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A VIRTUDE PROFISSIONAL PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO:
CONDIÇÃO FUNDAMENTAL PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO.
Acimarleia Correia Silva Freitas1
Denise A. Brito Barreto2
RESUMO: Este trabalho pretende demonstrar que os valores éticos ensinam que o exercício
contínuo de bons hábitos conduz a valores que os profissionais devem adotar para o sucesso
profissional, especialmente em se tratando dos Secretários Executivos atuando como
servidores públicos. Ao se adotar uma conduta ética, torna-se fácil adquirir a confiança dos
colegas de trabalho ou dos superiores, hierarquicamente. Ética é um assunto complexo que
abrange todos os preceitos adequados à conduta da sociedade, desde a antiguidade. Quando se
fala em ética profissional, podemos conceituá-la como um conjunto de regras morais,
essencial a todos os atos do ser humano que possui senso ético. O objetivo desse trabalho é
apresentar alguns conceitos fundamentais de ética, apontando virtudes necessárias para o
ambiente profissional do Secretário Executivo em órgãos públicos. A pesquisa foi elaborada
através de estudos teóricos e aplicação de questionários com os servidores públicos da
Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista – PMVC. Buscou-se analisar qual a visão do
funcionário em relação à ética profissional e à ética do servidor público. Assim, percebe-se
que em toda função pública é necessário que o servidor se volte para os princípios morais que
norteiam o exercício de sua atividade funcional.
Palavras-Chave: Ética; Ética Profissional; Secretário Executivo; Servidor Público.
THE PROFESSIONAL VIRTUE FOR THE EXECUTIVE SECRETARYSHIP: BASIC
CONDITION FOR THE EXERCISE OF THE PROFESSION.
ABSTRACT: This paper aims to demonstrate that ethical values teach that the continued
exercise of good habits lead to values that professionals should adopt to professional success,
especially in the case of Executive Secretaries acting as public servants. When you adopt an
ethical conduct, it is easy to gain the confidence of fellow workers or superiors, hierarchically.
Ethics is a complex issue that covers all requirements appropriate to the conduct of society,
since antiquity. When it comes to ethics, we can conceptualize it as a set of moral rules,
essential to all acts of human beings that have moral sense. The aim of this paper is to present
some fundamental concepts of ethics, pointing to the virtues of the Executive Secretary
professional environment in public. The research was developed through theoretical studies
and application of questionnaires to the public servants of the Municipality of Vitória da
Conquista - PMVC. We tried to analyze what is the vision of the official in relation to
professional ethics and the ethics of civil servants. Thus, we find that throughout the public
service is necessary that the server is back to the moral principles that guide the exercise of its
functional activity.
Key-words: Ethics, Professional Ethics, Executive Secretary. Public server.
1
Graduanda em Secretariado Executivo na Faculdade Juvêncio Terra. E-mail: acimarleia@gmail.com
2
Drª Denise Aparecida Brito Barreto, professora da UESB e Faculdade Juvêncio Terra. Ministra as disciplinas
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e TCC. E-mail: denisebrito@gmail.com
1. INTRODUÇÂO
Pretende-se no decorrer deste trabalho mostrar que a ética conduz a valores que os
profissionais devem adotar para o sucesso profissional dos Secretários Executivos. Um
profissional ético é honesto, sincero, franco e transparente. Por essas características conquista
a confiança de colegas, subordinados e superiores.
O objeto da Ética é o estudo do comportamento humano e a sua finalidade é estabelecer níveis
de convivência aceitáveis entre os indivíduos de uma sociedade.
Os códigos de ética representam o conjunto de elementos que caracterizam o comportamento
das pessoas dentro de um grupo social. Dentre esses elementos, destacam-se os deveres legais
e as regras de boa conduta e virtudes no trato com as pessoas.
A relevância do tema deve-se ao fato da ética profissional ser um assunto pertinente nos
negócios, na política e nos relacionamentos profissionais. O estudo das virtudes éticas decorre
da necessidade das pessoas orientarem seu comportamento profissional.
2. A ETIMOLOGIA E O CONCEITO DE ÉTICA E SEU DESENVOLVIMENTO NA
SOCIEDADE
Ética é um assunto complexo, que abrange todos os preceitos adequados à conduta da
sociedade, desde a antiguidade. De acordo com Ximenes (2000, p 409) Ética é a “Ciência que
estuda os juízos morais referentes à conduta humana. Virtude caracterizada pela orientação
dos atos pessoais, segundo os valores do bem e da decência pública”.
Em sentido amplo, entende-se a ética uma ciência que estuda a conduta do homem ante aos
seus semelhantes. Aprova ou desaprova as ações virtuosas como aprendizado do bem e julga a
atuação do ser humano relacionado às normas comportamentais. (SÀ, 2004)
A etimologia da palavra ética vem do grego “ethos” e está relacionada com o latim “morale”
que significa conduta ou relativo aos costumes. (ROSAS, 2009).
Segundo Nalini (2008), ética e moral têm significados semelhantes, quanto à etimologia da
palavra “Ethos” em grego e “Morale” em latim. Nesse sentido, a ética pode ser vista como
“teoria dos costumes” ou “ciência dos costumes”, no entanto, existem ocasiões em que um
vocábulo se difere do outro. "Ética" está relacionada à maneira de ser ou de se expressar,
compromete reflexão, por isso não expressa um conjunto de regras, mas um conjunto de juízo
de valor. “Moral” são regras de conduta que se impõem aos indivíduos da sociedade, num ato
coletivo que tende a agir de determinada maneira. A partir dessa hipótese, todo indivíduo é
moral ao exercer as normas da sociedade, sem questionar.
Sá (2004, p 17) diz que segundo Aristóteles “para o homem não existe maior felicidade que a
virtude e a razão”, pensamento este que nos leva a refletir que a virtude deve ser praticada
como ato consciente. Segundo Sá (2004), o conceito genérico e essencial de virtude ética é a
competência vinculada a origem metafísica em sua demonstração comum.
Segundo o Professor Bacchelli (2009), ética profissional é um conjunto de códigos do
comportamento humano que devem consistir em práticas do exercício profissional. Devendo
equivaler à ação que regula a ética atuando no desempenho das profissões, fazendo com que o
profissional respeite seu semelhante no exercício da sua profissão.
O estudo da ética, sob análise dos pensadores clássicos, mostra a preocupação com o homem
no seu desenvolvimento intelectual, visando procedimentos diante dos seus semelhantes para
não prejudicar os indivíduos, incluindo o responsável pelo ato.
