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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
ALESSANDRA SOUSA FERREIRA
NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA
FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE
PALMAS, TOCANTINS
2014
2
ALESSANDRA SOUSA FERREIRA
NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA
FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo
da Universidade Federal do Tocantins, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel.
Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha
Orientadora
PALMAS, TOCANTINS
2014
3
ALESSANDRA SOUSA FERREIRA
NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA
FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo
da Universidade Federal do Tocantins, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha - UFT
Orientadora
___________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Gilson Rebouças Porto Junior - UFT
Examinador
___________________________________________________
Prof. Drª. Cynthia Mara Miranda - UFT
Examinadora
Palmas, 17 de março de 2014
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai e minha mãe pela força, dedicação, conselhos, pelos exemplos e por serem a
minha fortaleza em todos os momentos da minha vida.
Ao meu irmão pelas críticas, pelo silêncio, dedicação e companheirismo.
À minha avó que sempre me ensinou a ser forte e enfrentar com garra as adversidades.
Aos meus amigos por compreenderem os momentos e ajudar em todas as horas.
À Liana Vidigal Rocha pelos puxões de orelha, orientações, conversas e por acreditar em
mim.
Ao Helton Wesley Gonzaga pela compreensão e companheirismo.
A todos que de alguma maneira fizeram parte dessa conquista.
5
“Não adianta escrever um capítulo novo, se você não finalizar o anterior”
Mark Hr.
6
FERREIRA, Alessandra Sousa. Narrativa Multimídia: um estudo da reportagem especial da
Folha de S. Paulo sobre a Usina de Belo Monte. 2014. 71f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Comunicação Social – Jornalismo) – Universidade Federal do Tocantins,
Palmas, 2014.
RESUMO
A narrativa multimídia tem se tornado um modo de transmissão da informação diferenciado
do tradicional. Essa nova maneira de noticiar o fato vem ganhando cada vez mais tecnologia
que tem permitido fazer inovações na área. Para tanto faz a análise de conteúdo e uma revisão
bibliográfica sobre o jornalismo online, mostrando suas características, formatos e elementos,
além de conceitos referentes às narrativas na web como objeto de estudo desta pesquisa. A
partir de um metodologia pré-estabelecida, analisa a narrativa multimídia da reportagem da
Folha de S. Paulo “A Batalha de Belo Monte”, para descobrir as inovações na área e novos
formatos de notícias na web que se diferenciam no padrão, a fim de perceber as modificações
e maneiras diferenciadas de se fazer jornalismo na internet. Mostra também dados sobre a
história do jornal Folha de S. Paulo e sobre a Usina de Belo Monte. Tendo como base uma
revisão bibliográfica e a análise de conteúdo, chega-se a conclusão de que a reportagem é um
exemplar da moderna maneira de se produzir uma narrativa multimídia para a internet.
7
FERREIRA, Alessandra Sousa. Multimedia storytelling: a study of the special report of
the Folha de S. Paulo on the Belo Monte plant. 2014. 71 f. Sênior Research Project
(Graduation in Social Communication – Jornalism) – Universidade Federal do Tocantins,
Palmas, 2014.
ABSTRACT
The media narrative has become a mode of transmission of different traditional information.
This new way of reporting the fact is gaining more technology that has allowed to make
innovations in the area. For whatever content analysis and a literature review on online
journalism, showing its features, shapes and elements, as well as concepts related to the
narratives on the web as an object of study of this research. From a pre -established
methodology, analyzes the media narrative of the Folha de S. Paulo "The Battle of Belo
Monte", to discover innovations in the area and new formats for news on the web that differ in
the pattern in order noticing changes and different ways of doing journalism on the Internet. It
also shows information about the history of the newspaper Folha de S. Paulo and the Belo
Monte plant. Based on a literature review and content analysis, we arrive at the conclusion
that the story is an exemplar of the modern way of producing a multimedia narrative to the
internet.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01: Imagem mostra a primeira parte do Capítulo um da reportagem da Folha.............. 1
Figura 02: Texto e infográfico do Capítulo que fala sobre a obra da usina .............................. 2
Figura 03: Imagem que mostra os alojamentos construídos nos canteiros da obra................... 3
Figura 04: Vídeo que mostra como funciona a bobina da usina ............................................... 4
Figura 05: Figura mostra a capa do aplicativo Folhacoptero ....................................................5
Figura 06: Aplicativo oferece a possibilidade do leitor guiar ou ser um mero expectador....... 6
Figura 07: Capa que mostra o aplicativo em funcionamento sendo guiado.............................. 1
Figura 08: Print da imagem inicial da reportagem que mostra o menu da história................... 2
Figura 09: Um dos links do menu abre a seguinte janela para o Twitter .................................. 3
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 10
1.JORNALISMO E INTERNET---------------------------------------------------------------------------------------------- 13
1.1 Jornalismo e sua concepção ------------------------------------------------------------------------------------- 13
1.2 Jornalismo na Internet -------------------------------------------------------------------------------------------- 15
1.2.1. Primeira fase-------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
1.2.2. Segunda fase-------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
1.2.3. Terceira fase -------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
1.2.4. Quarta fase---------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
1.3 Características do webjornalismo------------------------------------------------------------------------------ 20
1.3.1. Interatividade------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
1.3.2. Hipertextualidade-------------------------------------------------------------------------------------------- 22
1.3.3. Personalização------------------------------------------------------------------------------------------------ 22
1.3.4. Memória ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23
1.3.5. Instantaneidade/Atualização Contínua ---------------------------------------------------------------- 24
1.3.6. Imersão--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
1.3.7. Conteúdo Dinâmico ----------------------------------------------------------------------------------------- 25
1.3.8. Usabilidade---------------------------------------------------------------------------------------------------- 25
1.3.9. Multimidialidade/ Convergência------------------------------------------------------------------------- 26
1.4 Convergência-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26
2. NARRATIVAS JORNALÍSTICAS NA WEB ----------------------------------------------------------------------------- 29
2.1 – Conceitos e categorização---------------------------------------------------------------------------------- 29
2.2 – Narrativa Multimidiática------------------------------------------------------------------------------------ 38
2.3 – Elementos da narrativa multimídia ---------------------------------------------------------------------- 39
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ------------------------------------------------------------------------------ 45
4. A BATALHA DE BELO MONTE – ANÁLISE DA NARRATIVA MULTIMÍDIA DA FOLHA --------------------- 49
4.1 – Folha de S. Paulo---------------------------------------------------------------------------------------------- 49
4.2 – Usina de Belo Monte----------------------------------------------------------------------------------------- 51
4.3 – A multimidialidade da “Batalha de Belo Monte” ----------------------------------------------------- 52
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------------------------------------------- 61
6. REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64
10
INTRODUÇÃO
O jornalismo tem passado por várias mudanças desde seu surgimento. Com criação da
internet a maneira de se comunicar se tornou mais instantânea e as pessoas têm exigido
inovação no modo de publicação e divulgação de uma notícia. Dessa maneira, a tecnologia da
informação vem sofrendo diversas mudanças nos últimos anos. A rede mundial de
computadores tem disponibilizado cada vez mais ferramentas que facilitam a elaboração,
confecção e disposição da notícia, assim como tem evoluído e se modificado esse modo de
fazer notícia.
O Jornalismo Digital, que hoje se encontra em sua quinta fase, já foi um mero
reprodutor de publicações online, passou por uma fase de transição e hoje vive um momento
de pensamento e projeção da notícia online. A internet ainda é usada para a reprodução e
divulgação do conteúdo que é publicado no jornal impresso e veiculado em rádios e emissoras
de televisão, mas hoje o jornalismo de internet passou a ter um destaque maior com
coberturas exclusivas para o meio.
Assim, as redações saem em busca de profissionais multimídia que pensam a
informação de maneira convergente e esquematizam uma notícia na internet, utilizando as
ferramentas que a tecnologia da informação apresenta para melhorar a veiculação da notícia
em um ambiente online. Com o passar dos anos, a imprensa percebeu a necessidade de
agregar e convergir todas as mídias em um único espaço, como forma de atrair um leitor
multimidializado que busca algo a mais.
Dessa maneira é possível perceber uma migração de leitores de outras mídias para o
online. Geralmente esse leitor busca a interatividade e esse algo a mais que o prenda naquela
leitura e lhe mostre as possibilidades que a notícia oferece. Visualizando essa necessidade de
inovação no modo de se construir uma notícia, é que nasce o segmento de especiais
multimídia que utilizam a convergência dos meios a fim de expressar, por meio online e da
melhor maneira, todas as faces de uma informação apurada pela equipe que busca qualificar e
projetar uma notícia na rede mundial de computadores.
A união dessas mídias, formando uma convergência, pode proporcionar a esse leitor
uma maneira diferenciada de se “ler” uma notícia na internet, gerando interação do conteúdo
com o internauta e proporcionando a esse leitor uma experiência única de conhecimento. Esse
11
tipo de experiência pode gerar a fidelização desse internauta com a página que publicou a
matéria.
O conceito multimídia, surgiu nos anos 1970, mas só passou a ser amplamente usado
após a internet, vindo a contribuir em especial para o jornalismo no meio digital. Esse
conceito vai além de colocar mídias diferentes dentro de um texto na internet. Para um notícia
ser multimídia ela deve ter todas essas mídias interligadas, formando uma conexão lógica de
pensamentos que se completam. Não é apenas colocar um vídeo qualquer de algo que já foi
escrito no texto ou imagem que não ilustra o que está sendo descrito no texto.
Por isso é necessário uma investigação dos elementos que compõem uma narrativa
para que possa ser analisado se uma reportagem é ou não multimídia. Mesmo que ela tenha
utilizado diversas mídias em sua construção, essa reportagem apenas será multimídia se os
elementos se completarem. Por isso, o problema de pesquisa é: a reportagem da Folha de S.
Paulo sobre a Usina de Belo Monte, publicada em dezembro de 2013, contém elementos
multimídia em sua estrutura que resultam em uma narrativa convergente?
Paul escreveu o artigo Elementos das narrativas digitais no qual elenca cinco
características principais que um narrativa multimídia deve ter, para que seja chamada de
narrativa multimidiática. A partir desse problema de pesquisa, temos como objetivo geral
saber se a reportagem contém os elementos descritos por Paul (2007) e quais estão em
evidência na reportagem tornando-a uma narrativa multimídia.
Para alcançar esse objetivo geral foram propostos dois objetivos específicos:
apresentar informações sobre Jornalismo e Internet, destacando suas fases e as principais
características do segmento; expor o conceito e as peculiaridades de narrativa multimídia,
hipermídia e transmídia.
Este trabalho visa responder a essas e outras indagações pertinentes ao tema alicerçado
em uma boa fundamentação teórica sobre o assunto. Para tanto, o trabalho foi dividido em
quatro capítulos principais que estão entre a fundamentação teórica, procedimentos
metodológicos e análise.
No primeiro capítulo, é apresentado o conceito de jornalismo e internet, contando as
fases de evolução do jornalismo digital, apresentando detalhadamente suas principais
características e apresentando o conceito de convergência multimidiática. Já o segundo
12
capítulo discorre sobre as narrativas na internet, destacando três modelos: hipermidiáticas,
multimidiáticas e transmidiáticas. Essas três formas de narrativa são tendência no mundo
digital, podendo ser utilizadas em conjunto em uma única narrativa integrada.
O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados no trabalho,
informando autores pesquisados e maneira de apresentação e confecção do conteúdo. No
quarto capítulo, é aprofundada uma análise sobre o objeto de estudo que permeia este
trabalho.
Mesmo o tema já tendo sido discutido em estudos jornalísticos por pesquisadores
consagrados como Salaverría, Barbosa, Ferrari, Canavilhas e Palácios, existem cada vez mais
possibilidades de estudos na área com análises positivas de novas aplicações da
multimidialidade no jornalismo digital.
Acompanhar toda essa inovação tecnológica no campo do jornalismo digital é
fundamental para qualquer um que trabalhe nessa e em outras mídias de informação, já que a
cada vez mais surgem novidades no modo de propagação da notícia e na exigência da pessoa
que vai consumir essa informação. Entender a notícia multimídia abre grande e novas
possibilidades de aprimorar o gênero e inovar em novas grandes reportagens para a internet.
13
1. JORNALISMO E INTERNET
Com o intuito de contextualizar o objeto de estudo desta pesquisa, este capítulo visa
conceituar o jornalismo na internet, suas caraterísticas e ramificações a fim de entender a nova
fase em que o jornalismo digital se encontra. Conhecendo a origem dessa mídia é possível
entender suas mudanças e evoluções ao longo do tempo.
Além disso, é necessário entender o funcionamento do jornalismo digital e suas
principais características, que são pontos chaves para o entendimento do objeto de pesquisa
deste trabalho. Ao conhecer as características é possível fazer um link entre a evolução do
jornalismo e a evolução do fazer jornalismo em meio online.
Vale ressaltar que a teoria e definições apresentadas neste capítulo são fruto de uma
pesquisa bibliográfica que teve como objetivo principal fornecer base para uma análise
aprofundada do objeto de estudo desta monografia.
1.1 Jornalismo e sua concepção
Desde seu nascimento no século XVII, com o aprimoramento da impressão, o
jornalismo se adapta a novas tecnologias que surgem e são iniciadas e aperfeiçoadas para
transmitir informação. Segundo Murad (1999, p.4), o conceito de jornalismo encontra-se
relacionado ao suporte técnico e ao meio que permite a difusão das notícias. A autora ainda
coloca que, a partir desse conceito, derivam conceitos como jornalismo impresso,
telejornalismo e radiojornalismo.
A necessidade de informação fez com que as pessoas buscassem novas formas e meios
de comunicação. Primeiro a fala, depois a escrita e, depois disso, a comunicação ganhou o
mundo e passou a evoluir em uma velocidade surpreendente. Iniciando em Gutemberg, que
aperfeiçoou a imprensa (máquina semiautomática que imprimia os jornais da época) até os
dias de hoje em que a cada momento, nasce uma maneira diferente de se fazer e difundir a
comunicação, seja profissionalmente ou não.
Sousa (2008, p.69), afirma que a invenção de Gutemberg foi uma resposta engenhosa às
necessidades de assegurar às pessoas uma maneira de transmitir mensagens para um elevado
número de indivíduos e a baixo custo. Após a imprensa escrita veio a imprensa eletrônica
(rádio e TV) e hoje temos a imprensa multimídia, que nasce a partir da evolução na Internet.
14
A Internet é um conjunto de recursos tecnológicos que coloca à disposição
de qualquer cidadão que possui computador, um modem e uma linha
telefônica uma enorme quantidade de informação e possibilidades de acesso
a serviços diversificados. A chegada desses equipamentos foi um marco
importante para o desenvolvimento e incremento da informação – por meio
da divulgação instantânea de imagens e sons – e também para a troca de
informações entre computadores e acesso aos bancos de dados
(MOHERDAUI, 2007, p.21).
Em busca de um meio de comunicação que resistisse à guerra, os Estados Unidos
desenvolveu uma nova tecnologia de transferência e recebimento de informações. Segundo
Murad (1999, p.3), os americanos buscavam criar um dispositivo de comunicação que
resistisse a um possível ataque nuclear soviético. Essa nova tecnologia não era centralizada
em um local apenas, por isso um computador poderia ser destruído, mas a informação
continuaria a fluir normalmente.
A partir daí, em 1969, foi criada a Arpanet. De acordo com Pinho (2003, p.24), a rede
antecessora da Internet foi formada inicialmente pela conexão dos computadores de quatro
hosts 1
. “Logo passou a abrigar universidades e centros de pesquisa americanos que
desenvolviam estudos de informática para fins militares. Depois se juntaram a eles indústrias
bélicas” (MURAD, 1999, p.3).
Com a criação do Transmission Control Protocol (TCP) e do Internet Protocol (IP) foi
possível fazer conexões com diferentes redes de computadores. “Ao TPC cabia dividir
mensagens em pacotes de um lado e recompô-los de outro. Ao IP cabia descobrir o caminho
adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes” (PINHO, 2003, p.27).
Conforme Murad (1999, p.3), o TCP-IP tornou possível a comunicação de redes diferentes,
impulsionando a participação de governos, universidades e militares e estimulando as trocas
de experiências acadêmicas.
“O cenário do final dos anos 80 era este: muitos computadores conectados, mas
principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa”
(FERRARI, 2009, p. 16). Mas o boom da internet aconteceu, de fato, em 1990, quando o
especialista em computação Tim Bernes-Lee criou a World Wide Web (WWW). “O
desenvolvimento da World Wide Web permitiu que usuários trocassem e compartilhassem um
grande volume de informações – textos e imagens – disponíveis em milhares de sites”
1
Hosts é um servidor numa rede de computador que hospeda os arquivos ou recursos (modem, impressora, etc.)
que serão acessados pelos demais micros da rede. Na internet todos os computadores são chamados de hosts,
independente de disponibilizarem algo. (MORIMOTO, s/d., p. 204)
15
(MOHERDAUI, 2007, p.22). Com esse avanço, caiu a proibição de uso comercial da internet
e o serviço passou a ser distribuído em escala mundial.
Hoje, a Internet constitui-se associação mundial de redes interligadas que
une milhares de pessoas através de computadores capazes de gerenciar e
estocar texto, imagem e som na forma digital, utilizando-se para isso de
suportes diversos como fibra ótica, linhas de telefone, satélite e rádio
(MURAD, 1999, p.4).
A internet passou a oferecer recursos que aprimoraram e modificaram a maneira de
fazer jornalismo e divulgar notícias e informações a outras pessoas. Novas ferramentas,
linguagens e estruturas apareceram para tornar atrativo e agradável a leitura da notícia na tela
de um computador, tablet ou smartphone.
1.2 Jornalismo na Internet
A nova tecnologia se consolida no cotidiano e se torna mais que um meio de
comunicação. Ela se transforma em um meio de informação instantânea entre cidades, países
e através do mundo. A internet trouxe a capacidade de divulgar uma informação em
milésimos de segundo e o jornalismo não poderia ficar fora dessa ferramenta que evoluiria o
modo de transmitir a informação.
Dizard (2000, p.25) ressalta que “o poder da internet está baseado na sua habilidade de
superar as barreiras que limitavam o acesso de uma enorme massa de informações para
consumidores comuns”. Ele ainda coloca que “para a indústria da mídia, a internet abre uma
perspectiva de distribuição de uma ampla gama de serviços avançados de informação e
entretenimento para maiores audiências”.
Com o avanço da internet, a comunicação encontrou um meio de divulgação
instantânea, mas o uso da instantaneidade da internet ainda teve que passar por fases para ser
consolidado. “Os jornais foram os primeiros veículos de comunicação a integrar o
ciberespaço, favorecidos pelo avanço das ferramentas tecnológicas e comandados pela
decisão estratégica de não perder receitas publicitárias” (MURAD, 1990, p.5). Dizard (2000,
p.284) conceitua ciberespaço como “um ambiente artificial gerado pelo computador projetado
para minimizar a liberdade de movimento e a imaginação do usuário”.
Quando falamos de ciberjornalismo, webjornalismo, jornalismo on-line, jornalismo
digital ou jornalismo eletrônico falamos de um jornalismo que nasceu por causa da
Internet e para a Internet, em particular para a sua funcionalidade designada World
Wide Web (SOUSA, 2008, p. 239).
16
Pena (2010, p.176) define o jornalismo na internet como “a disponibilização de
informações jornalísticas em ambiente virtual, o ciberespaço, organizadas de forma
hipertextual com potencial multimidiático e interativo”. O jornalismo começou a se inserir na
rede mundial de computadores aos poucos, foi aprimorando-se e hoje está presente na maior
parte das leituras de notícias no mundo.
Para se consolidar como um meio de propagação de notícias, o webjornalismo passou
por cinco fases distintas (transpositiva, perceptiva, hipermidiática, dados e participativa) e
está, atualmente, na quinta fase. Nessa fase, o jornalismo que passa a explorar ainda mais o
jornalismo participativo e abarca a mobilidade, a convergência e o hiperlocalismo.
1.2.1. Primeira fase
No início, os produtos jornalísticos oferecidos na web eram uma mera reprodução do
conteúdo veiculado na mídia impressa. Os jornais faziam a cópia do impresso para o online,
tal qual estava escrita. “É muito interessante observar as primeiras experiências realizadas: o
que era chamado então de “jornal online”, na web, não passava da transposição de uma ou
duas das principais matérias de algumas editorias” (MIELNICZUK, 2003, p.32). Essa fase é
chamada transpositiva.
Segundo Rocha (2011, p.171), “as redações jornalísticas não dispunham de recursos
dedicados exclusivamente à edição digital do material e a diagramação das páginas digitais se
assemelhavam as dos jornais de papel”. Nessa fase, é perceptível a falta de identidade própria
dos jornais online. Os projetos gráfico e editorial se assemelhavam aos veículos impressos e
os recursos da internet eram pouco utilizados. Para Barbosa (2002, p. 3), “a metáfora do jornal
impresso passa a ser adotada no jornalismo online, seja na linguagem, na divisão por
editorias, na forma de apresentação das telas principais dos sites [...] e na própria utilização da
palavra “jornal”.
A rotina de produção de notícias é totalmente atrelada ao modelo
estabelecido nos jornais impressos. No que diz respeito ao formato de
apresentação das narrativas jornalísticas, não há nenhuma evidência de
preocupação com relação a uma possível forma inovadora de apresentação
das narrativas jornalísticas. A disponibilização de informações jornalísticas
na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo,
enquanto um meio que apresenta características específicas (MIELNICKUZ,
2003, p.33).
17
Na primeira fase, o conteúdo era o único que importava sendo que os sites apenas
reproduziam e não tinham conteúdo exclusivo para a internet. “A primeira geração de sites da
Web privilegiava apenas o conteúdo e não a forma, era estritamente linear e tinha um mínimo
de funcionalidade”, conformo explica Pinho (2003, p.166). Segundo o autor, “os gráficos e
textos eram apresentados sempre de cima para baixo e da esquerda para a direita”.
1.2.2. Segunda fase
Mas a Internet era um campo vasto que apresentava diversas possibilidades de
divulgação e propagação da notícia. Com o aperfeiçoamento da ferramenta e a facilitação no
manuseio, os veículos de comunicação passam a desenvolver novos produtos para a interface
online. No entanto, nessa segunda fase do jornalismo online, chamada de metáfora, a
transposição de conteúdo ainda é característica marcante.
Moherdaui (2007, p.124) explica que, nessa fase, jornalistas começam a criam produtos
voltados para a internet se utilizando de hiperlinks, interatividade, ferramentas de busca,
conteúdo multimídia e customização de conteúdo. A pesquisadora coloca que “há uma maior
agregação de recursos possibilitados pelas tecnologias da rede em relação ao jornalismo
digital”.
