Número de devedores cresce em todas as regiões do Brasil, com aumento acentuado na região Centro-Oeste. Já as vendas a prazo registraram a sexta queda consecutiva
Comércio deve contratar apenas 12,5 mil trabalhadores temporários
Inadimplência sobe 4,47% e vendas caem 3,26
1. Inadimplência do consumidor cresce 4,47% e
vendas caem 3,26%, dizem CNDL e SPC Brasil
Número de devedores cresce em todas as regiões do Brasil, com aumento acentuado
na região Centro-Oeste. Já as vendas a prazo registraram a sexta queda consecutiva
O número de consumidores com contas atrasadas e registrados nos cadastros de
inadimplência voltou a subir em julho, ao mesmo tempo em que as vendas a prazo
recuaram pelo sexto mês seguido. Após apresentarem o pior resultado semestral dos
últimos três anos, os dados do indicador de inadimplência do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
mostram um aumento de 4,47% em julho em relação ao mesmo mês do ano
passado. Já o indicador de vendas a prazo apresentou queda de 3,26%, no mesmo
período.
Na comparação mensal, o número de devedores em atraso, que havia registrado
estabilidade em junho, aumentou 0,38% em julho. Já o indicador de consultas
para vendas a prazo mostrou um avanço de 3,23% em julho ante o mês anterior,
neutralizando a queda de 2,77% verificada na comparação mensal em maio.
De acordo com o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, os dados anuais mostram
que o crescimento dos números de inadimplência têm acelerado desde o início de
2014. “Agora a situação é bem mais complicada, devido à confluência de fatores
negativos e uma perspectiva pior para a situação econômica”, explica o presidente.
“Neste momento, o que o varejo mais precisava era contar com o poder de compra
dos consumidores sem dívidas, aptos a consumir ― o que não vem acontecendo.”
O SPC Brasil e a CNDL estimam que, em julho de 2015, 57 milhões de
consumidores estejam listados em cadastros de devedores inadimplentes por conta
de pendências com atraso de pagamento. “Esta estimativa inclui não somente os
atrasos em empréstimos bancários, mas também contas de serviços e pagamentos
ao comércio”, diz Pinheiro. Desta forma, praticamente quatro em cada 10 brasileiros
adultos atualmente têm o nome sujo.
2. Número de inadimplentes registrados em cadastros de devedores
Estimativa SPC Brasil, em milhões de pessoas
Centro-Oeste tem maior crescimento na inadimplência
No mês de julho, o indicador regional de inadimplência do consumidor registrou
crescimento mensal na quantidade de consumidores com contas atrasadas em todas
as regiões brasileiras, exceto no Nordeste, onde houve um leve recuo de 0,55% em
relação a junho. Já a região Sul teve a maior alta mensal do número de
inadimplentes dentre as cinco regiões do país: 1,18%. Na variação anual, foi na
região Centro-Oeste o maior crescimento em relação a julho de 2014, com uma
alta de 5,70%. Na outra ponta, o Norte apresentou o crescimento anual mais
modesto do número de pessoas inadimplentes, de 2,99%.
Pessoas Inadimplentes
Variação mensal – Por região Variação anual – Por região
Fonte: SPC Brasil. A região considerada é a de moradia do devedor.
Em termos de participação, o Sudeste continua concentrando a maior parte dos
devedores do país: 39,88% do total de inadimplentes, seguido do Nordeste
(25,97%) e da região Sul (12,93%). Também no indicador de dívidas em atraso, é o
3. Sudeste que segue concentrando a maior parte das pendências atrasadas (40,61%),
seguido pelo Nordeste (24,80%) e pelo Sul (14,55%).
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o crescimento da
quantidade de pessoas negativadas, observado de forma generalizada em todo o
Brasil, reflete a piora do cenário macroeconômico nos últimos meses. “A pressão
exercida pela fraca atividade econômica combinada com o aumento dos índices de
desemprego têm impactado na capacidade dos brasileiros pagarem suas dívidas em
dia”, explica a economista.
Em julho, cada inadimplente do Brasil tinha em média 2,11 dívidas em atraso e,
quando comparamos as regiões entre si, o Sul segue como a região onde cada
devedor possui mais pendências em média (2,37), enquanto que no Nordeste cada
inadimplente possui menos dívidas, em média (2,01).
Quando analisada a participação de cada setor junto ao total de dívidas de cada
região, o segmento de Bancos se destaca, já que concentra a maioria das dívidas no
Brasil como um todo (48,29%) e em todas as regiões do país – no Sudeste,
concentra sozinho mais da metade das pendências (56,96%). O Comércio ocupa a
segunda posição em termos de participação no país (20,14%).
Segundo o presidente da CNDL, a maior taxa de desemprego, o endividamento das
famílias e as taxas de juros mais altas fazem com que os impactos de uma
inadimplência em alta sejam muito mais preocupantes para a economia. “O alento
fica no fato de que a maior dificuldade no acesso ao crédito age como um limitador
do crescimento da inadimplência em todo o país. Com menos contas a pagar, há um
limite para o crescimento dos números de inadimplência”, analisa Pinheiro.
Vendas a prazo caem 3,26%
O número de consultas para vendas a prazo do banco de dados do SPC Brasil e da
CNDL teve um novo recuo de 3,26% em julho na comparação com o mesmo mês
do ano anterior. É a sexta queda consecutiva do indicador anual. Desde janeiro de
2014, o indicador mostrou queda em 12 dos 19 meses do período.
4. Indicador de Consultas para Vendas a Prazo
Variação em relação ao mesmo mês do ano anterior
Na variação mensal, mais volátil, o indicador mostra um avanço de 3,23% em julho
ante o mês anterior, neutralizando a queda de 2,77% verificada na comparação
mensal em maio. Porém, segundo a economista do SPC Brasil, o dado mensal
positivo ainda não é suficiente para alterar a tendência de piora nas vendas. “O
consumidor brasileiro tem visto sua renda recuar, seja por conta da inflação que
corrói o poder de compra, seja por conta do aumento do desemprego”, diz Kawauti.
“Além disso, o consumidor demonstra preferência pelo pagamento à vista de suas
compras, o que ajuda a diminuir ainda mais o nível das vendas a prazo.”
Tal conjuntura se reflete nos dados na queda do dado acumulado no ano até
julho: -2,73%, uma piora em relação aos -2,64% verificados em junho.
Acesse o material completo e a série histórica clicando em “baixar arquivos” no link
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