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Economia Solidária - Um Caso de Sucesso da Feira Orgânica do Município de Juazeiro do Norte

                    Jéssica Soares Pereira1, Vanessa Oliveira Teles1, Joaquim Torres Filho2
1
  Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista PET/UFC. e-mail: jessicasoares@alu.ufc.br
1
  Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista CNPq/PIBIC. e-mail: teles@alu.ufc.br
2
  Professor Adjunto II do curso de Agronomia na UFC Campus Cariri. e-mail: joaquim.torres55@gmail.com

Resumo: O desenvolvimento da tecnologia nos últimos tempos tem evidenciado também uma
interferência na ordem do setor agrícola, que está diretamente ligado ao desenvolvimento de sistemas
alternativos de produção. O presente artigo teve como objetivo avaliar a forma de comercialização, a
participação dos produtores em associações, o incentivo e apoio fornecidos pelas instituições parceiras
dentro da realidade dos pequenos agricultores rurais, que atuam na Feira Orgânica do município de
Juazeiro do Norte. Foram aplicados questionários com questões objetivas e subjetivas. A Feira Orgânica
existe no município há seis anos com o apoio da prefeitura e da EMATERCE. Constatou-se que 85,71%
dos produtores praticam preços acima dos similares comercializados na feira tradicional. Um total de
42,86% participa da feira desde o seu início. Na avaliação realizada, 71,43% dos produtores consideram
“Bom” o resultado obtido com a venda de seus produtos, enquanto o restante considera “Muito bom”. No
tocante ao rendimento obtido, 48,86% conseguem faturar mensalmente mais de 1 salário mínimo,
enquanto 28,57% faturam de meio até 1 salário. Todos os produtores receberam treinamento para
transição da agricultura convencional para a orgânica. Cabe ressaltar que os produtos não são certificados,
mais o apoio das autoridades e da própria população é relevante, quanto a uma maior sensibilização e
motivação dessas pessoas que desenvolvem boas práticas agrícolas para apresentação de produtos que
gerem uma melhor qualidade de vida, a equidade social e o resgate dos valores ambientais.

Palavras–chave: comercialização, sustentabilidade, trabalho, renda.

                                                     Introdução
        O desenvolvimento da tecnologia nos últimos tempos tem evidenciado também uma interferência
na ordem do setor agrícola, que está diretamente ligado ao desenvolvimento de sistemas alternativos de
produção. Esse avanço e inserção de novos meios produtivos têm levado agricultores e consumidores a
movimentarem-se em busca de uma melhor qualidade de vida que respeite o meio ambiente, a cidadania e
a solidariedade.
        Coltro (2009) reforça esse pensamento afirmando que a partir do século XIX, a demanda por
recursos naturais e os danos ambientais tornaram-se crescentes devido à intensificação do processo de
industrialização e dos sistemas agropecuários. Uma das mudanças inovadoras diz respeito às feiras de
produtos orgânicos. Estas são espaços para comercialização e disponibilização de alimentos mais
saudáveis, cultivados sem o uso de agrotóxicos, com o mínimo de chances de contaminação, acreditando
na demanda de consumidor que opta e procura por produtos frescos, de preferência diretamente do
produtor rural.
        Os dados mais recentes sobre o setor no País mostram que o crescimento do mercado de produtos
orgânicos - que vinha aumentando, no início da década de 1990, em torno de 10% ao ano – chegou
próximo a 50% ao ano nos últimos três anos. Portanto, superior aos países da União Européia e aos
Estados Unidos da América, onde o mercado cresce em média 20 % a 30% ao ano (Cuenca, 2007).
        De acordo com Silva (2005), as questões de saúde e de preservação ecológica têm surtido impacto
nas decisões dos consumidores, mostrando oportunidades aos produtores de alimentos orgânicos em
expor seus produtos a essa demanda. A participação das famílias na realização da feira é notória, onde
cada integrante contribui de forma incisiva nas atividades que compõe o canal de comunicação direta
entre os produtores e os consumidores, onde a partir dessa troca de conhecimentos, os mesmos constroem
uma economia com relações justas e solidárias.
        Segundo o Planeta Orgânico (2010), o Brasil é o segundo país que apresenta o maior potencial de
produção orgânica do mundo. O país possui 90 milhões de hectares agricultáveis, além das áreas de
produção convencional que migram para a agricultura orgânica de forma crescente.
        A agricultura orgânica pode ser apresentada como um sistema de produção que exclui o uso de
fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a
alimentação animal, compostos sinteticamente. Algumas ações que fazem parte do método da agricultura
orgânica são recomendadas como o uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde,
compostagem e controle biológico de pragas e doenças (Darolt, 2010).


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Na produção orgânica existe outro aspecto muito importante que é a certificação, que confere
maior valor agregado ao que é produzido e garante condições para uma melhor competitividade com o
mercado convencional. A partir da certificação os consumidores e a sociedade em geral vão sentir uma
melhor segurança quanto a origem (procedência) dos produtos e o respeito às regras estabelecidas pela
legislação brasileira da produção orgânica.
        A Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte já possui seis anos de existência, e a
participação das famílias é evidente juntamente com o apoio da prefeitura e da EMATERCE, que oferece
assistência técnica para os produtores em seu sistema de produção de alimentos orgânicos. A
interatividade e a segurança a partir da diversificação alimentar que os feirantes passam é muito
importante nesse tipo de comercialização.
         Nesse sentido Testa et al (2003, p. 30) afirma que a agricultura familiar diversificada é a opção
estratégica que melhor permite obter um alto grau de dinamismo, flexibilidade e competitividade
econômica no atual contexto de mercados globalizados e diante de outras regiões concorrentes, pode
proporcionar uma sustentabilidade ambiental e gerar a equidade social.
        O presente artigo teve como objetivo avaliar a forma de comercialização, a participação dos
produtores em associações, o incentivo e apoio fornecidos pelas instituições parceiras dentro da realidade
dos pequenos agricultores rurais, que atuam na Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte, onde
os agricultores impulsionam através do comércio novas alternativas de geração de renda, socialização e
melhoria na qualidade de vida sem agredir o meio ambiente.

                                                Material e Métodos
       O trabalho foi desenvolvido no município de Juazeiro do Norte, região metropolitana do Cariri,
localizado no Sul do Estado do Ceará, a 533 km da capital (Fortaleza), com uma população estimada em
249.939 habitantes (IBGE, 2010). É considerada um dos maiores centros de religiosidade popular da
América Latina, que atrai todos os anos milhões de romeiros para o centro da cidade. As precipitações
médias anuais são em torno de 931,7mm, acima da média de 775 mm do estado.
       Durante a Feira Orgânica realizada semanalmente no município, foram aplicados questionários
visando obter dados referentes às atividades realizadas pelos produtores rurais que tem seus produtos
expostos para comercialização. As perguntas foram feitas diretamente aos proprietários das barracas que
no local comercializavam diversos produtos dentro dos princípios da agricultura orgânica e
agroecológica, como frutas, grãos, hortaliças entre outros.
       Os questionários foram elaborados com questões objetivas e subjetivas, permitindo aos produtores
orgânicos expor seus argumentos quanto às perguntas elaboradas, visando uma melhor interpretação dos
dados que foram obtidos na pesquisa. Analisou-se vários aspectos na feira como: o apoio técnico prestado
pelas instituições aos pequenos agricultores, as áreas de produção, os princípios agroecológicos, o
diferencial competitivo com os mercados convencionais entre outros aspectos que dizem respeito a
realização da Feira Orgânica.
       Ao todo foram entrevistados sete produtores, que atualmente fazem a Feira Orgânica do município
de Juazeiro do Norte. As respostas foram tabuladas e analisadas de acordo com as porcentagens
respectivas as perguntas formuladas, e ao número de entrevistados durante a realização da pesquisa.

                                         Resultados e Discussão
       Analisando os resultados observa-se que todos os feirantes são produtores. Esse dado é muito
importante, tendo em vista que eles comercializam suas próprias produções, pois a relação direta com
seus clientes é fundamental para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas e para o fortalecimento na
melhoria de apresentação de seus produtos durante a realização das feiras, excluindo assim a participação
dos atravessadores no canal de comercialização.
       É interessante a forma de comercialização que esses agricultores executam, pois se estabelece uma
organização de mercado com o intuito de englobar além dos aspectos da qualidade dos produtos orgânicos
a adoção de medidas que assegurem uma segurança no trabalho, a equidade social e os benefícios que
estes adquirem do sistema agroecológico visando não apenas o financeiro, mas também o social e o
ambiental.
       Quando se trata da produção de alimentos orgânicos, é importante ressaltar o modo de produção
que engloba um sistema de práticas voltadas a consevação do meio ambiente, que buscam contemplar o
uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando assim as relações
sociais e culturais de uma dada sociedade.
       A Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte já existe há seis anos, e acontece toda sexta-
feira pela manhã, contando para seu fortalecimento a participação das famílias, juntamente com o apoio