“A tendência ainda é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal
impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e
rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso” (MIELNICZUK, 2003, p.34).
Rocha (2011, p.171) acrescenta que “essa etapa também é marcada pelo distanciamento da
configuração física dos jornais impressos”.
Nessa fase, “a estrutura deixa de ser linear para ser apresentada de forma hierarquia,
quase sempre por meio de menus com vários níveis” (PINHO, 2003, p.167), fato que facilitou
o acesso a informações e começou a tornar mais atrativa a notícia veiculada na internet.
1.2.3. Terceira fase
Na terceira fase, os jornais passam a incrementar os conteúdos veiculados na web e
aumentam a produção do conteúdo exclusivo para o meio online. A transposição de conteúdo
começa a perder espaço para a criação voltada para a internet. Nessa fase, como coloca Rocha
(2011, p.171), “aumenta a oferta de serviços voltados ao entretenimento, surgem as
18
comunidades virtuais e o comércio eletrônico tem um considerável crescimento”. Essa é a
fase da incrementação da multimidialidade.
A autora (2011, p.171) ainda acrescenta que as empresas jornalísticas começam a
incorporar aos sites, elementos interativos, como chats e fóruns, e contratam profissionais
especializados na edição digital do conteúdo. Para Moherdaui (2007, p. 125) “há também o
reconhecimento do ambiente como um novo meio de comunicação”.
Nos produtos jornalísticos dessa etapa, é possível observar tentativas de
efetivamente, explorar e aplicar as potencialidades oferecidas pela web para
fins jornalísticos. Nesse estágio, entre outras possibilidades, os produtos
jornalísticos apresentam recursos em multimídia, como sons e animações,
que enriquecem a narrativa jornalística; oferecem recursos de interatividade,
como chats com a participação de personalidades públicas, enquetes fóruns
de discussões; disponibilizam opções para configuração do produto de
acordo com interesses pessoais de cada leitor/usuário; apresentam a
utilização do hipertexto não apenas como um recurso de organização das
informações da edição, mas também começam a emprega-lo na narrativa dos
fatos (MIELNICZUK, 2003, p.36).
O designer é o que diferencia os sites dessa fase. Segundo Pinho (2003, p.167), o
conteúdo volta a receber um lugar de destaque, sem deixar a forma de lado. “Portanto, a
preocupação está tanto na funcionalidade quanto na beleza estética do site [...]” (PINHO,
2003, p. 167).
1.2.4. Quarta fase
A quarta fase é a fase do banco de dados e da participação ativa dos leitores na
composição das matérias. Moherdaui (2007, p.127) expõe que nesta fase o jornalismo baseado
em bancos de dados “permite explorar, compor, recuperar e interagir com as narrativas”. É o
chamado jornalismo participativo.
Primo e Träsel (2006, p. 10) afirmam que no webjornalismo participativo “o interagente
é integrado ao processo de produção da notícia como nunca antes”. Com isso, a participação
do leitor/internauta na produção e apuração da notícia, se torna cada vez mais importante e
necessário. “Alguns sites noticiosos, inclusive, podem depender totalmente da intervenção dos
internautas. Sem a participação ativa de um grupo de interação mútua, esses webjornais não
têm qualquer função” (PRIMO E TRÄSEL, 2006, p.10). Essa é a fase participativa.
O jornalismo participativo surge com a web 2.0, que se refere às paginas da
web cuja importância se deve, sobretudo, à colaboração do usuário. Na web
19
2.0, os editores criam as plataformas, enquanto o conteúdo fica a cargo dos
internautas. Um exemplo de site colaborativo é o Youtube, conhecido por seu
poder de armazenamento de vídeos. Portanto, com a Web 2.0, o cidadão vira
mídia: ele consome, produz e distribui o conteúdo como e quando quer
(ROCHA, 2011, p. 171).
Esses novos formatos de páginas na internet oferecem uma gama de serviços interativos
e que estimulam a participação do leitor/usuário. “Um novo momento de diferenciação para o
jornalismo online vai acontecer com a ascensão dos portais” (BARBOSA, 2002, p. 4).
Segundo Ferrari (2009, p. 38), o potencial da nova mídia tem se tornado um fator
preponderante para o jornalismo contemporâneo. Essa nova forma “está começando a moldar
produtos editoriais interativos com qualidades atraentes para o usuário: custo zero, grande
abrangência de temas e personalização” (FERRARI, 2009, p. 38).
1.1.5 – Quinta fase
De acordo com Rocha, Soares e Araújo (2013, online), “em uma evolução natural, ao
observar as recentes mudanças que o jornalismo online vem sofrendo, é possível falar em
quinta fase, fundamentada nas questões da mobilidade, da convergência e do hiperlocalismo.”
Esses pesquisadores apontam que a fase ainda está no início, mas apresentam algumas
caraterísticas do processo.
Entramos na era da mobilidade, do hiperlocalismo e da convergência. Hoje a
informação pode ser obtida através de locais remotos a partir da mobilidade. “O jornalismo
móvel não é característica própria dos tempos contemporâneos porque a relação jornalismo e
mobilidade ocorre desde a própria existência do jornalismo como prática de coleta e
transmissão de informação” (SILVA, 2009, p.8).
Com o hiperlocalismo, é valorizada a notícia em um determinado espaço geográfico.
“Global e sem limites geográficos – tal como preconizou McLuhan a rede mostra que o
localismo e mesmo o hiperlocalismo tem ressonância no mundo informativo” (BALDESSAR
E DELLAGNELLO, 2013, p.55). O mundo se tornou tão globalizado que as pessoas
passaram a buscar cada vez mais o local.
Ao mesmo tempo em que elas querem saber o que acontece no mundo, é buscada a
informação local que vai afetar diretamente em sua vida. Baldessar e Dellagnello (2013, p55),
afirmam que “a velha máxima de que ‘a minha casa é o meu mundo’ se materializa em
20
experiências exitosas e se apresentam como alternativa para o jornalismo recuperar suas
audiências e, mesmo a confiança delas”.
Já a convergência usa várias mídias para noticiar um fato. Para Silva (2008, p.6), “a
convergência digital torna dispositivos móveis em aparelhos híbridos que oferecem as mais
diversas operações para o repórter móvel”. O mesmo autor ainda afirma que “o jornalismo
contemporâneo desenvolve-se sob a base da convergência que se estrutura nos diversos
âmbitos da produção a partir, principalmente, do surgimento do jornalismo digital” (2008,
p.3).
1.3 Características do webjornalismo
Como toda mídia, o jornalismo online possui características distintas que o diferenciam
dos demais veículos. Murad (1999, p.9) afirma que “a Internet trabalha com categorias
(mensagem, fonte, receptor) características do modelo tradicional de massa, ora mantendo-se
como padrão ora operando nelas novas configurações”.
A partir disso o jornalismo na internet vem ganhando características ímpares. “Na
internet, a reportagem se torna interativa com a participação do leitor e com a intenção de
aprofundar a informação ela deve incorporar as linguagens multimídia, com atualizações,
documentos com acesso direto a fontes, narrações ou diálogos, entre outros” (MARQUES,
2013, p.30).
O número de características dessa modalidade do jornalismo não é um consenso entre
pesquisadores. Palácios (1999) estabelece seis características:
Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e
Memória, e ainda acrescenta a Instantaneidade.
Já Moherdaui (2007, p.128) afirma que são oito características: Hipertextualidade,
Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Personalização, Memória, Imersão, Conteúdo
Dinâmico e Instantaneidade/Atualização Contínua. Ou seja, a pesquisadora acrescenta duas
novas características (imersão e conteúdo dinâmico) à lista do jornalismo digital.
Sousa (2008) apresenta 12 características: Potenciação da interatividade, Multimídia,
Hipertextualidade, Instantaneidade, Elasticidade do espaço e do tempo, Personalização,
21
Facilidade de escolha, Glocalidade, Globalidade, Convergência, Diversidade, Reconversão
das rotinas produtivas.
Para este estudo, serão levadas em consideração as oito características defendidas por
Moherdaui. No entanto, também será usado um nono conceito defendido por autores como
Pinho (2003) e Ferrari (2009): a usabilidade. A opção por acrescentar este conceito está
alicerçada na objetividade dada às características e à abrangência a todos os pontos
considerados primordiais do jornalismo digital, aliado ao objeto de estudo deste trabalho.
1.3.1. Interatividade
Interagir com as notícias e com o que é veiculado nos meios de comunicação digital.
Esse é talvez a característica principal do jornalismo digital. Segundo Sousa (2008, p. 247), “a
interatividade desenvolve-se a vários níveis: nas escolhas do usuário, nas buscas através de
motores de pesquisa, nos contatos com o meio, nos comentários das notícias, no reenvio das
notícias, etc”.
Para Lemos (2010, p.112), a noção de interatividade está diretamente ligada aos novos
media digitais. “O que compreendemos hoje por interatividade nada mais é que uma nova
forma de interação técnica, de cunho eletrônica-digital, diferente da interação analógica que
caracterizou os media tradicionais” (LEMOS, 2010, p.112).
Pinho (2003, p. 54) propõe que a organização na Internet não e algo em que se fala para
uma pessoas, mas sim conversa com ela. “A interatividade da rede mundial é muito valiosa
para os que queiram dirigir mensagens e informações específicas para públicos de interesse”
(PINHO, 2003, p. 54).
Com interatividade o contato com o público alvo da publicação se torna ainda mais forte
e de fácil alcance. “Apesar de ainda estar numa fase inicial, e pouco aproveitada por alguns
dos jornais online, este tipo de utilidades fomenta o contato entre os dois mundos, até aqui
separados” (BARBOSA, 2001, p.3). Através da interatividade o leitor pode, por exemplo,
fornecer sugestões de pauta, indicar um erro no texto, acrescentar uma informação que não
apareceu na apuração do repórter, dar a sua opinião sobre o assunto, etc.
Rocha (2011, p.172) coloca que a navegação pelo hipertexto pode, também, ser
considerada como interatividade. “Com a interatividade o internauta abandona sua condição
22
de mero receptor (comportamento passivo) e assume o papel de emissor (colaborador/
produtor da notícia), buscando e, ao mesmo tempo, fornecendo informações.”
1.3.2. Hipertextualidade
O hipertexto é uma tecnologia que permite ligar informações através de vias e conexões.
“Os usuários podem organizar aleatoriamente a informação de um modo que esteja de acordo
com as suas próprias necessidades” (DIZARD JR., 2000, p.289). Com o hipertexto fica mais
fácil correlacionar as matérias que tenham pontos em comum, ou até mesmo notícias iniciais
em suas suítes. “A principal característica do hipertexto é a sua maneira natural de processar a
informação, funcionando de uma maneira parecida com a mente humana, que trabalha por
associações de ideias e não recebe informação linearmente” (PINHO, 2003, p.50).
“Através do hipertexto o usuário pode fazer uma navegação não-linear, escolhendo o
percurso que vai seguir em busca da informação”, conforme comenta Sousa (2008, p.247).
Segundo o autor, “o ciberjornalista fica, assim, estimulado a produzir informação com links
para informação conexa, que pode surgir em formato unimídia ou multimídia”. Segundo
Dizard Jr. (2000, p.389) o hiperlink pode ser entendido como uma conexão entre as diferentes
partes de um hipertexto. “Geralmente é um ícone, gráfico ou palavra que, quando clicada,
automaticamente faz abrir outro arquivo para ser visto” (DIZARD JR., 2000, p.389).
Para Canavilhas (2006, p.117), é necessário um novo sistema de construção da notícia
para a utilização do hipertexto. “A tradicional técnica “pirâmide invertida” dá lugar a uma
arquitetura noticiosa mais aberta, com blocos de informação organizados em diferentes
modelos, sejam eles lineares ou complexos” (CANAVILHAS, 2006, p.117).
1.3.3. Personalização
Na internet, o conteúdo distribuído pode ser acessado de acordo com a vontade e
necessidade do leitor. Segundo Sousa (2008, p. 248), o usuário pode selecionar e determinar
os conteúdos que quer ver ou receber. Canavilhas (2006, p.118) já afirma que “a
personalização é conseguida através do registro do utilizador numa determinada publicação
ou através da instalação de cookies no seu browser”.
Mielniczuk (2001, p.4) conceitua a característica como a “existência de produtos
jornalísticos configurados de acordo com interesses individuais do usuário”. Já Palácios
23
(2002, p.3) coloca que “há sites noticiosos que permitem a pré-seleção dos assuntos, bem
como a sua hierarquização e escolha de formato de apresentação visual (diagramação).”
A informação personalizada, individualizada ou customizada, pode ser
oferecida para o usuário de várias formas: configurando páginas de acordo
com seus interesses para a cada acesso obter informações atualizadas
referentes aos temas previamente escolhidos; indicando preferências por
hierarquias de dados, formatos de apresentação visual, cores, tipos e
tamanhos de fontes; recebendo por e-mail notícias sobre assuntos
anteriormente indicados como sendo de seu interesse. (RIBAS, 2004, p. 6)
A partir da personalização o usuário do site ou página da web tem a possibilidade de
transformar aquele conteúdo em algo que se assemelhe às suas necessidades e vontades.
“Também pode ser considerado como personalização, a possibilidade de cada leitor
estabelecer um percurso individualizado de leitura a partir da navegação pelo hipertexto”,
explica Mielniczuk (2003, p.45). Segundo a pesquisadora, dessa forma, “cada indivíduo
construiria um produto individualizado, fruto de sua leitura (sua escolhas individuais) pelos
caminhos oferecidos na narrativa hipertextual”.
1.3.4. Memória
“A memória representa mais que simplesmente arquivar informações, é questão
fundamental” (CANAVILHAS, 2006). A partir da memória são guardadas informações
anteriores que podem servir de base para uma futura apresentação da informação frente a uma
suíte. “A possibilidade de uma nova notícia aos seus antecedentes permite enriquecimento do
jornalismo graças à contextualização dos fenômenos”, explica Canavilhas (2006).
Desta maneira, o volume de informação anteriormente produzida e
diretamente disponível ao Utente e ao Produtor da notícia é potencialmente
muito maior no jornalismo online, o que produz efeitos quanto à produção e
recepção da informação jornalística (PALÁCIOS, 2002, p.4).
Através dessa memorização dos conteúdos já divulgados é possível rever casos,
relembrar pontos e suitar assuntos esquecidos com o tempo. A grande vantagem da internet é
oferecer um banco de dados, que diferentemente de uma biblioteca, não demorar horas, talvez
dias, para encontrar o que se busca. Basta digitar e pesquisar em sites de busca. A resposta sai
em milésimos de segundo, variando de acordo com a velocidade da conexão.
Ribas (2004, p.7) afirma que “como forma cultural, o bando de dados representa o
mundo como uma lista de itens, enquanto a narrativa cria uma trajetória de causa e efeito a
24
partir de evento aparentemente desordenados”. A pesquisadora ainda acrescenta que “na era
do computador, o banco de dados se transforma no centro do processo criativo”.
1.3.5. Instantaneidade/Atualização Contínua
O fetiche do tempo real é uma das características mais marcantes do jornalismo digital.
A instantaneidade proporciona a possibilidade de fornecer continuamente novas informações
como afirma Sousa (2008, p. 247). “Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do
desenvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse” (PALÁCIOS, 2002, p.4).
“O ciberjornalista fica, assim, obrigado a ser ainda mais rápido do que jornalistas de
outros meios eletrônicos, já que os deadlines tendem para o instante” (SOUSA, 2008, p. 247).
Diferente da TV, que tem os horários marcados para que a notícias sejam veiculadas, e do
jornal impresso, que é, em sua hipótese mais rápida, diário, o jornal digital não tem horário de
fechamento e acontece a todo momento. A partir do acontecimento, a ordem é publicar o mais
rápido o possível, de preferência antes da concorrência.
Como coloca Pinho (apud MARAGONI, PEREIRA & SILVA, 2002), “na mídia on-
line, a instantaneidade da informação modificou até mesmo o sentido de furo de reportagem,
aquela notícia importante publicada em primeira mão por um órgão da imprensa antes dos
seus concorrentes”.
1.3.6. Imersão
“Imersão é um termo metafórico derivado da experiência física de estar submerso na
água”, conforme conceitua Moherdaui (2007, p. 136). Para a pesquisadora, nesse caso, “até
mesmo o programa de computador serve como narrador da história, publicando diálogos dos
jogadores em seus monitores e apresentando entradas, saídas, descrições e alguns
acontecimentos”. Essa caraterística do jornalismo online ainda é pouco estudada.
Silva e Rocha (2013, p.8) utilizam o termo “imersão” “para sinalizar o momento em que
o apresentador vivencia uma experiência que simula a realidade ou tenta provocar uma
sensação de realidade no receptor com a utilização dos recursos das tecnologias digitais”. Para
as pesquisadoras, “o interator mergulha num mundo encantado, um espaço imaginário
diferente do mundo físico real que é criado pelas narrativas, porém é necessário conhecer os
limites entre estes dois mundos para que o interator consiga ser transportado para este mundo
da representação”.
25
Segundo define Marie-Laure Ryan (apud BARBOSA, 2001), “imersão é uma
experiência corporal que toma a projeção do corpo virtual ou do próprio corpo para sentir-se
integrante de um mundo artístico”. Para a pesquisadora, “imersão e interatividade são as duas
dimensões da realidade virtual”.
1.3.7. Conteúdo Dinâmico
O conteúdo dinâmico é a características que mescla todas as outras citadas
anteriormente, incluindo a usabilidade e a multimidialidade/convergência. Moherdaui (2007,
p.136) aponta que “a atualização contínua das matérias, dos canais e da home page, o
investimento em produtos interativos [...] dão aos portais e sites noticiosos o dinamismo, que
faz parte da lógica de jornalismo digital”. Esse conteúdo dinâmico atribui uma diversidade
maior de portais e páginas na rede.
Sousa (2008, p. 248) atribui que a diversidade da internet “permitiu a muitos órgãos de
comunicação, generalistas e especializados, amadores e profissionais, darem-se a conhecer e
competirem entre si pela atenção do usuário”. Assim, cada novidade apresentada em tempo
real é uma atrativo a mais para o usuário.
O conteúdo dinâmico está intimamente ligado à instantaneidade da informação. A
contínua atualização da página passa uma ideia de renovação e de informação nova. Esse é
um fator preponderante para a fidelização do leitor. “Essa renovação contínua tem a intenção
de manter o leitor/internauta mais tempo dentro de determinado site, entretido em suas
páginas e links e recebendo informação nova” (BARBOSA, 2001, p.6).
1.3.8. Usabilidade
Essa característica está ligada à satisfação do usuário quanto ao desenrolar do site. É a
certeza de que todas as ferramentas vão funcionar sem causar um ruído na comunicação.
“Para uma ferramenta ser realmente útil, precisa permitir ao usuário completar a tarefa a que
se propôs”, afirma Ferrari (2009, p.61). Em outro trecho de sua pesquisa, Ferrari (2009, p.62)
ressalta que “a chave para maximizar a usabilidade é empregar um design interativo e que dê
mostras de evolução”.
O jornalista de um veículo digital assume e agrega muitas funções similares
a um gerente de produto, que precisa cuidar, planejar, viabilizar
financeiramente e até manter vivo o produto em questão. Por isso a
26
usabilidade está se tornando uma peça chave na vida desse jornalista. É uma
ferramenta que pode auxiliá-lo e muito no seu atribulado dia-a-dia
(FERRARI, 2009, p.62).
Pinho (2003, p.142) afirma que os valores e aspectos funcionais são importantes para
que o site atinja os objetivos pretendidos pelo publisher e, de outro lado, resultem em plena
satisfação do usuário. Para definir o grau de interação do produto jornalístico online com o
usuário é utilizado o conceito de usabilidade. Segundo Ferrari (2009, p.60), “na internet, onde
cada vez mais será preciso prender a atenção do leitor, tanto na oferta de conteúdo como na
prática do e-commerce, a usabilidade assume um papel essencial.
1.3.9. Multimidialidade/ Convergência
O termo se refere à utilização de diversas mídias para contar uma história. É a
possibilidade de associação (ou não) de som, imagens fixas e animadas, vídeos e texto num
mesmo suporte, já que toda a informação se reduz a bites (SOUSA, 2008, p.247). “O objetivo
é fazer com que o jornalista possa produzir alguns conteúdos, mas, sobretudo, dotá-lo de uma
linguagem técnica capaz de lhe permitir desenhar o produto final e coordenar a equipe de
produção de conteúdos” (CANAVILHAS, 2006, 117).
Sousa (2008, p.247) ressalta que essa característica “obriga o ciberjornalista a ter
habilidade para decidir sobre a melhor forma de construir as mensagens e competência para se
exprimir com som, imagens fixas e animadas e texto, em formato unimédia ou multimídia”.
Já Palácios (2002, p.3) afirma que “no contexto do webjornalismo, a multimidialidade, trata-
se da convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração
do fato jornalístico”. Essa característica é a base de estudo dessa monografia. Por isso, os
conceitos de multimidialidade e convergência serão mais aprofundados no item seguinte.
1.4 Convergência
A convergência midiática foi um dos fatores que mais impulsionou o jornalismo digital,
uma vez que existia o medo de que a nova tecnologia de informação, a internet, acabasse por
ser o fim dos tradicionais meios de comunicação. No entanto, o que se percebe é que o meio
digital se tornou um modo de convergência das mídias. O local em que todas se encontram.
Com a revolução digital, a convergência no jornalismo se tornou ainda mais gritante, já que a
tecnologia (e o avanço dela) é considerada por muitos autores como o impulso da
convergência no jornalismo. “As primeira análises teóricas sobre a convergência nos meios de
27
comunicação, formuladas há quase três décadas, identificaram que o elemento tecnológico é o
principal fator que desencadeia o fenômeno da convergência” (SALAVERRÍA e GARCÍA-
AVILÉS, 2008, p.3, tradução nossa).
Palácios (2002, p.3) concorda com a ideia ao afirmar que “a convergência torna-se
possível em função do processo de digitalização da informação e sua posterior circulação e/ou
disponibilização em múltiplas plataformas e suportes, numa situação de agregação e
complementariedade”. Para Canavilhas (2001), apenas na web existe o que se chama de
convergência entre texto, som e imagem, e com isso o webjornalismo pode explorar todas as
potencialidades que a internet disponibiliza, oferecendo um produto que não existe em
nenhum outro meio: a webnotícia.
