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1. Introdução
Nos tempos que correm a participação dos pais nas atividades
dos filhos é frequente.
Esta participação é feita a todos os níveis quer seja escolar,
social, desportiva ou lúdica. Para isso devem tanto os pais
como os filhos sentirem-se agradado com a presença de
ambos e não serem motivos de «stress». No que respeita à
escola têm havido muitos e variados estudos. Podemos
aproveitar muitos dos resultados desses estudos para a
prática desportiva. Os intervenientes e as funções são iguais:
aluno=atleta; professor=formador/treinador; classe/turma =
equipa e a família.
A participação dos pais na atividade desportiva é positiva
e tem de ser sempre uma mais-valia, não o contrário. Uma
participação negativa, mesmo pontual, tem sempre mais
consequências que muitas positivas.
Dar especial atenção à importância da prática desportiva, não
só do ponto de vista da promoção de hábitos de vida e de
crescimento saudáveis, mas sobretudo da perspetiva da
criação de um ambiente positivo no desporto, onde os valores
desportivos dentro das quatro linhas estejam sempre acima
dos resultados finais da competição.
É comum vermos nos recintos desportivos um comportamento
menos próprio dos pais, quer criticando o treinador, dirigentes
ou ameaçando os adversários e árbitros. Esta não é
certamente a melhor forma de transmitir valores aos atletas,
que observam muitas das vezes estas atitudes com vergonha
e se transfiguram. A participação deve ser feita num todo, no
incentivo à equipa, ao desportivismo.
Se aos pais desagrada ficarem embaraçados pelo comporta-
mento dos seus filhos, também aos atletas embaraça o
comportamento público dos seus pais quando estes dão
«espetáculo».
Relembrar ainda o papel fundamental que os Pais devem
desempenhar junto das crianças, incutindo-lhes um espírito
de fair play e de respeito pelos colegas, adversários, árbitros
e treinadores, e encorajando-os a seguir um código de conduta
que os leve a ter prazer na prática desportiva em si.
O «triângulo desportivo» formado pelo treinador, pelos atletas
e pelos pais é inevitável na prática desportiva das crianças e
jovens. Mas é acima de tudo desejável.
Os pais devem ser os melhores adeptos da equipa, dar um
bom exemplo num relacionamento amigável com os
adversários, não devem pressionar ou intrometer-se, mas
aplaudir, incentivar, realçar o prazer de fazer desporto e a
alegria que é nele participar. Nunca interferir no trabalho do
treinador ou alimentar, com elogios fáceis, o
aparecimento de atitudes de vaidade, de vedetismos.
Ao estar sempre presente na atividade desportiva do seu filho
está a contribuir para uma formação cuidada e saudável. I
A participação dos pais na atividade
desportiva dos filhos
Vítor Santos (Treinador de Futebol)
A criação de uma Associação de Pais dentro da organização
dos clubes / escolas de futebol é uma possibilidade mas nos
moldes das que existem no meio escolar.
Os pais são um fator determinante para atingir o sucesso, na
medida em que dão o apoio emocional necessário, bem como
suporte financeiro e logístico. Esse apoio ocorre durante as
várias etapas de transição e as fases do percurso desportivo
desde a escolha, o desenvolvimento na iniciação desportiva
até chegar à participação em competições.
“Os comportamentos “desviantes” registados com uma
regularidade preocupante em alguns recintos
desportivos, nomeadamente, nos locais onde decorrem
“competições/encontros/ convívios” entre crianças e jovens,
tendo adultos como protagonistas, e em alguns casos (talvez
a maioria deles), protagonizados pelos familiares das crianças
envolvidas na “competições/encontros/convívios”, têm de ser
erradicados, são um fator de constrangimento à
educação/ética desportiva e ao desenvolvimento desportivo.”
Apesar de todos os esforços, os incidentes de violência no
desporto ainda ocorrem com alguma frequência. Embora a
responsabilidade para lidar com estes incidentes seja do
Clube, os pais devem entender, acompanhar e apoiar o
processo denunciando a situação aos responsáveis pela
segurança e nunca entrar em confronto com outros.
A família precisa de ser envolvida ativamente, através do
binómio educação/formação. Compete ao movimento
desportivo criar condições para integrar/envolver a família
neste processo educativo/formativo, onde: clubes,
associações, federações, autarquias, entre outros, têm um
papel crucial, para que se consiga construir um legado mais
rico para o desporto e sociedade.
Apoiar e incentivar são as únicas atitudes que
os pais devem ter
2. Papel dos pais e suas responsabilidades
A participação dos pais é importante - em primeiro lugar
porque os atletas querem que os pais os vejam a participar,
partilhem da sua satisfação e experiências e lhe deem o seu
apoio. Os jovens esforçam-se por fazer o seu melhor, querem
agradar, mostrar como são «bons» a fim de receberem a
aprovação, a estima, o carinho e a atenção pelo seu
desempenho.
Em segundo lugar os pais fornecem apoios indispensáveis:
eles são seccionistas, eles oferecem o lanche convívio,
servem, quando necessário, de árbitro, conseguem apoios
financeiros e, chegam mesmo a conduzir os atletas para os
treinos e jogos.
No início de cada época deve-se informar os pais do seu papel
na atividade desportiva dos filhos e quais as
responsabilidades que lhe cabem naquele domínio. Os
tópicos a seguir:
- Aconselhar os jovens acerca da escolha da modalidade e do
nível de competição que eles querem praticar, não
esquecendo que é preciso ouvi-los e conhecer o seu desejo;II
- Perigo de um exagero de identificação dos pais com os
filhos, facto que constitui a componente negativa desse
processo;
- Urgência, dos pais, assumirem alguns compromissos
relativos à prática desportiva dos filhos, levando um conjunto
de questões a que eles devem responder afirmativamente,
sem hesitar;
- Regras para o comportamento dos pais nas competições. O
treinador, enquanto tal, é responsável pelos atletas, ao
passo que os pais são responsáveis pelo seu próprio
comportamento.
Os pais têm sempre um papel fundamental na criação de um
ambiente positivo e na redução dos incidentes de violência,
constituindo-se como um importante modelo e referência de
bom comportamento através de:
- incentivar o fair play / jogo limpo;
- respeitar árbitros / juízes, treinadores e adversários;
- controlar as suas emoções – evitar o uso de linguagem
ofensiva e/ou entrar em conflitos;
- seguir um código de conduta;
- ajudar os atletas a ter na prazer na prática desportiva.
3 . Caracterização de tipos de pais
Pais que gritam durante as competições
Trata-se de um tipo de pais com grandes pulmões e com
cordas vocais de aço!!!
Este pai ou esta mãe senta-se (quando não fica de pé...)
mesmo por detrás dos membros da equipa (ou dos árbitros
auxiliares), grita colérico e enraivecido contra tudo e contra
todos, não deixando que se oiça mais ninguém naquela zona,
incluindo o treinador. O “espetáculo” passa para fora do
campo de jogo!!! Centram as suas atenções nas coisas
negativas e estão sempre a gritar contra os atletas,
árbitros/juízes. Estes pais devem aprender a observar as
coisas positivas da prática desportiva fazendo um esforço
para ignorar os erros que se cometem e aprenderem a ser
mais calmos e mais contidos.
Pais “treinadores de bancada”
É muito frequente encontrar este tipo de pais junto ao “banco”,
na bancada ou à volta do local da prova, “dando instruções”
aos praticantes. Este comportamento pode contrariar as
indicações dadas pelo próprio treinador e perturbar o
desempenho do atleta e o funcionamento do grupo.
Com tal comportamento conseguem irritar o treinador, os
restantes atletas e mesmo os outros espectadores. Passam a
vida a tirar notas, a filmar, a analisar o desempenho dos filhos.
Revivem todas as provas e competições em que eles
participam e apontam aquilo em que eles têm de melhorar.
Estes pais devem deixar o treino dos filhos para os respetivos
treinadores. III
Ilustração de Miguel Rebelo
Muitos técnicos e professores queixam-se do aumento no
número de “pais helicópteros” – aqueles que pairam (como
um helicóptero) sobre as crianças, se envolvem e metem-se
demais em suas vidas. Esses pais costumam questionar cada
passo do treinador e acreditam que seus filhos são mais
importantes que os outros e por isso devem ter um tratamento
diferenciado.
Algumas vezes esse comportamento desagradável dos pais
deriva de boas intenções.
Pais desinteressados 
Ausência permanente das atividades desportivas dos
filhos. ”Descarregam” os filhos. Quando assim não é, estão
tão ocupados com as notícias dos jornais e a falar ao
telemóvel que não prestam atenção ao desempenho dos
filhos. Tais pais devem recordar que um pequeno
encorajamento aos filhos ajuda imenso.
Pais super protetores 
É mais habitual encontrar esta situação na mãe do jovem. É
frequente ouvi-la ameaçar que vai retirar o filho do desporto
pelos perigos que ele envolve.  Seus instintos de proteção
colocam os seus filhos longe de tudo que os possa magoar.
Esses pais enervam-se ao menor tombo ou arranhão de seus
filhos, mesmo que isso seja comum e normal na grande
maioria dos desportos. Ou, a superproteção pode ser mais no
lado sensitivo e emocional – eles podem reclamar que seus
filhos estão sendo negligenciados ou humilhados.