Os pensadores modernos buscam novas inspirações, entretanto carregam certas doses de
radicalismo no entendimento do bem ideal e da conduta do individuo. Sá (2004) afirma que
inúmeros aspectos na filosofia contemporânea não conseguiram transformar completamente
as semelhanças com os clássicos, somente aperfeiçoaram-se os recursos determinados em face
do desenvolvimento tecnológico e das ciências da mente, no entanto merecem respeito dos
registros clássicos.
A filosofia moderna aponta alguns nomes para a compreensão de aspectos básicos da ética. Sá
diz que Henri Bérgson focou os estudos morais e éticos sob dois ângulos distintos: moral
fechada e moral aberta. Segundo Sá (2004), esse filósofo com senso crítico almejava uma
renovação social da conduta humana e do comportamento virtuoso e pragmático. Este
pensamento a respeito da ética não é fundamentado no conhecimento da virtude e nem nos
anseios desejados pelo homem, mas no discernimento impulsivo dos valores, observados em
suas distintas hierarquias.
3. POSTURA E PERFIL DO PROFISSIONAL SECRETÁRIO
A principal característica do Profissional Secretário Executivo é o assessoramento desde os
primórdios da profissão na Antigüidade, em que os escribas guardavam os documentos,
transcreviam os relatos das batalhas e dos episódios ocorridos no reino e faziam cópias desses
documentos.
Em decorrência aos avanços tecnológicos e da velocidade com que circulam as informações e
as necessidades das organizações na atualidade, os Profissionais de Secretariado “(...) tiveram
que construir continuamente seu modo de executar as atribuições inerentes à profissão.”
(RIBEIRO, 2005, p. 12).
Para desempenhar com eficácia suas atividades, exige-se desses profissionais aptidões como:
conhecimentos, habilidades e virtudes éticas. Segundo Maximiano (2000). estas atribuições
garantem o exercício profissional de um Secretário.
Os conhecimentos e todas as técnicas e subsídios necessários para o desenvolvimento das
atividades secretariais não são suficientes se este profissional não possuir virtudes éticas como
honestidade, sigilo e competência. Em sua atividade há a necessidade do conhecimento
técnico característico e a compreensão dos conceitos relacionados à conduta do ser humano
que irão possibilitar o gerenciamento de suas atividades.
Mañas (1993) menciona que Katz dividiu as habilidades gerências em técnicas, humanas e
conceituais. Habilidade Técnica abarca a ciência especializada e o desenvolvimento de
procedimento, por exemplo, no caso do secretariado o domínio dos instrumentos
tecnológicos; a utilização da agenda como ferramenta na administração do tempo. Habilidade
Humana abrange o assessoramento ao administrador, entende-se ser de essencial valor à
capacidade do homem, Habilidade Conceitual é a aptidão do conhecimento em meio às várias
funções e atividades na empresa, assim como a identificação dos relacionamentos entre a
sociedade, governo, políticas igualitárias e econômicas. Para o Profissional de Secretariado é
admirável conter uma visão sistêmica da organização e do seu ambiente de inserção.
Com o perfil de gestor o Profissional de Secretariado precisa ter aptidão para “[...] perceber,
refletir, decidir e agir de maneira assertiva...” (RIBEIRO 2005, p. 17). Tal como o
administrador o Secretário terá as habilidades de planejar, organizar, dirigir e controlar. Daí a
importância das virtudes éticas.
A importância das competências gerenciais é reforçada por Bíscoli (2004) ao colocar que o
Profissional de Secretariado tem uma atitude gerencial e que esta demanda a construção do
seu papel de assessoramento à gestão organizacional e ao principal ator, o administrador.
O profissional que possui uma conduta ética baseada na sinceridade, respeito, juízo de valor,
bom senso, equilíbrio, educação e sobriedade, agindo de maneira honesta, íntegra e leal em
relação às normas de conduta, respeitando as prioridades nos critérios adotados pela empresa
são profissionais que terão maior facilidade de integração nas corporações públicas e
privadas.
4. CONDUTA ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO
A conduta do Secretário Executivo como servidor público deve ter em vista a dignidade e a
integridade, obedecendo a iniciativas governamentais da “Ética no Serviço Público” através
de instrumentos de orientação da administração pública.
O Estado constitui uma ordem jurídica que engloba toda a sociedade, uma estrutura
administrativa constante. Na apostila do curso, “Ética e Serviço Público” oferecido pela
ENAP – Escola Nacional de Administração Pública, no site: http://www.enap.gov.br, diz que
o Estado é um agente coletivo com identidade própria. É uma “pessoa artificial” composta por
uma combinação de pessoas. As autoridades e seus servidores, com poderes suficientes para
cumprir quatro missões básicas, a saber: Promover o bem comum; Representar a comunidade
perante outras comunidades; Mediar às relações entre os cidadãos e o governo; Mediar as
relações entre os próprios cidadãos.
A conduta ética é necessária em decorrência à necessidade do indivíduo nortear seu
comportamento de acordo com a nova realidade na vida social. Um profissional ético deve
manter seus princípios, devendo adotar um conjunto de valores e virtudes. Ser ético é não
prejudicar os outros. Alguma das peculiaridades básicas de um profissional ético é ser
verdadeiro e imparcial.
5. VIRTUDES ÉTICAS DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO
Uma série de virtudes está relacionada à ética profissional proporcionando ao Secretário
Executivo uma compostura adequada no ambiente profissional. Cada indivíduo é responsável
por construir sua imagem profissional com princípios éticos através de suas ações e atitudes.
Um conjunto de regras orienta os profissionais secretários em suas atividades funcionais, é o
código de ética do Profissional Secretário Executivo Publicado no Diário Oficial da União de
7 de julho de 1989.
O Secretário Executivo, dentro das organizações, por diversas vezes ocupa e desempenha a
função de assessor do seu executivo, e por estar junto ao centro das decisões, em
conseqüência do cargo que ocupa, encontra-se constantemente em contato com as principais
informações da organização. Sendo assim, as virtudes éticas são fundamentais no exercício da
profissão.
O Profissional Secretário, para desempenhar suas atividades com eficiência e eficácia, deve
possuir virtudes. Virtudes fundamentais para o Profissional Secretário são aquelas
indispensáveis, equivale ao caráter do serviço prestado, sem as quais não seria possível a
prática da ética. (SÁ, 2004).
O conhecimento e as virtudes, como a responsabilidade, a integridade e a lealdade, precisam
andar unidas como se fossem uma só. Sendo assim, do Secretário Executivo é esperado
princípios éticos visíveis, uma vez que, a todo momento está exposto a circunstâncias que
podem levá-lo a cometer deslizes éticos, em função de coação, inerentes ao mundo do
trabalho.
