
sobre a Fortuna. Daí a máxima
de que é mais importante ser
temido que amado.)
O iluminismo de Kant
- Liberdade
- Autonomia da razão
- Intencionalismo (a virtude
da ação depende da
intenção com a qual ela
foi realizada)
- DEVERES: Imperativos
Hipotéticos
- Imperativo Categórico:
“Age de tal maneira que
sua ação possa se tornar
uma espécie de lei
universal.”
Éticas contemporâneas
Utilitarismo
Tem como principais representantes Jeremy
Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill
(1806-1873). Assim como na posição de
Maquiavel, o utilitarismo coloca o foco da ação
novamente no efeito que ela tem e não mais
nas intenções que a motivaram.
Diferentemente dessa espécie de
consequencialismo pragmático de Maquiavel,
no entanto, o valor moral de uma ação não
está no fato de que ela pode aumentar o meu
poder sobre o outro mas no número de
pessoas que são positivamente afetadas por
esse efeito. E portanto quanto mais pessoas
puderem ser beneficiadas, quanto maior o
número de pessoas que têm seus interesses
contemplados, então melhor pode ser
considerada a ação.
Contratualismo Moral
“Coloca a pergunta pela legitimidade de qualquer norma de caráter
moral. Nesse caso, a questão que se tem em mente é: que razão
temos para aceitar a moral como um sistema legítimo de
restrições mútuas? A pergunta pela legitimidade de uma norma moral,
neste contexto, diz respeito às razões que temos para aceitá-la.”
(Fonte: Araújo, Marcelo de. “O conceito de pessoa na teoria moral
contratualistas: uma crítica a David Gauthier” in Revista Síntese, Belo
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  • 2. O QUE É A FILOSOFIA?  A ciência daquele que é „amigo do saber‟  A ciência que tem a vida por objeto, a verdade por método e a felicidade por finalidade (Epicuro)  Atividade do intelecto que tem por objeto a vida
  • 3. Sobre a experiência filosófica [de Sofia] Não era estranho que estivesse no mundo e pudesse tomar parte naquela aventura? O gato saltou elegantemente pelo caminho de areia e desapareceu por entre os espessos arbustos. Um gato vivo, desde a ponta dos bigodes brancos até à cauda ondulante na extremidade do corpo. Também ele estava no jardim, mas certamente não estava tão consciente disso como Sofia. Depois de ter pensado um pouco acerca do fato de existir, começou também a pensar que não estaria ali sempre. "Neste momento estou no mundo", pensou, "mas um dia terei desaparecido". Haveria uma vida após a morte? O gato também não tinha a mínima consciência deste problema.
  • 4. • tò thaumázein => o espanto que nos coloca na posição de reflexão porque nos retira da relação imediata e prática com a vida. [capacidade de tornar-se consciente da própria consciência] • O próprio do humano => o instinto não esgota a vida do homem mas, ao contrário, a vida transcende e muito qualquer base instintiva. O homem excede e esse “exceder” é símbolo da moralidade humana. [gato ≠ sofia => colocação do problema moral]
  • 5. Mas então, qual é afinal a ‘especificidade’ da filosofia? • A filosofia é “mãe” de todas as ciências => consolidação de uma forma „racional‟ e „rigorosa‟ do pensamento. • Coerência interna dos argumentos – conceitos abstratos, noção de sistema • Recusa de explicações mitológicas, sobrenaturais e a interferência de agentes divinos • O teor da preocupação dos primeiros filósofos é a natureza cosmológica, a compreensão do sistema ao qual estão submetidos todos os saberes e todas as formas de conhecimento • O filósofo era, portanto, aquele que refletia sobre todos os campos em que o questionamento humana poderia se aventurar. • Assim: Tales de Mileto e Pitágoras foram renomados geômetras, Aristóteles escreveu sobre física, astronomia,
  • 6. O nascimento da ciência ‘moderna’ e seu desligamento da filosofia • Durante a Idade Média a ciência baseava-se na razão e na fé, e sua principal finalidade era compreender o significado das coisas a partir da criação divina e dos seus desígnios. “Crer para compreender e compreender para crer” (Agostinho)
  • 7. • A razão como meio para se chegar à fé: "conhecimento da verdade" é fato (por exemplo, a matemática), resta saber o que torna possível tal conhecimento. Ele não pode ter origem no próprio homem, isto é, não pode ter origem apenas na capacidade humana de raciocinar, pois este tipo de conhecimento é perecível e mutável, enquanto a verdade é eterna. Agostinho vê aí uma incompatibilidade. Logo, o conhecimento da verdade só pode estar acima do homem e de todas as coisas; em outras palavras, o conhecimento só pode vir de Deus. fé = razão
  • 8. Mas e aí, o que acontece? Século XVI e XVII – A revolução científica
  • 9. As observações telescópicas e os cálculos matemáticos levaram Galileu (a partir de teorias astronômicas de Ptolomeu e Copérnico) à descoberta fundamental de que a Terra não pode estar no centro do universo e de que, ao contrário do modelo cosmológico aristotélico defendido pela Igreja Católica, a Terra é que gira em torno do Sol. Essas constatações abalaram o grande dogma religioso da Criação e da posição privilegiada da Terra. A primeira consequência disso? A oposição que se estabeleceu entre Fé e Razão. E o que mais?