IV
Ilustração de Miguel Rebelo
Ilustração de Miguel Rebelo
Pais que gostavam de ter sido atletas
Vivem os seus sonhos através dos filhos e encaram essa
prática como se fossem eles os participantes. Estes pais têm
de conseguir eliminar a postura de «ganhar a todo o custo» e
lembrar que não são eles que praticam desporto. Não devem
descarregar as suas frustrações nos filhos.
Sofrem da síndrome de frustração: querem que os filhos
sejam o que eles gostariam de ter sido/foram. Esses
indivíduos praticaram algum desporto e querem reviver estas
mesmas emoções – só que desta vez em seus próprios filhos.
Eles lutam com unhas e dentes para que seus filhos sejam
colocados em posições de estrela ou revoltam-se se os
mesmos forem suplentes ou então se nem foram convocados.
Pais 5 estrelas
Centram a sua atenção no esforço da equipa e não no
resultado. Respeitam, agradecem e aplaudem o treinador, aos
árbitros/juízes e aos adversários. São apoiantes positivos e
têm sempre presente o papel que desempenham quando
estão a ver aa competição dos filhos.
Atualmente muitos estudos mostram o potencial efeito positivo
e/ou negativo do envolvimento dos pais na prática desportiva
dos filhos.
Ainda que envolvimento possa significar apoio e incentivo, o
perigo em um
super-envolvimento pode resultar em um alto nível de stress
para a criança.
Uma correta participação na prática desportiva do filho é uma
experiência positiva e importante para a criança/jovem.
Ser treinador de crianças e jovens envolve lidar com
comportamento mesquinho, ciúme, fortes emoções e
lamentos constantes.
E acima de tudo isso - há crianças/jovens envolvidos.
Infelizmente lidar com pais nada razoáveis pode ser a parte
mais difícil de se treinar jovens. Muitos treinadores de jovens
fazem isso porque querem fazer a diferença na vida dos
mesmos. Os técnicos têm um importante papel no
desenvolvimento do caráter e disciplina dos jovens. V
Ilustração de João Fazenda
4 . Alertas/formas de sensibilização
O envolvimento dos pais na atividade desportiva é um
fenómeno mundial e transversal a todas as modalidades. Em
vários países começa a existir um movimento e uma
sensibilização para os efeitos prejudicais juntos dos potencias
desportistas que este envolvimento sem regras tem.
Em recintos desportivos já existem avisos sinaléticas que
relembram aos pais o comportamento a adotarem.
Em Portugal o Plano Nacional de Ética desportiva tem feito um
trabalho meritório no sentido de erradicar, ou pelo menos
diminuir, os maus comportamentos dos recintos desportivos.
5 . Comunicação social
A comunicação social tem feito eco de casos que ultrapassam
todos os limites em sociedades modernas e civilizadas.
Semanalmente ocorrem desacatos em recintos desportivos
onde os intervenientes são crianças e o público é,
maioritariamente, família.
A falta de civismo assusta. Por vezes, toma mesmo a
forma de comportamento criminoso. E à conta de tanto
encolher os ombros e fechar os olhos, permitem-se situações
de bradar aos céus. Os pais são inimigos dos próprios filhos
pela conduta que têm. Inacreditável!
VI
6. Reunião do treinador com os pais do atleta
Os bons treinadores estão conscientes da importância de se
garantir o auxílio e o apoio de pais bem informados. Em vez de
apenas se preocupar com a forma de resolução dos problemas
que provavelmente irão surgir no seu relacionamento com os
pais dos atletas, a realização de uma reunião com eles no início
da época, é uma ideia-chave para reduzir a possibilidade de vir
a ter experiências desagradáveis. Por outras palavras, o tempo
que se pode gastar na preparação e concretização desta
reunião é sempre um bom investimento.
Objetivos para a reunião
O principal objetivo destas reuniões deverá ser o de contribuir
para a melhoria da compreensão, por parte dos pais, do
significado e da importância dos jovens e, como
consequência, aumentar o valor que eles atribuem à
participação dos filhos naquela atividade, para o seu
desenvolvimento físico, psicológico e social.
Preparação da reunião
Uma reunião, para ser bem-sucedida, não precisa de ser
muito complicada, sendo no entanto decisiva a importância
que se atribui à sua preparação e organização. Os treinadores
precisam de estar preparados para fornecer dados sobre os
mais variados aspetos da sua atividade:
- Horários e locais de treino;
- Conhecimento da existência de um regulamento;
- Competições previstas.
Orientação da reunião
Uma comunicação para ser efetiva tem de se basear numa
troca de informações em 2 sentidos, perfilhada por todos os
intervenientes.