Recomenda-se que em presença de uma decisão ética, em que se tenham dúvidas de qual
caminho seguir, que o Secretário aplique o “Teste de Ética”, composta das perguntas
sugeridas por Blanchard (2001, p.29):
É legal? Estarei violando a lei civil ou a política da companhia? É justa com todos os
interessados, tanto a curto como em longo prazo? Promove relacionamentos em que
todos saiam ganhando? Vou me sentir bem comigo mesmo? Posso me orgulhar de
minha decisão? Eu me sentiria bem se ela fosse publicada nos jornais? Como me
sentiria se minha família soubesse?
Sabino (2000) acrescenta que a ética não é uma formalidade que se põe e tira, é uma regra que
se projeta seguir, com acertos e erros, sempre e sem hipocrisia. Por tudo já exposto, pode-se
falar que cada cidadão tem o dever de praticar atitudes éticas em sua atividade profissional,
uma vez que cada pessoa é responsável por cooperar, positivamente, para uma sociedade com
princípios éticos.
O Código de Ética do Secretário foi publicado no Diário Oficial da União em 7 de julho de
1989, e objetiva “afixar princípios aos Profissionais no exercício da profissão, regulando-lhes
as relações da categoria, com os poderes públicos, e com a sociedade” (SECRETÁRIA ON-
LINE, 2006).
Verificou-se que Secretariado Executivo é uma profissão que acende em paralelo com o
desenvolvimento da tecnologia e do ser humano. No entanto, esse progresso, além de trazer
benefícios, traz consigo exigências de conduta e caráter, por meio de novas formas em lidar
com informações cada vez mais confidenciais, que exige amplo controle emocional na relação
com o dirigente da organização e com o público.
A honestidade e a lealdade são funções exigidas para o Secretariado Executivo, com uma
conduta ética pautada em valores morais estruturados na veracidade das informações e na
confiança.
No ano de 1997 o programa Você Decide, da TV globo apresenta o episódio “Cobiça”. Um
caso polêmico, em que foi perguntado ao telespectador: “Você abriria mão de seus princípios
em nome de uma vida melhor?” No episódio citado a secretária de uma empresa recebe do
seu chefe a proposta de assumir o papel de “laranja”, isso quer dizer, uma empresa que
pertenceria ao seu patrão, mas, estaria em nome da secretária. Ao fim do programa a direção
do programa se surpreendeu com o resultado: 24,3% disseram que a secretária deveria
denunciar o chefe; 27,2% acharam que deveria pedir demissão e silenciar sobre o esquema; e
48,5% consideraram que a secretária deveria aproveitar a chance de melhorar de vida e entrar
no esquema. (SROUR 2003, p 217)
Um programa que foi apresentado em âmbito nacional, em um veículo de comunicação de
massa, refletiu o perfil do brasileiro em relação aos preceitos da ética. Não se pode
generalizar, mas, de acordo com o episódio de TV citado por Srour (2003) o brasileiro tem
uma tendência aos atos ilícitos.
5.1 Honestidade
No campo profissional a honestidade deve ser vista como a principal virtude, pois rejeita
qualquer relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais, relaciona-se com a
confiança depositada nesse profissional em virtude do bem de terceiros, na manutenção de
seus direitos.
A honestidade é uma norma que não aceita variável, o indivíduo é ou não é incorruptível; não
há o relativamente ou aproximadamente honesto, bem como não existe uma honestidade
ajustada a cada conduta ante terceiros. O profissional virtuoso não tem intuito de prejudicar
seu semelhante, de tal modo não entra em conspiração que possa causar danos a terceiros.
(SÁ 2004)
5.2 Sigilo
Um profissional Secretário tem o dever ético de respeitar os segredos do seu executivo e da
empresa na qual está inserido. As informações confiadas aos Secretários Executivos devem
ser mantidas em silêncio, pois não são de interesse de terceiros e podem interferir em projetos
que ainda não foram colocados em prática. Documentos, registros contábeis, planos de
marketing, pesquisas científicas precisam ser mantidos em sigilo e a sua revelação pode
representar sérios problemas à organização.
Segundo Sá (2004), o respeito aos segredos dos indivíduos, dos negócios, das instituições, é
resguardado legitimamente, uma vez que se trata de algo importante. Eticamente, o sigilo
adota a função de alguma coisa que é confiado e cuja preservação do silêncio é
imprescindível. Pode acontecer que o segredo não tenha sido pedido, por parecer evidente a
quem confiou uma confidência, e se disseminado, enfraqueça a estima do profissional e seja
entendido como transgressão de confiança pelo prejudicado. O ideal é a completa reserva
sobre tudo que se toma ciência no exercício da carreira.
O código de ética profissional do Secretário Executivo aponta em seu Art.6º. – “A Secretária
e o Secretário, no exercício de sua profissão, devem guardar absoluto sigilo sobre assuntos e
documentos que lhe são confiados”.
5.3 Competência
É de fundamental importância buscar competência profissional na área de atuação do
Secretário Executivo. Estes profissionais devem ser incentivados a buscar aprimoramento
contínuo de suas habilidades e conhecimentos.
O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é qualidade
fundamental à prestação de um serviço de qualidade. Eticamente, é necessário ter consciência
que ensinar é o caminho para servir e se almeja impedir agravos a terceiros, na prestação de
serviços, é preciso habilitar-se a prestá-los. Os males que a incompetência tem ocasionado à
sociedade são grandes. (SÁ 2004)
6. METODOLOGIA
A finalidade deste trabalho é avaliar a ética institucional e profissional na Prefeitura
Municipal de Vitória da Conquista – PMVC. O presente trabalho tem como elemento
metodológico a pesquisa exploratória, que segundo Cruz e Ribeiro (2004) tem por objetivo
fornecer elementos sobre a análise e orientação na formulação de hipóteses.
As técnicas que foram utilizadas corresponderam à pesquisa de campo, coleta de dados
através de questionários e observação direta. Os dados coletados foram analisados e
tabulados. A pesquisa foi realizada com uma população de 30 (trinta) servidores da PMVC
que atuam como Secretário e Agente administrativo.
Foi apresentado aos funcionários um questionário de 14 (quatorze) perguntas de múltipla
escolha, cujas respostas foram tabuladas e apresentadas através de gráficos. Segundo
Bianchim e Alvarenga (2003), a pesquisa quantitativa baseia-se em amostras representativas,
obtidas de forma aleatória e simples, em que os elementos têm a mesma probabilidade de
serem escolhidos. Este tipo de pesquisa objetiva estabelecer generalizações a partir de
observações de grupos ou de indivíduos denominados população ou universo.
