1) Cinco faculdades de Curitiba participaram da 1a Gincana Acadêmica Solidária na Ilha das Peças no Paraná, promovida pelo Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes.
2) As equipes participaram de provas como equilíbrio em canoa, limpeza da orla, resgate cultural da culinária local e projetos para melhorias na comunidade.
3) A equipe do Centro de Pós-Graduação e Extensão das Faculdades Integradas Espírita foi a
2. Unir conhecimento acadêmico com o popular nem sempre é fácil, mas não
impossível.Pessoas que aprenderam e cresceram com valores diferentes podem,
sim, aprender umas com as outras. Esta realidade foi percebida no início do
mês de maio, quando o Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade
Socioambiental Chico Mendes realizou a 1ª GincanaAcadêmica Solidária,na Ilha
das Peças,Litoral do Paraná.O local faz parte do Parque Nacional do Superagui,
reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO), como Patrimônio da Humanidade desde 1999, e um dos
maiores complexos estuarinos lacunares do planeta.
3. Foi na Ilha das Peças, Litoral do Paraná, que participaram
cinco entidades de ensino superior de Curitiba, com equipes
de 13 componentes cada, da 1ª Gincana Acadêmica Solidária,
promovida pelo Instituto Internacional de Pesquisa e Responsa-
bilidade Socioambiental Chico Mendes.As Faculdades Integradas
Espírita (UNIBEM) formaram a equipe cor azul-claro; o Centro
de Pós-Graduação e Extensão das Faculdades Integradas Espírita
(CPGEX),a verde;a equipe de cor amarela era a da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR);a de cor azul,a Faculdade
Bagozzi;e a equipe da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUC-PR) ficou com a cor vermelha.
A forma de interação entre os participantes começou na
união das barracas no acampamento, estendida para os almoços
e jantares, fazendo com que, assim, movimentassem a economia
local. Também juntos, cumpriram uma das principais provas,
solicitada uma semana antes do evento, chamada de “Corações
Quentes”.O objetivo da prova era trazer roupas para o inverno,
e os resultados acumulados foram 262 pares de calçados, 1.154
peças de roupas e 626 livros,que foram doados para aAssociação
dos Moradores da Ilha das Peças.
Para que realmente houvesse uma fiel troca de conhecimento,
a organização da Gincana propôs provas baseadas no dia-a-dia
dos caiçaras, nome dado aos nativos do litoral paranaense. Uma
delas foi a do equilíbrio na canoa. Parece fácil? Para quem vê,
somente. A dupla vencedora, da Faculdade Bagozzi, ficou de pé
em uma por apenas 17 segundos.
Outras provas de resistência física também foram solicitadas,
como remo, torneio de volêi, busca de objetos (dentre eles, um
pingüim de geladeira) e grito de guerra.O destaque foi para a da
corrida pela limpeza da orla. Juntas, as equipes arrecadaram, no
fim, cerca de 700kg de lixo reciclável.
A integração com os nativos começou com o resgate
cultural. Os estudantes aprenderam com os moradores como
fazer receitas nativas, entre elas a da ostra gratinada, torta de
aipim, filé de peixe empanado, arraia desfiada, peixe salgado com
banana e a bebida típica da região, a “Cataia”. Brincadeiras com
objetos recicláveis foram realizadas com as crianças da Ilha. Os
moradores também tiveram aulas de educação sexual,alimentar
e bucal; ensino do uso de métodos contraceptivos; revitalização
das placas de sinalização, entre outros assuntos. Práticas como
essas faziam parte da prova“Ações Sociais”,concluída com êxito.
Os“anjos”,moradores escolhidos para orientar uma equipe,
também ajudaram:cederam espaços em suas casas para aprender
com os estudantes diversas formas de compostagem (reciclagem
do lixo).Tais ações incentivaram a interação entre os estudantes
e a comunidade local.No fim,uma partida de futebol uniu mora-
dores e acadêmicos.O time masculino dos estudantes perdeu de
7 a 0 para o time da casa, enquanto a partida feminina terminou
com o placar de 0 a 0.
Segundo o pescador e vice-tesoureiro da Associação dos
Os estudantes animados: pose no ônibus, na saída de Curitiba,
empolgados com a nova disputa.
EmParanaguá,osestudantesembarcamnabaleeiraqueoslevouà
IlhadasPeças.Aconcentraçãodasequipescomeçounopercursode
aproximadamente 2 horas até a chegada ao trapiche da Ilha.
Ao lado, concentração das equipes em seus respectivos QG’s.
4. O que poderia parecer
fácil,foicomplicadopara
quem não é do mar:
o casal (na foto), que
conseguiuseequilibrarpor
apenas 17 segundos, foi
o vencedor da prova da
canoa.
