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Resenha  Crítica  –  Design  centrado no usuário de sistemas de suporte
à decisão
SMITH,  Philip  J.;  GEDDES  Norman  D.;  BEATTY,  Roger.  Human­Centered  Design  of
Decision­Support  Systems,  Human­Computer  Interaction  Handbook (PP. 573­602). 2nd ed.
Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, JACKO, J and SEARS, A (2007)
1. A obra

Human­Computer  Interaction  Handbook  é  uma  coletânea  de  artigos  que  trata  de
temas  relativos  à   interação  humano­computador.  Esta  resenha  tratará  do  capítulo  29,  cujo
foco  está  no  design  centrado  no  usuário  relativo ao processo de desenvolvimento de sistemas
de  suporte  à  decisão,  que  está  sob  a  responsabilidade  de  três  autores:  Philip  Smith,  da
Universidade  de  Ohio,  Norman  D.  Geddes  da  Applied  Systems  Intelligence,  Incorporated  e
Roger Beatty, da American Airlines.
Além  da  introdução,  conclusão  e  referências,  o  artigo  é  dividido  em  três  partes
principais,  onde  são  destacadas  abordagens  para  o  design,  desempenho  humano  nas  tarefas
de tomada de decisão e estudos de caso.
Logo  na  introdução  os  autores  deixam clara a intenção de mostrar que os  sistemas de
computadores  podem  ajudar  pessoas  de  diversas  áreas  de  atuação   na  tomada  de  decisões
utilizando  inteligência  artificial.  Por  isso,  sistemas  com  essa  finalidade  são  tratados  como
sistemas  de  suporte  (ou  apoio)  à  decisão.  Os  autores  fazem  breve  resumo  do  que   o  capítulo
tratará:  métodos  de projeto com  ênfase no valor de cenários, casos de uso e análise de tarefas
com  um  olhar  cognitivo  visando  orientar  o  desenvolvimento  de  sistemas  de suporte à decisão
utilizando design de interação e interface eficientes.
No  decorrer  do  texto,  os  autores  destacam  a  influência  dos  sistemas  de  suporte   à
decisão  na ampliação do desempenho humano nas suas tarefas quando desenvolvidos  levando
em  consideração  mais  do  que  apenas  a  capacidade  do  usuário  e  do  software:  de  forma  a
aproveitar  os  processos  cognitivos  do  usuário,  funcionalidades  do  sistema  computacional  e  o
todo o contexto associado à tarefa que será realizada.
É  destacado  o  impacto  causado  pela  interação  do  humano  com  o  sistema
computacional  e  que,  à  medida  que  a  interação  existe,  o  software,  o  designer  e  o  usuário
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influenciam  uns  aos  outros  de  forma  a  resolver  problemas  da  tomada  de  decisão
colaborativamente, permitindo, até mesmo que o resultado seja uma cooperação entre agentes
que estão física ou temporalmente separados.
Na  primeira  parte do capítulo os autores tratam da necessidade do trabalho de análise
da  tarefa   com  uma  abordagem  para  o  design.  Segundo  os  autores  essa  fase  do
desenvolvimento  de  sistemas  de  suporte  à  decisão  ajuda  a  entender  quais   são  os  objetivos  a
alcançar e delimitar o contexto de uso do produto.
Nesta  fase  é  sublinhada  a  importância  de  técnicas  e  artefatos  como  definição  de
personas,  cenários  e  casos  de  uso.  Nesse  sentido  os  autores  argumentam  que  estes  são
importantes,  pois  ajudam  a  enquadrar  tarefas  cognitivas,  descrições e  previsões a respeito do
fluxo de interação que se seguirá com a inserção do sistema de suporte à decisão.
São  citados  alguns  modelos  de  análise  para  definir  o  problema  de  design  que  o
sistema  de  apoio  à  decisão  se  propõe  a resolver, como o modelo GOMS (Goals, Operators,
Methods  and  Selection  rules),  que  considera  que  os  usuários  agem  de  forma  racional  para
conseguir  alcançar  suas  metas  em  determinada  tarefa  por  meio  da  interação.  Também  é
descrito  o  método  de  Lewis  e  Wharton  para  Cognitive  Walkthrough.  Este  último  visa
selecionar o contexto de uso que será utilizado para uma avaliação.
Durante  o  texto  a  análise  da  tarefa  ou  da  meta  que  se  deseja  atingir  é  tida  como
essencial  para  o  desenvolvimento  de  sistemas  de  apoio  à  decisão.  Segundo  é  destacado,  a
análise  pode  identificar  pontos  críticos  e  relevantes  para   que  haja  aceitação  e  eficácia  no uso
do produto.
Na  parte  do  texto  relativa  ao  desempenho  humano  nas  tarefas  de tomada de decisão
são  levantados  pontos  como  a  motivação  humana  no  desenvolvimento  da  tarefa  e  o
consequente  uso  do  software.  Esse  fator,  segundo  os  autores,  citando  referências,  influencia
diretamente   no   desempenho  do  produto.  Pontos  como  aumento  da eficiência, diminuição dos
custos  ou  do  tempo  para  a  realização  da  tarefa  influenciam  na  aceitação.  É  sugerido  que  o
processo  de análise  com abordagem de design deve identificar áreas do processo que possam
ser  melhoradas.  Se  a  tarefa não é realizada com eficiência e o fator de redução de erros, aqui,
utilizando  Norman  como  referência,  não  é  reduzido,  há  problemas  de  design  no  software  de
apoio à decisão.
Os  autores  citam  a  importância  de  confirmação  de  hipóteses  através  de  coleção  e
3

análise  de  dados  confiáveis.  Se  a  coleta  de  dados  é  falha ou a  interpretação é tendenciosa há
possibilidade  de  falsa  confirmação  de  uma  hipótese  inicial  de  um  ou  mais  envolvidos  no
projeto que não esteja baseada nas reais necessidades do usuário.
A  obra  comenta  que  o  conhecimento  do  usuário  não  deve  ser  descartado  e  que  as
soluções  de  design  devem  considerar  as  habilidades,  capacidade   e  conhecimento  dos
humanos,  enquanto  o  sistema  age  como  suporte  para  aumentar  o  seu  desempenho.  Este
argumento  é  exemplificado  com  o  planejamento  de  um  voo  comercial,  abordando  que
sozinho,  o  sistema  não  poderia  tomar  decisões  importantes.  Se  o  conhecimento  do  usuário
não  for  levado  em  consideração,  os  autores  fazem  o  alerta  de  que  isso  pode  ter
consequências  negativas  como  a  redução  de  confiança  e  aceitação  do  sistema.  Os  autores
citam  a  referência  de  Guerlain,  onde  a polarização do modelo cognitivo num sistema de apoio
à  decisão  de  cuidados  em  saúde  pode  trazer  diagnósticos  incorretos,   levando  a  uma
probabilidade 31% maior de falha no resultado.
Os  autores  citam  que  para  haver  aproveitamento  da  perícia  humana  no  fluxo  do
sistema  de  suporte  à  decisão  designers  precisam  ter  conhecimento  de  como  e  quando  as
pessoas  envolvidas  na  geração  das  alternativas  e  processos  de  seleção  inerentes  a  tarefa
agem.  O  texto  destaca que é preciso considerar como o funcionamento do sistema de suporte
a  decisão  deve  ser  integrado  dentro  dos  processos  decisórios  do  usuário,  reduzindo  a  carga
mental excessiva.
O  capítulo  trata   heurísticas  e  métodos  de  pesquisa  como  auxiliares  no
desenvolvimento de softwares de suporte à decisão.
Os  estudos  de  caso  citados  no  capítulo  visam  corroborar  o  estudo  dos  autores,  que
concluem  enfatizando  a  necessidade  de  se  ter  uma  perspectiva  mais  ampla  de  sistemas  de
apoio  à  decisão  em  um  ambiente  de  trabalho  através  de  análise  como  parâmetro  de
concepção   em  alto  nível,  oferecendo  oportunidades  para  incorporar  esses  sistemas  como
alternativas eficazes de forma ampla em diversos segmentos de negócio.
2. Conclusão
A  obra  fornece  preceitos  importantes  para  o  desenvolvimento de sistemas de  suporte
à  decisão  com  um  design  de  interação  eficaz.  Destaca  pontos  fortes  de  fazer  uma  análise   da
tarefa em colaboração com o usuário por observa­lo no seu ambiente de trabalho e interpretar
4

os  dados  coletados  com  foco  em   eficiência  e  redução  de   erros,  lembrando  a necessidade de
respeitar o modelo mental do usuário.
As  referências  citadas  deixam  claras  as  implicações   de  desconsiderar  o  processo  de
análise  e  deixar   de  observar  que  a inclusão de um sistema de suporte à decisão modifica todo
o  fluxo  da  tarefa  do  usuário,  mostrando  que  o  foco  do  projeto  de  software  de  suporte  à
decisão não deve se concentrar na expectativa de ampliar o desempenho do humano por meio
da  mudança  do  seu  comportamento  e  modelo  mental. Mas sim que essa implementação deve
ser um importante auxílio na redução de erros humanos, aumentando a sua expertise.
Embora  o  artigo  tenha  um  foco  maior  em  modelos  aeronáuticos,  provavelmente   pela
influência  do  autor  que  faz  parte  da  American  Airlines,  é possível aplicar os conceitos citados
em áreas como saúde e engenharia, entre outras, utilizando os mesmos métodos citados.
Os  pontos  levantados  podem  auxiliar  equipes  multidisciplinares  a  realizar  um trabalho
cooperativo  com  o  intuito  de  desenvolver  e  implementar  softwares  com  ampla  aceitação  no
suporte à decisão.

Priscila  Siqueira  de  Alcântara  ­  Tecnóloga  em  Marketing  e  propaganda, designer de
interação na MV Sistemas e especializanda pelo CESAR.Edu
Recife, 2012

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  • 1. 1 Resenha  Crítica  –  Design  centrado no usuário de sistemas de suporte à decisão SMITH,  Philip  J.;  GEDDES  Norman  D.;  BEATTY,  Roger.  Human­Centered  Design  of Decision­Support  Systems,  Human­Computer  Interaction  Handbook (PP. 573­602). 2nd ed. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, JACKO, J and SEARS, A (2007) 1. A obra Human­Computer  Interaction  Handbook  é  uma  coletânea  de  artigos  que  trata  de temas  relativos  à   interação  humano­computador.  Esta  resenha  tratará  do  capítulo  29,  cujo foco  está  no  design  centrado  no  usuário  relativo ao processo de desenvolvimento de sistemas de  suporte  à  decisão,  que  está  sob  a  responsabilidade  de  três  autores:  Philip  Smith,  da Universidade  de  Ohio,  Norman  D.  Geddes  da  Applied  Systems  Intelligence,  Incorporated  e Roger Beatty, da American Airlines. Além  da  introdução,  conclusão  e  referências,  o  artigo  é  dividido  em  três  partes principais,  onde  são  destacadas  abordagens  para  o  design,  desempenho  humano  nas  tarefas de tomada de decisão e estudos de caso. Logo  na  introdução  os  autores  deixam clara a intenção de mostrar que os  sistemas de computadores  podem  ajudar  pessoas  de  diversas  áreas  de  atuação   na  tomada  de  decisões utilizando  inteligência  artificial.  Por  isso,  sistemas  com  essa  finalidade  são  tratados  como sistemas  de  suporte  (ou  apoio)  à  decisão.  Os  autores  fazem  breve  resumo  do  que   o  capítulo tratará:  métodos  de projeto com  ênfase no valor de cenários, casos de uso e análise de tarefas com  um  olhar  cognitivo  visando  orientar  o  desenvolvimento  de  sistemas  de suporte à decisão utilizando design de interação e interface eficientes. No  decorrer  do  texto,  os  autores  destacam  a  influência  dos  sistemas  de  suporte   à decisão  na ampliação do desempenho humano nas suas tarefas quando desenvolvidos  levando em  consideração  mais  do  que  apenas  a  capacidade  do  usuário  e  do  software:  de  forma  a aproveitar  os  processos  cognitivos  do  usuário,  funcionalidades  do  sistema  computacional  e  o todo o contexto associado à tarefa que será realizada. É  destacado  o  impacto  causado  pela  interação  do  humano  com  o  sistema computacional  e  que,  à  medida  que  a  interação  existe,  o  software,  o  designer  e  o  usuário
  • 2. 2 influenciam  uns  aos  outros  de  forma  a  resolver  problemas  da  tomada  de  decisão colaborativamente, permitindo, até mesmo que o resultado seja uma cooperação entre agentes que estão física ou temporalmente separados. Na  primeira  parte do capítulo os autores tratam da necessidade do trabalho de análise da  tarefa   com  uma  abordagem  para  o  design.  Segundo  os  autores  essa  fase  do desenvolvimento  de  sistemas  de  suporte  à  decisão  ajuda  a  entender  quais   são  os  objetivos  a alcançar e delimitar o contexto de uso do produto. Nesta  fase  é  sublinhada  a  importância  de  técnicas  e  artefatos  como  definição  de personas,  cenários  e  casos  de  uso.  Nesse  sentido  os  autores  argumentam  que  estes  são importantes,  pois  ajudam  a  enquadrar  tarefas  cognitivas,  descrições e  previsões a respeito do fluxo de interação que se seguirá com a inserção do sistema de suporte à decisão. São  citados  alguns  modelos  de  análise  para  definir  o  problema  de  design  que  o sistema  de  apoio  à  decisão  se  propõe  a resolver, como o modelo GOMS (Goals, Operators, Methods  and  Selection  rules),  que  considera  que  os  usuários  agem  de  forma  racional  para conseguir  alcançar  suas  metas  em  determinada  tarefa  por  meio  da  interação.  Também  é descrito  o  método  de  Lewis  e  Wharton  para  Cognitive  Walkthrough.  Este  último  visa selecionar o contexto de uso que será utilizado para uma avaliação. Durante  o  texto  a  análise  da  tarefa  ou  da  meta  que  se  deseja  atingir  é  tida  como essencial  para  o  desenvolvimento  de  sistemas  de  apoio  à  decisão.  Segundo  é  destacado,  a análise  pode  identificar  pontos  críticos  e  relevantes  para   que  haja  aceitação  e  eficácia  no uso do produto. Na  parte  do  texto  relativa  ao  desempenho  humano  nas  tarefas  de tomada de decisão são  levantados  pontos  como  a  motivação  humana  no  desenvolvimento  da  tarefa  e  o consequente  uso  do  software.  Esse  fator,  segundo  os  autores,  citando  referências,  influencia diretamente   no   desempenho  do  produto.  Pontos  como  aumento  da eficiência, diminuição dos custos  ou  do  tempo  para  a  realização  da  tarefa  influenciam  na  aceitação.  É  sugerido  que  o processo  de análise  com abordagem de design deve identificar áreas do processo que possam ser  melhoradas.  Se  a  tarefa não é realizada com eficiência e o fator de redução de erros, aqui, utilizando  Norman  como  referência,  não  é  reduzido,  há  problemas  de  design  no  software  de apoio à decisão. Os  autores  citam  a  importância  de  confirmação  de  hipóteses  através  de  coleção  e
