Os poemas falam sobre temas como solidão, sofrimento, esperança e rotina da vida. Um poema descreve a chuva como algo que pode lavar as pegadas e distrair os olhos, enquanto outro fala sobre a madrugada trazer tristeza e dor renovadas. Um terceiro poema reflete que, embora amanhã seja outro dia, a vida tende a ser cíclica com os mesmos sentimentos e desafios.
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Poema vencedor menções_honrosas
1. Que a chuva venha
Que a chuva venha,
Caia e lave os meus passos
As pegadas de terra que deixo
Por detrás das minhas costas
Que lave e leve o rasto
Para que a minha alma não o siga
E não me encontre novamente
Porque sem alma o meu corpo vagueia
Sem saber, sem sentir
Livre, leve, solto
E eu caminho
Com passos decididos, destemidos
Inconsciente do sofrimento
Que lhe causará cada erro meu
Que a chuva venha,
Me lave o rosto
Que cada gota de água
Se confunda com as lágrimas
Que me caem pela cara
Que a tempestade
Se confunda com os meus soluços
Os torne inaudíveis
Irreconhecíveis…
Que a chuva venha,
E distraia os meus olhos
No seu contorno aquoso
E enquanto eu estiver aqui
Escondida e expectante
Me leve na frieza do seu conforto
Que a chuva venha e caia…
Prémio do Concurso Nacional ”Faça lá um poema” – 2015 – Ensino Secundário
Joana Serrano, 12º 1
2. MADRUGADA
Madrugada
O meu peito rasga-se
E a minha alma cega
Vislumbra o suicídio da noite,
Uma vez mais.
Não vem só.
Saboreio-lhe receosa no vento
Uma tristeza estranha
De um acordar monótono e rotineiro.
Duas lágrimas cristalinas
Ainda ousam percorrer
Desertos frios, vazios e fatais,
São somente fruto de uma natureza fraca e humana.
Corroem as minhas feridas abertas, antigas.
Cosem-nas mais um pouco.
Mas não sinto já essas agulhas impiedosas,
Já não as peço. Já não me libertam.
Não são já minhas.
Contemplo insipidamente
O meu reflexo gasto e desconhecido,
Uma vez mais.
Vejo por fim a amarga inocência de quem
Apenas só soube sacrificar o coração,
E a dolorosa consciência de quem
Só o viu tornar-se desperdícios inúteis
Em mãos grosseiras, gretadas e frias.
Deito-me novamente entre cobertores
Que parecem mais negros do que antes
Esperando por um melhor acordar.
Talvez chegue. Mais tarde.
Se assim a madrugada
O desejar.
Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso “Faça lá um poema”- 2015
Soraia Sofia Morgado, 12º 15ª
Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa
3. EMOÇÕES E CONCLUSÕES
Tudo aquilo que sou.
Tudo aquilo que és.
Tudo aquilo que somos,
Discutido sobre cafés.
A minha falta de fé.
A tua fé que nunca falta.
Uma das coisas que nos distingue.
Mas os opostos atraem-se.
Se os opostos se atraem.
Porque é que estamos tão longe?
Não devíamos estar um ao lado do outro?
De mentalidades juntas pela rua?
Mas tudo o que eu quero
E tudo o que eu posso,
Difere do que tu queres;
Difere do que tu podes.
Porque tudo o que eu quero é mais do que tu
E tudo o que eu posso é muito menos.
Porque eu estou limitada por mim própria
E tu podes voar sozinho.
Enquanto tu podes voar;
Podes andar;
Podes correr;
Eu tenho de ficar onde estou.
Porque cada passo que eu dou hoje,
Posso não dar amanhã.
Ou depois,
Ou depois.
Não me poder mexer
pode ser curado.
Mas o medo de me mover
passa-te ao lado.
Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015
Beatriz Cunha Portinha, 12º 03ª
Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa
4. Poesia é escrever
O que se quer dizer
É do sabor da alma
Saber tirar toda a sua calma
A poesia não é pensada
É sentida
É ouvida
É dizer tudo de forma calada
É rimar sem sentido
É inventar o próprio sentido
É viajar noutro mundo
É pensar tanto num segundo
É emoção que não se pode conter
É em tão pouco muito prometer
É ver aquilo que ninguém vê
Para fazer ver quem lê
É querer exprimir o que não tem expressão
É querer lavar toda a solidão
Pedra dura que magoa
Pedaço de algodão que voa
Faz crescer e crescer
E sentir inferior
É o falar do interior
É um modo de viver
Menção honrosa da fase de seleção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015
Bárbara Enes Pinheiro, 12º 02ª
Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa
5. O SANGUE DERRAMA LIVROS
O sangue derrama livros
E parte lombadas
E quebra folhas
Escritas em branco.
O sentimento
Canta gritante no
Silêncio da melodia
Que arrepia e corrompe
E faz pensar que talvez
Não esteja no sítio certo.
Memórias evocam
Danças e histórias
E poemas e rabiscos
Que se desenham no
Meu ser e pintam
A minha alma.
Sonhando sempre mais alto
Do que a realidade ausente permite
E desejando sempre algo diferente,
Sempre outra coisa,
Mais real e menos verdadeira.
Sonhando que tenho
Pés e coração e sonhos
Que não tenho,
Apesar de os ter sempre tido.
Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015
Madalena Ventura, 12º 15ª
Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa
6. Amanhã é outro dia
E amanhã é outro dia
Outro dia em que o sol nascerá
No horizonte
Belo, brilhante
Outro dia em que o mar baterá
Nas rochas
Revolto, vibrante
E as aves voarão
O vento irá soprar
As vinte e quatro horas passarão
Num ciclo que nunca se irá quebrar
Pouco de novo, muito de velho
Sempre o mesmo sofrimento
Sempre o mesmo motivo
As mesmas queixas, as mesmas deixas
As mesmas dores e amores
E a cada rosto rotineiro que beijas
Reconhece-lhes os mesmos sabores
E a vida torna-se uma roda
Que gira e roda
E que de tempo a tempo
Passa pelo mesmo ponto
Sem nenhum truque de magia
E amanhã será, igualmente, outro dia.
Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015
Joana Serrano, 12º 1
Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa