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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI
     INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG
   FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER
      ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL




  Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em
  uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa
Catarina: estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de
                 Penha (COOPERMAPE)




              Gabriela Garbinatto Chevarria




                      Florianópolis, Brasil


                              2011
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI
     INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG
    FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER
      ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL




  Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em
  uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa
Catarina: Estudo de Caso da Cooperativa de Maricultores de
                 Penha (COOPERMAPE)




               Gabriela Garbinatto Chevarria



                          Monografia apresentada como requisito parcial
                          para obtenção de título de Especialista em Gestão e
                          Auditoria Ambiental pelo Centro Universitário
                          Leonardo da Vinci.

                          Orientador: Dr. Gilberto Caetano Manzoni




                      Florianópolis, Brasil


                              2011
TERMO DE APROVAÇÃO


Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura implantação de um Sistema de Gestão
  Ambiental (SGA) em uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa Catarina:
        estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE).



                            Gabriela Garbinatto Chevarria


       Monografia submetida ao corpo docente do Programa de Especialização em Gestão e
Auditorias Ambientais do Instituto de Pós-graduação – ICPG da UNIASSELVI, fomentado
pela Fundação Universitária Iberoamericana - FUNIBER, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de

              ESPECIALISTA EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL

       Aprovada com revisões por banca coordenada pelos Professores (as) Dra. Naná
Minnini Medina, Msc. Andréia de Bem Machado e Msc. Érick Simões, com resultado
divulgado em 20 de maio de 2011.




                                                     ______________________________
                                                        Dr. Gilberto Caetano Manzoni
                                                                 Orientador




                                                     ______________________________
                                                           Dra. Naná Minnini Medina




                                                     ______________________________
                                                       Msc. Andréia de Bem Machado




                                                     ______________________________
                                                             Msc. Érick Simões
É a verdade que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
              (Renato Russo)
RESUMO


As atividades de produção e consumo têm resultado em alterações ambientais preocupantes
levando a cobranças por parte da sociedade sobre os empreendimentos que não considerem os
impactos ambientais gerados em suas atividades. Neste contexto, as implementações de
sistemas de gestão ambiental (SGA) têm sido adotadas para controlar e minimizar os impactos
ambientais negativos decorrentes dos empreendimentos. Na atividade de maricultura não é
diferente, principalmente em Santa Catarina que é destaque nacional pela sua elevada
produção de moluscos. Este estudo teve como objetivo realizar uma avaliação ambiental
inicial na unidade de beneficiamento de moluscos da Cooperativa de Maricultores de Penha
(SC), uma vez que esta é uma etapa primordial para a implantação de um SGA. Para isso,
inicialmente foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os cooperados a fim de
verificar suas percepções em relação às questões ambientais da atividade de maricultura e à
própria cooperativa. Em seguida foram realizadas a caracterização da empresa, a descrição e o
mapeamento dos processos produtivos da unidade de beneficiamento, a identificação das
entradas e saídas dos processos e a avaliação dos aspectos e impactos ambientais identificados
em cada setor/atividade e sua correlação com a legislação ambiental aplicável.
Complementarmente, para uma análise quantitativa, foram coletados dados de consumo de
água, energia elétrica e de geração de resíduos dos mexilhões relacionando-os aos dados de
produção da cooperativa, elaborando assim, indicadores de desempenho ambiental para estes
parâmetros. Por fim, foram sugeridas medidas que possam trazer um melhor desempenho
ambiental em função dos aspectos ambientais identificados neste empreendimento. Entre os
resultados obtidos pode-se destacar: 1) os cooperados se mostraram favoráveis a implantação
do SGA na cooperativa; 2) a avaliação ambiental inicial apontou aspectos ambientais
prioritários na unidade, como os relacionados à falta de um plano de emergência para o risco
de incêndio, a disposição de parte dos resíduos sólidos e líquidos e o elevado consumo de
água e energia elétrica; e 3) os indicadores ambientais, para o período abordado, apresentaram
valores iguais a 0.024 m3/kg para água, 0.28 kWh/kg para eletricidade e 3,18 kg/kg para os
resíduos oriundos dos mexilhões.




Palavras-chave: Avaliação Ambiental Inicial, Maricultura, Gestão Ambiental.




                                                                                             i
ABSTRACT


The activities of production and consumption have resulted in alarming environmental
changes leading to society holding responsible the enterprises that do not consider the
environmental impacts generated by their activities. In this context, the implementations of
environmental management systems (EMS) have been adopted to control and minimize the
negative environmental impacts of enterprises. In mariculture activity it is no different,
especially in Santa Catarina which is nationally renowned for its high production of mollusks.
This study aimed to perform an initial environmental evaluation in the processing unit of
shellfish of Cooperativa de Maricultores de Penha (SC), since this is an essential step for the
implementing an EMS in organizations. Therefore, initially semi-structured interviews were
conducted with the cooperative members in order to ascertain their perceptions regarding
environmental issues of mariculture activity and the cooperative itself. Next, in order to
characterize the companies, descriptions and mapping of the facility processes, identification
of inputs and outputs of processes, and evaluation of environmental aspects and impacts
identified in each sector / activity, correlating them with environmental legislation.
Additiinally, for a quantitative analysis, data were collected on water and electrical
consumption and waste generation of mussels linking them to data from the cooperative
production, producing environmental performance indicators. Finally, measures were
suggested that might bring a better environmental performance in relation to the
environmental aspects identified in this company. Among the results can be noted are: 1) The
cooperative members are in favor of the EMS in the cooperative, 2) The environmental
assessment reviews pointed out the environmental priorities of the unit (such as those related
to the lack of an emergency plan for fire risk, the disposal of part of the solid and liquid waste
and the high consumption of water and electricity) and 3) The values of environmental index
for the period covered were equal to 0.024 m3/kg for water, 0.28 kWh / kg for electricity and
3.18 kg / kg for waste from the mussels.




Keywords: Initial Environmental Evaluation, Mariculture, Environmental Management.




                                                                                                ii
SUMÁRIO
Resumo..................................................................................................................................      i
Abstract...................................................................................................................................   ii
Sumário................................................................................................................................... iii
Lista de Figuras.......................................................................................................................       v
Lista de Tabelas....................................................................................................................... viii
Lista de Abreviaturas..............................................................................................................           x
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................                1
     1.1 Contextualização e Justificativa.................................................................................                    2
     1.2 Objetivos....................................................................................................................        5
           1.2.1 Objetivo Geral....................................................................................................           5
           1.2.2 Objetivos Específicos.........................................................................................               5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................                                6
     2.1 Desenvolvimento Sustentável....................................................................................                      6
     2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa..................                                                  7
     2.3 Normatização e Certificação do SGA........................................................................                           9
     2.4 Avaliação Ambiental Inicial....................................................................................... 15
     2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental..................................................................... 17
3. METODOLOGIA............................................................................................................... 21
     3.1 Área de Estudo............................................................................................................ 21
     3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo................................................................ 21
     3.3 Roteiro para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial........................................... 22
     3.4 Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental............................................ 25
     3.5 Avaliação Ambiental Inicial da Coopermape............................................................. 27
4. ESTUDO DE CASO – Cooperativa de Maricultores de Penha.......................................... 28
     4.1 Caracterização da Empresa......................................................................................... 28
     4.2 Organograma da Empresa.........................................................................................                      29
     4.3 Caracterização dos Cooperados.................................................................................. 31
            4.3.1 Perfil Social....................................................................................................... 31
            4.3.2 Perfil Profissional.............................................................................................. 33



                                                                                                                                              iii
4.3.3 Perfil Cooperativista.......................................................................................... 42
            4.3.4 Percepção Ambiental........................................................................................ 44
     4.4 Descrição do Processo Produtivo................................................................................ 49
            4.4.1 Origem da Matéria Prima.................................................................................. 50
            4.4.2 Recepção........................................................................................................... 52
            4.4.3 Cozimento......................................................................................................... 53
            4.4.4 Desconche......................................................................................................... 54
            4.4.5 Embalagem........................................................................................................ 55
            4.4.6 Armazenamento................................................................................................ 56
            4.4.7 Expedição.......................................................................................................... 57
     4.5 Processos Complementares......................................................................................... 57
            4.5.1 Limpeza e Sanitização....................................................................................... 57
            4.5.2 Gestão dos Resíduos Sólidos............................................................................ 58
            4.5.3 Gestão das Águas Residuárias.......................................................................... 59
     4.6 Identificação dos fluxos de entrada e saída dos processos......................................... 60
     4.7 Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais......................................................... 63
     4.8 Indicadores de Desempenho Ambiental (IDAs)......................................................... 80
           4.8.1 Avaliação dos IDAs propostos........................................................................... 83
                   4.8.1.1 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água –
                   IDACA............................................................................................................... 83

                   4.8.1.2 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia
                   Elétrica – IDACEE............................................................................................. 84

                   4.8.1.3 Índice de Desempenho Ambiental referente à Geração de Resíduos da
                   Seleção (IDAGRS) e à Geração de Resíduos de Conchas (IDAGRC).............. 85

     4.9 Proposições de Melhorias relacionadas aos Aspectos/Impactos Ambientais
     Identificados...................................................................................................................... 90

5. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 92
     5.1 Conclusões sobre os objetivos propostos.................................................................... 93

     5.2 Considerações Finais................................................................................................... 95

     5.3 Recomendações........................................................................................................... 96

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................                            97
ANEXOS..............................................................................................................................   100

                                                                                                                                        iv
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de
resíduos, inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência)
em área próxima........................................................................................................................ 4
Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente............................... 8
Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000....... 11
Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001............................. 11
Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais.......................................... 17
Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas........................................... 22
Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental............................................................................ 23
Figura 8: Fotos da fachada da unidade de beneficiamento da Coopermape........................... 29
Figura 9: Organograma da Coopermape................................................................................. 29
Figura 10: Distribuição dos cooperados entrevistados por faixa etária.................................. 31
Figura 11: Naturalidade dos maricultores cooperados entrevistados...................................... 32
Figura 12: Nível de escolaridade dos maricultores cooperados entrevistados........................ 32
Figura 13: Ano de início da atividade de maricultura............................................................. 33

Figura 14: Porcentagem da renda familiar oriunda da maricultura, de cooperados que
atuam ou não em outra profissão e distribuição de atividades (profissões) exercidas além
da maricultura.......................................................................................................................... 34

Figura 15: Porcentagem das respostas para o número de membros familiares e de
ajudantes na atividade de maricultura..................................................................................... 35

Figura 16: Porcentagem de entrevistados que fazem venda direta ao consumidor e que
vendem o produto desconchado.............................................................................................. 39
Figura 17: Porcentagem de respostas dos entrevistados quanto ao nível de satisfação e de
confiança pela COOPERMAPE.............................................................................................. 43
Figura 18: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao tipo de reclamação
recebida em função da atividade de maricultura..................................................................... 45
Figura 19: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao conhecimento ou
não do SGA e quanto ao seu comprometimento caso o SGA fosse implementado na
Coopermape............................................................................................................................ 46
Figura 20: Fluxograma do processo de beneficiamento de mexilhões na unidade da
Coopermape............................................................................................................................ 49

                                                                                                                                         v
Figura 21: (A) Cordas com sementes de mariscos para “plantio”; (B) Long Line com
cordas de mexilhão em crescimento; (C) Seleção de mexilhões pelo maricultor utilizando
mesa gradeada; (D) Mexilhões selecionados acondicionados em caixa para transporte por
embarcação até a praia; (E) Transferência das caixas com mexilhões para o caminhão da
Coopermape............................................................................................................................ 51

Figura 22: (A) Lavagem, (B) seleção e (C) transferência dos mexilhões do setor de
recepção ao de cozimento por óculo específico...................................................................... 52
Figura 23: Setor de cozimento – (A) Acondicionamento em cesto inox; (B) Cozimento na
cuba e (C) Choque térmico..................................................................................................... 53
Figura 24: (A) Tranferência dos mexilhões cozidos do setor de cozimento para a esteira
por óculo específico e (B) Manipulação para retirada das conchas e bisso do mexilhão e
(C) Pesagem............................................................................................................................ 54
Figura 25: (A) Caixas gradeadas na área externa onde vão sendo depositadas as conchas
enviadas pelo sistema da esteira da área do desconche e (B) colaborador do setor pesando
as caixas com conchas para controle antes de triturá-las........................................................ 55
Figura 26: Pesagem do produto na embalagem e produto embalado e rotulado na seladora
à vácuo.................................................................................................................................... 56
Figura 27: Mexilhões embalados acondicionados em pallets dentro da câmara fria.............. 56
Figura 28: Caminhão acoplado ao óculo da expedição da câmara de resfriamento e
colaborador colocando as caixas com produto e gelo no baú do caminhão............................ 57
Figura 29: Triturador de conchas e caçamba para disposição das conchas trituradas............ 58
Figura 30a: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Recepção e Cozimento................................................. 60
Figura 30b: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Desconche, Drenagem e Emgalagem......................... 61
Figura 30c: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Armazenamento, Expedição, Limpeza (área interna)
e Área Externa (incluindo limpeza)........................................................................................ 62
Figura 30d: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores/atividades da Coopermape: Administrativo e Ocupacional........................................ 63
Figura 31: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Recepção....................................... 64
Figura 32: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Cozimento..................................... 65
Figura 33: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Manipulação (desconche).............. 66
Figura 34: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Pesagem e Emabalagem................ 67


                                                                                                                                           vi
Figura 35: Planilha de Avaliação Ambiental dos setores de Armazenamento e Expedição... 68
Figura 36: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Limpeza e Higienização...... 69
Figura 37: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Trituração e Limpeza (área
externa).................................................................................................................................... 70
Figura 38: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de apoio (Administração, S.IF
e Almoxarifado)...................................................................................................................... 71
Figura 39: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de apoio Ocupacional (banheiro,
vestiário e cozinha)................................................................................................................. 77
Figura 40: Evolução mensal do consumo de água (m3) e da produção de “carne” (kg) na
Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010.......................................................... 82
Figura 41: Evolução mensal do consumo de energia elétrica (kWh) e da produção de
“carne” (kg) na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010................................ 82
Figura 42: Evolução mensal em quilos da produção de “carne” e a geração de resíduos da
seleção e de conchas da manipulação na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de
2010......................................................................................................................................... 82




                                                                                                                                            vii
LISTA DE TABELAS


Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA)
conforme a ISO 14031............................................................................................................ 19
Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais.................... 23
Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação
de Significância....................................................................................................................... 25
Tabela 4: Membros do mandato atual (2009 – 2012) que formam o Conselho
Administrativo da Coopermape.............................................................................................. 30

Tabela 5: Número e porcentagem das respostas dos entrevistados quanto à sociedade na
atividade de maricultura e ao número de sócios...................................................................... 34

Tabela 6: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
meses, número de dias da semana e horas por dia dedicadas a atividade de maricultura, em
média....................................................................................................................................... 36
Tabela 7: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
áreas de cultivo e de linhas (long-lines) que utilizam e quanto à aquisição ou não de áreas
de terceiros.............................................................................................................................. 37
Tabela 8: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram
mexilhão quanto à quantidade de cordas de sementes plantadas em 2010............................. 39
Tabela 9: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às
dificuldades na atividade de maricultura................................................................................. 40
Tabela 10: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto
às necessidades para evoluir na atividade de maricultura....................................................... 42
Tabela 11: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram
mexilhão quanto à porcentagem de sua produção que foi entregue a Coopermape e o
porquê deste valor................................................................................................................... 43

Tabela 12: Número e porcentagem das sugestões dadas pelos entrevistados quanto as
medidas que facilitariam o seu comprometimento com o SGA da Coopermape enquanto
fornecedor............................................................................................................................... 47

Tabela 13: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Importantes
em função da sua classificação de Significância................................................................... 73



                                                                                                                                          viii
Tabela 14: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Significantes
em função da sua classificação de Significância..................................................................... 76

Tabela 15: Dados coletados mensais, total e média referentes a produção de mexilhão
desconchado (Kg), consumo de água (m3) e energia elétrica (kWh) e quantidade gerada de
resíduos da seleção e de conchas (Kg) entre setembro de 2009 e agosto de 2010 na
Coopermape............................................................................................................................ 80
Tabela 16: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao
consumo de água (IDACA)..................................................................................................... 83
Tabela 17: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao
consumo de energia elétrica (IDACEE).................................................................................. 85
Tabela 18: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes à
geração de resíduos da seleção e da manipulação (conchas).................................................. 86
Tabela 19: Valores médios obtidos para o período dos indicadores de desempenho
ambiental na Coopermape....................................................................................................... 87
Tabela 20: Comparação entre os IDAs da Coopermape e os obtidos em empresas de
beneficiamento de pescados.................................................................................................... 88




                                                                                                                                      ix
LISTA DE ABREVIATURAS


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADA - Avaliação do Desempenho Ambiental
AMAP – Associação dos Maricultores de Penha
CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento
CEMar – Centro Experimental de Maricultura
COOPERMAPE – Cooperativa de Maricultores de Penha
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EMAS – Eco Management System
ETE - Estação de Tratamento de Efluentes
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
FAMASC – Federação das Associações de Maricultores de Santa Catarina
FUNIBER – Fundação Universitária Iberoamericana
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICA - Indicador de Condição Ambiental
IDA - Indicador de Desempenho Ambiental
IDACA - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água
IDACEE - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia Elétrica
IDAGRS - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos na Seleção
IDAGRC - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos de Conchas
IDG - Indicador de Desempenho Gerencial
IDO - Indicador de Desempenho Operacional
ISO - International Organization for Standardization
MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SIF – Serviço de Inspeção Federal
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí



                                                                                        x
1. INTRODUÇÃO

       O aquecimento global e as mudanças climáticas têm sido os termos ambientais com
maior destaque na mídia ultimamente, enquanto que há tempos vimos surgir o termo
“desenvolvimento sustentável” como forma de promover o crescimento econômico aliado ao
bem estar social e a preservação do meio ambiente, de forma a evitar os possíveis colapsos
dos sistemas e recursos naturais do planeta, resultantes da degradação gerada por este
crescimento.

