Este documento apresenta e analisa 4 cenários para 2020 desenvolvidos no projeto EVA Global Scenario Project: 1) Comeback do Ocidente, 2) Capitalismo Chinês, 3) Batalha dos Blocos, 4) Estímulo e Colapso. O autor seleciona um cenário de referência próprio entre os primeiros dois, intitulado "Um Novo Oeste e Leste", que prevê cooperação global e crescimento da China e Índia.
2. Introdução
O presente trabalho incide sobre os 4 cenários apresentados no EVA Global Scenario Project. Este projecto foi publicado em
Março de 2009 e contou com o patrocínio da Tekes - Agência Finlandesa para a Tecnologia e Inovação. Os 4 cenários apresentados
são intitulados “Comeback of the West”, “Chinese Capitalism”, “Battle of the Blocs” e “Stimulus and Collapse” e podem ser
resumidos neste quadro1:
Comeback of Mercados globais abertos estão na base do crescimento da economia. Começo do capitalismo ético. Problemas
the West económicos, ecológicos e políticos globais são solucionados através da cooperação internacional. O G8 é
substituído pelo G20, com Índia, Brasil e China. Aumento do investimento para reduzir o impacto das alterações
climáticas. Mercado Global de Carbono. Altos preços das matérias primas, mas devido a uma utilização mais
eficiente não prejudicam o crescimento. Aumento da cooperação e confiança entre as várias religiões e culturas.
Rússia cresce mas não consegue alterar a sua dependência económica do petróleo. UE economicamente
dinâmica e politicamente forte. Crescimento económico da China. Reformas políticas na China. Índia com grave
crise interna devido a uma desaceleração do crescimento económico. Finalmente os programas de ajuda à
África demonstram resultados.
Chinese China, Índia e países do Extremo Oriente conseguem sair melhor da crise que os países ocidentais. Importância
Capitalism do Dólar Americano diminui. O mundo voltou ao “turbo-capitalismo” dos anos 90 mas nos termos da China.
Importância das instituições ocidentais (OMC, OECD, UE, NATO) diminui. Direitos humanos são de importância
reduzida. China torna-se numa super-potência. Leis mais apertadas no que diz respeito ao combate às
alterações climáticas. Preço alto de petróleo e gás natural. Grande competição, também política, para a
obtenção de matérias primas. Terrorismo diminui. Reduzida credibilidade internacional dos EUA. Rússia
orientada para a China e Índia. Recessão na UE. Crescimento económico da China mais rápido que o esperado.
Crescimento robusto da Índia. Crescimento estável do Médio Oriente. África representa o “armazém” de matérias
primas e começa a ficar industrializado e urbanizado.
Battle of the Mundo dividido em blocos. Importância global dos EUA dimuída e da UE aumentada. Devido ao capitalismo
Blocs estatal e intervencionismo, aumenta o proteccionismo em todo o mundo. Cooperação bilateral entre Estados.
Aproximação entre a Rússia e a UE. Não é atingido um plano global de combate às alterações climáticas. China
e Índia estão num caminho de colisão na procura de reservas de petróleo e gás natural. Diferenças entre
religiões e culturas começam a ficar críticas. Aumento do terrorismo. EUA em posição isolada. Rússia torna-se
Estado nacionalista de gás e petróleo. UE torna-se cada vez mais auto-suficiente (exceptuando o fornecimento
energético). Crescimento lento da economia chinesa devido ao decréscimo das exportações, alta taxa de
desemprego e instabilidade política. A Índia debate-se com problemas de política interna e conflitos religiosos,
com um crescimento económico positivo mas já não robusto. Crescimento dos conflitos nos países do Médio
Oriente, com um aumento de fanáticos e religiosos autoritários no poder. África continua a ser o continente
esquecido.