  • 10. “O silêncio desses espaços infinitos me apavora” (Blaise Pascal)
  • 11. Cosmos Aristotélico: Os espaços ordenados entre os Céus . Mundo superior dos céus, perfeito e finito, fechado e acabado, do qual o mundo da Terra era apenas a parte inferior e corruptível, mas enquanto tal ainda parte do sistema, do Cosmos. Universo Infinito de Galileu: - Onde estamos? - Para onde vamos? - Quem somos?
  • 12. Quando a visão de mundo sistemática e orgânica da antiguidade é substituída pela visão matematizada de um universo que funciona por causalidades, constrói-se uma nova concepção de ciência totalmente apoiada na noção de „método‟, que compreende um método de investigação baseado no rigor e na exatidão da matemática. Este método seria a forma mais adequada de conhecimento da realidade pautada na razão. É então que surgem as ciências particulares – física, química, biologia, psicologia, sociologia, etc. – correspondentes aos campos específicos de pesquisa (natureza, compostos químicos, doenças mentais, organizações sociais, etc) que, além de delimitar o objeto próprio de sua ciência, dedica- se ao aperfeiçoamento dos métodos de investigação.
  • 13. Mas, e o que sobra para a filosofia?
  • 14. 1. O que significa o conhecimento? O que é a verdade, quais os limites do nosso conhecimento? [Epistemologia] 2. Qual é a melhor forma de viver? Qual a melhor vida dentre todas as possibilidades que me são dadas? [Ética – Política] 3. O que é o belo e como podemos compreender a arte? [Estética]
  • 16. De onde vem a pergunta [filosófica] pela melhor forma de vida? Como surge o pensamento filosófico?
  • 18. Quais são as características do pensamento mitológico? • Ainda que „fantasiosas‟ para a nossa consciência atual, os mitos ofereciam explicações sobre a origem do mundo e de todas as coisas que conhecemos, de forma a situar o homem em seus deveres e obrigações políticos e sociais • Forma de organização social • Modelo de explicação: estabelecimento das relações de parentesco. Nessa perspectiva, „explicar‟, „conhecer‟, „compreender‟ significa buscar sua origem, o que por sua vez significa dizer quem é o pai.
  • 19.
  • 20. 1. A autoridade que é conferida aos poetas pelos deuses: os deuses revelam os segredos e mistérios da vida àquelas pessoas que são por eles escolhidos. Esses, os poetas, são escolhidos pelas musas para transmitir esses segredos aos homens. As musas, filha da memória, transmitem o mistério da origem na forma de poesia, canto e música, daí o fato de escolherem os poetas para tal tarefa. Homero Estima-se que tenha vivido entre 930 – 890 a.C.
  • 21. Calíope Bela voz Eloquência Tabuleta e buril Clio Kleio A Proclamadora História Pergaminho parcialmente aberto Erato Amável Poesia Lírica Pequena Lira Euterpe A doadora de prazeres Música Flauta Melpômene A poetisa Tragédia Uma máscara trágica, uma grinalda e uma clava Polímnia Polyhymnia A de muitos hinos Música Cerimonial (sacra) Figura velada Tália Thaleia A que faz brotar flores Comédia Máscara cômica e coroa de hera ou um bastão Terpsícore A rodopiante Dança Lira e plectro Urânia A celestial Astronomia e Astrologia Globo celestial e
  • 22. 2. A palavra assim encaixada no discurso divino tem o sentido de revelação divina, ela torna presente aquilo que é narrado. Quando Homero conta as histórias de Aquiles, é como se Aquiles estivesse, no momento em que ele contava, realizando aquelas ações narradas. Não há distinção entre palavra e realidade. Esse é o aspecto mágico das narrativas míticas: “a re- efetuação ritual das narrativas torna presentes os deuses, torna real o mundo e dá sentido ao vivido.” Isso inspira a fé no mundo mítico, e as narrativas só podem ter o valor e a significação que elas têm se os ouvintes acreditarem que elas contam a verdade sobre o mundo. Nessa esfera, ser e dizer é uma única e mesma coisa.