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da prefeitura e da EMATERCE, que oferece assistência técnica para os produtores em seu sistema de
produção de alimentos orgânicos. Na realização da feira, famílias inteiras participam, onde juntos
constroem um canal de comercialização direto com os consumidores, que confiam nos produtores e no
modo de produção dos alimentos adquiridos.
        A produção orgânica na feira é diversificada, com produtos como hortaliças, frutas, grãos, peixes,
plantas medicinais até mesmo flores do tipo “Angélica”. A produção diversificada garante aos pequenos
produtores uma maior competitividade com o mercado convencional, além de proporcionar a população
alimentos produzidos e cultivados totalmente dentro dos princípios da agroecologia, atendendo as
exigências do mercado consumidor mais exigente que procura por alimentos saudáveis, livres do uso de
agrotóxicos.
        No que diz respeito aos preços cobrados na feira, constatou-se que 85,71% dos produtores
praticam preços acima dos similares comercializados na feira comum ou tradicional como queiram
chamar. Isso se deve ao sistema de produção, que muitas vezes tem o custo mais elevado, quanto ao
cuidado e ao estabelecimento das culturas nas pequenas áreas que estes dispõem. Apenas 14,29% dos
produtores consideram o preço estabelecido na feira compatível com o do mercado convencional.
        Dentro desse aspecto é importante falar que o público que frequenta a feira, é constituído de
pessoas de maior poder aquisitivo. Esse parâmetro ainda se estabelece devido a falta de informação e
compreensão de outras partes da população no que diz respeito aos aspectos produtivos e obtenção de um
produto orgânico, ou seja, a forma como ele é cultivado, manejado e selecionado para chegar a feira.
        Para a permanência da Feira Orgânica na cidade, é importante a conscientização e sensibilização
da população quanto a adesão de produtos que garantem uma melhor qualidade de vida. Quanto a essa
questão, foi constatado que os consumidores da feira estão conscientes do tipo de produto que estão
adquirindo. O contato direto com o agricultor é muito importante neste aspecto, quanto ao esclarecimento
de dúvidas e a troca de conhecimentos que reforça sem dúvida esse tipo de comercialização.
        Todos os produtores que participam da feira cultivam seus alimentos sem a utilização de produtos
químicos (adubos ou agrotóxicos), seguindo portanto a base de produção dos produtos orgânicos, que
respeitam as relações sociais e culturais de uma comunidade que executa suas atividades visando o bem
estar das pessoas e o cuidado consequentemente com o meio ambiente. A adubação utilizada por todos os
produtores é a orgânica constituída de adubação verde, compostagem e biofertilizantes.
        Quanto a estrutura física da feira, todos os produtores se mostraram satisfeitos com o local. Vale
ressaltar a importância de investimentos no setor, para um maior fortalecimento das atividades dos
pequenos agricultores. Quanto a participação dos agricultores na feira, 42,86% participam desde o seu
início, enquanto que o restante possui menos de quatro anos de participação.
        Não resta dúvida que pode-se pensar que o número de agricultores que compõe a feira é muito
reduzido, mas é bom lembrar que a adesão ao modelo orgânico ainda é muito baixa na agricultura
familiar, principalmente dado aos baixos índices de incentivo por parte dos orgãos governamentais quanto
ao potencial produtivo e ao abastecimento da população com alimentos mais saudáveis.
        Os resultados econômicos com a venda de produtos orgânicos sao positivos, verificando-se que
71,43% dos produtores consideram “bom” esse quesito, enquanto o restante considera os resultados
obtidos como “muito bom”. Considerando o tempo de participação na feira, esses produtores já
observaram a quantidade de alimentos que deve ser produzida para atender a uma demanda dos
consumidores.
        Praticamente todos os produtores tem a feira como sua única fonte de renda, e para tanto 48,86%
consideram que conseguem faturar mensalmente mais de 1 salário, enquanto 28,57% faturam de meio até
1 salário. Nesse ponto a diversificação produtiva e o contato direto com o cliente faz uma diferença muito
grande na apresentação de diversos produtos e na garantia de uma melhor fonte de renda quanto aos
alimentos oferecidos para população no geral.
        Alguns produtores (28,57%) comercializam seus produtos em outros locais, como outras feiras,
eventos, na própria comunidade e executam entregas em domicílio. O restante equivalente a 71,43%
comercializa seus produtos semanalmente apenas na feira. Todos os produtores possuem terra própria,
com a garantia de uma maior facilidade na execução das atividades desenvolvidas pelo produtor familiar e
a grande diversificação de cultivos de produtos ofertados pelos agricultores.
        Todos os produtores receberam treinamento para transição da agricultura convencional para a
orgânica como cursos, oficinas, palestras e reuniões, todos com o objetivo de esclarecer e tirar dúvidas a
respeito do modo de produção orgânico. Nesse ponto, os produtores são assistidos durante a feira por um
técnico da EMATERCE, e o desevolvimento – cultivo dos alimentos nas propriedades. A função do
técnico é dar suporte a todo esse sistema de produção, com visitas e acompanhamento.