7. ANÁLISE DOS DADOS
A presente pesquisa mostra que dos 30 entrevistados 24 são do sexo feminino, o que equivale
a 80% do total. Quanto à escolaridade, 40% não concluíram o ensino médio, 30% estão
cursando nível superior, 20% concluíram a graduação e 10% estão fazendo pós-graduação. A
Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista fornece incentivo de 15% para os que possuem
curso de graduação e 25% para aqueles que concluíram especialização, de acordo informações
dos próprios servidores.
Foi perguntado aos servidores se na Instituição havia uma comissão de ética. A resposta de
50% dos entrevistados foi que não tinham conhecimento, 33,3% disseram que não havia
comissão de ética e 16,7% responderam que havia uma comissão de ética. Segundo o sítio da
Presidência da República “A Comissão de Ética Pública tem como missão garantir efetividade
ao Código de Conduta e Promover a Ética na Administração Pública”. Uma comissão de ética
é importante não apenas para a PMVC, mas para qualquer Instituição que preze pelos
princípios da ética e da moral.
57%
10%
20%
13%
Gráfico 1 – A importância de uma comissão de ética na PMVC
Apenas três servidores (10%) responderam que não consideram as Comissões de Ética
importantes ferramentas de gestão ética na PMVC. No entanto 56,57% dos servidores
entrevistados concordam que a ética é um instrumento essencial. Uma comissão de ética não é
somente necessária, mas imprescindível para qualquer Instituição Pública que almeja gerir sua
organização com os princípios éticos e morais de conduta. O capítulo II do Código de Ética
do Servidor Público diz que:
Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta autárquica
e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas
pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as
pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de
imputação ou de procedimento susceptível de censura.
Um dos objetivos do Conselho de Ética do Servidor Público é orientar e aconselhar a respeito
da ética profissional do servidor público no tratamento da sociedade e do bem público, bem
como assegurar ao servidor público o cumprimento de seus direitos e deveres.
Observou-se que 66,67% dos servidores entrevistados têm conhecimento do Código de Ética
do Servidor Público e das medidas repressivas administrativas, civis e penais atribuídas aos
funcionários públicos em caso de atos ilícitos.
Foi perguntado aos servidores se o órgão busca identificar as áreas mais suscetíveis a desvios
éticos, setores em que há possibilidade de corrupção. A maioria dos entrevistados, ou seja,
70% disseram não ter conhecimento a esse respeito. De acordo com Stukart (2003),
transgredir os padrões da ética caracteriza corrupção.
A ausência de ética é uma questão que está atrelada à corrupção uma vez que essa ausência
causa prejuízo financeiro à máquina pública. A corrupção é o caminho para o enriquecimento
ilícito de servidores públicos. Um funcionário que se envolve em atos de corrupção está
cometendo ato de improbidade administrativa. Alexandrino (2002, p. 124) afirma que “o
dever de probidade exige que o administrador público, no desempenho de suas atividades,
atue sempre em consonância com os princípios da moralidade e honestidade administrativas”.
O artigo 37, parágrafo 4º da Constituição Federal de 1988 determina as medidas repressivas a
serem aplicadas aos que levam à improbidade administrativa: ”Os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível”.
Stukart (2003, p 44) diz: “A meu ver, Dante deu a melhor definição de corrupção: situação em
que o não se torna sim por dinheiro”. O grande problema da corrupção é a impunidade. A
corrupção gera o comprometimento das políticas públicas do Estado. Mas, nem sempre a
corrupção envolve ganhos financeiros. Atitudes como atender prioritariamente um amigo ou
parente que está no final da fila ou facilitar o horário na agenda de um superior hierárquico
para beneficiar alguém que se tem mais afinidade são também exemplos de atos antiéticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fim de associar a teoria estudada com a realidade constatada pelo levantamento de dados
adquiridos através dos questionários e interpretação das respostas, percebe-se que os
funcionários da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista têm conhecimento dos valores
éticos e das medidas repressivas que servidores envolvidos em atos ilícitos podem sofrer.
A finalidade da pesquisa foi mostrar como os valores éticos são percebidos, na realidade, pelo
profissional do serviço público. O material coletado permitiu uma reflexão sobre as virtudes
éticas. Pode-se afirmar que a hipótese levantada de que os profissionais de Secretariado,
atuantes, não adotam as virtudes básicas no campo da ética profissional no setor público, não
tem procedência. Quanto à preocupação com a conduta ética do Secretário Executivo e o
debate constante da ética na sociedade, essas questões se mostraram verdadeiras.
Dessa forma, para exercer um cargo público é necessário que o servidor conheça os princípios
que norteiam o exercício da sua atividade funcional. Isso, considerando as questões
levantadas, com a finalidade de alcançar o objetivo geral deste trabalho que foi apresentar
alguns conceitos fundamentais de ética, apontando virtudes necessárias para o ambiente
profissional na plenitude dos deveres como servidor em órgãos públicos.
REFERÊNCIAS
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Orientação para Estágio em Secretariado – Trabalhos, Projetos e Monografias –
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BÍSCOLI, F. R. V. & CIELO, I. D. Gestão Organizacional e o Papel do Secretário
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BLANCHARD, Kenneth; PEALE, Norman Vincent. O Poder da Administração Ética. 4.ª
edição. Rio de Janeiro, Record, 2001. Capítulo 5.
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Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. Capítulo 1, pág. 25 a 83. Capítulo 3, pág. 11 a
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RIBEIRO, N. L. A. Secretariado: do escriba ao gestor. São Luiz: Edfama. 2002.
ROSAS, Vanderlei de Barros; Afinal, o que é ética? Comissão de Ética Pública. Disponível
via Internet: WWW. URL http://portal.ouvidoria.fazenda.gov.br/ouvidoria Acesso em 19 de
fevereiro de 2009
SÁ, Antonio Lopes de; Ética Profissional – 5ª edição – São Paulo: Editora Atlas, 2004. Pág.
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SROUR, Robert Henry. Ética empresarial – A gestão da Reputação. 2ª edição. Rio de
Janeiro. Campus. 2003. Capítulo 5.
STUKART, Herbert Lowe. Ética e corrupção. São Paulo: Nobel, 2003. Capítulo 3
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa. 2ª edição. São Paulo.
Ediouro, 2000. Pág. 409.