Stimulus and Crescimento económico global lento, prejudicando especialmente os países do Ocidente. Maior parte do
Collapse crescimento localizado na China e Índia. Exportações dos países em desenvolvimento geram problemas
1Baseado no trabalho EVA's Global Scenarios - Playing fields of the future - EVA / Capful - Março 2009
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 1
3. políticos internos. Grave e continuada recessão nos EUA. Não há cooperação internacional. Conflitos e ameaças
geo-políticos. China com mentalidade de super-potência. Sem cooperação ou tratado para diminuir os efeitos
das alterações climáticas. Devido à recessão a procura e oferta de energia estão em equilíbrio. Preços de
matérias primas baixos. Conflitos relativamente ao acesso de água potável. Aumento de xenofobia entre
diferentes culturas. Aumento de ataques terroristas. Crescimento económico da Rússia desacelera. Relações
tensas entre a UE e a Rússia. Na China, milhares de fábricas fecham devido à recessão, provocando
manifestações dos trabalhadores. A Índia funciona como facilitador das relações entre os EUA e China; com
crescimento económico reduzido. Aumento do poder das organizações terroristas no Médio Oriente. África
desenvolve-se num sistema de “colonialismo” chinês, com corrupção e sem respeito para os direitos humanos.
Pretende-se efectuar uma avaliação de plausabilidade destes 4 cenários, colocando um cenário de referência próprio próximo de
um dos 4 vértices apresentados. Para consubstanciar neste âmbito a análise e respectiva conclusão, o presente trabalho fará
referência a 4 outros trabalhos publicados pelo National Intelligence Council americana2, pela Friedrich-Ebert-Stiftung alemã3,
pela empresa Outsights inglesa4 e pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento5. Todos estes trabalho abordam cenários
ligados à economia global e/ou a questões políticas internacionais numa janela temporal até 2020 e foram publicados em 2009, já
reflectindo algumas das implicações da actual crise global (exceptuando aqui o trabalho do NIC, publicado em 2004). Os resumos
de cada um destes trabalhos podem ser encontrado em anexo, juntamente com um quadro resumo dos 5 trabalhos.
Análise dos cenários
Para efeitos de construção dos cenários, o EVA Global Scenario Project utilizou como eixos por um lado a incerteza quanto à saída
da crise (mais ou menos rápida) e por outro lado, a opção entre a globalização ou o proteccionismo6. Igualmente, considerou que -
entre outras - as seguintes tendências eram transversais a todos os cenários: necessidade de haver soluções globais para
problemas globais, crescimento da importância da China e da Índia, aumento do crescimento populacional, aumento das
necessidades energéticas, envelhecimento da população especialmente nos países da OECD e um contínuo desenvolvimento da
tecnologia a vários níveis. Analisando a plausibilidade dos 4 cenários apresentados, segue o seguinte quadro-resumo:
Comeback of A actual predominância e prepotência dos EUA nas grandes organizações internacionais (UN, OMC, G8, NATO
the West etc.) não permite tomar em conta os interesses dos países emergentes, especialmente da China e da Índia, sem
cuja cooperação activa não será possível solucionar os problemas globais, tanto a nível do comércio e economia
como a nível das questões ambientais e geo-políticas. Para que este cenário aconteça, teriam de acontecer
alterações dramáticas na distribuição de poderes em todo o mundo, e um horizonte temporal de 10 anos poderá
não ser o suficiente para tal. No entanto, num horizonte temporal mais alargado, serão alterações que
obrigatoriamente terão de acontecer.
Chinese Os actuais problemas dos défices orçamentais e do endividamento de alguns países da zona Euro, juntamente
Capitalism com a pouca vontade demonstrada pelos países mais ricos da EU de resolver rapida- e incisivamente estes
problemas, podem levar a uma recuperação mais lenta da EU do que da China, Índia e Estados Unidos.
Igualmente, para fortalecer a sua coesão interna e sua zona de influência, a China terá de tomar
2Mapping the Global Future - US National Intelligence Council - Dezembro 2004
3The Geneva Scenarios on Global Economic Governance 2020 - Friedrich Ebert Stiftung - 2009
4Scenarios for the Future International Environment 2010-2020 - Foresight Horizon Scanning Center
5Impacto da Crise Financeira na Globalização e na Transformação do paradigma energético para a sustentabilidade - da Sphera Informação Internacional - Maio
2009
62020: Actores de um mundo novo - Pág. 2
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 2
4. obrigatoriamente o caminho de se tornar numa super-potência. Esta alteração de estatuto não irá levar a um
novo estado de “Detente” e Guerra Fria especialmente devido às relações comerciais existentes com os países
do Ocidente O Chinese Capitalism representa no momento actual um cenário perfeitamente plausível.
