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ROBINSON, Laura; SCHULZ, Jeremy. New Avenues for Sociological Inquiry:
Evolving Forms of Ethnographic Practice. Sociology. Volume 43(4): 685–698. London:
Sage, 2009.



Os autores tem como objetivo avaliar a evolução da pesquisa em etnografia digital ao
longo de três etapas. A primeira etapa, “pioneira”, foi aquela que começou a aplicar os
métodos da etnografia aos ambientes interacionais online. Em um contexto de interação
através dos então chamados Multi-User Domains, os pesquisadores nesta fase avaliaram
as interações através de texto nestas plataformas observando o jogo com identidades e
anonimato. A segunda fase, “legitimizadora”, olhou criticamente o trabalho etnográfico
digital já realizado até então e procurou estabelecer similaridades entre etnografia online
e etnografia digital. Por fim, a atual fase pode se chamar “multi-modal” por perceber as
interações sociais como realizadas através de diferentes meios de comunicação.

Robinson e Schulz falam dos primeiros passos da etnografia digital, que mudou
radicalmente a noção de etnografia. Os objetos de pesquisa giraram em torno de
interações de usuários tecnófilos e grupos de jogadores, que eram a absoluta maioria dos
usuários de internet. Os trabalhos neste fase refletiram os tipos de uso efetivamente
realizados e focaram-se nas possibilidades – por vezes relacionadas a pensamentos
utópicos -, de criação e manutenção de identidades diferentes e até múltiplas. Isto era
possibilitado, segundo os autores desta fase, devido a configuração destes sistemas de
comunicação online, baseados geralmente em informação textual, não persistente e
facilmente cambiável. Ao não existirem outros tipos de informações – como gestos,
vestuário etc -, os usuários destes ambientes poderiam gerenciar suas personas com um
grau de customização até então inédito. Por isso, muitos dos trabalhos foram chamados
de verificacionistas por Turkle e Correll (1995), citados pelos autores. Estas pesquisas
avaliaram as apresentações de si dos usuários dos MUDs e compararam com as pessoas
reais por trás daquelas apresentações.

Com a disseminação das tecnologias de acesso à internet, as práticas realizadas online
passaram a se diversificar e os pesquisadores começaram a utilizar a etnografia digital
para avaliar as ações online como extensões das pessoas “reais”. Os autores chamam
esta perspectiva de integracionista. Ao longo destes anos, os etnógrafos produziram
trabalhos que identificaram relacionamentos tanto online quanto offline dos



Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio
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participantes, que já se apresentavam em ambos espaços com características
correspondentes.

Como aponta Watson, citado pelos autores „... people in the offline world tend to see
online communities as virtual, but … participants in the online communities see them as
quite real‟ (Watson, 1997: 126). Esta fase, então, pode ser caracterizada como uma
evolução na concepção dos ambientes online, no qual o termo “virtual” deixa de ser
utilizado ou, pelo menos, não é mais contraposto a “real”. O autor cita o trabalho de
Goffman sobre gerenciamento de impressões pra mostrar como as apresentações
pessoais online passaram a se complexificar e relacionar-se com as interações offline.

Para falar de “etnografias multi-modais”, o autor retoma o conceito de web 2.0 pra
mostrar como inputs de informação web agora também abarcam conteúdos não textuais.
YouTube, em relação a conteúdo audiovisual, e Second Life em relação ao conteúdo
que o autor chama de “aural” são citados como casos paradigmáticos destas novas
plataformas de interação.

Os autores dessa nova fase compreendem que é inadequado analisar interações online
isoladamente, sem trazer os aspectos offline e presenciais para a pesquisa. Além disso,
as interações face a face e as realizadas através da web são apenas alguns dos meios
possíveis. Os autores chamam a atenção para mensagens de textos e telefones, por
exemplo.

A sempre necessária discussão sobre ética está presente no trabalho. Na medida em que
os meios de comunicação e suas apropriações modificam-se ao longo do tempo, as
preocupações em relação a aspectos éticos também se transformam. Em primeiro lugar,
a decisão de se declarar publicamente como pesquisador ou “disfarçar-se” nos
ambientes pesquisados divide opiniões. Além disso, o conceito de privacidade também
é abordado, pois o caráter público ou semi-público das informações publicadas pelos
usuários participantes nem sempre é claramente definido. Concluindo o artigo, os
autores discutem os direcionamentos desses ambientes de comunicação multi-modais
que, hoje, convergem a plataformas com interações realizadas através de textos, sons,
imagens etc.




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New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice - Robinson, Schulz [Resenha]

  • 1. Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio ROBINSON, Laura; SCHULZ, Jeremy. New Avenues for Sociological Inquiry: Evolving Forms of Ethnographic Practice. Sociology. Volume 43(4): 685–698. London: Sage, 2009. Os autores tem como objetivo avaliar a evolução da pesquisa em etnografia digital ao longo de três etapas. A primeira etapa, “pioneira”, foi aquela que começou a aplicar os métodos da etnografia aos ambientes interacionais online. Em um contexto de interação através dos então chamados Multi-User Domains, os pesquisadores nesta fase avaliaram as interações através de texto nestas plataformas observando o jogo com identidades e anonimato. A segunda fase, “legitimizadora”, olhou criticamente o trabalho etnográfico digital já realizado até então e procurou estabelecer similaridades entre etnografia online e etnografia digital. Por fim, a atual fase pode se chamar “multi-modal” por perceber as interações sociais como realizadas através de diferentes meios de comunicação. Robinson e Schulz falam dos primeiros passos da etnografia digital, que mudou radicalmente a noção de etnografia. Os objetos de pesquisa giraram em torno de interações de usuários tecnófilos e grupos de jogadores, que eram a absoluta maioria dos usuários de internet. Os trabalhos neste fase refletiram os tipos de uso efetivamente realizados e focaram-se nas possibilidades – por vezes relacionadas a pensamentos utópicos -, de criação e manutenção de identidades diferentes e até múltiplas. Isto era possibilitado, segundo os autores desta fase, devido a configuração destes sistemas de comunicação online, baseados geralmente em informação textual, não persistente e facilmente cambiável. Ao não existirem outros tipos de informações – como gestos, vestuário etc -, os usuários destes ambientes poderiam gerenciar suas personas com um grau de customização até então inédito. Por isso, muitos dos trabalhos foram chamados de verificacionistas por Turkle e Correll (1995), citados pelos autores. Estas pesquisas avaliaram as apresentações de si dos usuários dos MUDs e compararam com as pessoas reais por trás daquelas apresentações. Com a disseminação das tecnologias de acesso à internet, as práticas realizadas online passaram a se diversificar e os pesquisadores começaram a utilizar a etnografia digital para avaliar as ações online como extensões das pessoas “reais”. Os autores chamam esta perspectiva de integracionista. Ao longo destes anos, os etnógrafos produziram trabalhos que identificaram relacionamentos tanto online quanto offline dos Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio
  • 2. Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio participantes, que já se apresentavam em ambos espaços com características correspondentes. Como aponta Watson, citado pelos autores „... people in the offline world tend to see online communities as virtual, but … participants in the online communities see them as quite real‟ (Watson, 1997: 126). Esta fase, então, pode ser caracterizada como uma evolução na concepção dos ambientes online, no qual o termo “virtual” deixa de ser utilizado ou, pelo menos, não é mais contraposto a “real”. O autor cita o trabalho de Goffman sobre gerenciamento de impressões pra mostrar como as apresentações pessoais online passaram a se complexificar e relacionar-se com as interações offline. Para falar de “etnografias multi-modais”, o autor retoma o conceito de web 2.0 pra mostrar como inputs de informação web agora também abarcam conteúdos não textuais. YouTube, em relação a conteúdo audiovisual, e Second Life em relação ao conteúdo que o autor chama de “aural” são citados como casos paradigmáticos destas novas plataformas de interação. Os autores dessa nova fase compreendem que é inadequado analisar interações online isoladamente, sem trazer os aspectos offline e presenciais para a pesquisa. Além disso, as interações face a face e as realizadas através da web são apenas alguns dos meios possíveis. Os autores chamam a atenção para mensagens de textos e telefones, por exemplo. A sempre necessária discussão sobre ética está presente no trabalho. Na medida em que os meios de comunicação e suas apropriações modificam-se ao longo do tempo, as preocupações em relação a aspectos éticos também se transformam. Em primeiro lugar, a decisão de se declarar publicamente como pesquisador ou “disfarçar-se” nos ambientes pesquisados divide opiniões. Além disso, o conceito de privacidade também é abordado, pois o caráter público ou semi-público das informações publicadas pelos usuários participantes nem sempre é claramente definido. Concluindo o artigo, os autores discutem os direcionamentos desses ambientes de comunicação multi-modais que, hoje, convergem a plataformas com interações realizadas através de textos, sons, imagens etc. Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio