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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 18 - Número 2 - 2º Semestre 2018
ANÁLISE DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO CONTEÚDO BIOMA CERRADO
Terezinha Santana de Oliveira1
; Crisliane Aparecida Pereira dos Santos2
RESUMO
O Livro Didático é o principal instrumento utilizado em sala de aula para transmitir o conhecimento
aos alunos. Essa pesquisa tem como tema principal o bioma Cerrado, uma vez que é um bioma
muito rico em biodiversidade e recursos, porém está sendo devastado tão rapidamente ao ponto de
suas espécies serem extintas antes mesmo de serem conhecidas. A meta dessa pesquisa foi analisar
os conteúdos sobre o bioma Cerrado, a fim de verificar se sua abordagem nos livros didáticos está
em conformidade ao conhecimento acadêmico/científico encontrado em livros acadêmicos e em
artigos científicos publicados. Finalizada a análise dos dados foi possível concluir que o bioma
Cerrado ganhou mais visibilidade nos livros didáticos, porém mesmo os livros utilizados na mesma
época possuem diferenças relevantes de conteúdo.
Palavras-chave: Livro didático, cerrado, transposição didática.
ANALYSIS OF THE DIDACTIC TRANSPOSITION OF THE CONTENT CERRADO
BIOME
ABSTRACT
The textbook is the principal instrument used in the classroom to transmit knowledge to students.
This research has as main theme the Cerrado biome, since it is a biome very rich in biodiversity and
resources, however is being devastated just as quickly to the point where their species being extinct
even before the meeting. The goal of this research was to analyze the contents of the Cerrado biome
in order to verify its approach in the textbooks are in accordance to academic/scientific knowledge
found in academic books and in published scientific articles. Completed data analysis it was
possible to conclude that the Cerrado biome gained more visibility in the textbooks, but even the
books used at the same time have content relevant differences.
Keywords: Textbook, cerrado, didactic transposition.
INTRODUÇÃO
O Livro Didático (LD) é o principal
instrumento utilizado em sala de aula para
transmitir o conhecimento aos alunos. Dada a
sua relevância e por ser ele na maioria dos casos
o único manual utilizado pelo professor, como
norteador do ensino, o estudo de como os
conteúdos estão sendo apresentados nos LD é de
muita importância, a fim de se verificar como se
apresenta o conhecimento científico, haja vista
ser a base do ensino, condição prévia para os
demais conteúdos a que o professor se propõe a
trabalhar (DOMINGUINI, 2008).
O Cerrado é um bioma muito rico em
biodiversidade e recursos, porém está sendo
devastado tão rapidamente ao ponto de suas
espécies serem extintas antes mesmo conhecê-
las. Abrange mais de 23% do território
42
brasileiro, sendo assim o segundo maior bioma
do país (RIBEIRO e WALTER, 2008). Embora
apresente uma biodiversidade rica em recursos
animais, vegetais e hídricos, o mesmo está
localizado na região central do Brasil, portanto,
cenário de intensa ocupação humana, fator de
alta pressão antrópica e de grande ameaça sobre
a sua imensa riqueza natural. O rápido avanço
da tecnologia agrícola instaurada nesse bioma,
unido ao crescimento desordenado da
população, fez do Cerrado uma das áreas
primordiais para conservação dos seus recursos
naturais e preservação das suas características
intrínsecas (BEZERRA e SUESS, 2013).
Nessa perspectiva, o conhecimento
sobre o Cerrado, sua estrutura, o funcionamento
de seus ecossistemas e os efeitos causados pelos
impactos devem ser enfatizados pelos
educadores, a fim de promover nos educandos
um sentimento de pertencimento, tornando-os
agentes modificadores. Para tanto o educador
precisa possuir esse conhecimento e ter
materiais didáticos capazes de contemplar esses
assuntos (SIQUEIRA e SILVA, 2012).
O LD, por ser um guia dos conteúdos a
serem transmitidos em sala de aula, deveria
contemplar assuntos pertinentes a cada região,
principalmente sobre o bioma Cerrado, que é
hoje reconhecido internacionalmente graças a
sua biodiversidade e contribuição econômica
(MYERS et al., 2000).
É função do professor selecionar o
melhor material disponível diante da sua
realidade, a fim de que sua utilização contribua
efetivamente para a oferta de informações
corretas, condizentes com a realidade de seus
alunos (BIZZO, 2007).
O professor por meio do ensino pode
oportunamente trabalhar conteúdos que
permitam aos alunos entender e analisar o
ambiente cultural onde vivem, contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida de sua
comunidade. É papel também da Biologia
promover a comunicação entre as escolas e a
comunidade, permitindo aos alunos interferirem
nos problemas que estejam vivendo e que fazem
parte das suas realidades (KRASILCHIK,
2008).
Dada à importância que os LD
possuem em abranger conteúdos que
contemplem a realidade, os mesmos devem
passar por uma transformação, uma modificação
para que deixe de ser científico e passe a ser
didático, uma vez que todos os conteúdos
expostos nos LD são de origem científica
(ABENSUR e TÉRAN, 2009). A questão é: até
onde esses conteúdos e/ou conceitos científicos
são modificados para tornarem-se didáticos?
Segundo Bizzo (2007) para aprender
ciência é necessário saber alguns nomes,
conhecer algumas classificações, deter a
estrutura e a lógica de certos conhecimentos. O
conhecimento científico é, portanto, necessário
para que se compreenda o mundo e dê sentido a
ele assim como a comunidade escolarizada o
faz.
Para tanto, ao ser ensinado em sala de
aula, o conhecimento científico deve passar por
um processo de modificação e, a esse processo,
dá-se o nome de Transposição Didática,
definida pelo matemático Chevallard (1991)
como um processo adaptativo pelo qual o saber
científico – sábio, necessita passar para que se
transforme em saber didático – a ensinar.
É por meio da transposição didática
que o conhecimento científico e/ou acadêmico,
detido pelos pesquisadores, alcança as salas de
aula. Esse processo torna o saber mais didático,
utilizando uma linguagem menos acadêmica,
porém deve ocorrer sem excluir informações
que são imprescindíveis para a boa qualidade do
processo de ensino-aprendizagem. O saber ao
passar pela transposição didática se torna mais
compreensível para os alunos, uma vez que
utiliza uma linguagem mais condizente com a
realidade deles, possibilitando assim a
assimilação dos conteúdos (CHEVALLARD,
1991; BATISTETI et al., 2010).
Para melhor compreender os temas
relacionados a essa pesquisa foram estruturadas
seções que discorrem sobre cada um deles. Na
primeira seção “Caracterização do Cerrado na
literatura”, encontram-se informações sobre o
Cerrado retiradas de textos acadêmicos e/ou
científicos. Na segunda seção intitulada “O
Cerrado no Livro Didático”, discutiu-se sobre a
importância dos conteúdos de ciências para a
formação dos alunos. Na última seção,
“Transposição Didática”, analisou-se como
ocorre o processo de modificação do
conhecimento científico ao ser didatizado. Desta
forma, o objetivo desse artigo é analisar se os
conteúdos sobre o bioma Cerrado presentes nos
livros didáticos estão de acordo com os estudos
e as produções científicas, pois, durante o
processo de transposição didática os conteúdos
passam por modificações de tal forma que a
simplificação destes pode torná-los incoerentes
com a realidade, afastando-os dos seus
conceitos originais.
METODOLOGIA
A abordagem desse estudo se configura
como qualitativa, pois, avalia os conteúdos dos
livros didáticos, a fim de verificar se esses
condizem com o que é proposto pelos manuais
de ensino.
O método de pesquisa utilizado
baseou-se, segundo Severino (2007), no
levantamento de pesquisa bibliográfica a partir
do registro disponível, decorrente de pesquisas
anteriores, em documentos impressos, como
livros, artigos, teses, entre outros.