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Ética e virtudes para secretários executivos

  • 1. A VIRTUDE PROFISSIONAL PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO: CONDIÇÃO FUNDAMENTAL PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO. Acimarleia Correia Silva Freitas1 Denise A. Brito Barreto2 RESUMO: Este trabalho pretende demonstrar que os valores éticos ensinam que o exercício contínuo de bons hábitos conduz a valores que os profissionais devem adotar para o sucesso profissional, especialmente em se tratando dos Secretários Executivos atuando como servidores públicos. Ao se adotar uma conduta ética, torna-se fácil adquirir a confiança dos colegas de trabalho ou dos superiores, hierarquicamente. Ética é um assunto complexo que abrange todos os preceitos adequados à conduta da sociedade, desde a antiguidade. Quando se fala em ética profissional, podemos conceituá-la como um conjunto de regras morais, essencial a todos os atos do ser humano que possui senso ético. O objetivo desse trabalho é apresentar alguns conceitos fundamentais de ética, apontando virtudes necessárias para o ambiente profissional do Secretário Executivo em órgãos públicos. A pesquisa foi elaborada através de estudos teóricos e aplicação de questionários com os servidores públicos da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista – PMVC. Buscou-se analisar qual a visão do funcionário em relação à ética profissional e à ética do servidor público. Assim, percebe-se que em toda função pública é necessário que o servidor se volte para os princípios morais que norteiam o exercício de sua atividade funcional. Palavras-Chave: Ética; Ética Profissional; Secretário Executivo; Servidor Público. THE PROFESSIONAL VIRTUE FOR THE EXECUTIVE SECRETARYSHIP: BASIC CONDITION FOR THE EXERCISE OF THE PROFESSION. ABSTRACT: This paper aims to demonstrate that ethical values teach that the continued exercise of good habits lead to values that professionals should adopt to professional success, especially in the case of Executive Secretaries acting as public servants. When you adopt an ethical conduct, it is easy to gain the confidence of fellow workers or superiors, hierarchically. Ethics is a complex issue that covers all requirements appropriate to the conduct of society, since antiquity. When it comes to ethics, we can conceptualize it as a set of moral rules, essential to all acts of human beings that have moral sense. The aim of this paper is to present some fundamental concepts of ethics, pointing to the virtues of the Executive Secretary professional environment in public. The research was developed through theoretical studies and application of questionnaires to the public servants of the Municipality of Vitória da Conquista - PMVC. We tried to analyze what is the vision of the official in relation to professional ethics and the ethics of civil servants. Thus, we find that throughout the public service is necessary that the server is back to the moral principles that guide the exercise of its functional activity. Key-words: Ethics, Professional Ethics, Executive Secretary. Public server. 1 Graduanda em Secretariado Executivo na Faculdade Juvêncio Terra. E-mail: acimarleia@gmail.com 2 Drª Denise Aparecida Brito Barreto, professora da UESB e Faculdade Juvêncio Terra. Ministra as disciplinas Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e TCC. E-mail: denisebrito@gmail.com
  • 2. 1. INTRODUÇÂO Pretende-se no decorrer deste trabalho mostrar que a ética conduz a valores que os profissionais devem adotar para o sucesso profissional dos Secretários Executivos. Um profissional ético é honesto, sincero, franco e transparente. Por essas características conquista a confiança de colegas, subordinados e superiores. O objeto da Ética é o estudo do comportamento humano e a sua finalidade é estabelecer níveis de convivência aceitáveis entre os indivíduos de uma sociedade. Os códigos de ética representam o conjunto de elementos que caracterizam o comportamento das pessoas dentro de um grupo social. Dentre esses elementos, destacam-se os deveres legais e as regras de boa conduta e virtudes no trato com as pessoas. A relevância do tema deve-se ao fato da ética profissional ser um assunto pertinente nos negócios, na política e nos relacionamentos profissionais. O estudo das virtudes éticas decorre da necessidade das pessoas orientarem seu comportamento profissional. 2. A ETIMOLOGIA E O CONCEITO DE ÉTICA E SEU DESENVOLVIMENTO NA SOCIEDADE Ética é um assunto complexo, que abrange todos os preceitos adequados à conduta da sociedade, desde a antiguidade. De acordo com Ximenes (2000, p 409) Ética é a “Ciência que estuda os juízos morais referentes à conduta humana. Virtude caracterizada pela orientação dos atos pessoais, segundo os valores do bem e da decência pública”. Em sentido amplo, entende-se a ética uma ciência que estuda a conduta do homem ante aos seus semelhantes. Aprova ou desaprova as ações virtuosas como aprendizado do bem e julga a atuação do ser humano relacionado às normas comportamentais. (SÀ, 2004) A etimologia da palavra ética vem do grego “ethos” e está relacionada com o latim “morale” que significa conduta ou relativo aos costumes. (ROSAS, 2009). Segundo Nalini (2008), ética e moral têm significados semelhantes, quanto à etimologia da palavra “Ethos” em grego e “Morale” em latim. Nesse sentido, a ética pode ser vista como
  • 3. “teoria dos costumes” ou “ciência dos costumes”, no entanto, existem ocasiões em que um vocábulo se difere do outro. "Ética" está relacionada à maneira de ser ou de se expressar, compromete reflexão, por isso não expressa um conjunto de regras, mas um conjunto de juízo de valor. “Moral” são regras de conduta que se impõem aos indivíduos da sociedade, num ato coletivo que tende a agir de determinada maneira. A partir dessa hipótese, todo indivíduo é moral ao exercer as normas da sociedade, sem questionar. Sá (2004, p 17) diz que segundo Aristóteles “para o homem não existe maior felicidade que a virtude e a razão”, pensamento este que nos leva a refletir que a virtude deve ser praticada como ato consciente. Segundo Sá (2004), o conceito genérico e essencial de virtude ética é a competência vinculada a origem metafísica em sua demonstração comum. Segundo o Professor Bacchelli (2009), ética profissional é um conjunto de códigos do comportamento humano que devem consistir em práticas do exercício profissional. Devendo equivaler à ação que regula a ética atuando no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu semelhante no exercício da sua profissão. O estudo da ética, sob análise dos pensadores clássicos, mostra a preocupação com o homem no seu desenvolvimento intelectual, visando procedimentos diante dos seus semelhantes para não prejudicar os indivíduos, incluindo o responsável pelo ato. Os pensadores modernos buscam novas inspirações, entretanto carregam certas doses de radicalismo no entendimento do bem ideal e da conduta do individuo. Sá (2004) afirma que inúmeros aspectos na filosofia contemporânea não conseguiram transformar completamente as semelhanças com os clássicos, somente aperfeiçoaram-se os recursos determinados em face do desenvolvimento tecnológico e das ciências da mente, no entanto merecem respeito dos registros clássicos. A filosofia moderna aponta alguns nomes para a compreensão de aspectos básicos da ética. Sá diz que Henri Bérgson focou os estudos morais e éticos sob dois ângulos distintos: moral fechada e moral aberta. Segundo Sá (2004), esse filósofo com senso crítico almejava uma renovação social da conduta humana e do comportamento virtuoso e pragmático. Este pensamento a respeito da ética não é fundamentado no conhecimento da virtude e nem nos anseios desejados pelo homem, mas no discernimento impulsivo dos valores, observados em suas distintas hierarquias.
  • 4. 3. POSTURA E PERFIL DO PROFISSIONAL SECRETÁRIO A principal característica do Profissional Secretário Executivo é o assessoramento desde os primórdios da profissão na Antigüidade, em que os escribas guardavam os documentos, transcreviam os relatos das batalhas e dos episódios ocorridos no reino e faziam cópias desses documentos. Em decorrência aos avanços tecnológicos e da velocidade com que circulam as informações e as necessidades das organizações na atualidade, os Profissionais de Secretariado “(...) tiveram que construir continuamente seu modo de executar as atribuições inerentes à profissão.” (RIBEIRO, 2005, p. 12). Para desempenhar com eficácia suas atividades, exige-se desses profissionais aptidões como: conhecimentos, habilidades e virtudes éticas. Segundo Maximiano (2000). estas atribuições garantem o exercício profissional de um Secretário. Os conhecimentos e todas as técnicas e subsídios necessários para o desenvolvimento das atividades secretariais não são suficientes se este profissional não possuir virtudes éticas como honestidade, sigilo e competência. Em sua atividade há a necessidade do conhecimento técnico característico e a compreensão dos conceitos relacionados à conduta do ser humano que irão possibilitar o gerenciamento de suas atividades. Mañas (1993) menciona que Katz dividiu as habilidades gerências em técnicas, humanas e conceituais. Habilidade Técnica abarca a ciência especializada e o desenvolvimento de procedimento, por exemplo, no caso do secretariado o domínio dos instrumentos tecnológicos; a utilização da agenda como ferramenta na administração do tempo. Habilidade Humana abrange o assessoramento ao administrador, entende-se ser de essencial valor à capacidade do homem, Habilidade Conceitual é a aptidão do conhecimento em meio às várias funções e atividades na empresa, assim como a identificação dos relacionamentos entre a sociedade, governo, políticas igualitárias e econômicas. Para o Profissional de Secretariado é admirável conter uma visão sistêmica da organização e do seu ambiente de inserção. Com o perfil de gestor o Profissional de Secretariado precisa ter aptidão para “[...] perceber, refletir, decidir e agir de maneira assertiva...” (RIBEIRO 2005, p. 17). Tal como o
  • 5. administrador o Secretário terá as habilidades de planejar, organizar, dirigir e controlar. Daí a importância das virtudes éticas. A importância das competências gerenciais é reforçada por Bíscoli (2004) ao colocar que o Profissional de Secretariado tem uma atitude gerencial e que esta demanda a construção do seu papel de assessoramento à gestão organizacional e ao principal ator, o administrador. O profissional que possui uma conduta ética baseada na sinceridade, respeito, juízo de valor, bom senso, equilíbrio, educação e sobriedade, agindo de maneira honesta, íntegra e leal em relação às normas de conduta, respeitando as prioridades nos critérios adotados pela empresa são profissionais que terão maior facilidade de integração nas corporações públicas e privadas. 4. CONDUTA ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO A conduta do Secretário Executivo como servidor público deve ter em vista a dignidade e a integridade, obedecendo a iniciativas governamentais da “Ética no Serviço Público” através de instrumentos de orientação da administração pública. O Estado constitui uma ordem jurídica que engloba toda a sociedade, uma estrutura administrativa constante. Na apostila do curso, “Ética e Serviço Público” oferecido pela ENAP – Escola Nacional de Administração Pública, no site: http://www.enap.gov.br, diz que o Estado é um agente coletivo com identidade própria. É uma “pessoa artificial” composta por uma combinação de pessoas. As autoridades e seus servidores, com poderes suficientes para cumprir quatro missões básicas, a saber: Promover o bem comum; Representar a comunidade perante outras comunidades; Mediar às relações entre os cidadãos e o governo; Mediar as relações entre os próprios cidadãos. A conduta ética é necessária em decorrência à necessidade do indivíduo nortear seu comportamento de acordo com a nova realidade na vida social. Um profissional ético deve manter seus princípios, devendo adotar um conjunto de valores e virtudes. Ser ético é não prejudicar os outros. Alguma das peculiaridades básicas de um profissional ético é ser verdadeiro e imparcial.
  • 6. 5. VIRTUDES ÉTICAS DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO Uma série de virtudes está relacionada à ética profissional proporcionando ao Secretário Executivo uma compostura adequada no ambiente profissional. Cada indivíduo é responsável por construir sua imagem profissional com princípios éticos através de suas ações e atitudes. Um conjunto de regras orienta os profissionais secretários em suas atividades funcionais, é o código de ética do Profissional Secretário Executivo Publicado no Diário Oficial da União de 7 de julho de 1989. O Secretário Executivo, dentro das organizações, por diversas vezes ocupa e desempenha a função de assessor do seu executivo, e por estar junto ao centro das decisões, em conseqüência do cargo que ocupa, encontra-se constantemente em contato com as principais informações da organização. Sendo assim, as virtudes éticas são fundamentais no exercício da profissão. O Profissional Secretário, para desempenhar suas atividades com eficiência e eficácia, deve possuir virtudes. Virtudes fundamentais para o Profissional Secretário são aquelas indispensáveis, equivale ao caráter do serviço prestado, sem as quais não seria possível a prática da ética. (SÁ, 2004). O conhecimento e as virtudes, como a responsabilidade, a integridade e a lealdade, precisam andar unidas como se fossem uma só. Sendo assim, do Secretário Executivo é esperado princípios éticos visíveis, uma vez que, a todo momento está exposto a circunstâncias que podem levá-lo a cometer deslizes éticos, em função de coação, inerentes ao mundo do trabalho. Recomenda-se que em presença de uma decisão ética, em que se tenham dúvidas de qual caminho seguir, que o Secretário aplique o “Teste de Ética”, composta das perguntas sugeridas por Blanchard (2001, p.29): É legal? Estarei violando a lei civil ou a política da companhia? É justa com todos os interessados, tanto a curto como em longo prazo? Promove relacionamentos em que todos saiam ganhando? Vou me sentir bem comigo mesmo? Posso me orgulhar de minha decisão? Eu me sentiria bem se ela fosse publicada nos jornais? Como me sentiria se minha família soubesse?
