Este documento analisa duas fotos de jornais moçambicanos usando a teoria semiótica. A primeira foto de um campo de milho é interpretada como um índice da agricultura, um ícone do camponês retratado, e um possível símbolo de riqueza agrícola. Já o título associado à foto é considerado ambíguo e paradoxal em relação à imagem. A segunda foto de um mapa de Moçambique com sangue é interpretada como um índice de violência, um ícone do assassinato de Gil Cist
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Trabalho semiotica
1. Tema:
Interpretação semiótica: Caso das fotos do jornal hoje e o Jornal Savana
Autor: Rogério Marques Benedito Júnior*
2015
*
Estudante de licenciatura em Jornalismo na Escola de Comunicão e Artes da Universidade Eduardo
Mondlane
2. ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................ 2
IMAGEM 1 ..................................................................................... 4
O TÍTULO VS A IMAGEM.................................................................. 5
IMAGEM 2 ..................................................................................... 6
Bibliografia.................................................................................... 7
Anexo........................................................................................... 7
3. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objectivo analisar duas fotos: uma foto
tirada do jornal Hoje e outra tirada do Jornal Savana. A metodologia
usada fundamenta-se na teoria semiótica, que estuda o percurso
gerativo do sentido, por meio da análise das estruturas modais; da
estrutura discursiva, dado que, todo o texto fotográfico passa pelo olhar
de um sujeito.
Como sabemos, normalmente a classificação de um signo assenta na sua
composição por significante e significado através da relação que estes
dois têm, isto é, um significante e um significado podem apresentar
relação de contiguidade, ou seja, uma relação causal; relação de
semelhança; relação convencional e, esta última, tem de ser aprendida
pelo utilizador. De acordo com um tipo de relação gera-se: Índice, Ícone
e Símbolo.
Ciente de que ainda sou um eterno aprendiz no domínio da vida
académica e outros, estou aberto a todo o tipo de crítica. Para já desejo
óptima leitura.
Rogério Marques Bendito Júnior
4. IMAGEM 1†
Índice – partindo do
princípio de que um
índice, só é índice
quando o signo
apresenta uma relação
de contiguidade, ou seja,
uma relação causal,
entre significante e
significado, é certo que
esta fotografia remete-
nos a um indício de um
campo/machamba de produção de maçaroca. Portanto, machamba é o
índice da foto.
Ícone - Os ícones operam por uma relação de semelhança entre
significante e significado. Esta imagem representa o ícone do camponês
identificado, no texto da notícia‡
, por Miguel Paulo Kumaio.
Símbolo - Nos símbolos, a relação entre significante e significado é
convencionada ou não, precisando por isso de ser aprendida pelo
utilizador. Assim, esta imagem – considerando sem o título atribuído –
pode significar para o intérprete como um símbolo polissémico ou
conotativo, dado que, pode remeter-lhe à riqueza produtiva em chókwè,
segurança alimentar, colheita, entrega abnegada no trabalho e uma
infinidade de simbologias definidas em função dos paradigmas culturais,
sociais, políticos e económicos em que o sujeito está inserido.
†
Hoje, Fevereiro, 2015
‡
Veja em anexo o texto na íntegra
5. O TÍTULO VS A IMAGEM
Tentando fazer uma ponte entre o assunto do título e a foto, percebemos
que ambos são, totalmente, paradoxais em termos semânticos. A
imagem que nos vem a cabeça quando vemos um título como
“Camponeses não querem milhos modificados em chókwè” é,
efectivamente, de um grupo de camponeses – visto que título está no
plural - a rebelarem-se. Embora esteja denotada, o sentido da foto aqui
estudada mostra o contrário: Um camponês com um semblante tranquilo
e demonstrando uma aceitação e não negação como o titulo nos sugere.
Há, ainda, um problema com o título: O que o jornalista/repórter quer,
realmente, informar quando escreve: “Camponeses não querem milhos
modificados em chókwè”? Cabendo a seguinte pergunta: querem milhos
modificados aonde? Maputo? Nampula? Mais uma vez, o título,
apresenta-se polissémico e ambíguo. Talvez quisesse dizer que os
camponeses de Chókwè não querem milho modificado.
Este cenário adjudica-se à sintaxe, parte da semiótica, que estuda
relações entre os signos. Por exemplo, estuda por que é que os signos
dispostos na frase “aqui está quente” geram uma frase compreensível,
continuando compreensível se mudarmos a ordem dos signos para “está
quente aquiӤ
. Porém, a Semântica, uma outra parte da semiótica,
ensina-nos que quando mudados a ordem das palavras dentro de uma
frase, esta altera, radicalmente, o seu conteúdo e sentido. Por isso é
necessária atenção neste aspecto.
§
SOUSA, Jorge, Elementos e Teoria de Pesquisa de comunicação e média, Pp. 105
6. IMAGEM 2**
Índice; Dado que nota-
se uma cor vermelha††
ao redor da imagem,
então esta dá indícios de
tratar-se de sangue e
em consequência que
houve alguém que
sangrou ou até morreu
naquele espaço.
Ícone; Aqui observa-se
a relação de semelhança entre o significante e significado. Neste caso, a
imagem representa uma metáfora do assassinato do Professor Gil Cistac
ocorrido no passado dia 03 de Março do ano em Curso (2015), que tem
uma repercussão nacional – dado o mapa.
Símbolo; Aqui a relação entre
significante e significado é
convencionada e, portanto, tem de ser
aprendida pelo utilizador. Logo,
podemos dizer que a foto representa
dois símbolos – os convencionados –
nomeadamente: Moçambique e Morte
do Constitucionalista Gil Cistac. Além
disto, a imagem é símbolo de mágoa,
**
Savana, 13 de Março de 2015, número 1105
††
Embora esteja convencionado que a cor vermelha representa Paixão e Sexo, esta
imagem remete-nos a ensanguentamento, visto que num passado breve rolou nas
redes sociais uma foto do Malogrado Gil Cistac com características ambientais iguais,
então o indicio é tácito.
7. dor, luto e pesar dos moçambicanos, podendo ainda, de acordo com o
contexto representar vários símbolos aos sujeitos.
Bibliografia
Hoje, 7ª edição, Quarta-feira, 19 Fevereiro, 2015.
SOUSA, Jorge, Elementos e Teoria de Pesquisa de comunicação e média,
Pp. 105.
Savana, 13 de Março de 2015, número 1105.
Anexo