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Com relação ao manejo produtivo dos alimentos orgânicos, todos os produtores utilizam
defensivos alternativos no controle de pragas e doenças que possam vir a afetar sua produção, respeitando
assim a base ecológica do sistema de produção escolhido. Para isso são utilizados como defensivos a
pimenta, a urina de vaca, o alho, o nim indiano, o fumo, a cinza, a calda bordalesa, a manipueira entre
outros artifícios como também as armadilhas para captura de insetos vetores e pragas diversas.
        Diante do modo de produção escolhido, todos os agricultores consideram que produzir
organicamente é apresentar um diferencial competitivo com o mercado de produtos convencionais, onde
os mesmos oferecem através dos produtos comercializados uma melhor qualidade de vida aos
consumidores. Cultivar sob princípios agroecológicos é lidar não somente com questões econômicas, mas
também com o social e o ambiental.
        Finalmente cabe ressaltar que os produtos não são certificados. Seria interessante que os
produtores tivessem a certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que
atestaria que seus produtos são cultivados conforme a regras da produção orgânica. A certificação é uma
garantia de que alimentos e/ou produtos rotulados como orgânicos atendam aos padrões da agricultura
orgânica. A emissão do selo ou do certificado contribui no sentido de eliminar, ou pelo menos reduzir, a
incerteza com relação à qualidade presente nos produtos, oferecendo aos consumidores informações
objetivas, que são importantes no momento da compra. Cabe observar que mesmo assim, a legislação
brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos orgânicos para a agricultura
familiar. Exige-se, porém, o credenciamento numa organização de controle social cadastrado em órgão
fiscalizador oficial. “Com isso, os agricultores familiares passam a fazer parte do Cadastro Nacional de
Produtores Orgânicos.” Quanto a isso, nenhuma informação concreta foi obtida.

                                                   Conclusões
       Em regra geral, o modo de produção dos agricultores na Feira Orgânica do município de Juazeiro
do Norte é fundamental para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas, que adotam medidas que
geram inúmeros benefícios visando não apenas o financeiro, mas também o social e o ambiental. Os
produtos ainda não são certificados. Logo o apoio das autoridades e da própria população ainda é
relevante, quanto a uma maior sensibilização e motivação dessas pessoas que dispõe de seus
conhecimentos para apresentação de produtos que gerem uma melhor qualidade de vida, a equidade social
e o resgate dos valores ambientais.

                                              Agradecimentos
       Agradecimento ao Programa de Educação Tutorial – PET e ao CNPq/PIBIC (órgãos concedentes
das bolsas).

                                          Literatura citada
COLTRO, A. O comportamento do consumidor consciente como fonte de estímulos de mercado as
ações                    institucionais            sócio-ambientais.           Disponível      em:
<http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/sustentabilidade/alexcoltro_editorado.pdf>. Acesso em: 24 de
set. de 2012.

CUENCA, Manuel Alberto Gutiérrez et al. Perfil do Consumidor e do Consumo de produtos
Orgânicos do Rio Grande do Norte. Aracajú: Embrapa 2007.

DAROLT, M. R.; Agricultura Orgânica. Curitiba: IAPAR. Disponível em:<www.mda.gov.br>.
Acessado em: 22/09/2012.

PLANETA ORGÂNICO; Posição do Brasil no Mercado de Alimentos Orgânicos. Disponível
em:<http://www.planetaorganico.com.br>. Acessado em: 26/09/2012.

SILVA, D.M.; CÂMARA, M.R.G. Merchandising for organics products in supermarkets: an exploratory
study of the consuming behavior. In: Congresso Internacional de Economia e Gestão de Redes
Agroalimentares, 5., 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP, 2005.