Battle of the A já existente globalização dos mercados (comerciais, financeiros etc.), a interdependência dos países a vários
Blocs níveis (como fornecedores energéticos ou de bens e serviços ou como os seus consumidores) e ao mesmo a
pouca auto-suficiência dos mesmo faz parecer pouco plausível um mundo dividido em blocos. No entanto, este
cenário refere alguns pontos importantes de referir como p.ex. a falta de atingir um consenso global quanto ao
combate às alterações climáticas (bem possível de acontecer dado que os países nesta fase estão mais
interessados na sua recuperação económica), um aumento de conflitos políticos entre a China e Índia devido à
procura de obtenção de recursos energéticos, e a transformação da Rússia num Estado nacionalista (que no
fundo nunca deixou de ser).
Stimulus and Pelas mesmas razões referidas no Battle of the Blocs, este cenário parece ser pouco plausível porque conduzirá
Collapse a um mundo em convulsão e à beira de vários teatros de guerra supra-regionais que unidos podem levar a uma
Guerra transcontinental, sendo que tal cenário somente seria do provável interesse de algumas poucas nações.
As instituições internacionais, especialmente as Nações Unidas, pese embora enfraquecidas e com a já referida
supremacia americana, que poderá não ser do agrado de todos os intervenientes, iriam puxar um “travão de
emergência” antes que este cenário se pudesse tornar real. Mesmo assim, também este cenário reflecte alguns
pontos importantes, que podem fazer parte dos problemas mundiais em 2020, nomeadamente a luta pelo acesso
à água potável, e o desenvolvimento da África sob a liderança directa ou indirecta da China na sua procura de
obtenção de matérias primas.
Cenário de Referência - “A New West and East”
Com base na análise feita no ponto anterior, o autor localiza o seu cenário de referência entre o Comeback of the West e o Chinese
Capitalism, intitulando o mesmo “A New West and East”. Este cenário de referência é baseado nos eixos já referidos dos cenários
EVA, localizando-se num vértice de recuperação global de velocidade média e continuação de uma abertura dos mercados. O
cenário pode ser resumido no seguinte parágrafo:
Em 2020 verificar-se-á que os mercados globais abertos se encontram na base da recuperação e do crescimento da
economia global. O G8 deixou de existir e é atribuído ao G20 uma importância e responsabilidade muito alta no que
diz respeito à coordenação de políticas económicas e sociais globais, representando aprox. 80% do comércio mundial.
Verifica-se um crescimento económico acima da média mundial tanto da China como da Índia. O crescimento do
Brasil e do Médio Oriente acompanhará a média mundial. Igualmente a Rússia está crescer, mas com uma continuada
dependência das vendas de petróleo e gás natural, conseguindo reorientar-se para outros mercados. A China começa
com reformas políticas importantes, que em conjunto com o seu avanço para estatuto de super-potência conseguem
fortalecer a união chinesa. São feitos esforços internacionais conjuntos e concertados para solucionar não só
problemas económicos, ecológicos e políticos como também o impacto das alterações climáticas, cujos efeitos se
fazem sentir cada vez mais. Nesse sentido é também estabelecido o mercado global de carbono. A importância do
Dólar Americano a nível mundial começa a diminuir em detrimento de outras moedas; igualmente, o estatuto dos
Estados Unidos como “polícia do mundo” encontra-se enfraquecido.