Em outras palavras, o método se deu a
partir da verificação das transformações
ocorridas nos conceitos sobre o bioma Cerrado,
dos textos acadêmicos e/ou científicos para os
livros didáticos, a partir do fato de que o “saber
sábio” - científico, necessita ser transformado
para tornar-se “saber a ensinar”- didático,
conforme a teoria da transposição didática.
A coleta de dados se deu pela análise
dos textos presentes em cinco livros didáticos de
Biologia, que por questões éticas permaneceram
em sigilo. A obtenção dos livros para análise foi
feita de acordo a disponibilidade nas escolas da
rede pública do município de Barreiras - Bahia.
Utilizou-se como base comparativa para os
conteúdos o livro “Cerrado: ecologia e flora”, v.
1, produzido pela Embrapa em 2008, e artigos
sobre o Cerrado produzidos recentemente. Para
facilitar a identificação dos exemplares
designou-se uma legenda para cada livro
analisado, a saber: B1, B2, B3, B4 e B5
(TABELA 1).
Tabela 1: Legenda dos livros didáticos utilizados.
Foram analisados os seguintes itens nos
livros didáticos: quantidade de páginas
reservadas ao conteúdo; quantidade de imagens
ilustrativas; informações sobre fauna, flora,
recursos hídricos, clima, solo, fogo e ações
antrópica. Quanto à linguagem foi feita também
a análise do vocabulário utilizado para transpor
essas informações para o livro didático.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os livros didáticos de Biologia devem
subsidiar as propostas do ensino dessa
disciplina, bem como atender às exigências
pedagógicas da educação brasileira, assim como
das escolas, dos sistemas de ensino e as
necessidades culturais e sociais dos alunos.
Nesse sentido, a partir da análise dos livros
didáticos foi possível verificar que os conteúdos
presentes nos livros mais atuais contemplam em
grande parte o bioma e que a evolução desses
conteúdos refletem significativamente no ensino
de Biologia.
A análise dos conteúdos permitiu
verificar que todos os livros compartilham de
informações muito parecidas entre si,
principalmente sobre o tipo de vegetação e o
solo do Cerrado (TABELA 2). No entanto, essas
informações não são apresentadas com a mesma
intenção, ora citada apenas como característica
do bioma, ora sendo enfatizada pela importância
ecológica.
Tabela 2: Dados coletados dos livros didáticos
analisados.
A respeito da análise das imagens e
número de páginas, no livro B1, o texto
dedicado ao conteúdo sobre o bioma Cerrado é
mínimo, chegando a ocupar pouco mais da
metade de uma folha entre duas páginas. Este
livro apresenta apenas uma imagem
representando uma espécie nativa com galhos
tortuosos, onde não é citado o nome da espécie
vegetal. No livro B2 o conteúdo é apresentado
em uma página, sendo ilustrada, também,
somente uma imagem de uma espécie vegetal,
desprovida da identificação do nome dessa
espécie (FIGURA 1).
Figura 1: Imagens retiradas dos livros B1 e B2, sendo
que: (A) Vista do Cerrado em Goiás, 1993; (B) Detalhe
da vegetação do Cerrado nas proximidades de Brasília.
Fonte: Livros B1; B2.
Com relação ao livro B3, os autores
dispensaram uma página e meia para o conteúdo
sobre o bioma Cerrado. Sendo duas imagens,
uma do mapa do Brasil evidenciado a
distribuição geográfica do Cerrado e outra da
vegetação (FIGURA 2). No livro B4 o conteúdo
é discorrido em uma página inteira, onde foram
colocadas também três imagens, uma ilustrando
a fitofisionomia do bioma, outra com um
gráfico da distribuição de chuvas e temperaturas
médias e a seguinte representada por um mapa
do Brasil, com demonstração da localização do
Cerrado no território brasileiro (FIGURA 3).
Figura 2: Imagens retiradas do livro B3, sendo: (A) Mapa
de localização do Cerrado brasileiro; (B) Chapada dos
Guimarães (MT), 2004. Fonte: Livro B3.
Figura 3: Imagens retiradas do livro B4, sendo que: (C)
Vegetação típica do Cerrado, na Chapada dos Veadeiros,
Goiás 2005; (D) Gráfico da distribuição de chuvas e
temperaturas médias ao longo de 2008, em Goiânia (GO)
e, (E) Localização do Cerrado no território brasileiro.
Fonte: Livro B4.
No livro B5 o autor discorre o
conteúdo em pouco menos que duas páginas.
Das sete imagens utilizadas durante o conteúdo
uma ilustra a fitofisionomia do Cerrado, outra é
um desenho do mapa do Brasil destacando a
área do Cerrado. Das outras cinco duas são de
espécies vegetais, pequi e araticum, e as outras
três de espécies animais, lobo-guará, tamanduá-
bandeira e ema (FIGURA 4).
.
Figura 4: Imagens retiradas do livro B5, sendo que: (A)
Vegetação do Cerrado; (B) Localização do Cerrado no
território brasileiro; (C) Pequi; (D) Araticum, (E) Lobo-
guará; (F) Tamanduá-bandeira e, (G) Ema. Fonte: Livro
B5.
A importância que é dada a
determinado assunto em um livro didático pode
ser medida, por exemplo, pelo número de
páginas que o autor dedica a ele (CARLINI-
COTRIM e ROSEMBERG, 1991). O livro B5
foi o que dispôs mais páginas para o conteúdo,
em contrapartida ele também trouxe mais
imagens, o que não deixa de ser relevante, pois
“uma parcela significativa das informações em
biologia é obtida por meio da observação direta
dos organismos ou fenômenos ou por meio de
observação de figuras, modelos etc.”
(KRASILCHIK, 2008). Esse fator é refletido na
aprendizagem dos alunos, na medida em que os
professores utilizam os livros para prepararem
suas aulas e também quando os alunos utilizam
os manuais como material de consulta.
São as imagens que garantem a
existência de um fato, que segundo Belmiro
(2000), aproveita a força de realidade própria da
fotografia, ora para ampliar a consciência social
do aluno, ora para uma aproximação mais fácil
com um grupo de dados de informação
considerados relevantes para o projeto
pedagógico do livro. Os resultados mostraram a
ausência dos nomes científicos das espécies
apresentadas por todas as figuras, o que
evidencia uma fragmentação da aprendizagem
ao conteúdo pelos alunos, isto porque que as
imagens e/ou ilustrações sem a devida
explicação e referência no texto tendem a
confundir o aluno (BEZERRA e SUESS, 2013),
o que provoca um resultado negativo no
processo de ensino/aprendizagem de Biologia.
Nesta linha, observou-se que o livro B1, além
de apresentar apenas uma imagem, não
identifica qual a espécie vegetal da mesma.
As imagens além de estarem
relacionadas e citadas nos textos devem ser
claras quanto à informação que querem
transmitir, como por exemplo, as imagens das
espécies vegetais e animais do livro B5, que
trazem a escala tanto dos frutos como dos
animais, isso facilita a apreensão da informação
pelos alunos. No entanto, diversas espécies
ilustradas nos livros didáticos não fazem parte
da realidade de muitos alunos, o que reafirma a
importância dessas imagens serem transmitidas
com clareza e fidelidade à realidade.
Com relação à análise dos conteúdos
didáticos, o livro B1, ao caracterizar o bioma,
fala sobre o clima, citando inclusive índices
pluviométricos, e também do solo
caracteristicamente pobre. No entanto, o autor
trata minimamente sobre os recursos hídricos,
citando apenas o trecho “... a água está
disponível a partir de dois metros de
profundidade” para compensar a informação de
que “o solo é pobre em nutrientes”. O autor não
exprime o tamanho do espaço geográfico do
Cerrado, das suas espécies animais, das
queimadas que anualmente ocorrem, tão pouco
das ações antrópicas que vem afetando esse
bioma há décadas. Mas, finaliza o texto usando-
se do conceito “pseudoxeromorfismo” para
indicar plantas com casca grossa, além de citar o
nome popular de espécies vegetais nativas do
Cerrado.