       Além do aquecimento global, gerado pela emissão de poluentes atmosféricos como o
dióxido de carbônico (CO2), principalmente resultante da queima de combustíveis fósseis,
existem outros graves problemas ambientais globais que necessitam ser controlados e
mitigados, como: degradação e desertificação dos solos, contaminação e acidificação dos
recursos hídricos, degradação de ecossistemas e perda de biodiversidade, entre outros. Todos
estes problemas são gerados, principalmente, pela ação antrópica.

       Estas conseqüências ambientais retornam como perda de qualidade de vida a
sociedade, assim como prejuízos econômicos tanto para sua recuperação quanto na saúde
pública. Em função destas evidentes perdas, encontros mundiais dos mais variados temas
ambientais vem sendo realizados regularmente entre líderes de diversos países, para que se
avance nas medidas corretivas e preventivas, aliando o desenvolvimento econômico com
responsabilidade social e ambiental. Também se pode destacar a maior preocupação e
consciência ambiental da população, a crescente quantidade de organizações não-
governamentais (ONG‟s) atuando em prol do respeito à legislação ambiental e a ampliação e
revisão desta legislação aplicada ao tema ambiental por parte do poder público.

       Segundo o relatório “a economia dos ecossistemas e da biodiversidade”, divulgado
neste ano pela ONU, mais de 60% dos serviços naturais do mundo foram degradados nos
últimos 50 anos e a demanda por recursos naturais é 35% maior que a capacidade do planeta
de renovar estes recursos (RIBEIRO, 2010). Há ainda, conforme levantado pela mesma
autora, um estudo que estimou os custos e danos ambientais das 3 mil maiores empresas do
mundo na ordem de U$2,2 trilhões em 2008, sendo que se estas companhias tivessem que
pagar por este prejuízo gerado ao planeta teriam que desembolsar um terço do seu lucro, algo
em torno de 6% e 7% do volume de negócios. Mais da metade destes danos é referente a




                                                                                          1
emissão de gases causadores do efeito estufa e o restante relacionado a poluição do ar e do
uso de água nos processos produtivos.

       Desta forma, as empresas têm se defrontado com um processo crescente de cobrança
para adotarem uma postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente
(EMBRAPA, 2004) para manterem-se no atual mercado competitivo, uma vez que toda
empresa e/ou atividade possui uma repercussão ambiental, seja pela emissão de poluentes e
resíduos ou pelo consumo de matérias-primas e energia.

       Com tantas pressões sobre as atividades produtivas de bens e serviços, o sistema de
gestão ambiental na empresa vem de encontro com as aspirações de um desenvolvimento
sustentável, já que a mesma assume sua responsabilidade para com o meio ambiente, pois
segundo DONNAIRE (1995), gestão ambiental é o conjunto de medidas e procedimentos bem
definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos
por um empreendimento sobre o meio ambiente.



1.1 Contextualização e Justificativa

       A evolução da produção de moluscos em Santa Catarina é nacionalmente reconhecida,
passando de 190 toneladas em 1990 à 12.462 t em 2009 (EPAGRI, 2010), o equivalente a
6.559% de aumento na produção em 20 anos de desenvolvimento desta atividade. O
município de Penha, já foi o maior produtor de mexilhões, ocupando atualmente a 2ª posição
no “ranking”, com a produção de 1755 toneladas em 2009 (EPAGRI, 2010), sendo Palhoça o
maior produtor estadual atualmente com 5930 t.

       No entanto, este incremento nas atividades de produção de moluscos no estado não
vem sendo acompanhado com políticas públicas e regulatórias para o setor a contento, pois
além de ser muito rápida e expressiva (a produção), e com fomento de instituições de pesquisa
e extensão, principalmente pelas Universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Vale
do Itajaí (UNIVALI) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina S.A. (EPAGRI), é notória a morosidade do estado em função de sua burocracia para
resolução de problemas, sem contar a falta de planejamento e de medidas preventivas das
políticas públicas.

       Além disso, conforme noticiado no Diário Catarinense (2008), Santa Catarina é um
estado também reconhecido nacionalmente pelo 2° pior índice em saneamento básico


                                                                                           2
refletindo na alteração da qualidade de água da região costeira. Por outro lado está em
andamento o projeto “Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves no Litoral de Santa
Catarina”, pioneiro no País, que é executado pela Epagri com recursos do Ministério da Pesca
e Aqüicultura (MPA) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento (FREITAS,
2010). Conforme descrito pela mesma autora, este projeto prevê análises microbiológicas de
água e de moluscos, de metais pesados, de parâmetros físico-químicos da água, além do
monitoramento das florações de algas nocivas e da presença de ficotoxinas nos moluscos
produzidos. No entanto, apenas os resultados das florações de algas tóxicas são divulgados
periodicamente.

       Assim, o que se verifica atualmente de demandas a serem solucionadas em relação à
atividade de maricultura em Santa Catarina, são:

      Ocupação de áreas costeiras, sem nenhum termo de cessão de uso por parte da União
       (afinal, o mar é “território” da União);
      Atividade de produção de moluscos em áreas de qualidade ambiental duvidosas;
      Coleta de sementes (indivíduos jovens) nos costões de forma irregular/predatória e até
       em épocas de defeso;
      Beneficiamento (desconche) em ambientes inadequados, sem inspeção de qualidade;
      Descarte inadequado dos resíduos das atividades produtivas no mar, e de
       beneficiamento (em terrenos baldios ou áreas verdes), principalmente as conchas e/ou
       fauna acompanhante (cracas, ascídeas, etc);
      Conflito de usos dos espaços aquáticos;

       Cabe ressaltar que, com exceção do termo de cessão de uso das áreas de cultivo, estas
demandas não são uma situação generalizada em SC, mas variam em intensidade em função
das localidades e das espécies cultivadas, sendo que as próprias instituições que vêem
fomentando esta atividade também procuram buscar soluções aos problemas que vêem
surgindo. No entanto, a fiscalização e apreensão de infratores nos costões, dos produtos
beneficiados de forma irregular, a cessão e fiscalização das áreas costeiras, inclusive com
relação à qualidade ambiental (se é propícia ou não atividade de maricultura) tem que vir do
papel do estado, para que sejam repreendidas de forma mais eficiente quando irregulares,
trazendo incentivo e confiança aos consumidores e aos produtores que agem dentro da
legalidade, além de maior controle sobre os recursos naturais. Ou seja, é função do estado




                                                                                           3
atuar na regulamentação e ordenamento da cadeia produtiva da maricultura, desde a etapa de
produção até o beneficiamento e comercialização.

         Com relação a comercialização e beneficiamento, sabe-se que boa parte da produção
de moluscos do município de Penha, e até de Santa Catarina, é escoada na informalidade,
tanto no varejo (venda direta ao consumidor final), quanto no atacado (venda para
intermediários), sendo este último fornecido muitas vezes pelas as chamadas “salgas” que, em
sua maioria, beneficiam pescados sem as devidas licenças de operação e sem inspeção
sanitária, colocando em risco a qualidade do produto a ser oferecido ao mercado consumidor.
Além disso, as salgas não possuem uma gestão adequada dos resíduos resultantes do
beneficiamento, principalmente com relação às conchas, que tendem a ser depositadas em
terrenos desocupados (figura 1) causando impacto visual e mau odor para a vizinhança.




Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de resíduos,
inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência) em área próxima.


         Em função desta comercialização precária, começaram a ser construídas em 1997,
unidades de beneficiamento de moluscos com financiamento do Banco mundial através do
Programa de Execução Descentralizada (PED) com gerenciamento da Epagri (MANZONI,
2005).

         A Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE), localizada no município
de Penha em Santa Catarina, é responsável pela administração de uma das unidades de
beneficiamento de moluscos entregues pelo PED, mas recebeu sua unidade inacabada, tendo
que realocar recursos do governo do estado e dos próprios cooperados para finalização da
obra. Após as adequações, o empreendimento começou a operar em 2000 tornando a ficar



                                                                                               4
inativo pelos cooperados em fevereiro de 2004 por problemas administrativos (MANZONI,
2005), reiniciando suas atividades de produção em maio de 2009, após a instalação do Serviço
de Inspeção Federal (SIF).

       Neste sentido, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) aplicado a uma unidade de
beneficiamento de moluscos, que é o que se pretende com este estudo para a Cooperativa de
maricultores de Penha, é recomendável por vários aspectos, pois além de trazer benefícios
como: diminuição dos custos devido à maior eficiência dos processos e redução do
desperdício; menor risco de acidentes pelo amplo conhecimento dos processos, treinamentos e
auto-avaliações periódicas; melhor acesso ao capital de baixo custo; alcance ao mercado
consumidor exigente com o comprometimento ambiental; melhoria de imagem pública e de
relacionamento com a vizinhança (SPERDUTI, 2003); pode também exigir que seus
fornecedores e cooperados cumpram metas ambientais e/ou apresentem garantias sobre seu
desempenho ambiental, induzindo assim à sustentabilidade ambiental em toda cadeia
produtiva.


1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

       Analisar os aspectos e impactos ambientais da unidade de beneficiamento de moluscos da
COOPERMAPE, com a finalidade de realizar uma avaliação ambiental inicial, etapa esta necessária
para uma futura implantação do Sistema de Gestão Ambiental.


1.1.2 Objetivos Específicos

       Verificar a percepção dos maricultores, em relação às questões ambientais e à própria
       cooperativa;

       Descrever a estrutura da unidade de beneficiamento de moluscos da COOPERMAPE;

       Identificar as principais entradas e saídas do processo produtivo de uma unidade de
       beneficiamento de moluscos;

       Analisar os principais impactos ambientais resultantes do processo de beneficiamento de
       moluscos;

       Verificar o atendimento à legislação ambiental pertinente;

       Determinar indicadores de desempenho ambiental;

       Propor melhorias com relação aos aspectos/impactos ambientais identificados.


                                                                                             5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Desenvolvimento Sustentável


       O desenvolvimento sempre foi sinônimo de crescimento econômico e aumento do
Produto Interno Bruto (PIB), principalmente ao classificar os países em desenvolvidos, em
desenvolvimento e subdesenvolvidos. Os países não desenvolvidos buscavam (e ainda
buscam) a industrialização para obter seu crescimento econômico e seu status internacional.
No entanto, em 1972 com o primeiro relatório do clube de Roma, intitulado Limites do
Crescimento começa-se a questionar o desenvolvimento infinito com recursos finitos. No fim
da década de 70, começam a surgir críticas quanto a este modelo de crescimento devido à
preocupante degradação ambiental resultante.

       Somando-se a esta nova reflexão sobre o desenvolvimento, um contexto de crise
econômica, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável que inclui a questão ambiental,
além da econômica e social no processo de desenvolvimento.

       Este termo, desenvolvimento sustentável, foi estabelecido pela International Union for
the Conservation of Nature (IUCN), e é definido como: “um desenvolvimento que satisfaz as
necessidades atuais sem comprometer a capacidade de futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades”. O Relatório Brundtland (1987) que foi apresentado pela Comissão
Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) como “Nosso Futuro Comum”
introduziu este conceito, afirmando ainda que o crescimento deve estar em consonância com o
caráter esgotável dos recursos do planeta.

       A Primeira Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, simultaneamente à
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi até então a
maior reunião de dirigentes mundiais já organizada. Neste evento foram criados cinco
documentos, dentre eles destaca-se a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento que estabelece as bases para o desenvolvimento sustentável, ampliando
largamente este conceito e expondo-o as políticas socioeconômicas internacionais. Neste
documento, o desenvolvimento sustentável abrange fortes aspectos sociais, além de políticas
ambientais e de fomento da produção limpa, como: a erradicação da pobreza, a participação
dos cidadãos as questões ambientais, o acesso a informação, a participação de mulheres,
jovens, povos indígenas e comunidades locais na consecução do desenvolvimento sustentável.



                                                                                           6
Atualmente, pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável é um processo e não
uma meta, em busca da equidade e de uma melhor qualidade de vida com proteção do
ambiente, que inclui transformações econômicas, culturais e políticas; que requer modificação
nas linhas produtivas, de distribuição e de consumo, e superação do déficit social (FUNIBER,
2008).


2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa.


         O termo gestão, segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa (FERREIRA,
1993), é o ato de gerir, gerenciar; administrar; e meio-ambiente é definido como o conjunto de
fatores físicos, químicos e biológicos que agem sobre um ser vivo ou uma comunidade
ecológica e podem determinar sua sobrevivência. Gerir o meio-ambiente então, de acordo
com estas definições, seria atuar de forma a manter o equilíbrio destes fatores ambientais,
garantindo assim a nossa própria sobrevivência.

         Pode ser uma definição um tanto alarmista/catastrófica, mas como já comentado no
capítulo introdutório, não são poucos os problemas ambientais globais decorrentes do modelo
de produção e consumo adotados no último século. A solução para todos estes problemas
então, está na busca do desenvolvimento sustentável, que busca o crescimento econômico
aliado às responsabilidades social e ambiental. No entanto, esta responsabilidade não está
somente nas mãos do mundo coorporativo e do poder público, mas principalmente do
indivíduo, que deve ter esta consciência ambiental, praticá-la no seu cotidiano e exigir o
mesmo da sua rede social.

         Segundo Sanches e Arruda (2008) o objetivo de uma empresa é atender as
necessidades dos seus consumidores, ou seja, o produto deve satisfazer o cliente, o preço deve
ser justo e acessível e o produto tem que oferecer uma boa condição de entrega, além disso, a
proteção ambiental vem se tornando uma necessidade dos clientes, e um fator decisivo na
hora de optar por uma empresa ou outra, sendo que o lucro não é o fim maior do seu trabalho
(empresa), mas sim a conseqüência de sua competência medida em números.

.        Sob estas condições de pressão de mercado, e também dos órgãos reguladores e
fiscalizadores, das organizações não governamentais e até de financiadoras e seguradoras as
empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com objetivos explícitos de controle da
poluição e de redução das taxas de efluentes, controlando e/ou minimizando os impactos



                                                                                            7
ambientais, como também otimizando o uso de recursos naturais – controle de uso da água,
energia, outros insumos, etc. sendo que uma das formas de gerenciamento ambiental de maior
adoção pelas empresas tem sido a implementação de um sistema de gestão ambiental,
segundo as normas internacionais Série ISO 14000, visando à obtenção de uma certificação
(EMBRAPA, 2004).

       Mengels (2010) define gestão ambiental como o campo da atuação humana que busca
equilibrar a demanda por recursos naturais, energia e espaço físico com a capacidade do
ambiente, natural ou modificado, de fornecer ou propiciar ao ser humano o aproveitamento de
tais recursos de modo sustentável.

       O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas é de caráter voluntário e segundo a
ABNT NBR ISO 1400 (2004), o SGA é a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada
para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.
Desta forma o SGA implica na busca de um melhor desempenho ambiental da empresa além do
simples cumprimento das obrigações legais a ela impostas. A figura 2 apresenta um esquema ideal de
funcionamento de uma empresa comprometida com o meio ambiente, orientando os princípios de um
empreendimento ambientalmente correto.



             ENTRADAS                                                    SAÍDAS


                                                                 Emissões Atmosféricas

                Energia                                             (Volume mínimo)
            (baixo consumo)
                                          PROCESSO
                                         PRODUTIVO                      Efluentes
                                           (máxima               (mínimo e com tratamento)
                 Água                     segurança)
           (consumo mínimo)                                             Resíduos
                                                              (Vol. mínimo e não perigosos,
                                                                recicláveis ou valoráveis)
               Matérias-Primas
             (utilização de materiais                                Produto
            reciclados ou renováveis)                  Máxima duração, mínimo de embalagem.
                                                         Mínimo impacto em fazer-se resíduo
                                                              reciclável ou valorizável



              Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente.
                               Fonte: Adaptado de FUNIBER, 2008.




                                                                                                8
2.3 Normatização e Certificação do SGA


       Segundo definição da Confederação Nacional da Indústria (www.fiescnet.com.br),
uma norma ambiental internacional é a tentativa de homogeneizar conceitos, ordenar
atividades e criar padrões e procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejam
envolvidos com alguma atividade produtora que gere impactos ambientais. A adesão a estas
normas é voluntária e está aberta a todos os setores econômicos, incluindo serviços públicos e
privados.

       O conjunto pioneiro de normas compondo um sistema de gestão ambiental foi lançado
em 1992, pela British Standard Institution – BSI, que criou a BS 7750 – aplicável às empresas
do Reino Unido.

       Em 1995, neste mesmo sentido é criado o Sistema Comunitário de Ecogestão e
Auditoria (EMAS – Eco Management and Audit Scheme), disponibilizado para a participação
inicialmente restrita a empresas de setores industriais da Comunidade Européia. Em 2001, o
EMAS amplia sua atuação para todos os setores econômicos e se integra a norma EN/ISO
14000. Em 2010 entrou em vigor 3ª revisão do EMAS. O EMAS III é reforçado pela
introdução de indicadores ambientais essenciais, com o qual o desempenho ambiental pode
ser exaustivamente documentado e há a possibilidade de usar um registro coletivo único
diminuindo os encargos administrativos e financeiros em organizações locais com sede em
mais de um país (ECE, 2010).

       A Organização Internacional de Padronização (ISO - International Organization for
Standardization) é uma organização não-governamental, constituída em fevereiro de 1947,
em Genebra, Suíça, com o objetivo principal de criar normas internacionais que são
elaboradas por vários comitês técnicos (TCs), compostos por especialistas dos diversos
países-membros (ISO, 2009), sendo a norma Série ISO 9000 – Sistema de Gestão da
Qualidade a mais famosa e difundida internacionalmente. A partir da “ECO-92” no Rio de
Janeiro tem-se a criação de um grupo especial para estudar a elaboração de normas de gestão
ambiental, com o intuito de serem internacionalmente reconhecidas, sendo instalado em 1993
o Comitê Técnico 207 – Gestão Ambiental (ISO/TC-207) da qual a Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT participa como membro com direito a voto (sendo também a única




                                                                                            9
representante da ISO no Brasil) e em 1996 ocorre a primeira publicação das normas da família
ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental.

       Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004

                       As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as
                       organizações de elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA)
                       eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e
                       auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Não se
                       pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas
                       para criar barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou
                       alterar as obrigações legais de uma organização.



       Segundo EMBRAPA (2004), a NBR ISO 14000 é um conjunto de normas técnicas
que fornecem ferramentas e estabelecem um padrão de Sistema de Gestão Ambiental,
abrangendo seis áreas bem definidas: Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e
14004), Auditorias Ambientais (ISO 19011 - substituindo a série ISO 14010, 14011, 14012),
Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021, 14024 e 14025), Avaliação de Desempenho
Ambiental (Série ISO 14031 e 14032), Avaliação do Ciclo de Vida de Produto (Série ISO
14040, 14041, 14042 e 14043) e Termos e Definições (Série ISO 14050).

       Sobre a série ISO que lida com sistemas de gestão ambiental, a norma ISO 14001
descreve os requisitos do sistema da gestão ambiental de uma organização que podem ser
utilizados para certificação/registro ambiental e/ou uma autodeclaração do SGA de uma
organização e a ISO 14004 fornece orientações sobre os elementos de um sistema de gestão
ambiental e sua implementação, e discute as principais questões envolvidas (ISO, 2009).

       As normas da série ISO 14000 são autônomas, podendo ser implementadas de modo
isolado, porém há uma expectativa de que os melhores resultados venham a ser obtidos na
medida em que as normas sejam usadas de modo articulado, como pode ser observado na
figura 3 em relação a implantação e manutenção de um SGA com base na ISO 14001 e ISO
14004 (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004).




                                                                                          10
Descrição
                                                        Priorização                                                  do desempenho
                                                                                         Série ISO 14040
                                                       dos aspectos                                                   ambiental dos
                                                                                      Análise do Ciclo de Vida
                                                        ambientais                                                      Produtos.

                                                                    Integração dos
      Sistema de Gerenciamento Ambiental
                                                                                                                      Melhoria do
                                                                       aspectos                                      desempenho
                                                                                                  ISO 14062
                                                                     ambientais no                                     ambiental
                                                                                                    Design
                                                                       projeto e                                     dos produtos.
                                                                   desenvolvimento
             ISO 14001 e ISO 14004




                                                                                               Série 14020               Informações
                                                                                           Selos e declarações          sobre aspectos
                                           ACTION                                              ambientais               ambientais dos
                                                          PLAN          Comunicação                                        Produtos.
                                                                            do
                                                                        desempenho             Série 14063            Comunicação do
                                                                         ambiental            Comunicações             desempenho
                                           CHECK     DO                                                                 ambiental.
                                                                                               Ambientais



                                                                                     Série 14030                     Descrição do
                                                                              Avaliação do desempenho                desempenho
                                                          Monitoração                 ambiental                       ambiental.
                                                              do
                                                          desempenho                 Série 19011                   Informações sobre o
                                                           ambiental           Auditorias do sistema de          Desempenho do sistema
                                                                                    gerenciamento                    de gerenciamento
                                                                                      ambiental                          ambiental.

             Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000.
                                                          Fonte: BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004


             A norma ISO 14001, assim como a ISO 9001, foi baseada na metodologia conhecida
como Plan – Do – Check - Act (PDCA) / (Planejar–Executar–Verificar–Agir), de forma a
compatibilizar a implementação dos dois sistemas e de garantir a melhoria contínua, na qual a
organização compromete-se a analisar e avaliar seu sistema periodicamente, para identificar
oportunidades de melhoria e implementá-las (ABNT NBR ISSO 14001:2004), como pode ser
observado na figura 3.



                                                                             Melhoria Contínua




                                                                                      Política Ambiental
                                                    Análise pela
                                                    Administração
                                                                                           Planejamento


                                                                                      Implementação e
                                                     Verificação
                                                                                      Operação



   Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001. Fonte: ABNT, 2004.


                                                                                                                                         11
Desta forma, segundo o capítulo 4 da norma ABNT NBR 14001:2004, os seguintes
requisitos devem ser considerados em um SGA:

   I. Política Ambiental: é a carta de compromisso da empresa definida pela alta
      administração, contendo declarações de princípios e de intenções, fixando objetivos e
      metas a serem cumpridos, os programas ambientais que serão aplicados, assegurando
      ainda o comprometimento com a melhoria contínua, com a prevenção da poluição, o
      atendimento aos requisitos legais e outros aplicáveis, devendo ser documentada,
      implementada, mantida e comunicada.

   II. Planejamento:

      II. 1. Aspectos Ambientais: a empresa deve identificar os aspectos ambientais dos seus
      produtos, atividades e serviços e determinar aqueles que podem ter impactos mais
      significativos ao meio ambiente, devendo documentá-los e assegurando que sejam
      tratados prioritariamente pelo sistema de gestão ambiental da organização.

      II. 2. Requisitos legais e outros: a organização necessita identificar e ter acesso aos
      requisitos legais que são aplicáveis aos seus aspectos ambientais e outros requisitos a
      que ela subscreve, assegurando que estes serão levados em consideração no
      estabelecimento, implementação e manutenção de seu SGA.

      II. 3. Objetivos, metas e programa(s): é necessário estabelecer objetivos e metas
      específicas e, sempre que possível, mensuráveis, considerando questões de curto e de
      longo prazo, em consonância com sua política, os aspectos e impactos ambientais
      significativos, as opiniões das partes interessadas e outros fatores pertinentes. Os
      programas devem descrever como os objetivos e metas da organização serão
      atingidos, incluindo-se cronogramas, recursos necessários e pessoal responsável pela
      implementação do(s) programa(s).

   III. Implementação e Operação:

      III. 1. Recursos, funções, responsabilidades e autoridades: a alta administração deve
      designar seu(s) representante(s) específico(s), com responsabilidade e autoridade
      definidas para a implementação do sistema da gestão ambiental comunicando a todos,
      assim   como     assegurar os   recursos apropriados, tais      como    infra-estrutura




                                                                                          12
organizacional para garantir que o sistema da gestão ambiental seja estabelecido,
   implementado e mantido.

   III. 2. Competência, treinamento e conscientização: a organização deve assegurar que
   seus funcionários são treinados e capazes de realizar as tarefas a que foram
   designados, e que estão conscientes da política ambiental, do sistema da gestão
   ambiental e dos aspectos e impactos ambientais das atividades, produtos e serviços da
   organização que possam ser afetados pelo seu trabalho.

   III. 3. Comunicação: é necessário estabelecer processos eficazes de comunicação
   interna e externa, sendo importante implementar um procedimento para receber,
   documentar e responder às comunicações relevantes das partes interessadas, referentes
   aos aspectos e impactos ambientais e ao próprio SGA da organização.

   III. 4. Documentação: é recomendado que o nível de detalhamento da documentação
   seja suficiente para descrever os elementos principais do sistema da gestão ambiental e
   sua interação, fornecendo orientação sobre fontes de informação mais detalhadas sobre
   o funcionamento de partes específicas do sistema da gestão ambiental.

   III. 5. Controle de documentos: é necessário manter o controle dos documentos
   requeridos pelo SGA e por esta norma, garantindo sua identificação e atualização.

   III. 6. Controle operacional: significa que a empresa deve identificar, planejar e
   gerenciar suas operações e atividades mais relevantes frente às diretrizes de sua
   política ambiental assegurando seu cumprimento, assim como de seus objetivos e
   metas, ou seja, garantindo seu desempenho ambiental.

   III. 7. Preparação e respostas a emergências: a organização deve ser responsável por
   identificar as potenciais situações de emergências e de acidentes que possam ter
   impacto sobre o meio ambiente e desenvolver procedimentos para prevenir e
   responder a estas situações.

IV. Verificação:

   IV. 1. Monitoramento e medição: monitorar os aspectos ambientais significativos,
   assegurando seu desempenho para atingir os objetivos e metas estabelecidos para o
   período estipulado. As informações obtidas podem ser usadas na implementação de
   medidas corretivas e preventivas.



                                                                                       13
IV. 2. Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros: é necessário conduzir
       avaliações periódicas para o cumprimento dos requisitos legais e outros subscritos
       pela organização.

       IV. 3. Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva: consiste em identificar
       desvios dos padrões estabelecidos e suas causas potenciais, corrigi-los e criar
       procedimentos que evitem sua reincidência.

       IV. 4. Controle de registros: manter e gerenciar os registros das atividades do SGA.

       IV. 5. Auditoria interna: verificar, periodicamente, com imparcialidade e objetividade,
       a conformidade do SGA com os arranjos planejados, incluindo as etapas de
       implantação e sua manutenção, assim como o cumprimento dos requisitos da norma,
       informando os resultados à administração.

   V. Análise pela administração: consiste em análises críticas pela administração,
       avaliando, periodicamente, oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações
       no SGA, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas ambientais,
       assegurando sua continuada adequação, pertinência e eficácia, ou seja, executando o
       processo de melhoria contínua do SGA.

       Comprovando-se a eficácia do SGA e o cumprimento dos requisitos estabelecidos na
norma ISO 14.001:2004 através de auditoria externa realizada por um organismo de
certificação credenciado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) na área de Sistemas de Gestão Ambiental, é concedido à empresa a
certificação ambiental, e mediante o pagamento das taxas correspondentes, um número de
registro e a permissão para uso do logotipo do órgão certificador credenciado. A manutenção
da certificação ambiental de conformidade com a Norma ISO 14001 é garantida através de
auditorias anuais que são baseadas nas auditorias internas da empresa, desde que não existam
atas de infração da norma ambiental (FUNIBER, 2008).

       Segundo a ABNT (www.abnt.org.br):

                       Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto
                       ao mercado e a sociedade que a organização adota um conjunto de
                       práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à
                       preservação da biodiversidade, contribuindo assim com o equilíbrio
                       ambiental e a qualidade de vida da população, além de
                       as organizações obterem um considerável diferencial competitivo
                       fortalecendo sua ação no mercado.


                                                                                              14
2.4 Avaliação Ambiental Inicial


       Um empreendimento pode implantar um SGA, sem solicitar sua certificação e/ou
formalização frente às normas do tema. Independentemente do caso, é imprescindível que se
faça uma avaliação ambiental inicial que consiste em uma revisão que permita identificar em
que nível a organização se encontra em relação às questões ambientais, neste caso, podendo
contemplar os requisitos 4.3.1 e 4.3.2 da Norma ISO 14001 referente aos aspectos ambientais
e aos requisitos legais e outros, respectivamente, inseridos na fase de planejamento.

       Segundo os requisitos gerais expostos no Anexo A da ABNT NBR ISO 14001:2004 e
no item 4.1.4 da ABNT NBR ISO 14004:2005 que trata da Análise Ambiental Inicial:

Recomenda-se que uma organização que não tenha um sistema da gestão ambiental
estabeleça inicialmente sua situação presente em relação ao meio ambiente por meio de
uma análise. O objetivo desta análise deve ser considerar todos os aspectos ambientais da
organização, como uma base para estabelecer seu sistema da gestão ambiental.
Recomenda-se que a análise cubra quatro áreas principais:
   identificação de aspectos ambientais, incluindo aqueles associados às condições normais
     de operação e condições anormais, incluindo partida e parada, situações de emergência e
     acidentes
  identificação de requisitos legais aplicáveis e outros subscritos pela organização;
  exame de todas as práticas e procedimentos da gestão ambiental existentes, incluindo
     aqueles associados com as atividades de aquisição e de contratação de serviços;
  avaliação de situações de emergência e acidentes anteriores.
A análise pode ser conduzida utilizando-se listas de verificação, fluxogramas de processo,
entrevistas, inspeção direta e medição passada e presente, resultados de auditorias anteriores
ou outras análises, dependendo da natureza das atividades. Recomenda-se que os resultados
das análises sejam documentados, de forma a poderem contribuir na definição do escopo e no
estabelecimento e aprimoramento do SGA da organização, incluindo sua política ambiental.



       Aspectos ambientais, segundo definição da referida norma, são elementos das
atividades ou produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente, sendo considerados significativos aqueles que têm ou podem ter um impacto
ambiental significativo. Impacto ambiental, por sua vez, é definido como qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos
aspectos ambientais da organização.



                                                                                           15
Segundo a Resolução CONAMA n.º 001/86, impacto ambiental é definido como:

                        ...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
                        ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
                        atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a
                        segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e
                        econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
                        ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.