7. Breves considerações
1. Todos os agentes desportivos e os pais desempenham
funções importantes na experiência desportiva dos jovens
praticantes;
2. A participação dos jovens no desporto faz melhorar a sua
capacidade física, ajuda a formar o seu carácter, promove
o convívio social dos jovens, contribui para o fortalecimento
dos laços familiares e favorece a existência de experiências
recreativas para os jovens; VII
3. É preciso ensinar aos jovens que nunca há VERDADEIRAS
DERROTAS quando se põe o MÁXIMO ESFORÇO NA
LUTA PARA SE SER CADA VEZ MELHOR;
4. A maioria dos jovens participa no desporto à procura de
distração, de aprender novas coisas e de fazer amizades;
5. Usar sempre um estilo positivo de intervenção, com uso
frequente de sinais de reconhecimento e de formas de
encorajamento. Evitar as punições. Usar as correções
como técnicas preferenciais de apoio aos praticantes;
6. Os pais não devem pressionar, intimidar ou subornar os
filhos para que estes participem no desporto;
7. Os pais devem aprender as regras básicas da modalidade
e conhecer minimamente a terminologia técnica nela
utilizada;
8. Os treinadores devem constituir para os pais uma fonte
valiosa de informação e responder o melhor possível às
perguntas que eles lhes colocarem;
9. Um método importante para reduzir a pressão dos pais
junto dos filhos que praticam desporto é demonstrar-lhes
que a atividade desportiva juvenil é para os jovens;
10. Os pais devem estar em condições de apoiar a
participação dos filhos no desporto e colaborar com o
respetivo treinador;
11. Os pais têm de assumir um correto padrão de
comportamento durante as competições;
12. Para poder trabalhar com todos os tipos de pais, é
essencial que o treinador desenvolva e mantenha com
eles uma comunicação aberta e sadia;
13. A verdadeira comunicação é uma via com 2 sentidos,
exigindo ao mesmo tempo capacidades de saber falar e
ouvir;
14. Organizar uma reunião com os pais dos atletas no início
da época desportiva é uma decisão-chave para evitar
experiências desagradáveis;
15. O principal objetivo de uma reunião do treinador com os
pais dos atletas é o de fazer-lhes compreender melhor as
preocupações do desporto dos jovens.
Carta de um jovem atleta a seu pai
“Pai que estás a fazer?
Não sei como te dizer?! Certamente achas que o fazes para
meu bem, mas ainda não consigo deixar de me sentir
estranho, incomodado, mal.
Ofereceste-me a bola quando ainda estava a aprender a
andar. Ainda não andava na escola quando me inscreveste
no clube.
Gosto de treinar durante a semana, brincar com os colegas e
jogar ao fim de semana, como fazem os mais velhos.
Mas quando vais aos jogos... não sei.
Já não é como dantes. Agora não me dás uma palmada
quando o jogo acaba, nem me convidas para tomar qualquer
coisa.
Vais até à “bancada” pensando que são todos teus inimigos.
Insultas os árbitros, os treinadores, os jogadores, ou outros
pais…
Porque mudaste?
Acho que sofres e não compreendo.
Dizes-me que sou o melhor, que os outros não valem nada
ao meu lado, que quem disse o contrário está enganado e
que só ganhar é que conta. O treinador que dizes que é
incompetente, é meu amigo, foi ele que me ensinou a divertir
enquanto jogo. O rapaz que no outro dia jogou no meu
lugar… Lembras-te? Sim pai, aquele que criticaste durante
toda a tarde, dizendo que “não serve nem para levar o saco
das bolas”. Esse rapaz é da minha turma. Na segunda-feira
quando o vi, fiquei com vergonha. Não quero dececionar-te.
Às vezes penso que não sou suficiente bom, que não vou
chegar a profissional e ganhar muitos milhões como tu
queres, anseias. Sufocas-me.
Até já pensei deixar de jogar, mas… GOSTO MUITO!
Pai, por favor, não me obrigues a pedir-te para não vires ver
os meus jogos.”
Teu filho que te ama muito
Tiago
Bibliografia
Compromisso com a ética no desporto [online]. Plano Nacional de Ética no
Desporto. Retirado de http://www.pned.pt/media/10461/Compromisso% 20 com
%20a% 20%C3%A9tica%20no%20desporto.pdf
Educar para a Ética no desporto [online]. Plano Nacional de Ética no Desporto.
Retirado de http://www.pned.pt/media/10464/flyer_etica_pais.pdf
Esteves, João Luis (2014, Abril). Futebol de formação: o papel dos pais. Jornal
do Centro, 625
Fernando, Zé (2012, Abril). Futebol de formação: pais e filhos. Ptjornal.