  • 23. Aquiles de Homero... ... e Aquiles de Hollywood
  • 24. Mas então, como a consciência mitológica se torna pensamento filosófico? 1. Fim do período Homérico e da civilização micênica 2. ‘séculos obscuros’: os reinos desaparecem e, sem as instituições (monárquicas) responsáveis pela organização do saber e da cultura, desaparecem também a escrita, a superfície cultivada, a densidade demográfica e até mesmo o contato com os povos do Oriente. 3. Período Arcaico: Estabelecimento das Cidades-Estados na Grécia e de uma nova concepção de poder => Aristocracia Guerreira Para os „aristoi‟ (ou „os melhores‟) não existe nenhuma instância exterior que possa exercer sobre eles algum poder, assim só existe sociedade humana digna desse nome se a soberania de valor quase religioso se achar despersonalizada, situada no centro, ou seja, se ela se tornar uma coisa comum, sobre a qual os melhores podem deliberar.
  • 25. Quais as novidades que esse novo ordenamento político traz? 1. O estabelecimento do comércio entre as Cidades- Estado e a criação da moeda
  • 26. 2. A escrita e a dessacralização da palavra: fim da tradição oral
  • 27. Consequências: 1. A palavra que deixa de ser propriedade do poeta por estar em conexão direta com os deuses perde igualmente a autoridade que esse contato com o divino assegurava àquilo que era narrado. 2. As narrações escritas são fixadas de formas distintas pelos distintos „autores‟ e a narrativa que antes era única e decorada, passa a ser alterada a cada vez que ela é reescrita e, portanto deve agora ser interpretada. 3. Desenvolvimento do pensamento abstrato 4. Crítica da consciência mitológica e surgimento da reflexão que se pergunta pela origem não mítica das coisas.
  • 28. Séculos V-IV : Período Clássico • Leis escritas e reformas de Sólon e Clístenes: a instauração da democracia Ateniense J-P Vernant: “A política se torna, de fato, objeto de reflexão teórica. Qual é a melhor constituição? Por que tal tipo de geografia engendra tal tipo de governo? Por que a Grécia encarna o melhor regime?”
  • 29. Terreno propício para os debates filosóficos - Início das discussões políticas e da reflexão acerca das melhores formas de governo. - A figura controversa de Sócrates e o questionamentos sobre as virtudes humanas (maiêutica) - Sofistas e as técnicas de retórica, persuasão - Platão e a cidade Ideal
  • 30. A tragédia O abandono da consciência mítica na arte
  • 31. A consciência trágica representa o momento em que, por um lado, o mito não foi totalmente superado como princípio dirigente dos costumes e crenças e, por outro, a filosofia ainda não tomou as rédeas do pensamento grego. Édipo Tensão entre a determinação divina do destino e a manifestação da vontade humana
  • 34. 1. O conceito de Cosmos (kósmos) => ordem, organização, harmonia, beleza Ideia de que todas as esferas que constituem o Cosmos (ou Universo) são partes de um sistema organizado e harmônico, que confere a cada peça seu devido lugar e sua devida função em relação ao todo
  • 35. - As ações humanas devem ser compreendidas no interior desse sistema fechado e perfeito do qual o ser humano participa. - A noção grega virtude está, portanto, pautada no dever de realizar o papel que lhe é designado no todo, como uma peça fundamental para a constelação do todo.
  • 36. - O mundo supralunar, ou seja, as esferas dos planetas e dos céus é o local da perfeição: o que compõe o mundo supralunar não está sujeito à corrupção, é perfeito e acabado e seu lugar no cosmos, bem como sua função apropriada, estão garantidos de antemão. - Os animais , mesmo fazendo parte do mundo sublunar e, portanto, corruptível e imperfeito, seguem uma determinada natureza instintiva que por sua vez também garantem de antemão sua função dentro do sistema. - Mas e o homem? VS
  • 38. É um elemento comum no pensamento dos filósofos gregos a concepção de que a virtude resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do controle racional dos desejos e paixões. A parte chamada „intelectiva‟ da alma deve controlar aquelas que estão sob o domínio do corpo e são, portanto, desejantes, incompletas, irracionais. Assim é uma constante no pensamento grego essa ideia de estruturas inferiores são submetidas às superiores para que estas lhe garantam a realização de sua função própria da melhor maneira possível.