       Para VITERBO Jr (1998), os aspectos ambientais podem ser classificados em dois
grandes grupos:

                a) os que possuem relação direta com a legislação e regulamentos aplicáveis,
como o lançamento de efluentes líquidos, emissões para atmosfera, ruídos, etc; e

                b) os “não regulamentados”, como os consumos de água, energia e
combustíveis fósseis, liberação de CO2, disposição de resíduos não perigosos (lixo comum),
entre outros.

       Assim, após a identificação dos aspectos ambientais e seus impactos associados, é
necessário realizar uma avaliação da relevância dos mesmos, determinando então, quais os
aspectos e/ou impactos ambientais são significativos, e em que condições eles ocorrem ou
podem ocorrer (condições normais, anormais ou de emergência), podendo ainda considerar
não só os aspectos ambientais que a organização pode controlar diretamente, mas também os
aspectos que ela possa influenciar.

       Um aspecto gerador de impacto ambiental que esteja infringindo uma legislação é
automaticamente considerado como significativo e prioritário como objetivo e meta a ser
atingida, como a emissão de efluentes líquidos fora dos padrões legais, por exemplo.
Ademais, cabe a organização definir os critérios que serão utilizados para avaliar a
significância de seus aspectos ambientais, no entanto a ABNT NBR ISO 14004, recomenda
que a organização considere os seguintes critérios:

               critérios ambientais (tais como escala, severidade e duração do impacto, ou
       tamanho e freqüência de um aspecto ambiental);

               requisitos legais aplicáveis (tais como limites de emissão e lançamentos em
       autorizações ou regulamentos etc.); e




                                                                                                  16
      as preocupações das partes interessadas, internas e externas (tais como aquelas
       relacionadas aos valores da organização, sua imagem pública, ruído, odor ou
       degradação visual).

       Para VITERBO Jr (1998), a identificação dos aspectos ambientais e os impactos
decorrentes é o requisito mais importante de toda norma, pois todos os demais (requisitos)
têm relação de interdependência com ele, como pode ser observado na figura 5, uma vez que:
a política deve ser adequada aos aspectos, a legislação deve ser estudada à luz dos aspectos,
os objetivos e metas advêm dos impactos (originados dos aspectos) e o treinamento, a
conscientização e o controle operacional são estabelecidos em função dos aspectos.




              Política                                               Legislação
             Ambiental                                               Ambiental



                                              ,

                                    Avaliação dos Aspectos
                                          Ambientais




                                       Treinamento e
             Objetivos                                                  Controle
                                       Conscientização
              e Metas                                                 Operacional
                 Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais.
                                 Fonte: VITERBO Jr (1998, p.83)

2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental

       Como abordado por FIESP/CIESP (2003):

                         Diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou
                         quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano,
                         tais como na saúde (índice de natalidade), educação (índice de
                         analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de
                         desenvolvimento humano) e no meio ambiente (qualidade do ar).
                         Estes indicadores não espelham a qualidade dos temas em sua
                         totalidade, mas indiretamente servem de referência para abordá-los e
                         tratá-los em seus aspectos mais sensíveis.



                                                                                          17
Segundo a norma ABNT NBR ISO 14031:2004 apud GAMBOA (2005) desempenho
ambiental é definido como “resultados do gerenciamento ambiental dos aspectos ambientais
de uma organização” e Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) como “um processo que
visa facilitar decisões gerenciais sobre o desempenho ambiental de uma organização por meio
da seleção de indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações de acordo com
critérios de desempenho ambiental, divulgação, revisão e aperfeiçoamento desse processo”.

       Para MORAES et al. (2003) apud OLIVEIRA et al (2005), a comparação da
utilização dos recursos com os produtos elaborados e resíduos devolvidos ao meio ambiente
de um período para o outro é um grande indicador da política da empresa na adoção de
processos que otimizem o consumo dos recursos, reaproveitamento, reciclagem e tratamento
dos resíduos e a utilização de recursos alternativos que evitem poluir o meio ambiente. Neste
contexto, os indicadores ambientais permitem avaliar, comparativamente, o desempenho
ambiental de uma organização com os diferentes aspectos ambientais, como consumo de
água, de energia elétrica e a geração de resíduos (FIRJAN, 2008).

       Desta forma, os indicadores de desempenho ambiental devem ser formulados
considerando os diversos aspectos da relação de dependência e interferência entre a
organização e o meio ambiente (FIESP/CIESP, 2003) e segundo FIRJAN (2008) devem
apresentar as seguintes características:

              Ser simples, de fácil interpretação e capazes de demonstrar tendências;

              Ser relevantes em termos das questões e dos valores ambientais;

              Devem facilitar o entendimento dos SGAs implementados;

              Ter uma base científica;

              Considerar as dificuldades de monitoramento (tempo, tecnologia, custos); e

              Proporcionar bases sólidas para comparações e tomadas de decisão

       Assim, a implementação da ADA é pautada no uso de indicadores, que conforme a
NBR ISO 14031, são classificados em duas categorias: ICA – Indicador de Condição
Ambiental e IDA – Indicador de Desempenhos Ambiental.

       O ICA fornece informações sobre a qualidade do meio ambiente onde se localiza a
empresa, sob forma de resultados de medições efetuadas de acordo com os padrões e regras



                                                                                            18
ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais (índices de qualidade do ar e da
água, por exemplo).

       O IDA analisa a eficiência da empresa em relação a seus principais aspectos
ambientais, sendo também classificados em dois tipos: IDO – Indicador de Desempenho
Operacional que proporciona informações relacionadas as operações do processo produtivo da
empresa (entradas e saídas de materiais, fornecimento de insumos, etc.) e o IDG – Indicador
de Desempenho de Gestão que fornecem informações dos resultados dos esforços de gestão
da empresa (atendimento aos requisitos legais, treinamentos, etc.).




Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) conforme a
ISO 14031.

      Categoria              Tipo            Aspecto Ambiental                  Exemplo

                         Indicador de            Consumo de         - Consumo total de energia por
                                                                    ano ou por unidade do produto
                         Desempenho                energia
                         Operacional
                                                                    - Quantidade de materiais para
                                             Consumo de matéria
     Indicador de           (IDO)                                   embalagens (Kg) por ano ou por
                                                   prima
                                                                    unidade produzida
    Desempenho
      Ambiental                                                     - Materiais usados / produto
                         Indicador de            Consumo de
        (IDA)                                     materiais         - % de materiais usados
                         Desempenho
                                                                    provenientes da reciclagem
                          de Gestão
                                                  Gestão da         - Nº certificações obtidas
                            (IDG)               conformidade        - Grau de        atendimento    a
                                                  ambiental         regulamentos

    Indicador de
 Condição Ambiental                 Índice de qualidade de água; Índice de qualidade do ar

        (ICA)

                            Fonte: Adaptado de FIESP/CIESP (2003)




                                                                                                   19
Assim, considerando o que foi abordado até então, pode-se afirmar que as relações
entre o homem e a natureza, principalmente as atividades de produção e consumo, não tem se
mostrado equilibradas ao longo dos tempos, levando a maiores preocupações da sociedade
como um todo na busca de melhores estratégias para esta harmonização com o meio, sendo o
processo de desenvolvimento sustentável uma abordagem internacionalmente reconhecida.

       Com o intuito de realizar uma avaliação ambiental inicial em uma cooperativa de
beneficiamento de mexilhões, foram apontados alguns aspectos da cadeia produtiva de
mexilhões em Santa Catarina e abordados os temas referentes aos sistemas de gestão
ambiental nas organizações com ênfase as normas da série ISO 14000 que possuem a maior
aceitação em todo mundo (STAPLETON e GLOVER, 2001), além de proporcionarem um
contínuo melhoramento do desempenho ambiental das empresas.

       No entanto, um dos fatores que limitam a implementação e certificação dos SGAs nas
empresas, principalmente as nacionais de pequeno porte, do setor primário e que atendem
somente ao mercado interno (EMBRAPA, 2004; SILVA Fº, et al, 2008) são os altos custos e
a necessidade de pessoal disponível e capacitado para tal (BRAUNS, 2007; MILES, et al,
apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007).

       Independente do método aplicado, os aspectos ambientais das empresas devem ser
considerados na administração das mesmas, assim como os aspectos financeiros e
organizacionais, por exemplo, refletindo na responsabilidade ambiental em toda a cadeia
produtiva até o consumidor final. Isto deve ser levado em conta, principalmente se
considerarmos que no Brasil grande parte das empresas formais na indústria, comércio e
serviços, são formadas por empresas de pequeno porte (representavam 99% em 2006)
tornando o impacto ambiental gerado por estas, coletivamente, significativo (SEBRAE, 2006
apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007), e é o que se pretende com este estudo para a
COOPERMAPE.




                                                                                        20
3. METODOLOGIA


3.1 Área de Estudo


         Este trabalho foi realizado no município de Penha, localizado no litoral centro-norte de
Santa Catarina, onde está situada a Cooperativa de maricultores de Penha (COOPERMAPE).

         O local foi escolhido como apropriado para o estudo, uma vez que a maricultura é
destaque na estrutura sócio-econômica local. Além disso, a proposta recebeu o apoio dos
dirigentes da COOPERMAPE e da UNIVALI, na pessoa do Dr. Gilberto Caetano Manzoni
que coordena o Centro Experimental de Maricultura (CEMar) e presta assistência técnica a
este empreendimento.



3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo


         Para atingir os objetivos propostos foram realizadas as seguintes atividades:

          Revisão bibliográfica sobre o tema em artigos, livros, teses, dissertações,
     monografias e material disponibilizado na internet, para obter uma melhor compreensão
     do objeto de estudo e fundamentar a teoria metodológica para realização do processo de
     avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Coopermape;



          Com auxílio de uma lista de presença usada em Assembléias da Coopermape,
     contendo a relação de nomes de cooperados aptos a votar, foram realizadas entrevistas
     semi-estruturadas (anexo 1) com 23 dos 37 cooperados relacionados, excluindo-se
     aqueles que não estavam produzindo mexilhão desde 2009 e/ou que não tinham
     interesse em fornecer mexilhões para Coopermape. As entrevistas tinham como objetivo
     traçar o perfil dos cooperados ativos, analisar sua percepção ambiental quanto à
     produção de moluscos e verificar sua aceitação quanto a uma possível implantação do
     SGA na Coopermape, uma vez que os cooperados são fornecedores de matéria-prima,
     sócios do empreendimento e podem vir a fazer parte do Conselho Administrativo da
     mesma no futuro.




                                                                                              21
   Visitas técnicas à Cooperativa para observação dos processos produtivos,
       realização de entrevistas semi-estruturadas aos colaboradores, diretores da
       Coopermape e vizinhos e obtenção de documentos, realizando assim a coleta de dados
       para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial e dos indicadores de desempenho
       ambiental deste empreendimento;

          Levantamento da legislação aplicável à Coopermape com relação aos quesitos
       ambientais para verificar seu atendimento ou não.

       Desta forma, esta pesquisa envolve o levantamento bibliográfico, coleta de dados
qualitativos e quantitativos em campo e realização de entrevistas com algumas das partes
interessadas e pode se caracterizar como um estudo de caso, pois conforme Gil (apud SILVA
e MENEZES, 2001), é quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.


3.3 Roteiro para a elaboração da Avaliação Ambiental Inicial

       Após as visitas técnicas e com base no Programa de Autocontrole da Coopermape foi
realizada a descrição dos processos produtivos, seguida pela confecção de um fluxograma de
todo processo produtivo para se ter uma ampla visualização do mesmo, pois segundo
HENKELS (2002), esta atividade objetiva conhecer as etapas do processamento do produto e
preparar a próxima atividade que é o estudo das entradas e saídas.

       Posteriormente, foram elaborados fluxogramas (figura 6) identificando as entradas
(matéria-prima, insumos, etc.) e as saídas (produto final, resíduos, etc.) de cada setor e/ou
processo facilitando a identificação dos aspectos ambientais e o destino dado aos aspectos
identificados, uma vez que o desenvolvimento dos fluxogramas é a base para a identificação
dos aspectos e fornecem informações sobre as saídas de poluentes, as suas fontes geradoras e
o seu destino final (HENKELS, 2002), assim como informações das entradas e seus
consequentes usos de recursos naturais.

                                  Setor /
           ENTRADAS              Atividade               SAÍDAS                Destino Final
                                 (Processo)


                 Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas.



                                                                                               22
Após a identificação dos aspectos e seus respectivos impactos ambientais, estes foram
avaliados de acordo com critérios valoráveis através do preenchimento de uma planilha de
avaliação ambiental (Figura 7). A planilha foi construída com base no método referenciado
em FIESP (2007), sofrendo algumas adaptações, onde as 4 primeiras colunas (atividade,
aspecto, destino e impacto) são preenchidas com os dados obtidos no mapeamento das
entradas e saídas (fluxogramas) elaboradas para cada setor/atividade da empresa.

                      Planilha de Avaliação Ambiental                                                                    n°
 Setor:                                     Avaliador:                                                                   Data:
                                                                          Avaliação                                            Priorização




                                                                    Probababilidade




                                                                                                                                                   Significância
                                                                     Freqüência /


                                                                                      Severidade




                                                                                                                                      Legislação
                                                                                                                          Resultado
                                                                                                              Detecção
                                                         Situação




                                                                                                     Escala
  Atividade     Aspecto    Destino       Impacto




                            Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental.



       Nas colunas referentes à Avaliação, foram adotados os critérios: situação,
frequência/probabilidade, severidade, escala e detecção, para valorar os aspectos e impactos
ambientais seguindo uma escala de valores (1, 2 ou 3). Estes critérios são semelhantes aos
utilizados em outros estudos (HENKELS, 2002; Vandenbrada apud MATTAR, 2009) e a
descrição detalhada encontra-se na tabela 2 abaixo.


           Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais.

                                        SITUAÇÃO
                          NORMAL (N)             ANORMAL (A)                                         EMERGÊNCIA (E)

Classificação       O impacto ambiental      O impacto ambiental                                   O impacto ambiental
quanto às           ocorre ou pode           ocorre ou pode                                        ocorre ou pode
condições de        ocorrer em condições     ocorrer em condições                                  ocorrer em condições
operação.           esperadas de             de falha, baixa e/ou                                  de emergência ou em
                    produtividade.           alta produção.                                        função de um
                                                                                                   acidente.




                                                                                                                                                            23
FREQUÊNCIA / PROBABILIDADE

       Grau                     1                        2                         3

                             BAIXA                    MÉDIA                      ALTA
Freqüência ou
probabilidade de     A ocorrência ou           A ocorrência ou          A ocorrência ou
vezes que um         probabilidade de          probabilidade de         probabilidade de
impacto ocorre ou    ocorrência do             ocorrência do            ocorrência do
pode ocorrer.        impacto ambiental é       impacto ambiental é      impacto ambiental é
                     esporádica / anual.       intermitente / mensal.   constante / diária ou
                                                                        semanal.
                                       SEVERIDADE

       Grau                     1                        2                         3

                          SEM DANO                     LEVE                    SEVERO
Criticidade do
impacto em           Causa danos               Causa danos              Causa danos
relação ao meio      ambientais mínimos        ambientais reversíveis   ambientais
ambiente.            ou imperceptíveis.        ou contornáveis e/ou     irreversíveis, críticos
                                               ameaça a saúde dos       ou de difícil reversão
                                               seres humanos            e/ou põem em perigo
                                               externos à empresa.      a vida a dos seres
                                                                        humanos externos à
                                                                        empresa.
                                           ESCALA

       Grau                     1                        2                         3

                           ISOLADA                  LIMITADA                    AMPLA
Tamanho da área
geográfica afetada   Restrita aos limites da   Alastra-se para além     Alastra-se para
pelo impacto.        propriedade da            dos limites da           fronteiras amplas e
                     empresa.                  empresa, mas limita-     desconhecidas.
                                               se à região de
                                               vizinhança.
                                        DETECÇÃO

       Grau                     1                        2                         3

                             FÁCIL                 MODERADO                    DIFÍCIL
Tempo e método
de detecção do       O impacto ambiental       O impacto ambiental      O impacto ambiental
impacto ambiental    (real ou potencial)       (real ou potencial)      (real ou potencial) é
                     pode ser detectado        pode ser detectado em    dificilmente
                     com facilidade e          um período razoável      detectado.
                     rapidez.                  de tempo.