Retirado de http://www.ptjornal.com/201204016626/ze-fernando/futebol-de-
formacao-pais-e-filhos.html
Rito, André (2014, Abril). Pais à pancada em jogos infantis. Revista Sábado, 521
Smoll, Frank L.( 2000). A comunicação do treinador com os pais dos atletas.
Lisboa: Centro de Estudos e Formação Desportiva.
Plano Nacional de Ética no Desporto - www.pned.ptVIII

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A participação dos pais na atividade desportiva dos filho por Vitor Santos

  • 1. 1. Introdução Nos tempos que correm a participação dos pais nas atividades dos filhos é frequente. Esta participação é feita a todos os níveis quer seja escolar, social, desportiva ou lúdica. Para isso devem tanto os pais como os filhos sentirem-se agradado com a presença de ambos e não serem motivos de «stress». No que respeita à escola têm havido muitos e variados estudos. Podemos aproveitar muitos dos resultados desses estudos para a prática desportiva. Os intervenientes e as funções são iguais: aluno=atleta; professor=formador/treinador; classe/turma = equipa e a família. A participação dos pais na atividade desportiva é positiva e tem de ser sempre uma mais-valia, não o contrário. Uma participação negativa, mesmo pontual, tem sempre mais consequências que muitas positivas. Dar especial atenção à importância da prática desportiva, não só do ponto de vista da promoção de hábitos de vida e de crescimento saudáveis, mas sobretudo da perspetiva da criação de um ambiente positivo no desporto, onde os valores desportivos dentro das quatro linhas estejam sempre acima dos resultados finais da competição. É comum vermos nos recintos desportivos um comportamento menos próprio dos pais, quer criticando o treinador, dirigentes ou ameaçando os adversários e árbitros. Esta não é certamente a melhor forma de transmitir valores aos atletas, que observam muitas das vezes estas atitudes com vergonha e se transfiguram. A participação deve ser feita num todo, no incentivo à equipa, ao desportivismo. Se aos pais desagrada ficarem embaraçados pelo comporta- mento dos seus filhos, também aos atletas embaraça o comportamento público dos seus pais quando estes dão «espetáculo». Relembrar ainda o papel fundamental que os Pais devem desempenhar junto das crianças, incutindo-lhes um espírito de fair play e de respeito pelos colegas, adversários, árbitros e treinadores, e encorajando-os a seguir um código de conduta que os leve a ter prazer na prática desportiva em si. O «triângulo desportivo» formado pelo treinador, pelos atletas e pelos pais é inevitável na prática desportiva das crianças e jovens. Mas é acima de tudo desejável. Os pais devem ser os melhores adeptos da equipa, dar um bom exemplo num relacionamento amigável com os adversários, não devem pressionar ou intrometer-se, mas aplaudir, incentivar, realçar o prazer de fazer desporto e a alegria que é nele participar. Nunca interferir no trabalho do treinador ou alimentar, com elogios fáceis, o aparecimento de atitudes de vaidade, de vedetismos. Ao estar sempre presente na atividade desportiva do seu filho está a contribuir para uma formação cuidada e saudável. I A participação dos pais na atividade desportiva dos filhos Vítor Santos (Treinador de Futebol)
  • 2. A criação de uma Associação de Pais dentro da organização dos clubes / escolas de futebol é uma possibilidade mas nos moldes das que existem no meio escolar. Os pais são um fator determinante para atingir o sucesso, na medida em que dão o apoio emocional necessário, bem como suporte financeiro e logístico. Esse apoio ocorre durante as várias etapas de transição e as fases do percurso desportivo desde a escolha, o desenvolvimento na iniciação desportiva até chegar à participação em competições. “Os comportamentos “desviantes” registados com uma regularidade preocupante em alguns recintos desportivos, nomeadamente, nos locais onde decorrem “competições/encontros/ convívios” entre crianças e jovens, tendo adultos como protagonistas, e em alguns casos (talvez a maioria deles), protagonizados pelos familiares das crianças envolvidas na “competições/encontros/convívios”, têm de ser erradicados, são um fator de constrangimento à educação/ética desportiva e ao desenvolvimento desportivo.” Apesar de todos os esforços, os incidentes de violência no desporto ainda ocorrem com alguma frequência. Embora a responsabilidade para lidar com estes incidentes seja do Clube, os pais devem entender, acompanhar e apoiar o processo denunciando a situação aos responsáveis pela segurança e nunca entrar em confronto com outros. A família precisa de ser envolvida ativamente, através do binómio educação/formação. Compete ao movimento desportivo criar condições para integrar/envolver a família