  • 7. Sabino (2000) acrescenta que a ética não é uma formalidade que se põe e tira, é uma regra que se projeta seguir, com acertos e erros, sempre e sem hipocrisia. Por tudo já exposto, pode-se falar que cada cidadão tem o dever de praticar atitudes éticas em sua atividade profissional, uma vez que cada pessoa é responsável por cooperar, positivamente, para uma sociedade com princípios éticos. O Código de Ética do Secretário foi publicado no Diário Oficial da União em 7 de julho de 1989, e objetiva “afixar princípios aos Profissionais no exercício da profissão, regulando-lhes as relações da categoria, com os poderes públicos, e com a sociedade” (SECRETÁRIA ON- LINE, 2006). Verificou-se que Secretariado Executivo é uma profissão que acende em paralelo com o desenvolvimento da tecnologia e do ser humano. No entanto, esse progresso, além de trazer benefícios, traz consigo exigências de conduta e caráter, por meio de novas formas em lidar com informações cada vez mais confidenciais, que exige amplo controle emocional na relação com o dirigente da organização e com o público. A honestidade e a lealdade são funções exigidas para o Secretariado Executivo, com uma conduta ética pautada em valores morais estruturados na veracidade das informações e na confiança. No ano de 1997 o programa Você Decide, da TV globo apresenta o episódio “Cobiça”. Um caso polêmico, em que foi perguntado ao telespectador: “Você abriria mão de seus princípios em nome de uma vida melhor?” No episódio citado a secretária de uma empresa recebe do seu chefe a proposta de assumir o papel de “laranja”, isso quer dizer, uma empresa que pertenceria ao seu patrão, mas, estaria em nome da secretária. Ao fim do programa a direção do programa se surpreendeu com o resultado: 24,3% disseram que a secretária deveria denunciar o chefe; 27,2% acharam que deveria pedir demissão e silenciar sobre o esquema; e 48,5% consideraram que a secretária deveria aproveitar a chance de melhorar de vida e entrar no esquema. (SROUR 2003, p 217) Um programa que foi apresentado em âmbito nacional, em um veículo de comunicação de massa, refletiu o perfil do brasileiro em relação aos preceitos da ética. Não se pode generalizar, mas, de acordo com o episódio de TV citado por Srour (2003) o brasileiro tem uma tendência aos atos ilícitos.
  • 8. 5.1 Honestidade No campo profissional a honestidade deve ser vista como a principal virtude, pois rejeita qualquer relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais, relaciona-se com a confiança depositada nesse profissional em virtude do bem de terceiros, na manutenção de seus direitos. A honestidade é uma norma que não aceita variável, o indivíduo é ou não é incorruptível; não há o relativamente ou aproximadamente honesto, bem como não existe uma honestidade ajustada a cada conduta ante terceiros. O profissional virtuoso não tem intuito de prejudicar seu semelhante, de tal modo não entra em conspiração que possa causar danos a terceiros. (SÁ 2004) 5.2 Sigilo Um profissional Secretário tem o dever ético de respeitar os segredos do seu executivo e da empresa na qual está inserido. As informações confiadas aos Secretários Executivos devem ser mantidas em silêncio, pois não são de interesse de terceiros e podem interferir em projetos que ainda não foram colocados em prática. Documentos, registros contábeis, planos de marketing, pesquisas científicas precisam ser mantidos em sigilo e a sua revelação pode representar sérios problemas à organização. Segundo Sá (2004), o respeito aos segredos dos indivíduos, dos negócios, das instituições, é resguardado legitimamente, uma vez que se trata de algo importante. Eticamente, o sigilo adota a função de alguma coisa que é confiado e cuja preservação do silêncio é imprescindível. Pode acontecer que o segredo não tenha sido pedido, por parecer evidente a quem confiou uma confidência, e se disseminado, enfraqueça a estima do profissional e seja entendido como transgressão de confiança pelo prejudicado. O ideal é a completa reserva sobre tudo que se toma ciência no exercício da carreira. O código de ética profissional do Secretário Executivo aponta em seu Art.6º. – “A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, devem guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados”.
  • 9. 5.3 Competência É de fundamental importância buscar competência profissional na área de atuação do Secretário Executivo. Estes profissionais devem ser incentivados a buscar aprimoramento contínuo de suas habilidades e conhecimentos. O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é qualidade fundamental à prestação de um serviço de qualidade. Eticamente, é necessário ter consciência que ensinar é o caminho para servir e se almeja impedir agravos a terceiros, na prestação de serviços, é preciso habilitar-se a prestá-los. Os males que a incompetência tem ocasionado à sociedade são grandes. (SÁ 2004) 6. METODOLOGIA A finalidade deste trabalho é avaliar a ética institucional e profissional na Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista – PMVC. O presente trabalho tem como elemento metodológico a pesquisa exploratória, que segundo Cruz e Ribeiro (2004) tem por objetivo fornecer elementos sobre a análise e orientação na formulação de hipóteses. As técnicas que foram utilizadas corresponderam à pesquisa de campo, coleta de dados através de questionários e observação direta. Os dados coletados foram analisados e tabulados. A pesquisa foi realizada com uma população de 30 (trinta) servidores da PMVC que atuam como Secretário e Agente administrativo. Foi apresentado aos funcionários um questionário de 14 (quatorze) perguntas de múltipla escolha, cujas respostas foram tabuladas e apresentadas através de gráficos. Segundo Bianchim e Alvarenga (2003), a pesquisa quantitativa baseia-se em amostras representativas, obtidas de forma aleatória e simples, em que os elementos têm a mesma probabilidade de serem escolhidos. Este tipo de pesquisa objetiva estabelecer generalizações a partir de observações de grupos ou de indivíduos denominados população ou universo. 7. ANÁLISE DOS DADOS A presente pesquisa mostra que dos 30 entrevistados 24 são do sexo feminino, o que equivale a 80% do total. Quanto à escolaridade, 40% não concluíram o ensino médio, 30% estão
  • 10. cursando nível superior, 20% concluíram a graduação e 10% estão fazendo pós-graduação. A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista fornece incentivo de 15% para os que possuem curso de graduação e 25% para aqueles que concluíram especialização, de acordo informações dos próprios servidores. Foi perguntado aos servidores se na Instituição havia uma comissão de ética. A resposta de 50% dos entrevistados foi que não tinham conhecimento, 33,3% disseram que não havia comissão de ética e 16,7% responderam que havia uma comissão de ética. Segundo o sítio da Presidência da República “A Comissão de Ética Pública tem como missão garantir efetividade ao Código de Conduta e Promover a Ética na Administração Pública”. Uma comissão de ética é importante não apenas para a PMVC, mas para qualquer Instituição que preze pelos princípios da ética e da moral. 57% 10% 20% 13% Gráfico 1 – A importância de uma comissão de ética na PMVC Apenas três servidores (10%) responderam que não consideram as Comissões de Ética importantes ferramentas de gestão ética na PMVC. No entanto 56,57% dos servidores entrevistados concordam que a ética é um instrumento essencial. Uma comissão de ética não é somente necessária, mas imprescindível para qualquer Instituição Pública que almeja gerir sua organização com os princípios éticos e morais de conduta. O capítulo II do Código de Ética do Servidor Público diz que: Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.