                                                                                                  24
As últimas três colunas da Planilha de Avaliação Ambiental estão relacionadas a
priorização dos aspectos ambientais e seus respectivos impactos. A significância é
classificada como desprezível (D), significante (S) ou importante (I) de acordo com o
resultado da pontuação obtida com a valoração dos critérios, onde “Resultado” é igual ao
produto da multiplicação dos valores atribuídos a cada critério (Resultado = Freqüência x
Severidade x Escala x Detecção) e conforme o atendimento (S) ou não (S!) à legislação
aplicada ao aspecto/impacto em questão, como pode ser observado na tabela 3 a seguir.


Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação de
Significância.

                                         SIGNIFICÂNCIA
           Grau             Desprezível (D)       Significante (S)          Importante (I)

  Valor do Resultado                                                    Igual ou acima de 18
                                 0-6                   8 - 16
  (R = F x S x E x D)                                                          pontos

                               NÃO (N)                SIM (S)                 SIM (S!)

      Legislação         Não existe uma       Existe uma legislação    Existe uma legislação
                         legislação           aplicável e esta sendo   aplicável e não esta
                         aplicável.           atendida.                sendo atendida.


          Desta forma, para se efetivar a priorização dos impactos ambientais identificados de
acordo com seu grau de significância, foi realizado um levantamento da legislação ambiental
aplicável com relação aos aspectos identificados.


   3.4     Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA)

          Para elaboração dos IDAs foram coletados dados mensais das entradas e saídas que
possuíam registro de controle permanente, como as entradas de mexilhão in natura e as saídas
na forma de resíduos da atividade de seleção (mexilhões pequenos, quebrados e fauna
acompanhante.) e de conchas geradas na atividade de manipulação (desconche). Também
foram coletados dados mensais de consumo de água e energia elétrica pela sua facilidade de
obtenção.
          Os indicadores de desempenho ambiental (IDA) foram determinados através das
seguintes fórmulas referenciadas em FERREIRA apud MATTAR (2009) e PEREIRA
(2008):



                                                                                               25
IDACA – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Água



                           Quantidade de água consumida (m3/mês)
IDACA (m3/Kg) =
                         Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)




     IDACEE – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Energia Elétrica


                            Quantidade de energia elétrica consumida (KWh/mês)
IDACEE (KWh/Kg) =
                             Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)




    IDAGRS - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos da Seleção


                            Quantidade de resíduo da seleção gerado (Kg/mês)
IDAGRS (Kg/Kg) =
                             Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)




   IDAGRC - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos de Conchas


                            Quantidade de resíduo de concha gerado (Kg/mês)
IDAGRC (Kg/Kg) =
                             Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)



       Os indicadores ambientais foram determinados para que se possa avaliar no futuro o
desempenho ambiental da Coopermape com relação ao seu consumo de água, energia elétrica
e geração de resíduos do processamento do mexilhão por quantidade de “carne” produzida
(mexilhão desconchado, também chamado de carne) e também para efeitos comparativos com
outros estudos.


                                                                                         26
Pré Implantação do Sistema de Gestão Ambiental em uma indústria de beneficiamento de pescados. Estudo de Caso da Coopermape (SC, Brasil).
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Pré Implantação do Sistema de Gestão Ambiental em uma indústria de beneficiamento de pescados. Estudo de Caso da Coopermape (SC, Brasil).