neste processo educativo/formativo, onde: clubes, associações, federações, autarquias, entre outros, têm um papel crucial, para que se consiga construir um legado mais rico para o desporto e sociedade. Apoiar e incentivar são as únicas atitudes que os pais devem ter 2. Papel dos pais e suas responsabilidades A participação dos pais é importante - em primeiro lugar porque os atletas querem que os pais os vejam a participar, partilhem da sua satisfação e experiências e lhe deem o seu apoio. Os jovens esforçam-se por fazer o seu melhor, querem agradar, mostrar como são «bons» a fim de receberem a aprovação, a estima, o carinho e a atenção pelo seu desempenho. Em segundo lugar os pais fornecem apoios indispensáveis: eles são seccionistas, eles oferecem o lanche convívio, servem, quando necessário, de árbitro, conseguem apoios financeiros e, chegam mesmo a conduzir os atletas para os treinos e jogos. No início de cada época deve-se informar os pais do seu papel na atividade desportiva dos filhos e quais as responsabilidades que lhe cabem naquele domínio. Os tópicos a seguir: - Aconselhar os jovens acerca da escolha da modalidade e do nível de competição que eles querem praticar, não esquecendo que é preciso ouvi-los e conhecer o seu desejo;II
  • 3. - Perigo de um exagero de identificação dos pais com os filhos, facto que constitui a componente negativa desse processo; - Urgência, dos pais, assumirem alguns compromissos relativos à prática desportiva dos filhos, levando um conjunto de questões a que eles devem responder afirmativamente, sem hesitar; - Regras para o comportamento dos pais nas competições. O treinador, enquanto tal, é responsável pelos atletas, ao passo que os pais são responsáveis pelo seu próprio comportamento. Os pais têm sempre um papel fundamental na criação de um ambiente positivo e na redução dos incidentes de violência, constituindo-se como um importante modelo e referência de bom comportamento através de: - incentivar o fair play / jogo limpo; - respeitar árbitros / juízes, treinadores e adversários; - controlar as suas emoções – evitar o uso de linguagem ofensiva e/ou entrar em conflitos; - seguir um código de conduta; - ajudar os atletas a ter na prazer na prática desportiva. 3 . Caracterização de tipos de pais Pais que gritam durante as competições Trata-se de um tipo de pais com grandes pulmões e com cordas vocais de aço!!! Este pai ou esta mãe senta-se (quando não fica de pé...) mesmo por detrás dos membros da equipa (ou dos árbitros auxiliares), grita colérico e enraivecido contra tudo e contra todos, não deixando que se oiça mais ninguém naquela zona, incluindo o treinador. O “espetáculo” passa para fora do campo de jogo!!! Centram as suas atenções nas coisas negativas e estão sempre a gritar contra os atletas, árbitros/juízes. Estes pais devem aprender a observar as coisas positivas da prática desportiva fazendo um esforço para ignorar os erros que se cometem e aprenderem a ser mais calmos e mais contidos. Pais “treinadores de bancada” É muito frequente encontrar este tipo de pais junto ao “banco”, na bancada ou à volta do local da prova, “dando instruções” aos praticantes. Este comportamento pode contrariar as indicações dadas pelo próprio treinador e perturbar o desempenho do atleta e o funcionamento do grupo. Com tal comportamento conseguem irritar o treinador, os restantes atletas e mesmo os outros espectadores. Passam a vida a tirar notas, a filmar, a analisar o desempenho dos filhos. Revivem todas as provas e competições em que eles participam e apontam aquilo em que eles têm de melhorar. Estes pais devem deixar o treino dos filhos para os respetivos treinadores. III Ilustração de Miguel Rebelo
  • 4. Muitos técnicos e professores queixam-se do aumento no número de “pais helicópteros” – aqueles que pairam (como um helicóptero) sobre as crianças, se envolvem e metem-se demais em suas vidas. Esses pais costumam questionar cada passo do treinador e acreditam que seus filhos são mais importantes que os outros e por isso devem ter um tratamento diferenciado. Algumas vezes esse comportamento desagradável dos pais deriva de boas intenções. Pais desinteressados  Ausência permanente das atividades desportivas dos filhos. ”Descarregam” os filhos. Quando assim não é, estão tão ocupados com as notícias dos jornais e a falar ao telemóvel que não prestam atenção ao desempenho dos filhos. Tais pais devem recordar que um pequeno encorajamento aos filhos ajuda imenso. Pais super protetores  É mais habitual encontrar esta situação na mãe do jovem. É frequente ouvi-la ameaçar que vai retirar o filho do desporto pelos perigos que ele envolve.  Seus instintos de proteção colocam os seus filhos longe de tudo que os possa magoar. Esses pais enervam-se ao menor tombo ou arranhão de seus filhos, mesmo que isso seja comum e normal na grande maioria dos desportos. Ou, a superproteção pode ser mais no lado sensitivo e emocional – eles podem reclamar que seus filhos estão sendo negligenciados ou humilhados. IV Ilustração de Miguel Rebelo Ilustração de Miguel Rebelo
