2. Objetivos Gerais:
Elaborar estratégias de leitura, compreensão leitora, de
interpretação e produção de texto que promovam uma
aprendizagem significativa, contribuindo para a formação
de leitores críticos, autônomos que construam valores
éticos e de cidadania.
4. Qual o significado de”pausa”?
(Após as hipóteses levantadas, sugerir a pesquisa no dicionário)
•Intervalo de tempo
•Suspensão temporária de ação ou de som
•Figura que indica a duração de silêncio entre as notas
musicais
5. Reflexões sobre o título:
•Em que momento você tira um tempo para si mesmo?
•Em quais situações e/ou lugares?
•Esse tempo ajuda-o a colocar suas ideias em ordem? Costuma
refletir?Justifique sua resposta.
•Após esse momento de pausa, como se sente?
Capacidade de compreensão
(estratégias)
Ativação de conhecimento de
mundo
6. •Sobre o que você acha que o autor escreve nesse texto?
•Qual o tema abordado?
•Você já ouviu falar sobre Moacyr Scliar? Conhece algumas
de suas obras?Vamos conhecer um pouco sobre o autor
deste conto.
Capacidades de compreensão (estratégias):
Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades do texto
Checagem de hipóteses
7. Moacyr Scliar
Moacyr Jaime Scliar foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico
especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos,
romances, ensaios e literatura infantojuvenil.
Nascimento: 23 de março de 1937, Porto Alegre
Falecimento: 27 de fevereiro de 2011
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Moacyr_Scliar
8. Apresentação do texto:
PAUSA
"Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,
correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se.Vestiu-se rapidamente
e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a
mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte
calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-
feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma
máscara escura.
—Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher
Com azedume na voz.
—Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
9. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à
carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o
carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os
guindastes,as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de
sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras.
Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e
Entrou furtivamente.Bateu com as chaves do carro no balcão,acordando
um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o
gerente.Esfregando os olhos, pôs-se de pé.
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este,
Não é? A gente...
—Estou com pressa, seu Raul!— atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lances de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre
floreado,olharam-no com curiosidade:
—Aqui, meu bem!—uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.
10. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda roupa de
pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel
correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de
viagem,deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro,
tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado
na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de
embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis
buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por
índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da
testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam.
Samuel mexia-se e resmungava.Às duas e meia da tarde sentiu uma dor
lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio
acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor,
Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,
silêncio.
11. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para
a bacia, lavou-se.Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
—Já vai, seu Isidoro?
— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em
silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro — disse o gerente.
—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando
os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu.
Para casa.“
SCLIAR, Moacyr. In:BOSI,Alfredo.O conto brasileiro contemporâneo.
São Paulo: Cutrix, 1997
12. Habilidades de Leitura
Durante a leitura autônoma e compartilhada:
•Confirmar ou retificar as antecipações ou expectativas de
sentido criadas antes ou durante a leitura;
•Esclarecer as palavras desconhecidas a partir de inferência
ou consulta a dicionário.
13. Explorando os elementos da narrativa:
•Quais são os personagens deste conto?
•Quem é o protagonista?
•Qual o foco narrativo?
•Onde se passa essa história?
•Quando aconteceram os fatos narrados?
•Como e por que os fatos aconteceram?
14. Recursos utilizados pelos alunos:
•Os alunos deverão utilizar recursos como: sublinhar, copiar,
destacar informações relevantes para armazená-las e apreender
pontos essenciais para o entendimento do texto;
•Buscar informações complementares em textos de apoio
referentes ao texto principal;
•Consultar outras fontes como enciclopédias e Internet.
Capacidades de compreensão (estratégias):
Localização e comparação de informações
15. Caso o aluno se depare com uma palavra ou expressão
desconhecida, a compreensão do texto pode ficar
comprometida.
Neste momento, intervimos questionando ao aluno se
compreendeu o sentido da expressão, orientando-o a
analisar o contexto em que a palavra está inserida,
levando-o a inferir sobre este sentido (pode-se utilizar
o dicionário).
Identificar marcas implícitas (ler nas entrelinhas) ou
pressupostos que inferem na significação do texto.
Capacidades de compreensão (estratégias):
Produção de inferências locais
Produção de inferências globais
16. •Identificar as pistas linguísticas que pontuam a progressão
temática;
•Levar o aluno a observar uma nova rotina que se
estabelece dentro da própria rotina desse personagem;
•Propor ao aluno uma síntese do texto visando extrair
conclusões gerais sobre fato, situação, problema.