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 3
5. Explicação do cenário
a) Necessidade de reforma de algumas das instituições internacionais
A crise financeira dos últimos anos demonstrou que as várias instituições que deveriam vigiar o sistema financeiro falharam7. Como
exemplo, serve o FMI, cuja função e dever é providenciar análises e aconselhamentos, no entanto, não detém o poder de forçar as
nações de adoptar as suas conclusões8. Deverá ser encontrada uma estrutura que permita implementar as conclusões a nível
internacional. Esta função poderá ser exercida pelo G20, que assumirá um papel fundamental na restruturação da ordem política e
económica global, reconhecendo também a mudança inevitável do poder das nações desenvolvidas para os países emergentes.9
Igualmente, a estrutura das Nações Unidas é remodelada e inclui lugares permanentes no Conselho de Segurança para a Índia,
Japão e Brasil e um lugar para a UE10. As Nações Unidas também são forçadas a ter um papel mais activo na resolução de
conflitos, tendo necessidade de se afastar da influência demasiado pesada dos Estados Unidos. Em caso de insucesso e no limite,
o mesmo cenário pode evoluir para um mundo onde as Nações Unidas são desmanteladas e onde a maioria das nações cria o
“Novo Sistema Multilateral”11 para endereçar eficientemente as questões fundamentais sociais e económicas.
b) Interligação das Nações e Cooperação
A crise financeira demonstrou que a interligação das nações tanto pode servir para um desenvolvimento global como também para
uma mais rápida “infecção” do sistema imunitário global em caso de crises extensivas como a presente. Assim torna-se necessário
de obter uma respostas de política económica coordenada globalmente para evitar o surgimento de novas crises idênticas 12.
Igualmente, os chamados “múltiplos pólos de crescimento” irão contribuir para um crescimento económico global13. Este
crescimento será conseguido, entre outras acções, através do investimento por parte das nações desenvolvidas nas infrastruturas
dos países em desenvolvimento, criando assim novos mercados e oportunidades de investimento14. Haverá um acelerado
desenvolvimento tecnológico graças à cooperação entre países e a partilha através das redes globais15, especialmente a nível das
áreas energéticas16 com vista a produzir resultados efectivos no combate às alterações climáticas, cujos efeitos se sentirão cada
vez mais.
c) BRIC's
A grande força motriz na recuperação económica global serão os BRIC's, devido aos seus mercados internos de consumidores e
uma crescente classe média nestes países: por uma lado tornam-se assim num foco para o negócio global 17, por outro lado ajudam
à própria economia de escoar a sua produção. A população dos BRIC's numa estimativa média das Nações Unidas irá crescer de
um total de 2.904 milhões de habitantes para 3.142 milhões de habitantes em 2020, um aumento de aprox. 8% e representando um
total de aprox. 42% da população mundial em ambos os casos18. Baseado em dados do Conference Board19, o crescimento dos
BRIC entre 2010 e 2020, comparado com os EUA, EU15 e Japão, será o seguinte:
7Causes of the crisis - Pág. 125
8Causes of the crisis - Pág. 127
9G20 Seoul Summit: Assessment and Future Prospects - Dong-hwi Lee - IFANS, Republic of Korea - December 13, 2010
10Scenarios for the Future International Environment - Pág. 13
11The Geneva Scenarios - Pág. 17
12Korea-World Bank High Level Conference - Pág. 1
13Korea-World Bank High Level Conference - Pág. 2
14Korea-World Bank High Level Conference - PDF Pág. 44
15Scenarios for the Future International Environment - Pág. 14
16Impacto da Crise Financeira na Globalização - Pág. 46
17Mapping the Global Future - Pág. 41 e seg.
18http://esa.un.org/unpp/
19http://www.conference-board.org/data/globaloutlook_results.cfm
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 4
6. Cenário Cenário Cenário
Optimista Base Pessimista
Brasil 5,1% 3,9% 2,7%
China 9,5% 8,6% 5,0%
Índia 9,8% 8,7% 5,0%
Rússia 4,4% 3,2% 2,0%
EUA 3,2% 2,2% 1,1%
EU15 2,4% 1,5% 0,6%
Japão 2,4% 1,2% 0,1%
Mundo 5,4% 4,4% 2,6%
Caso se venham a verificar estes números no futuro, o crescimento dos BRIC no Cenário Pessimista será na média superior ao
crescimento dos EUA, EU15 e Japão no Cenário Optimista. Igualmente é importante referir que o Cenário Optimista prevê um
crescimento indiano igual ao Cenário Pessimista chinês.