  • 5. Pais que gostavam de ter sido atletas Vivem os seus sonhos através dos filhos e encaram essa prática como se fossem eles os participantes. Estes pais têm de conseguir eliminar a postura de «ganhar a todo o custo» e lembrar que não são eles que praticam desporto. Não devem descarregar as suas frustrações nos filhos. Sofrem da síndrome de frustração: querem que os filhos sejam o que eles gostariam de ter sido/foram. Esses indivíduos praticaram algum desporto e querem reviver estas mesmas emoções – só que desta vez em seus próprios filhos. Eles lutam com unhas e dentes para que seus filhos sejam colocados em posições de estrela ou revoltam-se se os mesmos forem suplentes ou então se nem foram convocados. Pais 5 estrelas Centram a sua atenção no esforço da equipa e não no resultado. Respeitam, agradecem e aplaudem o treinador, aos árbitros/juízes e aos adversários. São apoiantes positivos e têm sempre presente o papel que desempenham quando estão a ver aa competição dos filhos. Atualmente muitos estudos mostram o potencial efeito positivo e/ou negativo do envolvimento dos pais na prática desportiva dos filhos. Ainda que envolvimento possa significar apoio e incentivo, o perigo em um super-envolvimento pode resultar em um alto nível de stress para a criança. Uma correta participação na prática desportiva do filho é uma experiência positiva e importante para a criança/jovem. Ser treinador de crianças e jovens envolve lidar com comportamento mesquinho, ciúme, fortes emoções e lamentos constantes. E acima de tudo isso - há crianças/jovens envolvidos. Infelizmente lidar com pais nada razoáveis pode ser a parte mais difícil de se treinar jovens. Muitos treinadores de jovens fazem isso porque querem fazer a diferença na vida dos mesmos. Os técnicos têm um importante papel no desenvolvimento do caráter e disciplina dos jovens. V Ilustração de João Fazenda
  • 6. 4 . Alertas/formas de sensibilização O envolvimento dos pais na atividade desportiva é um fenómeno mundial e transversal a todas as modalidades. Em vários países começa a existir um movimento e uma sensibilização para os efeitos prejudicais juntos dos potencias desportistas que este envolvimento sem regras tem. Em recintos desportivos já existem avisos sinaléticas que relembram aos pais o comportamento a adotarem. Em Portugal o Plano Nacional de Ética desportiva tem feito um trabalho meritório no sentido de erradicar, ou pelo menos diminuir, os maus comportamentos dos recintos desportivos. 5 . Comunicação social A comunicação social tem feito eco de casos que ultrapassam todos os limites em sociedades modernas e civilizadas. Semanalmente ocorrem desacatos em recintos desportivos onde os intervenientes são crianças e o público é, maioritariamente, família. A falta de civismo assusta. Por vezes, toma mesmo a forma de comportamento criminoso. E à conta de tanto encolher os ombros e fechar os olhos, permitem-se situações de bradar aos céus. Os pais são inimigos dos próprios filhos pela conduta que têm. Inacreditável! VI
  • 7. 6. Reunião do treinador com os pais do atleta Os bons treinadores estão conscientes da importância de se garantir o auxílio e o apoio de pais bem informados. Em vez de apenas se preocupar com a forma de resolução dos problemas que provavelmente irão surgir no seu relacionamento com os pais dos atletas, a realização de uma reunião com eles no início da época, é uma ideia-chave para reduzir a possibilidade de vir a ter experiências desagradáveis. Por outras palavras, o tempo que se pode gastar na preparação e concretização desta reunião é sempre um bom investimento. Objetivos para a reunião O principal objetivo destas reuniões deverá ser o de contribuir para a melhoria da compreensão, por parte dos pais, do significado e da importância dos jovens e, como consequência, aumentar o valor que eles atribuem à participação dos filhos naquela atividade, para o seu desenvolvimento físico, psicológico e social. Preparação da reunião Uma reunião, para ser bem-sucedida, não precisa de ser muito complicada, sendo no entanto decisiva a importância que se atribui à sua preparação e organização. Os treinadores precisam de estar preparados para fornecer dados sobre os mais variados aspetos da sua atividade: - Horários e locais de treino; - Conhecimento da existência de um regulamento; - Competições previstas. Orientação da reunião Uma comunicação para ser efetiva tem de se basear numa troca de informações em 2 sentidos, perfilhada por todos os intervenientes. 7. Breves considerações 1. Todos os agentes desportivos e os pais desempenham funções importantes na experiência desportiva dos jovens praticantes; 2. A participação dos jovens no desporto faz melhorar a sua capacidade física, ajuda a formar o seu carácter, promove o convívio social dos jovens, contribui para o fortalecimento dos laços familiares e favorece a existência de experiências recreativas para os jovens; VII