O resgate cultural foi
solicitadoàsequipescom
oaprendizadodaculinária.
Alémdepesquisarreceitas
entre os moradores, os
universitáriostiveramde
demonstarpassoapasso
o preparo dosalimentos,
até o prato final.
Abaixo, o total de lixo
arrecadadopelasequipes
na orla da ilha.
5. Asprovasquenecessitavamdaparticipaçãodosmoradores
tiveramumaexcelenteaceitação,principalmenteporparte
dascrianças.Emdiversassituações,elasestavamsempre
perto para ajudar.
Arevitalizaçãodaplacade“boas-vindas”,localizadanofinal
dotrapiche,tambémfoidefundamentalimportância:estava
completamente apagada.
Apartidadefutebolfoirealizadapoucoantesdoalmoçodo
último dia. No campo, o“fiasco”dos universitários:
7x0paraotimeanfitriãomasculino,eoempateem0x0na
partida feminina.
Aeducaçãosexualtambémfoiestaque:aequipedaPUCPR
doou300camisinhasàAssociaçãodosMoradoresdaVilada
Ilha das Peças.
Abaixo,depoisdeumaexpectativatensa,acomemoraçãoda
equipeverde(CPGEX),queganhouporapenasdoispontos
daazul(Bagozzi).Avitóriafoicomemoradaporexatamente
todos os participantes.
Moradores da Vila da Ilha das Peças, Adenir Pires, outras tentativas de
melhorar a vida dos moradores já foram realizadas no local,mas nenhuma
teve sucesso:“algumas ONGs entram aqui,pesquisam tudo e vão embora,
sem ao menos dar uma satisfação para gente. Essa ação já foi diferente,
pois todo mundo trocou informação. A comunidade sabe tanto quanto
eles e,na verdade,foi preciso um bom relacionamento,como essa gincana.
Aprendi muita coisa”, relatou.
A inteligência das equipes também foi requisitada. Uma semana
antes da realização da Gincana,foi solicitada a cada uma delas a elaboração
de um projeto com soluções de curto,médio e longo prazo para problemas
enfrentados pelos moradores da Ilha. Idéias como a da gestão integrada
de resíduos sólidos, a da implantação de um mutirão solidário para sus-
tentabilidade, conservação e qualidade de vida, a do armazenamento e
aproveitamento das águas pluviais, a da sensibilização local para educação
e informação sobre artesanato e reaproveitamento do lixo reciclável, e a
da implementação de um receptáculo de solo-cimento para o controle
do chorume, além do controle de zoonoses (doenças transmitidas por
animais) e castração dos cães da Ilha, foram apresentadas às autoridades
locais no último dia.Estiveram presentes para julgar os projetos Cécil Maya,
representante do IBAMA; Paulo Teodoro Dias, presidente da Associação
6. De cima para baixo, as equipes participantes:
Faculdades Bagozzi (azul),
Centro Pós-Graduação e Extensão das
Faculdades Integradas Espírita (verde),
Faculdades Integradas Espírita (azul-claro),
PUCPR (vermelha) e
Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (amarela).
Junto com a comissão organizadora,
houve um total 80 participantes
da 1a Gincana Solidária da Ilha das Peças.
Abaixo, o troféu Chico Mendes
ostentado pelas líderes das equipe
verde, Renata Andressa Poderoso
(esquerda) e Angela Lucia da Silva.
No meio, e também merecedor do troféu,
está Erasmo,“anjo”que auxiliou a equipe.
dos Moradores da Ilha das Peças; o vereador da Ilha, Lourival
“Garotinho” (PMDB);e a presidente do Instituto Chico Mendes,
Clarice Santos Soares.
O projeto do Centro de Pós-Graduação e Extensão das
Faculdades Integradas Espírita (CPGEX) foi o mais pontuado,
fator decisivo para a vitória desta equipe na Gincana.O segundo
lugar ficou com a Faculdade Bagozzi, seguida pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, a PUC-PR, e a equipe das Facul-
dades Espírita.O título foi comemorado por todos os estudantes,
que receberam medalhas de honra ao mérito e certificados de
participação, diferenciados pelo troféu ostentado pelos partici-
pantes do CPGEX. Para a estudante de pedagogia da Faculdade
Bagozzi,Ângela Lúcia da Silva,a participação foi recompensadora:
“Por ser a primeira vez que a minha faculdade está participando
de projetos como este, a nossa expectativa não era realmente
ganhar o primeiro lugar, mas sim ter o contato com as pessoas,
vivenciar uma realidade que não é a nossa e,ainda assim,aprender
com tudo isso”, relata.