Sendo a grande força motriz em qualquer cenário global, vale a pena reflectir especialmente sobre a posição da Índia e da China.
c.1) China
O World Economic Forum, num trabalho publicado em 200620, descreveu 3 possíveis cenários para a evolução da China até 2025.
Estes cenário foram construídos com base nas seguintes incerteza estruturais: por um lado, um ambiente global mais ou menos
inclusivo, por outro lado, a (in)capacidade da China de levar a cabo reformas institucionais efectivas. Os 3 cenários encontrados
foram intitulados Regional Ties (a China consegue manter as suas reformas num ambiente internacional cada vez mais difícil, e
através da sua liderança é capaz de restaurar a prosperidade à Ásia), Unfulfilled Promise (o desenvolvimento económico não é
acompanhado das reformas necessárias) e New Silk Road (uma China que floresce economica- e culturalmente numa integração
geo-política pacífica). Na conclusão é referido a importância da China conseguir manter o seu curso de reformas adoptado, como
também a importância das outras potências reconhecerem e aceitarem a grandeza da próprio China.
c.2) Índia
Na mesma série de estudos do World Economic Forum, foi publicado em 200521 o trabalho sobre 3 cenários possíveis à Índia em
2025. Os eixos utilizados para a construção foram um crescimento e desenvolvimento inclusivo ou exclusivo e uma integração com
o mundo a isolação da Índia do mundo. Os cenários: Bollywood (líderes indianos, cegos pelo desenvolvimento rápido da economia,
não são capazes de implementar as reformas domésticas necessárias), Pahale India (“Índia Primeiro” - indianos põe as
necessidades das suas comunidades e do país em primeiro lugar, a Índia emerge como líder económico global e serve de
inspiração para o resto do mundo) e Atakta Bharat (“Ficar preso sem direcção” - a falta de uma liderança efectiva e acção unida
criam uma fonte cumulativa de problemas para a Índia).
d) Papel dos Estados Unidos
Patrulhar o mundo tem os seus custos. Cada vez mais, os eleitores americanos irão avaliar criticamente as intervenções militares
dos Estado Unidos, especialmente após o insucesso de restabelecer uma ordem duradoura tanto no Iraque como no Afeganistão.
Assim, numa economia de crescimento reduzido, e devido aos seus custos elevados, as opções dos Estados Unidos de se
apresentarem como líderes mundiais serão cada vez menores, reduzindo a sua posição como super-potência mundial22.
e) Conjugação com outros cenários encontrados
Para este ensaio foram analisados, conforme já mencionados, 5 projectos distintos, feitos por entidades diferentes em países
20China and the World: Scenarios to 2025 - Ver bibliografia
21India and the World: Scenarios to 2025 - Ver bibliografia
22Global Trends 2025 - Pág. 93
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7. diferentes. Todos os projectos fazem referência a um cenário do tipo “Doomsday”, com um quebrar de relações comerciais
existentes, alto proteccionismo até a guerra aberta. 4 dos 5 projectos fazem referência a um cenário onde o mundo se divide em
blocos de nações com posições endurecidas. 3 contêm cenários que focam a sua atenção numa predominância da China, tanto a
nível económico como político. 4 projectos referem cenários do tipo “Business as Usual”, enquanto os restantes cenários
contemplam um mundo com grandes alterações a nível institucional e do funcionamento das economias que quase podem ser
caracterizados como demasiado bons para serem verdade. Assim, é interessante verificar a existência de 9 em 20 cenários a
reflectirem um futuro cuja cor varia de cinzento escuro a preto.
Conclusão
Num mundo em constante mutação, atravassendo a actual crise, torna a criação de cenários uma tarefa quase impossível com a
crescente complexidade das relações internacionais, transnacionais e regionais e as suas implicações económicas e sociais, com
desenvolvimentos quase diários que a longo prazo podem ter ou não influência na evolução global.