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa Catarina: estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE) Gabriela Garbinatto Chevarria Florianópolis, Brasil 2011
  • 2. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa Catarina: Estudo de Caso da Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE) Gabriela Garbinatto Chevarria Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci. Orientador: Dr. Gilberto Caetano Manzoni Florianópolis, Brasil 2011
  • 3. TERMO DE APROVAÇÃO Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa Catarina: estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE). Gabriela Garbinatto Chevarria Monografia submetida ao corpo docente do Programa de Especialização em Gestão e Auditorias Ambientais do Instituto de Pós-graduação – ICPG da UNIASSELVI, fomentado pela Fundação Universitária Iberoamericana - FUNIBER, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de ESPECIALISTA EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Aprovada com revisões por banca coordenada pelos Professores (as) Dra. Naná Minnini Medina, Msc. Andréia de Bem Machado e Msc. Érick Simões, com resultado divulgado em 20 de maio de 2011. ______________________________ Dr. Gilberto Caetano Manzoni Orientador ______________________________ Dra. Naná Minnini Medina ______________________________ Msc. Andréia de Bem Machado ______________________________ Msc. Érick Simões
  • 4. É a verdade que assombra O descaso que condena, A estupidez, o que destrói (Renato Russo)
  • 5. RESUMO As atividades de produção e consumo têm resultado em alterações ambientais preocupantes levando a cobranças por parte da sociedade sobre os empreendimentos que não considerem os impactos ambientais gerados em suas atividades. Neste contexto, as implementações de sistemas de gestão ambiental (SGA) têm sido adotadas para controlar e minimizar os impactos ambientais negativos decorrentes dos empreendimentos. Na atividade de maricultura não é diferente, principalmente em Santa Catarina que é destaque nacional pela sua elevada produção de moluscos. Este estudo teve como objetivo realizar uma avaliação ambiental inicial na unidade de beneficiamento de moluscos da Cooperativa de Maricultores de Penha (SC), uma vez que esta é uma etapa primordial para a implantação de um SGA. Para isso, inicialmente foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os cooperados a fim de verificar suas percepções em relação às questões ambientais da atividade de maricultura e à própria cooperativa. Em seguida foram realizadas a caracterização da empresa, a descrição e o mapeamento dos processos produtivos da unidade de beneficiamento, a identificação das entradas e saídas dos processos e a avaliação dos aspectos e impactos ambientais identificados em cada setor/atividade e sua correlação com a legislação ambiental aplicável. Complementarmente, para uma análise quantitativa, foram coletados dados de consumo de água, energia elétrica e de geração de resíduos dos mexilhões relacionando-os aos dados de produção da cooperativa, elaborando assim, indicadores de desempenho ambiental para estes parâmetros. Por fim, foram sugeridas medidas que possam trazer um melhor desempenho ambiental em função dos aspectos ambientais identificados neste empreendimento. Entre os resultados obtidos pode-se destacar: 1) os cooperados se mostraram favoráveis a implantação do SGA na cooperativa; 2) a avaliação ambiental inicial apontou aspectos ambientais prioritários na unidade, como os relacionados à falta de um plano de emergência para o risco de incêndio, a disposição de parte dos resíduos sólidos e líquidos e o elevado consumo de água e energia elétrica; e 3) os indicadores ambientais, para o período abordado, apresentaram valores iguais a 0.024 m3/kg para água, 0.28 kWh/kg para eletricidade e 3,18 kg/kg para os resíduos oriundos dos mexilhões. Palavras-chave: Avaliação Ambiental Inicial, Maricultura, Gestão Ambiental. i
  • 6. ABSTRACT The activities of production and consumption have resulted in alarming environmental changes leading to society holding responsible the enterprises that do not consider the environmental impacts generated by their activities. In this context, the implementations of environmental management systems (EMS) have been adopted to control and minimize the negative environmental impacts of enterprises. In mariculture activity it is no different, especially in Santa Catarina which is nationally renowned for its high production of mollusks. This study aimed to perform an initial environmental evaluation in the processing unit of shellfish of Cooperativa de Maricultores de Penha (SC), since this is an essential step for the implementing an EMS in organizations. Therefore, initially semi-structured interviews were conducted with the cooperative members in order to ascertain their perceptions regarding environmental issues of mariculture activity and the cooperative itself. Next, in order to characterize the companies, descriptions and mapping of the facility processes, identification of inputs and outputs of processes, and evaluation of environmental aspects and impacts identified in each sector / activity, correlating them with environmental legislation. Additiinally, for a quantitative analysis, data were collected on water and electrical consumption and waste generation of mussels linking them to data from the cooperative production, producing environmental performance indicators. Finally, measures were suggested that might bring a better environmental performance in relation to the environmental aspects identified in this company. Among the results can be noted are: 1) The cooperative members are in favor of the EMS in the cooperative, 2) The environmental assessment reviews pointed out the environmental priorities of the unit (such as those related to the lack of an emergency plan for fire risk, the disposal of part of the solid and liquid waste and the high consumption of water and electricity) and 3) The values of environmental index for the period covered were equal to 0.024 m3/kg for water, 0.28 kWh / kg for electricity and 3.18 kg / kg for waste from the mussels. Keywords: Initial Environmental Evaluation, Mariculture, Environmental Management. ii
  • 7. SUMÁRIO Resumo.................................................................................................................................. i Abstract................................................................................................................................... ii Sumário................................................................................................................................... iii Lista de Figuras....................................................................................................................... v Lista de Tabelas....................................................................................................................... viii Lista de Abreviaturas.............................................................................................................. x 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 1 1.1 Contextualização e Justificativa................................................................................. 2 1.2 Objetivos.................................................................................................................... 5 1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................... 5 1.2.2 Objetivos Específicos......................................................................................... 5 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 6 2.1 Desenvolvimento Sustentável.................................................................................... 6 2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa.................. 7 2.3 Normatização e Certificação do SGA........................................................................ 9 2.4 Avaliação Ambiental Inicial....................................................................................... 15 2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental..................................................................... 17 3. METODOLOGIA............................................................................................................... 21 3.1 Área de Estudo............................................................................................................ 21 3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo................................................................ 21 3.3 Roteiro para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial........................................... 22 3.4 Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental............................................ 25 3.5 Avaliação Ambiental Inicial da Coopermape............................................................. 27 4. ESTUDO DE CASO – Cooperativa de Maricultores de Penha.......................................... 28 4.1 Caracterização da Empresa......................................................................................... 28 4.2 Organograma da Empresa......................................................................................... 29 4.3 Caracterização dos Cooperados.................................................................................. 31 4.3.1 Perfil Social....................................................................................................... 31 4.3.2 Perfil Profissional.............................................................................................. 33 iii
  • 8. 4.3.3 Perfil Cooperativista.......................................................................................... 42 4.3.4 Percepção Ambiental........................................................................................ 44 4.4 Descrição do Processo Produtivo................................................................................ 49 4.4.1 Origem da Matéria Prima.................................................................................. 50 4.4.2 Recepção........................................................................................................... 52 4.4.3 Cozimento......................................................................................................... 53 4.4.4 Desconche......................................................................................................... 54 4.4.5 Embalagem........................................................................................................ 55 4.4.6 Armazenamento................................................................................................ 56 4.4.7 Expedição.......................................................................................................... 57 4.5 Processos Complementares......................................................................................... 57 4.5.1 Limpeza e Sanitização....................................................................................... 57 4.5.2 Gestão dos Resíduos Sólidos............................................................................ 58 4.5.3 Gestão das Águas Residuárias.......................................................................... 59 4.6 Identificação dos fluxos de entrada e saída dos processos......................................... 60 4.7 Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais......................................................... 63 4.8 Indicadores de Desempenho Ambiental (IDAs)......................................................... 80 4.8.1 Avaliação dos IDAs propostos........................................................................... 83 4.8.1.1 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água – IDACA............................................................................................................... 83 4.8.1.2 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia Elétrica – IDACEE............................................................................................. 84 4.8.1.3 Índice de Desempenho Ambiental referente à Geração de Resíduos da Seleção (IDAGRS) e à Geração de Resíduos de Conchas (IDAGRC).............. 85 4.9 Proposições de Melhorias relacionadas aos Aspectos/Impactos Ambientais Identificados...................................................................................................................... 90 5. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 92 5.1 Conclusões sobre os objetivos propostos.................................................................... 93 5.2 Considerações Finais................................................................................................... 95 5.3 Recomendações........................................................................................................... 96 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 97 ANEXOS.............................................................................................................................. 100 iv
  • 9. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de resíduos, inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência) em área próxima........................................................................................................................ 4 Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente............................... 8 Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000....... 11 Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001............................. 11 Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais.......................................... 17 Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas........................................... 22 Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental............................................................................ 23 Figura 8: Fotos da fachada da unidade de beneficiamento da Coopermape........................... 29 Figura 9: Organograma da Coopermape................................................................................. 29 Figura 10: Distribuição dos cooperados entrevistados por faixa etária.................................. 31 Figura 11: Naturalidade dos maricultores cooperados entrevistados...................................... 32 Figura 12: Nível de escolaridade dos maricultores cooperados entrevistados........................ 32 Figura 13: Ano de início da atividade de maricultura............................................................. 33 Figura 14: Porcentagem da renda familiar oriunda da maricultura, de cooperados que atuam ou não em outra profissão e distribuição de atividades (profissões) exercidas além da maricultura.......................................................................................................................... 34 Figura 15: Porcentagem das respostas para o número de membros familiares e de ajudantes na atividade de maricultura..................................................................................... 35 Figura 16: Porcentagem de entrevistados que fazem venda direta ao consumidor e que vendem o produto desconchado.............................................................................................. 39 Figura 17: Porcentagem de respostas dos entrevistados quanto ao nível de satisfação e de confiança pela COOPERMAPE.............................................................................................. 43 Figura 18: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao tipo de reclamação recebida em função da atividade de maricultura..................................................................... 45 Figura 19: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao conhecimento ou não do SGA e quanto ao seu comprometimento caso o SGA fosse implementado na Coopermape............................................................................................................................ 46 Figura 20: Fluxograma do processo de beneficiamento de mexilhões na unidade da Coopermape............................................................................................................................ 49 v
  • 10. Figura 21: (A) Cordas com sementes de mariscos para “plantio”; (B) Long Line com cordas de mexilhão em crescimento; (C) Seleção de mexilhões pelo maricultor utilizando mesa gradeada; (D) Mexilhões selecionados acondicionados em caixa para transporte por embarcação até a praia; (E) Transferência das caixas com mexilhões para o caminhão da Coopermape............................................................................................................................ 51 Figura 22: (A) Lavagem, (B) seleção e (C) transferência dos mexilhões do setor de recepção ao de cozimento por óculo específico...................................................................... 52 Figura 23: Setor de cozimento – (A) Acondicionamento em cesto inox; (B) Cozimento na cuba e (C) Choque térmico..................................................................................................... 53 Figura 24: (A) Tranferência dos mexilhões cozidos do setor de cozimento para a esteira por óculo específico e (B) Manipulação para retirada das conchas e bisso do mexilhão e (C) Pesagem............................................................................................................................ 54 Figura 25: (A) Caixas gradeadas na área externa onde vão sendo depositadas as conchas enviadas pelo sistema da esteira da área do desconche e (B) colaborador do setor pesando as caixas com conchas para controle antes de triturá-las........................................................ 55 Figura 26: Pesagem do produto na embalagem e produto embalado e rotulado na seladora à vácuo.................................................................................................................................... 56 Figura 27: Mexilhões embalados acondicionados em pallets dentro da câmara fria.............. 56 Figura 28: Caminhão acoplado ao óculo da expedição da câmara de resfriamento e colaborador colocando as caixas com produto e gelo no baú do caminhão............................ 57 Figura 29: Triturador de conchas e caçamba para disposição das conchas trituradas............ 58 Figura 30a: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores / atividades da Coopermape: Recepção e Cozimento................................................. 60 Figura 30b: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores / atividades da Coopermape: Desconche, Drenagem e Emgalagem......................... 61 Figura 30c: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores / atividades da Coopermape: Armazenamento, Expedição, Limpeza (área interna) e Área Externa (incluindo limpeza)........................................................................................ 62 Figura 30d: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores/atividades da Coopermape: Administrativo e Ocupacional........................................ 63 Figura 31: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Recepção....................................... 64 Figura 32: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Cozimento..................................... 65 Figura 33: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Manipulação (desconche).............. 66 Figura 34: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Pesagem e Emabalagem................ 67 vi
  • 11. Figura 35: Planilha de Avaliação Ambiental dos setores de Armazenamento e Expedição... 68 Figura 36: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Limpeza e Higienização...... 69 Figura 37: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Trituração e Limpeza (área externa).................................................................................................................................... 70 Figura 38: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de apoio (Administração, S.IF e Almoxarifado)...................................................................................................................... 71 Figura 39: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de apoio Ocupacional (banheiro, vestiário e cozinha)................................................................................................................. 77 Figura 40: Evolução mensal do consumo de água (m3) e da produção de “carne” (kg) na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010.......................................................... 82 Figura 41: Evolução mensal do consumo de energia elétrica (kWh) e da produção de “carne” (kg) na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010................................ 82 Figura 42: Evolução mensal em quilos da produção de “carne” e a geração de resíduos da seleção e de conchas da manipulação na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010......................................................................................................................................... 82 vii
  • 12. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) conforme a ISO 14031............................................................................................................ 19 Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais.................... 23 Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação de Significância....................................................................................................................... 25 Tabela 4: Membros do mandato atual (2009 – 2012) que formam o Conselho Administrativo da Coopermape.............................................................................................. 30 Tabela 5: Número e porcentagem das respostas dos entrevistados quanto à sociedade na atividade de maricultura e ao número de sócios...................................................................... 34 Tabela 6: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de meses, número de dias da semana e horas por dia dedicadas a atividade de maricultura, em média....................................................................................................................................... 36 Tabela 7: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de áreas de cultivo e de linhas (long-lines) que utilizam e quanto à aquisição ou não de áreas de terceiros.............................................................................................................................. 37 Tabela 8: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram mexilhão quanto à quantidade de cordas de sementes plantadas em 2010............................. 39 Tabela 9: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às dificuldades na atividade de maricultura................................................................................. 40 Tabela 10: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às necessidades para evoluir na atividade de maricultura....................................................... 42 Tabela 11: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram mexilhão quanto à porcentagem de sua produção que foi entregue a Coopermape e o porquê deste valor................................................................................................................... 43 Tabela 12: Número e porcentagem das sugestões dadas pelos entrevistados quanto as medidas que facilitariam o seu comprometimento com o SGA da Coopermape enquanto fornecedor............................................................................................................................... 47 Tabela 13: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Importantes em função da sua classificação de Significância................................................................... 73 viii
  • 13. Tabela 14: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Significantes em função da sua classificação de Significância..................................................................... 76 Tabela 15: Dados coletados mensais, total e média referentes a produção de mexilhão desconchado (Kg), consumo de água (m3) e energia elétrica (kWh) e quantidade gerada de resíduos da seleção e de conchas (Kg) entre setembro de 2009 e agosto de 2010 na Coopermape............................................................................................................................ 80 Tabela 16: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao consumo de água (IDACA)..................................................................................................... 83 Tabela 17: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao consumo de energia elétrica (IDACEE).................................................................................. 85 Tabela 18: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes à geração de resíduos da seleção e da manipulação (conchas).................................................. 86 Tabela 19: Valores médios obtidos para o período dos indicadores de desempenho ambiental na Coopermape....................................................................................................... 87 Tabela 20: Comparação entre os IDAs da Coopermape e os obtidos em empresas de beneficiamento de pescados.................................................................................................... 88 ix
