O documento discute recursos de coesão e coerência na linguagem como repetição, paráfrase e paralelismo. A repetição corresponde à reaparição de unidades linguísticas já usadas para ênfase ou contraste. A paráfrase explica novamente o mesmo conteúdo com outras palavras. O paralelismo mantém uma estrutura gramatical similar para unidades semânticas semelhantes.
1. Coesão & Coerência
Recursos da Repetição
Profª. Janaína
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2. Os recursos coesivos são as operações concretas
pelas quais os procedimentos se efetivam.
São operações de repetir, de substituir, de usar
palavras semanticamente próximas, de usar uma
conjunção ou um outro tipo qualquer de conectivo.
3. A Paráfrase
Ela acontece sempre que recorremos ao procedimento de
voltar a dizer o que já foi dito antes, porém com outras
palavras.
É como se quiséssemos traduzir o enunciado, ou explicá-lo
melhor. O mesmo item volta a ser dito, porém numa outra
formulação linguística, e pequenos ajustes.
4. Ex:
O ato de escrever deve ser visto como uma atividade
sociocultural. Ou dito de outra forma, escrevemos para
alguém ler.
Introdução da paráfrase.
Este trecho explica melhor o
que o autor entende como
sociocultural
5. Paralelismo
É um recurso ligado à coordenação de segmentos que
apresentam valores sintáticos idênticos.
A unidades semânticas similares, deve corresponder uma
estrutura gramatical similar.
6. Ex:
É conveniente chegares a tempo e trazeres o relatório pronto.
Paralelismo verbal
Ou ainda:
É conveniente que chegues a tempo e que tragas o relatório
pronto.
E não:
É conveniente chegares a tempo e que tragas o relatório
pronto.
Quebra do paralelismo
7. O paralelismo não constitui uma regra gramatical rígida.
Constitui, sim, uma diretriz de ordem estilística (que dá ao
enunciado uma certa harmonia) e constitui ainda um
recurso de coesão, deixando o enunciado numa simetria
sintática que por si só é articuladora.
Observe como, no texto a seguir, a manutenção do
paralelismo contribui para reforçar o caráter persuasivo e
favorecer o encadeamento de suas subpartes.
8. Em 28 anos, o BNB conseguiu deixar as coisas bem melhores.
Para todos os santos.
Até 1952, Padre Cícero era, praticamente, o único agente de
desenvolvimento do Nordeste.
A ele se recorria para arranjar emprego, casar a filha,
garantir o inverno, curar doenças, erradicar endemias, abrir
caminhos, mostrar soluções.
Hoje, as coisas mudaram. Pede-se aos santos, mas espera-se
que as soluções venham pelo esforço e ação das instituições humanas.
Como, por exemplo, o BNB, que responde ao desemprego
com crédito industrial; ao drama da seca com pesquisa técnico
científica e financiamento de projetos de açudagem e irrigação; á
baixa produtividade agrícola com apoio técnico e crédito rural; aos
problemas das áreas metropolitanas com investimentos em infra-estrutura
urbana.
Com o apoio e a participação, é claro, de toda a comunidade
nordestina.
Pois os milagres, hoje, nascem sempre das mãos, do coração
e da mente de todos os santos de casa.
Banco do Nordeste do Brasil S.A.
9. Repetição
Corresponde à ação de voltar ao que foi dito antes pelo recurso
de fazer reaparecer uma unidade que já ocorreu previamente.
Ela traz um efeito de ênfase que pode auxiliar na argumentação,
Ex: Ninguém deve comprar imóvel sem fazer pesquisa. Ninguém.
marcar um contraste,
Ex: Há estudantes e estudantes...
Como “gancho” de uma correção,
Ex: O governo quis promover uma festa popular. Popular?
Expressar uma espécie de “quantificação”
Ex: Há 3 soluções para o Brasil: educação, educação, educação.
10. História de Flor
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu
furtei a flor.Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo
senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é
para ser bebida. Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia,
revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há
numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu
assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a
flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao
jardim, nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via
morrer. Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a
docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro
estava atento e repreendeu-me:- Que idéia a sua, vir jogar lixo de sua
casa neste jardim!
Carlos Drummond de Andrade, Contos plausíveis