Rabaça e Barbosa (2001, p188) afirmam que “convergência é a compatibilidade entre
tecnologias, existentes em um único equipamento”. Os dois autores acrescentam ainda que a
convergência pode ser uma “transmissão de sinais de modalidades diferente – áudio, vídeo e
dados – por meio de canais diversos, com ou sem fio, a cargo de uma única operadora”.
Outros autores também conceituam convergência. Segundo Jenkins:
Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos
suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao
comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão
a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que
desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações
tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está
falando e do que imaginam estar falando (JENKINS, 2008, p. 27).
No entanto, não são apenas as novas tecnologias que impulsionaram a convergência.
Patriota e Ferrario (2006, p.7) colocam também a interatividade como umas das principais
características do acesso à informação com as novas tecnologias, através de conteúdos
customizados e muitas vezes personalizados ao sabor do usuário, como fator de impulso.
“Tais funcionalidades caracterizam a Internet como o primeiro modelo da convergência, que
será certamente potencializada pelas novas tecnologias da telefonia móvel e recursos de
DVR” (PATRIOTA e FERRARIO, 2006, p.7).
Assim, em vez de excluir as outras mídias, a revolução digital mesclou todas elas em
um único dispositivo, que á capaz de transmitir todos os pontos de informação de uma única
vez em diferentes meios. Jenkins (2008, p.30) argumenta que se o paradigma da revolução
digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, quando se fala em paradigma
28
da convergência supõe-se que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais
complexas. Ainda conforme o autor, “o paradigma da revolução digital alegava que os novos
meios de comunicação digital mudariam tudo”.
O que acontece é que quando se fala em uma nova maneira de se fazer jornalismo,
como é o caso da convergência midiática, é necessária uma mudança também dentro das
redações. “Deste modo, a convergência digital tende a configurar uma paisagem onde os
meios tradicionais, antes competidores, são agora aliados” (SALAVERRÍA e GARCÍA-
AVILÉS, 2008, p.7, tradução nossa).
Um dos aspectos da convergência no jornalismo é a integração de redações.
Patrões e editores costumam defendê-la por permitir a coordenação mais
eficaz das coberturas informativas de cada meio, renovar os conteúdos
impressos, estimular a criação de produtos multimídia e reforçar a
credibilidade dos veículos digitais (DA LUZ, 2011, p. 388).
A partir dessas mudanças a convergência se torna uma mudança além da tecnologia. “A
convergência midiática não é só tecnológica, mas cultural. O jornalista muda sua forma de
trabalhar e do leitor de participar seja no plano social, organizacional e/ou econômico”
(QUADROS, CAETANO E LARANJEIRA, 2011, p. 175). Lemos (2010, p.69) acredita que
multimídia é hoje o exemplo mais claro dessa convergência e simultanealidade. Mas Jenkins
vislumbra uma evolução ainda mais ousada:
No futuro próximo, a convergência será uma espécie de gambiarra – uma
amarração improvisada entre as diferentes tecnologias midiáticas – em vez
de um sistema completamente integrado. Neste momento, as transformações
culturais, as batalhas jurídicas e as fusões empresariais que estão
alimentando a convergência midiática são mudanças antecedentes na
infraestrutura tecnológica. O modo como essas diversas transições evoluem
irá determinar o equilíbrio de poder na próxima era dos meios de
comunicação (JENKINS, 2008, p. 43).
O objeto de estudo desta monografia é um exemplo de evolução na maneira de se
desenvolver o jornalismo dentro da convergência midiática e usando o máximo possível de
recursos disponíveis proporcionados pela internet. No entanto, esses itens serão melhor
abordados na análise deste trabalho.
29
2. NARRATIVAS JORNALÍSTICAS NA WEB
Para analisar a narrativa multimídia objeto de estudo desta pesquisa é necessário antes
entender uma narrativa jornalística e suas características principais. Este capítulo se dispõe,
através uma pesquisa bibliográfica, a mostrar essas características e apresentar os tipos de
narrativas mais comuns e atuais do meio online.
Entre as narrativas que serão estudadas estão a narrativa multimídia, a narrativa
hipermidiática e a narrativa transmídia. As três fazem parte de uma gama de objetos
compostos no objeto de estudo desta monografia. As três se completam, mesmo podendo ser
apresentadas separadamente para compor narrativas distintas.
Aqui serão explorados assuntos ligados a essas narrativas e a estrutura de tais
narrativas de a fim de compor uma base teórica para a análise do objeto de estudo desta
monografia.
2.1 – Conceitos e categorização
Durante a evolução do fazer jornalístico, a narrativa sofreu transformações e evoluções
assim como os formatos de mídias que hoje além do impresso, rádio e televisão, abarca
também a internet, que no fim é a convergência das outras mídias. Um exemplo dado por
Mielniczuk e Palácios (2001) é a evolução sofrida pelo formato impresso que se transformou
de um produto com longos blocos de texto, para um produto com blocos de textos menores
intercalados com o maior número de imagens possível. Freire (2010, p.60) acrescenta que “as
mudanças não são apenas nas ferramentas ou suportes e, sim, na forma de pensar a maioria
dos elementos da narrativa tradicional”.
Araújo (2012, p.5) ressalta que “uma aproximação entre linguagem narrativa e
discurso jornalístico só poderá gerar bons resultados, uma vez que, – podemos admitir –, o
trabalho dos jornalistas gira em torno da produção de narrativas, tendo a realidade factual
como grande referente”. O discurso jornalístico é visto como um “espelho da realidade”
(ARAÚJO, 2012, p.7) e, portanto, deve ter uma responsabilidade maior que uma narrativa
literária, por exemplo. Uma narrativa jornalística tem o poder de mudar a realidade de uma
sociedade ou de uma pessoa, dizendo a verdade ou não.
30
A partir da web, o modo de se fazer jornalismo sofreu adaptação para o novo meio de
transmissão da informação. Ribas (2004, p.3) afirma que a fragmentação do discurso é a
característica mais marcante das narrativas para web. Para ela, “a possibilidade de acessar
rapidamente diferentes blocos de informação através de links traduz a dinâmica do
webjornalismo”. Luna (2007, p.69) completa Ribas afirmando que “sendo assim, o leitor
participa da autoria da narrativa jornalística na medida em que detém o poder de escolha do
caminho, por quais lexias ele deseja seguir, para atingir seu destino particular e atender suas
necessidades de informação”.
Luna (2007, p.78) ainda acrescenta que “a narrativa da notícia atende exclusivamente
ao modelo da pirâmide invertida e constroem-se as notícias com a mesma lógica estruturante
do modelo do jornalismo impresso”. Esse modelo de escrita narrativa se disseminou pela
internet se tornando rápida, simples e fácil. A diferença são os links que fazem com que o
leitor viaje de um texto para o outro. Dessa forma, o texto começa sempre pelo clímax da
informação. Longhi e D’Andréa (2012, p.19) complementam que a narrativa “assume forma
textual simbólica diversificada, podendo adaptar-se a modalidades midiáticas variadas. O que
caracteriza a narrativa é uma composição estrutural, não sua dimensão textual”.
Muitos autores apresentam conceitos sobre o que é uma narrativa. Rabaça e Barbosa
(2001, p.505) conceituam narrativas como “todo e qualquer discurso que suscite como real
um universo imaginário (material e espiritual), apoiado em personagens ou na figura do
próprio narrador”. No entanto, na web, a narrativa fica configurada, cada vez mais, como uma
viagem através do espaço constituído pelos conjuntos estruturados de itens organizados na
forma de bancos de dados, conforme explica Machado (2007, p.112).
Motta (2005, p.2) afirma que a “narrativa traduz o conhecimento objetivo e subjetivo
do mundo (o conhecimento sobre a natureza física, as relações humanas, as identidades, as
crenças, valores e mitos, etc.) em relatos”. Para o autor “a partir dos enunciados narrativos
somos capazes de colocar as coisas em relação umas com as outras em uma ordem e
perspectiva, em um desenrolar lógico e cronológico. É assim que compreendemos a maioria
das coisas do mundo”.
A narrativa jornalística na web não costuma seguir uma linearidade. A partir da
utilização dos links, cada leitor segue sua própria linha de leitura e busca os links de maior
31
interesse pessoal. No entanto, “a ausência de linearidade não destrói a narrativa, já que os
leitores constroem suas próprias estruturas, sequências e significados” (SEIXAS, 2005, p.8).
Assim, uma das chaves para essa nova narrativa está em dividir com critérios
jornalísticos o conjunto noticioso e documental em elementos menores e de
fácil manuseio que integram a consulta. É próprio do leitor que escolhe
como quer saber do conteúdo e dos meios, ele decide a trajetória e a ordem
que quer seguir em uma mensagem, ou um conjunto de mensagens por onde
pode navegar. (EDO, 2007, p.8, tradução nossa).
Mesmo assim, como uma narrativa necessita ter um começo, meio e fim, “em qualquer
que seja o caso, como tratamos de espaços interativos, o que pode variar são as possibilidades
diferenciadas de começo, de fluxos interativos e de finais previstos, como uma estrutura que
condiciona a composição da narrativa” (MACHADO, 2007, p.119).
A web tem como caraterística um espaço navegável que possibilita que a composição
da narrativa possa ser pensada como uma espécie de enredo, que vai determinar os eventos
dispostos em torno de um espaço audiovisual (MACHADO, 2007, p.119), assim formando
uma narrativa interativa que segue uma linha de tempo e sucessão pensada pelo autor, mesmo
com a possibilidade de o leitor escolher o próprio caminho.
Jenkins (2008, p.207) ressalta que “a web representa um lugar de experimentação e
inovação, onde os amadores sondam o terreno, desenvolvendo novos métodos e temas e
criando materiais que podem atrair seguidores, que criam suas próprias condições”. A
pesquisadora Mielniczuk apresenta três características distintas da narrativa jornalística na
Web:
a) fragmentada, na medida em que é proposta em hipertexto; b)
individualizada ou personalizada, por ser fruto da construção particularizada
de cada leitor; c) efêmera, por ser circunstancial e dificilmente reconstruída
exatamente da mesma forma por leitores diferentes ou até mesmo pelo
mesmo leitor em momentos distintos. (MIELNICZUK, 2002, p. 14)
No jornalismo, essa narrativa geralmente começa pelo meio e segue com um histórico
que vai contextualizar. Esses são os valores da Pirâmide Invertida que coloca a “disposição
das informações, por ordem decrescente de importância, em um texto jornalístico” (RABAÇA
E BARBOSA, 2001, p. 568). Motta (2005, p. 4) argumenta que a narrativa não poder ser
vista “como uma composição discursiva autônoma, mas como um dispositivo de
argumentação na relação entre sujeitos”.
32
Estudar as narrativas jornalísticas é descobrir os dispositivos retóricos
utilizados pelos repórteres e editores capazes de revelar o uso intencional de
recursos linguísticos e extralinguísticos na comunicação jornalística para
produzir efeitos (o efeito de real ou os efeitos poéticos). Neste sentido,
afirmamos que o jornalismo é uma linguagem argumentativa e não há um
estilo jornalístico, mas sim uma retórica jornalística. Quem narra tem sempre
algum propósito ao narrar: nenhuma narrativa é ingênua, muito menos a
narrativa jornalística (MOTTA, 2005, p.9).
Mielniczuk (2002, p.2) afirma que nos webjornais é observada a existência de dois
níveis de narrativas, sendo a primeira voltada para um demanda imediatista que serve uma
abordagem concisa e textos pequenos. A segunda abordagem é mais aprofundada, geralmente
sessões especiais de grandes reportagens. No entanto, conforme frisa a autora, “mesmo nestas
coberturas mais extensas, não significa que os recursos oferecidos pela Web sejam totalmente
explorados”.
Nesse contexto, Mielniczuk propõe três características da narrativa para a web: 1) a
forma, ou seja, a aparência que assume a notícia apresentada; 2) os recursos específicos do
suporte que são empregados na narrativa jornalística, tais como texto escrito, sons (narração,
música, depoimento, etc.) e imagens (fotografia, vídeo, infografia, etc.); 3) as diferentes
configurações utilizadas para gêneros distintos, por exemplo, o formato da entrevista, o
formato de uma nota, o formato de uma reportagem, entre outros (MIELNICZUK, 2003,
p.72).
Já Motta (2005, p.2) afirma que as narrativas midiáticas podem ser fáticas ou fictícias.
“Produtos veiculados pela mídia exploram narrativas fáticas, imaginárias ou híbridas
procurando ganhar a adesão do leitor, ouvinte ou telespectador, envolvê-lo e provocar certos
efeitos de sentido” (MOTTA, 2005, p.2). O autor ainda acrescenta que a exploração tipo
fática de narrativa, se deve à necessidade de causar o efeito do real (objetividade), já no modo
fictício para causar efeitos emocionais (subjetividades).
Ribas considera que existam subcategorias de narrativas e propõe três tipos distintos:
1) linear 2) hipertextual básico e 3) hipertextual avançado. Por linear entende que seja uma
narrativa que contém início, meio e fim bem definidos e divididos. Nesse caso facilmente
identificados. A autora compara esse tipo de narrativa com o primeiro estágio do jornalismo
digital, quando o conteúdo dos jornais impresso era reproduzido na web. “As matérias não
oferecem níveis de aprofundamento e a construção da notícia é linear, exatamente igual à
veiculada pelo congênere impresso” (RIBAS, 2004, p.9).
33
No jornalismo digital, a narrativa ganha novas ramificações como 1) a narrativa
hipertextual, criada com o auxílio de hiperlinks e hipertextos; 2) a narrativa multimídia, que
se utiliza de som, imagem, vídeo, etc. para compor e completar a história; e a 3) narrativa
transmídia, que transcende da mídia para outros produtos e ramificações, não necessariamente
jornalísticas. Essas três ramificações serão melhor abordadas nas próximas páginas desta
monografia.
2.1.1 - Narrativa hipertextual
Com o surgimento do hipertexto, cria-se uma nova forma de narrativa que não fica
presa a apenas uma página, mas perpassa por várias outras páginas com conexões através de
links. “O leitor do jornal impresso já estava acostumado a ler hipertextualmente muito antes
da existência do hipertexto. Ninguém lê um jornal como se lê um romance, da primeira à
última linha” (PALÁCIOS, 2005, p.10).
Antes de começar a falar sobre o hipertexto e aprofundar o que já foi estudado no
capítulo um, devemos apresentar o significado de hipertexto. Deleuze e Guatarri (2007, p.74)
define hipertexto como “um conjunto de nós de significações interligados por conexões entre
palavras, páginas, fotografias, imagens, gráficos sequências sonoras etc.”.
Já Rabaça e Barbosa (2001, p.362) conceituam hipertexto como “modo de organização
e acesso de informações característico da web, operacionalizado através da linguagem de
programação HTML”. Os mesmo autores também conceituam hiperlink, que para eles é o
mesmo que link, “palavra, frase ou ícone em destaque, que remete o usuário para outra parte
do texto, outra página, site ou hiperdocumento”.
Com a Web, esse recurso se tornou ainda mais evidente e passou a ser melhor
aproveitado. “A novidade do hipertexto digital, então, não está na não linearidade ou na
intertextualidade em si mesmas, mas no link, o recurso técnico é que vai potencializar a
utilização de tais características” (MIELNICZUC E PALÁCIOS, 2001, p.6). São as narrativas
hipertextuais que causa uma complexidade diferenciada no modo de fazer jornalismo. “O
termo narrativa hipertextual tem figurado em muitos trabalhos relacionados ao jornalismo
digital, até mesmo naqueles que se detém sobre a estrutura e a lógica dos hipertextos.”
(SEIXAS, 2005, p.1).
34
O hipertexto criou a possibilidade de leitura não linear, transformando os
dados espaciais e temporais da produção e da exploração da informação. É
possível saltar de um documento a outro e fazer tanto a leitura clássica linear
quanto um percurso individual. Pode-se navegar em fragmentos, compostos
não necessariamente de textos e recompostos segundo os desejos, interesses
e intuições do leitor (MURAD, 1999, p.6).
Mielniczuk e Palácios (2001, p.6) afirmam acreditar que “o link é o elemento
realmente inovador apresentado pelo hipertexto em suporte digital”. Para os dois, “essa
afirmação está calcada, principalmente, em dois motivos que estão relacionados, um deles,
com a característica da intertextualidade, e o outro com as características da
multimidialidade”.
O hipertexto utilizado no ambiente das redes telemáticas vai permitir em
uma mesma tela a coexistência de textos, sons e imagens, tendo como
elemento inovador a possibilidade de interconexão quase instantânea através
de links, não só entre partes de um mesmo texto, mas entre textos
fisicamente dispersos, localizados em diferentes suportes e arquivos
integrantes da teia de informação constituída pela Web. Trata-se de um
padrão de organização da informação até então não utilizado na narrativa
jornalística, sendo essencial buscar-se na teoria do hipertexto, caminhos que
possam subsidiar especulações sobre os formatos da narrativa jornalística
nessa nova situação de sua produção e consumo (MIELNICZUK E
PALÁCIO, 2001).
A narrativa hipertextual básica é a utilização de escassos links externos como
complemento do texto. “A interatividade é pouco explorada, mas já aparecem iniciativas
como a disponibilização de enquetes ou chat” (RIBAS, 2004, p.9). No estágio avançado,
narrativa hipertextual avançada, os links passam a fazer parte da narrativa com informações
necessárias para o entendimento do texto. “São explorados níveis de interatividade como o
uso jornalístico do chat, enquetes e possibilidades do usuário comentar notícias e ler
comentários de outros usuários” (RIBAS, 2004, p.10). No jornalismo, essas narrativas detêm
um grau de responsabilidade maior que qualquer outro tipo de narrativa, uma vez que no
segmento essa narrativa possui o poder de mudar o rumo de um fato.
A narrativa é construída através da linkagem de elementos de uma base de
dados em uma ordem particular, isto é, traçando uma trajetória que leva de
um elemento a outro. No nível material, a narrativa é só um conjunto de
links, os elementos, por si só, permanecem guardados em uma base de
dados. [...] Uma narrativa interativa (que pode ser chamada de
“hipernarrativa” em analogia ao hipertexto) pode ser entendida como a soma
de múltiplas trajetórias através de uma base de dados. A narrativa linear
tradicional é uma entre várias outras trajetórias, isto é, uma escolha
particular feita em uma hipernarrativa (MANOVICH, 2001, p. 200-201 apud
FREIRE, 2010, p. 65).
35
Moherdaui (2007, p.150) coloca que “o texto multilinear na web engloba a maioria
dos gêneros jornalísticos, com exceção da reportagem especial, denominada multiforme. A
notícia hipertextual [...] é um exemplo disso”. Para Deleuze e Guatarri (2007, p.77) “o
hipertexto fomenta a narrativa como algo capaz de expressar e articular a diferença como
diversidade e multiplicidade”.
2.1.2 - Narrativa Multimídia
A possibilidade de utilizar recursos como textos, fotos, imagens, mapas e áudio,
integrando-os na mesma mensagem, incrementam a produção (MURAD, 1999, p.6), assim é a
narrativa multimídia, que se utiliza muitas vezes da convergência para produzir efeitos mais
expressivos na maneira de fazer o jornalismo. “Com o digital, a forma de distribuição e de
armazenamento são independente, multimodais, onde a escolha em obter uma informação sob
forma textual, imagética ou sonora é independente do modo pelo qual ela é transmitida”
(LEMOS, 2010, p. 69).
Prado (2011, p.125) afirma que multimídia é elemento fundamental da era do
webjornalismo. “Muito além do jornalismo, trata-se da possibilidade de produzir vídeos,
slideshows e micro documentários muitas vezes com esmero estático apurado, o que inclui
roteiro, trilha musical, etc.” (2011, p.125). Já Mielniczuk (2002, p.2) apresenta o multimídia
como “um tipo de narrativa que utilizaria as potencialidades oferecidas pela Web na narração
do fato jornalístico”.
Por multimídia, Rabaça e Barbosa (2001, p.501) entendem que é “um recurso de
comunicação informatizada que integra textos, sons e imagens, transmitidos através de redes
internet ou intranet, armazenados em CD-ROM etc.”. Já Dizard (2000. p.292) define
multimídia como “sistemas de fornecimentos de informações que combinam diferentes
formatos de conteúdo (por exemplo, texto, vídeo e som) e instalações de armazenamento (por
exemplo, fitas de vídeo, fitas de áudio, discos magnéticos, discos ópticos)”.
Assim, a comunicação narrativa pressupõe uma estratégia textual que
interfere na organização do discurso e que o estrutura na forma de
sequências encadeadas. Pressupõe também uma retórica que realiza a
finalidade desejada. Implica na competência e na utilização de recursos,
códigos, articulações sintáticas e pragmáticas: o narrador investe na
organização narrativa do seu discurso e solicita uma determinada
interpretação por parte do seu destinatário (MOTTA, 2005, p.2).
36
Machado (2007, p. 114) fala também em narrativa interativa que surge a partir da
interação do leitor com o conteúdo publicado na internet. Esse tipo de narrativa só se sustenta
com a participação contínua desses leitores como coautores da informação. Para o
pesquisador, “a narrativa interativa torna a função do autor mais difícil do antes da interação
digital devido à necessidade de reagir às modificações decorrentes das ações dos tele-atores e
das reações dos personagens”.
Munhoz (2007, p.2) afirma que “a multimidialidade, articulada com a interatividade
afeta os conceitos próprios de imagem jornalística e o uso desta, com a possibilidade de
manuseio digital e mesmo da apropriação e mudança dos formatos pelo receptor”. No entanto,
esse item será mais bem abordado em outro tópico deste trabalho.
2.1.3 – Narrativa Transmidiática
Dentre todas as narrativas estudadas até o momento, neste trabalho, a mais nova e
ainda sem muitas ramificações no jornalismo é a narrativa transmídia. Os estudos sobre esse
tipo de narrativa estão ligados ao entretenimento. Jenkins (2008, p.170) afirma que “estamos
descobrindo novas estruturas narrativas, que criam complexidade ao expandirem a extensão
das possibilidades narrativas, em vez de seguirem um único caminho, com começo, meio e
fim”.
Narrativa transmídia e convergência são termos frequentemente usados no âmbito do
jornalismo contemporâneo (ALZAMORA E TÁRCIA, 2012, p.15), mesmo que a narrativa
transmídia não seja plenamente utilizada pela área. Jenkins (2008, p.138) afirma que “uma
história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo
texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo”.
Para Gregolin (2010, p.5), “a narrativa transmidiática representa um processo no qual
os elementos de uma obra ficcional são dispersos sistematicamente por meio de múltiplos
canais de distribuição a fim de criar experiências de entretenimento unificadas e
coordenadas”. Dessa forma, a narrativa é composta por várias mídias que não são interligadas
entre si, mas que acrescentam informação ao fato narrados de acordo com suas peculiaridades.
Massarolo e Alvarenga (2010, p.1) ressaltam que “num cenário em que a marca não é
mais propriedade dos grupos de mídia, a franquia transmídia se torna a arte de construir
37
mundos como marca cultural”. Jenkins apresenta uma maneira real de ser da narrativa
transmidiática:
Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor –
a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida
pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em
games ou experimentado como atração de um parque de diversões. Cada
acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o
filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado é um
ponto de acesso à franquia como um todo. A compreensão obtida por meio
de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva
mais o consumo. A redundância acaba com o interesse do fã e provoca o
fracasso da franquia (JENKINS, 2008, p.138).
Transmidiática, a narrativa sempre apresenta uma forma diferente para o usuário do
conteúdo. Alzamora e Tárcia (2012, p.17) discorrem sobre os sete princípios da narrativa
transmídia, elencados por Jenkins (2009). São eles: potencial de compartilhamento x
profundidade; continuidade x multiplicidade; imersão x extração; construção de universos;
serialidade; subjetividade e desempenho. A partir desses princípios é possível, segundo os
autores, sustentar uma narrativa transmídia. Massarolo e Alvarenga (2010, p.3) acrescentam
que “uma das principais características da narrativa transmídia é que ela nos permite
reformular o entendimento das relações entre o público, produtores e textos”.
Jenkins (2008, p.138) ainda coloca que “uma boa franquia transmídia trabalha para
atrair múltiplas clientelas, alterando um pouco o tom do conteúdo de acordo com a mídia”.
Assim de acordo com a mídia a narrativa é modificada para atingir a um público alvo.
Alzamora e Tárcia (2012, p.2) acrescentam que “para que uma narrativa se expanda
transmidiaticamente, ela deve, necessariamente, apresentar uma dimensão intermidiática e,
não raro, configurar-se multimidiaticamente”.
Essa narrativa tem sua própria maneira de se veicular por diversas mídias e de
maneiras distintas, mas se completando. “A narrativa transmídia é o instrumento que o
contador de histórias contemporâneo utiliza para criar espaços narrativos que requerem a
participação e a imersão do consumidor num mundo imaginário” (MASSAROLO E
ALVARENGA, 2010, p.6).
Alzamora e Tárcia (2012, p.28) afirmam que a construção de uma narrativa transmídia
deve ser planejada desde sua origem, exigindo modos peculiares de produção jornalística em
rede. No entanto, esse é um tipo raro de narrativa jornalística porque necessita de padrões
38
jornalísticos que ainda não foram totalmente sistematizados. “O processo de produção e
circulação das narrativas transmidiáticas requer alto grau de coordenação entre diferentes
setores de mídias, envolvendo uma teia complexa de franchising e licenciamento de produtos”
(PETERSEN, 2006, p. 95 apud GREGOLIN, 2010, p. 12).
2.2 – Narrativa Multimidiática
A narrativa multimídia é aquela que abrange diversos suportes de comunicação em um
único arquivo, transformando essa matéria em algo mais completo e bem elaborado. “No
meio web, o termo multimídia reúne diversos formatos de apresentação da informação, como
texto, áudio, vídeo, fotográficas e animações. Todos organizados e interconectados.”
(MARQUES, 2013, p.20).
Luna (2007, p.74) argumenta que a uma mensagem multimídia congrega, além da
narrativa hipertextual, características de interatividade e da multilinearidade, avaliando a
postura do leitor ao navegar pelo infográfico digital, a personalização, visto que ocorrem
escolhas de caminhos individuais na ação interativa de navegação.
Salaverría observa que o uso da multimidialidade nos cibermeios atuais pode
ser considerado como muito modesto. A maioria dos cibermeios que se
apresentam como ‘multimídia’ em realidade oferecem apenas textos,
imagens e sons que se podem consumir de maneira separada ou consecutiva.
Somente alguns cibermeios, para o autor, precisamente aqueles de
vanguarda, começaram a experimentar com a combinação desses elementos
multimídia em um único discurso (SALAVERRÍA, 2005 apud LONGHI,
2010, p.3).
Salaverría (2005 apud LONGHI, 2010, p.3) salienta que a multimidialidade pode ser
utilizada em dois aspectos distintos: “por justaposição, quando os elementos – textos, imagens
e sons estão colocados lado a lado, desagregadamente; e por integração, quando tais
elementos são reunidos no mesmo suporte e possuem unidade comunicativa sendo articulados
em um discurso único e coerente”.
A narrativa multimídia tem características distintas de outras narrativas jornalísticas.
Como já estudamos, o fator preponderante que tem elevado às expectativas da narrativa
multimídia é a convergência das mídias. Uma narrativa multimídia pode ser composta por
vídeo, áudio, texto, gráficos e imagens, todos juntos ou combinados entre si. Gamela, Silva e
Freitas (2011) apresentam cinco elementos integrantes da narrativa multimídia: vídeo, áudio,
texto, imagem e gráficos.
39
Rost (2013, p.55, tradução nossa) afirma que é importante a experimentação
multimídia. Segundo o autor, a ideia seria definir novas narrativas, diversão, mudar a rotina,
aprender novas abordagens e criar um local para ler muito mais interessante do ponto de vista
do repórter e do leitor.
Marques (2013, p.31) afirma que dessa forma a reportagem multimídia adquire um
caráter documental, reunindo recortes da realidade. Para o pesquisador “esse tipo de material
oferece ao leitor uma estrutura multidimensional de informações”. Com isso permite que
“novos tipos de experiência, em que, através da interatividade, ele pode ter um contato mais
direto com as várias narrativas feitas pelo autor, podendo escolher a ordem de leitura”
(MARQUES, 2013, p.31).
Com essa mudança no modo de pensar e fazer noticia, propiciada pelas
tecnologias digitais, somada ao desenvolvimento do flash e outros softwares
de edição, especialmente a partir de 2005 as reportagens multimídia
começam a ser mais valorizadas dentro dos sites noticiosos, destacando-se
como grandes produções de alta complexidade, as quais demandam tempo e
deslocamento de equipe (WEBER, 2011, p.40).
Pinho (2003, p.187) coloca que a notícia produzida para a web com estrutura não
linear, deve ser planejada antecipadamente por uma equipe de profissionais voltados para a
web. A narrativa jornalística na internet deve ser pensada a partir dos pontos já estudados.
Esse pensamento será melhor abordado no próximo tópico.
2.3 – Elementos da narrativa multimídia
A web trouxe mais combinações de elementos que dão suavidade, ação e movimento à
narrativa jornalística. A narrativa digital pode ser composta de diversos elementos
combinados ou hiper-ligados a fim de formar, ou não, uma narrativa linear e multifacetada.
Como já vimos no tópico anterior, Gamela, Silva e Freitas (2011) apresentam cinco elementos
integrantes que compõe a narrativa na web (vídeo, áudio, texto, imagem e gráficos).
Os mesmo elementos são citados por Paul (2007, p. 123) que acrescenta ainda a
animação como elemento da narrativa digital. A autora também cria uma metodologia para se
estudar as narrativas multimídia, metodologia essa que será utilizada para a realização da
análise dessa monografia.
Para tratar da questão da falta de especificidade e superar a imprecisão do
termo “interatividade”, nós desenvolvemos uma taxonomia para as
40
narrativas digitais. Essa taxonomia divide atributos específicos da narrativa
digital em cinco “elementos”: mídia, ação, relacionamento, contexto e
comunicação. A maior parte desses elementos é herdada de outras mídias,
mas uma combinação exclusiva de elementos no ambiente digital permite
novas possibilidades narrativas. (PAUL, 2007, p.122)
A ideia dos cinco elementos se refere a uma possibilidade melhor de entender a
narrativa multimídia e classificá-la da melhor maneira possível. Por isso a escolha da
categorização de Paul para a análise deste trabalho. No entanto, primeiro é preciso apresentar
esse sistema.
2.3.1 Mídia
“Mídia refere-se aqui ao tipo de expressão usada na criação do roteiro e suportes da
narrativa” (PAUL, 2007, p. 123). Aqui entram os elementos característicos apresentados por
Gamela, Silva e Freitas (2011), acrescentando, porém, a animação citada por Paul. “O
ambiente digital permite ao narrador usar qualquer um ou todos esses tipos de mídia na
apresentação de seus textos” (PAUL, 2007, p.123).
O vídeo apresenta a imagem e o áudio em sincronia. Gamela, Silva e Freitas (2011,
p.19) afirmam que “o recurso vídeo como elemento noticioso é essencial porque coloca o
utilizador no tempo e no espaço, adequando-o a essa realidade”. Segundo os autores, esse
elemento impõe dinamismo à narrativa e pode ser usado em ocasiões em que a descrição do
fato através do texto, torna-se difícil. Rabaça e Barbosa (2001, p.754) definem vídeo como a
parte visual de uma transmissão de TV ou de filme. Rost (2013, p.54, tradução nossa) afirma
que o vídeo tem um valor informativo e atratividade que é insuperável.
No caso do recurso áudio, Gamela, Silva e Freitas (2011, p.20) afirmam que “é um
meio utilizado essencialmente para permitir ao utilizador vivenciar um determinado
acontecimento”. Os pesquisadores colocam que esse elemento tem o poder de intensificar as
emoções, permitindo uma maior envolvência na contextualização dos fatos.
“O áudio pode ser utilizado de forma autónoma ou complementar” (GAMELA,
SILVA E FREITAS, 2011, p.20). O áudio é uma parte a mais que deve acrescentar
informação à narrativa. “Parte sonora se qualquer programa ou apresentação multimídia,
filme, vídeo, programa de televisão, etc” (RABAÇA E BARBOSA, 2001, p.48).
41
Quanto ao texto, Gamela, Silva e Freitas (2011, p.20) argumentam que “o texto criado
para os sites informativos aproxima-se muito dos bons textos de agência: pirâmide invertida,
frases curtas, divisão do texto em blocos”. Segundo os pesquisadores, como esses textos
podem sofrer modificações a qualquer momento, eles ganham uma vida mais longa.
O texto é o resultado da apuração traduzida para a linguagem em que o leitor vai
compreender. Rabaça e Barbosa (2001, p. 723) definem texto como a parte escrita ou falada
da mensagem. “Tudo o que, num anúncio, é expresso em palavras (incluindo, se for o caso,
título, entrada, bloco de texto; fecho, legendas, rodapé etc.)” (BARBOSA e RABAÇA, 2001,
p.723).
“As fotografias podem ser utilizadas de duas formas distintas: individualmente, para
criar ambiente e contextualização do tema, ou sequencialmente, tendo como principal objetivo
construir uma narrativa” (GAMELA, SILVA E FREITAS, 2011, p.31). Os pesquisadores
afirmaram que a utilização da imagem deve levar em consideração o contexto e o
enriquecimento da informação. As imagens são ilustrações que mostram o contexto de forma
mais contundente, quando o texto ou o áudio não conseguem exemplificar o fato.
Rabaça e Barbosa (2001, p.377) conceituam imagem como o conjunto de opiniões
subjetivas de um indivíduo, do público ou de um grupo social, a respeito de uma organização,
empresa, produto, marca, instituição, personalidade etc. “A imagem é uma representação
mental, consciente ou não, formada a partir de vivências, lembranças e percepções passadas e
passível de ser modificada por novas experiências” (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p.377).
Para Rost (2013, p.54, tradução nossa), a fotografia é um recurso que é recorrente, mas que os
sites de notícias têm preterido a partir do desenho e da edição do jornalismo.
Gamela, Silva e Freitas (2011, p.31) apresentam a infografia como “a apresentação
visual de informação que pretende transmitir conteúdos, explorando princípios e ferramentas
visuais que permitam ao receptor retirar conhecimento dessa visualização”. A infografia é um
elemento que pode acoplar a imagem, o texto e a animação, tonando-se uma característica
completa da narrativa digital. Montenegro (2013, p.115, tradução nossa) ressalta que as
narrativas que usam gráficos animados com fluxogramas ou tabelas dinâmicas são imersivas
em notas temporárias ou descritivas.
42
Segundo os pesquisadores, “a infografia trabalha essencialmente com três tipos de
elementos: mapas, gráficos e diagramas”. A infografia, também usada no jornalismo
impresso, ganha novas maneiras de ser inserida nas narrativas, passando a ser interativa e
animada. “Em outras palavras, o infográfico pode e muitas vezes o faz, atrair o leitor, antes
mesmo dos títulos das matérias e do próprio texto, em si” (TEIXEIRA, 2006, p. 6).
A animação seria um vídeo curto, produzido a partir de imagens. “Gênero
cinematográfico baseado na filmagem quadro-a-quadro de desenhos ou bonecos decompostos
em cada estágio do movimento” (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p.29). Montenegro (2013,
p.122, tradução nossa) coloca que a multimídia especial e os gráficos animados são exercícios
para tornar a cibercultura seções em vez de conjuntos na mídia on-line.
Voltando ao elemento mídia, que agrega todos os elementos anteriormente citados,
Paul (2007, p.123) apresenta a mídia sob a ótica de quatro aspectos diferentes: configuração,
tipo, ritmo e edição.
Por configuração a pesquisadora afirma que diz respeito às mídias utilizadas para a
composição da narrativa. Essas mídias podem ser: individuais, utilização de apenas uma
mídia; múltipla, inclui várias mídias; e multimídia, que usa várias mídias interligadas para
uma apresentação articulada.
O tipo identifica especificamente qual a mídia utilizada: texto, vídeo, áudio, etc. O
fluxo questiona se a mídia é gravada (assincrônico) ou ao vivo (sincrônico). Por último o
tempo “refere-se ao grau de alteração ou edição que o conteúdo tem de sofrer” (PAUL, 2007,
p.124), se ele é em tempo real ou editado.
2.3.2 Ação
“Ação refere-se a dois aspectos distintos do desenho da narrativa digital: o movimento
próprio do conteúdo e a ação requerida pelo usuário para acessar o conteúdo” (PAUL, 2007,
p.124). Dessa forma é necessário saber se o conteúdo é dinâmico, possui movimento, ou
estático, parado. Paul (2007, p.124) coloca que esse mesmo conteúdo pode ser ativo, quando
é necessário fazer algum clique ou movimento na tela para que ele se mova; ou passivo,
quando ele se move naturalmente. Sem contar nas inúmeras combinações entre conteúdos
dinâmicos, estáticos, ativos e passivos.
43
2.3.3 Relacionamento
Esse relacionamento é definido por Paul (2007, p. 125) como fechado ou aberto. O
conteúdo fechado não abre possibilidade de interação do usuário com a informação, enquanto
que o aberto apresenta essa versatilidade. A pesquisadora apresenta ainda cinco tipos de
conteúdo aberto:
1 – Linear, quando não é possível escolher a ordem de leitura; ou não linear;
2 – Customizável, quando o leitor pode apresentar a informação à sua maneira; ou
padrão, que segue as regras de apresentação inicialmente elaboradas pelo canal
web;
3 – Calculável, amplamente usado em enquetes que necessitam da interação do
público para existir; ou não-calculável;
4 – Manipulável, quando o leitor pode movimentar um conteúdo pela página e
colocá-lo onde bem entender; ou fixo, quando não há como mover;
5 - Expansível, quando há como acrescentar ou modificar o conteúdo; ou limitado,
quando não há essa possibilidade de modificação.
2.3.4 Contexto
Contexto é definido como o “grupamento linguístico em que atua um determinado
elemento (fonema, palavra, frase)” (RABAÇA e BARABOSA, 2001, p.183). Paul (2007, p.
125) afirma que “no caso das narrativas digitais, a habilidade de proporcionar conteúdo
adicional, remetendo a outros materiais, é um traço poderoso”. A pesquisadora afirma que
para estudar o contexto da narrativa multimídia é necessário verificar os seguintes pontos:
1 – A narrativa é hipermidiática, quando outros materiais são relacionados ao
conteúdo principal, com a utilização de links; ou autoexplicativa;
2 – Os links são embutidos no texto ou são colocados em paralelo com o conteúdo;
3 – Os links são internos, quando remete o leitor ao próprio site; ou externo, quando
manda o leitor para outra página;
4 – Os links são suplementares, quando trazem um conteúdo diferente do que já foi
exposto; ou duplicativos, quando apenas repetem uma informação já dita;
44
5 – O link tem o objetivo de ser contextual, quando apresenta material específico para
a narrativa; ou relacionado quando relaciona conteúdos similares com a narrativa.
2.3.5 Comunicação
“O elemento comunicação diz respeito à habilidade de se conectar com os outros por
meio da mídia digital” (PAUL, 2007, p.126). A pesquisadora apresenta cinco aspectos dessa
comunicação: a) configuração, como o leitor se comunica com o repórter, veículo, etc.; b)
tipo, qual o modo de comunicação; c) direcionamento, se é ao vivo ou gravada; d)
moderação, se é examinada ou editada antes de ser publicada; e) objetivo, se é usado para
troca de informações, registro ou comércio.
Com essa metodologia Paul apresenta os elementos principais que devem conter em
uma narrativa multimídia, sintetizando como seve ser uma composta uma narrativa dessa
forma. Com essa metodologia será feita a análise reportagem da Folha de S. Paulo sobre a
usina de Belo Monte.
45
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi pensado a partir da escolha de uma reportagem multimídia
diferenciada como objeto de estudo de sua narrativa multimídia. Esse tipo de reportagem
ainda é novo meio jornalístico, tendo seu primeiro exemplar publicado pelo jornal americano
The New York Times. A escolha do tema Jornalismo Online e da reportagem A Batalha de
Belo Monte como objeto de estudo é reflexo das novas concepções de jornalismo na web e do
casamento do jornalismo com o avanço da tecnologia, crescendo assim as formas de se
publicar uma notícia no meio online.
Como o jornalismo multimídia trabalha com diversos conceitos de publicação de
formação da notícia, este trabalho buscou primeiramente conceituar e explicar esses conceitos
para depois analisar a reportagem de maneira significativas, colocando em prática o que foi
abordado. Para isso, se buscou autores de renome no assunto, que fundamentar o que foi
escrito no trabalho.
Essa pesquisa foi realizada de duas formas. Primeiro foi feita uma pesquisa
bibliográfica sobre o tema para a fundamentação do assunto. Depois foi utilizado o modelo de
análise proposto por Paul (2007) em seu artigo Elementos das narrativas digitais. A utilização
desse dois métodos proporcionou a realização de uma pesquisa descritiva, com abordagem
qualitativa, sendo que foram observados diversos livros e artigos sobre jornalismo digital,
multimidialidade e convergência e por fim as reportagens multimídia e seus elementos
estruturais.
A etapa seguinte desta pesquisa é buscar pelo problema de pesquisa e objetivos geral e
específicos. Neves (1996, p.1), afirma que “a expressão pesquisa qualitativa assume
diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes
técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema
complexo de significados”.
Os estudos denominados qualitativos têm como preocupação fundamental o
estudo e a análise do mundo empírico em seu ambiente natural. Nessa
abordagem valoriza-se o contato direto e prolongado do pesquisador com o
ambiente e a situação que está sendo estudada. No trabalho intensivo de
campo, os dados são coleta dos utilizando-se equipamentos como
videoteipes e gravadores ou, simplesmente, fazendo-se anotações num bloco
de papel. Para esses pesquisadores um fenômeno pode ser mais bem
46
observado e compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte
(GODOY, 1995, p. 6).
Para que o leitor possa entender a organização deste trabalho, primeiro foram
apresentados detalhes sobre o jornalismo digital, um breve histórico sobre surgimento e
consolidação, seus conceitos, as fases que caracterizaram mudanças e sua forma de ser
exposta, as principais características de sua publicação e a convergência dessas mídias para se
formar uma perfeita narrativa multimídia.
Essa parte foi fundamentada principalmente por autores como Luciana Mielniczuk
(2003), Luciana Moherdaui (2007), Pollyana Ferrari (2009), J. B. Pinho (2003), Liana Vidigal
Rocha (2011), Canavilhas (2006) e Suzana Barbosa (2001), entre muitos outros autores que
contribuíram para a criação deste trabalho.
Na segunda fase deste trabalho, foram estudadas as narrativas jornalísticas na web.
Começamos com os conceitos e caracterizações dessas narrativas, passando a abordar o
conceito de narrativa multimidiática e suas características, assim como as narrativas
hipermidiáticas e transmidiáticas, finalizando com a descrição dos elementos de uma narrativa
multimidiática.
Neste capítulo foram utilizados autores como Nora Paul (2007), Beatriz Ribas (2004),
Luiz Gonzaga Motta (2005), Henry Jenkins (2008), Carlos Alberto Rabaça e Gustavo
Guimarães Barbosa (2001) que fizeram contribuições excelentes e aprofundadas a esta
pesquisa.
Com a explanação sobre esses assuntos que foram expostos em capítulos como
Jornalismo e Internet e Narrativas Jornalísticas na Web foi possível abordar a narrativa
multimidiática conforme a metodologia de pesquisa apresentada por Nora Paul (2007) para
traçar as características multimídias da reportagem A Batalha de Belo Monte. No entanto, a
análise aprofundada dessas características só foi possível a partir do estudo de autores
conceituados no ensino do jornalismo digital como os citados anteriormente.
Concluída esta etapa, passamos à busca pelo problema de pesquisa e objetivos geral e
específicos desta pesquisa.
Um problema científico a ser pesquisado surge quando, interessando-se por
certa temática ou área de estudos, o pesquisador descobre: a) com maior
frequência uma lacuna a ser preenchida, usando os quadros teórico-
47
metodológicos disponíveis; b) ou uma falha no campo do saber (ou seja, o
historiador está em desacordo com conhecimentos ou teorias antes
admitidos) (GIL, 2002, p. 1).
Por isso, este trabalho está se propondo a responder a seguinte pergunta: a reportagem
da Folha de S. Paulo sobre a Usina de Belo Monte, publicada em dezembro de 2013, contém
elementos multimídia em sua estrutura que resultam em uma narrativa convergente? Seguindo
a análise do jornalismo digital, o problema de pesquisa busca descobrir se com a convergência
das mídias, analisadas uma a uma, segundo a metodologia de pesquisa de Paul (2007), a
reportagem da Folha de S. Paulo pode ser considerada uma reportagem multimídia completa.
O objetivo geral da pesquisa é saber se a reportagem contém os elementos descritos
por Paul (2007) e quais estão em evidência na reportagem, tornando-a uma narrativa
multimídia. Para tanto, devemos descobrir inicialmente os objetivos específicos que
consistem em apresentar os conceitos de jornalismo digital, bem como suas funcionalidades,
características e formatos; relatar informações e dados sobre a narrativa multimídia, como a
convergência e o transmídia; relacionar esses itens anteriores com a reportagem e traçar os
elementos que a tornam uma narrativa multimidiática.