Observa-se que as características do
bioma são superficiais e insuficientes. E além de
não citar diversas informações pertinentes ao
Cerrado e de suma importância para a
conscientização dos alunos, o autor utiliza
vocabulário simplista com exemplos
impróprios, como quando diz que a vegetação é
“ananicada” e as folhas são “duras como
couro”. Isto é de fato inadequado ao processo de
ensino/aprendizagem, haja vista que o uso
adequado da terminologia científica está
estreitamente ligado ao processo de formação de
conceitos (KRASILCHIK, 2008) e assim, as
informações do livro B1 não satisfazem uma
aprendizagem adequada, demonstrando também
a pouca atenção dada ao bioma Cerrado.
Já os autores do livro B2 iniciam o
texto indicando o tamanho do bioma, em
conformidade com o livro base, superior a
2.000.000 km². Caracteriza o clima, o tipo de
solo e da vegetação predominante do Cerrado,
enfatizando peculiaridades desse ambiente,
como “raízes profundas e caules subterrâneos”.
Discorre, inclusive, da relação que esses
vegetais têm com o fogo, onde algumas espécies
“dependem dele para a reprodução e florescem
apenas após uma queimada”. E em seguida, os
autores citam diversas espécies da flora e da
fauna utilizando apenas os nomes populares. O
conteúdo é finalizado comentando sobre a ação
antrópica no bioma, o uso do solo para produção
de “cana-de-açúcar, soja e milho”, e sobre as
consequências da utilização indiscriminada do
Cerrado. Fala-se de recursos hídricos muito
sutilmente, apenas no trecho “as raízes longas
atingem as reservas de água subterrâneas”.
Durante todo o texto (livro B2)
percebe-se o uso de um vocabulário adequado
ao tipo de leitor, sem deixar de utilizar conceitos
científicos e informações valiosas para a
formação crítica dos alunos. Apesar de não
citar os nomes científicos das espécies
exemplificadas, os autores discorrem sobre
assuntos atuais e de muita relevância ambiental
para o bioma.
O texto do livro B3 inicia-se com as
características do bioma, seu tamanho,
temperaturas médias anuais, pluviosidade e
distancia do nível do mar, informações de
acordo às contidas no livro base. As próximas
informações foram apresentadas em subtópicos
do tipo: solo, vegetação, fogo e fauna do
Cerrado. No primeiro subtópico trata-se do solo
do Cerrado, os dados são atuais e bem
explicados. O segundo subtópico fala da
vegetação, no qual os autores informam sobre a
classificação de acordo o tipo de vegetação,
campo limpo, cerradão, campo sujo, campo
cerrado e cerrado, considerada apropriada, com
base na nomenclatura tradicional utilizada por
Oliveira-Filho e Ratter (2002 apud OLIVEIRA
e MARQUIS, 2002). No terceiro subtópico é
destacada a relação do Cerrado com o fogo, bem
como as adaptações que a maioria das espécies
vegetais possui para sobreviverem ao período de
queimadas. Enquanto que o último e menor
subtópico informam apenas algumas espécies
animais acompanhadas de seus nomes
populares.
Para finalizar, o conteúdo sobre o
bioma Cerrado, há um boxe no canto da página,
que segundo os próprios autores “ampliam ou
contextualizam o conteúdo”. Nele há
informações sobre a diversidade biológica
encontrada no Cerrado, da não utilização desses
recursos como fonte de renda, principalmente
das espécies vegetais. Tratam também da
ocupação antrópica, inserção de espécies que
não são nativas e da consequente degradação
desse ecossistema pelo seu uso indevido.
No texto do livro B4 os autores
caracterizam o bioma ao falar do tipo de
vegetação predominante, citando inclusive
algumas espécies com seus nomes populares e
científicos. O tipo de solo, clima, pluviosidade,
e também a influência que o fogo e todas essas
características têm sobre o tipo vegetação,
também foram explanados pelos autores. O
texto é finalizado indicando a importância que o
Cerrado possui tanto pela sua extensão
territorial, como pela enorme devastação que
vem sofrendo em detrimento da ação antrópica
para fins econômicos.
Os autores ainda citam a divisão do
bioma em “cerrado senso estrito, cerradão,
campos sujos etc”, devido à variação
fisionômica em cada região do Cerrado. Em
nenhum momento os autores falam sobre os
recursos hídricos, entretanto, o texto utilizado
para expor esse conteúdo foi muito bem
elaborado, com informações corretas e o uso de
vocabulário científico.
Com relação ao livro B5, os autores
iniciam o conteúdo demonstrando a distribuição
geográfica do bioma Cerrado e explica porque
este bioma é conhecido como “floresta de
cabeça para baixo”, justificado pelas raízes das
árvores abrangerem um espaço maior que suas
copas. Cita um termo científico,
“pseudoxeromorfismo” e explica seu
significado. Ao longo do texto, os autores
referem-se ao uso dos solos do Cerrado para o
cultivo de grãos e as consequências que essa
utilização indiscriminada tem trazido para o
bioma. Ao final da primeira página o autor traz
informações de uma fonte científica de
pesquisa, afirmando os riscos de
desaparecimento do Cerrado e as consequências
que isso traria, como suprimento de água, onde
conclui falando sobre o nascimento das
principais bacias de rios serem no Cerrado. O
conteúdo é finalizado com dados em números
sobre a fauna e flora do Cerrado e alguns
exemplos com nomes populares.
A linguagem utilizada neste livro (B5)
condiz com o público ao qual a obra é
destinada. Os dados informados são de muita
relevância, sendo perceptível que os autores dão
mais ênfase às questões de conservação do
bioma e não apenas à caracterização do mesmo,
o que acaba por legitimar mais a informação ao
trazer informações de uma fonte externa e
referenciar a fonte.
A partir dessas informações foi
possível perceber que o conteúdo sobre o bioma
Cerrado ganhou mais visibilidade ao longo dos
anos, muito provavelmente, devido aos
crescentes estudos dedicado a ele, decorrente da
sua exploração agrícola mais intensa. Como
consequência, os conteúdos que antes apenas
citavam as características mais superficiais do
bioma e apresentavam uma ou outra imagem,
normalmente da vegetação, deram lugar a textos
mais específicos e que não apenas informam as
características do Cerrado, mas também
discorrem sobre sua diversidade, a relação entre
os fatores bióticos e abióticos que favorecem
sua boa manutenção e as consequências do uso
irresponsável, principalmente do seu solo e dos
recursos biológicos. Percebe-se claramente
essas evidências ao comparar o livro B1, que é o
mais antigo, aos outros mais recentes.
Brasil (2011) remete a importância de
utilizar imagens no ensino de Biologia, pois
favorece a assimilação do conteúdo com a
realidade, além disso, o professor deve procurar
por propostas de trabalho que incluam os alunos
na produção dessas imagens, tanto para
enriquecer o conteúdo quanto para inserir os
alunos no desenvolvimento da aula. Diante
disso, o livro B5 se mostra atualizado, uma vez
que traz imagens do tipo de vegetação, da
localização do Cerrado e de espécies vegetais e
animais, favorecendo a visualização de
componentes pertencentes ao bioma. Entretanto,
o livro B4 ao ilustrar através de um gráfico a
distribuição de chuvas e temperaturas médias da
cidade de Goiânia-GO permite a conclusão de
que esses dados correspondem a todo o Cerrado
brasileiro. Contudo, o bioma abrange cerca 23%
do território brasileiro e considerando a
diversidade climática do país e a extensão desse
bioma, o livro B4 traz uma imagem que
contribui para uma formação equivocada sobre
o clima do Cerrado. Portanto, a imagem aqui
pode, portanto, contribuir positivamente ao
legitimar o texto ou pode permitir uma ideia
dúbia sobre o conteúdo ao contrapor-se ao que
está escrito no texto.