TESTA, Vilson Marcos (2003). A escolha da trajetória da produção de leite como estratégia de
desenvolvimento do oeste catarinense. 1. ed. Florianópolis: Secretaria de Estado da Agricultura e
Política Rural. 130 p.



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Feira Orgânica de Juazeiro do Norte

  • 1. Economia Solidária - Um Caso de Sucesso da Feira Orgânica do Município de Juazeiro do Norte Jéssica Soares Pereira1, Vanessa Oliveira Teles1, Joaquim Torres Filho2 1 Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista PET/UFC. e-mail: jessicasoares@alu.ufc.br 1 Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista CNPq/PIBIC. e-mail: teles@alu.ufc.br 2 Professor Adjunto II do curso de Agronomia na UFC Campus Cariri. e-mail: joaquim.torres55@gmail.com Resumo: O desenvolvimento da tecnologia nos últimos tempos tem evidenciado também uma interferência na ordem do setor agrícola, que está diretamente ligado ao desenvolvimento de sistemas alternativos de produção. O presente artigo teve como objetivo avaliar a forma de comercialização, a participação dos produtores em associações, o incentivo e apoio fornecidos pelas instituições parceiras dentro da realidade dos pequenos agricultores rurais, que atuam na Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte. Foram aplicados questionários com questões objetivas e subjetivas. A Feira Orgânica existe no município há seis anos com o apoio da prefeitura e da EMATERCE. Constatou-se que 85,71% dos produtores praticam preços acima dos similares comercializados na feira tradicional. Um total de 42,86% participa da feira desde o seu início. Na avaliação realizada, 71,43% dos produtores consideram “Bom” o resultado obtido com a venda de seus produtos, enquanto o restante considera “Muito bom”. No tocante ao rendimento obtido, 48,86% conseguem faturar mensalmente mais de 1 salário mínimo, enquanto 28,57% faturam de meio até 1 salário. Todos os produtores receberam treinamento para transição da agricultura convencional para a orgânica. Cabe ressaltar que os produtos não são certificados, mais o apoio das autoridades e da própria população é relevante, quanto a uma maior sensibilização e motivação dessas pessoas que desenvolvem boas práticas agrícolas para apresentação de produtos que gerem uma melhor qualidade de vida, a equidade social e o resgate dos valores ambientais. Palavras–chave: comercialização, sustentabilidade, trabalho, renda. Introdução O desenvolvimento da tecnologia nos últimos tempos tem evidenciado também uma interferência na ordem do setor agrícola, que está diretamente ligado ao desenvolvimento de sistemas alternativos de produção. Esse avanço e inserção de novos meios produtivos têm levado agricultores e consumidores a movimentarem-se em busca de uma melhor qualidade de vida que respeite o meio ambiente, a cidadania e a solidariedade. Coltro (2009) reforça esse pensamento afirmando que a partir do século XIX, a demanda por recursos naturais e os danos ambientais tornaram-se crescentes devido à intensificação do processo de industrialização e dos sistemas agropecuários. Uma das mudanças inovadoras diz respeito às feiras de produtos orgânicos. Estas são espaços para comercialização e disponibilização de alimentos mais saudáveis, cultivados sem o uso de agrotóxicos, com o mínimo de chances de contaminação, acreditando na demanda de consumidor que opta e procura por produtos frescos, de preferência diretamente do produtor rural. Os dados mais recentes sobre o setor no País mostram que o crescimento do mercado de produtos orgânicos - que vinha aumentando, no início da década de 1990, em torno de 10% ao ano – chegou próximo a 50% ao ano nos últimos três anos. Portanto, superior aos países da União Européia e aos Estados Unidos da América, onde o mercado cresce em média 20 % a 30% ao ano (Cuenca, 2007). De acordo com Silva (2005), as questões de saúde e de preservação ecológica têm surtido impacto nas decisões dos consumidores, mostrando oportunidades aos produtores de alimentos orgânicos em expor seus produtos a essa demanda. A participação das famílias na realização da feira é notória, onde cada integrante contribui de forma incisiva nas atividades que compõe o canal de comunicação direta entre os produtores e os consumidores, onde a partir dessa troca de conhecimentos, os mesmos constroem uma economia com relações justas e solidárias. Segundo o Planeta Orgânico (2010), o Brasil é o segundo país que apresenta o maior potencial de produção orgânica do mundo. O país possui 90 milhões de hectares agricultáveis, além das áreas de produção convencional que migram para a agricultura orgânica de forma crescente. A agricultura orgânica pode ser apresentada como um sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a alimentação animal, compostos sinteticamente. Algumas ações que fazem parte do método da agricultura orgânica são recomendadas como o uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças (Darolt, 2010). _______________________________________________________________________________________________________________________________ Página - 1 - de 4
