O documento discute o método de análise semiótica de percurso gerativo de sentido proposto por Greimas para compreender narrativas. Apresenta os três níveis de análise - fundamental, narrativo e discursivo - e exemplifica cada um com o conto "A Pequena Vendedora de Fósforos".
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A Pequena Vendedora de Fósforos
1. Percurso Gerativo de Sentido em
A Pequena Vendedora de FósforosAlice Yim Shan Chen
2. Resumo
O percurso de geração de sentido é um método de análise
greimasiano para compreensão de narrativas, visto que ele apresenta
conteúdo, expressão e forma. Ele é composto por três níveis: nível
fundamental, nível narrativo e nível discursivo. Far-se-á a exemplificação
dos níveis com o conto A pequena vendedora de fósforos, que apesar de
ter sido publicado em 1845, ainda é um texto de temática atual.
Alice Yim Shan Chen
3. Introdução
A semiótica é a ciência que tem por objetivo estudar a linguagem
em todos os seus aspectos internos e externos, a fim de compreender a
produção e significação de sentido em um texto, em suma explicar o que o
texto diz e como ele faz para tal.
Deve se ter em mente que o texto é uma unidade de sentido coesa,
com forma, conteúdo e expressão. Para analisa-lo, Greimas usa-se do
percurso gerativo de sentido que é uma sucessão de patamares para a
interpretação de um texto.
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4. Desenvolvimento
Algirdas Julien Greimas, foi o fundador da escola de semiótica
francesa durante a década de 60 e 80, sua linha de pensamento, que irá
ser abordada neste artigo, é uma teoria de significação que foca em
construir sentido no texto através da união de três linhas: fenomenologia,
linguística e antropologia, de Merleau-Ponty, Hjelmslev e Lévi-Strauss,
respectivamente. (CARVALHO, 2010)
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5. Nível Fundamental
O primeiro nível é chamado de superficial ou fundamental, é a
noção básica da construção do texto e enunciada através do quadrado
semiótico, ou seja, de uma oposição. Segundo Volli (2007, p. 73), “é
tarefa de quem procura realizar uma análise semiótica identificar uma
oposição que seja efetivamente ativa e pertinente no texto que está
examinando”. Tal oposição poderá ser confirmada ou não ao decorrer do
enredo.
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6. Nível narrativo
Em segundo patamar, está o nível narrativo, proposto da seguinte
maneira: A personagem principal tem um objetivo a ser alcançado e, no
meio do caminho é ajudado ou atrapalhado por alguém, que o pôs em seu
atual final, ou seja, é a simulação da história do sujeito em busca de seus
valores. Este nível é composto da: manipulação, fator que age sobre a
personagem para direciona-la ao objetivo, competência, são as habilidades
para obter um determinado fim, performance, que é o momento central da
narrativa e onde ocorre a transformação e consequentemente levando a
sanção, na qual é um reconhecimento atribuído no final. Todos estes,
compõem uma análise mais aprofundada do texto.
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7. Nível descritivo
Em terceiro, está o nível discursivo é o mais próximo da
manifestação textual, ou seja, aquilo que era abstrato na narrativa,
passa a ter uma interpretação.
Usemos para exemplificar o percurso de geração de sentido, o
conto A pequena Vendedora de Fósforos do poeta e escritor
dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado em dezembro de
1945.
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8. Análise nível fundamental
Em uma primeira leitura do texto, depreende-se a ideia de que há uma menina que
vende fósforos em pleno natal e tem por fim a morte no frio, fazendo com que reflitamos sobre
questões importantes como o abandono, indiferença e miséria.
Em um nível fundamental, percebe-se que há várias oposições, como: liberdade x
opressão e riqueza x pobreza, que acarretam na vida e morte, respectivamente. A euforia
(momento positivo) é dada pela pobreza e consequentemente a morte, uma vez que ela pôde
deixar as ruas e caminhar aos céus com sua avó, já a disforia (momento negativo) é presente
em sua fugaz vida, usando trapos, passando frio, fome e vendendo fósforos.
Riqueza x Pobreza
Liberdade Opressão
Vida Morte
Disforia Euforia
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9. Análise nível narrativo
No nível narrativo, faz-se uma análise mais detalhada do texto, a
manipulação é dada quando o padrasto da menina, a obriga a vender fósforos
em pleno natal a fim de arrecadar dinheiro para comer, em consequência
desse fato, há o fator frio, fazendo com que ela tenha de acender os fósforos
para se manter aquecida, o que acarreta na competência, em conseguinte, a
performance é explanada quando os fósforos acabam e lentamente ela morre,
chegando em fim a sua sanção, efetuada com sua chegada aos céus do lado de
sua avó.
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10. Análise nível discursivo
Em um nível discursivo, a menina, por exemplo, por não ter nome, é
uma característica de abrangência da população que é ignorada, enquanto uso
de Deus, é uma referência ao cristianismo e de como o autor crê na salvação
divina. Fica claro que o ato de generosidade, brilho e alegria do natal não
acolhe a todos, pois muitos estão nas ruas sendo esquecidos e marginalizados
pela sociedade.
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11. Considerações finais
Diante do exposto, conclui-se que toda narrativa é feita de um
encadeamento de fatos lineares ou não que se unem para dar sentido a algo
concreto. Muito além disso, é preciso discutir as questões sociais do país,
pois tanto em 1945 ou em 2017 no Brasil, a situação de miséria e
precariedade ainda assola a população.
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12. Referências
CARVALHO, Juliana. Semiótica e literatura: uma abordagem greimasiana na análise de textos
literários. 2010. Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0109.html>. Acesso
em: 24 out. 2016.
CARVALHO, Fabília Aparecida Rocha de. Considerações básicas sobre o percurso gerativo de
sentido. 2012. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3470462>. Acesso em: 24 out.
2016.
SILVA, Aldimeres Ferraz da; SANTOS, James Rios de Oliveira; DUARTE, Patrícia Cristina de Oliveira. Uma
proposta de análise dialógica do conto a pequena vendedora de fósforos, de Hans Christian Andersen.
In: X SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SÓLETRAS - Estudos Linguísticos e Literários. 2013. Anais...
UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Letras, Comunicação e Artes. Jacarezinho,
2013. ISSN – 18089216. p. 530 – 542.
Lima, Eliane Soares de. O texto e seus entornos: a geração do sentido e os níveis de pertinência na
proposta de Jacques Fontanille. Estudos Semióticos. [on-line] Disponível em: h
http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es i. Editores Responsáveis: Francisco E. S. Merçon e Mariana Luz P. de
Barros. Volume A, Número B, São Paulo, junho de 2010, p. 10–17. Acesso em 24 out. 2016
VOLLI, Ugo. Manual de semiótica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 347 p.
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