A análise foi feita em cima da reportagem A Batalha de Belo Monte produzida pelo
jornal online A Folha de S. Paulo. A partir desse objeto de estudo foi possível estudar como o
jornal utilizou as características da multimidialidade apresentadas por Paul (2007) para
construir uma narrativa de mídias interconectadas, apresentando um formato totalmente
diferenciado. A escolha desse objeto de estudo se deu porque foi uma das primeiras narrativas
multimídias, nesse formato, produzidas por um jornal brasileiro.
Na análise foi apresentado um breve histórico sobre a Folha de S. Paulo e um breve
panorama sobre a usina de Belo Monte, foco principal da reportagem. A partir disso foi
realizada uma análise preliminar a partir da metodologia apresentada por Paul (2007),
passando por uma segunda análise um pouco mais aprofundada, culminando na análise
principal que agregou as duas primeiras análises e junto com exemplos retirados da
reportagem.
Para auxiliar na análise, foram feitos prints das páginas que exemplificam alguns
aspectos abordados. Para tanto foram utilizados o elemento do Windows, Print Screen para
fotografar partes da página; e o aplicativo do Google Chrome, Webpage Screenshot para
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO ALESSANDRA SOUSA FERREIRA NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE PALMAS, TOCANTINS 2014
  • 2. 2 ALESSANDRA SOUSA FERREIRA NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha Orientadora PALMAS, TOCANTINS 2014
  • 3. 3 ALESSANDRA SOUSA FERREIRA NARRATIVA MULTIMÍDIA: UM ESTUDO DA REPORTAGEM ESPECIAL DA FOLHA DE S. PAULO SOBRE A USINA DE BELO MONTE Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha - UFT Orientadora ___________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Gilson Rebouças Porto Junior - UFT Examinador ___________________________________________________ Prof. Drª. Cynthia Mara Miranda - UFT Examinadora Palmas, 17 de março de 2014
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Ao meu pai e minha mãe pela força, dedicação, conselhos, pelos exemplos e por serem a minha fortaleza em todos os momentos da minha vida. Ao meu irmão pelas críticas, pelo silêncio, dedicação e companheirismo. À minha avó que sempre me ensinou a ser forte e enfrentar com garra as adversidades. Aos meus amigos por compreenderem os momentos e ajudar em todas as horas. À Liana Vidigal Rocha pelos puxões de orelha, orientações, conversas e por acreditar em mim. Ao Helton Wesley Gonzaga pela compreensão e companheirismo. A todos que de alguma maneira fizeram parte dessa conquista.
  • 5. 5 “Não adianta escrever um capítulo novo, se você não finalizar o anterior” Mark Hr.
  • 6. 6 FERREIRA, Alessandra Sousa. Narrativa Multimídia: um estudo da reportagem especial da Folha de S. Paulo sobre a Usina de Belo Monte. 2014. 71f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Jornalismo) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014. RESUMO A narrativa multimídia tem se tornado um modo de transmissão da informação diferenciado do tradicional. Essa nova maneira de noticiar o fato vem ganhando cada vez mais tecnologia que tem permitido fazer inovações na área. Para tanto faz a análise de conteúdo e uma revisão bibliográfica sobre o jornalismo online, mostrando suas características, formatos e elementos, além de conceitos referentes às narrativas na web como objeto de estudo desta pesquisa. A partir de um metodologia pré-estabelecida, analisa a narrativa multimídia da reportagem da Folha de S. Paulo “A Batalha de Belo Monte”, para descobrir as inovações na área e novos formatos de notícias na web que se diferenciam no padrão, a fim de perceber as modificações e maneiras diferenciadas de se fazer jornalismo na internet. Mostra também dados sobre a história do jornal Folha de S. Paulo e sobre a Usina de Belo Monte. Tendo como base uma revisão bibliográfica e a análise de conteúdo, chega-se a conclusão de que a reportagem é um exemplar da moderna maneira de se produzir uma narrativa multimídia para a internet.
  • 7. 7 FERREIRA, Alessandra Sousa. Multimedia storytelling: a study of the special report of the Folha de S. Paulo on the Belo Monte plant. 2014. 71 f. Sênior Research Project (Graduation in Social Communication – Jornalism) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014. ABSTRACT The media narrative has become a mode of transmission of different traditional information. This new way of reporting the fact is gaining more technology that has allowed to make innovations in the area. For whatever content analysis and a literature review on online journalism, showing its features, shapes and elements, as well as concepts related to the narratives on the web as an object of study of this research. From a pre -established methodology, analyzes the media narrative of the Folha de S. Paulo "The Battle of Belo Monte", to discover innovations in the area and new formats for news on the web that differ in the pattern in order noticing changes and different ways of doing journalism on the Internet. It also shows information about the history of the newspaper Folha de S. Paulo and the Belo Monte plant. Based on a literature review and content analysis, we arrive at the conclusion that the story is an exemplar of the modern way of producing a multimedia narrative to the internet.
  • 8. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01: Imagem mostra a primeira parte do Capítulo um da reportagem da Folha.............. 1 Figura 02: Texto e infográfico do Capítulo que fala sobre a obra da usina .............................. 2 Figura 03: Imagem que mostra os alojamentos construídos nos canteiros da obra................... 3 Figura 04: Vídeo que mostra como funciona a bobina da usina ............................................... 4 Figura 05: Figura mostra a capa do aplicativo Folhacoptero ....................................................5 Figura 06: Aplicativo oferece a possibilidade do leitor guiar ou ser um mero expectador....... 6 Figura 07: Capa que mostra o aplicativo em funcionamento sendo guiado.............................. 1 Figura 08: Print da imagem inicial da reportagem que mostra o menu da história................... 2 Figura 09: Um dos links do menu abre a seguinte janela para o Twitter .................................. 3
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 1.JORNALISMO E INTERNET---------------------------------------------------------------------------------------------- 13 1.1 Jornalismo e sua concepção ------------------------------------------------------------------------------------- 13 1.2 Jornalismo na Internet -------------------------------------------------------------------------------------------- 15 1.2.1. Primeira fase-------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 1.2.2. Segunda fase-------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 1.2.3. Terceira fase -------------------------------------------------------------------------------------------------- 17 1.2.4. Quarta fase---------------------------------------------------------------------------------------------------- 18 1.3 Características do webjornalismo------------------------------------------------------------------------------ 20 1.3.1. Interatividade------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 1.3.2. Hipertextualidade-------------------------------------------------------------------------------------------- 22 1.3.3. Personalização------------------------------------------------------------------------------------------------ 22 1.3.4. Memória ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 1.3.5. Instantaneidade/Atualização Contínua ---------------------------------------------------------------- 24 1.3.6. Imersão--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 1.3.7. Conteúdo Dinâmico ----------------------------------------------------------------------------------------- 25 1.3.8. Usabilidade---------------------------------------------------------------------------------------------------- 25 1.3.9. Multimidialidade/ Convergência------------------------------------------------------------------------- 26 1.4 Convergência-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 2. NARRATIVAS JORNALÍSTICAS NA WEB ----------------------------------------------------------------------------- 29 2.1 – Conceitos e categorização---------------------------------------------------------------------------------- 29 2.2 – Narrativa Multimidiática------------------------------------------------------------------------------------ 38 2.3 – Elementos da narrativa multimídia ---------------------------------------------------------------------- 39 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ------------------------------------------------------------------------------ 45 4. A BATALHA DE BELO MONTE – ANÁLISE DA NARRATIVA MULTIMÍDIA DA FOLHA --------------------- 49 4.1 – Folha de S. Paulo---------------------------------------------------------------------------------------------- 49 4.2 – Usina de Belo Monte----------------------------------------------------------------------------------------- 51 4.3 – A multimidialidade da “Batalha de Belo Monte” ----------------------------------------------------- 52 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------------------------------------------- 61 6. REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64
  • 10. 10 INTRODUÇÃO O jornalismo tem passado por várias mudanças desde seu surgimento. Com criação da internet a maneira de se comunicar se tornou mais instantânea e as pessoas têm exigido inovação no modo de publicação e divulgação de uma notícia. Dessa maneira, a tecnologia da informação vem sofrendo diversas mudanças nos últimos anos. A rede mundial de computadores tem disponibilizado cada vez mais ferramentas que facilitam a elaboração, confecção e disposição da notícia, assim como tem evoluído e se modificado esse modo de fazer notícia. O Jornalismo Digital, que hoje se encontra em sua quinta fase, já foi um mero reprodutor de publicações online, passou por uma fase de transição e hoje vive um momento de pensamento e projeção da notícia online. A internet ainda é usada para a reprodução e divulgação do conteúdo que é publicado no jornal impresso e veiculado em rádios e emissoras de televisão, mas hoje o jornalismo de internet passou a ter um destaque maior com coberturas exclusivas para o meio. Assim, as redações saem em busca de profissionais multimídia que pensam a informação de maneira convergente e esquematizam uma notícia na internet, utilizando as ferramentas que a tecnologia da informação apresenta para melhorar a veiculação da notícia em um ambiente online. Com o passar dos anos, a imprensa percebeu a necessidade de agregar e convergir todas as mídias em um único espaço, como forma de atrair um leitor multimidializado que busca algo a mais. Dessa maneira é possível perceber uma migração de leitores de outras mídias para o online. Geralmente esse leitor busca a interatividade e esse algo a mais que o prenda naquela leitura e lhe mostre as possibilidades que a notícia oferece. Visualizando essa necessidade de inovação no modo de se construir uma notícia, é que nasce o segmento de especiais multimídia que utilizam a convergência dos meios a fim de expressar, por meio online e da melhor maneira, todas as faces de uma informação apurada pela equipe que busca qualificar e projetar uma notícia na rede mundial de computadores. A união dessas mídias, formando uma convergência, pode proporcionar a esse leitor uma maneira diferenciada de se “ler” uma notícia na internet, gerando interação do conteúdo com o internauta e proporcionando a esse leitor uma experiência única de conhecimento. Esse
  • 11. 11 tipo de experiência pode gerar a fidelização desse internauta com a página que publicou a matéria. O conceito multimídia, surgiu nos anos 1970, mas só passou a ser amplamente usado após a internet, vindo a contribuir em especial para o jornalismo no meio digital. Esse conceito vai além de colocar mídias diferentes dentro de um texto na internet. Para um notícia ser multimídia ela deve ter todas essas mídias interligadas, formando uma conexão lógica de pensamentos que se completam. Não é apenas colocar um vídeo qualquer de algo que já foi escrito no texto ou imagem que não ilustra o que está sendo descrito no texto. Por isso é necessário uma investigação dos elementos que compõem uma narrativa para que possa ser analisado se uma reportagem é ou não multimídia. Mesmo que ela tenha utilizado diversas mídias em sua construção, essa reportagem apenas será multimídia se os elementos se completarem. Por isso, o problema de pesquisa é: a reportagem da Folha de S. Paulo sobre a Usina de Belo Monte, publicada em dezembro de 2013, contém elementos multimídia em sua estrutura que resultam em uma narrativa convergente? Paul escreveu o artigo Elementos das narrativas digitais no qual elenca cinco características principais que um narrativa multimídia deve ter, para que seja chamada de narrativa multimidiática. A partir desse problema de pesquisa, temos como objetivo geral saber se a reportagem contém os elementos descritos por Paul (2007) e quais estão em evidência na reportagem tornando-a uma narrativa multimídia. Para alcançar esse objetivo geral foram propostos dois objetivos específicos: apresentar informações sobre Jornalismo e Internet, destacando suas fases e as principais características do segmento; expor o conceito e as peculiaridades de narrativa multimídia, hipermídia e transmídia. Este trabalho visa responder a essas e outras indagações pertinentes ao tema alicerçado em uma boa fundamentação teórica sobre o assunto. Para tanto, o trabalho foi dividido em quatro capítulos principais que estão entre a fundamentação teórica, procedimentos metodológicos e análise. No primeiro capítulo, é apresentado o conceito de jornalismo e internet, contando as fases de evolução do jornalismo digital, apresentando detalhadamente suas principais características e apresentando o conceito de convergência multimidiática. Já o segundo
  • 12. 12 capítulo discorre sobre as narrativas na internet, destacando três modelos: hipermidiáticas, multimidiáticas e transmidiáticas. Essas três formas de narrativa são tendência no mundo digital, podendo ser utilizadas em conjunto em uma única narrativa integrada. O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados no trabalho, informando autores pesquisados e maneira de apresentação e confecção do conteúdo. No quarto capítulo, é aprofundada uma análise sobre o objeto de estudo que permeia este trabalho. Mesmo o tema já tendo sido discutido em estudos jornalísticos por pesquisadores consagrados como Salaverría, Barbosa, Ferrari, Canavilhas e Palácios, existem cada vez mais possibilidades de estudos na área com análises positivas de novas aplicações da multimidialidade no jornalismo digital. Acompanhar toda essa inovação tecnológica no campo do jornalismo digital é fundamental para qualquer um que trabalhe nessa e em outras mídias de informação, já que a cada vez mais surgem novidades no modo de propagação da notícia e na exigência da pessoa que vai consumir essa informação. Entender a notícia multimídia abre grande e novas possibilidades de aprimorar o gênero e inovar em novas grandes reportagens para a internet.
  • 13. 13 1. JORNALISMO E INTERNET Com o intuito de contextualizar o objeto de estudo desta pesquisa, este capítulo visa conceituar o jornalismo na internet, suas caraterísticas e ramificações a fim de entender a nova fase em que o jornalismo digital se encontra. Conhecendo a origem dessa mídia é possível entender suas mudanças e evoluções ao longo do tempo. Além disso, é necessário entender o funcionamento do jornalismo digital e suas principais características, que são pontos chaves para o entendimento do objeto de pesquisa deste trabalho. Ao conhecer as características é possível fazer um link entre a evolução do jornalismo e a evolução do fazer jornalismo em meio online. Vale ressaltar que a teoria e definições apresentadas neste capítulo são fruto de uma pesquisa bibliográfica que teve como objetivo principal fornecer base para uma análise aprofundada do objeto de estudo desta monografia. 1.1 Jornalismo e sua concepção Desde seu nascimento no século XVII, com o aprimoramento da impressão, o jornalismo se adapta a novas tecnologias que surgem e são iniciadas e aperfeiçoadas para transmitir informação. Segundo Murad (1999, p.4), o conceito de jornalismo encontra-se relacionado ao suporte técnico e ao meio que permite a difusão das notícias. A autora ainda coloca que, a partir desse conceito, derivam conceitos como jornalismo impresso, telejornalismo e radiojornalismo. A necessidade de informação fez com que as pessoas buscassem novas formas e meios de comunicação. Primeiro a fala, depois a escrita e, depois disso, a comunicação ganhou o mundo e passou a evoluir em uma velocidade surpreendente. Iniciando em Gutemberg, que aperfeiçoou a imprensa (máquina semiautomática que imprimia os jornais da época) até os dias de hoje em que a cada momento, nasce uma maneira diferente de se fazer e difundir a comunicação, seja profissionalmente ou não. Sousa (2008, p.69), afirma que a invenção de Gutemberg foi uma resposta engenhosa às necessidades de assegurar às pessoas uma maneira de transmitir mensagens para um elevado número de indivíduos e a baixo custo. Após a imprensa escrita veio a imprensa eletrônica (rádio e TV) e hoje temos a imprensa multimídia, que nasce a partir da evolução na Internet.
  • 14. 14 A Internet é um conjunto de recursos tecnológicos que coloca à disposição de qualquer cidadão que possui computador, um modem e uma linha telefônica uma enorme quantidade de informação e possibilidades de acesso a serviços diversificados. A chegada desses equipamentos foi um marco importante para o desenvolvimento e incremento da informação – por meio da divulgação instantânea de imagens e sons – e também para a troca de informações entre computadores e acesso aos bancos de dados (MOHERDAUI, 2007, p.21). Em busca de um meio de comunicação que resistisse à guerra, os Estados Unidos desenvolveu uma nova tecnologia de transferência e recebimento de informações. Segundo Murad (1999, p.3), os americanos buscavam criar um dispositivo de comunicação que resistisse a um possível ataque nuclear soviético. Essa nova tecnologia não era centralizada em um local apenas, por isso um computador poderia ser destruído, mas a informação continuaria a fluir normalmente. A partir daí, em 1969, foi criada a Arpanet. De acordo com Pinho (2003, p.24), a rede antecessora da Internet foi formada inicialmente pela conexão dos computadores de quatro hosts 1 . “Logo passou a abrigar universidades e centros de pesquisa americanos que desenvolviam estudos de informática para fins militares. Depois se juntaram a eles indústrias bélicas” (MURAD, 1999, p.3). Com a criação do Transmission Control Protocol (TCP) e do Internet Protocol (IP) foi possível fazer conexões com diferentes redes de computadores. “Ao TPC cabia dividir mensagens em pacotes de um lado e recompô-los de outro. Ao IP cabia descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes” (PINHO, 2003, p.27). Conforme Murad (1999, p.3), o TCP-IP tornou possível a comunicação de redes diferentes, impulsionando a participação de governos, universidades e militares e estimulando as trocas de experiências acadêmicas. “O cenário do final dos anos 80 era este: muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa” (FERRARI, 2009, p. 16). Mas o boom da internet aconteceu, de fato, em 1990, quando o especialista em computação Tim Bernes-Lee criou a World Wide Web (WWW). “O desenvolvimento da World Wide Web permitiu que usuários trocassem e compartilhassem um grande volume de informações – textos e imagens – disponíveis em milhares de sites” 1 Hosts é um servidor numa rede de computador que hospeda os arquivos ou recursos (modem, impressora, etc.) que serão acessados pelos demais micros da rede. Na internet todos os computadores são chamados de hosts, independente de disponibilizarem algo. (MORIMOTO, s/d., p. 204)
  • 15. 15 (MOHERDAUI, 2007, p.22). Com esse avanço, caiu a proibição de uso comercial da internet e o serviço passou a ser distribuído em escala mundial. Hoje, a Internet constitui-se associação mundial de redes interligadas que une milhares de pessoas através de computadores capazes de gerenciar e estocar texto, imagem e som na forma digital, utilizando-se para isso de suportes diversos como fibra ótica, linhas de telefone, satélite e rádio (MURAD, 1999, p.4). A internet passou a oferecer recursos que aprimoraram e modificaram a maneira de fazer jornalismo e divulgar notícias e informações a outras pessoas. Novas ferramentas, linguagens e estruturas apareceram para tornar atrativo e agradável a leitura da notícia na tela de um computador, tablet ou smartphone. 1.2 Jornalismo na Internet A nova tecnologia se consolida no cotidiano e se torna mais que um meio de comunicação. Ela se transforma em um meio de informação instantânea entre cidades, países e através do mundo. A internet trouxe a capacidade de divulgar uma informação em milésimos de segundo e o jornalismo não poderia ficar fora dessa ferramenta que evoluiria o modo de transmitir a informação. Dizard (2000, p.25) ressalta que “o poder da internet está baseado na sua habilidade de superar as barreiras que limitavam o acesso de uma enorme massa de informações para consumidores comuns”. Ele ainda coloca que “para a indústria da mídia, a internet abre uma perspectiva de distribuição de uma ampla gama de serviços avançados de informação e entretenimento para maiores audiências”. Com o avanço da internet, a comunicação encontrou um meio de divulgação instantânea, mas o uso da instantaneidade da internet ainda teve que passar por fases para ser consolidado. “Os jornais foram os primeiros veículos de comunicação a integrar o ciberespaço, favorecidos pelo avanço das ferramentas tecnológicas e comandados pela decisão estratégica de não perder receitas publicitárias” (MURAD, 1990, p.5). Dizard (2000, p.284) conceitua ciberespaço como “um ambiente artificial gerado pelo computador projetado para minimizar a liberdade de movimento e a imaginação do usuário”. Quando falamos de ciberjornalismo, webjornalismo, jornalismo on-line, jornalismo digital ou jornalismo eletrônico falamos de um jornalismo que nasceu por causa da Internet e para a Internet, em particular para a sua funcionalidade designada World Wide Web (SOUSA, 2008, p. 239).
  • 16. 16 Pena (2010, p.176) define o jornalismo na internet como “a disponibilização de informações jornalísticas em ambiente virtual, o ciberespaço, organizadas de forma hipertextual com potencial multimidiático e interativo”. O jornalismo começou a se inserir na rede mundial de computadores aos poucos, foi aprimorando-se e hoje está presente na maior parte das leituras de notícias no mundo. Para se consolidar como um meio de propagação de notícias, o webjornalismo passou por cinco fases distintas (transpositiva, perceptiva, hipermidiática, dados e participativa) e está, atualmente, na quinta fase. Nessa fase, o jornalismo que passa a explorar ainda mais o jornalismo participativo e abarca a mobilidade, a convergência e o hiperlocalismo. 1.2.1. Primeira fase No início, os produtos jornalísticos oferecidos na web eram uma mera reprodução do conteúdo veiculado na mídia impressa. Os jornais faziam a cópia do impresso para o online, tal qual estava escrita. “É muito interessante observar as primeiras experiências realizadas: o que era chamado então de “jornal online”, na web, não passava da transposição de uma ou duas das principais matérias de algumas editorias” (MIELNICZUK, 2003, p.32). Essa fase é chamada transpositiva. Segundo Rocha (2011, p.171), “as redações jornalísticas não dispunham de recursos dedicados exclusivamente à edição digital do material e a diagramação das páginas digitais se assemelhavam as dos jornais de papel”. Nessa fase, é perceptível a falta de identidade própria dos jornais online. Os projetos gráfico e editorial se assemelhavam aos veículos impressos e os recursos da internet eram pouco utilizados. Para Barbosa (2002, p. 3), “a metáfora do jornal impresso passa a ser adotada no jornalismo online, seja na linguagem, na divisão por editorias, na forma de apresentação das telas principais dos sites [...] e na própria utilização da palavra “jornal”. A rotina de produção de notícias é totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos. No que diz respeito ao formato de apresentação das narrativas jornalísticas, não há nenhuma evidência de preocupação com relação a uma possível forma inovadora de apresentação das narrativas jornalísticas. A disponibilização de informações jornalísticas na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo, enquanto um meio que apresenta características específicas (MIELNICKUZ, 2003, p.33).