  • 2. Na produção orgânica existe outro aspecto muito importante que é a certificação, que confere maior valor agregado ao que é produzido e garante condições para uma melhor competitividade com o mercado convencional. A partir da certificação os consumidores e a sociedade em geral vão sentir uma melhor segurança quanto a origem (procedência) dos produtos e o respeito às regras estabelecidas pela legislação brasileira da produção orgânica. A Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte já possui seis anos de existência, e a participação das famílias é evidente juntamente com o apoio da prefeitura e da EMATERCE, que oferece assistência técnica para os produtores em seu sistema de produção de alimentos orgânicos. A interatividade e a segurança a partir da diversificação alimentar que os feirantes passam é muito importante nesse tipo de comercialização. Nesse sentido Testa et al (2003, p. 30) afirma que a agricultura familiar diversificada é a opção estratégica que melhor permite obter um alto grau de dinamismo, flexibilidade e competitividade econômica no atual contexto de mercados globalizados e diante de outras regiões concorrentes, pode proporcionar uma sustentabilidade ambiental e gerar a equidade social. O presente artigo teve como objetivo avaliar a forma de comercialização, a participação dos produtores em associações, o incentivo e apoio fornecidos pelas instituições parceiras dentro da realidade dos pequenos agricultores rurais, que atuam na Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte, onde os agricultores impulsionam através do comércio novas alternativas de geração de renda, socialização e melhoria na qualidade de vida sem agredir o meio ambiente. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no município de Juazeiro do Norte, região metropolitana do Cariri, localizado no Sul do Estado do Ceará, a 533 km da capital (Fortaleza), com uma população estimada em 249.939 habitantes (IBGE, 2010). É considerada um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, que atrai todos os anos milhões de romeiros para o centro da cidade. As precipitações médias anuais são em torno de 931,7mm, acima da média de 775 mm do estado. Durante a Feira Orgânica realizada semanalmente no município, foram aplicados questionários visando obter dados referentes às atividades realizadas pelos produtores rurais que tem seus produtos expostos para comercialização. As perguntas foram feitas diretamente aos proprietários das barracas que no local comercializavam diversos produtos dentro dos princípios da agricultura orgânica e agroecológica, como frutas, grãos, hortaliças entre outros. Os questionários foram elaborados com questões objetivas e subjetivas, permitindo aos produtores orgânicos expor seus argumentos quanto às perguntas elaboradas, visando uma melhor interpretação dos dados que foram obtidos na pesquisa. Analisou-se vários aspectos na feira como: o apoio técnico prestado pelas instituições aos pequenos agricultores, as áreas de produção, os princípios agroecológicos, o diferencial competitivo com os mercados convencionais entre outros aspectos que dizem respeito a realização da Feira Orgânica. Ao todo foram entrevistados sete produtores, que atualmente fazem a Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte. As respostas foram tabuladas e analisadas de acordo com as porcentagens respectivas as perguntas formuladas, e ao número de entrevistados durante a realização da pesquisa. Resultados e Discussão Analisando os resultados observa-se que todos os feirantes são produtores. Esse dado é muito importante, tendo em vista que eles comercializam suas próprias produções, pois a relação direta com seus clientes é fundamental para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas e para o fortalecimento na melhoria de apresentação de seus produtos durante a realização das feiras, excluindo assim a participação dos atravessadores no canal de comercialização. É interessante a forma de comercialização que esses agricultores executam, pois se estabelece uma organização de mercado com o intuito de englobar além dos aspectos da qualidade dos produtos orgânicos a adoção de medidas que assegurem uma segurança no trabalho, a equidade social e os benefícios que estes adquirem do sistema agroecológico visando não apenas o financeiro, mas também o social e o ambiental. Quando se trata da produção de alimentos orgânicos, é importante ressaltar o modo de produção que engloba um sistema de práticas voltadas a consevação do meio ambiente, que buscam contemplar o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando assim as relações sociais e culturais de uma dada sociedade. A Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte já existe há seis anos, e acontece toda sexta- feira pela manhã, contando para seu fortalecimento a participação das famílias, juntamente com o apoio _______________________________________________________________________________________________________________________________ Página - 2 - de 4