O reconhecimento do bioma Cerrado
afirmando sua importância tal qual a dos outros
biomas é de muita relevância para um ensino de
qualidade. Quando os autores não apenas o
caracteriza, mas também discorrem sobre suas
peculiaridades, a importância da sua
manutenção e do uso sustentável, agregam
valores ao bioma e transmitem informações que
serão adquiridas pelos alunos.
Ao compreender a realidade de um
bioma com suas características e sua
importância, os alunos criam um vínculo e
associam suas ações aos impactos no ambiente.
Bizzo (2007), em seu livro comenta que se deve
“reconhecer a real possibilidade de entender o
conhecimento científico e a sua importância na
formação dos nossos alunos, uma vez que ele
contribui efetivamente para a ampliação da
capacidade de compreensão e atuação no mundo
em que vivemos”.
Para Vasconcelos; Souto (2003, p. 93)
os:
“Livros de Ciências têm uma
função que os difere dos
demais – a aplicação do
método científico,
estimulando a análise de
fenômenos, o teste de
hipóteses e a formulação de
conclusões. [...] deve
propiciar ao aluno uma
compreensão científica,
filosófica e estética de sua
realidade oferecendo suporte
no processo de formação dos
indivíduos/cidadãos”.
É de fundamental importância que os
alunos tenham informações suficientes do
bioma no qual eles residem a fim de que eles
tenham o conhecimento necessário para serem
os agentes modificadores do ambiente. Além
disso, os conteúdos devem manter a fidelidade
com a realidade, pois segundo Bizzo (2007), “ao
tentar simplificar as informações, os materiais
didáticos acabam por distorcer os conceitos
científicos, dando algumas vezes a impressão de
que podem ser facilmente compreensíveis e
outras aumentando as dificuldades de
professores e alunos”.
No livro B3 observa-se a preocupação
em discorrer sobre o Cerrado com informações
de cunho científico, porém com clareza para o
aluno. Ao dividir em subtópicos o texto
reservado ao bioma, os autores facilitam a
compreensão sem deixar de lado os conceitos
necessários para que os alunos adquiram
informações legítimas e favoráveis à construção
do conhecimento científico.
Sobre os conteúdos, Brasil (2000)
afirma que:
A decisão sobre o quê e como
ensinar em Biologia, no
Ensino Médio, não se deve
estabelecer como uma lista de
tópicos em detrimento de
outra, por manutenção
tradicional, ou por inovação
arbitrária, mas sim de forma a
promover, no que compete à
Biologia, os objetivos
educacionais, estabelecidos
pela CNE/98 para a área de
Ciências da Natureza.
É evidente que os conteúdos dos livros
didáticos devem ser condizentes com as
necessidades dos alunos e cumprir o papel de
facilitador na transmissão de todas as
informações que garantem um ensino de
qualidade. Mas, seus conteúdos não podem ser
reduzidos a meras simplificações do
conhecimento científico, pois a utilização de
livros didáticos com conteúdos inadequados
causa deficiência no processo de ensino-
aprendizagem, além de formar alunos com
conhecimento inapropriado e distante da
realidade. Neste sentido, a adoção imprópria do
livro didático acarreta prejuízos no mínimo para
todo um ano letivo (KRASILCHIK, 2008).
Um dado relevante sobre o bioma que
chama a atenção dos alunos é quantidade de
espécies pertencentes ao Cerrado. O
levantamento faunístico e florístico de um
bioma revela a importância reservada pelos
pesquisadores a esse ambiente, paralelamente,
esse quantitativo desperta na comunidade um
cuidado maior no sentido de conservar essas
espécies. Nos livros B1, B2 e B4 os autores não
citam sobre a quantidade de espécies
pertencentes ao Cerrado, ocultando uma
informação essência para a formação do
conhecimento. Já os livros B3 e B5 discorrem
no texto a quantidade de espécies animais e
vegetais encontrados no bioma Cerrado.
Ao escolher um livro didático, o
professor tem que considerar alguns critérios,
como o modo apresentação e contextualização
dos conteúdos, a proposta pedagógica, o nível
de complexidade e as relações com o cotidiano
dos alunos (FRISON et al., 2009). Esses fatores
aliados à utilização de outros recursos
pedagógicos, para desenvolver as aulas,
proporcionarão um ensino mais eficiente. Isto
porque “nem um livro por melhor que seja deve
ser utilizado sem adaptações e
complementações” (LAJOLO, 1996, p. 8 apud
FRISON et al., 2009).
Os livros B2 e B3, por exemplo, são
passíveis de complementação, por possuírem
número reduzido de imagens sobre o Cerrado.
Ao utilizá-los o professor deve ter em mãos
outros materiais que auxiliem o ensino desse
conteúdo, a fim de que, mesmo fazendo uso de
um livro didático com número reduzido de
recursos visuais, o professor alcance os
objetivos propostos para o ensino do bioma
Cerrado.
É clara a ideia de que o livro didático é
um material de referência no ensino. É por meio
dele que o professor norteia suas aulas e
transfere aos alunos informações pertinentes a
formação profissional, crítica e cidadã.
Contudo, o professor deve sempre estar ciente
de que mesmo o conteúdo abranja todas as
informações cabíveis, que apresente imagens
suficientes e condizentes com a realidade, o
livro deve ser refutado, verificando a
transposição didática dos seus conteúdos,
comparando-os ao saber científico para
comprovar sua legitimidade.
Paralelamente ao que é incentivado
deve-se sempre buscar a comparação entre os
livros didáticos e os textos
acadêmicos/científicos, a fim de que o
conhecimento não esteja aquém das
necessidades sempre atuais dos alunos.
Oportunamente, nesse momento, o professor
deve exercer a transposição didática interna,
dando lugar à inserção dos saberes individuais
de cada aluno ao saber científico transposto nos
livros didáticos da Biologia e, dessa forma,
favorecer novos olhares sobre o mundo da vida
(VASCONCELOS et al., 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados fornecidos pela análise dos
livros mostram que ao longo dos anos, tanto o
número de páginas quanto o número de
imagens, sobre o bioma Cerrado, aumentaram.
No entanto, os livros produzidos na mesma
época e utilizados atualmente, B3, B4 e B5,
também apresentam diferenças, evidenciando
que mesmo na atualidade, ainda é possível
encontrar manuais de ensino com diferenças
relevantes nos conteúdos didáticos.
A elaboração do livro didático deve-se
primar por conteúdos simples. Todavia, ele não
deve ser pobre, ao contrário, os conteúdos
devem ser inseridos de forma clara e objetiva.