  • 17. 17 Na primeira fase, o conteúdo era o único que importava sendo que os sites apenas reproduziam e não tinham conteúdo exclusivo para a internet. “A primeira geração de sites da Web privilegiava apenas o conteúdo e não a forma, era estritamente linear e tinha um mínimo de funcionalidade”, conformo explica Pinho (2003, p.166). Segundo o autor, “os gráficos e textos eram apresentados sempre de cima para baixo e da esquerda para a direita”. 1.2.2. Segunda fase Mas a Internet era um campo vasto que apresentava diversas possibilidades de divulgação e propagação da notícia. Com o aperfeiçoamento da ferramenta e a facilitação no manuseio, os veículos de comunicação passam a desenvolver novos produtos para a interface online. No entanto, nessa segunda fase do jornalismo online, chamada de metáfora, a transposição de conteúdo ainda é característica marcante. Moherdaui (2007, p.124) explica que, nessa fase, jornalistas começam a criam produtos voltados para a internet se utilizando de hiperlinks, interatividade, ferramentas de busca, conteúdo multimídia e customização de conteúdo. A pesquisadora coloca que “há uma maior agregação de recursos possibilitados pelas tecnologias da rede em relação ao jornalismo digital”. “A tendência ainda é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso” (MIELNICZUK, 2003, p.34). Rocha (2011, p.171) acrescenta que “essa etapa também é marcada pelo distanciamento da configuração física dos jornais impressos”. Nessa fase, “a estrutura deixa de ser linear para ser apresentada de forma hierarquia, quase sempre por meio de menus com vários níveis” (PINHO, 2003, p.167), fato que facilitou o acesso a informações e começou a tornar mais atrativa a notícia veiculada na internet. 1.2.3. Terceira fase Na terceira fase, os jornais passam a incrementar os conteúdos veiculados na web e aumentam a produção do conteúdo exclusivo para o meio online. A transposição de conteúdo começa a perder espaço para a criação voltada para a internet. Nessa fase, como coloca Rocha (2011, p.171), “aumenta a oferta de serviços voltados ao entretenimento, surgem as
  • 18. 18 comunidades virtuais e o comércio eletrônico tem um considerável crescimento”. Essa é a fase da incrementação da multimidialidade. A autora (2011, p.171) ainda acrescenta que as empresas jornalísticas começam a incorporar aos sites, elementos interativos, como chats e fóruns, e contratam profissionais especializados na edição digital do conteúdo. Para Moherdaui (2007, p. 125) “há também o reconhecimento do ambiente como um novo meio de comunicação”. Nos produtos jornalísticos dessa etapa, é possível observar tentativas de efetivamente, explorar e aplicar as potencialidades oferecidas pela web para fins jornalísticos. Nesse estágio, entre outras possibilidades, os produtos jornalísticos apresentam recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa jornalística; oferecem recursos de interatividade, como chats com a participação de personalidades públicas, enquetes fóruns de discussões; disponibilizam opções para configuração do produto de acordo com interesses pessoais de cada leitor/usuário; apresentam a utilização do hipertexto não apenas como um recurso de organização das informações da edição, mas também começam a emprega-lo na narrativa dos fatos (MIELNICZUK, 2003, p.36). O designer é o que diferencia os sites dessa fase. Segundo Pinho (2003, p.167), o conteúdo volta a receber um lugar de destaque, sem deixar a forma de lado. “Portanto, a preocupação está tanto na funcionalidade quanto na beleza estética do site [...]” (PINHO, 2003, p. 167). 1.2.4. Quarta fase A quarta fase é a fase do banco de dados e da participação ativa dos leitores na composição das matérias. Moherdaui (2007, p.127) expõe que nesta fase o jornalismo baseado em bancos de dados “permite explorar, compor, recuperar e interagir com as narrativas”. É o chamado jornalismo participativo. Primo e Träsel (2006, p. 10) afirmam que no webjornalismo participativo “o interagente é integrado ao processo de produção da notícia como nunca antes”. Com isso, a participação do leitor/internauta na produção e apuração da notícia, se torna cada vez mais importante e necessário. “Alguns sites noticiosos, inclusive, podem depender totalmente da intervenção dos internautas. Sem a participação ativa de um grupo de interação mútua, esses webjornais não têm qualquer função” (PRIMO E TRÄSEL, 2006, p.10). Essa é a fase participativa. O jornalismo participativo surge com a web 2.0, que se refere às paginas da web cuja importância se deve, sobretudo, à colaboração do usuário. Na web
  • 19. 19 2.0, os editores criam as plataformas, enquanto o conteúdo fica a cargo dos internautas. Um exemplo de site colaborativo é o Youtube, conhecido por seu poder de armazenamento de vídeos. Portanto, com a Web 2.0, o cidadão vira mídia: ele consome, produz e distribui o conteúdo como e quando quer (ROCHA, 2011, p. 171). Esses novos formatos de páginas na internet oferecem uma gama de serviços interativos e que estimulam a participação do leitor/usuário. “Um novo momento de diferenciação para o jornalismo online vai acontecer com a ascensão dos portais” (BARBOSA, 2002, p. 4). Segundo Ferrari (2009, p. 38), o potencial da nova mídia tem se tornado um fator preponderante para o jornalismo contemporâneo. Essa nova forma “está começando a moldar produtos editoriais interativos com qualidades atraentes para o usuário: custo zero, grande abrangência de temas e personalização” (FERRARI, 2009, p. 38). 1.1.5 – Quinta fase De acordo com Rocha, Soares e Araújo (2013, online), “em uma evolução natural, ao observar as recentes mudanças que o jornalismo online vem sofrendo, é possível falar em quinta fase, fundamentada nas questões da mobilidade, da convergência e do hiperlocalismo.” Esses pesquisadores apontam que a fase ainda está no início, mas apresentam algumas caraterísticas do processo. Entramos na era da mobilidade, do hiperlocalismo e da convergência. Hoje a informação pode ser obtida através de locais remotos a partir da mobilidade. “O jornalismo móvel não é característica própria dos tempos contemporâneos porque a relação jornalismo e mobilidade ocorre desde a própria existência do jornalismo como prática de coleta e transmissão de informação” (SILVA, 2009, p.8). Com o hiperlocalismo, é valorizada a notícia em um determinado espaço geográfico. “Global e sem limites geográficos – tal como preconizou McLuhan a rede mostra que o localismo e mesmo o hiperlocalismo tem ressonância no mundo informativo” (BALDESSAR E DELLAGNELLO, 2013, p.55). O mundo se tornou tão globalizado que as pessoas passaram a buscar cada vez mais o local. Ao mesmo tempo em que elas querem saber o que acontece no mundo, é buscada a informação local que vai afetar diretamente em sua vida. Baldessar e Dellagnello (2013, p55), afirmam que “a velha máxima de que ‘a minha casa é o meu mundo’ se materializa em
  • 20. 20 experiências exitosas e se apresentam como alternativa para o jornalismo recuperar suas audiências e, mesmo a confiança delas”. Já a convergência usa várias mídias para noticiar um fato. Para Silva (2008, p.6), “a convergência digital torna dispositivos móveis em aparelhos híbridos que oferecem as mais diversas operações para o repórter móvel”. O mesmo autor ainda afirma que “o jornalismo contemporâneo desenvolve-se sob a base da convergência que se estrutura nos diversos âmbitos da produção a partir, principalmente, do surgimento do jornalismo digital” (2008, p.3). 1.3 Características do webjornalismo Como toda mídia, o jornalismo online possui características distintas que o diferenciam dos demais veículos. Murad (1999, p.9) afirma que “a Internet trabalha com categorias (mensagem, fonte, receptor) características do modelo tradicional de massa, ora mantendo-se como padrão ora operando nelas novas configurações”. A partir disso o jornalismo na internet vem ganhando características ímpares. “Na internet, a reportagem se torna interativa com a participação do leitor e com a intenção de aprofundar a informação ela deve incorporar as linguagens multimídia, com atualizações, documentos com acesso direto a fontes, narrações ou diálogos, entre outros” (MARQUES, 2013, p.30). O número de características dessa modalidade do jornalismo não é um consenso entre pesquisadores. Palácios (1999) estabelece seis características: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e Memória, e ainda acrescenta a Instantaneidade. Já Moherdaui (2007, p.128) afirma que são oito características: Hipertextualidade, Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Personalização, Memória, Imersão, Conteúdo Dinâmico e Instantaneidade/Atualização Contínua. Ou seja, a pesquisadora acrescenta duas novas características (imersão e conteúdo dinâmico) à lista do jornalismo digital. Sousa (2008) apresenta 12 características: Potenciação da interatividade, Multimídia, Hipertextualidade, Instantaneidade, Elasticidade do espaço e do tempo, Personalização,
  • 21. 21 Facilidade de escolha, Glocalidade, Globalidade, Convergência, Diversidade, Reconversão das rotinas produtivas. Para este estudo, serão levadas em consideração as oito características defendidas por Moherdaui. No entanto, também será usado um nono conceito defendido por autores como Pinho (2003) e Ferrari (2009): a usabilidade. A opção por acrescentar este conceito está alicerçada na objetividade dada às características e à abrangência a todos os pontos considerados primordiais do jornalismo digital, aliado ao objeto de estudo deste trabalho. 1.3.1. Interatividade Interagir com as notícias e com o que é veiculado nos meios de comunicação digital. Esse é talvez a característica principal do jornalismo digital. Segundo Sousa (2008, p. 247), “a interatividade desenvolve-se a vários níveis: nas escolhas do usuário, nas buscas através de motores de pesquisa, nos contatos com o meio, nos comentários das notícias, no reenvio das notícias, etc”. Para Lemos (2010, p.112), a noção de interatividade está diretamente ligada aos novos media digitais. “O que compreendemos hoje por interatividade nada mais é que uma nova forma de interação técnica, de cunho eletrônica-digital, diferente da interação analógica que caracterizou os media tradicionais” (LEMOS, 2010, p.112). Pinho (2003, p. 54) propõe que a organização na Internet não e algo em que se fala para uma pessoas, mas sim conversa com ela. “A interatividade da rede mundial é muito valiosa para os que queiram dirigir mensagens e informações específicas para públicos de interesse” (PINHO, 2003, p. 54). Com interatividade o contato com o público alvo da publicação se torna ainda mais forte e de fácil alcance. “Apesar de ainda estar numa fase inicial, e pouco aproveitada por alguns dos jornais online, este tipo de utilidades fomenta o contato entre os dois mundos, até aqui separados” (BARBOSA, 2001, p.3). Através da interatividade o leitor pode, por exemplo, fornecer sugestões de pauta, indicar um erro no texto, acrescentar uma informação que não apareceu na apuração do repórter, dar a sua opinião sobre o assunto, etc. Rocha (2011, p.172) coloca que a navegação pelo hipertexto pode, também, ser considerada como interatividade. “Com a interatividade o internauta abandona sua condição
  • 22. 22 de mero receptor (comportamento passivo) e assume o papel de emissor (colaborador/ produtor da notícia), buscando e, ao mesmo tempo, fornecendo informações.” 1.3.2. Hipertextualidade O hipertexto é uma tecnologia que permite ligar informações através de vias e conexões. “Os usuários podem organizar aleatoriamente a informação de um modo que esteja de acordo com as suas próprias necessidades” (DIZARD JR., 2000, p.289). Com o hipertexto fica mais fácil correlacionar as matérias que tenham pontos em comum, ou até mesmo notícias iniciais em suas suítes. “A principal característica do hipertexto é a sua maneira natural de processar a informação, funcionando de uma maneira parecida com a mente humana, que trabalha por associações de ideias e não recebe informação linearmente” (PINHO, 2003, p.50). “Através do hipertexto o usuário pode fazer uma navegação não-linear, escolhendo o percurso que vai seguir em busca da informação”, conforme comenta Sousa (2008, p.247). Segundo o autor, “o ciberjornalista fica, assim, estimulado a produzir informação com links para informação conexa, que pode surgir em formato unimídia ou multimídia”. Segundo Dizard Jr. (2000, p.389) o hiperlink pode ser entendido como uma conexão entre as diferentes partes de um hipertexto. “Geralmente é um ícone, gráfico ou palavra que, quando clicada, automaticamente faz abrir outro arquivo para ser visto” (DIZARD JR., 2000, p.389). Para Canavilhas (2006, p.117), é necessário um novo sistema de construção da notícia para a utilização do hipertexto. “A tradicional técnica “pirâmide invertida” dá lugar a uma arquitetura noticiosa mais aberta, com blocos de informação organizados em diferentes modelos, sejam eles lineares ou complexos” (CANAVILHAS, 2006, p.117). 1.3.3. Personalização Na internet, o conteúdo distribuído pode ser acessado de acordo com a vontade e necessidade do leitor. Segundo Sousa (2008, p. 248), o usuário pode selecionar e determinar os conteúdos que quer ver ou receber. Canavilhas (2006, p.118) já afirma que “a personalização é conseguida através do registro do utilizador numa determinada publicação ou através da instalação de cookies no seu browser”. Mielniczuk (2001, p.4) conceitua a característica como a “existência de produtos jornalísticos configurados de acordo com interesses individuais do usuário”. Já Palácios
  • 23. 23 (2002, p.3) coloca que “há sites noticiosos que permitem a pré-seleção dos assuntos, bem como a sua hierarquização e escolha de formato de apresentação visual (diagramação).” A informação personalizada, individualizada ou customizada, pode ser oferecida para o usuário de várias formas: configurando páginas de acordo com seus interesses para a cada acesso obter informações atualizadas referentes aos temas previamente escolhidos; indicando preferências por hierarquias de dados, formatos de apresentação visual, cores, tipos e tamanhos de fontes; recebendo por e-mail notícias sobre assuntos anteriormente indicados como sendo de seu interesse. (RIBAS, 2004, p. 6) A partir da personalização o usuário do site ou página da web tem a possibilidade de transformar aquele conteúdo em algo que se assemelhe às suas necessidades e vontades. “Também pode ser considerado como personalização, a possibilidade de cada leitor estabelecer um percurso individualizado de leitura a partir da navegação pelo hipertexto”, explica Mielniczuk (2003, p.45). Segundo a pesquisadora, dessa forma, “cada indivíduo construiria um produto individualizado, fruto de sua leitura (sua escolhas individuais) pelos caminhos oferecidos na narrativa hipertextual”. 1.3.4. Memória “A memória representa mais que simplesmente arquivar informações, é questão fundamental” (CANAVILHAS, 2006). A partir da memória são guardadas informações anteriores que podem servir de base para uma futura apresentação da informação frente a uma suíte. “A possibilidade de uma nova notícia aos seus antecedentes permite enriquecimento do jornalismo graças à contextualização dos fenômenos”, explica Canavilhas (2006). Desta maneira, o volume de informação anteriormente produzida e diretamente disponível ao Utente e ao Produtor da notícia é potencialmente muito maior no jornalismo online, o que produz efeitos quanto à produção e recepção da informação jornalística (PALÁCIOS, 2002, p.4). Através dessa memorização dos conteúdos já divulgados é possível rever casos, relembrar pontos e suitar assuntos esquecidos com o tempo. A grande vantagem da internet é oferecer um banco de dados, que diferentemente de uma biblioteca, não demorar horas, talvez dias, para encontrar o que se busca. Basta digitar e pesquisar em sites de busca. A resposta sai em milésimos de segundo, variando de acordo com a velocidade da conexão. Ribas (2004, p.7) afirma que “como forma cultural, o bando de dados representa o mundo como uma lista de itens, enquanto a narrativa cria uma trajetória de causa e efeito a
  • 24. 24 partir de evento aparentemente desordenados”. A pesquisadora ainda acrescenta que “na era do computador, o banco de dados se transforma no centro do processo criativo”. 1.3.5. Instantaneidade/Atualização Contínua O fetiche do tempo real é uma das características mais marcantes do jornalismo digital. A instantaneidade proporciona a possibilidade de fornecer continuamente novas informações como afirma Sousa (2008, p. 247). “Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do desenvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse” (PALÁCIOS, 2002, p.4). “O ciberjornalista fica, assim, obrigado a ser ainda mais rápido do que jornalistas de outros meios eletrônicos, já que os deadlines tendem para o instante” (SOUSA, 2008, p. 247). Diferente da TV, que tem os horários marcados para que a notícias sejam veiculadas, e do jornal impresso, que é, em sua hipótese mais rápida, diário, o jornal digital não tem horário de fechamento e acontece a todo momento. A partir do acontecimento, a ordem é publicar o mais rápido o possível, de preferência antes da concorrência. Como coloca Pinho (apud MARAGONI, PEREIRA & SILVA, 2002), “na mídia on- line, a instantaneidade da informação modificou até mesmo o sentido de furo de reportagem, aquela notícia importante publicada em primeira mão por um órgão da imprensa antes dos seus concorrentes”. 1.3.6. Imersão “Imersão é um termo metafórico derivado da experiência física de estar submerso na água”, conforme conceitua Moherdaui (2007, p. 136). Para a pesquisadora, nesse caso, “até mesmo o programa de computador serve como narrador da história, publicando diálogos dos jogadores em seus monitores e apresentando entradas, saídas, descrições e alguns acontecimentos”. Essa caraterística do jornalismo online ainda é pouco estudada. Silva e Rocha (2013, p.8) utilizam o termo “imersão” “para sinalizar o momento em que o apresentador vivencia uma experiência que simula a realidade ou tenta provocar uma sensação de realidade no receptor com a utilização dos recursos das tecnologias digitais”. Para as pesquisadoras, “o interator mergulha num mundo encantado, um espaço imaginário diferente do mundo físico real que é criado pelas narrativas, porém é necessário conhecer os limites entre estes dois mundos para que o interator consiga ser transportado para este mundo da representação”.
  • 25. 25 Segundo define Marie-Laure Ryan (apud BARBOSA, 2001), “imersão é uma experiência corporal que toma a projeção do corpo virtual ou do próprio corpo para sentir-se integrante de um mundo artístico”. Para a pesquisadora, “imersão e interatividade são as duas dimensões da realidade virtual”. 1.3.7. Conteúdo Dinâmico O conteúdo dinâmico é a características que mescla todas as outras citadas anteriormente, incluindo a usabilidade e a multimidialidade/convergência. Moherdaui (2007, p.136) aponta que “a atualização contínua das matérias, dos canais e da home page, o investimento em produtos interativos [...] dão aos portais e sites noticiosos o dinamismo, que faz parte da lógica de jornalismo digital”. Esse conteúdo dinâmico atribui uma diversidade maior de portais e páginas na rede. Sousa (2008, p. 248) atribui que a diversidade da internet “permitiu a muitos órgãos de comunicação, generalistas e especializados, amadores e profissionais, darem-se a conhecer e competirem entre si pela atenção do usuário”. Assim, cada novidade apresentada em tempo real é uma atrativo a mais para o usuário. O conteúdo dinâmico está intimamente ligado à instantaneidade da informação. A contínua atualização da página passa uma ideia de renovação e de informação nova. Esse é um fator preponderante para a fidelização do leitor. “Essa renovação contínua tem a intenção de manter o leitor/internauta mais tempo dentro de determinado site, entretido em suas páginas e links e recebendo informação nova” (BARBOSA, 2001, p.6). 1.3.8. Usabilidade Essa característica está ligada à satisfação do usuário quanto ao desenrolar do site. É a certeza de que todas as ferramentas vão funcionar sem causar um ruído na comunicação. “Para uma ferramenta ser realmente útil, precisa permitir ao usuário completar a tarefa a que se propôs”, afirma Ferrari (2009, p.61). Em outro trecho de sua pesquisa, Ferrari (2009, p.62) ressalta que “a chave para maximizar a usabilidade é empregar um design interativo e que dê mostras de evolução”. O jornalista de um veículo digital assume e agrega muitas funções similares a um gerente de produto, que precisa cuidar, planejar, viabilizar financeiramente e até manter vivo o produto em questão. Por isso a
  • 26. 26 usabilidade está se tornando uma peça chave na vida desse jornalista. É uma ferramenta que pode auxiliá-lo e muito no seu atribulado dia-a-dia (FERRARI, 2009, p.62). Pinho (2003, p.142) afirma que os valores e aspectos funcionais são importantes para que o site atinja os objetivos pretendidos pelo publisher e, de outro lado, resultem em plena satisfação do usuário. Para definir o grau de interação do produto jornalístico online com o usuário é utilizado o conceito de usabilidade. Segundo Ferrari (2009, p.60), “na internet, onde cada vez mais será preciso prender a atenção do leitor, tanto na oferta de conteúdo como na prática do e-commerce, a usabilidade assume um papel essencial. 1.3.9. Multimidialidade/ Convergência O termo se refere à utilização de diversas mídias para contar uma história. É a possibilidade de associação (ou não) de som, imagens fixas e animadas, vídeos e texto num mesmo suporte, já que toda a informação se reduz a bites (SOUSA, 2008, p.247). “O objetivo é fazer com que o jornalista possa produzir alguns conteúdos, mas, sobretudo, dotá-lo de uma linguagem técnica capaz de lhe permitir desenhar o produto final e coordenar a equipe de produção de conteúdos” (CANAVILHAS, 2006, 117). Sousa (2008, p.247) ressalta que essa característica “obriga o ciberjornalista a ter habilidade para decidir sobre a melhor forma de construir as mensagens e competência para se exprimir com som, imagens fixas e animadas e texto, em formato unimédia ou multimídia”. Já Palácios (2002, p.3) afirma que “no contexto do webjornalismo, a multimidialidade, trata- se da convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico”. Essa característica é a base de estudo dessa monografia. Por isso, os conceitos de multimidialidade e convergência serão mais aprofundados no item seguinte. 1.4 Convergência A convergência midiática foi um dos fatores que mais impulsionou o jornalismo digital, uma vez que existia o medo de que a nova tecnologia de informação, a internet, acabasse por ser o fim dos tradicionais meios de comunicação. No entanto, o que se percebe é que o meio digital se tornou um modo de convergência das mídias. O local em que todas se encontram. Com a revolução digital, a convergência no jornalismo se tornou ainda mais gritante, já que a tecnologia (e o avanço dela) é considerada por muitos autores como o impulso da convergência no jornalismo. “As primeira análises teóricas sobre a convergência nos meios de
  • 27. 27 comunicação, formuladas há quase três décadas, identificaram que o elemento tecnológico é o principal fator que desencadeia o fenômeno da convergência” (SALAVERRÍA e GARCÍA- AVILÉS, 2008, p.3, tradução nossa). Palácios (2002, p.3) concorda com a ideia ao afirmar que “a convergência torna-se possível em função do processo de digitalização da informação e sua posterior circulação e/ou disponibilização em múltiplas plataformas e suportes, numa situação de agregação e complementariedade”. Para Canavilhas (2001), apenas na web existe o que se chama de convergência entre texto, som e imagem, e com isso o webjornalismo pode explorar todas as potencialidades que a internet disponibiliza, oferecendo um produto que não existe em nenhum outro meio: a webnotícia. Rabaça e Barbosa (2001, p188) afirmam que “convergência é a compatibilidade entre tecnologias, existentes em um único equipamento”. Os dois autores acrescentam ainda que a convergência pode ser uma “transmissão de sinais de modalidades diferente – áudio, vídeo e dados – por meio de canais diversos, com ou sem fio, a cargo de uma única operadora”. Outros autores também conceituam convergência. Segundo Jenkins: Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando (JENKINS, 2008, p. 27). No entanto, não são apenas as novas tecnologias que impulsionaram a convergência. Patriota e Ferrario (2006, p.7) colocam também a interatividade como umas das principais características do acesso à informação com as novas tecnologias, através de conteúdos customizados e muitas vezes personalizados ao sabor do usuário, como fator de impulso. “Tais funcionalidades caracterizam a Internet como o primeiro modelo da convergência, que será certamente potencializada pelas novas tecnologias da telefonia móvel e recursos de DVR” (PATRIOTA e FERRARIO, 2006, p.7). Assim, em vez de excluir as outras mídias, a revolução digital mesclou todas elas em um único dispositivo, que á capaz de transmitir todos os pontos de informação de uma única vez em diferentes meios. Jenkins (2008, p.30) argumenta que se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, quando se fala em paradigma
  • 28. 28 da convergência supõe-se que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas. Ainda conforme o autor, “o paradigma da revolução digital alegava que os novos meios de comunicação digital mudariam tudo”. O que acontece é que quando se fala em uma nova maneira de se fazer jornalismo, como é o caso da convergência midiática, é necessária uma mudança também dentro das redações. “Deste modo, a convergência digital tende a configurar uma paisagem onde os meios tradicionais, antes competidores, são agora aliados” (SALAVERRÍA e GARCÍA- AVILÉS, 2008, p.7, tradução nossa). Um dos aspectos da convergência no jornalismo é a integração de redações. Patrões e editores costumam defendê-la por permitir a coordenação mais eficaz das coberturas informativas de cada meio, renovar os conteúdos impressos, estimular a criação de produtos multimídia e reforçar a credibilidade dos veículos digitais (DA LUZ, 2011, p. 388). A partir dessas mudanças a convergência se torna uma mudança além da tecnologia. “A convergência midiática não é só tecnológica, mas cultural. O jornalista muda sua forma de trabalhar e do leitor de participar seja no plano social, organizacional e/ou econômico” (QUADROS, CAETANO E LARANJEIRA, 2011, p. 175). Lemos (2010, p.69) acredita que multimídia é hoje o exemplo mais claro dessa convergência e simultanealidade. Mas Jenkins vislumbra uma evolução ainda mais ousada: No futuro próximo, a convergência será uma espécie de gambiarra – uma amarração improvisada entre as diferentes tecnologias midiáticas – em vez de um sistema completamente integrado. Neste momento, as transformações culturais, as batalhas jurídicas e as fusões empresariais que estão alimentando a convergência midiática são mudanças antecedentes na infraestrutura tecnológica. O modo como essas diversas transições evoluem irá determinar o equilíbrio de poder na próxima era dos meios de comunicação (JENKINS, 2008, p. 43). O objeto de estudo desta monografia é um exemplo de evolução na maneira de se desenvolver o jornalismo dentro da convergência midiática e usando o máximo possível de recursos disponíveis proporcionados pela internet. No entanto, esses itens serão melhor abordados na análise deste trabalho.