  • 39. Platão - Teoria das Ideias - Alegoria da Caverna (O bem supremo como ideia) - O papel do filósofo na cidade ideal
  • 40. Aristóteles O bem supremo não é uma ideia pura, e não podemos falar sobre o „bem em si‟. O bem supremo é aquilo que, uma vez possuído, confere ao homem uma vida plena, uma vida feliz ou eudaimônica.
  • 41. A felicidade ou eudaimonia consiste em uma atividade por meio da qual o ser humano realiza da melhor maneira as potencialidades que, enquanto ser humano, lhes são próprias. E o que é próprio do ser humano? Sua capacidade intelectiva. Portanto: a vida eudaimônica do ser humano está diretamente ligada à melhor realização possível da sua razão enquanto aquilo que o define como ser humano.
  • 43. b) ESTOICISMO (Zenão de Citio) - Desprezo por todo tipo de prazer. - Vida virtuosa consiste em aceitar o próprio destino e todo sofrimento por ele imposto de forma impassível
  • 44. c) CETICISMO Corrente filosófica para o qual o conhecimento é uma impossibilidade, ou melhor, que a sabedoria não consiste na apreensão e no conhecimento da verdade, dado que isso é impossível, mas na busca, na investigação incessante que faz com que esgotemos as possibilidades de questionamento. Seu nome vem do grego sképsis, investigação, e o „fim‟ da busca só pode se dar por uma „suspensão do juízo‟ (epoché) acerca da verdade ou falsidade de algo Pirro de Élis, o maior representante do ceticismo que, por sua causa, ficou conhecido como „ceticismo pirrônico‟
  • 45. d) CINISMO O nome vem da palavra grega „kynos‟, cão, e seus adeptos foram assim chamados por sua insistência em viver como „cães‟ pelas ruas de Atenas, isto é, sem qualquer propriedade ou conforto. O princípio dessa „escola‟ era desprezar todos os bens materiais em busca do conhecimento de si mesmo. Por trazer consigo „ecos‟ do „conhece-te a ti mesmo‟ de Sócrates, Diógenes, o maior representante do cinismo, foi muitas vezes chamado de o „Sócrates demente‟.
  • 47. Maquiavel e o pragmatismo (séc. VX) Ética do tipo „consequencialista‟, ou seja, não se ocupa com a virtude das ações mas com o efeito que elas têm. - História (ações de sucesso dos homens políticos do passado) - Fortuna (o elemento incontrolável, a força do destino) - Virtu (a habilidade do agente em fazer predominar a sua vontade sobre a Fortuna. Daí a máxima de que é mais importante ser temido que amado.)
  • 48. O iluminismo de Kant - Liberdade - Autonomia da razão - Intencionalismo (a virtude da ação depende da intenção com a qual ela foi realizada) - DEVERES: Imperativos Hipotéticos - Imperativo Categórico: “Age de tal maneira que sua ação possa se tornar uma espécie de lei universal.”
  • 50. Utilitarismo Tem como principais representantes Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). Assim como na posição de Maquiavel, o utilitarismo coloca o foco da ação novamente no efeito que ela tem e não mais nas intenções que a motivaram. Diferentemente dessa espécie de consequencialismo pragmático de Maquiavel, no entanto, o valor moral de uma ação não está no fato de que ela pode aumentar o meu poder sobre o outro mas no número de pessoas que são positivamente afetadas por esse efeito. E portanto quanto mais pessoas puderem ser beneficiadas, quanto maior o número de pessoas que têm seus interesses contemplados, então melhor pode ser considerada a ação.
  • 51. Contratualismo Moral “Coloca a pergunta pela legitimidade de qualquer norma de caráter moral. Nesse caso, a questão que se tem em mente é: que razão temos para aceitar a moral como um sistema legítimo de restrições mútuas? A pergunta pela legitimidade de uma norma moral, neste contexto, diz respeito às razões que temos para aceitá-la.” (Fonte: Araújo, Marcelo de. “O conceito de pessoa na teoria moral contratualistas: uma crítica a David Gauthier” in Revista Síntese, Belo Horizonte: 2007) David Gauthier, um dos principais representantes da corrente conhecida como Contratualismo Moral