Capacidades de compreensão (estratégia):
Generalização
17. Capacidades de apreciação e réplica do leitor em
relação ao texto (interpretação e interação):
-Resgatar informações que interajam com a
produção textual:
•Quem é o autor?
•Que posição social ele ocupa?
•Em que situação escreve?
•Em que veículo escreve?
•Com que finalidade?
•Para quem escreve?
Capacidade de réplica
Recuperação do contexto e produção de texto
18. - Orientar o aluno/leitor, situando-o quanto à finalidade
da leitura em consonância com sua finalidade de vida.
- O que você costuma ler?
-Tem preferência por algum gênero textual?
Para que você lê?
Capacidades de réplica:
=> Definição de finalidades e metas da atividade de
leitura
19. Pausa
Tetê Espindola
Chuva fina
Gota a gota cai
O tempo, a correnteza vai
Não há destino, só um ir
Não quer sentido
E tanto faz
Sentir o dia dilatar
De grão em grão
A sombra contrair
Ao contratempo de um hai-kai
O incenso doce e denso de hortelã
Da manhã
A surgir, a migrar
Trigo, estrada, moenda, roda d'água
Caminho do sol
Trino, ária, fuga, reza, pausa
Caminho do som.
20.
21.
22. •Propor ao aluno a leitura das músicas “Pausa” deTetê
Espindola e “Todo Mês de Maio na Maior” de Guilherme
Arantes e do poema “Pausa” de Cristóvão Neto”;
•Levantar questões acerca das relações intertextuais;
•Observar como uma mesma ideia, um mesmo sentimento,
uma mesma informação (tema) são tratados por diferentes
linguagens e intenções.
•Sugerir pesquisas de textos de gêneros diferentes e
estabelecer comparações entre a temática, o título e o
discurso.
Capacidades de apreciação
Percepção de relações de intertextualidade ou
interdiscursividade
23. Pesquisar imagens, símbolos e sons que simbolizam uma pausa
Capacidades de apreciação e réplica:
Percepção de outras linguagens como elementos constitutivos
dos sentidos dos textos
24. •Pedir ao aluno para citar passagens do texto e tecer
suas impressões acerca do relacionamento de Samuel
com sua esposa;
•Analisar o sonho de Samuel e seus elementos
oníricos (analise subjetiva).
- Gostou da linguagem utilizada no texto? Justifique
sua resposta.
-Qual a sua opinião sobre o tema abordado?
Capacidades de apreciação e réplica:
=> Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas
Eu preciso descobrir onde está o
controle remoto da minha vida. Queria
adiantar alguns capítulos, preciso voltar
outros e principalmente dar uma pausa
em algumas decisões que tenho que
tomar.
25. •Questionar o motivo que leva o personagem a utilizar
dois nomes: Samuel / Isidoro;
•Comentar estabelecendo semelhanças ou diferenças
entre o significado de pausa e fuga.
- Do que ele está fugindo?
- Por que Samuel não tenta resolver seus problemas e
conflitos interiores?
-Como você agiria se estivesse na mesma situação que
Samuel?
Capacidades de apreciação e réplica:
=> Elaboração de apreciações relativas a valores éticos
e/ou políticos
26. Após a checagem de hipóteses sobre os
problemas que afligem Samuel, propõe-se
aos alunos que construam um desfecho
diferente do conto original, apresentando
possíveis soluções para este personagem.
A seguir, o professor convida os alunos para
apresentarem suas produções mostrando-
lhes o quanto é importante e enriquecedor o
compartilhamento dessas experiências.
27. Considerações finais:
O ato da leitura e da escrita mexe, estimula,
aguça todo o nosso sistema cognitivo e
sensorial. As ideias, os pensamentos, os
sentimentos, a capacidade de estabelecer
comparações, de elaborar julgamentos e
chegar a uma conclusão passam pelos
processos de construção, desconstrução e
reconstrução da percepção de mundo do
leitor-escritor.
28.
29. Referências Bibliográficas
ROJO, R. H. R. (2002) A concepção de leitor e produtor de textos nos
PCNs: “Ler é melhor do que estudar”. In M. T. A. Freitas & S. R. Costa
(orgs) Leitura e Escrita na Formação de Professores, pp. 31-35.
SP: Mus/UFRJ/INEP-COMPED.
ZAPPA, R. (1999) Chico Buarque para Todos. Rio de Janeiro, Ed.
Relume Dumará, 3º edição.
SOLÉ, Isabel (1998) Estratégias de leitura. 6ª edição. Porto Alegre:
ArtMed.