O documento discute os processos morfológicos de formação de palavras em português e Libras, comparando a morfologia simultânea e sequencial em ambas as línguas. Explica como os morfemas livres e presos são formados e como ocorrem processos como derivação, flexão, composição e incorporação na Libras. Conclui ressaltando a importância da análise morfológica para entender melhor a estrutura e significado das palavras.
2. OBJETIVOS DA AULA
Ao final desta atividade, você deverá ser capaz de:
- compreender como as palavras /sinais são formadas? – estrutura que
constituem... ;
- reconhecer as partes dessa estrutura que compõem as palavras em
português e dos sinais na Libras e que ao se combinarem essas partes tem-
se a palavra /sinal com significado;
- entender por que formamos palavras/sinais;
- conhecer os processos de formação dos vocábulos em português e de
sinais em Libras;
- reconhecer que a significação de um dado vocábulo pode ser
decomposta em significações mínimas;
– o radical, os afixos, processos derivacionais, flexionais; -
- aprender que há uma classificação hierárquica e um conjunto de regras
bem definidas para o processo de estruturação do vocábulo.
3. MORFOLOGIA......O QUE É ?
Estuda a estrutura interna das palavras / sinais e as regras
combinatórias existentes para a forma dessa palavras/sinais,
logo é importante compreender semelhanças e diferenças
quando se trata de línguas com características (UNIDADES
MÍNIMAS COM SIGNIFICADO - MORFEMA):
modalidade oral auditiva – línguas orais ( o+i=“oi”)
modalidade visuo-espacial – línguas de sinais (“oi”+ ENM)
4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA LEXICAL
Com a AFIRMAÇÃO de que é possível formar palavras
a partir de outras palavras, reconheceu-se a
complexidade dessas unidades, que podem ser
constituídas por um ou mais de um elemento. Assim,
existem palavras indivisíveis (boi) e palavras divisíveis
(cavalaria/caval-a-ria/guarda-chuva). As palavras
constituídas por mais de um elemento, além de
serem divisíveis, são também estruturadas em
camadas que podem atingir vários níveis (AFIXOS).
TANTO NA LIBRAS COMO NO PORTUGUÊS.
5. NO PORTUGUÊS.....e na Libras....
Considerando que os vocábulos constituem-se de:
- radical (semantema), que dá a significação básica,
- morfemas/processos derivacionais (prefixos e
sufixos), que formam novas palavras e sinais. Na Libras são
os morfemas sequenciais ;
- Morfemas compostos/composição - que é um processo
que gera novos sinais/palavras pela junção de 2
sinais/palavras (neoplasmos) formando um novo com novo
significado ;
- morfemas/processos flexionais (que também ocorrem
por sufixos ou prefixos – valor gramatical se difere – se
destaca o tempo ), que na Libras são os morfemas
simultâneos e no português, especificam gênero/número nos
nomes e número/pessoa e tempo/modo nos verbos –
podemos determinar a estrutura dos vocábulos em
português:
7. Morfologia Simultânea Morfologia Sequencial
Libras( morfema é
criado pela
combinação –
pode ser
produzida de
forma simultânea
ou sequencial
fonológica - dos
parâmetros da
Libras).
CM – Configuração de Mãos
M – Movimento
PA – Ponto de Articulação
OP – orientação da palma
ENM – Expressões ñ manuais.
Ex: PRECISAR, AMAR, BRINCAR
CM – Configuração de Mãos
M – Movimento
PA – Ponto de Articulação
OP – orientação da palma
ENM – Expressões ñ manuais.
Ex: ESTRUTURA, CATÓLICO, GUARDA – CHUVA.
Português (
morfemas são
criados pela
combinação dos
sons e letras - da
fonologia do
português
correspondentes -
que em sequência
– CVC- formam a
palavra
Não existe: impossível entender
uma palavra e até de produzi-la
simultaneamente, mas somente
em sequência.... C-V-C
exemplo a brincadeira da ‘Xuxa’
em que 3 ou 4 pessoas falavam ao
mesmo tempo cada sílaba junto e
a pessoa deveria adivinhar qual a
palavra dita que, em sequência
elas correspondiam.