A adoção de livros didáticos com
conteúdos inadequados causa deficiência no
processo de ensino-aprendizagem, além de
formar alunos com conhecimento fragmentado e
distante da realidade. Portanto, a comparação
entre os livros didáticos e os textos
acadêmicos/científicos deve existir, a fim de que
o conhecimento não esteja aquém das
necessidades atuais dos alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABENSUR, E. B.; TERÁN, A. F. Transposição
didática: artigos científicos sobre Quelônios
amazônicos e seu uso em conteúdos Didáticos
para o ensino de ciências. Revista ARETÉ –
Revista Amazônica de Ensino de Ciências, v.2,
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______________________________________
1 Licenciada em Ciências Biológicas,
Universidade do Estado da Bahia
(UNEB/Campus IX), Rodovia BR 242 km 04,
CEP: 47800-000, Barreiras - BA,
2 Profa. Dra. Universidade do Estado da Bahia
(UNEB/Campus IX), Rodovia BR 242 km 04,
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Análise da transposição didático do conteúdo Cerrado

  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 18 - Número 2 - 2º Semestre 2018 ANÁLISE DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO CONTEÚDO BIOMA CERRADO Terezinha Santana de Oliveira1 ; Crisliane Aparecida Pereira dos Santos2 RESUMO O Livro Didático é o principal instrumento utilizado em sala de aula para transmitir o conhecimento aos alunos. Essa pesquisa tem como tema principal o bioma Cerrado, uma vez que é um bioma muito rico em biodiversidade e recursos, porém está sendo devastado tão rapidamente ao ponto de suas espécies serem extintas antes mesmo de serem conhecidas. A meta dessa pesquisa foi analisar os conteúdos sobre o bioma Cerrado, a fim de verificar se sua abordagem nos livros didáticos está em conformidade ao conhecimento acadêmico/científico encontrado em livros acadêmicos e em artigos científicos publicados. Finalizada a análise dos dados foi possível concluir que o bioma Cerrado ganhou mais visibilidade nos livros didáticos, porém mesmo os livros utilizados na mesma época possuem diferenças relevantes de conteúdo. Palavras-chave: Livro didático, cerrado, transposição didática. ANALYSIS OF THE DIDACTIC TRANSPOSITION OF THE CONTENT CERRADO BIOME ABSTRACT The textbook is the principal instrument used in the classroom to transmit knowledge to students. This research has as main theme the Cerrado biome, since it is a biome very rich in biodiversity and resources, however is being devastated just as quickly to the point where their species being extinct even before the meeting. The goal of this research was to analyze the contents of the Cerrado biome in order to verify its approach in the textbooks are in accordance to academic/scientific knowledge found in academic books and in published scientific articles. Completed data analysis it was possible to conclude that the Cerrado biome gained more visibility in the textbooks, but even the books used at the same time have content relevant differences. Keywords: Textbook, cerrado, didactic transposition. INTRODUÇÃO O Livro Didático (LD) é o principal instrumento utilizado em sala de aula para transmitir o conhecimento aos alunos. Dada a sua relevância e por ser ele na maioria dos casos o único manual utilizado pelo professor, como norteador do ensino, o estudo de como os conteúdos estão sendo apresentados nos LD é de muita importância, a fim de se verificar como se apresenta o conhecimento científico, haja vista ser a base do ensino, condição prévia para os demais conteúdos a que o professor se propõe a trabalhar (DOMINGUINI, 2008). O Cerrado é um bioma muito rico em biodiversidade e recursos, porém está sendo devastado tão rapidamente ao ponto de suas espécies serem extintas antes mesmo conhecê- las. Abrange mais de 23% do território 42
  • 2. brasileiro, sendo assim o segundo maior bioma do país (RIBEIRO e WALTER, 2008). Embora apresente uma biodiversidade rica em recursos animais, vegetais e hídricos, o mesmo está localizado na região central do Brasil, portanto, cenário de intensa ocupação humana, fator de alta pressão antrópica e de grande ameaça sobre a sua imensa riqueza natural. O rápido avanço da tecnologia agrícola instaurada nesse bioma, unido ao crescimento desordenado da população, fez do Cerrado uma das áreas primordiais para conservação dos seus recursos naturais e preservação das suas características intrínsecas (BEZERRA e SUESS, 2013). Nessa perspectiva, o conhecimento sobre o Cerrado, sua estrutura, o funcionamento de seus ecossistemas e os efeitos causados pelos impactos devem ser enfatizados pelos educadores, a fim de promover nos educandos um sentimento de pertencimento, tornando-os agentes modificadores. Para tanto o educador precisa possuir esse conhecimento e ter materiais didáticos capazes de contemplar esses assuntos (SIQUEIRA e SILVA, 2012). O LD, por ser um guia dos conteúdos a serem transmitidos em sala de aula, deveria contemplar assuntos pertinentes a cada região, principalmente sobre o bioma Cerrado, que é hoje reconhecido internacionalmente graças a sua biodiversidade e contribuição econômica (MYERS et al., 2000). É função do professor selecionar o melhor material disponível diante da sua realidade, a fim de que sua utilização contribua efetivamente para a oferta de informações corretas, condizentes com a realidade de seus alunos (BIZZO, 2007). O professor por meio do ensino pode oportunamente trabalhar conteúdos que permitam aos alunos entender e analisar o ambiente cultural onde vivem, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de sua comunidade. É papel também da Biologia promover a comunicação entre as escolas e a comunidade, permitindo aos alunos interferirem nos problemas que estejam vivendo e que fazem parte das suas realidades (KRASILCHIK, 2008). Dada à importância que os LD possuem em abranger conteúdos que contemplem a realidade, os mesmos devem passar por uma transformação, uma modificação para que deixe de ser científico e passe a ser didático, uma vez que todos os conteúdos expostos nos LD são de origem científica (ABENSUR e TÉRAN, 2009). A questão é: até onde esses conteúdos e/ou conceitos científicos são modificados para tornarem-se didáticos? Segundo Bizzo (2007) para aprender ciência é necessário saber alguns nomes, conhecer algumas classificações, deter a estrutura e a lógica de certos conhecimentos. O conhecimento científico é, portanto, necessário para que se compreenda o mundo e dê sentido a ele assim como a comunidade escolarizada o faz. Para tanto, ao ser ensinado em sala de aula, o conhecimento científico deve passar por um processo de modificação e, a esse processo, dá-se o nome de Transposição Didática, definida pelo matemático Chevallard (1991) como um processo adaptativo pelo qual o saber científico – sábio, necessita passar para que se transforme em saber didático – a ensinar. É por meio da transposição didática que o conhecimento científico e/ou acadêmico, detido pelos pesquisadores, alcança as salas de aula. Esse processo torna o saber mais didático, utilizando uma linguagem menos acadêmica, porém deve ocorrer sem excluir informações que são imprescindíveis para a boa qualidade do processo de ensino-aprendizagem. O saber ao passar pela transposição didática se torna mais compreensível para os alunos, uma vez que utiliza uma linguagem mais condizente com a realidade deles, possibilitando assim a assimilação dos conteúdos (CHEVALLARD, 1991; BATISTETI et al., 2010). Para melhor compreender os temas relacionados a essa pesquisa foram estruturadas seções que discorrem sobre cada um deles. Na primeira seção “Caracterização do Cerrado na literatura”, encontram-se informações sobre o Cerrado retiradas de textos acadêmicos e/ou científicos. Na segunda seção intitulada “O Cerrado no Livro Didático”, discutiu-se sobre a importância dos conteúdos de ciências para a formação dos alunos. Na última seção,
  • 3. “Transposição Didática”, analisou-se como ocorre o processo de modificação do conhecimento científico ao ser didatizado. Desta forma, o objetivo desse artigo é analisar se os conteúdos sobre o bioma Cerrado presentes nos livros didáticos estão de acordo com os estudos e as produções científicas, pois, durante o processo de transposição didática os conteúdos passam por modificações de tal forma que a simplificação destes pode torná-los incoerentes com a realidade, afastando-os dos seus conceitos originais. METODOLOGIA A abordagem desse estudo se configura como qualitativa, pois, avalia os conteúdos dos livros didáticos, a fim de verificar se esses condizem com o que é proposto pelos manuais de ensino. O método de pesquisa utilizado baseou-se, segundo Severino (2007), no levantamento de pesquisa bibliográfica a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, entre outros. Em outras palavras, o método se deu a partir da verificação das transformações ocorridas nos conceitos sobre o bioma Cerrado, dos textos acadêmicos e/ou científicos para os livros didáticos, a partir do fato de que o “saber sábio” - científico, necessita ser transformado para tornar-se “saber a ensinar”- didático, conforme a teoria da transposição didática. A coleta de dados se deu pela análise dos textos presentes em cinco livros didáticos de Biologia, que por questões éticas permaneceram em sigilo. A obtenção dos livros para análise foi feita de acordo a disponibilidade nas escolas da rede pública do município de Barreiras - Bahia. Utilizou-se como base comparativa para os conteúdos o livro “Cerrado: ecologia e flora”, v. 1, produzido pela Embrapa em 2008, e artigos sobre o Cerrado produzidos recentemente. Para facilitar a identificação dos exemplares designou-se uma legenda para cada livro analisado, a saber: B1, B2, B3, B4 e B5 (TABELA 1). Tabela 1: Legenda dos livros didáticos utilizados. Foram analisados os seguintes itens nos livros didáticos: quantidade de páginas reservadas ao conteúdo; quantidade de imagens ilustrativas; informações sobre fauna, flora, recursos hídricos, clima, solo, fogo e ações antrópica. Quanto à linguagem foi feita também a análise do vocabulário utilizado para transpor essas informações para o livro didático. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os livros didáticos de Biologia devem subsidiar as propostas do ensino dessa disciplina, bem como atender às exigências pedagógicas da educação brasileira, assim como das escolas, dos sistemas de ensino e as necessidades culturais e sociais dos alunos. Nesse sentido, a partir da análise dos livros didáticos foi possível verificar que os conteúdos presentes nos livros mais atuais contemplam em grande parte o bioma e que a evolução desses conteúdos refletem significativamente no ensino de Biologia. A análise dos conteúdos permitiu verificar que todos os livros compartilham de informações muito parecidas entre si, principalmente sobre o tipo de vegetação e o solo do Cerrado (TABELA 2). No entanto, essas informações não são apresentadas com a mesma intenção, ora citada apenas como característica do bioma, ora sendo enfatizada pela importância ecológica.