Este ensaio é uma tentativa de localizar uma zona relativamente plausível para um cenário sobre o mundo em 2020, baseado em
dados, indicadores e estimativas fornecidos por entidades credíveis. Em conclusão do mesmo, o futuro em 2020 não será
completamente livre de perigos mas subsiste a esperança que devido à cada vez maior interligação dos países a nível económico,
comercial e tecnológico, os mesmo encontrem uma forma de convivência que proporcione um aumento do bem estar a nível global.
Imagem encontrada em http://rajatmukherjee.blogspot.com
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 6
8.
9. Anexo
O presente anexo não faz parte integrante do trabalho para efeitos de avaliação, no entanto serve para apoiar o raciocínio do autor
na elaboração do mesmo.
Mapping the Global Future
Mapping the Global Future é o relatório resultante do “2020 Project” do National Intelligence Council americano, que serve de centro
de pesquisa de média e longo prazo à comunidade de inteligência americana. Baseado na análise efectuada para o 2020 Project
foram apresentados 4 cenários sobre of possíveis futuros em 2020.
Davos World Os gigantes asiáticos e alguns países em desenvolvimento têm uma performance económica superior à dos
países do Ocidente; os seus mercados internos de consumidores tornam-se num foco para o negócio global.
África tem uma performance melhor que prevista. Insegurança laboral nos países ocidentais. Aumento do preço
de petróleo. O Médio Oriente não consegue acompanhar os países desenvolvidos. Grandes tensões sobre
Taiwan que podem provocar um descalabro económico.
Pax Os Estados Unidos continuam ser o pivô central da política internacional. Alterações nas principais alianças entre
Americana a Europa e Ásia. A NATO continua ser a principal força militar a nível internacional. Devido à pressão económica
dos países asiáticos, o protocolo de Kyoto é ignorado.
A New Um novo “Califato” é proclamado nos países muçulamos árabes. Rússia está concentrada em lutar contra
Caliphate insurgentes. Os Estados Unidos tornam-se aliados da Rússia para combater os Mujahidin. A construção de
pipelines é interrompida, prejudicando as potências asiáticas.
Cycle of Fear Proliferação de armas de destruição maciça (ADM). Muitos países reforçam o seu armamento, também no que
diz respeito a ADM's. Ataques terroristas com ADM's. O mercado negro aumenta. Recessão.
The Geneva Scenarios
A equipa da Friedrich-Ebert-Stiftung alemã, que criou The Geneva Scenarios, construiu os mesmos a volta de 7 incertezas críticas:
guerra quente entre “centros de gravidade”; querra nuclear no Médio Oriente; depressão mundial; revolução tecnológico; colapso da
União Europeia; implosão da China; nova ideologia. A Friedrich-Ebert-Stiftung é uma fundação ligada ao partido social-democarata
(SPD) alemão. Fundado em 1925 é uma das organizações alemãs mais antigas dedicadas à promoção da democracia e educação
política.
Decaying G20 (com Brasil, China e Índia) é o líder no estabelecimento de linhas orientadoras de políticas globais. Brasil,
National Park China e Índia, estando em posições de destaque na Organização Mundial de Comércio, no IMF e no Banco
- Business as Mundial, impedem reformas profundas no funcionamento destes organismos. Tanto o Banco Mundial como o IMF
Usual perdem a sua importância. O sistema mundial actual tem falta de coerência e coordenação a nível multilateral,
regional e nacional. A economia mundial continua dependente de combustíveis fósseis. A poluição, desastres
naturais e a desertificação aumentaram.
March of the Altas taxas de desemprego, deflação e consumo decrescente. Formando fortes “Centros de Gravidade”, os
Elephants - governos procuram focar-se nas competências e forças de cada país. Grandes conflitos, alguns até violentos,
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 7
10. Competing entre as grandes nações na procura de obtenção de matérias primas raras. 7 blocos dominam a economia
Regional global: União Europeia alargada; bloco USA / América do Norte e Central; bloco chinês; bloco Índia / Ásia do Sul;
Blocs bloco Brasil / América do Sul; bloco Rússia / Ásia Central; bloco ASEAN. Aumento do comércio regional e intra-
regional. Não existe política comum quanto às alterações climáticas.