CVC – consoante – vogal – consoante (sequência
esperada – mas, pode ocorrer exceções por questões
gramaticais ou de empréstimos linguísticos).
A forma da fala em si é sequencial senão não
entenderíamos a palavra em si
8. MORFOLOGIA SIMULTÂNEA/flexão ? MORFOLOGIA
SEQUENCIAL/derivação e
composição?
combinação de vários elementos
simultaneamente;
Simples afixal (linear), não relacionada a
palavra/sinal livre
Morfemas sobrepostos uns aos
outros;
Morfemas concatenados (uma raiz é
enriquecida com vários mov. e
contornos no espaço);
Construções morfológicas
simultâneas são produzidas;
Produção delimitada; mais motivada
São mais estáveis entre os
sinalizantes (devido - a
convencionalidade entre seus
usuários)
Construção sequencial com variáveis
entre os sinalizantes; mais específica
para cada língua de sinal
Há iconicidade e similaridades universais e
inclui sinais – verbos (concordância,
simles, espaciais...), números
Verbos concordancia (nº pessoal, gênero,
Variação individual considerável (menos
frequente); se volta mais para
compreender o processo de criação de
sinais
Semanticamente coerentes Semanticamente menos coerente;
Ex: cansar, ajudar, entregar, amar Ex: cachorrinho, igreja, papelaria,
menina
9. MORFEMAS LIVRES......o que é isso?
Leonard Bloomfield em 1993, tendo em vista o seu
funcionamento na frase, para esse autor, as unidades
formais de uma língua podem ser livres ou presas.
Consideram-se livres as unidades formais que
podem funcionar isoladamente com significado
como comunicação suficiente. São formas
autônomas que sozinhas podem constituir frase,
pois tem sentido completo.
Exemplos: Português – não/sim/Cuidado!
Libras – LADRÃO, SEXO
10. MORFEMAS PRESOS....o que são?
No português as formas presas só funcionam ligadas a outras. É o
caso dos afixos e das desinências, como a marca de plural em
praia-s, o prefixo des- em desfazer, a desinência número-pessoal
mos em falamos, etc
Outros exemplos: casa – Ø (indica singular – parte principal - CAS)
casa – s ( indica plural –s, e é uma derivação sufixal com valor
de classe gramatical)
Mas e na Libras ?? Temos exemplos de Faria-Nascimento (2013), de
morfemas livres e morfemas presos no quadro seguinte.....
12. PROCESSOS DE FLEXÃO NA LIBRAS: a flexão é percebida nos movimentos que são
feitos alternando-se, ou não, o ritmo, forma /direção do percurso ou intensificação
do sinal (aspectual – intuição distributiva em que a pessoa corresponde/combina
com o quantificador de pessoa) .
13. PROCESSOS DE FLEXÃO DE NÚMERO NA LIBRAS: há uma superposição da
estrutura morfológica locação – movimento – locação. Logo, um movimento uma
movimento é sequencial, visualmente, após a raiz. A sequencia é perceptível nos
movimentos que são realizados com forma /direção do percurso ou intensificação
do sinal podendo ter associado ou não p reforço de ENM – depende do
sinalizador).
14. PROCESSOS DE INCORPORAÇÃO NA LIBRAS: temos a incorporação de números na realização do sinal e a incorporação da negação
(a) por oposição do movimento; b) de forma simultânea com a raiz com acréscimo de uma ENM - lateralização alternada da
cabeça indicando negação e c) com uso do indicador durante ou após a realização do sinal – vai depender do sinal).
PROCESSOS DE INCORPORAÇÃO
número na libras nas unidade lexicais,
na raiz durante a produção do sinal e
estão associados ao tempo, como
HORA e MÊS.