  • 14. LISTA DE ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ADA - Avaliação do Desempenho Ambiental AMAP – Associação dos Maricultores de Penha CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento CEMar – Centro Experimental de Maricultura COOPERMAPE – Cooperativa de Maricultores de Penha CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente EMAS – Eco Management System ETE - Estação de Tratamento de Efluentes EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina FAMASC – Federação das Associações de Maricultores de Santa Catarina FUNIBER – Fundação Universitária Iberoamericana IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICA - Indicador de Condição Ambiental IDA - Indicador de Desempenho Ambiental IDACA - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água IDACEE - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia Elétrica IDAGRS - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos na Seleção IDAGRC - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos de Conchas IDG - Indicador de Desempenho Gerencial IDO - Indicador de Desempenho Operacional ISO - International Organization for Standardization MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura SGA – Sistema de Gestão Ambiental SIF – Serviço de Inspeção Federal UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí x
  • 15. 1. INTRODUÇÃO O aquecimento global e as mudanças climáticas têm sido os termos ambientais com maior destaque na mídia ultimamente, enquanto que há tempos vimos surgir o termo “desenvolvimento sustentável” como forma de promover o crescimento econômico aliado ao bem estar social e a preservação do meio ambiente, de forma a evitar os possíveis colapsos dos sistemas e recursos naturais do planeta, resultantes da degradação gerada por este crescimento. Além do aquecimento global, gerado pela emissão de poluentes atmosféricos como o dióxido de carbônico (CO2), principalmente resultante da queima de combustíveis fósseis, existem outros graves problemas ambientais globais que necessitam ser controlados e mitigados, como: degradação e desertificação dos solos, contaminação e acidificação dos recursos hídricos, degradação de ecossistemas e perda de biodiversidade, entre outros. Todos estes problemas são gerados, principalmente, pela ação antrópica. Estas conseqüências ambientais retornam como perda de qualidade de vida a sociedade, assim como prejuízos econômicos tanto para sua recuperação quanto na saúde pública. Em função destas evidentes perdas, encontros mundiais dos mais variados temas ambientais vem sendo realizados regularmente entre líderes de diversos países, para que se avance nas medidas corretivas e preventivas, aliando o desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental. Também se pode destacar a maior preocupação e consciência ambiental da população, a crescente quantidade de organizações não- governamentais (ONG‟s) atuando em prol do respeito à legislação ambiental e a ampliação e revisão desta legislação aplicada ao tema ambiental por parte do poder público. Segundo o relatório “a economia dos ecossistemas e da biodiversidade”, divulgado neste ano pela ONU, mais de 60% dos serviços naturais do mundo foram degradados nos últimos 50 anos e a demanda por recursos naturais é 35% maior que a capacidade do planeta de renovar estes recursos (RIBEIRO, 2010). Há ainda, conforme levantado pela mesma autora, um estudo que estimou os custos e danos ambientais das 3 mil maiores empresas do mundo na ordem de U$2,2 trilhões em 2008, sendo que se estas companhias tivessem que pagar por este prejuízo gerado ao planeta teriam que desembolsar um terço do seu lucro, algo em torno de 6% e 7% do volume de negócios. Mais da metade destes danos é referente a 1
  • 16. emissão de gases causadores do efeito estufa e o restante relacionado a poluição do ar e do uso de água nos processos produtivos. Desta forma, as empresas têm se defrontado com um processo crescente de cobrança para adotarem uma postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente (EMBRAPA, 2004) para manterem-se no atual mercado competitivo, uma vez que toda empresa e/ou atividade possui uma repercussão ambiental, seja pela emissão de poluentes e resíduos ou pelo consumo de matérias-primas e energia. Com tantas pressões sobre as atividades produtivas de bens e serviços, o sistema de gestão ambiental na empresa vem de encontro com as aspirações de um desenvolvimento sustentável, já que a mesma assume sua responsabilidade para com o meio ambiente, pois segundo DONNAIRE (1995), gestão ambiental é o conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. 1.1 Contextualização e Justificativa A evolução da produção de moluscos em Santa Catarina é nacionalmente reconhecida, passando de 190 toneladas em 1990 à 12.462 t em 2009 (EPAGRI, 2010), o equivalente a 6.559% de aumento na produção em 20 anos de desenvolvimento desta atividade. O município de Penha, já foi o maior produtor de mexilhões, ocupando atualmente a 2ª posição no “ranking”, com a produção de 1755 toneladas em 2009 (EPAGRI, 2010), sendo Palhoça o maior produtor estadual atualmente com 5930 t. No entanto, este incremento nas atividades de produção de moluscos no estado não vem sendo acompanhado com políticas públicas e regulatórias para o setor a contento, pois além de ser muito rápida e expressiva (a produção), e com fomento de instituições de pesquisa e extensão, principalmente pelas Universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Vale do Itajaí (UNIVALI) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. (EPAGRI), é notória a morosidade do estado em função de sua burocracia para resolução de problemas, sem contar a falta de planejamento e de medidas preventivas das políticas públicas. Além disso, conforme noticiado no Diário Catarinense (2008), Santa Catarina é um estado também reconhecido nacionalmente pelo 2° pior índice em saneamento básico 2
  • 17. refletindo na alteração da qualidade de água da região costeira. Por outro lado está em andamento o projeto “Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves no Litoral de Santa Catarina”, pioneiro no País, que é executado pela Epagri com recursos do Ministério da Pesca e Aqüicultura (MPA) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento (FREITAS, 2010). Conforme descrito pela mesma autora, este projeto prevê análises microbiológicas de água e de moluscos, de metais pesados, de parâmetros físico-químicos da água, além do monitoramento das florações de algas nocivas e da presença de ficotoxinas nos moluscos produzidos. No entanto, apenas os resultados das florações de algas tóxicas são divulgados periodicamente. Assim, o que se verifica atualmente de demandas a serem solucionadas em relação à atividade de maricultura em Santa Catarina, são:  Ocupação de áreas costeiras, sem nenhum termo de cessão de uso por parte da União (afinal, o mar é “território” da União);  Atividade de produção de moluscos em áreas de qualidade ambiental duvidosas;  Coleta de sementes (indivíduos jovens) nos costões de forma irregular/predatória e até em épocas de defeso;  Beneficiamento (desconche) em ambientes inadequados, sem inspeção de qualidade;  Descarte inadequado dos resíduos das atividades produtivas no mar, e de beneficiamento (em terrenos baldios ou áreas verdes), principalmente as conchas e/ou fauna acompanhante (cracas, ascídeas, etc);  Conflito de usos dos espaços aquáticos; Cabe ressaltar que, com exceção do termo de cessão de uso das áreas de cultivo, estas demandas não são uma situação generalizada em SC, mas variam em intensidade em função das localidades e das espécies cultivadas, sendo que as próprias instituições que vêem fomentando esta atividade também procuram buscar soluções aos problemas que vêem surgindo. No entanto, a fiscalização e apreensão de infratores nos costões, dos produtos beneficiados de forma irregular, a cessão e fiscalização das áreas costeiras, inclusive com relação à qualidade ambiental (se é propícia ou não atividade de maricultura) tem que vir do papel do estado, para que sejam repreendidas de forma mais eficiente quando irregulares, trazendo incentivo e confiança aos consumidores e aos produtores que agem dentro da legalidade, além de maior controle sobre os recursos naturais. Ou seja, é função do estado 3
  • 18. atuar na regulamentação e ordenamento da cadeia produtiva da maricultura, desde a etapa de produção até o beneficiamento e comercialização. Com relação a comercialização e beneficiamento, sabe-se que boa parte da produção de moluscos do município de Penha, e até de Santa Catarina, é escoada na informalidade, tanto no varejo (venda direta ao consumidor final), quanto no atacado (venda para intermediários), sendo este último fornecido muitas vezes pelas as chamadas “salgas” que, em sua maioria, beneficiam pescados sem as devidas licenças de operação e sem inspeção sanitária, colocando em risco a qualidade do produto a ser oferecido ao mercado consumidor. Além disso, as salgas não possuem uma gestão adequada dos resíduos resultantes do beneficiamento, principalmente com relação às conchas, que tendem a ser depositadas em terrenos desocupados (figura 1) causando impacto visual e mau odor para a vizinhança. Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de resíduos, inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência) em área próxima. Em função desta comercialização precária, começaram a ser construídas em 1997, unidades de beneficiamento de moluscos com financiamento do Banco mundial através do Programa de Execução Descentralizada (PED) com gerenciamento da Epagri (MANZONI, 2005). A Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE), localizada no município de Penha em Santa Catarina, é responsável pela administração de uma das unidades de beneficiamento de moluscos entregues pelo PED, mas recebeu sua unidade inacabada, tendo que realocar recursos do governo do estado e dos próprios cooperados para finalização da obra. Após as adequações, o empreendimento começou a operar em 2000 tornando a ficar 4
  • 19. inativo pelos cooperados em fevereiro de 2004 por problemas administrativos (MANZONI, 2005), reiniciando suas atividades de produção em maio de 2009, após a instalação do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Neste sentido, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) aplicado a uma unidade de beneficiamento de moluscos, que é o que se pretende com este estudo para a Cooperativa de maricultores de Penha, é recomendável por vários aspectos, pois além de trazer benefícios como: diminuição dos custos devido à maior eficiência dos processos e redução do desperdício; menor risco de acidentes pelo amplo conhecimento dos processos, treinamentos e auto-avaliações periódicas; melhor acesso ao capital de baixo custo; alcance ao mercado consumidor exigente com o comprometimento ambiental; melhoria de imagem pública e de relacionamento com a vizinhança (SPERDUTI, 2003); pode também exigir que seus fornecedores e cooperados cumpram metas ambientais e/ou apresentem garantias sobre seu desempenho ambiental, induzindo assim à sustentabilidade ambiental em toda cadeia produtiva. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Analisar os aspectos e impactos ambientais da unidade de beneficiamento de moluscos da COOPERMAPE, com a finalidade de realizar uma avaliação ambiental inicial, etapa esta necessária para uma futura implantação do Sistema de Gestão Ambiental. 1.1.2 Objetivos Específicos Verificar a percepção dos maricultores, em relação às questões ambientais e à própria cooperativa; Descrever a estrutura da unidade de beneficiamento de moluscos da COOPERMAPE; Identificar as principais entradas e saídas do processo produtivo de uma unidade de beneficiamento de moluscos; Analisar os principais impactos ambientais resultantes do processo de beneficiamento de moluscos; Verificar o atendimento à legislação ambiental pertinente; Determinar indicadores de desempenho ambiental; Propor melhorias com relação aos aspectos/impactos ambientais identificados. 5
  • 20. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Desenvolvimento Sustentável O desenvolvimento sempre foi sinônimo de crescimento econômico e aumento do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente ao classificar os países em desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Os países não desenvolvidos buscavam (e ainda buscam) a industrialização para obter seu crescimento econômico e seu status internacional. No entanto, em 1972 com o primeiro relatório do clube de Roma, intitulado Limites do Crescimento começa-se a questionar o desenvolvimento infinito com recursos finitos. No fim da década de 70, começam a surgir críticas quanto a este modelo de crescimento devido à preocupante degradação ambiental resultante. Somando-se a esta nova reflexão sobre o desenvolvimento, um contexto de crise econômica, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável que inclui a questão ambiental, além da econômica e social no processo de desenvolvimento. Este termo, desenvolvimento sustentável, foi estabelecido pela International Union for the Conservation of Nature (IUCN), e é definido como: “um desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a capacidade de futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades”. O Relatório Brundtland (1987) que foi apresentado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) como “Nosso Futuro Comum” introduziu este conceito, afirmando ainda que o crescimento deve estar em consonância com o caráter esgotável dos recursos do planeta. A Primeira Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, simultaneamente à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi até então a maior reunião de dirigentes mundiais já organizada. Neste evento foram criados cinco documentos, dentre eles destaca-se a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que estabelece as bases para o desenvolvimento sustentável, ampliando largamente este conceito e expondo-o as políticas socioeconômicas internacionais. Neste documento, o desenvolvimento sustentável abrange fortes aspectos sociais, além de políticas ambientais e de fomento da produção limpa, como: a erradicação da pobreza, a participação dos cidadãos as questões ambientais, o acesso a informação, a participação de mulheres, jovens, povos indígenas e comunidades locais na consecução do desenvolvimento sustentável. 6
  • 21. Atualmente, pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável é um processo e não uma meta, em busca da equidade e de uma melhor qualidade de vida com proteção do ambiente, que inclui transformações econômicas, culturais e políticas; que requer modificação nas linhas produtivas, de distribuição e de consumo, e superação do déficit social (FUNIBER, 2008). 2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa. O termo gestão, segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa (FERREIRA, 1993), é o ato de gerir, gerenciar; administrar; e meio-ambiente é definido como o conjunto de fatores físicos, químicos e biológicos que agem sobre um ser vivo ou uma comunidade ecológica e podem determinar sua sobrevivência. Gerir o meio-ambiente então, de acordo com estas definições, seria atuar de forma a manter o equilíbrio destes fatores ambientais, garantindo assim a nossa própria sobrevivência. Pode ser uma definição um tanto alarmista/catastrófica, mas como já comentado no capítulo introdutório, não são poucos os problemas ambientais globais decorrentes do modelo de produção e consumo adotados no último século. A solução para todos estes problemas então, está na busca do desenvolvimento sustentável, que busca o crescimento econômico aliado às responsabilidades social e ambiental. No entanto, esta responsabilidade não está somente nas mãos do mundo coorporativo e do poder público, mas principalmente do indivíduo, que deve ter esta consciência ambiental, praticá-la no seu cotidiano e exigir o mesmo da sua rede social. Segundo Sanches e Arruda (2008) o objetivo de uma empresa é atender as necessidades dos seus consumidores, ou seja, o produto deve satisfazer o cliente, o preço deve ser justo e acessível e o produto tem que oferecer uma boa condição de entrega, além disso, a proteção ambiental vem se tornando uma necessidade dos clientes, e um fator decisivo na hora de optar por uma empresa ou outra, sendo que o lucro não é o fim maior do seu trabalho (empresa), mas sim a conseqüência de sua competência medida em números. . Sob estas condições de pressão de mercado, e também dos órgãos reguladores e fiscalizadores, das organizações não governamentais e até de financiadoras e seguradoras as empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com objetivos explícitos de controle da poluição e de redução das taxas de efluentes, controlando e/ou minimizando os impactos 7
  • 22. ambientais, como também otimizando o uso de recursos naturais – controle de uso da água, energia, outros insumos, etc. sendo que uma das formas de gerenciamento ambiental de maior adoção pelas empresas tem sido a implementação de um sistema de gestão ambiental, segundo as normas internacionais Série ISO 14000, visando à obtenção de uma certificação (EMBRAPA, 2004). Mengels (2010) define gestão ambiental como o campo da atuação humana que busca equilibrar a demanda por recursos naturais, energia e espaço físico com a capacidade do ambiente, natural ou modificado, de fornecer ou propiciar ao ser humano o aproveitamento de tais recursos de modo sustentável. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas é de caráter voluntário e segundo a ABNT NBR ISO 1400 (2004), o SGA é a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais. Desta forma o SGA implica na busca de um melhor desempenho ambiental da empresa além do simples cumprimento das obrigações legais a ela impostas. A figura 2 apresenta um esquema ideal de funcionamento de uma empresa comprometida com o meio ambiente, orientando os princípios de um empreendimento ambientalmente correto. ENTRADAS SAÍDAS Emissões Atmosféricas Energia (Volume mínimo) (baixo consumo) PROCESSO PRODUTIVO Efluentes (máxima (mínimo e com tratamento) Água segurança) (consumo mínimo) Resíduos (Vol. mínimo e não perigosos, recicláveis ou valoráveis) Matérias-Primas (utilização de materiais Produto reciclados ou renováveis) Máxima duração, mínimo de embalagem. Mínimo impacto em fazer-se resíduo reciclável ou valorizável Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente. Fonte: Adaptado de FUNIBER, 2008. 8
  • 23. 2.3 Normatização e Certificação do SGA Segundo definição da Confederação Nacional da Indústria (www.fiescnet.com.br), uma norma ambiental internacional é a tentativa de homogeneizar conceitos, ordenar atividades e criar padrões e procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejam envolvidos com alguma atividade produtora que gere impactos ambientais. A adesão a estas normas é voluntária e está aberta a todos os setores econômicos, incluindo serviços públicos e privados. O conjunto pioneiro de normas compondo um sistema de gestão ambiental foi lançado em 1992, pela British Standard Institution – BSI, que criou a BS 7750 – aplicável às empresas do Reino Unido. Em 1995, neste mesmo sentido é criado o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS – Eco Management and Audit Scheme), disponibilizado para a participação inicialmente restrita a empresas de setores industriais da Comunidade Européia. Em 2001, o EMAS amplia sua atuação para todos os setores econômicos e se integra a norma EN/ISO 14000. Em 2010 entrou em vigor 3ª revisão do EMAS. O EMAS III é reforçado pela introdução de indicadores ambientais essenciais, com o qual o desempenho ambiental pode ser exaustivamente documentado e há a possibilidade de usar um registro coletivo único diminuindo os encargos administrativos e financeiros em organizações locais com sede em mais de um país (ECE, 2010). A Organização Internacional de Padronização (ISO - International Organization for Standardization) é uma organização não-governamental, constituída em fevereiro de 1947, em Genebra, Suíça, com o objetivo principal de criar normas internacionais que são elaboradas por vários comitês técnicos (TCs), compostos por especialistas dos diversos países-membros (ISO, 2009), sendo a norma Série ISO 9000 – Sistema de Gestão da Qualidade a mais famosa e difundida internacionalmente. A partir da “ECO-92” no Rio de Janeiro tem-se a criação de um grupo especial para estudar a elaboração de normas de gestão ambiental, com o intuito de serem internacionalmente reconhecidas, sendo instalado em 1993 o Comitê Técnico 207 – Gestão Ambiental (ISO/TC-207) da qual a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT participa como membro com direito a voto (sendo também a única 9
  • 24. representante da ISO no Brasil) e em 1996 ocorre a primeira publicação das normas da família ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental. Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004 As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Não se pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas para criar barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização. Segundo EMBRAPA (2004), a NBR ISO 14000 é um conjunto de normas técnicas que fornecem ferramentas e estabelecem um padrão de Sistema de Gestão Ambiental, abrangendo seis áreas bem definidas: Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e 14004), Auditorias Ambientais (ISO 19011 - substituindo a série ISO 14010, 14011, 14012), Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021, 14024 e 14025), Avaliação de Desempenho Ambiental (Série ISO 14031 e 14032), Avaliação do Ciclo de Vida de Produto (Série ISO 14040, 14041, 14042 e 14043) e Termos e Definições (Série ISO 14050). Sobre a série ISO que lida com sistemas de gestão ambiental, a norma ISO 14001 descreve os requisitos do sistema da gestão ambiental de uma organização que podem ser utilizados para certificação/registro ambiental e/ou uma autodeclaração do SGA de uma organização e a ISO 14004 fornece orientações sobre os elementos de um sistema de gestão ambiental e sua implementação, e discute as principais questões envolvidas (ISO, 2009). As normas da série ISO 14000 são autônomas, podendo ser implementadas de modo isolado, porém há uma expectativa de que os melhores resultados venham a ser obtidos na medida em que as normas sejam usadas de modo articulado, como pode ser observado na figura 3 em relação a implantação e manutenção de um SGA com base na ISO 14001 e ISO 14004 (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004). 10
  • 25. Descrição Priorização do desempenho Série ISO 14040 dos aspectos ambiental dos Análise do Ciclo de Vida ambientais Produtos. Integração dos Sistema de Gerenciamento Ambiental Melhoria do aspectos desempenho ISO 14062 ambientais no ambiental Design projeto e dos produtos. desenvolvimento ISO 14001 e ISO 14004 Série 14020 Informações Selos e declarações sobre aspectos ACTION ambientais ambientais dos PLAN Comunicação Produtos. do desempenho Série 14063 Comunicação do ambiental Comunicações desempenho CHECK DO ambiental. Ambientais Série 14030 Descrição do Avaliação do desempenho desempenho Monitoração ambiental ambiental. do desempenho Série 19011 Informações sobre o ambiental Auditorias do sistema de Desempenho do sistema gerenciamento de gerenciamento ambiental ambiental. Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000. Fonte: BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004 A norma ISO 14001, assim como a ISO 9001, foi baseada na metodologia conhecida como Plan – Do – Check - Act (PDCA) / (Planejar–Executar–Verificar–Agir), de forma a compatibilizar a implementação dos dois sistemas e de garantir a melhoria contínua, na qual a organização compromete-se a analisar e avaliar seu sistema periodicamente, para identificar oportunidades de melhoria e implementá-las (ABNT NBR ISSO 14001:2004), como pode ser observado na figura 3. Melhoria Contínua Política Ambiental Análise pela Administração Planejamento Implementação e Verificação Operação Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001. Fonte: ABNT, 2004. 11
  • 26. Desta forma, segundo o capítulo 4 da norma ABNT NBR 14001:2004, os seguintes requisitos devem ser considerados em um SGA: I. Política Ambiental: é a carta de compromisso da empresa definida pela alta administração, contendo declarações de princípios e de intenções, fixando objetivos e metas a serem cumpridos, os programas ambientais que serão aplicados, assegurando ainda o comprometimento com a melhoria contínua, com a prevenção da poluição, o atendimento aos requisitos legais e outros aplicáveis, devendo ser documentada, implementada, mantida e comunicada. II. Planejamento: II. 1. Aspectos Ambientais: a empresa deve identificar os aspectos ambientais dos seus produtos, atividades e serviços e determinar aqueles que podem ter impactos mais significativos ao meio ambiente, devendo documentá-los e assegurando que sejam tratados prioritariamente pelo sistema de gestão ambiental da organização. II. 2. Requisitos legais e outros: a organização necessita identificar e ter acesso aos requisitos legais que são aplicáveis aos seus aspectos ambientais e outros requisitos a que ela subscreve, assegurando que estes serão levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu SGA. II. 3. Objetivos, metas e programa(s): é necessário estabelecer objetivos e metas específicas e, sempre que possível, mensuráveis, considerando questões de curto e de longo prazo, em consonância com sua política, os aspectos e impactos ambientais significativos, as opiniões das partes interessadas e outros fatores pertinentes. Os programas devem descrever como os objetivos e metas da organização serão atingidos, incluindo-se cronogramas, recursos necessários e pessoal responsável pela implementação do(s) programa(s). III. Implementação e Operação: III. 1. Recursos, funções, responsabilidades e autoridades: a alta administração deve designar seu(s) representante(s) específico(s), com responsabilidade e autoridade definidas para a implementação do sistema da gestão ambiental comunicando a todos, assim como assegurar os recursos apropriados, tais como infra-estrutura 12