Law of the As maiores economias começam a erguer taxas de importação, aumentando tanto o proteccionismo como a
Jungle - recessão. Contracção do PNB de países como a China e Índia. Altíssimas taxas de desemprego. Aumentam as
Towards the barreiras à livre circulação monetária. Os EUA e outras economias grandes deixam a OMC. Em 2020, deixam de
Abyss existir a OMC, o FMI e o Banco Mundial. As Nações Unidas perderam a sua importância. A diplomacia e o
estabelecimento de acordos comerciais é somente feito a nível bi-lateral. Aumnento dos problemas derivados das
alterações climáticas. Conflitos e até guerras são cada vez mais diferentes; até Israel já entrou em conflito com
os seus vizinhos arábes sobre água. “Guerra” comercial entre vários blocos sobre a supremacia na África devido
aos seus recursos naturais.
Harmonious Uma recuperação lenta e com altos custos financeiras em 2014 juntamente com o rebentamento de outras
Nature “bolhas” nas áreas de energia, comida, matérias primas e biotecnologia em 2015 fazem com que milhões de
Reserve - True pessoas se juntam, fazendo com que os governos finalmente terem de endereçar as questões fundamentais
Multi- sociais e económicas, criando o “Novo Sistema Multilateral”. Assim, em 2020, deixam de existir as Nações
lateralism Unidas, as instituições criadas com Bretton Woods, o G8/G20, etc. Como substituto existe a “Assembleia Global
de Governança” onde têm lugar não só as nações mas também sindicatos, ONG's etc. Existência de um sistema
multilateral eficiente e transparente, baseado nos princípios de parceria global e poder partilhado. Aumento do
comércio justo. Criação de uma moeda mundial. O preço dos produtos reflecte o seu custo real.
Scenarios for the Future International Environment
Neste estudo, os quadro cenários foram encontradas numa matriz em cujos eixos se encontram por um lado a emergência mais
rápida ou mais lenta de novos poderes, por outro lado abertura social, económica e política para o exterior ou para o interior. O
estudo foi elaborado pela empresa de consultadoria Outsights inglesa para o Horizon Scanning Center, entidade pública que faz
parte do Government Office for Science.
New Powers, Desenvolvimento económico rápido especialmente dos BRIC's. Competição tremenda e até guerra sobre
New Alliances recursos naturais. Aumento do eixo China-Rússia. EU afasta-se dos EUA e olha para a Rússia. Guerra Fria II
com epicentro no pacífico. Soluções para diminuir as alterações climáticas são ignoradas.
A New Desenvolvimento económico rápido especialmente dos BRIC's. Respostas globais concertadas para diminuir os
Multipolarity efeitos das alterações climáticas. A architectura das Nações Unidas é remodelada e inclui lugares permanentes
no Conselho de Segurança para a Índia, Japão e Brasil e um lugar para a UE. O poder global da NATO aumenta.
Aumento das ameaças de ataques terroristas com armas nucleares, biológicas ou químicas. Cooperação e redes
globais levam a um desenvolvimento tecnológico mais rápido e partilhado. Emergência do mercado de carbono
global.
The Old Order Performance baixa das economias BRIC. Declínio nas intervenções militares e aumento da diplomacia baseada
Remaineth em regras. Alto impacto das alterações climáticas. Influência da China na África diminui. A globalização cria
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11. “perdedores” tanto dentro dos países como entre países. Aumento dos fluxos migratórios, devido à globalização
e às alterações climáticas, o que por sua vez leva a que as nações endereçam finalmente o problema das
mesmas.
Selfish Crescimento decepcionante das economias BRIC. A globalização cria preocupação em países ricos e pobres.
Incumbents Aumento do proteccionismo devido aos impactos da globalização. Europa perto da desintegração. China volátil,
populismo de esquerda da América Latina, Rússia autoritária. As fronteiras são reforçadas devido ao medo do
terrorismo e nacionalismo crescente. Sem investimentos em tecnologias e leis para dimiuir o impacto das
alterações climáticas. Multiculturalismo visto como idealismo irrealista.