  • 29. 29 2. NARRATIVAS JORNALÍSTICAS NA WEB Para analisar a narrativa multimídia objeto de estudo desta pesquisa é necessário antes entender uma narrativa jornalística e suas características principais. Este capítulo se dispõe, através uma pesquisa bibliográfica, a mostrar essas características e apresentar os tipos de narrativas mais comuns e atuais do meio online. Entre as narrativas que serão estudadas estão a narrativa multimídia, a narrativa hipermidiática e a narrativa transmídia. As três fazem parte de uma gama de objetos compostos no objeto de estudo desta monografia. As três se completam, mesmo podendo ser apresentadas separadamente para compor narrativas distintas. Aqui serão explorados assuntos ligados a essas narrativas e a estrutura de tais narrativas de a fim de compor uma base teórica para a análise do objeto de estudo desta monografia. 2.1 – Conceitos e categorização Durante a evolução do fazer jornalístico, a narrativa sofreu transformações e evoluções assim como os formatos de mídias que hoje além do impresso, rádio e televisão, abarca também a internet, que no fim é a convergência das outras mídias. Um exemplo dado por Mielniczuk e Palácios (2001) é a evolução sofrida pelo formato impresso que se transformou de um produto com longos blocos de texto, para um produto com blocos de textos menores intercalados com o maior número de imagens possível. Freire (2010, p.60) acrescenta que “as mudanças não são apenas nas ferramentas ou suportes e, sim, na forma de pensar a maioria dos elementos da narrativa tradicional”. Araújo (2012, p.5) ressalta que “uma aproximação entre linguagem narrativa e discurso jornalístico só poderá gerar bons resultados, uma vez que, – podemos admitir –, o trabalho dos jornalistas gira em torno da produção de narrativas, tendo a realidade factual como grande referente”. O discurso jornalístico é visto como um “espelho da realidade” (ARAÚJO, 2012, p.7) e, portanto, deve ter uma responsabilidade maior que uma narrativa literária, por exemplo. Uma narrativa jornalística tem o poder de mudar a realidade de uma sociedade ou de uma pessoa, dizendo a verdade ou não.
  • 30. 30 A partir da web, o modo de se fazer jornalismo sofreu adaptação para o novo meio de transmissão da informação. Ribas (2004, p.3) afirma que a fragmentação do discurso é a característica mais marcante das narrativas para web. Para ela, “a possibilidade de acessar rapidamente diferentes blocos de informação através de links traduz a dinâmica do webjornalismo”. Luna (2007, p.69) completa Ribas afirmando que “sendo assim, o leitor participa da autoria da narrativa jornalística na medida em que detém o poder de escolha do caminho, por quais lexias ele deseja seguir, para atingir seu destino particular e atender suas necessidades de informação”. Luna (2007, p.78) ainda acrescenta que “a narrativa da notícia atende exclusivamente ao modelo da pirâmide invertida e constroem-se as notícias com a mesma lógica estruturante do modelo do jornalismo impresso”. Esse modelo de escrita narrativa se disseminou pela internet se tornando rápida, simples e fácil. A diferença são os links que fazem com que o leitor viaje de um texto para o outro. Dessa forma, o texto começa sempre pelo clímax da informação. Longhi e D’Andréa (2012, p.19) complementam que a narrativa “assume forma textual simbólica diversificada, podendo adaptar-se a modalidades midiáticas variadas. O que caracteriza a narrativa é uma composição estrutural, não sua dimensão textual”. Muitos autores apresentam conceitos sobre o que é uma narrativa. Rabaça e Barbosa (2001, p.505) conceituam narrativas como “todo e qualquer discurso que suscite como real um universo imaginário (material e espiritual), apoiado em personagens ou na figura do próprio narrador”. No entanto, na web, a narrativa fica configurada, cada vez mais, como uma viagem através do espaço constituído pelos conjuntos estruturados de itens organizados na forma de bancos de dados, conforme explica Machado (2007, p.112). Motta (2005, p.2) afirma que a “narrativa traduz o conhecimento objetivo e subjetivo do mundo (o conhecimento sobre a natureza física, as relações humanas, as identidades, as crenças, valores e mitos, etc.) em relatos”. Para o autor “a partir dos enunciados narrativos somos capazes de colocar as coisas em relação umas com as outras em uma ordem e perspectiva, em um desenrolar lógico e cronológico. É assim que compreendemos a maioria das coisas do mundo”. A narrativa jornalística na web não costuma seguir uma linearidade. A partir da utilização dos links, cada leitor segue sua própria linha de leitura e busca os links de maior
  • 31. 31 interesse pessoal. No entanto, “a ausência de linearidade não destrói a narrativa, já que os leitores constroem suas próprias estruturas, sequências e significados” (SEIXAS, 2005, p.8). Assim, uma das chaves para essa nova narrativa está em dividir com critérios jornalísticos o conjunto noticioso e documental em elementos menores e de fácil manuseio que integram a consulta. É próprio do leitor que escolhe como quer saber do conteúdo e dos meios, ele decide a trajetória e a ordem que quer seguir em uma mensagem, ou um conjunto de mensagens por onde pode navegar. (EDO, 2007, p.8, tradução nossa). Mesmo assim, como uma narrativa necessita ter um começo, meio e fim, “em qualquer que seja o caso, como tratamos de espaços interativos, o que pode variar são as possibilidades diferenciadas de começo, de fluxos interativos e de finais previstos, como uma estrutura que condiciona a composição da narrativa” (MACHADO, 2007, p.119). A web tem como caraterística um espaço navegável que possibilita que a composição da narrativa possa ser pensada como uma espécie de enredo, que vai determinar os eventos dispostos em torno de um espaço audiovisual (MACHADO, 2007, p.119), assim formando uma narrativa interativa que segue uma linha de tempo e sucessão pensada pelo autor, mesmo com a possibilidade de o leitor escolher o próprio caminho. Jenkins (2008, p.207) ressalta que “a web representa um lugar de experimentação e inovação, onde os amadores sondam o terreno, desenvolvendo novos métodos e temas e criando materiais que podem atrair seguidores, que criam suas próprias condições”. A pesquisadora Mielniczuk apresenta três características distintas da narrativa jornalística na Web: a) fragmentada, na medida em que é proposta em hipertexto; b) individualizada ou personalizada, por ser fruto da construção particularizada de cada leitor; c) efêmera, por ser circunstancial e dificilmente reconstruída exatamente da mesma forma por leitores diferentes ou até mesmo pelo mesmo leitor em momentos distintos. (MIELNICZUK, 2002, p. 14) No jornalismo, essa narrativa geralmente começa pelo meio e segue com um histórico que vai contextualizar. Esses são os valores da Pirâmide Invertida que coloca a “disposição das informações, por ordem decrescente de importância, em um texto jornalístico” (RABAÇA E BARBOSA, 2001, p. 568). Motta (2005, p. 4) argumenta que a narrativa não poder ser vista “como uma composição discursiva autônoma, mas como um dispositivo de argumentação na relação entre sujeitos”.
  • 32. 32 Estudar as narrativas jornalísticas é descobrir os dispositivos retóricos utilizados pelos repórteres e editores capazes de revelar o uso intencional de recursos linguísticos e extralinguísticos na comunicação jornalística para produzir efeitos (o efeito de real ou os efeitos poéticos). Neste sentido, afirmamos que o jornalismo é uma linguagem argumentativa e não há um estilo jornalístico, mas sim uma retórica jornalística. Quem narra tem sempre algum propósito ao narrar: nenhuma narrativa é ingênua, muito menos a narrativa jornalística (MOTTA, 2005, p.9). Mielniczuk (2002, p.2) afirma que nos webjornais é observada a existência de dois níveis de narrativas, sendo a primeira voltada para um demanda imediatista que serve uma abordagem concisa e textos pequenos. A segunda abordagem é mais aprofundada, geralmente sessões especiais de grandes reportagens. No entanto, conforme frisa a autora, “mesmo nestas coberturas mais extensas, não significa que os recursos oferecidos pela Web sejam totalmente explorados”. Nesse contexto, Mielniczuk propõe três características da narrativa para a web: 1) a forma, ou seja, a aparência que assume a notícia apresentada; 2) os recursos específicos do suporte que são empregados na narrativa jornalística, tais como texto escrito, sons (narração, música, depoimento, etc.) e imagens (fotografia, vídeo, infografia, etc.); 3) as diferentes configurações utilizadas para gêneros distintos, por exemplo, o formato da entrevista, o formato de uma nota, o formato de uma reportagem, entre outros (MIELNICZUK, 2003, p.72). Já Motta (2005, p.2) afirma que as narrativas midiáticas podem ser fáticas ou fictícias. “Produtos veiculados pela mídia exploram narrativas fáticas, imaginárias ou híbridas procurando ganhar a adesão do leitor, ouvinte ou telespectador, envolvê-lo e provocar certos efeitos de sentido” (MOTTA, 2005, p.2). O autor ainda acrescenta que a exploração tipo fática de narrativa, se deve à necessidade de causar o efeito do real (objetividade), já no modo fictício para causar efeitos emocionais (subjetividades). Ribas considera que existam subcategorias de narrativas e propõe três tipos distintos: 1) linear 2) hipertextual básico e 3) hipertextual avançado. Por linear entende que seja uma narrativa que contém início, meio e fim bem definidos e divididos. Nesse caso facilmente identificados. A autora compara esse tipo de narrativa com o primeiro estágio do jornalismo digital, quando o conteúdo dos jornais impresso era reproduzido na web. “As matérias não oferecem níveis de aprofundamento e a construção da notícia é linear, exatamente igual à veiculada pelo congênere impresso” (RIBAS, 2004, p.9).
  • 33. 33 No jornalismo digital, a narrativa ganha novas ramificações como 1) a narrativa hipertextual, criada com o auxílio de hiperlinks e hipertextos; 2) a narrativa multimídia, que se utiliza de som, imagem, vídeo, etc. para compor e completar a história; e a 3) narrativa transmídia, que transcende da mídia para outros produtos e ramificações, não necessariamente jornalísticas. Essas três ramificações serão melhor abordadas nas próximas páginas desta monografia. 2.1.1 - Narrativa hipertextual Com o surgimento do hipertexto, cria-se uma nova forma de narrativa que não fica presa a apenas uma página, mas perpassa por várias outras páginas com conexões através de links. “O leitor do jornal impresso já estava acostumado a ler hipertextualmente muito antes da existência do hipertexto. Ninguém lê um jornal como se lê um romance, da primeira à última linha” (PALÁCIOS, 2005, p.10). Antes de começar a falar sobre o hipertexto e aprofundar o que já foi estudado no capítulo um, devemos apresentar o significado de hipertexto. Deleuze e Guatarri (2007, p.74) define hipertexto como “um conjunto de nós de significações interligados por conexões entre palavras, páginas, fotografias, imagens, gráficos sequências sonoras etc.”. Já Rabaça e Barbosa (2001, p.362) conceituam hipertexto como “modo de organização e acesso de informações característico da web, operacionalizado através da linguagem de programação HTML”. Os mesmo autores também conceituam hiperlink, que para eles é o mesmo que link, “palavra, frase ou ícone em destaque, que remete o usuário para outra parte do texto, outra página, site ou hiperdocumento”. Com a Web, esse recurso se tornou ainda mais evidente e passou a ser melhor aproveitado. “A novidade do hipertexto digital, então, não está na não linearidade ou na intertextualidade em si mesmas, mas no link, o recurso técnico é que vai potencializar a utilização de tais características” (MIELNICZUC E PALÁCIOS, 2001, p.6). São as narrativas hipertextuais que causa uma complexidade diferenciada no modo de fazer jornalismo. “O termo narrativa hipertextual tem figurado em muitos trabalhos relacionados ao jornalismo digital, até mesmo naqueles que se detém sobre a estrutura e a lógica dos hipertextos.” (SEIXAS, 2005, p.1).
  • 34. 34 O hipertexto criou a possibilidade de leitura não linear, transformando os dados espaciais e temporais da produção e da exploração da informação. É possível saltar de um documento a outro e fazer tanto a leitura clássica linear quanto um percurso individual. Pode-se navegar em fragmentos, compostos não necessariamente de textos e recompostos segundo os desejos, interesses e intuições do leitor (MURAD, 1999, p.6). Mielniczuk e Palácios (2001, p.6) afirmam acreditar que “o link é o elemento realmente inovador apresentado pelo hipertexto em suporte digital”. Para os dois, “essa afirmação está calcada, principalmente, em dois motivos que estão relacionados, um deles, com a característica da intertextualidade, e o outro com as características da multimidialidade”. O hipertexto utilizado no ambiente das redes telemáticas vai permitir em uma mesma tela a coexistência de textos, sons e imagens, tendo como elemento inovador a possibilidade de interconexão quase instantânea através de links, não só entre partes de um mesmo texto, mas entre textos fisicamente dispersos, localizados em diferentes suportes e arquivos integrantes da teia de informação constituída pela Web. Trata-se de um padrão de organização da informação até então não utilizado na narrativa jornalística, sendo essencial buscar-se na teoria do hipertexto, caminhos que possam subsidiar especulações sobre os formatos da narrativa jornalística nessa nova situação de sua produção e consumo (MIELNICZUK E PALÁCIO, 2001). A narrativa hipertextual básica é a utilização de escassos links externos como complemento do texto. “A interatividade é pouco explorada, mas já aparecem iniciativas como a disponibilização de enquetes ou chat” (RIBAS, 2004, p.9). No estágio avançado, narrativa hipertextual avançada, os links passam a fazer parte da narrativa com informações necessárias para o entendimento do texto. “São explorados níveis de interatividade como o uso jornalístico do chat, enquetes e possibilidades do usuário comentar notícias e ler comentários de outros usuários” (RIBAS, 2004, p.10). No jornalismo, essas narrativas detêm um grau de responsabilidade maior que qualquer outro tipo de narrativa, uma vez que no segmento essa narrativa possui o poder de mudar o rumo de um fato. A narrativa é construída através da linkagem de elementos de uma base de dados em uma ordem particular, isto é, traçando uma trajetória que leva de um elemento a outro. No nível material, a narrativa é só um conjunto de links, os elementos, por si só, permanecem guardados em uma base de dados. [...] Uma narrativa interativa (que pode ser chamada de “hipernarrativa” em analogia ao hipertexto) pode ser entendida como a soma de múltiplas trajetórias através de uma base de dados. A narrativa linear tradicional é uma entre várias outras trajetórias, isto é, uma escolha particular feita em uma hipernarrativa (MANOVICH, 2001, p. 200-201 apud FREIRE, 2010, p. 65).
  • 35. 35 Moherdaui (2007, p.150) coloca que “o texto multilinear na web engloba a maioria dos gêneros jornalísticos, com exceção da reportagem especial, denominada multiforme. A notícia hipertextual [...] é um exemplo disso”. Para Deleuze e Guatarri (2007, p.77) “o hipertexto fomenta a narrativa como algo capaz de expressar e articular a diferença como diversidade e multiplicidade”. 2.1.2 - Narrativa Multimídia A possibilidade de utilizar recursos como textos, fotos, imagens, mapas e áudio, integrando-os na mesma mensagem, incrementam a produção (MURAD, 1999, p.6), assim é a narrativa multimídia, que se utiliza muitas vezes da convergência para produzir efeitos mais expressivos na maneira de fazer o jornalismo. “Com o digital, a forma de distribuição e de armazenamento são independente, multimodais, onde a escolha em obter uma informação sob forma textual, imagética ou sonora é independente do modo pelo qual ela é transmitida” (LEMOS, 2010, p. 69). Prado (2011, p.125) afirma que multimídia é elemento fundamental da era do webjornalismo. “Muito além do jornalismo, trata-se da possibilidade de produzir vídeos, slideshows e micro documentários muitas vezes com esmero estático apurado, o que inclui roteiro, trilha musical, etc.” (2011, p.125). Já Mielniczuk (2002, p.2) apresenta o multimídia como “um tipo de narrativa que utilizaria as potencialidades oferecidas pela Web na narração do fato jornalístico”. Por multimídia, Rabaça e Barbosa (2001, p.501) entendem que é “um recurso de comunicação informatizada que integra textos, sons e imagens, transmitidos através de redes internet ou intranet, armazenados em CD-ROM etc.”. Já Dizard (2000. p.292) define multimídia como “sistemas de fornecimentos de informações que combinam diferentes formatos de conteúdo (por exemplo, texto, vídeo e som) e instalações de armazenamento (por exemplo, fitas de vídeo, fitas de áudio, discos magnéticos, discos ópticos)”. Assim, a comunicação narrativa pressupõe uma estratégia textual que interfere na organização do discurso e que o estrutura na forma de sequências encadeadas. Pressupõe também uma retórica que realiza a finalidade desejada. Implica na competência e na utilização de recursos, códigos, articulações sintáticas e pragmáticas: o narrador investe na organização narrativa do seu discurso e solicita uma determinada interpretação por parte do seu destinatário (MOTTA, 2005, p.2).