PROCESSOS DE INCORPORAÇÃO da
negação com oposição do movimento
15. PROCESSOS DE INCORPORAÇÃO da negação com a marcação não manual -
uso de ENM como a lateralização alternada da cabeça para os lados (indicando
negação + lábios rebaixados o sobrancelhas enrugadas) na raiz do sinal.
16. PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO NA LIBRAS: pode ocorrer com perda de um dos
movimentos em um dos sinais quando associados ou se juntam durante a
composição....
17. PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO NA LIBRAS com perda de um dos
movimentos em um dos sinais quando associados ou se juntam
durante a composição....
18. ANÁLISE MÓRFICA NA LINGUÍSTICA
Análise mórfica é a depreensão das formas mínimas do
vocábulo mórfico. Por meio dela, procede-se à
descrição dos morfemas, de acordo com uma
significação e uma função elementar que lhes são
atribuídas dentro da significação e da função do
vocábulo na frase. Portanto, para proceder com
segurança à depreensão dos morfemas, é preciso
considerar a sua significação, (1): “Os morfemas são
unidades significativas. Só faz sentido considerar um
segmento de vocábulo como morfema se esse
segmento for significativo, se for responsável por parte
da significação total do vocábulo” (Zanotto, 2006, p.
24).
19. ANÁLISE MÓRFICA....exemplo
1) identificar a raiz (menor morfema com significado);
2) tem afixos? Qual o tipo? (sufixal ou prefixal)
Exemplo no português (na Libras como ?):
Os exemplos mostram que temos um
mesmo radical – livr- – e vários sufixos -
inh(o),-ã(o), -ari(a), -eir(o).
20.
21. CONCLUSÃO NO PORTUGUÊS...
Camara Jr. (1.970) traz a reflexão de se repensar nas
falhas que podem surgir na morfologia do português e
que tal falha não está no fato de as gramáticas serem
prescritivas, mas sim no de basearem-se em descrições
inadequadas e falsas. Cabe à linguística descritiva
descrever os padrões em uso nos quais a gramática
normativa possa basear-se, e como exemplo cita as
palavras em uso em nosso cotidiano considerando e
questionando sobre a escolha e competência lexical
adequada ao contexto ---- verbo ≠ substantivo ou
vice-versa.
22. No português temos os exemplos....
‘in-’ é um morfema usado em português para negar o
conteúdo da palavra que está ao lado. Mas o mesmo é para
‘im-’ e para ‘i-’ (se não aprendemos isso na escola não
saberemos seu real significado de uso ou quando
ouvirmos)....
A. feliz, viável, tratável, digno, calculável, grato...
infeliz, inviável, intratável, indigno, incalculável, ingrato...
B. legal, regular, ...
ilegal, irregular, ...
C. permeável, bebível
impermeável, imbebível
23. CONCLUSÃO NA LIBRAS......
Ronice e Faria – Nascimento trazem questionamentos
e argumentos que nos fazem refletir, tais como:
os morfemas (e, por conseguinte, as palavras) nem
sempre têm a mesma forma, de modo que nem sempre
é possível identificar o mesmo morfema nos seus
diversos contextos de uso (sinal de ‘encontrar’ – se
diferencia nos contextos de uso pelo sinalizante –
aspecto semântico influência no uso).
24. A morfologia, baseada na competência linguística lexical, questionaria a
relação das palavras de nosso texto acontecimento com acontecer, de ignorância
com ignorar, de assaltante com assaltar e de vigarista com vigário e perguntaria
quem são e que função tem esses elementos acrescentados no final dessas
palavras, tornando-as mais longas, de sentido e comportamento
diferentes. Outra questão seria verificar se esses elementos acrescidos, -ante (-
nte), por exemplo, são recorrentes no vocabulário da língua???: democratizar →
democratizante, absorver → absorvente, ouvir → ouvinte....isso no
português......e dá diferença no momento de escolhas lexicais no momento da
TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO ORAL.