  • 8. 3. É preciso ensinar aos jovens que nunca há VERDADEIRAS DERROTAS quando se põe o MÁXIMO ESFORÇO NA LUTA PARA SE SER CADA VEZ MELHOR; 4. A maioria dos jovens participa no desporto à procura de distração, de aprender novas coisas e de fazer amizades; 5. Usar sempre um estilo positivo de intervenção, com uso frequente de sinais de reconhecimento e de formas de encorajamento. Evitar as punições. Usar as correções como técnicas preferenciais de apoio aos praticantes; 6. Os pais não devem pressionar, intimidar ou subornar os filhos para que estes participem no desporto; 7. Os pais devem aprender as regras básicas da modalidade e conhecer minimamente a terminologia técnica nela utilizada; 8. Os treinadores devem constituir para os pais uma fonte valiosa de informação e responder o melhor possível às perguntas que eles lhes colocarem; 9. Um método importante para reduzir a pressão dos pais junto dos filhos que praticam desporto é demonstrar-lhes que a atividade desportiva juvenil é para os jovens; 10. Os pais devem estar em condições de apoiar a participação dos filhos no desporto e colaborar com o respetivo treinador; 11. Os pais têm de assumir um correto padrão de comportamento durante as competições; 12. Para poder trabalhar com todos os tipos de pais, é essencial que o treinador desenvolva e mantenha com eles uma comunicação aberta e sadia; 13. A verdadeira comunicação é uma via com 2 sentidos, exigindo ao mesmo tempo capacidades de saber falar e ouvir; 14. Organizar uma reunião com os pais dos atletas no início da época desportiva é uma decisão-chave para evitar experiências desagradáveis; 15. O principal objetivo de uma reunião do treinador com os pais dos atletas é o de fazer-lhes compreender melhor as preocupações do desporto dos jovens. Carta de um jovem atleta a seu pai “Pai que estás a fazer? Não sei como te dizer?! Certamente achas que o fazes para meu bem, mas ainda não consigo deixar de me sentir estranho, incomodado, mal. Ofereceste-me a bola quando ainda estava a aprender a andar. Ainda não andava na escola quando me inscreveste no clube. Gosto de treinar durante a semana, brincar com os colegas e jogar ao fim de semana, como fazem os mais velhos. Mas quando vais aos jogos... não sei. Já não é como dantes. Agora não me dás uma palmada quando o jogo acaba, nem me convidas para tomar qualquer coisa. Vais até à “bancada” pensando que são todos teus inimigos. Insultas os árbitros, os treinadores, os jogadores, ou outros pais… Porque mudaste? Acho que sofres e não compreendo. Dizes-me que sou o melhor, que os outros não valem nada ao meu lado, que quem disse o contrário está enganado e que só ganhar é que conta. O treinador que dizes que é incompetente, é meu amigo, foi ele que me ensinou a divertir enquanto jogo. O rapaz que no outro dia jogou no meu lugar… Lembras-te? Sim pai, aquele que criticaste durante toda a tarde, dizendo que “não serve nem para levar o saco das bolas”. Esse rapaz é da minha turma. Na segunda-feira quando o vi, fiquei com vergonha. Não quero dececionar-te. Às vezes penso que não sou suficiente bom, que não vou chegar a profissional e ganhar muitos milhões como tu queres, anseias. Sufocas-me. Até já pensei deixar de jogar, mas… GOSTO MUITO! Pai, por favor, não me obrigues a pedir-te para não vires ver os meus jogos.” Teu filho que te ama muito Tiago Bibliografia Compromisso com a ética no desporto [online]. Plano Nacional de Ética no Desporto. Retirado de http://www.pned.pt/media/10461/Compromisso% 20 com %20a% 20%C3%A9tica%20no%20desporto.pdf Educar para a Ética no desporto [online]. Plano Nacional de Ética no Desporto. Retirado de http://www.pned.pt/media/10464/flyer_etica_pais.pdf Esteves, João Luis (2014, Abril). Futebol de formação: o papel dos pais. Jornal do Centro, 625 Fernando, Zé (2012, Abril). Futebol de formação: pais e filhos. Ptjornal. Retirado de http://www.ptjornal.com/201204016626/ze-fernando/futebol-de- formacao-pais-e-filhos.html Rito, André (2014, Abril). Pais à pancada em jogos infantis. Revista Sábado, 521 Smoll, Frank L.( 2000). A comunicação do treinador com os pais dos atletas. Lisboa: Centro de Estudos e Formação Desportiva. Plano Nacional de Ética no Desporto - www.pned.ptVIII