  • 3. da prefeitura e da EMATERCE, que oferece assistência técnica para os produtores em seu sistema de produção de alimentos orgânicos. Na realização da feira, famílias inteiras participam, onde juntos constroem um canal de comercialização direto com os consumidores, que confiam nos produtores e no modo de produção dos alimentos adquiridos. A produção orgânica na feira é diversificada, com produtos como hortaliças, frutas, grãos, peixes, plantas medicinais até mesmo flores do tipo “Angélica”. A produção diversificada garante aos pequenos produtores uma maior competitividade com o mercado convencional, além de proporcionar a população alimentos produzidos e cultivados totalmente dentro dos princípios da agroecologia, atendendo as exigências do mercado consumidor mais exigente que procura por alimentos saudáveis, livres do uso de agrotóxicos. No que diz respeito aos preços cobrados na feira, constatou-se que 85,71% dos produtores praticam preços acima dos similares comercializados na feira comum ou tradicional como queiram chamar. Isso se deve ao sistema de produção, que muitas vezes tem o custo mais elevado, quanto ao cuidado e ao estabelecimento das culturas nas pequenas áreas que estes dispõem. Apenas 14,29% dos produtores consideram o preço estabelecido na feira compatível com o do mercado convencional. Dentro desse aspecto é importante falar que o público que frequenta a feira, é constituído de pessoas de maior poder aquisitivo. Esse parâmetro ainda se estabelece devido a falta de informação e compreensão de outras partes da população no que diz respeito aos aspectos produtivos e obtenção de um produto orgânico, ou seja, a forma como ele é cultivado, manejado e selecionado para chegar a feira. Para a permanência da Feira Orgânica na cidade, é importante a conscientização e sensibilização da população quanto a adesão de produtos que garantem uma melhor qualidade de vida. Quanto a essa questão, foi constatado que os consumidores da feira estão conscientes do tipo de produto que estão adquirindo. O contato direto com o agricultor é muito importante neste aspecto, quanto ao esclarecimento de dúvidas e a troca de conhecimentos que reforça sem dúvida esse tipo de comercialização. Todos os produtores que participam da feira cultivam seus alimentos sem a utilização de produtos químicos (adubos ou agrotóxicos), seguindo portanto a base de produção dos produtos orgânicos, que respeitam as relações sociais e culturais de uma comunidade que executa suas atividades visando o bem estar das pessoas e o cuidado consequentemente com o meio ambiente. A adubação utilizada por todos os produtores é a orgânica constituída de adubação verde, compostagem e biofertilizantes. Quanto a estrutura física da feira, todos os produtores se mostraram satisfeitos com o local. Vale ressaltar a importância de investimentos no setor, para um maior fortalecimento das atividades dos pequenos agricultores. Quanto a participação dos agricultores na feira, 42,86% participam desde o seu início, enquanto que o restante possui menos de quatro anos de participação. Não resta dúvida que pode-se pensar que o número de agricultores que compõe a feira é muito reduzido, mas é bom lembrar que a adesão ao modelo orgânico ainda é muito baixa na agricultura familiar, principalmente dado aos baixos índices de incentivo por parte dos orgãos governamentais quanto ao potencial produtivo e ao abastecimento da população com alimentos mais saudáveis. Os resultados econômicos com a venda de produtos orgânicos sao positivos, verificando-se que 71,43% dos produtores consideram “bom” esse quesito, enquanto o restante considera os resultados obtidos como “muito bom”. Considerando o tempo de participação na feira, esses produtores já observaram a quantidade de alimentos que deve ser produzida para atender a uma demanda dos consumidores. Praticamente todos os produtores tem a feira como sua única fonte de renda, e para tanto 48,86% consideram que conseguem faturar mensalmente mais de 1 salário, enquanto 28,57% faturam de meio até 1 salário. Nesse ponto a diversificação produtiva e o contato direto com o cliente faz uma diferença muito grande na apresentação de diversos produtos e na garantia de uma melhor fonte de renda quanto aos alimentos oferecidos para população no geral. Alguns produtores (28,57%) comercializam seus produtos em outros locais, como outras feiras, eventos, na própria comunidade e executam entregas em domicílio. O restante equivalente a 71,43% comercializa seus produtos semanalmente apenas na