  • 36. 36 Machado (2007, p. 114) fala também em narrativa interativa que surge a partir da interação do leitor com o conteúdo publicado na internet. Esse tipo de narrativa só se sustenta com a participação contínua desses leitores como coautores da informação. Para o pesquisador, “a narrativa interativa torna a função do autor mais difícil do antes da interação digital devido à necessidade de reagir às modificações decorrentes das ações dos tele-atores e das reações dos personagens”. Munhoz (2007, p.2) afirma que “a multimidialidade, articulada com a interatividade afeta os conceitos próprios de imagem jornalística e o uso desta, com a possibilidade de manuseio digital e mesmo da apropriação e mudança dos formatos pelo receptor”. No entanto, esse item será mais bem abordado em outro tópico deste trabalho. 2.1.3 – Narrativa Transmidiática Dentre todas as narrativas estudadas até o momento, neste trabalho, a mais nova e ainda sem muitas ramificações no jornalismo é a narrativa transmídia. Os estudos sobre esse tipo de narrativa estão ligados ao entretenimento. Jenkins (2008, p.170) afirma que “estamos descobrindo novas estruturas narrativas, que criam complexidade ao expandirem a extensão das possibilidades narrativas, em vez de seguirem um único caminho, com começo, meio e fim”. Narrativa transmídia e convergência são termos frequentemente usados no âmbito do jornalismo contemporâneo (ALZAMORA E TÁRCIA, 2012, p.15), mesmo que a narrativa transmídia não seja plenamente utilizada pela área. Jenkins (2008, p.138) afirma que “uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo”. Para Gregolin (2010, p.5), “a narrativa transmidiática representa um processo no qual os elementos de uma obra ficcional são dispersos sistematicamente por meio de múltiplos canais de distribuição a fim de criar experiências de entretenimento unificadas e coordenadas”. Dessa forma, a narrativa é composta por várias mídias que não são interligadas entre si, mas que acrescentam informação ao fato narrados de acordo com suas peculiaridades. Massarolo e Alvarenga (2010, p.1) ressaltam que “num cenário em que a marca não é mais propriedade dos grupos de mídia, a franquia transmídia se torna a arte de construir
  • 37. 37 mundos como marca cultural”. Jenkins apresenta uma maneira real de ser da narrativa transmidiática: Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões. Cada acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado é um ponto de acesso à franquia como um todo. A compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva mais o consumo. A redundância acaba com o interesse do fã e provoca o fracasso da franquia (JENKINS, 2008, p.138). Transmidiática, a narrativa sempre apresenta uma forma diferente para o usuário do conteúdo. Alzamora e Tárcia (2012, p.17) discorrem sobre os sete princípios da narrativa transmídia, elencados por Jenkins (2009). São eles: potencial de compartilhamento x profundidade; continuidade x multiplicidade; imersão x extração; construção de universos; serialidade; subjetividade e desempenho. A partir desses princípios é possível, segundo os autores, sustentar uma narrativa transmídia. Massarolo e Alvarenga (2010, p.3) acrescentam que “uma das principais características da narrativa transmídia é que ela nos permite reformular o entendimento das relações entre o público, produtores e textos”. Jenkins (2008, p.138) ainda coloca que “uma boa franquia transmídia trabalha para atrair múltiplas clientelas, alterando um pouco o tom do conteúdo de acordo com a mídia”. Assim de acordo com a mídia a narrativa é modificada para atingir a um público alvo. Alzamora e Tárcia (2012, p.2) acrescentam que “para que uma narrativa se expanda transmidiaticamente, ela deve, necessariamente, apresentar uma dimensão intermidiática e, não raro, configurar-se multimidiaticamente”. Essa narrativa tem sua própria maneira de se veicular por diversas mídias e de maneiras distintas, mas se completando. “A narrativa transmídia é o instrumento que o contador de histórias contemporâneo utiliza para criar espaços narrativos que requerem a participação e a imersão do consumidor num mundo imaginário” (MASSAROLO E ALVARENGA, 2010, p.6). Alzamora e Tárcia (2012, p.28) afirmam que a construção de uma narrativa transmídia deve ser planejada desde sua origem, exigindo modos peculiares de produção jornalística em rede. No entanto, esse é um tipo raro de narrativa jornalística porque necessita de padrões
  • 38. 38 jornalísticos que ainda não foram totalmente sistematizados. “O processo de produção e circulação das narrativas transmidiáticas requer alto grau de coordenação entre diferentes setores de mídias, envolvendo uma teia complexa de franchising e licenciamento de produtos” (PETERSEN, 2006, p. 95 apud GREGOLIN, 2010, p. 12). 2.2 – Narrativa Multimidiática A narrativa multimídia é aquela que abrange diversos suportes de comunicação em um único arquivo, transformando essa matéria em algo mais completo e bem elaborado. “No meio web, o termo multimídia reúne diversos formatos de apresentação da informação, como texto, áudio, vídeo, fotográficas e animações. Todos organizados e interconectados.” (MARQUES, 2013, p.20). Luna (2007, p.74) argumenta que a uma mensagem multimídia congrega, além da narrativa hipertextual, características de interatividade e da multilinearidade, avaliando a postura do leitor ao navegar pelo infográfico digital, a personalização, visto que ocorrem escolhas de caminhos individuais na ação interativa de navegação. Salaverría observa que o uso da multimidialidade nos cibermeios atuais pode ser considerado como muito modesto. A maioria dos cibermeios que se apresentam como ‘multimídia’ em realidade oferecem apenas textos, imagens e sons que se podem consumir de maneira separada ou consecutiva. Somente alguns cibermeios, para o autor, precisamente aqueles de vanguarda, começaram a experimentar com a combinação desses elementos multimídia em um único discurso (SALAVERRÍA, 2005 apud LONGHI, 2010, p.3). Salaverría (2005 apud LONGHI, 2010, p.3) salienta que a multimidialidade pode ser utilizada em dois aspectos distintos: “por justaposição, quando os elementos – textos, imagens e sons estão colocados lado a lado, desagregadamente; e por integração, quando tais elementos são reunidos no mesmo suporte e possuem unidade comunicativa sendo articulados em um discurso único e coerente”. A narrativa multimídia tem características distintas de outras narrativas jornalísticas. Como já estudamos, o fator preponderante que tem elevado às expectativas da narrativa multimídia é a convergência das mídias. Uma narrativa multimídia pode ser composta por vídeo, áudio, texto, gráficos e imagens, todos juntos ou combinados entre si. Gamela, Silva e Freitas (2011) apresentam cinco elementos integrantes da narrativa multimídia: vídeo, áudio, texto, imagem e gráficos.
  • 39. 39 Rost (2013, p.55, tradução nossa) afirma que é importante a experimentação multimídia. Segundo o autor, a ideia seria definir novas narrativas, diversão, mudar a rotina, aprender novas abordagens e criar um local para ler muito mais interessante do ponto de vista do repórter e do leitor. Marques (2013, p.31) afirma que dessa forma a reportagem multimídia adquire um caráter documental, reunindo recortes da realidade. Para o pesquisador “esse tipo de material oferece ao leitor uma estrutura multidimensional de informações”. Com isso permite que “novos tipos de experiência, em que, através da interatividade, ele pode ter um contato mais direto com as várias narrativas feitas pelo autor, podendo escolher a ordem de leitura” (MARQUES, 2013, p.31). Com essa mudança no modo de pensar e fazer noticia, propiciada pelas tecnologias digitais, somada ao desenvolvimento do flash e outros softwares de edição, especialmente a partir de 2005 as reportagens multimídia começam a ser mais valorizadas dentro dos sites noticiosos, destacando-se como grandes produções de alta complexidade, as quais demandam tempo e deslocamento de equipe (WEBER, 2011, p.40). Pinho (2003, p.187) coloca que a notícia produzida para a web com estrutura não linear, deve ser planejada antecipadamente por uma equipe de profissionais voltados para a web. A narrativa jornalística na internet deve ser pensada a partir dos pontos já estudados. Esse pensamento será melhor abordado no próximo tópico. 2.3 – Elementos da narrativa multimídia A web trouxe mais combinações de elementos que dão suavidade, ação e movimento à narrativa jornalística. A narrativa digital pode ser composta de diversos elementos combinados ou hiper-ligados a fim de formar, ou não, uma narrativa linear e multifacetada. Como já vimos no tópico anterior, Gamela, Silva e Freitas (2011) apresentam cinco elementos integrantes que compõe a narrativa na web (vídeo, áudio, texto, imagem e gráficos). Os mesmo elementos são citados por Paul (2007, p. 123) que acrescenta ainda a animação como elemento da narrativa digital. A autora também cria uma metodologia para se estudar as narrativas multimídia, metodologia essa que será utilizada para a realização da análise dessa monografia. Para tratar da questão da falta de especificidade e superar a imprecisão do termo “interatividade”, nós desenvolvemos uma taxonomia para as
  • 40. 40 narrativas digitais. Essa taxonomia divide atributos específicos da narrativa digital em cinco “elementos”: mídia, ação, relacionamento, contexto e comunicação. A maior parte desses elementos é herdada de outras mídias, mas uma combinação exclusiva de elementos no ambiente digital permite novas possibilidades narrativas. (PAUL, 2007, p.122) A ideia dos cinco elementos se refere a uma possibilidade melhor de entender a narrativa multimídia e classificá-la da melhor maneira possível. Por isso a escolha da categorização de Paul para a análise deste trabalho. No entanto, primeiro é preciso apresentar esse sistema. 2.3.1 Mídia “Mídia refere-se aqui ao tipo de expressão usada na criação do roteiro e suportes da narrativa” (PAUL, 2007, p. 123). Aqui entram os elementos característicos apresentados por Gamela, Silva e Freitas (2011), acrescentando, porém, a animação citada por Paul. “O ambiente digital permite ao narrador usar qualquer um ou todos esses tipos de mídia na apresentação de seus textos” (PAUL, 2007, p.123). O vídeo apresenta a imagem e o áudio em sincronia. Gamela, Silva e Freitas (2011, p.19) afirmam que “o recurso vídeo como elemento noticioso é essencial porque coloca o utilizador no tempo e no espaço, adequando-o a essa realidade”. Segundo os autores, esse elemento impõe dinamismo à narrativa e pode ser usado em ocasiões em que a descrição do fato através do texto, torna-se difícil. Rabaça e Barbosa (2001, p.754) definem vídeo como a parte visual de uma transmissão de TV ou de filme. Rost (2013, p.54, tradução nossa) afirma que o vídeo tem um valor informativo e atratividade que é insuperável. No caso do recurso áudio, Gamela, Silva e Freitas (2011, p.20) afirmam que “é um meio utilizado essencialmente para permitir ao utilizador vivenciar um determinado acontecimento”. Os pesquisadores colocam que esse elemento tem o poder de intensificar as emoções, permitindo uma maior envolvência na contextualização dos fatos. “O áudio pode ser utilizado de forma autónoma ou complementar” (GAMELA, SILVA E FREITAS, 2011, p.20). O áudio é uma parte a mais que deve acrescentar informação à narrativa. “Parte sonora se qualquer programa ou apresentação multimídia, filme, vídeo, programa de televisão, etc” (RABAÇA E BARBOSA, 2001, p.48).
  • 41. 41 Quanto ao texto, Gamela, Silva e Freitas (2011, p.20) argumentam que “o texto criado para os sites informativos aproxima-se muito dos bons textos de agência: pirâmide invertida, frases curtas, divisão do texto em blocos”. Segundo os pesquisadores, como esses textos podem sofrer modificações a qualquer momento, eles ganham uma vida mais longa. O texto é o resultado da apuração traduzida para a linguagem em que o leitor vai compreender. Rabaça e Barbosa (2001, p. 723) definem texto como a parte escrita ou falada da mensagem. “Tudo o que, num anúncio, é expresso em palavras (incluindo, se for o caso, título, entrada, bloco de texto; fecho, legendas, rodapé etc.)” (BARBOSA e RABAÇA, 2001, p.723). “As fotografias podem ser utilizadas de duas formas distintas: individualmente, para criar ambiente e contextualização do tema, ou sequencialmente, tendo como principal objetivo construir uma narrativa” (GAMELA, SILVA E FREITAS, 2011, p.31). Os pesquisadores afirmaram que a utilização da imagem deve levar em consideração o contexto e o enriquecimento da informação. As imagens são ilustrações que mostram o contexto de forma mais contundente, quando o texto ou o áudio não conseguem exemplificar o fato. Rabaça e Barbosa (2001, p.377) conceituam imagem como o conjunto de opiniões subjetivas de um indivíduo, do público ou de um grupo social, a respeito de uma organização, empresa, produto, marca, instituição, personalidade etc. “A imagem é uma representação mental, consciente ou não, formada a partir de vivências, lembranças e percepções passadas e passível de ser modificada por novas experiências” (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p.377). Para Rost (2013, p.54, tradução nossa), a fotografia é um recurso que é recorrente, mas que os sites de notícias têm preterido a partir do desenho e da edição do jornalismo. Gamela, Silva e Freitas (2011, p.31) apresentam a infografia como “a apresentação visual de informação que pretende transmitir conteúdos, explorando princípios e ferramentas visuais que permitam ao receptor retirar conhecimento dessa visualização”. A infografia é um elemento que pode acoplar a imagem, o texto e a animação, tonando-se uma característica completa da narrativa digital. Montenegro (2013, p.115, tradução nossa) ressalta que as narrativas que usam gráficos animados com fluxogramas ou tabelas dinâmicas são imersivas em notas temporárias ou descritivas.
  • 42. 42 Segundo os pesquisadores, “a infografia trabalha essencialmente com três tipos de elementos: mapas, gráficos e diagramas”. A infografia, também usada no jornalismo impresso, ganha novas maneiras de ser inserida nas narrativas, passando a ser interativa e animada. “Em outras palavras, o infográfico pode e muitas vezes o faz, atrair o leitor, antes mesmo dos títulos das matérias e do próprio texto, em si” (TEIXEIRA, 2006, p. 6). A animação seria um vídeo curto, produzido a partir de imagens. “Gênero cinematográfico baseado na filmagem quadro-a-quadro de desenhos ou bonecos decompostos em cada estágio do movimento” (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p.29). Montenegro (2013, p.122, tradução nossa) coloca que a multimídia especial e os gráficos animados são exercícios para tornar a cibercultura seções em vez de conjuntos na mídia on-line. Voltando ao elemento mídia, que agrega todos os elementos anteriormente citados, Paul (2007, p.123) apresenta a mídia sob a ótica de quatro aspectos diferentes: configuração, tipo, ritmo e edição. Por configuração a pesquisadora afirma que diz respeito às mídias utilizadas para a composição da narrativa. Essas mídias podem ser: individuais, utilização de apenas uma mídia; múltipla, inclui várias mídias; e multimídia, que usa várias mídias interligadas para uma apresentação articulada. O tipo identifica especificamente qual a mídia utilizada: texto, vídeo, áudio, etc. O fluxo questiona se a mídia é gravada (assincrônico) ou ao vivo (sincrônico). Por último o tempo “refere-se ao grau de alteração ou edição que o conteúdo tem de sofrer” (PAUL, 2007, p.124), se ele é em tempo real ou editado. 2.3.2 Ação “Ação refere-se a dois aspectos distintos do desenho da narrativa digital: o movimento próprio do conteúdo e a ação requerida pelo usuário para acessar o conteúdo” (PAUL, 2007, p.124). Dessa forma é necessário saber se o conteúdo é dinâmico, possui movimento, ou estático, parado. Paul (2007, p.124) coloca que esse mesmo conteúdo pode ser ativo, quando é necessário fazer algum clique ou movimento na tela para que ele se mova; ou passivo, quando ele se move naturalmente. Sem contar nas inúmeras combinações entre conteúdos dinâmicos, estáticos, ativos e passivos.
  • 43. 43 2.3.3 Relacionamento Esse relacionamento é definido por Paul (2007, p. 125) como fechado ou aberto. O conteúdo fechado não abre possibilidade de interação do usuário com a informação, enquanto que o aberto apresenta essa versatilidade. A pesquisadora apresenta ainda cinco tipos de conteúdo aberto: 1 – Linear, quando não é possível escolher a ordem de leitura; ou não linear; 2 – Customizável, quando o leitor pode apresentar a informação à sua maneira; ou padrão, que segue as regras de apresentação inicialmente elaboradas pelo canal web; 3 – Calculável, amplamente usado em enquetes que necessitam da interação do público para existir; ou não-calculável; 4 – Manipulável, quando o leitor pode movimentar um conteúdo pela página e colocá-lo onde bem entender; ou fixo, quando não há como mover; 5 - Expansível, quando há como acrescentar ou modificar o conteúdo; ou limitado, quando não há essa possibilidade de modificação. 2.3.4 Contexto Contexto é definido como o “grupamento linguístico em que atua um determinado elemento (fonema, palavra, frase)” (RABAÇA e BARABOSA, 2001, p.183). Paul (2007, p. 125) afirma que “no caso das narrativas digitais, a habilidade de proporcionar conteúdo adicional, remetendo a outros materiais, é um traço poderoso”. A pesquisadora afirma que para estudar o contexto da narrativa multimídia é necessário verificar os seguintes pontos: 1 – A narrativa é hipermidiática, quando outros materiais são relacionados ao conteúdo principal, com a utilização de links; ou autoexplicativa; 2 – Os links são embutidos no texto ou são colocados em paralelo com o conteúdo; 3 – Os links são internos, quando remete o leitor ao próprio site; ou externo, quando manda o leitor para outra página; 4 – Os links são suplementares, quando trazem um conteúdo diferente do que já foi exposto; ou duplicativos, quando apenas repetem uma informação já dita;
  • 44. 44 5 – O link tem o objetivo de ser contextual, quando apresenta material específico para a narrativa; ou relacionado quando relaciona conteúdos similares com a narrativa. 2.3.5 Comunicação “O elemento comunicação diz respeito à habilidade de se conectar com os outros por meio da mídia digital” (PAUL, 2007, p.126). A pesquisadora apresenta cinco aspectos dessa comunicação: a) configuração, como o leitor se comunica com o repórter, veículo, etc.; b) tipo, qual o modo de comunicação; c) direcionamento, se é ao vivo ou gravada; d) moderação, se é examinada ou editada antes de ser publicada; e) objetivo, se é usado para troca de informações, registro ou comércio. Com essa metodologia Paul apresenta os elementos principais que devem conter em uma narrativa multimídia, sintetizando como seve ser uma composta uma narrativa dessa forma. Com essa metodologia será feita a análise reportagem da Folha de S. Paulo sobre a usina de Belo Monte.
  • 45. 45 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho foi pensado a partir da escolha de uma reportagem multimídia diferenciada como objeto de estudo de sua narrativa multimídia. Esse tipo de reportagem ainda é novo meio jornalístico, tendo seu primeiro exemplar publicado pelo jornal americano The New York Times. A escolha do tema Jornalismo Online e da reportagem A Batalha de Belo Monte como objeto de estudo é reflexo das novas concepções de jornalismo na web e do casamento do jornalismo com o avanço da tecnologia, crescendo assim as formas de se publicar uma notícia no meio online. Como o jornalismo multimídia trabalha com diversos conceitos de publicação de formação da notícia, este trabalho buscou primeiramente conceituar e explicar esses conceitos para depois analisar a reportagem de maneira significativas, colocando em prática o que foi abordado. Para isso, se buscou autores de renome no assunto, que fundamentar o que foi escrito no trabalho. Essa pesquisa foi realizada de duas formas. Primeiro foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre o tema para a fundamentação do assunto. Depois foi utilizado o modelo de análise proposto por Paul (2007) em seu artigo Elementos das narrativas digitais. A utilização desse dois métodos proporcionou a realização de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, sendo que foram observados diversos livros e artigos sobre jornalismo digital, multimidialidade e convergência e por fim as reportagens multimídia e seus elementos estruturais. A etapa seguinte desta pesquisa é buscar pelo problema de pesquisa e objetivos geral e específicos. Neves (1996, p.1), afirma que “a expressão pesquisa qualitativa assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados”. Os estudos denominados qualitativos têm como preocupação fundamental o estudo e a análise do mundo empírico em seu ambiente natural. Nessa abordagem valoriza-se o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo estudada. No trabalho intensivo de campo, os dados são coleta dos utilizando-se equipamentos como videoteipes e gravadores ou, simplesmente, fazendo-se anotações num bloco de papel. Para esses pesquisadores um fenômeno pode ser mais bem
  • 46. 46 observado e compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte (GODOY, 1995, p. 6). Para que o leitor possa entender a organização deste trabalho, primeiro foram apresentados detalhes sobre o jornalismo digital, um breve histórico sobre surgimento e consolidação, seus conceitos, as fases que caracterizaram mudanças e sua forma de ser exposta, as principais características de sua publicação e a convergência dessas mídias para se formar uma perfeita narrativa multimídia. Essa parte foi fundamentada principalmente por autores como Luciana Mielniczuk (2003), Luciana Moherdaui (2007), Pollyana Ferrari (2009), J. B. Pinho (2003), Liana Vidigal Rocha (2011), Canavilhas (2006) e Suzana Barbosa (2001), entre muitos outros autores que contribuíram para a criação deste trabalho. Na segunda fase deste trabalho, foram estudadas as narrativas jornalísticas na web. Começamos com os conceitos e caracterizações dessas narrativas, passando a abordar o conceito de narrativa multimidiática e suas características, assim como as narrativas hipermidiáticas e transmidiáticas, finalizando com a descrição dos elementos de uma narrativa multimidiática. Neste capítulo foram utilizados autores como Nora Paul (2007), Beatriz Ribas (2004), Luiz Gonzaga Motta (2005), Henry Jenkins (2008), Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (2001) que fizeram contribuições excelentes e aprofundadas a esta pesquisa. Com a explanação sobre esses assuntos que foram expostos em capítulos como Jornalismo e Internet e Narrativas Jornalísticas na Web foi possível abordar a narrativa multimidiática conforme a metodologia de pesquisa apresentada por Nora Paul (2007) para traçar as características multimídias da reportagem A Batalha de Belo Monte. No entanto, a análise aprofundada dessas características só foi possível a partir do estudo de autores conceituados no ensino do jornalismo digital como os citados anteriormente. Concluída esta etapa, passamos à busca pelo problema de pesquisa e objetivos geral e específicos desta pesquisa. Um problema científico a ser pesquisado surge quando, interessando-se por certa temática ou área de estudos, o pesquisador descobre: a) com maior frequência uma lacuna a ser preenchida, usando os quadros teórico-
  • 47. 47 metodológicos disponíveis; b) ou uma falha no campo do saber (ou seja, o historiador está em desacordo com conhecimentos ou teorias antes admitidos) (GIL, 2002, p. 1). Por isso, este trabalho está se propondo a responder a seguinte pergunta: a reportagem da Folha de S. Paulo sobre a Usina de Belo Monte, publicada em dezembro de 2013, contém elementos multimídia em sua estrutura que resultam em uma narrativa convergente? Seguindo a análise do jornalismo digital, o problema de pesquisa busca descobrir se com a convergência das mídias, analisadas uma a uma, segundo a metodologia de pesquisa de Paul (2007), a reportagem da Folha de S. Paulo pode ser considerada uma reportagem multimídia completa. O objetivo geral da pesquisa é saber se a reportagem contém os elementos descritos por Paul (2007) e quais estão em evidência na reportagem, tornando-a uma narrativa multimídia. Para tanto, devemos descobrir inicialmente os objetivos específicos que consistem em apresentar os conceitos de jornalismo digital, bem como suas funcionalidades, características e formatos; relatar informações e dados sobre a narrativa multimídia, como a convergência e o transmídia; relacionar esses itens anteriores com a reportagem e traçar os elementos que a tornam uma narrativa multimidiática. A análise foi feita em cima da reportagem A Batalha de Belo Monte produzida pelo jornal online A Folha de S. Paulo. A partir desse objeto de estudo foi possível estudar como o jornal utilizou as características da multimidialidade apresentadas por Paul (2007) para construir uma narrativa de mídias interconectadas, apresentando um formato totalmente diferenciado. A escolha desse objeto de estudo se deu porque foi uma das primeiras narrativas multimídias, nesse formato, produzidas por um jornal brasileiro. Na análise foi apresentado um breve histórico sobre a Folha de S. Paulo e um breve panorama sobre a usina de Belo Monte, foco principal da reportagem. A partir disso foi realizada uma análise preliminar a partir da metodologia apresentada por Paul (2007), passando por uma segunda análise um pouco mais aprofundada, culminando na análise principal que agregou as duas primeiras análises e junto com exemplos retirados da reportagem. Para auxiliar na análise, foram feitos prints das páginas que exemplificam alguns aspectos abordados. Para tanto foram utilizados o elemento do Windows, Print Screen para fotografar partes da página; e o aplicativo do Google Chrome, Webpage Screenshot para