  • 4. Tabela 2: Dados coletados dos livros didáticos analisados. A respeito da análise das imagens e número de páginas, no livro B1, o texto dedicado ao conteúdo sobre o bioma Cerrado é mínimo, chegando a ocupar pouco mais da metade de uma folha entre duas páginas. Este livro apresenta apenas uma imagem representando uma espécie nativa com galhos tortuosos, onde não é citado o nome da espécie vegetal. No livro B2 o conteúdo é apresentado em uma página, sendo ilustrada, também, somente uma imagem de uma espécie vegetal, desprovida da identificação do nome dessa espécie (FIGURA 1). Figura 1: Imagens retiradas dos livros B1 e B2, sendo que: (A) Vista do Cerrado em Goiás, 1993; (B) Detalhe da vegetação do Cerrado nas proximidades de Brasília. Fonte: Livros B1; B2. Com relação ao livro B3, os autores dispensaram uma página e meia para o conteúdo sobre o bioma Cerrado. Sendo duas imagens, uma do mapa do Brasil evidenciado a distribuição geográfica do Cerrado e outra da vegetação (FIGURA 2). No livro B4 o conteúdo é discorrido em uma página inteira, onde foram colocadas também três imagens, uma ilustrando a fitofisionomia do bioma, outra com um gráfico da distribuição de chuvas e temperaturas médias e a seguinte representada por um mapa do Brasil, com demonstração da localização do Cerrado no território brasileiro (FIGURA 3). Figura 2: Imagens retiradas do livro B3, sendo: (A) Mapa de localização do Cerrado brasileiro; (B) Chapada dos Guimarães (MT), 2004. Fonte: Livro B3. Figura 3: Imagens retiradas do livro B4, sendo que: (C) Vegetação típica do Cerrado, na Chapada dos Veadeiros, Goiás 2005; (D) Gráfico da distribuição de chuvas e temperaturas médias ao longo de 2008, em Goiânia (GO) e, (E) Localização do Cerrado no território brasileiro. Fonte: Livro B4.
  • 5. No livro B5 o autor discorre o conteúdo em pouco menos que duas páginas. Das sete imagens utilizadas durante o conteúdo uma ilustra a fitofisionomia do Cerrado, outra é um desenho do mapa do Brasil destacando a área do Cerrado. Das outras cinco duas são de espécies vegetais, pequi e araticum, e as outras três de espécies animais, lobo-guará, tamanduá- bandeira e ema (FIGURA 4). . Figura 4: Imagens retiradas do livro B5, sendo que: (A) Vegetação do Cerrado; (B) Localização do Cerrado no território brasileiro; (C) Pequi; (D) Araticum, (E) Lobo- guará; (F) Tamanduá-bandeira e, (G) Ema. Fonte: Livro B5. A importância que é dada a determinado assunto em um livro didático pode ser medida, por exemplo, pelo número de páginas que o autor dedica a ele (CARLINI- COTRIM e ROSEMBERG, 1991). O livro B5 foi o que dispôs mais páginas para o conteúdo, em contrapartida ele também trouxe mais imagens, o que não deixa de ser relevante, pois “uma parcela significativa das informações em biologia é obtida por meio da observação direta dos organismos ou fenômenos ou por meio de observação de figuras, modelos etc.” (KRASILCHIK, 2008). Esse fator é refletido na aprendizagem dos alunos, na medida em que os professores utilizam os livros para prepararem suas aulas e também quando os alunos utilizam os manuais como material de consulta. São as imagens que garantem a existência de um fato, que segundo Belmiro (2000), aproveita a força de realidade própria da fotografia, ora para ampliar a consciência social do aluno, ora para uma aproximação mais fácil com um grupo de dados de informação considerados relevantes para o projeto pedagógico do livro. Os resultados mostraram a ausência dos nomes científicos das espécies apresentadas por todas as figuras, o que evidencia uma fragmentação da aprendizagem ao conteúdo pelos alunos, isto porque que as imagens e/ou ilustrações sem a devida explicação e referência no texto tendem a confundir o aluno (BEZERRA e SUESS, 2013), o que provoca um resultado negativo no processo de ensino/aprendizagem de Biologia. Nesta linha, observou-se que o livro B1, além de apresentar apenas uma imagem, não identifica qual a espécie vegetal da mesma. As imagens além de estarem relacionadas e citadas nos textos devem ser claras quanto à informação que querem transmitir, como por exemplo, as imagens das espécies vegetais e animais do livro B5, que trazem a escala tanto dos frutos como dos animais, isso facilita a apreensão da informação pelos alunos. No entanto, diversas espécies ilustradas nos livros didáticos não fazem parte da realidade de muitos alunos, o que reafirma a importância dessas imagens serem transmitidas com clareza e fidelidade à realidade. Com relação à análise dos conteúdos didáticos, o livro B1, ao caracterizar o bioma, fala sobre o clima, citando inclusive índices pluviométricos, e também do solo caracteristicamente pobre. No entanto, o autor trata minimamente sobre os recursos hídricos, citando apenas o trecho “... a água está disponível a partir de dois metros de profundidade” para compensar a informação de que “o solo é pobre em nutrientes”. O autor não exprime o tamanho do espaço geográfico do Cerrado, das suas espécies animais, das queimadas que anualmente ocorrem, tão pouco das ações antrópicas que vem afetando esse bioma há décadas. Mas, finaliza o texto usando- se do conceito “pseudoxeromorfismo” para indicar plantas com casca grossa, além de citar o nome popular de espécies vegetais nativas do Cerrado. Observa-se que as características do bioma são superficiais e insuficientes. E além de não citar diversas informações pertinentes ao Cerrado e de suma importância para a conscientização dos alunos, o autor utiliza
  • 6. vocabulário simplista com exemplos impróprios, como quando diz que a vegetação é “ananicada” e as folhas são “duras como couro”. Isto é de fato inadequado ao processo de ensino/aprendizagem, haja vista que o uso adequado da terminologia científica está estreitamente ligado ao processo de formação de conceitos (KRASILCHIK, 2008) e assim, as informações do livro B1 não satisfazem uma aprendizagem adequada, demonstrando também a pouca atenção dada ao bioma Cerrado. Já os autores do livro B2 iniciam o texto indicando o tamanho do bioma, em conformidade com o livro base, superior a 2.000.000 km². Caracteriza o clima, o tipo de solo e da vegetação predominante do Cerrado, enfatizando peculiaridades desse ambiente, como “raízes profundas e caules subterrâneos”. Discorre, inclusive, da relação que esses vegetais têm com o fogo, onde algumas espécies “dependem dele para a reprodução e florescem apenas após uma queimada”. E em seguida, os autores citam diversas espécies da flora e da fauna utilizando apenas os nomes populares. O conteúdo é finalizado comentando sobre a ação antrópica no bioma, o uso do solo para produção de “cana-de-açúcar, soja e milho”, e sobre as consequências da utilização indiscriminada do Cerrado. Fala-se de recursos hídricos muito sutilmente, apenas no trecho “as raízes longas atingem as reservas de água subterrâneas”. Durante todo o texto (livro B2) percebe-se o uso de um vocabulário adequado ao tipo de leitor, sem deixar de utilizar conceitos científicos e informações valiosas para a formação crítica dos alunos. Apesar de não citar os nomes científicos das espécies exemplificadas, os autores discorrem sobre assuntos atuais e de muita relevância ambiental para o bioma. O texto do livro B3 inicia-se com as características do bioma, seu tamanho, temperaturas médias anuais, pluviosidade e distancia do nível do mar, informações de acordo às contidas no livro base. As próximas informações foram apresentadas em subtópicos do tipo: solo, vegetação, fogo e fauna do Cerrado. No primeiro subtópico trata-se do solo do Cerrado, os dados são atuais e bem explicados. O segundo subtópico fala da vegetação, no qual os autores informam sobre a classificação de acordo o tipo de vegetação, campo limpo, cerradão, campo