feira. Todos os produtores possuem terra própria, com a garantia de uma maior facilidade na execução das atividades desenvolvidas pelo produtor familiar e a grande diversificação de cultivos de produtos ofertados pelos agricultores. Todos os produtores receberam treinamento para transição da agricultura convencional para a orgânica como cursos, oficinas, palestras e reuniões, todos com o objetivo de esclarecer e tirar dúvidas a respeito do modo de produção orgânico. Nesse ponto, os produtores são assistidos durante a feira por um técnico da EMATERCE, e o desevolvimento – cultivo dos alimentos nas propriedades. A função do técnico é dar suporte a todo esse sistema de produção, com visitas e acompanhamento. _______________________________________________________________________________________________________________________________ Página - 3 - de 4
  • 4. Com relação ao manejo produtivo dos alimentos orgânicos, todos os produtores utilizam defensivos alternativos no controle de pragas e doenças que possam vir a afetar sua produção, respeitando assim a base ecológica do sistema de produção escolhido. Para isso são utilizados como defensivos a pimenta, a urina de vaca, o alho, o nim indiano, o fumo, a cinza, a calda bordalesa, a manipueira entre outros artifícios como também as armadilhas para captura de insetos vetores e pragas diversas. Diante do modo de produção escolhido, todos os agricultores consideram que produzir organicamente é apresentar um diferencial competitivo com o mercado de produtos convencionais, onde os mesmos oferecem através dos produtos comercializados uma melhor qualidade de vida aos consumidores. Cultivar sob princípios agroecológicos é lidar não somente com questões econômicas, mas também com o social e o ambiental. Finalmente cabe ressaltar que os produtos não são certificados. Seria interessante que os produtores tivessem a certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que atestaria que seus produtos são cultivados conforme a regras da produção orgânica. A certificação é uma garantia de que alimentos e/ou produtos rotulados como orgânicos atendam aos padrões da agricultura orgânica. A emissão do selo ou do certificado contribui no sentido de eliminar, ou pelo menos reduzir, a incerteza com relação à qualidade presente nos produtos, oferecendo aos consumidores informações objetivas, que são importantes no momento da compra. Cabe observar que mesmo assim, a legislação brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos orgânicos para a agricultura familiar. Exige-se, porém, o credenciamento numa organização de controle social cadastrado em órgão fiscalizador oficial. “Com isso, os agricultores familiares passam a fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos.” Quanto a isso, nenhuma informação concreta foi obtida. Conclusões Em regra geral, o modo de produção dos agricultores na Feira Orgânica do município de Juazeiro do Norte é fundamental para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas, que adotam medidas que geram inúmeros benefícios visando não apenas o financeiro, mas também o social e o ambiental. Os produtos ainda não são certificados. Logo o apoio das autoridades e da própria população ainda é relevante, quanto a uma maior sensibilização e motivação dessas pessoas que dispõe de seus conhecimentos para apresentação de produtos que gerem uma melhor qualidade de vida, a equidade social e o resgate dos valores ambientais. Agradecimentos Agradecimento ao Programa de Educação Tutorial – PET e ao CNPq/PIBIC (órgãos concedentes das bolsas). Literatura citada COLTRO, A. O comportamento do consumidor consciente como fonte de estímulos de mercado as ações institucionais sócio-ambientais. Disponível em: <http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/sustentabilidade/alexcoltro_editorado.pdf>. Acesso em: 24 de set. de 2012. CUENCA, Manuel Alberto Gutiérrez et al. Perfil do Consumidor e do Consumo de produtos Orgânicos do Rio Grande do Norte. Aracajú: Embrapa 2007. DAROLT, M. R.; Agricultura Orgânica. Curitiba: IAPAR. Disponível em:<www.mda.gov.br>. Acessado em: 22/09/2012. PLANETA ORGÂNICO; Posição do Brasil no Mercado de Alimentos Orgânicos. Disponível em:<http://www.planetaorganico.com.br>. Acessado em: 26/09/2012. SILVA, D.M.; CÂMARA, M.R.G. Merchandising for organics products in supermarkets: an exploratory study of the consuming behavior. In: Congresso Internacional de Economia e Gestão de Redes Agroalimentares, 5., 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP, 2005. TESTA, Vilson Marcos (2003). A escolha da trajetória da produção de leite como estratégia de desenvolvimento do oeste catarinense. 1. ed. Florianópolis: Secretaria de Estado da Agricultura e Política Rural. 130 p. _______________________________________________________________________________________________________________________________ Página - 4 - de 4