  • 27. organizacional para garantir que o sistema da gestão ambiental seja estabelecido, implementado e mantido. III. 2. Competência, treinamento e conscientização: a organização deve assegurar que seus funcionários são treinados e capazes de realizar as tarefas a que foram designados, e que estão conscientes da política ambiental, do sistema da gestão ambiental e dos aspectos e impactos ambientais das atividades, produtos e serviços da organização que possam ser afetados pelo seu trabalho. III. 3. Comunicação: é necessário estabelecer processos eficazes de comunicação interna e externa, sendo importante implementar um procedimento para receber, documentar e responder às comunicações relevantes das partes interessadas, referentes aos aspectos e impactos ambientais e ao próprio SGA da organização. III. 4. Documentação: é recomendado que o nível de detalhamento da documentação seja suficiente para descrever os elementos principais do sistema da gestão ambiental e sua interação, fornecendo orientação sobre fontes de informação mais detalhadas sobre o funcionamento de partes específicas do sistema da gestão ambiental. III. 5. Controle de documentos: é necessário manter o controle dos documentos requeridos pelo SGA e por esta norma, garantindo sua identificação e atualização. III. 6. Controle operacional: significa que a empresa deve identificar, planejar e gerenciar suas operações e atividades mais relevantes frente às diretrizes de sua política ambiental assegurando seu cumprimento, assim como de seus objetivos e metas, ou seja, garantindo seu desempenho ambiental. III. 7. Preparação e respostas a emergências: a organização deve ser responsável por identificar as potenciais situações de emergências e de acidentes que possam ter impacto sobre o meio ambiente e desenvolver procedimentos para prevenir e responder a estas situações. IV. Verificação: IV. 1. Monitoramento e medição: monitorar os aspectos ambientais significativos, assegurando seu desempenho para atingir os objetivos e metas estabelecidos para o período estipulado. As informações obtidas podem ser usadas na implementação de medidas corretivas e preventivas. 13
  • 28. IV. 2. Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros: é necessário conduzir avaliações periódicas para o cumprimento dos requisitos legais e outros subscritos pela organização. IV. 3. Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva: consiste em identificar desvios dos padrões estabelecidos e suas causas potenciais, corrigi-los e criar procedimentos que evitem sua reincidência. IV. 4. Controle de registros: manter e gerenciar os registros das atividades do SGA. IV. 5. Auditoria interna: verificar, periodicamente, com imparcialidade e objetividade, a conformidade do SGA com os arranjos planejados, incluindo as etapas de implantação e sua manutenção, assim como o cumprimento dos requisitos da norma, informando os resultados à administração. V. Análise pela administração: consiste em análises críticas pela administração, avaliando, periodicamente, oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações no SGA, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas ambientais, assegurando sua continuada adequação, pertinência e eficácia, ou seja, executando o processo de melhoria contínua do SGA. Comprovando-se a eficácia do SGA e o cumprimento dos requisitos estabelecidos na norma ISO 14.001:2004 através de auditoria externa realizada por um organismo de certificação credenciado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) na área de Sistemas de Gestão Ambiental, é concedido à empresa a certificação ambiental, e mediante o pagamento das taxas correspondentes, um número de registro e a permissão para uso do logotipo do órgão certificador credenciado. A manutenção da certificação ambiental de conformidade com a Norma ISO 14001 é garantida através de auditorias anuais que são baseadas nas auditorias internas da empresa, desde que não existam atas de infração da norma ambiental (FUNIBER, 2008). Segundo a ABNT (www.abnt.org.br): Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto ao mercado e a sociedade que a organização adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade, contribuindo assim com o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população, além de as organizações obterem um considerável diferencial competitivo fortalecendo sua ação no mercado. 14
  • 29. 2.4 Avaliação Ambiental Inicial Um empreendimento pode implantar um SGA, sem solicitar sua certificação e/ou formalização frente às normas do tema. Independentemente do caso, é imprescindível que se faça uma avaliação ambiental inicial que consiste em uma revisão que permita identificar em que nível a organização se encontra em relação às questões ambientais, neste caso, podendo contemplar os requisitos 4.3.1 e 4.3.2 da Norma ISO 14001 referente aos aspectos ambientais e aos requisitos legais e outros, respectivamente, inseridos na fase de planejamento. Segundo os requisitos gerais expostos no Anexo A da ABNT NBR ISO 14001:2004 e no item 4.1.4 da ABNT NBR ISO 14004:2005 que trata da Análise Ambiental Inicial: Recomenda-se que uma organização que não tenha um sistema da gestão ambiental estabeleça inicialmente sua situação presente em relação ao meio ambiente por meio de uma análise. O objetivo desta análise deve ser considerar todos os aspectos ambientais da organização, como uma base para estabelecer seu sistema da gestão ambiental. Recomenda-se que a análise cubra quatro áreas principais:  identificação de aspectos ambientais, incluindo aqueles associados às condições normais de operação e condições anormais, incluindo partida e parada, situações de emergência e acidentes  identificação de requisitos legais aplicáveis e outros subscritos pela organização;  exame de todas as práticas e procedimentos da gestão ambiental existentes, incluindo aqueles associados com as atividades de aquisição e de contratação de serviços;  avaliação de situações de emergência e acidentes anteriores. A análise pode ser conduzida utilizando-se listas de verificação, fluxogramas de processo, entrevistas, inspeção direta e medição passada e presente, resultados de auditorias anteriores ou outras análises, dependendo da natureza das atividades. Recomenda-se que os resultados das análises sejam documentados, de forma a poderem contribuir na definição do escopo e no estabelecimento e aprimoramento do SGA da organização, incluindo sua política ambiental. Aspectos ambientais, segundo definição da referida norma, são elementos das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente, sendo considerados significativos aqueles que têm ou podem ter um impacto ambiental significativo. Impacto ambiental, por sua vez, é definido como qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização. 15
  • 30. Segundo a Resolução CONAMA n.º 001/86, impacto ambiental é definido como: ...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Para VITERBO Jr (1998), os aspectos ambientais podem ser classificados em dois grandes grupos: a) os que possuem relação direta com a legislação e regulamentos aplicáveis, como o lançamento de efluentes líquidos, emissões para atmosfera, ruídos, etc; e b) os “não regulamentados”, como os consumos de água, energia e combustíveis fósseis, liberação de CO2, disposição de resíduos não perigosos (lixo comum), entre outros. Assim, após a identificação dos aspectos ambientais e seus impactos associados, é necessário realizar uma avaliação da relevância dos mesmos, determinando então, quais os aspectos e/ou impactos ambientais são significativos, e em que condições eles ocorrem ou podem ocorrer (condições normais, anormais ou de emergência), podendo ainda considerar não só os aspectos ambientais que a organização pode controlar diretamente, mas também os aspectos que ela possa influenciar. Um aspecto gerador de impacto ambiental que esteja infringindo uma legislação é automaticamente considerado como significativo e prioritário como objetivo e meta a ser atingida, como a emissão de efluentes líquidos fora dos padrões legais, por exemplo. Ademais, cabe a organização definir os critérios que serão utilizados para avaliar a significância de seus aspectos ambientais, no entanto a ABNT NBR ISO 14004, recomenda que a organização considere os seguintes critérios:  critérios ambientais (tais como escala, severidade e duração do impacto, ou tamanho e freqüência de um aspecto ambiental);  requisitos legais aplicáveis (tais como limites de emissão e lançamentos em autorizações ou regulamentos etc.); e 16
  • 31. as preocupações das partes interessadas, internas e externas (tais como aquelas relacionadas aos valores da organização, sua imagem pública, ruído, odor ou degradação visual). Para VITERBO Jr (1998), a identificação dos aspectos ambientais e os impactos decorrentes é o requisito mais importante de toda norma, pois todos os demais (requisitos) têm relação de interdependência com ele, como pode ser observado na figura 5, uma vez que: a política deve ser adequada aos aspectos, a legislação deve ser estudada à luz dos aspectos, os objetivos e metas advêm dos impactos (originados dos aspectos) e o treinamento, a conscientização e o controle operacional são estabelecidos em função dos aspectos. Política Legislação Ambiental Ambiental , Avaliação dos Aspectos Ambientais Treinamento e Objetivos Controle Conscientização e Metas Operacional Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais. Fonte: VITERBO Jr (1998, p.83) 2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental Como abordado por FIESP/CIESP (2003): Diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano, tais como na saúde (índice de natalidade), educação (índice de analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de desenvolvimento humano) e no meio ambiente (qualidade do ar). Estes indicadores não espelham a qualidade dos temas em sua totalidade, mas indiretamente servem de referência para abordá-los e tratá-los em seus aspectos mais sensíveis. 17
  • 32. Segundo a norma ABNT NBR ISO 14031:2004 apud GAMBOA (2005) desempenho ambiental é definido como “resultados do gerenciamento ambiental dos aspectos ambientais de uma organização” e Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) como “um processo que visa facilitar decisões gerenciais sobre o desempenho ambiental de uma organização por meio da seleção de indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações de acordo com critérios de desempenho ambiental, divulgação, revisão e aperfeiçoamento desse processo”. Para MORAES et al. (2003) apud OLIVEIRA et al (2005), a comparação da utilização dos recursos com os produtos elaborados e resíduos devolvidos ao meio ambiente de um período para o outro é um grande indicador da política da empresa na adoção de processos que otimizem o consumo dos recursos, reaproveitamento, reciclagem e tratamento dos resíduos e a utilização de recursos alternativos que evitem poluir o meio ambiente. Neste contexto, os indicadores ambientais permitem avaliar, comparativamente, o desempenho ambiental de uma organização com os diferentes aspectos ambientais, como consumo de água, de energia elétrica e a geração de resíduos (FIRJAN, 2008). Desta forma, os indicadores de desempenho ambiental devem ser formulados considerando os diversos aspectos da relação de dependência e interferência entre a organização e o meio ambiente (FIESP/CIESP, 2003) e segundo FIRJAN (2008) devem apresentar as seguintes características:  Ser simples, de fácil interpretação e capazes de demonstrar tendências;  Ser relevantes em termos das questões e dos valores ambientais;  Devem facilitar o entendimento dos SGAs implementados;  Ter uma base científica;  Considerar as dificuldades de monitoramento (tempo, tecnologia, custos); e  Proporcionar bases sólidas para comparações e tomadas de decisão Assim, a implementação da ADA é pautada no uso de indicadores, que conforme a NBR ISO 14031, são classificados em duas categorias: ICA – Indicador de Condição Ambiental e IDA – Indicador de Desempenhos Ambiental. O ICA fornece informações sobre a qualidade do meio ambiente onde se localiza a empresa, sob forma de resultados de medições efetuadas de acordo com os padrões e regras 18
  • 33. ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais (índices de qualidade do ar e da água, por exemplo). O IDA analisa a eficiência da empresa em relação a seus principais aspectos ambientais, sendo também classificados em dois tipos: IDO – Indicador de Desempenho Operacional que proporciona informações relacionadas as operações do processo produtivo da empresa (entradas e saídas de materiais, fornecimento de insumos, etc.) e o IDG – Indicador de Desempenho de Gestão que fornecem informações dos resultados dos esforços de gestão da empresa (atendimento aos requisitos legais, treinamentos, etc.). Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) conforme a ISO 14031. Categoria Tipo Aspecto Ambiental Exemplo Indicador de Consumo de - Consumo total de energia por ano ou por unidade do produto Desempenho energia Operacional - Quantidade de materiais para Consumo de matéria Indicador de (IDO) embalagens (Kg) por ano ou por prima unidade produzida Desempenho Ambiental - Materiais usados / produto Indicador de Consumo de (IDA) materiais - % de materiais usados Desempenho provenientes da reciclagem de Gestão Gestão da - Nº certificações obtidas (IDG) conformidade - Grau de atendimento a ambiental regulamentos Indicador de Condição Ambiental Índice de qualidade de água; Índice de qualidade do ar (ICA) Fonte: Adaptado de FIESP/CIESP (2003) 19
  • 34. Assim, considerando o que foi abordado até então, pode-se afirmar que as relações entre o homem e a natureza, principalmente as atividades de produção e consumo, não tem se mostrado equilibradas ao longo dos tempos, levando a maiores preocupações da sociedade como um todo na busca de melhores estratégias para esta harmonização com o meio, sendo o processo de desenvolvimento sustentável uma abordagem internacionalmente reconhecida. Com o intuito de realizar uma avaliação ambiental inicial em uma cooperativa de beneficiamento de mexilhões, foram apontados alguns aspectos da cadeia produtiva de mexilhões em Santa Catarina e abordados os temas referentes aos sistemas de gestão ambiental nas organizações com ênfase as normas da série ISO 14000 que possuem a maior aceitação em todo mundo (STAPLETON e GLOVER, 2001), além de proporcionarem um contínuo melhoramento do desempenho ambiental das empresas. No entanto, um dos fatores que limitam a implementação e certificação dos SGAs nas empresas, principalmente as nacionais de pequeno porte, do setor primário e que atendem somente ao mercado interno (EMBRAPA, 2004; SILVA Fº, et al, 2008) são os altos custos e a necessidade de pessoal disponível e capacitado para tal (BRAUNS, 2007; MILES, et al, apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007). Independente do método aplicado, os aspectos ambientais das empresas devem ser considerados na administração das mesmas, assim como os aspectos financeiros e organizacionais, por exemplo, refletindo na responsabilidade ambiental em toda a cadeia produtiva até o consumidor final. Isto deve ser levado em conta, principalmente se considerarmos que no Brasil grande parte das empresas formais na indústria, comércio e serviços, são formadas por empresas de pequeno porte (representavam 99% em 2006) tornando o impacto ambiental gerado por estas, coletivamente, significativo (SEBRAE, 2006 apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007), e é o que se pretende com este estudo para a COOPERMAPE. 20
  • 35. 3. METODOLOGIA 3.1 Área de Estudo Este trabalho foi realizado no município de Penha, localizado no litoral centro-norte de Santa Catarina, onde está situada a Cooperativa de maricultores de Penha (COOPERMAPE). O local foi escolhido como apropriado para o estudo, uma vez que a maricultura é destaque na estrutura sócio-econômica local. Além disso, a proposta recebeu o apoio dos dirigentes da COOPERMAPE e da UNIVALI, na pessoa do Dr. Gilberto Caetano Manzoni que coordena o Centro Experimental de Maricultura (CEMar) e presta assistência técnica a este empreendimento. 3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo Para atingir os objetivos propostos foram realizadas as seguintes atividades:  Revisão bibliográfica sobre o tema em artigos, livros, teses, dissertações, monografias e material disponibilizado na internet, para obter uma melhor compreensão do objeto de estudo e fundamentar a teoria metodológica para realização do processo de avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Coopermape;  Com auxílio de uma lista de presença usada em Assembléias da Coopermape, contendo a relação de nomes de cooperados aptos a votar, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (anexo 1) com 23 dos 37 cooperados relacionados, excluindo-se aqueles que não estavam produzindo mexilhão desde 2009 e/ou que não tinham interesse em fornecer mexilhões para Coopermape. As entrevistas tinham como objetivo traçar o perfil dos cooperados ativos, analisar sua percepção ambiental quanto à produção de moluscos e verificar sua aceitação quanto a uma possível implantação do SGA na Coopermape, uma vez que os cooperados são fornecedores de matéria-prima, sócios do empreendimento e podem vir a fazer parte do Conselho Administrativo da mesma no futuro. 21
  • 36. Visitas técnicas à Cooperativa para observação dos processos produtivos, realização de entrevistas semi-estruturadas aos colaboradores, diretores da Coopermape e vizinhos e obtenção de documentos, realizando assim a coleta de dados para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial e dos indicadores de desempenho ambiental deste empreendimento;  Levantamento da legislação aplicável à Coopermape com relação aos quesitos ambientais para verificar seu atendimento ou não. Desta forma, esta pesquisa envolve o levantamento bibliográfico, coleta de dados qualitativos e quantitativos em campo e realização de entrevistas com algumas das partes interessadas e pode se caracterizar como um estudo de caso, pois conforme Gil (apud SILVA e MENEZES, 2001), é quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. 3.3 Roteiro para a elaboração da Avaliação Ambiental Inicial Após as visitas técnicas e com base no Programa de Autocontrole da Coopermape foi realizada a descrição dos processos produtivos, seguida pela confecção de um fluxograma de todo processo produtivo para se ter uma ampla visualização do mesmo, pois segundo HENKELS (2002), esta atividade objetiva conhecer as etapas do processamento do produto e preparar a próxima atividade que é o estudo das entradas e saídas. Posteriormente, foram elaborados fluxogramas (figura 6) identificando as entradas (matéria-prima, insumos, etc.) e as saídas (produto final, resíduos, etc.) de cada setor e/ou processo facilitando a identificação dos aspectos ambientais e o destino dado aos aspectos identificados, uma vez que o desenvolvimento dos fluxogramas é a base para a identificação dos aspectos e fornecem informações sobre as saídas de poluentes, as suas fontes geradoras e o seu destino final (HENKELS, 2002), assim como informações das entradas e seus consequentes usos de recursos naturais. Setor / ENTRADAS Atividade SAÍDAS Destino Final (Processo) Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas. 22
  • 37. Após a identificação dos aspectos e seus respectivos impactos ambientais, estes foram avaliados de acordo com critérios valoráveis através do preenchimento de uma planilha de avaliação ambiental (Figura 7). A planilha foi construída com base no método referenciado em FIESP (2007), sofrendo algumas adaptações, onde as 4 primeiras colunas (atividade, aspecto, destino e impacto) são preenchidas com os dados obtidos no mapeamento das entradas e saídas (fluxogramas) elaboradas para cada setor/atividade da empresa. Planilha de Avaliação Ambiental n° Setor: Avaliador: Data: Avaliação Priorização Probababilidade Significância Freqüência / Severidade Legislação Resultado Detecção Situação Escala Atividade Aspecto Destino Impacto Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental. Nas colunas referentes à Avaliação, foram adotados os critérios: situação, frequência/probabilidade, severidade, escala e detecção, para valorar os aspectos e impactos ambientais seguindo uma escala de valores (1, 2 ou 3). Estes critérios são semelhantes aos utilizados em outros estudos (HENKELS, 2002; Vandenbrada apud MATTAR, 2009) e a descrição detalhada encontra-se na tabela 2 abaixo. Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais. SITUAÇÃO NORMAL (N) ANORMAL (A) EMERGÊNCIA (E) Classificação O impacto ambiental O impacto ambiental O impacto ambiental quanto às ocorre ou pode ocorre ou pode ocorre ou pode condições de ocorrer em condições ocorrer em condições ocorrer em condições operação. esperadas de de falha, baixa e/ou de emergência ou em produtividade. alta produção. função de um acidente. 23
  • 38. FREQUÊNCIA / PROBABILIDADE Grau 1 2 3 BAIXA MÉDIA ALTA Freqüência ou probabilidade de A ocorrência ou A ocorrência ou A ocorrência ou vezes que um probabilidade de probabilidade de probabilidade de impacto ocorre ou ocorrência do ocorrência do ocorrência do pode ocorrer. impacto ambiental é impacto ambiental é impacto ambiental é esporádica / anual. intermitente / mensal. constante / diária ou semanal. SEVERIDADE Grau 1 2 3 SEM DANO LEVE SEVERO Criticidade do impacto em Causa danos Causa danos Causa danos relação ao meio ambientais mínimos ambientais reversíveis ambientais ambiente. ou imperceptíveis. ou contornáveis e/ou irreversíveis, críticos ameaça a saúde dos ou de difícil reversão seres humanos e/ou põem em perigo externos à empresa. a vida a dos seres humanos externos à empresa. ESCALA Grau 1 2 3 ISOLADA LIMITADA AMPLA Tamanho da área geográfica afetada Restrita aos limites da Alastra-se para além Alastra-se para pelo impacto. propriedade da dos limites da fronteiras amplas e empresa. empresa, mas limita- desconhecidas. se à região de vizinhança. DETECÇÃO Grau 1 2 3 FÁCIL MODERADO DIFÍCIL Tempo e método de detecção do O impacto ambiental O impacto ambiental O impacto ambiental impacto ambiental (real ou potencial) (real ou potencial) (real ou potencial) é pode ser detectado pode ser detectado em dificilmente com facilidade e um período razoável detectado. rapidez. de tempo. 24
  • 39. As últimas três colunas da Planilha de Avaliação Ambiental estão relacionadas a priorização dos aspectos ambientais e seus respectivos impactos. A significância é classificada como desprezível (D), significante (S) ou importante (I) de acordo com o resultado da pontuação obtida com a valoração dos critérios, onde “Resultado” é igual ao produto da multiplicação dos valores atribuídos a cada critério (Resultado = Freqüência x Severidade x Escala x Detecção) e conforme o atendimento (S) ou não (S!) à legislação aplicada ao aspecto/impacto em questão, como pode ser observado na tabela 3 a seguir. Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação de Significância. SIGNIFICÂNCIA Grau Desprezível (D) Significante (S) Importante (I) Valor do Resultado Igual ou acima de 18 0-6 8 - 16 (R = F x S x E x D) pontos NÃO (N) SIM (S) SIM (S!) Legislação Não existe uma Existe uma legislação Existe uma legislação legislação aplicável e esta sendo aplicável e não esta aplicável. atendida. sendo atendida. Desta forma, para se efetivar a priorização dos impactos ambientais identificados de acordo com seu grau de significância, foi realizado um levantamento da legislação ambiental aplicável com relação aos aspectos identificados. 3.4 Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA) Para elaboração dos IDAs foram coletados dados mensais das entradas e saídas que possuíam registro de controle permanente, como as entradas de mexilhão in natura e as saídas na forma de resíduos da atividade de seleção (mexilhões pequenos, quebrados e fauna acompanhante.) e de conchas geradas na atividade de manipulação (desconche). Também foram coletados dados mensais de consumo de água e energia elétrica pela sua facilidade de obtenção. Os indicadores de desempenho ambiental (IDA) foram determinados através das seguintes fórmulas referenciadas em FERREIRA apud MATTAR (2009) e PEREIRA (2008): 25
  • 40. IDACA – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Água Quantidade de água consumida (m3/mês) IDACA (m3/Kg) = Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês) IDACEE – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Energia Elétrica Quantidade de energia elétrica consumida (KWh/mês) IDACEE (KWh/Kg) = Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês) IDAGRS - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos da Seleção Quantidade de resíduo da seleção gerado (Kg/mês) IDAGRS (Kg/Kg) = Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês) IDAGRC - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos de Conchas Quantidade de resíduo de concha gerado (Kg/mês) IDAGRC (Kg/Kg) = Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês) Os indicadores ambientais foram determinados para que se possa avaliar no futuro o desempenho ambiental da Coopermape com relação ao seu consumo de água, energia elétrica e geração de resíduos do processamento do mexilhão por quantidade de “carne” produzida (mexilhão desconchado, também chamado de carne) e também para efeitos comparativos com outros estudos. 26