sujo, campo cerrado e cerrado, considerada apropriada, com base na nomenclatura tradicional utilizada por Oliveira-Filho e Ratter (2002 apud OLIVEIRA e MARQUIS, 2002). No terceiro subtópico é destacada a relação do Cerrado com o fogo, bem como as adaptações que a maioria das espécies vegetais possui para sobreviverem ao período de queimadas. Enquanto que o último e menor subtópico informam apenas algumas espécies animais acompanhadas de seus nomes populares. Para finalizar, o conteúdo sobre o bioma Cerrado, há um boxe no canto da página, que segundo os próprios autores “ampliam ou contextualizam o conteúdo”. Nele há informações sobre a diversidade biológica encontrada no Cerrado, da não utilização desses recursos como fonte de renda, principalmente das espécies vegetais. Tratam também da ocupação antrópica, inserção de espécies que não são nativas e da consequente degradação desse ecossistema pelo seu uso indevido. No texto do livro B4 os autores caracterizam o bioma ao falar do tipo de vegetação predominante, citando inclusive algumas espécies com seus nomes populares e científicos. O tipo de solo, clima, pluviosidade, e também a influência que o fogo e todas essas características têm sobre o tipo vegetação, também foram explanados pelos autores. O texto é finalizado indicando a importância que o Cerrado possui tanto pela sua extensão territorial, como pela enorme devastação que vem sofrendo em detrimento da ação antrópica para fins econômicos. Os autores ainda citam a divisão do bioma em “cerrado senso estrito, cerradão, campos sujos etc”, devido à variação fisionômica em cada região do Cerrado. Em nenhum momento os autores falam sobre os recursos hídricos, entretanto, o texto utilizado para expor esse conteúdo foi muito bem elaborado, com informações corretas e o uso de vocabulário científico. Com relação ao livro B5, os autores iniciam o conteúdo demonstrando a distribuição geográfica do bioma Cerrado e explica porque
  • 7. este bioma é conhecido como “floresta de cabeça para baixo”, justificado pelas raízes das árvores abrangerem um espaço maior que suas copas. Cita um termo científico, “pseudoxeromorfismo” e explica seu significado. Ao longo do texto, os autores referem-se ao uso dos solos do Cerrado para o cultivo de grãos e as consequências que essa utilização indiscriminada tem trazido para o bioma. Ao final da primeira página o autor traz informações de uma fonte científica de pesquisa, afirmando os riscos de desaparecimento do Cerrado e as consequências que isso traria, como suprimento de água, onde conclui falando sobre o nascimento das principais bacias de rios serem no Cerrado. O conteúdo é finalizado com dados em números sobre a fauna e flora do Cerrado e alguns exemplos com nomes populares. A linguagem utilizada neste livro (B5) condiz com o público ao qual a obra é destinada. Os dados informados são de muita relevância, sendo perceptível que os autores dão mais ênfase às questões de conservação do bioma e não apenas à caracterização do mesmo, o que acaba por legitimar mais a informação ao trazer informações de uma fonte externa e referenciar a fonte. A partir dessas informações foi possível perceber que o conteúdo sobre o bioma Cerrado ganhou mais visibilidade ao longo dos anos, muito provavelmente, devido aos crescentes estudos dedicado a ele, decorrente da sua exploração agrícola mais intensa. Como consequência, os conteúdos que antes apenas citavam as características mais superficiais do bioma e apresentavam uma ou outra imagem, normalmente da vegetação, deram lugar a textos mais específicos e que não apenas informam as características do Cerrado, mas também discorrem sobre sua diversidade, a relação entre os fatores bióticos e abióticos que favorecem sua boa manutenção e as consequências do uso irresponsável, principalmente do seu solo e dos recursos biológicos. Percebe-se claramente essas evidências ao comparar o livro B1, que é o mais antigo, aos outros mais recentes. Brasil (2011) remete a importância de utilizar imagens no ensino de Biologia, pois favorece a assimilação do conteúdo com a realidade, além disso, o professor deve procurar por propostas de trabalho que incluam os alunos na produção dessas imagens, tanto para enriquecer o conteúdo quanto para inserir os alunos no desenvolvimento da aula. Diante disso, o livro B5 se mostra atualizado, uma vez que traz imagens do tipo de vegetação, da localização do Cerrado e de espécies vegetais e animais, favorecendo a visualização de componentes pertencentes ao bioma. Entretanto, o livro B4 ao ilustrar através de um gráfico a distribuição de chuvas e temperaturas médias da cidade de Goiânia-GO permite a conclusão de que esses dados correspondem a todo o Cerrado brasileiro. Contudo, o bioma abrange cerca 23% do território brasileiro e considerando a diversidade climática do país e a extensão desse bioma, o livro B4 traz uma imagem que contribui para uma formação equivocada sobre o clima do Cerrado. Portanto, a imagem aqui pode, portanto, contribuir positivamente ao legitimar o texto ou pode permitir uma ideia dúbia sobre o conteúdo ao contrapor-se ao que está escrito no texto. O reconhecimento do bioma Cerrado afirmando sua importância tal qual a dos outros biomas é de muita relevância para um ensino de qualidade. Quando os autores não apenas o caracteriza, mas também discorrem sobre suas peculiaridades, a importância da sua manutenção e do uso sustentável, agregam valores ao bioma e transmitem informações que serão adquiridas pelos alunos. Ao compreender a realidade de um bioma com suas características e sua importância, os alunos criam um vínculo e associam suas ações aos impactos no ambiente. Bizzo (2007), em seu livro comenta que se deve “reconhecer a real possibilidade de entender o conhecimento científico e a sua importância na formação dos nossos alunos, uma vez que ele contribui efetivamente para a ampliação da capacidade de compreensão e atuação no mundo em que vivemos”. Para Vasconcelos; Souto (2003, p. 93) os: “Livros de Ciências têm uma função que os difere dos demais – a aplicação do
  • 8. método científico, estimulando a análise de fenômenos, o teste de hipóteses e a formulação de conclusões. [...] deve propiciar ao aluno uma compreensão científica, filosófica e estética de sua realidade oferecendo suporte no processo de formação dos indivíduos/cidadãos”. É de fundamental importância que os alunos tenham informações suficientes do bioma no qual eles residem a fim de que eles tenham o conhecimento necessário para serem os agentes modificadores do ambiente. Além disso, os conteúdos devem manter a fidelidade com a realidade, pois segundo Bizzo (2007), “ao tentar simplificar as informações, os materiais didáticos acabam por distorcer os conceitos científicos, dando algumas vezes a impressão de que podem ser facilmente compreensíveis e outras aumentando as dificuldades de professores e alunos”. No livro B3 observa-se a preocupação em discorrer sobre o Cerrado com informações de cunho científico, porém com clareza para o aluno. Ao dividir em subtópicos o texto reservado ao bioma, os autores facilitam a compreensão sem deixar de lado os conceitos necessários para que os alunos adquiram informações legítimas e favoráveis à construção do conhecimento científico. Sobre os conteúdos, Brasil (2000) afirma que: A decisão sobre o quê e como ensinar em Biologia, no Ensino Médio, não se deve estabelecer como uma lista de tópicos em detrimento de outra, por manutenção tradicional, ou por inovação arbitrária, mas sim de forma a promover, no que compete à Biologia, os objetivos educacionais, estabelecidos pela CNE/98 para a área de Ciências da Natureza. É evidente que os conteúdos dos livros didáticos devem ser