Impacto da Crise Financeira na Globalização e na Transformação do paradigma energético para a sustentabilidade
Neste estudo do DPP Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais utilizou-se como base 3 incertezas
cruciais: 1) o impacto da crise financeiras nos “Modelos de Capitalismo” e na inovação tecnológica; 2) o futuro do crescimento e das
relações económicas da Ásia; 3) a turbulência nas regiões energéticas e o posicionamento estratégico dos EUA.
Com a Ásia Convergência no estímulo da inovação tecnológica nas áreas energéticas e espacial. Sistema financeiro renasce
para o Espaço das cinzas. China consegue responder às necessidades do mercado interno. Integração regional com o Japão e
Coreia do Sul.
New Deal Recuperação económica assenta no investimento público e estímulo da procura. Sem evoluções no paradigma
chinês energético actual. Tendência de estabilização do preço do petróleo juntamento com um crescimento fraco
intensifica conflitos no Golfo pérsico. China consegue manter a unidade interna, com um crescimento acima da
média mundial.
O caminho da EUA com ambicioso programa energético. Mercado global de carbono. Baixos preços de petróleo devido ao
Índias dinamismo tecnológico, fazendo com que os países produtores do Golfo entram em dificuldades financeiras. Na
Ásia tendência para um crescimento com base na procura interna.
Paralisias Programas da recuperação económica assentes no investimento público e estímulo da procura. Dependência da
reforçadas Ásia do mercado dos EUA diminui o seu crescimento. Explosão dos preços de petróleo. Estagflação do mundo
ocidental. Multiplicação de confrontos na Ásia e no Golfo.
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12. Quadro-Resumo
Comeback of the Chinese Battle of the Stimulus and
EVA
West Capitalism Blocs Collapse
Mapping the
Pax Americana Davos World A New Caliphate Cycle of Fear
Global Future
Harmonious Decaying March of the
Law of the
The Geneva Nature Reserve - National Park - Elephants -
Jungle - Towards
Scenarios True Business as Competing
the Abyss
Multilateralism Usual Regional Blocs
Scenarios for
the Future A New The Old Order New Powers, Selfish
International Multipolarity Remaineth New Alliances Incumbents
Environment
Impacto da Crise
Com a Ásia para O caminho da Paralisias
Financeira New Deal chinês
o Espaço Índias reforçadas
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13. Bibliografia
• 2020: Actores de um mundo novo - Cenários Tendências e Futuros na Economia Global Nº 11 - Fátima Azevedo -
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais - Dezembro 2008
• Asian FTAs: Trends, Prospects and Challenges - Masahiro Kawai and Ganeshan Wignaraja No. 226 - October 2010 -
Asian Development Bank
• Baseline Socioeconomic Scenarios - Capítulo 3 - United Nations Framework Convention on Climate Change
• Causes of the crisis: Key Lessons - G20 Workshop on the Global Economy - Mumbai, India 24-26 May 2009
• China and the World: Scenarios to 2025 - World Economic Forum - 2006
• EVA's Global Scenarios - Playing fields of the future - EVA / Capful - Março 2009
• Global Trends 2025: A Transformed World - NIC National Intelligence Council - 2008
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• Russia and the World: Scenarios to 2025 - World Economic Forum - 2006
• Scenarios for the Future International Environment 2010-2020 - Foresight Horizon Scanning Center - UK Government
Office for Science, Department for Innovation, Universities and Skills
• The Geneva Scenarios on Global Economic Governance 2020 - Friedrich Ebert Stiftung - 2009
Sites Consultados
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• EVA - http://www.eva.fi
• G20 - http://www.g20.org
• G20 Information Centre - http://www.g20.utoronto.ca
• International Monetary Fund - http://www.imf.org
• UN Departament of Economical and Social Affairs - http://esa.un.org
• UN Framework Convention on Climate Change - http://unfccc.int
• União Europeia - http://ec.europa.eu
• World Bank - http://www.worldbank.org
• World Economic Forum - http://www.weforum.org
Ralf Wende - Avaliação Indiviual - UC4: Tendências e Deasfios no Mundo e na Europa - 1.2.2011 - 11