  • 3. 3 análise  de  dados  confiáveis.  Se  a  coleta  de  dados  é  falha ou a  interpretação é tendenciosa há possibilidade  de  falsa  confirmação  de  uma  hipótese  inicial  de  um  ou  mais  envolvidos  no projeto que não esteja baseada nas reais necessidades do usuário. A  obra  comenta  que  o  conhecimento  do  usuário  não  deve  ser  descartado  e  que  as soluções  de  design  devem  considerar  as  habilidades,  capacidade   e  conhecimento  dos humanos,  enquanto  o  sistema  age  como  suporte  para  aumentar  o  seu  desempenho.  Este argumento  é  exemplificado  com  o  planejamento  de  um  voo  comercial,  abordando  que sozinho,  o  sistema  não  poderia  tomar  decisões  importantes.  Se  o  conhecimento  do  usuário não  for  levado  em  consideração,  os  autores  fazem  o  alerta  de  que  isso  pode  ter consequências  negativas  como  a  redução  de  confiança  e  aceitação  do  sistema.  Os  autores citam  a  referência  de  Guerlain,  onde  a polarização do modelo cognitivo num sistema de apoio à  decisão  de  cuidados  em  saúde  pode  trazer  diagnósticos  incorretos,   levando  a  uma probabilidade 31% maior de falha no resultado. Os  autores  citam  que  para  haver  aproveitamento  da  perícia  humana  no  fluxo  do sistema  de  suporte  à  decisão  designers  precisam  ter  conhecimento  de  como  e  quando  as pessoas  envolvidas  na  geração  das  alternativas  e  processos  de  seleção  inerentes  a  tarefa agem.  O  texto  destaca que é preciso considerar como o funcionamento do sistema de suporte a  decisão  deve  ser  integrado  dentro  dos  processos  decisórios  do  usuário,  reduzindo  a  carga mental excessiva. O  capítulo  trata   heurísticas  e  métodos  de  pesquisa  como  auxiliares  no desenvolvimento de softwares de suporte à decisão. Os  estudos  de  caso  citados  no  capítulo  visam  corroborar  o  estudo  dos  autores,  que concluem  enfatizando  a  necessidade  de  se  ter  uma  perspectiva  mais  ampla  de  sistemas  de apoio  à  decisão  em  um  ambiente  de  trabalho  através  de  análise  como  parâmetro  de concepção   em  alto  nível,  oferecendo  oportunidades  para  incorporar  esses  sistemas  como alternativas eficazes de forma ampla em diversos segmentos de negócio. 2. Conclusão A  obra  fornece  preceitos  importantes  para  o  desenvolvimento de sistemas de  suporte à  decisão  com  um  design  de  interação  eficaz.  Destaca  pontos  fortes  de  fazer  uma  análise   da tarefa em colaboração com o usuário por observa­lo no seu ambiente de trabalho e interpretar
  • 4. 4 os  dados  coletados  com  foco  em   eficiência  e  redução  de   erros,  lembrando  a necessidade de respeitar o modelo mental do usuário. As  referências  citadas  deixam  claras  as  implicações   de  desconsiderar  o  processo  de análise  e  deixar   de  observar  que  a inclusão de um sistema de suporte à decisão modifica todo o  fluxo  da  tarefa  do  usuário,  mostrando  que  o  foco  do  projeto  de  software  de  suporte  à decisão não deve se concentrar na expectativa de ampliar o desempenho do humano por meio da  mudança  do  seu  comportamento  e  modelo  mental. Mas sim que essa implementação deve ser um importante auxílio na redução de erros humanos, aumentando a sua expertise. Embora  o  artigo  tenha  um  foco  maior  em  modelos  aeronáuticos,  provavelmente   pela influência  do  autor  que  faz  parte  da  American  Airlines,  é possível aplicar os conceitos citados em áreas como saúde e engenharia, entre outras, utilizando os mesmos métodos citados. Os  pontos  levantados  podem  auxiliar  equipes  multidisciplinares  a  realizar  um trabalho cooperativo  com  o  intuito  de  desenvolver  e  implementar  softwares  com  ampla  aceitação  no suporte à decisão. Priscila  Siqueira  de  Alcântara  ­  Tecnóloga  em  Marketing  e  propaganda, designer de interação na MV Sistemas e especializanda pelo CESAR.Edu Recife, 2012