condizentes com as necessidades dos alunos e cumprir o papel de facilitador na transmissão de todas as informações que garantem um ensino de qualidade. Mas, seus conteúdos não podem ser reduzidos a meras simplificações do conhecimento científico, pois a utilização de livros didáticos com conteúdos inadequados causa deficiência no processo de ensino- aprendizagem, além de formar alunos com conhecimento inapropriado e distante da realidade. Neste sentido, a adoção imprópria do livro didático acarreta prejuízos no mínimo para todo um ano letivo (KRASILCHIK, 2008). Um dado relevante sobre o bioma que chama a atenção dos alunos é quantidade de espécies pertencentes ao Cerrado. O levantamento faunístico e florístico de um bioma revela a importância reservada pelos pesquisadores a esse ambiente, paralelamente, esse quantitativo desperta na comunidade um cuidado maior no sentido de conservar essas espécies. Nos livros B1, B2 e B4 os autores não citam sobre a quantidade de espécies pertencentes ao Cerrado, ocultando uma informação essência para a formação do conhecimento. Já os livros B3 e B5 discorrem no texto a quantidade de espécies animais e vegetais encontrados no bioma Cerrado. Ao escolher um livro didático, o professor tem que considerar alguns critérios, como o modo apresentação e contextualização dos conteúdos, a proposta pedagógica, o nível de complexidade e as relações com o cotidiano dos alunos (FRISON et al., 2009). Esses fatores aliados à utilização de outros recursos pedagógicos, para desenvolver as aulas, proporcionarão um ensino mais eficiente. Isto porque “nem um livro por melhor que seja deve ser utilizado sem adaptações e complementações” (LAJOLO, 1996, p. 8 apud FRISON et al., 2009). Os livros B2 e B3, por exemplo, são passíveis de complementação, por possuírem número reduzido de imagens sobre o Cerrado. Ao utilizá-los o professor deve ter em mãos outros materiais que auxiliem o ensino desse conteúdo, a fim de que, mesmo fazendo uso de um livro didático com número reduzido de
  • 9. recursos visuais, o professor alcance os objetivos propostos para o ensino do bioma Cerrado. É clara a ideia de que o livro didático é um material de referência no ensino. É por meio dele que o professor norteia suas aulas e transfere aos alunos informações pertinentes a formação profissional, crítica e cidadã. Contudo, o professor deve sempre estar ciente de que mesmo o conteúdo abranja todas as informações cabíveis, que apresente imagens suficientes e condizentes com a realidade, o livro deve ser refutado, verificando a transposição didática dos seus conteúdos, comparando-os ao saber científico para comprovar sua legitimidade. Paralelamente ao que é incentivado deve-se sempre buscar a comparação entre os livros didáticos e os textos acadêmicos/científicos, a fim de que o conhecimento não esteja aquém das necessidades sempre atuais dos alunos. Oportunamente, nesse momento, o professor deve exercer a transposição didática interna, dando lugar à inserção dos saberes individuais de cada aluno ao saber científico transposto nos livros didáticos da Biologia e, dessa forma, favorecer novos olhares sobre o mundo da vida (VASCONCELOS et al., 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados fornecidos pela análise dos livros mostram que ao longo dos anos, tanto o número de páginas quanto o número de imagens, sobre o bioma Cerrado, aumentaram. No entanto, os livros produzidos na mesma época e utilizados atualmente, B3, B4 e B5, também apresentam diferenças, evidenciando que mesmo na atualidade, ainda é possível encontrar manuais de ensino com diferenças relevantes nos conteúdos didáticos. A elaboração do livro didático deve-se primar por conteúdos simples. Todavia, ele não deve ser pobre, ao contrário, os conteúdos devem ser inseridos de forma clara e objetiva. A adoção de livros didáticos com conteúdos inadequados causa deficiência no processo de ensino-aprendizagem, além de formar alunos com conhecimento fragmentado e distante da realidade. Portanto, a comparação entre os livros didáticos e os textos acadêmicos/científicos deve existir, a fim de que o conhecimento não esteja aquém das necessidades atuais dos alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABENSUR, E. B.; TERÁN, A. F. Transposição didática: artigos científicos sobre Quelônios amazônicos e seu uso em conteúdos Didáticos para o ensino de ciências. Revista ARETÉ – Revista Amazônica de Ensino de Ciências, v.2, n.3, p.61-65, 2009. BATISTETI, C. B.; ARAUJO, E. S. N. N.; CALUZI, J. J. Os experimentos de griffith no ensino de biologia: a transposição didática do conceito de transformação nos livros didáticos. Revista Ensaio, v.12, n.1, p.83-100, 2010. BELMIRO, C. A. A imagem e suas formas de visualidade nos livros didáticos de Português. Educação & Sociedade, n. 72, p.11-31, 2000. BEZERRA, R. G.; SUESS, R. C. 2013. Abordagem do bioma cerrado em livros didáticos de biologia do ensino médio. Holos, v.1, p.233-242, 2013. BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil. 2ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 2007. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2000. _____________. Secretaria de Educação Básica. Guia de livros didáticos: PNLD 2012: Biologia. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011. CARLINI-COTRIM, B.; ROSEMBERG, F. Os livros didáticos e o ensino para a saúde: o caso das drogas psicotrópicas. Revista de Saúde Pública, v. 25, n. 4, p. 299-305, 1991.
  • 10. CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Buenos Aires: Aique, 1991. DOMINGUINI, L. A transposição didática como intermediadora entre o conhecimento científico e o conhecimento escola. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, v. 7, n. 2, p. 1-16, 2008. KRASILCHIK, M. Práticas de ensino de biologia. 4ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. LAJOLO, M. Livro didático: um (quase) manual de usuário. In: FRISON, M. D.; VIANA, J.; CHAVES, J. M.; BERNARDI, F. N. 2009. Livro didático como instrumento de apoio para construção de propostas de ensino de ciências naturais. In: VII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS., 2009, Florianópolis. Anais...Florianópolis, 2009. MYERS, N.; MITTERMEYER, C. G.; FONSECA, G. A.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p.853-858, 2000. OLIVEIRA-FILHO, A. T.; RATTER, J. A. Vegetation physiognomies and wood flora of the Cerrado biome. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. The cerrados of Brazil: ecology and natural history of a Neotropical savanna. New York: Columbia University, 2002. p.91-120. RIBEIRO, J. F.; WALTER, B.M.T. As principais fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. CERRADO: ecologia e flora. Distrito Federal: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. p.87-166. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2007. SIQUEIRA, D. C. B.; SILVA, M. A. A representação do cerrado nos livros didáticos na rede pública do estado de Goiás. Educativa, v. 15, n. 1, p. 131-142, 2012. VASCONCELOS, D. C.; ARAÚJO, M. L. F.; FRANÇA, T. L. Livro didático de biologia na apreensão do mundo da vida. Revista Didática Sistêmica, v.10, p.115-131, 2009. VASCONCELOS, S. D.; SOUTO, E. O livro didático de Ciências no ensino fundamental – proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico. Ciência & Educação, v.9, n.1, p. 93- 104, 2003. ______________________________________ 1 Licenciada em Ciências Biológicas, Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus IX), Rodovia BR 242 km 04, CEP: 47800-000, Barreiras - BA, 2 Profa. Dra. Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus IX), Rodovia BR 242 km 04, CEP: 47800-000, Barreiras - BA, crispereira@uneb.br; crislianeaparecida@homail.com 51