  • 11. Um dos objetivos do Conselho de Ética do Servidor Público é orientar e aconselhar a respeito da ética profissional do servidor público no tratamento da sociedade e do bem público, bem como assegurar ao servidor público o cumprimento de seus direitos e deveres. Observou-se que 66,67% dos servidores entrevistados têm conhecimento do Código de Ética do Servidor Público e das medidas repressivas administrativas, civis e penais atribuídas aos funcionários públicos em caso de atos ilícitos. Foi perguntado aos servidores se o órgão busca identificar as áreas mais suscetíveis a desvios éticos, setores em que há possibilidade de corrupção. A maioria dos entrevistados, ou seja, 70% disseram não ter conhecimento a esse respeito. De acordo com Stukart (2003), transgredir os padrões da ética caracteriza corrupção. A ausência de ética é uma questão que está atrelada à corrupção uma vez que essa ausência causa prejuízo financeiro à máquina pública. A corrupção é o caminho para o enriquecimento ilícito de servidores públicos. Um funcionário que se envolve em atos de corrupção está cometendo ato de improbidade administrativa. Alexandrino (2002, p. 124) afirma que “o dever de probidade exige que o administrador público, no desempenho de suas atividades, atue sempre em consonância com os princípios da moralidade e honestidade administrativas”. O artigo 37, parágrafo 4º da Constituição Federal de 1988 determina as medidas repressivas a serem aplicadas aos que levam à improbidade administrativa: ”Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Stukart (2003, p 44) diz: “A meu ver, Dante deu a melhor definição de corrupção: situação em que o não se torna sim por dinheiro”. O grande problema da corrupção é a impunidade. A corrupção gera o comprometimento das políticas públicas do Estado. Mas, nem sempre a corrupção envolve ganhos financeiros. Atitudes como atender prioritariamente um amigo ou parente que está no final da fila ou facilitar o horário na agenda de um superior hierárquico para beneficiar alguém que se tem mais afinidade são também exemplos de atos antiéticos.
  • 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS A fim de associar a teoria estudada com a realidade constatada pelo levantamento de dados adquiridos através dos questionários e interpretação das respostas, percebe-se que os funcionários da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista têm conhecimento dos valores éticos e das medidas repressivas que servidores envolvidos em atos ilícitos podem sofrer. A finalidade da pesquisa foi mostrar como os valores éticos são percebidos, na realidade, pelo profissional do serviço público. O material coletado permitiu uma reflexão sobre as virtudes éticas. Pode-se afirmar que a hipótese levantada de que os profissionais de Secretariado, atuantes, não adotam as virtudes básicas no campo da ética profissional no setor público, não tem procedência. Quanto à preocupação com a conduta ética do Secretário Executivo e o debate constante da ética na sociedade, essas questões se mostraram verdadeiras. Dessa forma, para exercer um cargo público é necessário que o servidor conheça os princípios que norteiam o exercício da sua atividade funcional. Isso, considerando as questões levantadas, com a finalidade de alcançar o objetivo geral deste trabalho que foi apresentar alguns conceitos fundamentais de ética, apontando virtudes necessárias para o ambiente profissional na plenitude dos deveres como servidor em órgãos públicos.
  • 13. REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO Vicente. Direito administrativo: série jurídica. 2. ed. Rio de Janeiro: Ímpetos, 2002. Capítulo 1 e 2. BACCHELLI; Ética Profissional, Disponível via Internet: WWW. URL http://professorbacchelli.spaceblog.com.br/186516/Etica-Profissional-Aula-02/, acesso em 05 de fevereiro de 2009. BIANCHI, Anna Cecília de Moraes; ALVARENGA, Marina; BIANCHI, Roberto; Orientação para Estágio em Secretariado – Trabalhos, Projetos e Monografias – Estatística. São Paulo: Thomson. 2003. Capítulo 4, pág. 39 a 40. BÍSCOLI, F. R. V. & CIELO, I. D. Gestão Organizacional e o Papel do Secretário Executivo. Revista Expectativa. Vl. 1. n.1. Paraná. Edunioeste. 2001. Capítulo 7. BLANCHARD, Kenneth; PEALE, Norman Vincent. O Poder da Administração Ética. 4.ª edição. Rio de Janeiro, Record, 2001. Capítulo 5. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Capítulo IV, artigo 37, parágrafo 4º. _____. Diário Oficial da União. Código de Ética do Servidor Público, Capítulo II. Decreto nº. 1.171, de 22 de junho de 1994. CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uirá. Metodologia Científica – Teoria e Prática. 2ª edição. Axcel Books. 2004. Capitulo 2, pág. 15 a 28. ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Ética e Serviço Público. Disponível via internet: WWW. URL. http://www.enap.gov.br Acesso em 26 de agosto de 2008. MANÃS, Antonio Vico. ISO 9000 - Um caminho para a qualidade total. São Paulo: Érica, 1994. pág. 36 a 48. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração: da evolução urbana a revolução digital. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NALINI, José Renato; Ética Geral e Profissional – 6ª edição, ver., atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. Capítulo 1, pág. 25 a 83. Capítulo 3, pág. 11 a 144. RIBEIRO, N. L. A. Secretariado: do escriba ao gestor. São Luiz: Edfama. 2002. ROSAS, Vanderlei de Barros; Afinal, o que é ética? Comissão de Ética Pública. Disponível via Internet: WWW. URL http://portal.ouvidoria.fazenda.gov.br/ouvidoria Acesso em 19 de fevereiro de 2009 SÁ, Antonio Lopes de; Ética Profissional – 5ª edição – São Paulo: Editora Atlas, 2004. Pág. 24 a 50, 75 a 83, 181 a 198.
  • 14. SROUR, Robert Henry. Ética empresarial – A gestão da Reputação. 2ª edição. Rio de Janeiro. Campus. 2003. Capítulo 5. STUKART, Herbert Lowe. Ética e corrupção. São Paulo: Nobel, 2003. Capítulo 3 XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa. 2ª edição. São Paulo. Ediouro, 2000. Pág. 409.